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Elites e Poder
Entre o Antigo Regime
e o Liberalismo
Imprensa de Ciências Sociais
www.ics.ul.pt/imprensa
E-mail: imprensa@ics.ul.pt
Introdução……………………………………………………………………….. 13
I PARTE
ELITES E PODERES
II PARTE
5. Conclusões.......................................................................................................... 313
I PARTE
II PARTE
1 É uma parcela significativa dos estudos realizados sobre o assunto que se publica
na II parte deste livro.
2 Cf. os primeiros quatro textos da I parte deste livro.
13
Elites e Poder
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Introdução
6 Estão nesse caso, entre outros, Nuno G. Monteiro, «Societat rural i actituds políti-
ques a Portugal (1820-1834)», in J. M. Fradera, J. Millan e R. Garrabou (eds.), Carlisme
i moviments absolutistes, Eumo Editorial, Girona, 1990, «Identificação da política sete-
centista. Notas sobre Portugal no início do período joanino», in Análise Social, n.º 157,
2001, e «Pombal, a monarquia e as nobrezas», in Actas do Colóquio sobre o Marquês de
Pombal, Pombal/Oeiras, Câmaras Municipais de Oeiras e de Pombal, 2001.
7 Só se acrescentaram títulos mais recentes quando tal se julgou estritamente indispen-
sável, assinalando-se essas notas com [ ], de forma a destacarem-se das restantes.
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I Parte
ELITES E PODERES
1. MONARQUIA, PODERES LOCAIS E CORPOS
INTERMÉDIOS NO PORTUGAL MODERNO
(SÉCULOS XVII E XVIII)*
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Elites e Poderes
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Monarquia, poderes locais e corpos intermédios no Portugal moderno
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Elites e Poderes
8 Cf. uma excelente síntese da principal bibliografia portuguesa sobre o assunto, mas
reabilitando as teses tradicionais sobre a nação em Portugal em: José Manuel Sobral,
«Nações e nacionalismo. Algumas teorias recentes sobre a sua génese e pertinência na
Europa (ocidental) e o caso português», in Inforgeo, n.º 11, 1996, pp. 13-41.
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Monarquia, poderes locais e corpos intermédios no Portugal moderno
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Elites e Poderes
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Monarquia, poderes locais e corpos intermédios no Portugal moderno
15 O Brasil foi elevado a reino pela carta de lei de 16 de Dezembro de 1815; sobre o
contexto da sua publicação, cf. Valentim Alexandre, Os Sentidos do Império. Questão
Nacional e Questão Colonial na Crise do Antigo Regime Português, Porto, 1993, pp. 336
e segs.
16 [Tanto a forma como se fez a integração do Brasil na monarquia restaurada (cf.,
entre outros, C. Boxer, Salvador Correia de Sá and the Struggle for Brazil and Angola
1602-1686, Londres, 1952, e Evaldo Cabral de Mello, Olinda Restaurada. Guerra e
Açúcar no Nordeste, 1630-1654, 2.ª ed., Rio de Janeiro, 1998) como as ulteriores dinâ-
micas imperiais desta merecem uma reflexão muito mais alargada (cf., a esse respeito,
algumas das propostas contidas em J. Fragoso, M. F. Bicalho e F. Gouveia (orgs.), O Anti-
go Regime nos Trópicos: a Dinâmica Imperial Portuguesa (Séculos XVI-XVIII) (pref. de
A. J. R. Russel-Wood), Rio de Janeiro, 2001).]
17 Cf., sobre o assunto, a síntese de António de Oliveira, Poder e Oposição Política
em Portugal no Período Filipino, Lisboa, 1991.
18
Cf. Miriam Halpern Pereira (coord.), Obras de Mouzinho da Silveira, 2 vols.,
Lisboa, 1989, e, apesar das reservas que se podem colocar a algumas das interpretações
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Monarquia, poderes locais e corpos intermédios no Portugal moderno
que, sep. Ius commune, X, 1983, L’espace politique dans l’ancien régime, sep. de Estu-
dos em Homenagem dos Professores Manuel Paulo de Merêa e Guilherme Braga da
Cruz, I, Coimbra, 1983, Poder e Instituições na Europa do Antigo Regime (ed. e int.),
Lisboa, 1984, «Centro e periferia nas estruturas administrativas do Antigo Regime», in
Ler História, n.º 8, 1986, e As Vésperas do Leviathan. Instituições e Poder Político.
Portugal − Século XVII, 2 vols., Lisboa, 1986.
22 Cf. Joaquim Romero Magalhães, O Algarve Económico 1600-1773 (tese, mimeo.,
1984), Lisboa, 1988, e «Reflexões sobre a estrutura municipal portuguesa e a sociedade
colonial portuguesa», in Revista de História Económica e Social, n.º 16, 1986, Maria
Helena Coelho e Joaquim Romero Magalhães, O Poder Concelhio: das Origens às Cor-
tes Constituintes, Coimbra, 1986, e J. Romero Magalhães, «As estruturas sociais de
enquadramento da economia portuguesa de Antigo Regime: os concelhos», in Notas
Económicas, n.º 4, 1994.
23 «Reflexões...», cit., p. 19.
24 Sínteses desta vasta produção podem encontrar-se em Nuno Gonçalo Monteiro,
«Concelhos e comunidades», in História de Portugal, dir. de José Mattoso, 4.º vol.,
O Antigo Regime (1620-1807), coord. de António M. Hespanha, Lisboa, 1993, pp. 302-
-331, e «Os poderes locais no Antigo Regime» (coord.), in César Oliveira (dir.), Histó-
ria dos Municípios…, cit., pp. 16-175.
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Monarquia, poderes locais e corpos intermédios no Portugal moderno
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dos últimos anos dos Áustria31. Ora, até à Restauração, o maior senhor
do reino, o duque de Bragança, nunca vivera de forma permanente na
corte, fosse ela em Lisboa ou em Madrid, mas nos seus «estados» de
Vila Viçosa. A casa de Bragança detivera sempre poderes e recursos
excepcionais, que os seus panegiristas tardios apresentavam como uma
antecipação da sua vocação para a realeza: «Conservaram sempre os
Duques a magnificência e estado da Casa Real no aparato, nos ofícios,
nas assistências, e qualidades dos criados: faziam fidalgos com o mesmo
foro, e privilégios da Casa Real, proviam muitas Comendas, Ouvidorias,
Judicaturas, e grande número de Igrejas, e benefícios, de sorte que não
faltava ali mais que o nome de Rei, de que Castela os privara, e se lhes
restituiu o primeiro de Dezembro de mil seiscentos e quarenta anos32.»
Aliás, a maior parte dos titulares não residia regularmente em Lisboa no
alvorecer de Seiscentos. Para tomarmos apenas um indicador de conjun-
to, sabemos que numa relação datável dos primeiros anos do século
XVII33 se identificam 27 senhores de casas titulares portuguesas, indi-
cando-se a casa-residência de 2134. Pois bem, destes, apenas cinco resi-
diam em Lisboa e mais dois em Cascais e Azeitão, quase tantos como
em Évora e outras terras alentejanas, menos do que noutras terras do
reino e ilhas. Nos últimos tempos da monarquia dual, a política delibe-
rada de Madrid conseguiu atrair para lá parte significativa da primeira
nobreza do reino, que por alturas de 1640 aí residia35. Ao todo, cerca de
metade dos titulares e grande número de senhores de terras e comenda-
dores encontravam-se então fora de Portugal 36 . Embora sem carácter
exaustivo, os elementos referidos são mais do que suficientes para que
se possa afirmar que no início do século XVII o padrão de residência dos
titulares e senhores de terras-futuros titulares portugueses se pautava
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Monarquia, poderes locais e corpos intermédios no Portugal moderno
37 Cf. a síntese de Francisco Ferreira das Neves, A Casa e Ducado de Aveiro. Sua
Origem, Evolução e Extinção, Aveiro, 1972.
38 Cf. Maria Paula Marçal Lourenço, A Casa e Estado do Infantado 1654-1706, Lis-
boa, 1995, pp. 25 e segs. e 239-240.
39 Cf. Nuno G. Monteiro, «Os senhorios», in César Oliveira (dir.), op. cit., pp. 51-55.
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Monarquia, poderes locais e corpos intermédios no Portugal moderno
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Cf., entre outros, João Carlos Feo C. B. Torres e visconde de Sanches Baêna,
Memórias historico-genealogicas dos duques portugueses do século XIX, Lisboa, 1883,
pp. 195 e segs.
44
Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, A Casa e o Património dos Grandes Portugueses
(1750-1832), tese de doutoramento, mimeo., Lisboa, FCSH-UN, 1995 [Nuno Gonçalo
Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes. A Casa e o Património da Aristocracia em Por-
tugal (1755-1832), Lisboa, 1998].
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45
Cf. Fernando Bouza Álvarez, Portugal en la Monarquia Hispanica (1580-1640).
Filipe II, las Cortes de Tomar y Genesis del Portugal Catolico, dissertação de doutora-
mento, mimeo., 2 ts., Madrid, 1987, pp. 479-611.
46 Cf. o estudo comparado de Francisco Bethencourt, História das Inquisições. Por-
tugal, Espanha e Itália, Lisboa, 1994, sobretudo pp. 258-293.
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Monarquia, poderes locais e corpos intermédios no Portugal moderno
47 Cf., entre muitos outros, Pedro Cardim, As Cortes de Portugal, Século XVII, dis-
sertação de mestrado, mimeo., Lisboa, 1992, pp. 77-88 [Pedro Cardim, Cortes e Cultura
Política no Portugal do Antigo Regime (pref. de A. M. Hespanha), Lisboa, 1998].
48 Cf. a síntese de Harry Bernstein, The Lord Mayor of Lisbon. The Portuguese
Tribune of the People and His 24 Guilds, Boston, 1989.
49 C. Tilly, Coercion..., cit., p. 62 (trad. do autor).
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Elites e Poderes
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2. ELITES LOCAIS E MOBILIDADE SOCIAL EM PORTUGAL
NOS FINAIS DO ANTIGO REGIME*
Os problemas e os contextos
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quicos, n.os 6 e 7, 1996 (1999), e José Subtil e Ana Teixeira Gaspar, A Câmara de Viana
nos Finais do Antigo Regime (1750-1834), 2 vols., Viana, 1998.]
57 Joaquim Romero Magalhães, «A sociedade portuguesa, séculos XVI-XVIII», cit.,
p. 151.
58 J. R. Magalhães, O Algarve Económico..., cit., p. 328.
59 Cf., por exemplo, P. Clark e P. Slack, English Towns in Transition 1500-1700,
Oxford, 1976, pp. 111-140, e S. Hipkin, «Closing ranks: oligarchy and government at
Rye, 1570-1640», in Urban History, vol. 22, 1995, pp. 319-340.
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60 Cf., por exemplo, Roland Mousnier, Les institutions de la France sous la monar-
chie absolute 1598-1789, t. I, Paris, 1974, pp. 437-469.
61 Cf., entre outros, Antonio Dominguez Ortiz, Las Classes Privilegiadas en la Es-
paña del Antiguo Régimen, Madrid, 1973, pp. 121 e segs., Sociedad y Estado en el Siglo
XVIII, Barcelona, 1976, pp. 454-475, e várias das contribuições publicadas em Martine
Lambert-Gorges (ed.), Les élites locales et l’État dans l’Espagne moderne du XVIe au
e
XIX siècle, Paris, 1993.
62 «El término oligarquía urbana se emplea habitualmente para denotar que el grupo
que controla el gobierno local no coincide estrictamente con la nobleza titulada, aunque
comparta rasgos marcadamente nobiliarios» [Mauro Hernández, A la Sombra de la Co-
rona. Poder y Oligarquia Urbana (Madrid, 1606-1808), Madrid, 1996, p. XVIII].
63 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, «Concelhos e comunidades», in História de Portugal,
dir. de José Mattoso, 4.º vol., O Antigo Regime (1620-1807), coord. de António M. Hespa-
nha, Lisboa, 1993, pp. 303-331, e «Os poderes locais no Antigo Regime» (coord.), parte I, in
César Oliveira (dir.), História dos Municípios e do Poder Local, Lisboa, 1996, pp. 16-175.
64 Embora tivesse aumentado de 79 em 1640 para 168 em 1811 o número de concelhos
presididos por um juiz de fora/magistrado letrado (bacharéis nomeados pela coroa ou pelos
senhores), a verdade é que nesta última data existiam apenas em um quinto de um total de
841 municípios. Nos restantes, a presidência da câmara e o inerente exercício da jurisdição
em primeira instância competiam aos juízes ordinários, eleitos de entre a gente da «governan-
ça» (cf. Nuno G. Monteiro, «Os poderes...», in César Oliveira (dir.), História dos Municí-
pios…, cit., pp. 83-85). Quanto às câmaras confirmadas por senhores leigos e eclesiásticos,
representavam 54,5% do total em 1527-1532 e subiram em número até 1640 (57,6% do
total), mas desceram depois de forma apreciável, alcançando apenas 30,4% do total em 1811
(id., ibid., p. 52).
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67 Cf., sobre a peculiar organização municipal de Lisboa até 1834, Paulo Jorge A.
Fernandes, As Faces de Proteu. Elites Urbanas e Poder Municipal em Lisboa de Finais
do Século XVIII a 1851 (mimeo., 1997), Lisboa, 1999, pp. 19-84.
68 Cf. Sérgio Cunha Soares, «Os vereadores da Universidade na câmara de Coimbra
(1640-1777)», in Revista Portuguesa de História, t. XXVI, 1991, pp. 45-80.
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78 Simona Cerutti, «La construction des catégories sociales», in Autrement, n.os 150-
-151, «Passés recomposés. Champs et chantiers de l’histoire», 1995, pp. 224-234, e, em
especial, vários dos ensaios reunidos em Bernard Lepetit (dir.), Les formes de l’experience.
Une autre histoire sociale, Paris, 1995.
79 Cf. síntese de Isabel dos Guimarães Sá, «As confrarias e as misericórdias», in
César Oliveira (dir.), História dos Municípios..., pp. 55-60, e As Misericórdias de Lis-
boa de D. Manuel a Pombal, Lisboa, 2001.
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80 Cf. Nuno G. Monteiro, «As ordenanças», in César Oliveira (dir.), História dos
Municípios..., cit., pp. 47-49.
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Elites e Poderes
81 Cf., entre outros, os diversos trabalhos de Bartolomé Clavero, como Tantas Per-
sonas como Estados. Por Una Antropologia Politica de la Historia Europea, Madrid,
1986, os de Pablo Fernandez Albaladejo, designadamente os reunidos em Fragmentos
de Monarquia, Madrid, 1994, e, em Portugal, os de António M. Hespanha já antes cita-
dos.
82 Cf., a esse respeito, o texto de António M. Hespanha, «Las estructuras del imagi-
nario de la movilidad social en la sociedad del Antíguo Régimen», in F. Chacón Jiménez
e Nuno G. Monteiro (eds.), Poderes Tradicionales y Movilidad Social. Cortesanos, Clé-
rigos y Oligarquias en la Península Ibérica (Siglos XV-XIX), Madrid, CSIC, 2006.
83 P. J. Melo Freire, «Instituições do direito civil português...», liv. II, tít. III, Boletim
do Ministério da Justiça, n.º 163, 1967, p. 44 (trad. de M. P. Menezes); no mesmo senti-
do se pronunciam todos os juristas de finais do Antigo Regime, tais como M. A. Sousa
(Lobão), Luís Pereira de Oliveira e Manuel Borges Carneiro (que fala também de
«extensão da nobreza», Direito Civil de Portugal, 1.ª ed., 1828, t. I, tit. IV, 45, 10).
84 Luís da Silva Pereira Oliveira, Privilegios da nobreza, e fidalguia de Portugal,
Lisboa, 1806, pp. 53 e 63.
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Elites e Poderes
[QUADRO N.º 1]
Fogos A B C D E F G H
P. Concelho
Ren- Fortu- R. R. F. F.
Ano Sede Total V. T.
da na máx. mín máx. mín.
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Elites locais e mobilidade social em Portugal
(continuação)
Fogos A B C D E F G H
P. Concelho
Ren- Fortu- R. R. F. F.
Ano Sede Total V. T.
da na máx. min máx. min.
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Elites e Poderes
96 Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., cit., parte III, capítulo 2.
Pela própria natureza das fontes de receita do grupo (bens de vínculo e da coroa e
ordens), não se dispõe de avaliações do capital conjunto daquelas.
97 Jorge Pedreira, Os Homens de Negócio de Lisboa de Pombal ao Vintismo (1755-1822),
dissertação de doutoramento, mimeo., Lisboa, Universidade Nova, 1995, pp. 294 e segs.
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Elites locais e mobilidade social em Portugal
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Elites e Poderes
99 Sobre as categorias de nobreza nesta altura, cf. Nuno G. Monteiro, «Notas...», cit.,
pp. 17-25.
100 Embora até à legislação pombalina de 1769-1770 não se exigisse nobreza para a
sua instituição, a verdade é que a identificação de alguém numa pauta pela posse de um
vínculo constituía, quase sempre, um indicador de nobreza antiga.
101 Excepto no que se refere a donatários e comendadores.
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Elites locais e mobilidade social em Portugal
[QUADRO N.º 2]
Porto.......................... 1 804 34 5 1 28
Viseu.......................... 1 797 14 1 1 1 11
Lamego...................... 1 798 19 13 2 1 1 2
Valença...................... 1 804 12 1 1 10
Guimarães.................. 1 796 25 5 1 11 1 18 2 2
Portalegre................... 1 798 25 3 8 1 6 1 1 3 1 1
Évora.......................... 1 798 12 1 9 2
Trancoso.................... 1 796 23 4 1 15 2 1
Tomar......................... 1 804 15 4 8 1 2
Beja............................ 1 806 20 13 2 2 3
Setúbal....................... 1 804 34 2 3 3 6 1 8 4 3 4
Moncorvo................... 1 796 15 1 6 1 1 1 1 4
Santarém.................... 1 792 28 1 8 3 2 2 2 4 6
Guarda........................ 1 797 16 5 1 3 6 1
Elvas.......................... 1 798 22 2 6 2 2 3 4 3
Castelo Branco........... 1 797 14 2 4 2 6
Torres Vedras............. 1 798 38 5 2 8 2 3 8 10
Viana do Castelo........ 1 808 33 10 1 2 4 1 1 3 2 9
Coimbra..................... 1 802 37 2 7 3 2 4 3 1 15
Aveiro........................ 1 797 25 1 2 3 7 8 1 1 2
Penafiel...................... 1 798 21 3 2 1 10 5
Pinhel......................... 1 800 32 2 3 5 3 1 3 2 13
Vila Franca................. 1 807 13 1 2 1 3 4 2
Crato.......................... 1 806 15 1 4 1 1 8
Miranda...................... 1 823 21 1 1 8 1 1 9
Tavira........................ 1 798 23 3 4 1 2 13
Lagos.......................... 1 798 17 1 3 5 1 7
Avis............................ 1 798 17 1 3 1 1 1 10
Leiria.......................... 1 801 19 1 7 7 4
Ourique...................... 1 798 32 8 1 1 22
Feira........................... 1 804 27 4 8 3 12
Vila Real.................... 1 806 55 8 47
Chão de Couce........... 1 804 18 1 1 16
Linhares..................... 1 807 30 2 28
Total......................................... 7 9 124 7 57 32 13 68 106 84 33 2 16 259
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Elites e Poderes
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Elites locais e mobilidade social em Portugal
105 Cf. José Capela, O Município de Braga de 1750 a 1834…, cit., anexo 2, con-
frontado com outras fontes, designadamente José Barbosa Canaes de Figueiredo Cas-
tello Branco, Árvores de costados das familias nobres dos reinos de Portugal..., t. II,
Lisboa, 1831.
106 Cf., entre muitos outros, Pedro Cardim, Cortes e Cultura Política no Portugal do
Antigo Regime (mimeo., 1992) (pref. de A. M. Hespanha), Lisboa, 1998.
61
Elites e Poderes
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Elites locais e mobilidade social em Portugal
[QUADRO N.º 3]
Fogos A B C D E F G H
P. Concelho Ano
Ren- For- R. R. F. F.
Sede Total V. T.
da tuna máx. mín. máx. mín.
107 Sem nos alongarmos com a indicação da extensa bibliografia sobre o assunto,
importa recordar que foi das ilhas que ao longo do século XIX partiu a maior parte das
petições e iniciativas conducentes à abolição dos vínculos.
108 Cf., para a centúria anterior, José Damião Rodrigues, Poder Municipal e Oligar-
quias Urbanas..., cit.
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Elites e Poderes
[QUADRO N.º 4]
Besteiros.................... 1800 16 2 2 2 10
Mesão Frio................. 1796 20 7 6 1 9
Amarante.................... 1796 14 5 1 8
Estremoz.................... 1801 14 2 4 1 7
Montemor.................. 1798 13 4 1 8
Santa Marta............... 1799 46 5 11 30
Arcos de Valdevez.... 1798 20 6 1 10 1 1
Covilhã...................... 1797 26 1 8 2 5 5 1 1 3
Fundão....................... 1800 17 7 3 1 5 1
Loulé.......................... 1801 17 2 1 8 2 4
Figueira...................... 1802 25 9 2 1 1 11 1
Odemira..................... 1798 19 8 1 3 7
Mértola...................... 1798 22 14 2 6
Ponta Delgada........... 1779 34 5 17 12
Funchal...................... 1787 56 2 21 11 1 21
109 Sobre a instituição vincular e a colonia como vectores estruturantes das relações
sociais na Madeira, cf. a síntese de Jorge de Freitas Branco, Camponeses da Madeira.
As Bases Materiais do Quotidiano no Arquipélago (1750-1900), Lisboa, 1987, pp. 153-
-186.
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Elites locais e mobilidade social em Portugal
110 Cf., em particular, António Lambert Pereira da Silva, Nobres Casas de Portugal,
Porto, s. d.
111 Cf., por exemplo, Álvaro Balthazar Alves, «O cartório da nobreza», in Anais das
Bibliotecas e Arquivos de Portugal, vol. I, n.º 4, 1915, Conde de São Payo, Do Direito
heráldico Português, Lisboa, 1927, e Luís F. Franco, «Les officiers d’armes (rois
d’armes, herauts et suivants) et les reformateurs du greffe de la noblesse XVIIe-XVIIIe
siècles», in Arquivos do Centro Cultural Português, vol. XXVI, 1989.
112 E até fidalgos da casa real de recente data, como chegou a ocorrer em Braga (cf.
J. V. Capela, «Braga ...», cit.).
65
Elites e Poderes
113 Embora a sua composição pudesse revelar uma apreciável flutuação, renovando-
-se com alguma rapidez, o que contraria em alguns casos a imagem da extrema rigidez
do grupo [cf. João Pereira, Elites Locais e Liberalismo. Torres Vedras 1792-1878
(mimeo., 1997), Torres Vedras, 2000, p. 58].
114 Cf., por exemplo, Luís Vidigal, Câmara, Nobreza e Povo. Poder e Sociedade em
Vila Nova de Portimão (1755-1834), Portimão, 1993, pp. 190-191, Maria Teresa Sena,
A Casa Oeiras e Pombal: Estado, Senhorio e Património, dissertação de mestrado,
mimeo., Lisboa, 1987, pp. 234 e segs., e João Pereira, op. cit.
66
Elites locais e mobilidade social em Portugal
115 Embora se trate de uma opinião que carece ainda de uma maior fundamentação e
que contraria as ideias mais correntes sobre o assunto, parece-me indispensável apresen-
tá-la aqui.
116 Cf. Carlos da Silva Lopes, Notas sobre o Privilégio Impeditivo da Moradia de
Fidalgos e Pessoas Poderosas na Cidade do Porto, sep. de Armas e Troféus, Braga,
1971, e Pedro Brito, op. cit.
67
Elites e Poderes
117 Cf. Ana S. A. O. Nunes, op. cit., e os róis de elegíveis e pautas antes citados.
118 ANTT, Ministério do Reino, decretos, maço 57, n.º 61.
119 Cf., além de outras fontes, F. Ribeiro da Silva, O Porto e Seu Termo..., cit., vol. I,
pp. 315-317, e Abílio Pacheco de Carvalho, Pachecos. Subsídios para a Sua Genealo-
gia, Lisboa, 1985, pp. 49-55, 285 e 305-325.
68
Elites locais e mobilidade social em Portugal
69
Elites e Poderes
124 Cf., entre outros, Domingos Araújo Afonso, Da Verdadeira Origem de Algumas
Famílias de Braga e Seu Termo, Braga, ts. I-VI, 1945-1962.
125 Cf. Ana Maria da Costa Macedo, Família, Sociedade e Estratégias de Poder
1750-1830. A Família Jacome de Vasconcelos, Braga, 1996, pp. 134-136.
126 Cf. Maria Adelaide Pereira de Moraes, Velhas Casas − X − Casa de Sezim, Gui-
marães, 1985, pp. 114-117.
127 Helena Cardoso M. Menezes e Maria Adelaide Pereira de Moraes, Genealogias
Vimaranenses, Braga, 1967; ANTT, Desembargo do Paço, Minho e Trás-os-Montes,
maços 1386 (ano de 1796) e 1387 (1826).
128 Cf., por exemplo, A. B. Malheiro da Silva, Luís P. C. Damásio e Guilherme R.
Silva, Casas Armoriadas do Concelho de Arcos de Valdevez, vol. II, Arcos de Valdevez,
1992, pp. 64 e segs.
129 Como se sabe, podia, por um lado, adoptar-se o apelido da mãe e, por outro,
alcançar-se carta de brasão de armas do apelido que se usava, estabelecendo-se, para o
efeito, uma remota e inventada relação de descendência com alguma personagem antiga
que legitimamente a usava.
130 A. Villaboas e Sampayo, Nobiliarchia portuguesa (1.ª ed., 1676), Lisboa, 1727,
p. 152.
70
Elites locais e mobilidade social em Portugal
131 De resto, quase todas as câmaras mais fidalgas do Sul, como Évora, Estremoz e
Montemor, foram local de reunião de Cortes e de presença da corte régia durante a Idade
Média.
132 Cf. J. Capela, «A câmara»..., cit., pp. 112-113, e L. Vidigal, op. cit., p. 148.
71
Elites e Poderes
133 Cf. Maria H. Coelho e J. R. Magalhães, op. cit., p. 55, F. R. da Silva, O Porto e
Seu Termo..., cit., pp. 567-594, J. Romero Magalhães, O Algarve..., cit., p. 333, e Teresa
Fonseca, op. cit., pp. 49-53.
134 Consideraram-se, para o efeito, apenas as sedes de comarca antes estudadas.
135 Cf. vários exemplos no Abade de Baçal, Memórias Arqueológico-Históricas do
Distrito de Bragança, t. V, Os Fidalgos, 2.ª ed., Bragança, 1981. As listas dos elegíveis
antes usadas mostram claramente esse padrão nas câmaras mais ricas.
72
Elites locais e mobilidade social em Portugal
136 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, fontes utilizadas em O Crepúsculo dos Grandes...,
cit.
137
Cf. Teresa Fonseca, op. cit., pp. 43-44 e 152-163.
138
José Veiga Torres, «Da repressão religiosa para a promoção social», in Revista
Crítica das Ciências Sociais, n.º 40, 1994, pp. 109-135.
73
Elites e Poderes
139 O caso paradigmático a esse respeito é o dos morgados de Mateus (Vila Real)
(cf. Armando de Matos, A Casa de Mateus, Gaia, 1930, Luís B. Guerra, O Brasão dos
Morgados de Mateus: Sua Interpretação, Braga, 1963, e Heloísa L. Belloto, O Morgado
de Mateus, Governador de São Paulo, Coimbra, 1979).
140 Uma das últimas expressões no género será a obra, já citada, de José Barbosa
Canaes de Figueiredo Castello Branco, Árvores de costados das familias nobres dos
reinos de Portugal..., t. II, Lisboa, 1831, infelizmente só abrangendo o Minho (o t. I
reporta-se à corte).
141 Cf. Lawrence e Jeanne C. F. Stone, An Open Elite? England 1540-1880, Oxford,
1984.
74
Elites locais e mobilidade social em Portugal
142 Cf. Francisco Chácon Jiménez, «Hacia una nueva definición de la estrutura so-
cial en la España del Antiguo Régimen através de la familia y de las relaciones de paren-
tesco», in Historia Social, n.º 21, 1995, pp. 95-104.
143 Para além da insistência na endogamia de grupo, indicada nos próprios arrola-
mentos.
144 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes…, cit.
145 Cf. «‘Lobos’ de João Lobo da Silveira» (org. N. C. Mendes e J. P. Malta), cit.
146 Cf., entre outros, além do texto antes citado, Maria Adelaide Pereira de Moraes,
op. cit., e J. Moniz de Bettencourt, O Morgadio de Vilar de Perdizes, Lisboa, 1986.
75
Elites e Poderes
147 Cf. James Boone, «Parental investment and elite family in preindustrial states: a
case study of late medieval-early modern Portuguese genealogies», in American Antro-
pologist, n.º 8, 1986.
148 Designadamente nos detentores de benefícios eclesiásticos e ofícios locais da
apresentação da casa de Bragança, estudados por Mafalda Soares da Cunha, A Casa de
Bragança (1560-1640). Práticas Senhoriais e Redes Clientelares (mimeo., 1997), Lis-
boa, 2000, que não eram, à partida, descendentes de linhagens medievais, pertencendo
antes às categorias que pretendiam aceder a estatutos sociais nobilitantes.
149 Cf. Alida C. Metcalft, «Elementos para a definição do padrão familiar da elite de
São Paulo colonial», in Ler História, n.º 29, 1995, pp. 91-103.
150 Cf. síntese de Margarida Durães, «Necessidades económicas e práticas jurídicas:
problemas da transmissão das explorações agrícolas. Séculos XVIII-XX», in Ler História,
n.º 29, 1995, pp. 67-88.
151 Cf., para um modelo alternativo à primogenitura, Gérard Delille e Antonio Ciuf-
freda, «Lo cambio dei ruoli: primogeniti e cadetti tra quatrocento e settecento nel mez-
zogiorno d’Italia», in Quaderni storici, n.º 83, 1993.
76
Elites locais e mobilidade social em Portugal
sobretudo, a anexação por outras casas com melhor fidalguia e até por
fidalgos com boa linhagem mas com pouco ou nenhum património de
grandes dotes e importantes vínculos. Nos primeiros casos, essas contri-
buições espúrias foram absorvidas pelas casas onde entraram, que as
procuraram silenciar tanto quanto possível. Só os genealogistas e as
lutas genealógicas serviam para recordar essas alianças menos ilustres
ou até mesmo infamantes, quando realizadas com judeus (eram os
«defeitos» e «tições» que se apontavam até às casas da principal nobre-
za do reino). Nos segundos casos, eram os apelidos mais ilustres que se
associavam de preferência às casas, mesmo se os patrimónios tinham
outras origens.
Porém, o modelo prevalecente, pelo menos nos séculos XVII e XVIII,
mesmo nos processos de mobilidade social ascendente, não terá sido
esse. O mais comum era, de facto, a vinculação de bens em favor da
linha do primogénito ou, pelo menos, a adopção de formas de herança
que o privilegiavam. Geralmente, essa opção materializava-se ao cabo
de uma ou duas gerações, pois, se a família pode ser apresentada como
uma «fiction bien fondée», essa forma peculiar de organização familiar
que são as «societés à ‘maison’»152 resulta sempre de um laborioso tra-
balho de construção social. A elite municipal do Porto fornece-nos, uma
vez mais, uma ilustração exemplar, pois a generalidade das famílias que
a compunham só acedeu à nobreza e fidalguia durante o século de Qui-
nhentos: «Fica-se com a impressão de uma evolução radical destas famí-
lias [...] durante o século XVI. Tendo-o começado envolvidas no comér-
cio portuense, sem grandes preocupações da criação de ‘casas’, o que
permitia aos filhos segundos envolverem-se em pé de igualdade com os
primogénitos nos negócios [...] À medida que o século avança, generali-
zam-se os morgados, que são constituídos à custa das perspectivas dos
filhos segundos. Resta para estes a Índia ou a religião, e para as filhas,
por junto, a religião153.» Aliás, as contribuições voluntárias dos irmãos
ou tios foram decisivas, nomeadamente quando tinham ascendido a um
bom benefício eclesiástico.
77
Elites e Poderes
78
Elites locais e mobilidade social em Portugal
nas ilhas dos Açores e da Madeira, ou seja, naquelas zonas onde antes
identificámos as elites locais mais ricas e fidalgas. Mas nem por isso
deixava de ser um modelo universal. Não apenas porque consentâneo
com a perpetuação dos patrimónios indispensável à preservação dos
níveis de rendimento compatíveis com a «decente sustentação» das eli-
tes, mas ainda pela valorização simbólica que se atribuía à imitação dos
comportamentos aristocráticos, pois, como tantas vezes se dizia, «são os
ânimos dos homens como arrebatados por impulso oculto para imitarem
as acções dos Grandes»156.
Embora nos faltem estudos sistemáticos sobre o assunto, parece
indiscutível que a legislação pombalina extinguiu muitos morgados de
pequeno rendimento 157 e limitou fortemente a sua fundação a grupos
que não atingissem patamares razoavelmente elevados de riqueza e de
estatuto nobiliárquico. A multiplicação das instituições de vínculos nas
províncias, tão frequente ainda nos três primeiros quartéis do século
XVIII158, passa a sofrer fortes restrições. Claramente, fundaram-se muito
menos novos morgadios159. No entanto, do Norte (Minho) ao extremo
sul (Algarve)160, passando até episodicamente pelo Brasil colonial161, as
elites provinciais mais bem sucedidas não deixaram de recorrer ainda à
instituição até ao início do século XIX. Geralmente, essa opção materia-
lizava-se ao cabo de uma ou duas gerações, sendo muitas vezes decisi-
vas as contribuições voluntárias dos irmãos ou tios, nomeadamente
quando tinham ascendido a um bom benefício eclesiástico. A crise dos
ingressos eclesiásticos, perfeitamente identificável em Lisboa desde os
79
Elites e Poderes
Recapitulações
162 Cf., sobre o assunto, Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., cit.,
parte II, capítulo 9. Num sentido coincidente, v. ainda as considerações de Ana Cristina
Araújo, A Morte em Lisboa. Atitudes e Representações, 1700-1830, Lisboa, 1997, pp. 122-
-129.
163 Este parágrafo foi acrescentado à versão original do texto.
80
Elites locais e mobilidade social em Portugal
164 Depois de 1640, as grandes casas senhoriais leigas parecem ter perdido esse
papel, antes desempenhado, designadamente, pela casa de Bragança, então elevada à
realeza (cf. Mafalda Soares da Cunha, op. cit.).
165 Cf. Fernando Taveira da Fonseca, A Universidade de Coimbra (1700-1771)
(Estudo Económico e Social), Coimbra, 1995, capítulos II e III.
81
3. O ETHOS DA ARISTOCRACIA PORTUGUESA SOB A
DINASTIA DE BRAGANÇA. ALGUMAS NOTAS SOBRE
CASA E SERVIÇO AO REI*
Questões preliminares
* Publicação original in Revista de História das Ideias, vol. 19, 1998, pp. 383-402.
166 Cf., por todos, Nuno G. F. Monteiro, A Casa e o Património dos Grandes Portu-
gueses (1750-1834), dissertação de doutoramento, mimeo., Lisboa, 1995, publicado em
edição revista com o título O Crepúsculo dos Grandes. A Casa e o Património da Aris-
tocracia em Portugal (1750-1832), Lisboa, 1998. Quero agradecer a Rui Ramos a dis-
ponibilidade para ler e comentar este texto.
167 Cf., por exemplo, Diego Venturino, «L’ideologia nobiliare nella Francia di Anti-
co Regime. Note sul dibattito storiografico recente», in Studi storici, n.º 1, 1988, e Da-
niel Roche, Les républicains des lettres. Gens de culture et lumières au XVIIe siècle, Pa-
ris, 1988, pp. 84-102.
83
Elites e Poderes
168 Os conceitos de ethos ou de habitus têm sido utilizados num sentido próximo ao
que aqui se lhes atribui por autores tão diversos como Nobert Elias e Pierre Bourdieu.
169 Cf., designadamente, Jonathan Dewald, Aristocratic Experience and the Origins
of Modern Culture. France 1570-1715, Berkeley, 1993, e Jay M. Smith, The Culture of
Merit. Nobility, Royal Service, and the Making of Absolute Monarchy in France, 1600-
-1789, Michigan, 1996.
84
O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
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Elites e Poderes
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O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
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Elites e Poderes
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O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
sempre, e ainda agora são, o apanágio das famílias nobres, quase por
uma sucessão hereditária: se havia algumas excepções eram só em favor
de algum valido dos Reis, ou de alguma sevandija do Palácio, ou de
algum parasita adido às antecâmaras e aos salões da Nobreza174.»
Interessa neste texto menos a discussão da imagem antes citada, a
qual visava objectivos políticos bem precisos, do que perscrutar o outro
lado da questão. Ou seja, o sistema de valores e de comportamentos que,
ao mesmo tempo, a permitiam e a tornavam legítima e defensável aos
olhos da aristocracia e das instituições centrais da monarquia do Antigo
Regime.
89
Elites e Poderes
177 Cf., sobre o assunto, Nuno Gonçalo Monteiro, «Casa e linhagem: o vocabulário
aristocrático em Portugal nos séculos XVII e XVIII», in Penélope. Fazer e Desfazer a
História, n.º 12, 1993, e «Casamento, celibato e reprodução social: a aristocracia portu-
guesa nos séculos XVII e XVIII», in Análise Social, n.os 123-124, Homenagem a A. Sedas
Nunes, vol. I, 1993. O tema é largamente desenvolvido em O Crepúsculo dos Grandes…,
cit., parte II. [Um retrato particularmente sugestivo do «governo da casa» aristocrática num
contexto em que os valores de referência começam a ser questionados pode encontrar-se
em Nuno G. Monteiro (selecção, introdução e notas), Meu pai e muito senhor do meu
coração. Correspondência do Conde de Assumar para o seu pai, o Marquês de Alorna
Vice-rei da Índia (1744-1751), Lisboa, 2000.]
90
O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
178 Os dotes dos casamentos dos Grandes estabilizaram o seu valor em finais do
século XVII, em montantes muito inferiores aos do início da centúria, e deixaram prati-
camente de incluir bens de raiz; sobre este assunto, cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Cre-
púsculo dos Grandes…, cit., parte II, capítulo 4.
179 Cf., sobre todos estes temas, Nuno Gonçalo Monteiro, «O endividamento aristocrá-
tico (1750-1832). Alguns aspectos», in Análise Social, n.os 116-117, História Social das
Elites, 1992, «Ethos aristocratico y estructura del consumo: la aristocracia cortesana por-
tuguesa a finales del Antiguo Régimen», in Historia Social, n.º 28, 1997, e O Crepúscu-
lo dos Grandes…, cit., parte III.
91
Elites e Poderes
180 Nesse sentido, o contexto analisado por Mafalda Soares da Cunha na sua disser-
tação de doutoramento sobre as redes clientelares da casa de Bragança (1560-1640)
[Mafalda Soares da Cunha, A Casa de Bragança (1560-1640). Práticas Senhoriais e
Redes Clientelares, Lisboa, 2000] pode bem servir de contraponto daquele a que nos
reportamos.
181 Cf. A. Hespanha, La Gracia del Derecho…, cit., p. 193.
92
O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
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Elites e Poderes
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O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
95
Elites e Poderes
ANTT, Ministério do Reino, maço 356]. Acrescente-se que a referida vida nos bens da
coroa e ordens podia fazer parte do dote das camaristas, revertendo em favor das casas
dos respectivos maridos, ou, quando não chegavam a casar-se, ser doada à casa daqueles
onde tinham nascido, administrada agora pelos seus irmão ou sobrinhos.
191 Cf. Nuno G. Monteiro, «Revolução liberal e regime senhorial. A ‘questão’ dos
forais na conjuntura vintista», in Revista Portuguesa de História, t. XXIII, 1988, p. 162
(reed. neste livro, pp. 179-213).
192 Cf. Alain Guery, «Finances et politique, le roy dépensier», in Annales E. S. C.,
n.º 6, 1984, pp. 1241-1269.
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O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
193 Cf., sobre esta matéria, com as respectivas referências bibliográficas, Nuno Gon-
çalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., pp. 214-217.
194 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes…, cit., pp. 349-352.
97
Elites e Poderes
195 Cf., adiante, o capítulo «Poder e circulação das elites em Portugal: 1640-1820».
196 Cf., em particular, a célebre polémica que terá oposto o marquês de Penalva
(«Carta de um Vassalo Nobre ao Seo Rey») ao futuro conde da Barca («Resposta à Car-
ta do Marquez de Penalva, por um portuguez amigo do seo Soberano») e a José Agosti-
nho de Macedo («segunda resposta à Carta de um Vassalo Nobre ao seo Rey, 1806»),
publicada no Investigador Portuguez em Londres, n.º 36, vols. IX e X, 1814.
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O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
197 Diogo Guerreiro C. de Aboim, Escola moral, politica, christã e juridica dedica-
da a el Rey D. João V por Domingos Gonçalves, Lisboa, 1747, pp. 223-229.
198 Id., ibid., p. 317.
99
Elites e Poderes
199 Alegação extraída do processo, pelo qual a casa do Louriçal pretendeu apossar-
-se dos bens das ordens e parte dos da coroa da casa de Alvito (ANTT, AFF, FG, letra
M, maço 1510).
200 ANTT, Ministério do Reino, decretos, maço 58, n.º 63.
201 Ibid., decretos, maço 17, n.º 23 (1769).
202 Ibid., maço 705.
203 Eduardo Brazão, D. João V. Subsídios para a História do Seu Reinado, Porto,
1945, p. 104.
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O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
101
Elites e Poderes
205 ANTT, núcleos extraídos do Conselho da Fazenda, Ordem de Sant’Iago, liv. 503
(sobre o assunto, cf. Nuno G. Monteiro, «Pombal, a monarquia e as nobrezas», in Actas
do Colóquio sobre o Marquês de Pombal, Pombal/Oeiras, 2001, pp. 27-38).
206 Cf., por exemplo, Latino Coelho, História política e militar de Portugal desde
finais do século XVIII até 1834, vol. II, 1874, p. 196.
207 Cf. ANTT, Ministério do Reino, decretos, maços 24 a 27.
208 Combinando o referido processo de acumulação de comendas nas antigas casas
da dinastia com o alargamento do círculo de beneficiários a novos agraciados, o número
mais reduzido de comendas vagas ter-se-á atingido em 1804-1809, quando existiriam
apenas 64 [cf. Nuno G. Monteiro e Fernando Dores Costa, As Comendas das Ordens
Militares (1668-1834): Comendadores e Rendeiros, relatório JNICT, mimeo., Lisboa,
1995; cf. resumo dos dados entretanto publicados em Nuno G. Monteiro e Fernando
Dores Costa, «As comendas das ordens militares do século XVII a 1834. Alguns aspec-
tos», in Militarium Ordinum Anacleta, n.os 3-4, Porto, 2000].
102
O ethos da aristocracia portuguesa sob a dinastia de Bragança
103
4. PODERES E CIRCULAÇÃO DAS ELITES
EM PORTUGAL: 1640-1820*
* Texto inédito, tendo por base a lição de síntese para as provas de agregação em
História Moderna realizadas pelo autor em 2001 no ISCTE.
210 Fernando Bouza Álvarez, Portugal en la Monarquia Hispanica (1580-1640).
Filipe II, las Cortes de Tomar y la Genesis del Portugal Catolico, dissertação de douto-
ramento, mimeo., Madrid, 1987; A. M. Hespanha, «O governo dos Áustria e a ‘moder-
nização da constituição política portuguesa’», in Penélope. Fazer e Desfazer a História,
n.º 3, 1989, e «A ‘Restauração’ portuguesa nos capítulos das Cortes de 1641», in Pené-
lope. Fazer e Desfazer a História, n.os 9-10, 1993; Santiago de Luxan Melendez, La
Revolución de 1640 en Portugal, Sus Fundamentos Sociales y Sus Caracteres Naciona-
les. El Consejo de Portugal: 1580-1640, Madrid, Universidad Complutense, 1988; An-
tónio de Oliveira, Poder e Oposição Política em Portugal no Período Filipino (1580-
105
Elites e Poderes
Este texto pretende situar-se num ponto de vista que articule a histó-
ria institucional e política com a história social, combinando, assim, o
estudo das mutações institucionais com a análise dos processos de
reprodução e circulação das elites sociais. Ao mesmo tempo, procura-se
reflectir sobre algumas contribuições recentes da historiografia portu-
guesa. Com efeito, em detrimento de uma leitura nacionalista do fenó-
meno, antes prevalecente, a historiografia da última década e meia tem
acentuado nas suas interpretações da Restauração de 1640, nomeada-
mente quanto aos seus móbeis e às suas etapas iniciais, a dimensão de
«restauração constitucional». Defende-se, assim, a ideia de que no des-
poletar do movimento pesou primacialmente a intenção de defender as
instituições tradicionais do reino, atacadas sobretudo pelo reformismo
da política do conde-duque de Olivares. Ora, tanto no plano político e
institucional como ao nível da circulação das elites sociais, a realidade
portuguesa, quando a guerra terminou, cerca de 1670, afasta-se signifi-
cativamente dos contextos não só da monarquia dual, mas também do
período anterior a 1580. Recentíssimas investigações, precisamente sobre
essas conjunturas mais recuadas, entre as quais se destaca o livro de
Mafalda Soares da Cunha211, permitem avaliar com clareza as imensas
mutações suscitadas pela estabilização da nova dinastia dos Bragança,
com a sua nova corte e a sua nova nobreza de corte.
Contra uma imagem de continuidade, procura-se aqui sugerir que a
evolução institucional, política e social do Portugal restaurado represen-
tou uma efectiva viragem. Na verdade, os efeitos a médio e longo prazo
da aclamação de D. João duque de Bragança e da guerra subsequente
-1640), Lisboa, 1990; Diogo Ramada Curto, A Cultura Política em Portugal (1578-
-1632). Comportamentos, Ritos, Negócios, dissertação de doutoramento, mimeo., Lis-
boa, FCSHUN, 1994; Rafael Valladares, Filipe IV y la Restauración de Portugal, Mála-
ga, 1994, La Rebelión de Portugal 1640-1680. Guerra, Conflicto y Poderes en la Mo-
narquia Hispânica, Valhadolid, 1998, e Portugal y la Monarquia Hispánica 1580-1668,
Madrid, 2000; Jean-Frédéric Schaub, La vice-royauté espagnole au Portugal au temps
du comte-duc d’Olivares (1621-1640). Le conflit de jurisdiction comme exercise de la
politique, Madrid, 2001, e Portugal na Monarquia Hispânica, Lisboa, 2001; Fernando
Bouza Álvarez, Portugal no Tempo dos Filipes. Política, Cultura, Representações (1580-
-1668), Lisboa, 2000. Antes, cf. Luís Reis Torgal, Ideologia Política e Teoria do Estado
na Restauração, 2 vols., Coimbra, 1981-1982.
211 Cf. Mafalda Soares da Cunha, A Casa de Bragança (1560-1640). Práticas
Senhoriais e Redes Clientelares, Lisboa, 2000.
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Poderes e circulação das elites em Portugal
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Elites e Poderes
213 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes. A Casa e o Património
da Aristocracia em Portugal (1755-1832), Lisboa, 1998, pp. 425-427, António de Oli-
veira, op. cit., sobretudo pp. 234-235, Fernando Bouza Álvarez, «A nobreza portuguesa
e a corte de Madrid», in Portugal no tempo dos Filipes..., cit., pp. 207-256, e A. A.
Dória, nota D, in Conde da Ericeira, História de Portugal Restaurado, nova ed., Porto,
s. d., pp. 488-489; cf. ainda o que antes se disse, pp. 30-31.
214 É esse o argumento desenvolvido no notável e injustamente esquecido livro de
Eduardo d’Oliveira França, Portugal na Época da Restauração (1951), 2.ª ed., São Pau-
lo, 1997; aí se sugere que «a nostalgia da corte» se associava com «a dispersão dos fi-
dalgos por essas cortes de aldeia» (exemplarmente ilustradas pela dos Bragança), mas
desprovidas de «aquele nível de requinte a que haviam outrora atingido os portugueses»
(op. cit., pp. 95 e 117).
215 Fernando Bouza Álvarez, Portugal en la Monarquia Hispanica..., cit., t. I,
pp. 523-527.
108
Poderes e circulação das elites em Portugal
109
Elites e Poderes
219 Cf. António Hespanha, «Revoltas e revoluções. A resistência das elites provin-
ciais», in Análise Social, n.º 116, 1992, e Pedro Cardim, Cortes e Cultura Política no
Portugal do Antigo Regime (pref. de A. M. Hespanha), Lisboa, Edições Cosmos, 1998.
220 Os «instrumentos de comunicação da periferia para o centro», designadamente
por via da petição, nunca deixaram de existir, embora se esteja longe de conhecer a
amplitude desse processo (Nuno G. Monteiro, «Concelhos e comunidades», in José Mat-
toso (dir.), História de Portugal, 4.º vol., O Antigo Regime (1620-1807), coord. de
António M. Hespanha, Lisboa, 1993, p. 310).
110
Poderes e circulação das elites em Portugal
221 De entre as casas que não desapareceram, diversas foram recriadas ou renovadas
em ramos ou gerações distintos daqueles que antes as detinham, apesar de os seus repre-
sentantes terem reconhecido durante a Restauração os Habsburgos como reis de Portugal
(casos do duque de Aveiro e dos condes de Castanheira e de Tarouca, entre outros).
222 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., cit., pp. 34 e segs.
223 Id., ibid.
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Elites e Poderes
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Elites e Poderes
226 Nuno Gonçalo Monteiro, «Os poderes locais no Antigo Regime», in César Oli-
veira (dir.), História dos Municípios…, cit., pp. 49-54 e 153-161.
227 Bem ilustrado pelas vicissitudes dos clientes das casas senhoriais, designadamente
de Aveiro, no município régio de Coimbra (cf. Sérgio Cunha Soares, O Município de
Coimbra da Restauração ao Pombalismo. Poder e Poderosos na Idade Moderna, disser-
tação de doutoramento, mimeo., Coimbra, 1995, pp. 933-1105).
228 Pedro Cardim, op. cit., p. 92.
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229 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, «Identificação da política setecentista. Notas sobre
Portugal durante a guerra da sucessão de Espanha», in Análise Social, n.º 157, 2001,
pp. 961-987.
115
Elites e Poderes
230 Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., cit., pp. 530-532; Pedro
Cardim, O Poder dos Afectos. Ordem Amorosa e Dinâmica Política no Portugal do
Antigo Regime, dissertação de doutoramento, mimeo., Lisboa, Universidade Nova,
2000, pp. 507-517.
231 Cf. novos elementos documentais na dissertação de Maria Paula Marçal Louren-
ço, Casa, Corte e Património das Rainhas de Portugal (1640-1754). Poderes, Institui-
ções e Relações Sociais, dissertação de doutoramento, mimeo., 3 vols., Lisboa, Univer-
sidade de Lisboa, 1999.
232 Cf. Fernanda Olival, Honra, Mercê e Venalidade: as Ordens Militares e o Esta-
do Moderno, Lisboa, 2001, p. 248.
116
Poderes e circulação das elites em Portugal
233 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., cit., p. 524.
234 Portugal, Lisboa e a Corte no Reinado de D. Pedro II e D. João V − Memórias
Históricas de Tristão da Cunha de Ataíde, 1.º Conde de Povolide (int. de A. V. Saldanha
e Carmen M. Radulet), Lisboa, 1990, p. 176.
117
Elites e Poderes
[QUADRO N.º 5]
Titulares (a)............................ 5 4 7 16
Subtitulares (b)....................... 0 2 8 10
Primeira (c)............................ 2 0 2 4
Estrangeiros (d)...................... 2 0 0 2
Dúvidas (e)............................. 0 0 0 0
Outros (f)................................ 0 0 4 4
Total.................................. 9 6 21 36
(a) Titulares; (b) filhos secundogénitos de titulares; (c) primogénitos e outros nasci-
dos em casas da primeira nobreza de corte sem título; (d) estrangeiros; (e) casos de difí-
cil classificação; (f) indivíduos que não tinham nenhuma das origens sociais constantes
das categorias anteriores.
235 Elaborado tendo como fonte Portugal, Lisboa e a Corte no Reinado de D. Pedro
II e D. João V..., cit., pp. 176-177.
118
Poderes e circulação das elites em Portugal
[QUADRO N.º 6]
Tenentes- Marechais-
Brigadeiros Total
-generais -de-campo
Titulares (a)............................ 6 7 3 16
Subtitulares (b)....................... 3 2 0 5
Primeira (c)............................. 2 5 2 9
Estrangeiros (d)...................... 4 6 6 16
Dúvidas (e)............................. 2 1 0 3
Outros (f)................................ 1 3 8 12
Total.................................. 18 24 19 61
(a) Titulares; (b) filhos secundogénitos de titulares; (c) primogénitos e outros nasci-
dos em casas da primeira nobreza de corte sem título; (d) estrangeiros; (e) casos de difí-
cil classificação; (f) indivíduos que não tinham nenhuma das origens sociais constantes
das categorias anteriores.
236 Elaborado tendo como fonte o AHM, 12.ª div., 3.ª sec., cx. 2, n.º 30. Uma rela-
ção feita cerca de um ano mais tarde apresenta um número mais reduzido de militares
(dela já não consta, por exemplo, Lippe), mas permite afirmar que entre os tenentes-
-generais e marechais-de-campo da lista anterior se encontravam todos os governadores
de armas das províncias e partidos do continente (cf. AHM, 12.ª div., 3.ª sec., cx. 2, n.º 51).
119
Elites e Poderes
237 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., cit., p. 542.
120
Poderes e circulação das elites em Portugal
[QUADRO N.º 7]
Tenentes- Marechais-
Brigadeiros Total
-generais -de-campo
Titulares (a)............................ 12 4 1 17
Subtitulares (b)....................... 0 0 1 1
Primeira (c)............................ 1 4 3 8
Estrangeiros (d)...................... 2 3 10 15
Dúvidas (e)............................. 2 2 5 9
Outros (f)................................ 1 1 2 4
Total.................................. 18 14 22 54
(a) Titulares; (b) filhos secundogénitos de titulares; (c) primogénitos e outros nasci-
dos em casas da primeira nobreza de corte sem título; (d) estrangeiros; (e) casos de difí-
cil classificação; (f) indivíduos que não tinham nenhuma das origens sociais constantes
das categorias anteriores.
238 Elaborado tendo como fonte o AHM, 12.ª div., 3.ª sec., cx. 3, n.º 21.
121
Elites e Poderes
[QUADRO N.º 8]
Titulares (a)............................ 3 4 5 0 12
Subtitulares (b)....................... 0 2 0 0 2
Primeira (c)............................ 0 2 3 2 7
Estrangeiros (d)...................... 2 3 9 8 22
Outros (f)................................ 1 5 8 24 38
6 16 25 34 81
(a) Titulares; (b) filhos secundogénitos de titulares; (c) primogénitos e outros nasci-
dos em casas da primeira nobreza de corte sem título; (d) estrangeiros; (f) indivíduos que
não tinham nenhuma das origens sociais constantes das categorias anteriores.
239 Elaborado tendo como fonte o Almanaque de Lisboa para o anno de 1805, Lis-
boa, 1805.
122
Poderes e circulação das elites em Portugal
[QUADRO N.º 9]
Índia
Total
1630-1700 1701-1750 1751-1810
Sucessor de Grande............................................ 1 3 − 4
Sucessor de primeira nobreza (a)....................... 6 4 2 12
Secundogénito de Grande.................................. 1 1 1 3
Secundogénito de primeira nobreza (a)............. 2 − 1 3
Outros................................................................ 2 1 − 3
Total............................................................. 12 9 4 25
Grandes (b)................................................... 9 6 4 19
123
Elites e Poderes
Brasil
Total
1630-1700 1701-1750 1751-1810
Sucessor de Grande............................................. 3 3 5 11
Sucessor de primeira nobreza.............................. 4 4 1 9
Secundogénito de Grande.................................... − 2 3 5
Secundogénito de primeira nobreza (a).............. 7 − − 7
Outros.................................................................. 3 − − 3
Total................................................................ 17 9 9 35
Grandes (b)..................................................... 7 5 9 21
241
Ross Little Bardwell, The Governors of Portugal’s South Atlantic Empire in the
Seventeenth Century: Social Background, Qualifications, Selection and Reward, disser-
tação de doutoramento, mimeo., Universidade da Califórnia, Santa Barbara, 1974.
124
Poderes e circulação das elites em Portugal
242 Este tema encontra-se a ser pesquisado no âmbito do projecto OPTIMA PARS –
II (ICS/FCT), antes citado, sob a coordenação de Mafalda Soares da Cunha e Nuno
Gonçalo Monteiro.
243 A qual aguarda um estudo aprofundado.
244 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., cit., pp. 532-536.
125
Elites e Poderes
245 Cf. José Subtil, O Desembargo do Paço (1750-1833), Lisboa, 1996. Sobre o per-
curso de canonistas e homens de leis, cf. Fernando Taveira da Fonseca, A Universidade
de Coimbra (1700-1771) (Estudo Social e Económico), Coimbra, 1995.
246 Cf. Stuart Schwartz, Sovereignty and Society in Colonial Brazil. The High Court
of Bahia and its Judges 1609-1751, Los Angeles, 1973.
247 Cf. José Subtil, «Os desembargadores em Portugal (1640-1826)», in OPTIMA
PARS – I, relatório, mimeo., ICS/FCT, 1999.
248 Este tema encontra-se a ser pesquisado no âmbito do projecto OPTIMA PARS –
II (ICS/FCT), antes citado, sob coordenação de Pedro Cardim e Nuno G. Monteiro.
Agradecem-se as sugestões fornecidas por Isabel Cluny no âmbito da sua dissertação de
doutoramento.
126
Poderes e circulação das elites em Portugal
127
Elites e Poderes
249 A identificação rigorosa de quem foi secretário de Estado não é fácil, até porque
muitos desempenharam as funções interinamente, pelo que os dados não são inteiramen-
te seguros. Tomou-se como base de trabalho a lista de Pedro Cardim, O Poder dos Afec-
tos..., cit., p. 539.
250 Cf., sobre este assunto, Nuno G. Monteiro, «Identificação da política setecentis-
ta...», cit.
251 Nuno Gonçalo Monteiro, «Notas sobre nobreza, fidalguia e titulares nos finais do
Antigo Regime», in Ler História, n.º 10, 1987, p. 28.
128
Poderes e circulação das elites em Portugal
Secundá-
Primeira
Titulares rios Outros Titulares
nobreza Total
(a) titulares (d) (e)
(c)
(b)
(a) Titulares; (b) filhos secundogénitos de titulares; (c) primogénitos e outros nasci-
dos em casas da primeira nobreza de corte sem título; (d) indivíduos que não tinham
nenhuma das origens sociais constantes das categorias anteriores; (e) falecidos titulares
ou cujos sucessores receberam títulos pelos seus serviços; (f) inclui também secretários
das Mercês.
129
Elites e Poderes
Rei (a).......................................... 6 0 0 2 0
Grande (b).................................... 4 5 6 11 5
Senhor (c)..................................... 9 14 11 0 2
Outros (d)..................................... 12 9 5 2 7
Não nobre (e)............................... 0 0 0 0 2
Estrangeiro (f).............................. 0 0 2 0 0
Total........................................ 31 28 24 15 16
Rei (a).......................................... 2 0 0 0 0
Grande (b).................................... 6 15 14 5 1
Senhor (c)..................................... 11 15 16 9 2
Outros (d)..................................... 18 23 16 21 40
Não nobre (e)............................... 2 0 0 0 5
Estrangeiro (f).............................. 2 2 3 0 1
Total........................................ 41 55 49 35 49
130
Poderes e circulação das elites em Portugal
131
Elites e Poderes
132
Poderes e circulação das elites em Portugal
254 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., cit., pp. 68-72 e 165
e segs.
255 Cf. José Augusto França, Lisboa Pombalina e o Iluminismo, Lisboa, 1965, e
«Burguesia pombalina, nobreza mariana, fidalguia liberal», in Pombal Revisitado, vol. I,
Lisboa, 1984, e Fernando Dores Costa, Crise Financeira, Dívida Pública e Capitalistas
(1796-1807), dissertação de mestrado, mimeo., FCSHUNL, Lisboa, 1992.
256 Jorge Pedreira, Os Homens de Negócio da Praça de Lisboa de Pombal ao Vintismo
(1755-1822), dissertação de doutoramento, mimeo., Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, 1995.
133
Elites e Poderes
257 Cf., sobre o assunto, David Grant Smith, The Portuguese Mercantil Class of Por-
tugal and Brazil in the Seventeenth Century: a Socioeconomic Study of the Merchants of
Lisbon and Bahia, 1620-1690, dissertação, mimeo., Austin, Texas, 1975.
258 Os bens de raiz representavam, em média, apenas 17% das fortunas deste grupo,
mas, destes, 70% eram em prédios urbanos em Lisboa.
134
Poderes e circulação das elites em Portugal
259 Cf. Nuno G. Monteiro, «Elites locais e mobilidade social em Portugal nos finais
do Antigo Regime», in Análise Social, n.º 141, 1997, pp. 335-368, republicado neste
livro.
135
Elites e Poderes
260 Cf. Evaldo Cabral de Mello, O Nome e o Sangue. Uma Fraude Genealógica no
Pernambuco Colonial, São Paulo, 1989.
261 De acordo com o trabalho de Maria Fernanda Olival, Honra, Mercê e Venalida-
de…, cit., Lisboa, 2001, pp. 458-459, entre 1641 e 1699, somente seriam lançados no
Brasil 4,6 % dos hábitos de cavaleiro da Ordem de Cristo, menos do que na Índia
(8,9%) e até do que em Mazagão (5,5%). Entre 1700 e 1777, no entanto, a percenta-
gem do Brasil subiria para 8,8%, enquanto a da Índia baixava para 5,4% e Mazagão
para 2,7%. No entanto, o Brasil só ultrapassou aqueles dois territórios a partir da déca-
da de 1720-1729.
262 Cf., entre outros, R. Bardwell, op. cit., e Evaldo Cabral de Mello, Rubro Veio. O Ima-
ginário da Restauração Pernambucana, 2.ª ed., Rio de Janeiro, 1997, pp. 130 e segs.
136
Poderes e circulação das elites em Portugal
Conclusões
137
Elites e Poderes
138
5. NOBREZA, REVOLUÇÃO E LIBERALISMO: PORTUGAL
NO CONTEXTO DA PENÍNSULA IBÉRICA*
Os problemas a discutir
Desde que Arno Mayer publicou no início dos anos 80 o seu célebre
livro The Persistence of the Old Regime264, pode afirmar-se sem exage-
ro que os estudos sobre as nobrezas e aristocracias europeias no século
XIX conheceram um novo impulso. Muitos trabalhos parcelares265,
colectâneas266 e até obras de síntese267 viram desde então a luz. Embora
tal não signifique a aceitação das suas polémicas teses sobre a persistên-
cia do Antigo Regime, a verdade é que as nobrezas oitocentistas deixa-
139
Elites e Poderes
268 A bibliografia é demasiado extensa para poder ser citada (cf., por todos, o balan-
ço de Pedro Ruiz Torres, «Aristocracia e revolução liberal em Espanha», in Penélope.
Fazer e Desfazer a História, n.º 12, 1993).
269 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, «Os rendimentos da aristocracia na crise do Antigo
Regime», in Análise Social, n.º 111, 1991, e «Los rendimientos da la aristocracia portu-
guesa en la crisis del antiguó régimen», in P. Saavedra e R. Villares (eds.), Señores y
Campesinos en la Península Ibérica, Siglos XVIII-XX, 1, Os Señores da Terra, Barcelo-
na, 1991.
270 Nuno G. Monteiro, «Os rendimentos...», cit., p. 384.
140
Nobreza, revolução e liberalismo
141
Elites e Poderes
278 Op. cit., p. 12. No mesmo volume é de justiça salientar a síntese equilibrada
sobre o tema do qual aqui nos ocupamos de Fernando Taveira da Fonseca, «Elites e
classes médias», op. cit., pp. 459-477.
279 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, «L’historiographie de la révolution libérale au Por-
tugal: perspectives recentes», in La recherche en histoire du Portugal, boletim do Cen-
tre d’Études Portugaises da EHESS, n.º 1, 1989.
142
Nobreza, revolução e liberalismo
280 Cf., entre os textos mais significativos, Joel Serrão, «Nobreza − época contemporâ-
nea», in Dicionário de História de Portugal, Lisboa, e «Das razões históricas dos fracassos
industriais portugueses», in Da Indústria Portuguesa. Do Antigo Regime ao Capitalismo,
Lisboa, 1978, pp. 34 e segs., e ainda Vitorino Magalhães Godinho, A Estrutura da Anti-
ga Sociedade Portuguesa (1971), 2.ª ed., Lisboa, 1975.
281 Cf. Juan Pró Ruiz, «Aristocratas en tiempos de constitución», in J. M. Donezar y
M. Péres Ledesma (eds.), Antiguo Régimen y Liberalismo. Homenaje a Miguel Artola,
2, Economía y Sociedad, Madrid, 1995.
282 [O qual, em todo o caso, me parece mais sugestivo do que a recente crítica às
velhas teses da «revolução burguesa» em Espanha, em nome de uma visão «continuis-
ta», decorrente da suposta descoberta do conservadorismo social e económico da elite de
143
Elites e Poderes
sa, uma vez mais, fica destacada: a debilidade da corte terá representa-
do, precisamente, uma das marcas da monarquia constitucional na sua
última fase283.
notáveis dominante na sociedade liberal espanhola, feita por Jesús Cruz em Los Nota-
bles de Madrid. Las Bases Sociales de la Revolución Liberal Española, Madrid, 2000
(ed. inglesa de 1996)].
283 Cf. Rui Ramos, op. cit.
284 Chamei pela primeira vez a atenção para o facto em Nuno Gonçalo Monteiro,
«Notas sobre nobreza, fidalguia e titulares nos finais do Antigo Regime», in Ler Histó-
ria, n.º 10, 1987, pp. 15-51.
144
Nobreza, revolução e liberalismo
Número
Casas
Casas Média Média total
Intervalos cronológicos extintas
criadas anual anual (no final do
ou unidas
período)
Antes de 1761............................. 48 − − − −
1761-1790................................... 8 0,3 2 0,1 54
1791-1820................................... 63 2,1 14 0,5 103
1821-1832................................... 38 3,2 14 1,2 127
145
Elites e Poderes
287 Com base em Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes..., cit., parte I.
146
Nobreza, revolução e liberalismo
Antes de 1761................................. 46 − − 2 − −
1761-1790....................................... 4 2 48 4 0 6
1791-1820....................................... (a) 29 + 3 11 69 34 (a) 3 + 3 34
1821-1832....................................... (a) 14 + 3 8 78 24 (a) 6 + 3 49
Total........................................... (a) 47 + 6 21 − 62 (a) 9 + 6 −
288 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes…, cit., parte II.
147
Elites e Poderes
1 2 3 4 5 6 7
148
Nobreza, revolução e liberalismo
1 − Percentagem das tenças e juros públicos e privados nas receitas globais; 2 − per-
centagem dos bens da coroa e ordens; 3 − percentagem das rendas e foros urbanos;
4 − percentagem da enfiteuse de prédios rústicos; 5 − percentagem da «propriedade
plena» de prédios rústicos e marinhas.
290 Este quadro, tal como os anteriores, retoma informações recolhidas do trabalho
antes citado, parte III.
149
Elites e Poderes
150
Nobreza, revolução e liberalismo
151
Elites e Poderes
291 Os decretos dos dízimos e dos bens da coroa foram republicados (cf. Miriam
Halpern Pereira, Revolução, Finanças e Dependência Externa, Lisboa, 1979, pp. 162-
-170 e 201-207).
292 J. X. Mouzinho da Silveira, «Memória acerca do restabelecimento da Carta
Constitucional e do trono de D. Maria II», in Ler História, n.º 2, 1983, p. 153. O conjun-
to dos seus numerosos escritos sobre a matéria encontra-se reunido em Miriam Halpern
Pereira (dir.), Obras de Mouzinho da Silveira, 2 vols., Lisboa, 1989.
293 Cf. Maria Alexandre Lousada, «D. Pedro ou D. Miguel? Opções políticas da
nobreza titulada portuguesa», in Penélope. Fazer e Desfazer a História, n.º 4, 1989.
152
Nobreza, revolução e liberalismo
Pelo que antes se indicou, pode desde logo inferir-se que o impacto
da legislação liberal de 1832 que aboliu os dízimos (e as comendas das
ordens militares que os cobravam), os forais (embora as vicissitudes da
sua aplicação sejam complexas) e os bens da coroa tinha de se fazer sen-
tir de forma drástica sobre as velhas casas aristocráticas. Em princípio,
extinguiam-se mais de metade das suas fontes de receita. E também
sabemos que essa extinção se deu sem que a esmagadora maioria das
casas tenha recebido qualquer indemnização294.
Efectivamente, todos os casos conhecidos a partir da pesquisa docu-
mental dos respectivos arquivos sugerem que o impacto directo da revo-
lução sobre as receitas da esmagadora maioria das casas foi catastrófico.
Logo em 1834 a Fazenda Nacional tomou posse de todos os bens da
coroa e das comendas não abolidos pela legislação de 1832. E algumas
devoluções ocorridas nos anos 50 de Oitocentos revestiram valores in-
significantes.
294 Como se escreveu antes (Nuno G. Monteiro, «Os rendimentos…», cit., p. 383 e
fontes aí citadas), «até 1847 e apenas no respeitante às comendas das ordens militares, a
esmagadora maioria não recebeu qualquer indemnização: até aquela data, só teriam sido
indemnizados 16 comendadores com título de nobreza, enquanto a fazenda tinha entrado
na posse dos bens das comendas de 34 titulares por cumplicidade com a ‘usurpação’, e
ainda nas de mais 13 por falecimento ou falta de título legítimo!».
153
Elites e Poderes
154
Nobreza, revolução e liberalismo
Os bens patrimoniais
155
Elites e Poderes
298 Cf. Luís Espinha da Silveira, «Venda de bens nacionais».., cit., e, sobretudo, «La
desamortización en Portugal», cit., Nuno G. Monteiro, «Os rendimentos...», cit., p.
383, e António Martins da Silva, Nacionalizações..., cit., que fornece dados coincidentes
(cf. pp. 425 e segs., anexo II), embora não os destaque na sua interpretação.
299 Cf. Paulo J. Fernandes, As Faces de Proteu. Elites Urbanas e Poder Municipal
em Lisboa de Finais do Século XVIII a 1851, dissertação de mestrado, mimeo., Lisboa,
Universidade Nova, 1997, pp. 375-388 [entretanto editada com título idêntico, Lisboa,
1999, pp. 270 e segs.].
300 Nuno G. Monteiro, «Os rendimentos...», cit., p. 384.
156
Nobreza, revolução e liberalismo
Declínio político
301 Cf. Jorge Fonseca, «Propriedade e exploração da terra em Évora nos séculos
XVIII e XIX», in Ler História, n.º 18, 1990.
302 Cf. Paulo J. Fernandes, op. cit.
157
Elites e Poderes
Percen-
A B C D
tagem
1834-1850 19 16 11 8
Presidentes do Conselho................ 1851-1890 25 14 8 8
1890-1910 17 0 0 0
1851-1890 42 17 6 5
Conselho de Estado.......................
1834-1850 83 31 9 8 (a) 37
1851-1890 98 19 5 9 (a) 19
Ministros........................................
1890-1910 78 6 0 0 (a) 8
1834-1842 66 46 3
Pares..............................................
1851-1890 181 68 16 17
1851-1890 417 4 (b) 1
Deputados......................................
1851-1890 1 327 115 (a) 9
A − Número total; B − titulares antigos e novos; C − nascidos em casas da primeira
nobreza de corte do Antigo Regime (com ou sem título); D − sucessores de títulos nobi-
liárquicos.
(a) Percentagem de B/A; (b) percentagem de C/A.
Fontes: Pedro Tavares de Almeida, A Construção do Estado Liberal…, cit.; L. Es-
pinha da Silveira, «Revolução liberal e pariato (1834-1842)», cit.; Manuel Pinto dos
Santos, Monarquia Constitucional. Organização e Relações do Poder Governamental
com a Câmara dos Deputados, Lisboa, 1986. Os números devem reputar-se, natural-
mente, como provisórios.
158
Nobreza, revolução e liberalismo
A nova nobreza
303 Cf. Maria Filomena Mónica, «A lenta morte da Câmara dos Pares (1878-1898)»,
in Análise Social, n.os 125-126, 1994.
304 Cf. Anuário da Corte Portuguesa, Lisboa, 1895.
305 Op. cit., p. 98.
159
Elites e Poderes
Duque............................................................... 7 4 5
Marquês........................................................... 18 26 23
Conde............................................................... 72 110 149
Visconde com Grandeza (a)............................ 33 310 264
Visconde.......................................................... 69 − –
Barão com Grandeza (a).................................. 12 170 121
Barão................................................................ 91 − −
Total............................................................ 302 620 562
(a) Apenas a lista para o ano de 1855 refere a existência de viscondes e barões com
Grandeza.
Fontes: Nuno G. Monteiro, «A nobreza na revolução liberal», in António Reis (dir),
Portugal Contemporâneo, vol. I, Lisboa, 1990, p. 256; Almanach Comercial de Lisboa
para o anno de 1887, Lisboa, 1886; Almanaque Comercial, Lisboa, 1905. Tanto quanto
foi possível, procurou-se considerar o número de títulos e não de pessoas que usavam os
mesmos. No entanto, pelos motivos adiante referidos, o exercício não é seguro.
306 Maria Rattazi, Portugal de Relance (ed. or., 1879), Lisboa, 1997, p. 94.
160
Nobreza, revolução e liberalismo
307 Cf. Helena I. B. C. Diogo et al., «Para o estudo da nobreza portuguesa oitocentis-
ta – barões e viscondes do reinado de D. Maria II», in Ler História, n.º 10, 1987, pp. 139-
-158.
308 Cf. Francisco L. S. de Vasconcelos, op. cit., pp. 186 e segs.
161
Elites e Poderes
162
6. PROPRIETÁRIO, PROPRIEDADE E REVOLUÇÃO
LIBERAL. ALGUMAS NOTAS*
* Este texto teve como ponto de partida a reelaboração do texto de Nuno G. F. Mon-
teiro, «Proprietário», in Conceição Martins e Nuno G. F. Monteiro (orgs.), A Agricultu-
ra: Dicionário das Ocupações, vol. III da História do Trabalho e das Ocupações, coord.
de N. L. Madureira, Oeiras, Celta Editora, 2002.
312 D. Luís da Cunha, Testamento Político, Lisboa, 1820, p. 41.
163
Elites e Poderes
164
Proprietário, propriedade e revolução liberal
165
Elites e Poderes
318 Cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes. A Casa e o Património
da Aristocracia em Portugal (1750-1832), Lisboa, 1998, parte III, pp. 235-316.
319 Cf. Fernando de Sousa, «O rendimento das ordens religiosas nos finais do Anti-
go Regime», in Revista de História Económica e Social, n.º 7, 1981.
166
Proprietário, propriedade e revolução liberal
320 Embora para períodos mais recuados, e não registando as modificações entretan-
to verificadas, cf., entre outras fontes, Mafalda Soares da Cunha, A Casa de Bragança
(1560-1640). Práticas Senhoriais e Redes Clientelares, Lisboa, 2000, p. 270, Maria
Paula Marçal Lourenço, A Casa e Estado do Infantado 1654-1706, Lisboa, 1995,
pp. 199-200, Rui d’Abreu Torres, «Casa das Rainhas», in Joel Serrão (dir.), D. H. P.,
Lisboa, 1961-1965, Teófilo Braga, Dom Francisco de Lemos e a reforma da Universi-
dade de Coimbra, Lisboa, 1894, pp. 97-102, e Fernando Taveira da Fonseca, A Univer-
sidade de Coimbra (1700-1771) (Estudo Social e Económico), Coimbra, 1995, pp. 600 e
segs.
321 Cf. breves sínteses sobre o assunto em Nuno G. F. Monteiro, «Foreiro» e
«Senhorio», in Conceição Martins e Nuno G. F. Monteiro (orgs.), A Agricultura: Dicio-
nário das Ocupações, cit.
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Elites e Poderes
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Proprietário, propriedade e revolução liberal
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Elites e Poderes
333 Rui Graça Feijó, Liberalismo e Transformação Social: a Região de Viana do An-
tigo Regime a Finais da Regeneração, Lisboa, 1992, p. 31.
334 Cf., por exemplo, Manuel Villaverde Cabral (selecção, prefácio e notas), Mate-
riais para a História da Questão Agrária em Portugal, Séculos XIX e XX, Porto, 1974, e
O Desenvolvimento do Capitalismo em Portugal no Século XIX, Lisboa, 1976.
335 Cf. Nuno G. Monteiro, «Revolução liberal e regime senhorial: a ‘questão dos
forais’ na conjuntura vintista», in Revista Portuguesa de História, t. XXIII, 1988, republi-
cado neste volume.
336 Cf. Miriam Halpern Pereira (dir.), Obras de Mouzinho da Silveira, 2 vols., Lis-
boa, 1989.
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Proprietário, propriedade e revolução liberal
337 Cf., sobre o assunto, Albert Silbert, «O feudalismo português e a sua abolição»,
in Do Portugal do Antigo Regime ao Portugal Oitocentista, Lisboa, 1972, Miriam Hal-
pern Pereira, Revolução, Finanças e Dependência Externa, Lisboa, 1979, Nuno G. Mon-
teiro, «Revolução liberal e regime senhorial...», cit., e Fernando Dores Costa, «Flutua-
ções da fronteira da legitimidade da intervenção legislativa anti-senhorial nos debates
parlamentares para a revisão do decreto dos forais de 1832 (1836-1846)», in Revista
Portuguesa de História, t. XXIII, 1988.
338 Cf. Nuno G. Monteiro, «Nobreza, revolução e liberalismo: Portugal no contexto
da Península Ibérica», in Silvana Casmirri e M. Suárez Cortina (eds.), La Europa del
Sur en la Época Liberal. España, Itália y Portugal, Cantábria, 1998, republicado neste
volume.
173
Elites e Poderes
339 Cf. Luís Espinha da Silveira, «La desamortización en Portugal», in Ayer, n.º 9,
1993; cf. ainda os dados para a primeira etapa da desamortização de António Martins da
Silva, Nacionalizações e Privatizações em Portugal. A Desamortização Oitocentista,
Coimbra, 1997.
340 Segundo Luís Espinha da Silveira, op. cit., p. 55, o rendimento dos bens vendi-
dos nesta altura não representaria senão 3,3% do rendimento global dos prédios rústicos
e urbanos existentes em Portugal continental.
341 Cf. Luís Espinha da Silveira, op. cit.
342 Cf. H. Fonseca, Economia…, cit., pp. 309 e segs., e Helder Fonseca e Rui San-
tos, «Três séculos de mudanças no sector agrário alentejano: a região de Évora nos sécu-
los XVII a XIX», in Ler História, n.º 40, 2001.
343 Deixamos de lado aqui o processo da apropriação privada de maninhos e baldios,
que merece um tratamento detalhado.
174
Proprietário, propriedade e revolução liberal
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II Parte
Introdução
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39 Cf., por exemplo, Maria Helena da Cruz Coelho, O Baixo Mondego nos Finais da
Idade Média, Coimbra, 1983, vol. I, especialmente pp. 291-293 e segs.
40 Cf. Marcello Caetano, História do Direito Português, vol. I, Lisboa, 1983, pp. 320
e segs., e José Mattoso, Identificação de Um País. Ensaio sobre as Origens de Portugal,
vol. I, Lisboa, 1985, pp. 338-339 e segs.
41 Cf. J. Pedro Ribeiro, Dissertação Histórico-Jurídica e Económica sobre a Refor-
ma dos Forais..., Lisboa, 1812, e Alberto C. de Meneses, Plano de Reforma dos Fo-
rais..., Lisboa, 1825, pp. 25 e segs.
42 Cf., sobre o assunto, A. M. Hespanha, História das Instituições. Épocas Medieval
e Moderna, Coimbra, 1982, pp. 258 e segs.
43 O número de câmaras aumentou apenas ligeiramente entre os primórdios de Qui-
nhentos e os primórdios de Oitocentos.
44 M. J. de Almeida Costa, «Forais», in Joel Serrão (ed.), D. H. P., s. d.
190
«A questão dos forais» na conjuntura vintista
45 Cf., por exemplo, J. H. Corrêa Telles, op. cit., pp. 2 e segs., e, no mesmo sentido,
muitas intervenções de deputados nos debates parlamentares e petições às cortes vintis-
tas.
46 Rações, jugadas, foros fixos em géneros e/ou dinheiro, fogaças, monopólios se-
nhoriais, etc. (cf. Luiz Fernando de Carvalho Dias, Forais Manuelinos do Reino de Por-
tugal e do Algarve, s. l., ed. do autor, 5 vols., 1961-1965).
47 Daí o pretender-se que no Minho (onde tais situações eram frequentes) a lei dos
forais de 1822 se aplicava a todas as formas de enfiteuse em bens da coroa, quer viessem
ou não referidas nos forais (cf. Anónimo, Nova Explanação sobre as Duas Mais Impor-
tantes Questões dos Foraes, Porto, 1822).
191
Regime senhorial e revolução liberal
apenas cobriam uma parcela das rendas que impendiam sobre os deten-
tores das unidades de exploração.
É em função desta realidade extremamente complexa que deverão
ser perspectivados os discursos e as formulações da «questão agrária»
que, desde a legislação pombalina e a literatura «agronómica» de finais
do século XVIII, irão desembocar na legislação antiforaleira da fase de
ruptura da revolução liberal. Discutir-se-á aqui exclusivamente o lugar
que a problemática do regime senhorial ocupava nos discursos sobre as
questões agrárias, e não a globalidade destes. Em todo o caso, é indispen-
sável realçar desde já a importância decisiva que tiveram as orientações
do pensamento jurídico na segunda metade de Setecentos: a clara reafir-
mação da natureza jurídica específica dos bens da coroa e forais, con-
substanciada, por exemplo, nas confirmações gerais pombalinas, na obra
de Mello Freire48 e no lançamento do direito do quinto dos donatários49,
constituiu um precedente fundamental dos discursos e legislações oito-
centistas sobre a reforma dos forais.
Na verdade, nada me parece desmentir, até ao presente, as afirma-
ções de Silbert, segundo as quais «a contestação do regime senhorial
não parece assumir um aspecto importante neste conjunto de críticas [...]
no conjunto, o ataque ao feudalismo parece-nos tímido»50. Com efeito,
embora as críticas aos direitos senhoriais (e aos dízimos) surjam com
alguma frequência, influenciadas em parte pela doutrina fisiocrática do
produto líquido 51 , elas não são, na maior parte dos casos, senão um
entre os múltiplos tópicos dos discursos reformistas sobre a agricultura
de finais de Setecentos52. No entanto, embora a sua difusão não tenha
48 Especialmente, «Instituições de direito civil português», cit., liv. I, tít. VI, e liv. II,
tít. II, in Boletim do Ministério da Justiça, n.º 162, 1967, pp. 58 e segs., e n.º 163, 1967,
pp. 46 e segs.
49 Alvará de 24 de Outubro de 1796.
50 «O feudalismo português e a sua abolição», in Do Portugal do Antigo Regime ao
Portugal Oitocentista, Lisboa, 1972, pp. 94-95.
51 A. M. Hespanha, O Jurista e o Legislador na Construção da Propriedade Bur-
guesa-Liberal em Portugal, Lisboa, 1979-1980 (mimeo.), pp. 39 e segs.
52 Cf. Memórias Económicas da Academia Real das Sciencias..., Lisboa, 1789-1815, 5
ts., B. Chichorro, Memória Económico-Política da Província da Estremadura (1793), ed.
M. B. Amzalak, Lisboa, 1943, José Frederico Laranjo, Economistas Portugueses, Lisboa,
1976 (reed. com pref. e notas de Carlos Fonseca), Moses B. Amzalak, Do Estu-
192
«A questão dos forais» na conjuntura vintista
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Regime senhorial e revolução liberal
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«A questão dos forais» na conjuntura vintista
80 Ibid., p . 363. O decreto dos banais foi publicado com data de 7 de Abril de 1821.
81 Há, por exemplo, uma carta de Alberto Carlos de Meneses em que isso se denun-
cia já em 1824 (A. H. P., I/II, cx. 112).
82 O artigo 3.º do decreto de 3 de Junho de 1822 veio alargar o âmbito das presta-
ções abolidas.
83 D. C., 1821 (Maio), vol. II, «Memória sobre a reforma dos foraes», pp. 1112-
-1113. Já antes se haviam apresentado algumas propostas parcelares.
84 Ibid., p. 1116.
85 Ibid., vol. III, p. 2922.
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Regime senhorial e revolução liberal
86 Ibid., p. 3123.
87 Ibid., 1822, t. IV, p. 514.
88 Cf. M. Halpern Pereira, op. cit., pp. 162 e segs. O projecto oficial, ou seja, da
Comissão de Agricultura, foi apresentado com data de 4 de Agosto de 1821 (D. C.,
1821, vol. III, pp. 2818-2819).
89 Cf., sobre todas as implicações da lei, F. A. da Silva Ferrão, Repertório comenta-
do sobre Forais e Doações Régias, Lisboa, 1848.
90 Cf. Francisco Soares Franco, Explanação à lei de 5 de Junho de 1822 sobre re-
forma dos Foraes, Lisboa, 1822, p. 4.
91 F. Nunes Franklin, Memória para Servir de Índice dos Forais das Terras do Rei-
no de Portugal e seus Domínios, Lisboa, 1816.
200
«A questão dos forais» na conjuntura vintista
92 É esta, pelo menos, a minha leitura da lei, embora só tenha pretendido alargá-la a
todas as formas de enfiteuse em bens da coroa (cf. folheto Nova explanação..., cit.).
93 D. C., 1822, vol. III, p. 3682.
94 Cf. a petição de Cambeses (comarca de Braga), Silbert, Le problème agraire por-
tugais…, cit., pp. 276-277, e o panfleto sobre o Minho atrás citado. Não oferece dúvidas,
quanto a mim, que os deputados que o aprovaram não alargavam o decreto sobre os
forais à enfiteuse em bens da coroa na ausência de foral: a proposta da extensão da pos-
sibilidade de remição de foros, prevista no decreto, às capelas da coroa (avançada por
Alves do Rio) foi claramente rejeitada (D. C., 1822, t. IV, p. 900). No entanto, o decreto
foi aplicado em alguns casos àquelas situações.
95 Por 47 votos a favor e 34 contra (D. C., 1822, vol. IV, p. 526).
96 Depois das províncias referidas na generalidade (a Beira e o Minho, principal-
mente), a outra referência é a comarca, zona, etc., de Coimbra.
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Regime senhorial e revolução liberal
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«A questão dos forais» na conjuntura vintista
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Regime senhorial e revolução liberal
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206
2. A GEOGRAFIA DAS PETIÇÕES E DOS CONFLITOS
(1821-1824)*
* Cf. p. 179.
112 Le problème agraire portugais au temps des premières cortes libèrales (1821-1823),
Paris, 1968.
113 Cf., por exemplo, Arquivo Histórico Parlamentar (AHP), I/II, cxs. 4 e l0. Uma peti-
ção do reguengo de Tavira foi alvo de deliberação específica [Diario das Cortes (D. C.),
1822, t. VI, pp. 358-359].
114 Análise desenvolvida em Forais e Regime Senhorial: os Contrastes Regionais
segundo o Inquérito de 1824, Lisboa, ISCTE, 1986, capítulo II (prova de capacidade
científica, mimeo.).
207
Regime senhorial e revolução liberal
115 Para o efeito, considerou-se ser uma «petição anti-senhorial» toda a que alude
criticamente a um contexto senhorial (daí que o total seja de 90, e não o indicado por
Silbert, op. cit., pp. 31-32).
O quadro anterior sugere o peso esmagador da Beira: representando menos de um
terço dos fogos do país, perfaz 61,3 % do total dos concelhos, 62,2 % do total das po-
voações e 62,2 % do total das petições enviadas. No entanto, este quadro distorce clara-
mente os factos, porque na maior parte das comarcas da Beira Baixa e Interior (Castelo
Branco, Guarda, Linhares, Pinhel e Trancoso) são escassas ou nulas as petições remeti-
das, que começam a tornar-se mais numerosas na Beira Alta central (Lamego e Viseu).
Sobre a frequência de conflitos com senhorios no Centro Litoral durante o século
XVII, cf. Luís Ferrand de Almeida, «Motins populares no tempo de D. João V. Breves
notas e alguns documentos», in Revoltas e Revoluções, Revista de História das Ideias,
n.º 6, 1984, Maria Margarida Sobral Neto, «Uma provisão sobre foros e baldios: pro-
blemas referentes a terras de «logradouro comum» na região de Coimbra no século
XVII», in Revista de História. Económica e Social, n.º 14, 1984, e J. M. Tengarrinha,
«Movimentos camponeses em Portugal na transição do Antigo Regime para a sociedade
liberal», in O Liberalismo na Península Ibérica na Primeira Metade do Século XIX,
Lisboa, 1982, 2.º vol. [Posteriormente à edição original deste texto foram publicados
dois trabalhos essenciais sobre o tema: José Tengarrinha, Movimentos Populares Agrá-
rios em Portugal (1751-1825), 2 vols., Lisboa, 1994-1995; Margarida Sobral Neto, Ter-
ra e Conflito. Região de Coimbra (1700-1834), Coimbra, 1997.]
116 Com efeito, na primeira versão de «O feudalismo português e a sua abolição»
chega a afirmar-se que «a província do Minho era, na opinião geral, aquela onde a ques-
tão dos forais se colocava de forma mais aguda» [La Abolición del Feudalismo en el
Mundo Occidental (ed. original, Paris, 1971), Madrid, 1979, p. 160, nota 39]. Na citada
edição portuguesa do mesmo texto (in Do Portugal do Antigo Regime ao Portugal Oito-
centista, Lisboa, 1972, p. 104) essa referência foi suprimida. Esta oscilação poderá ser
explicada pelo facto de, depois de 1832-1834, o Minho se ter tornado (de acordo, por
exemplo, com Silva Ferrão) o centro presumidamente mais importante dos conflitos
relacionados com a «questão dos forais», pelo facto de a lei de 1832 (ao contrário da de
208
A geografia das petições e dos conflitos (1821-1824)
[QUADRO N.º 1]
[QUADRO N.º 2]
209
Regime senhorial e revolução liberal
[QUADRO N.º 3]
210
A geografia das petições e dos conflitos (1821-1824)
119 Mais de dois terços dos donatários leigos eram titulares, enquanto a maior parte
dos senhorios eclesiásticos referenciados eram mosteiros cistercienses. [O peso dos di-
reitos de foral raçoeiros nos rendimentos das ordens religiosas pode ser avaliado a partir
do estudo de Fernando Dores Costa, «Efeitos da lei dos forais de 1822 sobre os rendi-
mentos das ordens religiosas», in Fernando Marques da Costa et. al. (coord.), Do Antigo
Regime ao Liberalismo, 1750-1850: Perspectivas de Síntese, Lisboa, 1989. A importância
que os mesmos direitos tinham para uma parte das casas titulares pode constatar-se em
Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes. A Casa e o Património da Aristo-
cracia em Portugal (1750-1832), Lisboa, 1998, pp. 287-295.]
211
Regime senhorial e revolução liberal
120 O que pretendo sugerir é que há uma mutação que atravessa sobretudo o universo
cultural dos notáveis locais, o que prepara o advento da revolução liberal; naturalmente,
esta nova sensibilidade podia, em determinadas condições, contaminar outros sectores
da população, como penso ter demonstrado para o caso de Alcobaça (cf. adiante).
121 Cf. Silbert, op. cit., pp. 316-318 e 321-322. Os requerimentos do D. Abade Es-
moler-Mor não se reportavam apenas aos coutos de Alcobaça, mas à situação que se
vivia noutras povoações que pagavam direitos à ordem. No entanto, os conflitos alcoba-
censes foram, sem dúvida, os mais importantes (cf. N. G. Monteiro, «Lavradores, frades
e forais: revolução liberal e regime senhorial na comarca de Alcobaça (1820-1824)», in Ler
História, n.º 4, 1985, adiante republicado).
122 Documentação do AHP, I/II, «Trabalhos sobre forais», analisada detalhadamente
em Forais e Regime Senhorial: Os Contrastes Regionais..., cit., pp. 35-41.
212
A geografia das petições e dos conflitos (1821-1824)
213
3. LAVRADORES, FRADES E FORAIS: REVOLUÇÃO
LIBERAL E REGIME SENHORIAL NA COMARCA DE
ALCOBAÇA (1820-1824)*
215
Regime senhorial e revolução liberal
125 A discussão e a investigação sobre a natureza e a história da enfiteuse (ou das enfi-
teuses) estão ainda em grande parte por fazer entre nós. Para os casos do Estado espanhol
(Galiza e Catalunha principalmente), que apresentam grandes paralelismos com as situações
portuguesas, v., entre outros, P. Vilar, «El final de los elementos feudales y senoriales en
Cataluna en los siglos XVIII y XIX, con algunas referencias comparativas al resto de Espana y
al Roselon», e «Apêndice lI» (discussão), in La Abolición del Feudalismo en le Mundo Occi-
dental (1968) (trad. cast.), Madrid, 1979, Ramon Villares, «Evolucion historica del foro», in
Foros, Frades e Fidalgos, Vigo, 1982, Miguel Artola, Antiguo Régimen y Revolución Libe-
ral, 2.ª ed., Madrid, 1983, e sobretudo Bartolomé Clavero, «Foros y rabassas. Los censos
agrarios ante la revolución espanola», in El Codigo y el Foro, Madrid, 1982.
126 Primeiras abordagens parcelares da problemática do impacto popular do miguelis-
mo: Maria de Fátima Sá M. Ferreira, «Formas de mobilização popular no liberalismo: o
cisma dos Mónacos e a questão dos enterros nas igrejas», e Maria Alexandre Lousada e
Nuno Gonçalo Monteiro, «Revoltas absolutistas e movimentação camponesa no Norte,
1826-1827 (algumas notas)», in O Liberalismo na Península Ibérica na Primeira Meta-
216
Lavradores, frades e forais
de do Século XIX, Lisboa, 1982, 2.º vol.; António do Canto Machado e António Montei-
ro Cardoso, A Guerrilha do Remexido, Lisboa, 1982.
127 Como já antes se referiu, foram, entretanto, publicados trabalhos que abordam
num âmbito temporal mais amplo a problemática do regime senhorial e dos conflitos
com ele relacionados [cf. José Tengarrinha, Movimentos Populares Agrários em Portu-
217
Regime senhorial e revolução liberal
gal (1751-1825), 2 vols., Lisboa, 1994-1995, e Margarida Sobral Neto, Terra e Conflito.
Região de Coimbra (1700-1834), Coimbra, 1997].
128 Devo às sugestões da Prof.ª Miriam Halpern Pereira ter detectado o inquérito so-
bre forais de 1824-1826 e iniciado o seu estudo sistemático, no desenvolvimento do qual
se insere este trabalho. Quero ainda agradecer todas as sugestões e indicações da Dr.ª
Maria José Silva Leal e, de maneira especial, as críticas que os meus colegas e amigos
lhe fizeram.
Nas transcrições e citações constantes do texto optei sempre por actualizar a ortogra-
fia e pontuação.
Utilizar-se-ão as seguintes siglas: ADL − Arquivo Distrital de Leiria; AFF − Arqui-
vo dos Feitos Findos; AHM − Arquivo Histórico-Militar; AHMF − Arquivo Histórico
do Ministério das Finanças; AHP, I/II − Arquivo Histórico-Parlamentar, I e II divisões;
AHP, AEM − Arquivo Histórico-Parlamentar, assembleias eleitorais da monarquia;
ANTT, CR − Arquivo Nacional da Torre do Tombo, corporações religiosas; ANTT, IGP −
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Intendência-Geral da Polícia; ANTT, MJ − Ar-
quivo Nacional da Torre do Tombo, Ministério da Justiça; ATC − Arquivo do Tribunal
de Contas; BMA − Biblioteca Municipal de Alcobaça, BNL − Biblioteca Nacional de
Lisboa, reservados.
129 Graça e J. S. da Silva Dias, Os Primórdios da Maçonaria em Portugal, Lisboa,
1980, vol. I, t. II, p. 730, nota 1.
218
Lavradores, frades e forais
219
Regime senhorial e revolução liberal
220
Lavradores, frades e forais
132 AHP, I/II, cx. 112, n.º 12. D. Abade Geral Esmoler-Mor era um dos vários títu-
los do geral da Ordem de S. Bernardo de Cister, de que era cabeça o Mosteiro de Al-
cobaça.
133 Cit. em José E. Horta Correia, Liberalismo e Catolicismo. O Problema Congre-
gacionista (1820-1823), Coimbra, 1974, p. 201. A situação nos coutos de Alcobaça será
um dos exemplos mais citados durante os debates parlamentares sobre as leis dos banais
e dos forais.
134 V., por exemplo, M. Vieira da Natividade, O Mosteiro de Alcobaça, Coimbra,
1885 (especialmente pp. 20-21), e Mosteiro e Coutos de Alcobaça, Alcobaça, 1960, e
José Diogo Ribeiro, Memórias de Turquel, Porto, 1908.
221
Regime senhorial e revolução liberal
135 BMA, «Livro de registos da câmara de Alcobaça, 1817-1885», fls. 28-29 v.º
136 Decreto de 20 de Março de 1821.
137 V. José Tengarrinha, História da Imprensa Periódica Portuguesa, Lisboa, 1965,
esp. pp. 69-90. A própria Intendência-Geral da Polícia se responsabilizava pela distri-
buição frequente de jornais pelos corregedores e juízes.
222
Lavradores, frades e forais
138Silbert, Le problème agraire..., cit., pp. 143-244; a petição foi recebida pela Comissão
de Agricultura em 5 de Outubro de 1821. Os dois concelhos a que aludem são Óbidos (co-
marca de Torres Vedras) e Alvorninha (na de Alcobaça), terras de jugada, e não de quarto.
223
Regime senhorial e revolução liberal
139 AHP, I/II, cx. 4, n.º 1. Repare-se na atitude ilustrada de repulsa pelo corpo dos
mortos por parte dos oficiais da fábrica (em número de 4), que assinavam correctamente
os seus nomes.
140 AHP, I/II, cx. 26, n.º 13.
224
Lavradores, frades e forais
225
Regime senhorial e revolução liberal
226
Lavradores, frades e forais
141 Todas as referências e citações sobre este assunto foram retiradas de ANTT,
IGP, maços de correspondência dos corregedores e juízes de fora, maço 124, n.os 73 e
74.
142 ANTT, IGP, correspondência dos corregedores, liv. 28.
143 ANTT, IGP, m. cor. cor., maço 124, n.º 104.
227
Regime senhorial e revolução liberal
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Lavradores, frades e forais
146 ANTT, IGP, cor. cor., liv. 28, tal como as citações seguintes.
147 AFF, Alcobaça (processos), maço I, n.º 6, tal como a citação seguinte.
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Regime senhorial e revolução liberal
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231
Regime senhorial e revolução liberal
154 José Eduardo Horta Correia, Liberalismo e Catolicismo…, cit. São violentamente
críticos os comentários sobre o Mosteiro de Alcobaça produzidos por um dos relatores
da comissão encarregada da aplicação da lei vintista de reforma dos regues (ANTT, MJ,
maço 456, n.º 6). Alguns anos mais tarde (1827-1830), a história do mosteiro feita por
frei Fortunato de S. Boaventura serviria para alimentar uma longa polémica com João
Pedro Ribeiro (sobre este assunto, cf. Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno G. Montei-
ro, «Aljubarrota − memória local e memória nacional», in Actas do Encontro «A Cons-
trução Social do Passado», Lisboa, APH, 1992, pp. 289-296).
155 BMA, «Livro de registos da câmara de Alcobaça, 1817-1885», fl. 64 v.º
232
Lavradores, frades e forais
156 Todas as citações que se seguem foram retiradas de ANTT, IGP, m. cor. cor.,
maço 124, n.os 244, 248, 262, 271, 251 e 268.
233
Regime senhorial e revolução liberal
157 Francisco Garção Campelo de Andrade, um dos notáveis da comarca e único fi-
dalgo que consegui identificar desempenhando funções de juiz ordinário.
158 AFF, Alcobaça (processo), maço 1, n.º 15. Antes mesmo da revogação da legis-
lação vintista em Junho de 1824, uma petição do procurador cisterciense havia conse-
guido que a coroa (aviso de 11 de Março de 1824) autorizasse o corregedor a pedir auxí-
lio militar «quando os devedores recusem o cumprimento de suas obrigações e intentem
recorrer a meios violentos» (BMA, «Livro de registos da câmara de Alcobaça, 1817-
234
Lavradores, frades e forais
-1885», fls. 64-65). No entanto, o corregedor, tendo estabelecido, em edital, dez dias
para o pagamento das dívidas ao mosteiro, não chegou a chamar a tropa para o efeito.
235
Regime senhorial e revolução liberal
159 Todas as citações anteriores foram retiradas de ANTT, IGP, m. cor. cor., maço
124, n.os 425 e 434.
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Lavradores, frades e forais
160 Todas as citações seguintes foram tiradas do maço referido na nota anterior,
n.os 430, 435, 439-bis, 453-bis, 452 e 477. O corregedor mudara entretanto. Um curioso
e caricatural testemunho destes acontecimentos encontra-se nas Memórias do Marquês
da Fronteira e d’Alorna, Coimbra, 1926, vol. I, pp. 435-436, onde se faz uma descrição
interessante da vida conventual.
161 Os concelhos mais activos são os da faixa oriental, onde o trigo, e não o milho,
era a principal produção; era este cereal e a cevada que se colhiam em Junho e Julho.
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171 Esta citação, tal como as seguintes, foi retirada de ANTT, IGP, m. cor. cor., ma-
ço 124, n.os 463, 467 e 477.
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Regime senhorial e revolução liberal
244
Lavradores, frades e forais
174 Além do já clássico P. Goubert, L’Ancien Regime, I, Paris, 1969, capítulo IV,
J.-P. Gutton, La sociabilité villageoise dans l’ancienne France, Paris, 1979, e P. M.
Jones, «Parish, segneurie and the community of inhabitants in Southern France during
eighteenth and nineteenth centuries», in Past and Present, n.º 91, 1981.
175 Na importante obra de A. M. Hespanha, História das Instituições. Épocas Medie-
val e Moderna, Coimbra, 1982, afirma-se, a propósito do Mappa alfabético das povoa-
ções..., de 1811, que naquela altura «já tinham sido incorporadas na jurisdição real, em
1790 e 1792, as jurisdições dos donatários, pelo que o seu senhorio se limitava já aos
simples direitos do foral» (p. 299). Esta afirmação não me parece correcta: em primeiro
lugar, porque aquela lista de donatários abrange efectivamente todos aqueles que tinham
o direito de propor juízes de fora e de sancionar os juízes ordinários de câmaras local-
mente eleitos, direitos que a legislação mariana não suprimiu; em segundo lugar, porque
o número de donatários que percebiam direitos instituídos em foral era naturalmente
maior do que os constantes daquela lista, pois em todas as circunscrições de 1.ª instância
em que havia mais de um foral e mais do que um donatário era a coroa quem exercia
aqueles direitos (v. o artigo XXVII do alvará de 7 de Janeiro de 1792).
245
Regime senhorial e revolução liberal
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Regime senhorial e revolução liberal
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Lavradores, frades e forais
[QUADRO N.º 4]
Elegíveis
Eleitores Eleitores
para depu-
paroquiais de provín-
Fogos tados
Concelho Freguesia (mais de cia (mais
(1825) (mais de
100 000 de 200 000
400 000
réis) réis)
réis)
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Regime senhorial e revolução liberal
[QUADRO N.º 5]
Alfeizerão.......................................................... 5 0
Alvorninha......................................................... 5 1
Cós..................................................................... 4 1
Maiorga.............................................................. 4 0
Pederneira.......................................................... (a) 5 4
Salir de Matos.................................................... 4 1
Santa Catarina.................................................... 5 0
São Martinho..................................................... 3 2
Turquel............................................................... 4 3
Total............................................................... 39 12
(a) Em 1826.
Fontes: AHP, AEM, cxs. 13, 19 e 20.
CR, comp. 1, PN 30, n.º 54; ANTT, CR, B-52-17, «Livro da dataria»; ANTT, MJ, maço 276;
BNL, cor., n.º 1493; Augusto Pinho Leal, Portugal Antigo e Moderno ..., Lisboa, 1878.
190 BNL, cod. n.º 1490, fls. 154 e segs.
252
Lavradores, frades e forais
cas das igrejas poder ser uma fonte de tensões, a documentação consul-
tada só permite falar em anticlericalismo se se der ao termo uma acep-
ção muito ampla191.
As ordenanças, circunscrições de recrutamento que deviam periodi-
camente reunir os não mobilizados preparando-os para estarem aptos a
pegar em armas, são o último dos marcos institucionais a considerar.
Recorde-se que a instituição teve uma importância decisiva na maioria
das regiões onde houve revoltas antiliberais na década de 1820. A co-
marca de Alcobaça constituía uma única capitania-mor, de que era capi-
tão-mor o D. Abade Esmoler-Mor, estando, no entanto, aquelas funções
delegadas no sargento-mor192. O número das companhias − 17 − era
superior ao dos concelhos − 13. Socialmente, os capitães e alferes das
companhias, que quase todos o eram há longo tempo, pertenciam às
categorias superiores da sociedade local. O aspecto mais notório, sobre-
tudo numa comarca que não tinha tropa de primeira ou segunda linha,
parece ser o reduzido papel desempenhado pelas ordenanças nos confli-
tos; ou fosse pela negligência do sargento-mor ou por qualquer outro
motivo menos circunstancial, o contraste é acentuado com o que se veri-
fica nas regiões acima referidas.
191 O termo tem, como se sabe, aplicação diversa, consoante as diferentes tradições
disciplinares. As limitações de espaço e as decorrentes do tipo de fontes utilizadas não
me permitem discutir mais aprofundadamente o problema.
192 ANTT, IGP, m. cor. cor., maço 125, n.º 144, e maço 126, n.º 255; AHM, I div.,
37.ª sec., cx. 15, n.º 8.
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Regime senhorial e revolução liberal
193 «Resposta às 193 interrogaçoens da Academia das Sciencias de Lisboa que são
respectivas à Comarca de Alcobaça», BNL, cód. n.º 1490; atribuídas por Vieira da Nati-
vidade a Fr. Manuel de Figueiredo (falecido em 1793), Mosteiro e Coutos..., cit., pp. 78-
-80. Todas as citações seguintes são tiradas daquele documento. São as respostas às
Perguntas de agricultura dirigidas aos lavradores de Portugal, Lisboa, 1787.
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Lavradores, frades e forais
255
Regime senhorial e revolução liberal
196 AFF, Alcobaça (processos), maço 2, n.º 6 (1818), e maço 1, n.os 13, 14 e 17
(1824); na faixa costeira predomina naturalmente a produção de milho.
197 «São comuns os baldios, e se algum morador se quer apropriar de alguma parte,
requer ao Mosteiro Donatário que conforme todos os forais desta comarca nos títulos
das sesmarias − manda ouvir a câmara e apregoar o requerimento; e não achando opo-
sição da câmara e povo fundada no prejuízo, manda lavrar o título com foro de terra, que
é quarto, e dízimo de pão e legumes; quinto e dízimo dos mais géneros» (fonte cit.,
fl. 42).
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Lavradores, frades e forais
198 AFF, Alcobaça (processo), maço 1, n.os 8, 9, 10, 11, 12, 16, 18 e 19.
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Regime senhorial e revolução liberal
199
Fontes:
a) Consideraram-se apenas as 21 paróquias que compunham a comarca em 1820,
não se contabilizando, por isso, os fogos de Vidais (em 1798 e 1801). Em 1736 não há
referência a duas paróquias e para 1855 tiveram de se estimar os fogos de outras duas.
b) Luís Caetano de Lima, Geografia Histórica..., 2.° vol., Lisboa, 1736; A Popula-
ção de Portugal em 1798..., Paris, 1970; Taboas Topográficas e Estatísticas 1801, Lis-
boa, 1945; Joel Serrão, Fontes de Demografia Portuguesa 1800-1862, Lisboa, 1973;
Diario das Cortes..., Lisboa, 1822, t. 6.°, 452; Instrucções Necessarias para a Convoca-
ção das Côrtes Geraes... (1826, imp.), ANTT, MJ, maço 125; Mappa n.° 1. Contendo os
Concelhos... até ao anno de 1828, BNL, SC 5766-A; AHP, I/II, cx. 296, n.° 12; Sousa
Macedo, op. cit., nota 77, pp. 219-220; A. Balbi, Essay..., Paris, 1822, I, p. 208.
200BNL, cód. 1493, fls. 80-80 v.º
201Jorge Custódio, «Considerações sobre Acúrcio das Neves, os melhoramentos
económicos e a industrialização portuguesa», introdução a José Acúrcio das Neves,
Memória sobre os Meios de Melhorar a Indústria Portuguesa, Considerada nos Seus
Diferentes Ramos, Lisboa, 1983, pp. 47-56 e nota 155.
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Lavradores, frades e forais
[QUADRO N.º 6]
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Regime senhorial e revolução liberal
203 BNL, cód. n.º 6945; já foi utilizada por J. B. de Macedo, op. cit., pp. 120-122. As
contas foram, porém, totalmente refeitas, porque os totais que vêm no final da fonte não
só estão frequentemente errados, como não permitem contabilizar a distribuição das
fazendas por categorias sócio-profissionais. Observações sobre os critérios seguidos:
1.º tomei como base de contagem os fogos e as categorias sócio-profissionais utilizados
na fonte; 2.º desta forma, por exemplo, mulheres e «filhos de» com profissão foram
incluídos nos fogos da profissão referida; 3.º contei como 1 os casos em que apareciam 2
indivíduos com profissão no mesmo fogo, ou indivíduos com mais de uma profissão;
4.º a quarta categoria engloba mulheres, viúvas, «filho de» e «filhos de» sem profissão
referida; 5.º a quinta categoria, «outros», abrange todos os indivíduos do sexo masculino
que não vêm nas colunas das profissões, ainda que por vezes se acrescente capitão ou
alferes (das companhias de ordenanças) ou Dr.; tratar-se-á, pois, na maioria dos casos,
de proprietários rentistas e notáveis. O número total de fogos é claramente inferior aos
que a comarca devia ter na altura.
204 Sondagem efectuada para Évora e Maiorga, ATC, décimas das províncias, m. 466,
n.º 8, e m. 469, n.º 5.
260
Lavradores, frades e forais
261
Regime senhorial e revolução liberal
209 Quesitos: 1.º se há foral na câmara; 2.º por quem foi dado e qual a sua data;
3.º que é o que ele manda pagar ou fazer; 4.º se o que está em uso é o mesmo que o foral
manda; 5.º se há diferença entre o uso e o foral, em que consiste e desde quando; 6.º a
quem se paga o que se deve pelo foral ou pelo uso; 7.º qual é o modo da arrecadação;
8.º se a obrigação do foral compreende todo o distrito, freguesia, lugar ou casais disper-
sos e quais são; 9.º qual é a obrigação proveniente de forais que mais vexa o foreiro;
10.º qual é o preço do actual arrendamento ou administração desses direitos; 11.º qual
era o preço ou rendimento nos anos de 1819 e 1820; 12.º se há encabeçamento de todos
ou de alguns desses direitos, como e em que tempo foi feito; 13.º se o mesmo distrito
262
Lavradores, frades e forais
está sujeito a diversos forais; 14.º se o estiver: o que se manda pagar por cada um deles,
ou por costume, e desde que tempo; 15.º se não há foral e há posse: que é o que por ela se
paga e qual é o modo da cobrança; 16.º se consta haver foral, posto que não esteja na câ-
mara, em poder de quem se acha ou se presume que se achará; 17.º se o que se paga por
foral ou posse é produção da terra obrigada, comprado fora ou substituído por outra espé-
cie; 18.º que é o que pode ser mais conveniente aos foreiros com menos prejuízo dos se-
nhorios; 19.º qual é o fruto que mais abunda e para que é mais próprio o terreno.
O estudo das respostas a este inquérito constitui a base principal do meu trabalho an-
tes citado. As respostas da comarca de Alcobaça encontram-se no AHP, na provedoria
de Leiria. Foi de lá que se tiraram as principais informações sobre forais e também de
Luís Carvalho Dias, op. cit., pp. 144-168 e 317-318.
210 «Cada um seu ou sua» (Viterbo, Elucidário..., 2.° vol., 2.ª ed.). As câmaras recu-
savam frequentemente a atribuição deste significado à palavra.
263
Regime senhorial e revolução liberal
211 Os problemas dos direitos senhoriais e dízimos sobre o pescado não serão aqui
tratados.
264
Lavradores, frades e forais
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Lavradores, frades e forais
216 São muito numerosas as petições sobre dízimos às cortes vintistas, só que foram
267
Regime senhorial e revolução liberal
217 Sobre o assunto, v. as notas 135, 141, 166 e 197 deste trabalho e Carvalho Dias,
op. cit., p. 151.
268
Lavradores, frades e forais
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Regime senhorial e revolução liberal
disso, ter presente que se pagava, pelo menos em parte dos concelhos, o
alqueire de fogaça e que uma parcela, cuja importância sondarei mais
adiante, das terras pagava ainda foros enfitêuticos a vários senhorios. As
indicações sobre os montantes arrecadados de vinho branco (quinto e
dízimo), 7 de cada 25 almudes (em Maiorga em 1824 e 1826 e em Évo-
ra em 1824), parecem indicar a eficácia do controlo que os monopólios
senhoriais dos lagares garantiam. São escassas as indicações sobre as
quantidades de azeite. Quase nulas em relação aos outros géneros, os
quais, de resto (incluindo as frutas), estão pouco representados nas con-
tas dos direitos senhoriais do senhorio. Sintoma de que podiam repre-
sentar um complemento fundamental na economia familiar dos lavrado-
res?
Os montantes efectivamente cobrados pelo senhorio, embora inferio-
res aos apresentados nas Cortes pelo antigo provedor de Leiria Borges
Carneiro218, contrariavam frontalmente a opinião de Alberto Carlos de
Meneses sobre os forais de quota de frutos, quando afirmava que «não
há um só foral desta espécie que se observe em sua letra em alguma par-
te do reino»219. Opinião que, no entanto, era perfeitamente adequada a
todos os casos em que o senhorio era absentista e permite chamar a
atenção para um facto essencial: só a apertada vigilância senhorial podia
impedir a erosão dos direitos foraleiros nas terras onde estes se encon-
travam estabelecidos como uma quota da produção.
Evidentemente, a oposição aos quarteiros, em 1824, reflectia sobre-
tudo a oposição àquilo que eles representavam naquela conjuntura: o
restabelecimento dos direitos senhoriais na sua totalidade. Mas também
a consciência de que a efectivação da sua cobrança estava dependente
da eficácia do controlo senhorial, de que aqueles eram o instrumento.
Um documento cisterciense dos finais do século XVIII esclarece bem
218 «O extenso terreno dos coutos de Alcobaça paga de cada moio dezanove e meio
alqueires aos frades Bernardos, além do dízimo» (debate parlamentar de 10 de Novem-
bro de 1821, transcrito em M. H. Pereira, Revolução..., cit., p. 248). Manuel Borges
Carneiro foi provedor de Leiria, tendo-se realizado sob a sua supervisão o levantamento
das décimas da comarca de Alcobaça, por exemplo, em 1814. Uma ou duas petições às
Cortes ter-lhe-ão sido directamente remetidas por habitante da comarca (v. nota 151),
tudo indicando que os eleitores de Alcobaça nele tenham votado, quer para as Cortes
extraordinárias, quer para as ordinárias.
219 Plano de Reforma de Foraes, e Direitos Banuaes ..., Lisboa, 1825, p. 100.
270
Lavradores, frades e forais
271
Regime senhorial e revolução liberal
virtude do decreto dos banais, pode concluir-se que numa grande parte
dos concelhos dos coutos se continuavam a pagar os referidos direitos,
pelo menos ainda em 1824.
As informações são ainda mais lacunares sobre os outros direitos
«banais». Sobre o relego, cuja estrita observância o donatário impunha
ainda em 1818 e 1819, por exemplo, a cerca de uma dezena de lavrado-
res e taberneiros do concelho de Alfeizerão, não se descortina nenhuma
referência na citada documentação. Os monopólios senhoriais eram im-
portantes por garantirem a eficácia do controlo senhorial dos direitos
foraleiros, sendo essa, aliás, praticamente a única função dos lagares.
O donatário guardava zelosamente a sua observância até 1820, tendo
ainda, em 1818, requerido a destruição de uma lagariça que um lavrador
de Santa Catarina se atrevera a construir 221 . Em 1824, na petição da
câmara de Évora, refere-se que os habitantes do concelho «não podem ter
forno, em que cozam seu pão, nem ter lagar onde façam seu vinho e seu
azeite, porque tudo deve ser levado aos lagares e fornos dos padres. Não
conhecem os suplicantes outro povo sobre quem pesem encargos tais.»
No entanto, apesar de existirem outras indicações sobre a manutenção
do monopólio senhorial dos lagares222, é com surpresa que se verifica
que nas respostas ao inquérito as câmaras o não denunciam. Não me foi
possível, assim, saber em quantos concelhos depois de 1821 os monopó-
lios senhoriais se continuaram a respeitar. Estas indicações sugerem,
paradoxalmente, que na mesma comarca que respondeu violentamente à
revogação da lei dos forais de 1822 se continuavam a respeitar direitos
banais, apesar de a sua abolição se ter mantido depois de 1824.
Os outros direitos estabelecidos nos forais, exceptuando os de porta-
gem, em São Martinho e Pederneira e noutros locais em altura de feira,
parecem ter caído em desuso.
221 Sobre o relego, AFF, Alcobaça (processos), maço 2, n.os 3 e 5, e sobre o mono-
pólio dos lagares, ibid., maço 2, n.º 1. No entanto, o mosteiro concedia algumas vezes
autorizações especiais para a construção de lagares particulares.
222 Em Maiorga, em 1823, ANTT, IGP, m. cor. cor., maço 124, n.º 299; também no-
ta 150 deste trabalho.
272
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273
Regime senhorial e revolução liberal
274
Lavradores, frades e forais
224 Tal como a ideia anteriormente expressa de que a crise do sistema colonial im-
punha uma viragem para a agricultura, trata-se de uma ideia-força do discurso liberal,
fundamento aduzido por Mouzinho da Silveira para legitimar a abolição dos forais e
prestações senhoriais em bens da coroa no decreto de 13 de Agosto de 1832. No entanto,
à luz do direito do Antigo Regime, era duvidosa a aplicação a este caso do princípio da
revogabilidade das doações régias, até pelas próprias cláusulas da doação régia aos cis-
tercienses (A. C. Meneses, Plano..., cit., pp. 13-14). Num plano mais geral, A. Hespanha
sustentou recentemente que em todas as doações feitas à Igreja os bens da coroa perdiam
«[...] a sua natureza e tornavam-se bens eclesiásticos, amortizando-se no donatário»
(História..., cit., p. 289). No entanto, ao contrário do que o mesmo autor afirma, há con-
firmações gerais em que aparecem donatários eclesiásticos, ainda que poucos (por exem-
plo, ANTT, maço antigo n.º 113). Por outro lado, os donatários eclesiásticos estavam sujei-
tos, como todos os outros, ao pagamento do quinto dos donatários e o tribunal de apelação
era, também para eles, o dos feitos da real coroa. Parece-me claro, portanto, que, embora
não se lhes aplicando a Lei Mental e o princípio geral da reversibilidade, os bens da coroa
em posse de donatários eclesiásticos não haviam perdido integralmente a sua natureza
nos finais do Antigo Regime.
275
Regime senhorial e revolução liberal
276
Lavradores, frades e forais
225 «Rol dos oitavos dos Frutos que derão os Lavradores o anno de 1822», ANTT,
CR, comp. 1, PN 30, n.º 54, o único registo que, apesar de todas as deficiências, conse-
gui encontrar para o efeito. Os outros documentos foram retirados das fontes citadas nas
notas 141 e 167 deste trabalho.
226 A. Dupront, op. cit., p. 90.
277
Regime senhorial e revolução liberal
[QUADRO N.º 7]
278
Lavradores, frades e forais
227 Sobre a forma como a diversidade social da sociedade camponesa pode não obs-
tar à existência da «homogeneidade moral», v. Paul Bois, Les paysans de l’Ouest, Paris,
1978, pp. 182-198.
228 No inventário dos bens do mosteiro sugere-se que os frades os levaram quando
fugiram em Outubro de 1833 [AHMF, conventos de frades, IV-D-2-(1)].
229 Designadamente, é o que se passa com os rendimentos de Alcobaça em 1827-
-1828 e com os de Cós em 1796. Além disso, os critérios de definição do que eram
«rendimentos líquidos» variaram notoriamente.
279
Regime senhorial e revolução liberal
230 Rascunhos avulsos e «Rol dos oitavos dos Frutos que derão os Lavradores o an-
no de 1822», ANTT, CR, comp.1, PN, n.º 54.
231
Ano económico
Cereal Fonte
1820-1821 1821-1822 1822-1823 1824-1825
Contabilidade interna........................ 2 853 − 562 1 864
Trigo.......................
Participações...................................... − 1 853 580 1 064
Contabilidade interna........................ 1 361 − 364,4 1 270
Cevada....................
Participações...................................... − 960 160 670
Contabilidade interna........................ 810 − 329,9 331
Milho......................
Participações...................................... − 610 275 295
Contabilidade interna........................ 5 024 − 1 256,3 3 465
Total de cereais......
Participações...................................... − 3 423 1 015 2 029
280
Lavradores, frades e forais
que reservou para própria cultura» 232 . Fora dos coutos, as principais
fontes de rendimento eram foros vários e dízimos, localizados em Mon-
te Redondo (concelho de Leiria), Alenquer, Torres Vedras e na fregue-
sia da Marmeleira (o reguengo da Valada, no concelho de Santarém),
donde provém uma das mais citadas petições dirigidas às Cortes vintis-
tas. Nos rendimentos publicados com a indicação de 1827-1828, o mos-
teiro cabeça da Ordem de S. Bernardo aparece como a terceira casa reli-
giosa portuguesa com maiores proventos233.
[QUADRO N.º 8]
281
Regime senhorial e revolução liberal
234 «Copia do Mappa de Alcobaça dado em 1815 p.ª o Erario», ANTT, comp. 1, PN
30, n.º 54.
235 ANTT, MJ, maço 456, n.º 7.
236 ANTT, comp. 1, PN 30, n.º 54.
282
Lavradores, frades e forais
237 Fontes citadas nas notas anteriores e, para 1827-1828, Collecção de Contas da
Comissão Interna do Crédito Público até Setembro de 1836, Lisboa, 1836.
Anos económicos
Rendimentos brutos − − 28 988 130 11 784 800 19 000 310 23 136 000
Rendimentos líquidos 28 620 861 24 394 095 18 948 580 −878 719 2 477 415 −
238 Cf. Albert Silbert, Le problème agraire…, cit., p. 317, e M. V. Natividade, Mos-
teiro e Coutos..., cit., pp. 55-56, nota 1.
283
Regime senhorial e revolução liberal
Rendimento
Origem Percentagem
(em réis)
284
Lavradores, frades e forais
Evolução dos rendimentos ilíquidos dos direitos foraleiros e dízimos dos coutos de
Alcobaça de acordo com o montante dos arrendamentos ou com o valor dos géne-
ros que constam das participações do mosteiro
(base: rendimento de 1820-1821 = 100)
Ano económico
Área de cobrança
1821-1822 1822-1823 1824-1825
(a) Rendimentos que estavam arrendados em 1821-1822 e que passaram a ser admi-
nistrados directamente pelo mosteiro no ano seguinte.
243 Na verdade, os arrendamentos tinham de ser feitos no tabelião, tal como se tinha
de enviar uma cópia autenticada dos mesmos a acompanhar as participações.
285
Regime senhorial e revolução liberal
244 A partir dos preços de Lisboa (cf. V. Magalhães Godinho, Prix et monnaies au
Portugal 1750-1850, cit., pp. 76-78).
245 Para 1796 socorri-me da fonte citada na nota 231 e, para 1822-1823 e 1824-1825,
dos papéis da Junta do Crédito Público, ainda por inventariar, que me foram fornecidos
por Fernando Dores Costa.
246 BNL, cód. n.º 1490.
286
Lavradores, frades e forais
247 Ibid.
248 ANTT, CR, comp. 1, PN, n.º 31.
287
Regime senhorial e revolução liberal
Epílogo e conclusão
288
Lavradores, frades e forais
289
Regime senhorial e revolução liberal
253 Trata-se do citado padre João Henriques do Patrocínio e Couto (na altura da pu-
blicação original deste texto ainda não me tinha apercebido de que o mesmo fora eleito
deputado em 1826) [sobre esta personagem, cf. Maria da Conceição Quintas, «João
Henriques do Couto», in Zília Osório de Castro (dir.), Dicionário do Vintismo e do Pri-
meiro Cartismo (1821-1823 e 1826-1828), vol. I, Porto, 2001, pp. 570-572]. Sobre este
projecto de lei dos forais feito à medida dos coutos cistercienses e sobre a nova Comis-
são de Forais então constituída, cf. Clemente J. dos Santos, op. cit., pp. 235-236, e Dia-
rio das Cortes..., cit., 1828, pp. 76-77 e 140 (o projecto foi apresentado a 10 de Janeiro
de 1828). A esta iniciativa se deve o facto de o inquérito sobre forais de 1824 ter ido
parar ao arquivo do parlamento, onde ainda hoje se encontra.
254 ANTT, IGP, m. cor. cor., maço 126, n.os 436, 461 e 462.
255 Pedro F. S. Velozo, Collecção das Listas..., cit., Porto, 1833 (1835).
256 Alusões a andarem pronunciados sem se conseguirem prender em Aljubarrota e
Turquel em 1829 (ANTT, IGP, m. cor. cor., maço 127, n.º 375, e AHM, I div., 20.ª sec.,
cx. 126, n.º 4).
257 A pequena história deste notável local, José Bento de Melo Salazar, é bem reve-
ladora da ligação entre o conflito anti-senhorial e as atitudes políticas. «Em Junho de
1828, o então corregedor procurou ilibá-lo: Verdade é que antes de suprimir-se a lei dos
forais, criada pela facção dominante na desgraçada época de 1820 até o sobredito ano
(1823), constou ter manifestado alguma tendência pelo Governo então existente por ser
um dos bons proprietários a quem a dita lei parecia favorável; mas depois tem sido regu-
lar e moderado [...]» (ANTT, IGP, m. cor. cor., maço 126, n.º 255). Mas em meados de
1830 o novo corregedor não o desculpou: «Concitou os povos da vila destes coitos, a
levantarem-se contra seus donatários, para não pagarem os direitos que de justiça lhes eram
devidos; o que deu ocasião a haver-se expedido ordem do Governo para ser preso, de que
se livrou por uma justificação graciosa que requereu e por protecções de Pamplona e
Palmela, de quem era criatura, segundo consta [...]» (AHM, III div., 37.ª sec., cx. 15,
290
Lavradores, frades e forais
n.º 8); além de o acusar de negligência e de estar empenhado (e, efectivamente, não
tinha em 1826 rendimentos para ser deputado). O sargento-mor seria então demitido e
substituído, como se poderia esperar, pelo fidalgo realista de Turquel, homem da confiança
do mosteiro. Em 1833 seria ainda o ex-sargento-mor, apesar da avançada idade, a tomar
a iniciativa da organização do batalhão móvel de voluntários de D. Pedro IV depois da
insurreição liberal em Alcobaça (AHM, I div., 19.ª sec., cx. 278, n.º 46; também M. V.
Natividade, O Mosteiro..., cit., pp. 16-18).
258 Francisco de Paula F. da Costa, Memórias de Um Miguelista, 1833-1834, Lisboa,
1982, p. 50.
259 M. V. Natividade, O Mosteiro..., cit., pp. 16-18 e 182-183, respectivamente.
260 AHMF, conventos de frades, IV-D-2-(1).
261 V., por exemplo, António Luís de Seabra, Observações do ex-corregedor de Al-
cobaça..., sobre um papel enviado à câmara dos senhores deputados acerca da arreca-
dação dos bens do mosteiro daquela vila, Lisboa, 1835, e P. João de Deus A. Pinto,
A Calúnia Convencida ou a Resposta..., Lisboa, 1835.
291
Regime senhorial e revolução liberal
262 Como disse, entre pouco mais de uma vintena de petições, que abrangem desde
protestos pela não abolição da lei dos banais até petições anti-senhoriais, cinco referem-
-se a Alcobaça (AHP, I/II, cx. 112).
292
Lavradores, frades e forais
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Regime senhorial e revolução liberal
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Lavradores, frades e forais
263 V., por exemplo, Georges Lefèbre, «La revolution française et les paysans», in
Études sur la révolution française, 2.ª ed., Paris, 1972, e Albert Soubul, Sur le préleve-
ment féodal, Problèmes paysans de la revolution 1789-1848, Paris, 1976.
264 E de outras formas similares que, em todo o caso, criavam formas de posse vita-
lícia ou perpétua da terra. Uma visão idílica deste problema essencial encontra-se em
Virgínia Rau, «A grande exploração agrária em Portugal a partir de fins da Idade Mé-
dia», in Estudos de História Económica, Lisboa, 1961. No entanto, o quadro legal das
práticas de herança nas situações de enfiteuse em vidas, enfiteuse perpétua, e posse por
«título genérico», não era o mesmo.
265 Esta última perspectiva é a sustentada por Yves-Marie Bercé em Croquants et
nu-pieds, Paris, 1974, e em Révoltes et révolutions dans l’Europe moderne XVIe-XVIIIe
siècles, Paris, 1980.
295
Regime senhorial e revolução liberal
296
Lavradores, frades e forais
297
Regime senhorial e revolução liberal
Resta explicar por que é que os forais eram alvo de significativa con-
testação. Em primeiro lugar, porque se esperava que a contestação àque-
le tipo de prestações obtivesse alguma receptividade junto do poder. Em
seguida, porque eram muitas vezes os únicos direitos que se pagavam a
um mesmo senhorio em todo um concelho, ou em parcela significativa
deste, os únicos que eram gerais na maioria dos casos. Finalmente, por-
que eram os únicos que os notáveis locais, que quase sempre percebiam
rendas provenientes de foros enfitêuticos, podiam estar interessados em
pôr em questão. É por isso que as câmaras, mesmo nos grandes conce-
lhos, estavam normalmente dispostas a queixar-se dos forais; e é tam-
bém por isso que os movimentos de oposição a donatários não tinham
muitas vezes um carácter eminentemente «camponês», podendo ser
encabeçados por fidalgos, grandes rentistas e proprietários 271 . O risco
estava em que havia situações em que não era clara a distinção entre
prestações enfitêuticas «patrimoniais» e direitos reais (situações que são
susceptíveis de serem contabilizadas), ou em que a vontade deliberada
dos foreiros tendia a confundi-las. Foi o que aconteceu em alguns casos
em 1822, e sobretudo em 1832, porque a lei de Mouzinho da Silveira
pretendia também estender-se à enfiteuse em bens da coroa. É essa a
principal explicação, estou em crer, para algumas das posteriores reac-
ções à referida lei.
É necessário realçar que no mesmo período houve regiões em Portugal
onde o processo da revolução liberal desencadeou outras formas de
impregnação da vida local pela política nacional, outra intensidade nas
manifestações de violência e outros padrões de mobilização. Com efeito,
é apenas nas mobilizações miguelistas que me parece possível descobri-
rem-se, combinando-se de forma extremamente complexa com relações
de patrocinato tradicionais, traços de inversão das relações e dos papéis
sociais, de associação entre a festa e a movimentação, de afrontamento a
todas as hierarquias e de assalto incontrolado a propriedades 272 , que
271 Uma leitura atenta das petições reunidas por Silbert revela isso mesmo.
272 Estes aspectos foram tratados mais desenvolvidamente na comunicação sobre «Mi-
guelismo e sociedade rural. Alguns problemas e hipóteses de investigação», apresentada
por mim ao encontro «Mudança política e sociedade rural na primeira metade do século
XIX», organizado pelo CEHCP em Dezembro de 1982, e na comunicação sobre «Libera-
lism and the peasantry in Portugal during the first half of the 19th century», apre-
298
Lavradores, frades e forais
299
4. GEOGRAFIA E TIPOLOGIA DOS DIREITOS DE FORAL*
Objecto e fontes
* Este texto retoma, encurtado na sua parte inicial e com algumas correcções, Nuno
G. Monteiro, «Geografia e tipologia dos direitos de foral», in Fernando Marques da
Costa, Francisco Contente Domingues e Nuno Gonçalo Monteiro (eds.), Do Antigo Re-
gime ao Liberalismo − Perspectivas de Síntese (1750-1850), Lisboa, Ed. Vega, 1989,
pp. 259-271.
301
Regime senhorial e revolução liberal
302
Geografia e tipologia dos direitos de foral
277 Como se disse na nota anterior, são muito raras as referências a este tipo de rela-
ções nas respostas das câmaras. Um desses casos raros é o da antes reproduzida resposta
de Évora de Alcobaça (cf. p. 288 deste livro). O motivo é fácil de entrever: eram os
«rentistas intermédios» quem pontificava na maior parte das câmaras. Já em petições
não emanadas de câmaras o assunto é referido algumas vezes (cf. a petição de Portocar-
reiro, com. de Penafiel, em 1822, AHP, I/II, cx. 10, n.° 76, na qual se alude a subenfiteu-
se em termos críticos, assunto sobre o qual na resposta da câmara do mesmo concelho
em 1824 não se produz qualquer alusão).
278 A própria geografia dos concelhos constantes do mapa anexo sugere esse enorme
contraste, que a bibliografia recente tem vindo a confirmar.
279 Optou-se pelas informações e rendimentos indicados para 1819/20, e não para
1824, porque naturalmente nesta altura intervinha já o impacto da legislação liberal.
O mapa de base foi encomendado pelo CEHCP/ISCTE ao Dr. Fernando Onório e Sr.
António Eanes, do CEG/FLL, a partir das instruções necessárias para a convocação de
Cortes... (imp. 1826), ANTT, MJ, maço 125. A execução gráfica da mancha dos direitos
foraleiros esteve a cargo do Sr. António Eanes.
303
Regime senhorial e revolução liberal
280 Caso do reguengo do concelho de Guimarães e de muitas outras terras que paga-
vam foros por foral no Minho, ou fora dele. Em compensação, as rações por título gené-
rico (quarto, oitavo...) abrangiam geralmente a maior parte da área dos concelhos respec-
tivos, pelo menos, quando eram de pequenas ou médias dimensões.
281 Além das publicadas por Silbert, têm-se encontrado várias outras petições reme-
tidas de lugares, vintenas, etc., destes três grandes concelhos.
282 Apesar de não se encontrarem nos papéis da Comissão de Agricultura, foram
remetidas petições às Cortes do reguengo de Tavira, que mereceu uma deliberação espe-
cífica das Cortes (cf. Diario das Cortes..., t. VI, Junho de 1822, pp. 358-359), e do re-
guengo do concelho de Bragança (Arquivo Histórico-Parlamentar, I/II div., cx. 10,
n.° 139). Destes dois reguengos se voltariam a remeter petições em 1824 contra a abolição
da legislação vintista sobre forais (cf. N. G. Monteiro, Forais e Regime Senhorial...,
cit., pp. 35-41).
304
Geografia e tipologia dos direitos de foral
283 F. Nunes Franklin, Memoria para servir de índice dos forais das terras do Reino
de Portugal ..., Lisboa, 1816. Para os forais manuelinos utilizou-se a edição de Luís F.
Carvalho Dias, Forais Manuelinos do Reino de Portugal, 5 vols., s. l., 1962-1969.
305
Regime senhorial e revolução liberal
284 Sobre o assunto, cf. Manuel de Almeida e Sousa Lobão, Tratado prático e crítico
de todo o direito emphitêutico, Lisboa, 1814, e respectivo Appendice diplomático-
-historico..., Lisboa, 1829, ou para uma perspectiva sintética, José Homem Correa Tel-
les, Questões e várias resoluções de direito emphitêutico, Coimbra, 1851, pp. 18-51.
285 ANTT, CRPN, Mosteiro de Alcobaça, n.° 45.
306
Geografia e tipologia dos direitos de foral
286 Cf. fonte citada e os livros de contas do mosteiro, onde se discriminam as entra-
das provenientes de laudémios (por exemplo, o «Livro da bolsaria...» de 1783-1786,
ANTT, CRPN, Mosteiro de Alcobaça, n.° 31).
287 É a concepção expressa por quase todos os juristas de finais de Oitocentos e pri-
mórdios de Novecentos, retomada, por exemplo, por Gama Barros na História da Adminis-
tração Pública em Portugal nos Séculos XII a XV, 2.ª ed., Lisboa, s. d., t. VIII, pp. 13-134.
Como é óbvio, ela decorre da projecção anacrónica no passado da distinção entre públi-
co e privado característica do pensamento jurídico da época.
288 Cf. N. G. Monteiro, Forais e Regime Senhorial..., cit., pp. 100 e segs.
289 Em princípio, o quadro legal das práticas de herança nas terras que pagavam por
título genérico era o mesmo da propriedade alodial, enquanto nas terras que pagavam
por título especial podiam vigorar as disposições (designadamente sobre o herdeiro úni-
co) características dos vários tipos de contrato enfitêutico [cf. sobre o assunto a síntese
de Fátima Brandão, «Death and survival of rural household in a northwest municipa-
lity», in Rui Feijó et al. (eds.), Death in Portugal, Oxford, 1983].
290 É o caso, por exemplo, de Touças (c. de Trancoso), onde os direitos impostos por
carta de povoação pelo Mosteiro de São João de Tarouca se pagavam a D. Maria Pinto
de Sousa, «cujos ascendentes fizeram Prazo aos Frades».
307
Regime senhorial e revolução liberal
308
Geografia e tipologia dos direitos de foral
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Regime senhorial e revolução liberal
310
Geografia e tipologia dos direitos de foral
293 As respostas da comarca de Alcobaça foram analisadas neste livro, pp. 262 e
segs.; as de toda a Estremadura oriental em Nuno G. Monteiro, «Donatários e direitos de
foral na Estremadura oriental em 1824», in Temas de História do Distrito de Santarém,
Santarém, ESE de Santarém, 1992, pp. 323-343.
294 O direito de utilização de juízos privativos (para a cobrança executiva de foros,
etc.) era muito mais importante do que o direito de confirmação de justiças do ponto de
vista senhorial. A coroa concedeu-o muito frequentemente desde meados do século XVIII,
quer a instituições religiosas, quer às administrações de casas da nobreza titulada [so-
bre o assunto, cf. Nuno Gonçalo Monteiro, O Crepúsculo dos Grandes. A Casa e o Pa-
trimónio da Aristocracia em Portugal (1750-1850), Lisboa, 1998, pp. 412-416 e 481-
-484].
311
Regime senhorial e revolução liberal
295 As portagens tinham sido abolidas pelo vintismo (decreto de 5 de Abril de 1823),
no entanto, as queixas eram raras e incidiam apenas sobre o incómodo da cobrança, e
não sobre o montante dos direitos pagos. Na comarca de Ourique pagavam-se direitos
especiais (em substituição de obrigações foraleiras) que mereceriam um tratamento à
parte, incompatível com o espaço disponível.
296 É o que se passava nos reguengos dos concelhos de Montemor-o-Novo (casa de
Valença) e Vila Viçosa (casa de Bragança).
297 Caso de muitos deputados vintistas e do importantíssimo texto publicado por J.
M. Dantas da Cunha, «Acerca de alguns fragmentos da legislação Agrária de D. Dinis»,
in Historia e Memorias da Academia..., t. X, parte 1, 1827, que tanto influenciou Olivei-
ra Martins e Rebelo da Silva.
312
5. CONCLUSÕES*
* Da parte II este texto retoma de forma abreviada Nuno G. Monteiro, Forais e Re-
gime Senhorial: os Contrastes Regionais segundo o Inquérito de 1824, Lisboa, ISCTE,
1986, pp. 123-126 (prova de capacidade científica, mimeo.).
313
Elite e Poder
298 Diario das Cortes (D. C.), 1821, vol. III, p. 3028.
299 Ibid., 1822, vol. IV, p. 524.
314
Conclusões
300 Convém recordar, a título de exemplo, que Manuel Borges Carneiro fora prove-
dor de Leiria (que abrangia a comarca de Alcobaça) e Manuel Fernandes Tomás juiz de
fora de Arganil, superintendente das alfândegas e dos tabacos de Aveiro, Coimbra e
Leiria e provedor de Leiria.
301 Projecto apresentado pelo deputado Francisco Xavier Soares de Azevedo, in Cle-
mente J. dos Santos, Documentos para a História das Cortes Gerais da Nação Portu-
gueza, II vol., Lisboa, 1885, pp. 404-405.
302 Sobre este projecto de lei dos forais feito à medida dos coutos cistercienses e so-
bre a nova comissão de forais então constituída, cf. Clemente J. dos Santos, op. cit.,
pp. 235-236, e D. C..., 1828, pp. 76-77 e 140 (o projecto foi apresentado a 10 de Janeiro
de 1828).
315
Elite e Poder
303 Pedro Ruiz Torres, «Senorío, propiedad agraria y burguesía en 1a revolución es-
panola», in O Liberalismo na Península Ibérica na Primeira Metade do Século XIX,
2.º vol., Lisboa, 1982, p. 98.
304 O facto de os «rentistas intermédios» receberem rendas decorrentes de contratos
de enfiteuse, subenfiteuse ou de arrendamento e parceria teve, entretanto, diversas im-
plicações a longo prazo, que não poderão ser aqui discutidas. Em todas as citações cons-
tantes do texto actualizou-se a ortografia e a pontuação. Todas as citações dos autores
estrangeiros foram traduzidas.
316
NOTA FINAL
305 Cf., como exemplo paradigmático, Colin Jones e Dror Wahrman (ed.), The Age
of Cultural Revolutions. Britain and France, 1750-1820, Berkeley, 2002 (em especial, a
introdução e o texto final de Dror Wahrman); uma rejeição enfática deste tipo de apro-
priações do seu próprio trabalho pode encontrar-se em Roger Chartier, «Postface.
L´événement et ses raisons», in Les origines culturelles de la Révolution Française,
2.ª ed., Paris, 2000, pp. 283-298.
317
ÍNDICE ONOMÁSTICO
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Elites e Poder
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Índice onomástico
321
Elites e Poder
322
Índice onomástico
323
Elites e Poder
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Índice onomástico
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Elites e Poder
326
Índice onomástico
327
Elites e Poder
N P
328
Índice onomástico
329
Elites e Poder
RAINHAS, casa das, 44, 116, 166, SÁ, Victor de, 215
173, 210 SAAVEDRA, P., 140
RAMOS, L. O., 60 SABÓIA, duque de, 94
RAMOS, Rui, 83, 141, 144, 159 SACRO IMPÉRIO, 22
RATTAZI, Maria, 159-160 SALAZAR, José Bento de Melo,
RAU, Virgínia, 165, 188, 295 244, 290
REDINHA, 299 SALDANHA, A. V., 117
REDINHA, 1.º conde da (José Fran- SALDANHA, duque de, 157
cisco Xavier de Carvalho), 87 SALIR DE MATOS (freguesia da
REDONDO, condes de (casa dos), comarca de Alcobaça), 222,
155 247, 249, 252, 260, 265, 271,
REIMÃO , João de Macedo Sequei- 274-275, 284-285
ra, 53 SAMPAIO, A. Villas Boas de, 30,
REIMÃO, Luís de Macedo Sequei- 70, 85
ra Guerreiro de Sousa, 53 SAMPAIO, condes de (casa dos),
REIS, Jaime, 175 149
RESENDE, Hernâni, 184 SAMPAIO, 7.º conde e 3.º mar-
RIBEIRO, J. Pedro, 190 quês de (D. António Pedro de
RIBEIRO, José Diogo, 221 Sampaio), 65
RIO DE JANEIRO, 125, 136 SANDOMIL, 2.º conde de (Fer-
RIO MAIOR, 223-224 nando Xavier de Miranda Hen-
RIO MAIOR, condes de (casa dos), riques), 100
155 SANT’IAGO, Ordem de, 49, 144,
RIO, Alves do, 201 147
ROCHA, Coelho da, 189 SANTA CATARINA (Brasil), 125
ROCHE, Daniel, 83 SANTA CATARINA (freguesia da
RODRIGUES, José Damião, 38, 63 comarca de Alcobaça), 222, 229-
ROQUE, João Lourenço, 142 -230, 232-233, 235-238, 249,
ROWLAND, Robert, 170 252, 264-266, 271-272, 274-
RUFINO, Padre, 229, 231 -275, 284-285, 287, 291
RUIZ TORRES, Pedro, 140, 187, 316 SANTA MARTA DE PENAGUIÃO,
RUSSEL, Conrad, 23 62-64
RUSSEL-WOOD, A. J. R., 25, 123 SANTA SÉ, 129
RÚSSIA, 22, 139 SANTARÉM, 54, 57, 59, 61, 72, 166,
174, 223, 254, 281, 304, 311
S SANTIAGO DE COMPOSTELA, 140
SANTO OFÍCIO (v. Tribunal do
SÁ, Isabel dos Guimarães, 15, 46 Santo Ofício), 34, 73, 136
330
Índice onomástico
331
Elites e Poder
332
Índice onomástico
333