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CONGREGACIONALISMO

BRASILEIRO

FUNDAMENTOS HISTORICOS
E DOUTRINÁRIOS

Rev. Manoel da Silveira Porto Filho

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA E PUBLICAÇÕES -


UIECB
Rio de Janeiro
M. Porto Filho 3
Congregacionalismo Brasileiro

Edição Comemorativa do
70a Aniversário de Organização da
União das Igrejas Evangélicas
Congregacionais do Brasil
(1913 - 1982)
1ª edição - 1982 - 2.000 exemplares
2ª edição - 1997 - 2.000 exemplares

Capa, Montagem e Arte Final: Antonio Carlos Felisberto


Composição: Shalom Editoração (Josias Pereira)
Impressão e Acabamento: Reproarte Gráfica Ltda.

Editado pelo
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO RELIGIOSA
E PUBLICAÇÕES - DERP
da UNIÃO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS
CONGREGACIONAIS DO BRASIL

Rua Visconde de Inhaúma, 134 - Centro - Rio de Janeiro


CEP 20091-000 - RJ - Tel.: (021) 283-0205
M. Porto Filho 4
Congregacionalismo Brasileiro

Sumário
Apresentação ......................................................................... 9
CAPÍTULO 1 ................................................................................... 11
UMA PALAVRA DE INTRODUÇÃO GERAL ......................... 11
Capítulo 2 ......................................................................................... 14
Informação histórica do congregacionalismo ............................... 14
Capítulo 3 ......................................................................................... 24
Dois importantes livros de referência e consulta .......................... 24
Capítulo 4 ......................................................................................... 27
Princípios congregacionalista ....................................................... 27
I – a igreja ................................................................................. 27
Ii – autonomia e soberania das igrejas locais............................ 28
III – igrejas locais e comunidades de igrejas ............................ 30
Iv – oficiais eclesiásticos .......................................................... 33
V – recepção e disciplina de membros de uma comunidade local
.................................................................................................. 33
Vi – as ordenações eclesiásticas ............................................... 34
Capítulo 5 ......................................................................................... 36
Da escola dominical de Petrópolis à atual união de igrejas
congregacionais ............................................................................ 36
I- PRIMEIRO PERÍODO - MAIO DE 1855 a JULHO DE 1876
.................................................................................................. 38
II - SEGUNDO PERÍODO - 1876 a 1913 ................................ 40
Iii – terceiro período – 1913 a 1942 ......................................... 42
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Iv – quarto período – 1942 a 1969 ............................................ 43


V – quinto período – 1969 aos dias atuais (1982) .................... 46
Anexo ............................................................................................... 47
Os 28 artigos da breve exposição das doutrinas fundamentais do
cristianismo................................................................................... 47
Histórico da breve exposição ............................................................ 48
Os 28 artigos ..................................................................................... 51
ARTIGO 1 .................................................................................... 51
Do Testemunho da Natureza quanto à Existência de Deus ...... 51
ARTIGO 2 .................................................................................... 52
Do Testemunho da Revelação a Respeito de Deus e do Homem
.................................................................................................. 52
ARTIGO 3 .................................................................................... 54
Da Natureza dessa Revelação ................................................... 54
ARTIGO 4 .................................................................................... 55
Da Natureza de Deus ................................................................ 55
ARTIGO 5 .................................................................................... 57
Da Trindade na Unidade ........................................................... 57
ARTIGO 6 .................................................................................... 58
Da Criação do Homem ............................................................. 58
ARTIGO 7 .................................................................................... 59
Da Queda do Homem ............................................................... 59
ARTIGO 8 .................................................................................... 60
Da Consequência da Queda ...................................................... 60
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ARTIGO 9 .................................................................................... 61
Da Imortalidade da Alma ......................................................... 61
ARTIGO 10 .................................................................................. 63
Da Consciência e do Juízo Final............................................... 63
ARTIGO 11 .................................................................................. 64
Da Perversidade do Homem e do Amor de Deus ..................... 64
ARTIGO 12 .................................................................................. 66
Da Origem da Salvação ............................................................ 66
ARTIGO 13 .................................................................................. 66
Do Autor da Salvação ............................................................... 66
ARTIGO 14 .................................................................................. 69
Da Obra do Espírito Santo no Pecador ..................................... 69
ARTIGO 15 .................................................................................. 71
Do Impenitente ......................................................................... 71
ARTIGO 16 .................................................................................. 72
Da Única Esperança de Salvação ............................................. 72
ARTIGO 17 .................................................................................. 73
Da Obra do Espírito Santo no Crente ....................................... 73
ARTIGO 18 .................................................................................. 74
Da União do Crente com Cristo e do Poder para o Seu Serviço
.................................................................................................. 74
ARTIGO 19 .................................................................................. 75
Da União do Corpo de Cristo ................................................... 75
ARTIGO 20 .................................................................................. 76
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Dos Deveres dos Crentes .......................................................... 76


ARTIGO 21 .................................................................................. 78
Da Obediência dos Crentes....................................................... 78
ARTIGO 22 .................................................................................. 80
Do Sacerdócio dos Crentes e dos Dons do Espírito ................. 80
ARTIGO 23 .................................................................................. 83
Da Relação de Deus para com o Seu Povo ............................... 83
ARTIGO 24 .................................................................................. 84
Da Lei Cerimonial e dos Ritos Cristãos ................................... 84
ARTIGO 25 .................................................................................. 86
Do Batismo com Agua ............................................................. 86
ARTIGO 26 .................................................................................. 86
Da Ceia do Senhor .................................................................... 86
ARTIGO 27 .................................................................................. 87
Da Segunda Vinda do Senhor ................................................... 87
ARTIGO 28 .................................................................................. 88
Da Ressurreição para Vida ou para a Condenação ................... 88
Questões para estudo ........................................................................ 91
CAPÍTULO 1 ................................................................................... 92
UMA PALAVRA DE INTRODUÇÃO GERAL ......................... 92
PARTE I ................................................................................... 92
PARTE II .................................................................................. 92
CAPÍTULO 2 ................................................................................... 92
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Congregacionalismo Brasileiro

INFORMAÇÃO HISTÓRICA DO CONGREGACIONALISMO


...................................................................................................... 92
PARTE I ................................................................................... 92
PARTE II .................................................................................. 93
PARTE III ................................................................................ 94
CAPÍTULO 3 ................................................................................... 94
DOIS IMPORTANTES LIVROS DE REFERÊNCIA E
CONSULTA ................................................................................. 94
CAPÍTULO 4 ................................................................................... 95
PRINCÍPIOS CONGREGACIONALISTAS ............................... 95
PARTE I - IGREJA .................................................................. 95
PARTE II - AUTONOMIA E SOBERANIA DAS IGREJAS
LOCAIS .................................................................................... 95
PARTE III - IGREJAS LOCAIS E COMUNIDADE DE
IGREJAS .................................................................................. 95
PARTE IV - OFICIAIS ECLESIÁSTICOS ............................. 96
PARTE V - RECEPÇÃO E DISCIPLINA DE MEMBROS DE
UMA COMUNIDADE LOCAL .............................................. 96
PARTE VI - AS ORDENANÇAS ECLESIÁSTICAS ........... 96
CAPÍTULO 5 ................................................................................... 97
DA ESCOLA DOMINICAL DE PETRÓPOLIS À ATUAL
UNIÃO ......................................................................................... 97
OS PERÍODOS DO CONGREGACIONALISMO
BRASILEIRO........................................................................... 97
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Apresentação

No livro de Provérbios o autor registra que o havia escrito


para que as pessoas que o lessem tivessem certeza da verdade e para
que pudessem responder às perguntas daqueles a quem fossem
enviadas.
Muitas vezes nós, os congregacionais, temos sido
inquiridos a respeito da razão da nossa fé e das peculiaridades de
nossas igrejas. Muitos não temos podido responder, com acerto, a
respeito de nossas particularidades, daqueles aspectos que nos tornam
diferentes dos demais cristãos. Estas particularidades não salvam,
mas identificam e seu conhecimento estimula a uma ação comum
mais ativa.
Ao planejar as atividades do Setor de História e Estatística
do Departamento de Educação da União das Igrejas Evangélicas
Congregacionais do Brasil para o biênio 1981/1982 colocamos como
objetivo primordial do período a divulgação da doutrina e da história
do congregacionalismo brasileiro. A inexistência de um livro que
apresentasse tais assuntos nos parece uma grande lacuna e a
responsável pela falta de identidade denominacional. Esta foi a razão
que nos levou a solicitar ao Rev. Manoel da Silveira Porto Filho,
insigne escritor, grande professor, maior conhecedor no momento da
doutrina congregacional, magnífico pregador, excelente pastor,
eficiente líder e mais do que isto, grande servo de Deus e fiel
testemunha de Cristo, a escrever esta obra, que temos certeza tomar-
se-á tão importante quanto nossa súmula doutrinária, a Breve
Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo, que
aparece nesta edição como apêndice.
Para que este livro se torne um eficiente instrumento de
conhecimento de nossa história e doutrina pedimos ao Rev. Deneci
Gonçalves da Rocha, atual presidente da Junta Geral, para elaborar
perguntas ao texto a fim de facilitar o seu estudo. Elas foram
redigidas durante o período em que o Rev. Deneci guardava o leito,
em virtude do acidente que sofreu. Apesar da dor, o Rev. Deneci não
se esquivou da tarefa e produziu um excelente complemento à obra
do Rev. Porto.
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Somos cristãos porque fomos redimidos pelo sangue de


Cristo; cristãos evangélicos porque aceitamos apenas a Bíblia como
regra de fé e prática; cristãos evangélicos congregacionais porque
praticamos o Evangelho tal qual o faziam os primeiros cristãos. Que
o conhecimento de nossa doutrina e história nos incentive a uma vida
de melhor testemunho e estimule a cada um de nós congregacionais a
um maior interesse e esforço evangélico.

Rio de Janeiro, janeiro de 1983


Domingos Pessoa da Silva Oliveira
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CAPÍTULO 1

UMA PALAVRA DE INTRODUÇÃO GERAL


Parte i

O nome Congregacional não veio desde o princípio.


As igrejas ou comunidades do tipo congregacionalista eram
originalmente chamadas independentes, na Inglaterra, no final
do século XVI (1501- 1600) e princípio do século XVII (1601-
1700), ao tempo da implantação da Reforma Inglesa. Pode-se
compreender o significado dessa denominação quando se
observa o caráter dos grupos eclesiásticos que ali se definiram
naquela época, a partir de Eduardo VI e Isabel. De um lado, a
Igreja Nacional, Anglicana, que não era mais do que a estrutura
eclesiástica romana nacionalizada, tendo o Rei como o Cabeça
da Igreja. De outro lado, o movimento Puritano, que cedo se
manifestou e assumiu tendências diferentes. Uma grande parte
dos puritanos o eram dentro da própria Igreja Nacional, que
desejavam mais simples e mais pura, combatendo não só o
mundanismo dos costumes vigentes na sociedade e também nos
meios eclesiásticos como também o excesso do ritualismo e aparato
do clero e das igrejas. Outra parte, mais concordante com os ideais da
Reforma Continental e mais próxima dos valores evangélicos dessa
Reforma, caracterizava-se nos grupos presbiterianos e independentes.
Por influência do sistema de Calvino implantado em Genebra, os
primeiros pregavam o modelo presbiteriano, corporativo, para a
Igreja Nacional; os segundos, com os antecedentes históricos e
nacionais, embora já bem tênues, do movimento de Wycliffe e dos
lolardos e dos grupos continentais dos anabatistas e menonitas,
defendiam, não o critério de uma Igreja Nacional, mas o de igrejas ou
comunidades autônomas, dirigidas pelas próprias assembleias locais,
sem interferência legislativa de qualquer outra entidade, civil ou
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eclesiástica. Daí, o nome de independentes, pelo qual eram


conhecidas estas últimas.
Notem-se, aqui, as duas tendências que, no terreno
eclesiástico, sempre se exercem na estrutura de uma igreja: uma
visando a constituição de uma Igreja organizada, hierarquizada e
administrativa, e a outra procurando criar uma comunidade humana
flexível que se acomode a todas as diferenças locais e pessoais.
Uma, em que o homem, embora necessário na comunidade, é simples
acidente na economia geral da igreja; outra, em que o indivíduo é a
base, o motivo e o fim dessa comunidade. No círculo de suas formas
puras, essas duas tendências produzem os três regimes gerais de
estruturação eclesiástica:
 o episcopal, que favorece uma administração centralizada e
de caráter totalitário;
 o congregacionalista, que, reconhecendo a autonomia de
cada comunidade, deixa o governo a cargo de seus membros
em assembleias democráticas;
 e o presbiterianismo de cujo governo se encarregam os
delegados das comunidades unidas entre si pelo laço federal
de conselhos superpostos: presbitérios, sínodos e Supremo
Concílio.

No primeiro sistema, há uma igreja, das quais as


comunidades que a formam, embora possam usar esse nome,
funcionam estrutural e administrativamente como paróquias. No
segundo, o caráter, as atribuições e os poderes eclesiásticos
pertencem às congregações locais, autônomas, que se podem inter-
relacionar em Associações, Convenções ou entidades de outros
nomes que promovam a confraternização e a coordenação de seus
interesses e trabalhos comuns. No terceiro, há uma Igreja
cooperativa, que legisla, pelos canais e conselhos competentes, sobre
as igrejas ou comunidades incorporadas.
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Parte ii

Tem-se definido o Congregacionalismo como o sistema de


governo eclesiástico sustentado por dois princípios fundamentais;

1ª) Cada comunidade local, formada de crentes unidos para adoração


e obediência a Deus, no testemunho público e privado do evangelho,
constitui-se em uma igreja completa e autônoma, não sujeita em
termos de igreja a qualquer outra entidade senão à sua própria
assembleia e assim tornada representação e sinal visível e localizado
da realidade espiritual da Igreja de Cristo em toda a terra;
2ª) Embora independente, em caráter eclesiástico e legislativo, de
outras comunidades religiosas ou civis, cada uma delas, por força do
espírito cristão de sua natureza, está responsavelmente relacionada
com outras comunidades do mesmo tipo, com as quais pode e deve
estabelecer ligações associativas, de cooperação e consulta, para
edificação mútua e realização de tarefas que lhes são comuns.
O caráter democrático do sistema de governo
congregacional se verifica tanto nas assembleias locais da Igreja, em
relação a seus membros (crentes que a compõem) como nas
assembleias e administração da entidade associativa denominacional
de que elas participam como membros formadores e corporativos,
guardando- se para cada uma dessas assembleias os limites decisórios
que, por sua natureza, lhes competem.
Conquanto, na prática expressional de seu governo local,
cada comunidade seja uma democracia religiosa, na teoria
motivadora dessa democracia, sendo igreja, ela representa, nessa
prática, a mais imediata forma de teocracia, em que Deus mesmo é o
Senhor e Dirigente de seu povo através de Cristo, Cabeça da Igreja,
de seu Espírito e de sua Palavra.
Isso faz com que as assembleias locais, para a legitimidade
espiritual de suas decisões, não a procurem somente no critério
quantitativo de maioria ou minoria das opiniões de seus participantes,
mas na harmonia e concordância das decisões tomadas em relação à
vontade e aos propósitos de Deus.
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Capítulo 2
Informação histórica do congregacionalismo
Parte 1

Durante o curto reinado de Eduardo VI, filho e


sucessor de Henrique VIII (1547-1553), o movimento puritano
começou a esboçar-se, em prol da simplicidade do culto e da
pureza dos costumes no seio da Igreja Anglicana que o pai
fundara. Começou também a ter penetração, nas universidades,
a doutrinação das ideias reformistas do continente,
principalmente as calvinistas. Maria, irmã de Eduardo, tornada
rainha por sua morte (1553-1558), era profunda e fanaticamente
católica, como sua mãe espanhola, Catarina de Aragão.
Procurou, a ferro e fogo e com violentas perseguições contra
seus opositores, restabelecer o catolicismo no país. Daí, o nome
de "Sanguinária" com que ficou sendo conhecida, em virtude
das inúmeras execuções que mandou realizar. Isabel, que a
sucedeu no trono e também filha de Henrique (1558-1603), não
era católica nem protestante. Seu alvo era fortalecer o reino e
restabelecer a ordem no país. Consolidou a Igreja Anglicana, de
regime episcopal, reativando o uso do Livro de Oração Comum e o
Ato de Supremacia, que apontava o Rei como chefe da Igreja.
Promulgou os Trinta e Nove Artigos, pelos quais a Igreja recebia o
direito de decretar ritos c cerimônias e estabeleceu um Conselho com
inconteste autoridade para julgar as controvérsias sobre a fé. A estrita
observância, exigida a todos os súditos, dos ritos e costumes da
Igreja, ainda cheia do ritualismo e exterioridades da Igreja Romana,
fez com que se fortalecesse o grupo dos puritanos dentro dela própria
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e começassem a surgir os primeiros dissidentes separatistas, de


doutrina. Alguns deles com ideias presbiterianas, pregando o modelo
calvinista de Genebra como religião nacional, e outros propugnando
por uma Igreja formada de congregações independentes e autônomas.
Nestes últimos estava a origem do sistema eclesiástico
congregacionalista.
Conquanto a palavra congregacionalismo se aplique a um
tipo de organização político-administrativa e tenha sido, mais tarde, o
nome que esse movimento de igrejas independentes recebeu, o
congregacionalismo eclesiástico não exprime tão somente uma
estrutura de governo da Igreja. Essa estrutura é a resultante prática de
princípios teológicos fundamentais, redescobertos pela Reforma,
acerca do Sacerdócio Universal dos Crentes, na experiência
evangélica da aceitação da doutrina da justificação pela Fé e do
seguro e constante acesso a Deus através da exclusiva mediação de
Cristo. O desenvolvimento dessa teologia e das expressões práticas
que ela assumiu nas igrejas independentes, foi gradual, frutificando
no cuidadoso estudo da Palavra de Deus à luz da experiência.
As primeiras manifestações históricas de tais comunidades
se verificaram em Londres, na prisão e condenação de grupos que se
reuniam naquela cidade, em 1567 e 1568. Já antes, em 1561,
aparecera na cidade uma Declaração de Fé com uma Exortação a
Reforma da Igreja advogando "a política que nosso Salvador Jesus
estabeleceu; com pastores, superintendentes e diáconos, de modo que
todos os verdadeiros pastores gozem de igual poder e autoridade...
que nenhuma igreja pretenda exercer governo e senhorio sobre
outra... e que ninguém, por si mesmo, se invista de autoridade para
governar a Igreja, senão que essa autoridade seja a ele delegada por
meio de uma eleição". Richard Fytz é considerado como o mais
antigo pastor de uma igreja desse tipo em Londres, onde, em 1570 e
assinando-o com aquela designação, publicou um manifesto sobre As
Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo.
Robert Browne, clérigo anglicano, adotou tais ideias e em
1580, ao lado de Robert Harrison, fundou em Norwich uma
congregação independente, cujo sistema era substancialmente
congregacionalista. Tendo que refugiar-se na Holanda por causa da
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perseguição, ali escreveu alguns tratados, principalmente um sob o


título de Reformação sem Esperar por Ninguém, no qual expunha
suas doutrinas sobre a independência congregacional. Foi o primeiro
teórico do movimento e cedo as comunidades independentes
passaram a receber o apelido de brownistas. Browne voltou para a
Escócia, onde foi aprisionado pelos presbiterianos; libertado um
pouco depois, renunciou às ideias que divulgara e reintegrou-se na
Igreja Anglicana em 1591, ali falecendo como cura de uma pequena
paróquia em 1633.
Henry Barrowe e John Greenwood, associando-se com "os
Irmãos da Separação" em Londres, ali foram presos em 1586 e
enforcados em 1593, depois de sete anos de cativeiro. Henry
Ainsworth e Francis Johnson tornaram-se líderes naquela
congregação desde 1587, primeiro como mestre e o segundo como
pastor, mas tiveram também, com grande número de crentes, que
procurar refúgio na Holanda, em 1602. Ali os dois se desavieram e a
comunidade cindiu-se em dois grupos. Um, o de Jonhson, com
tendências presbiterianas mais radicais, se extinguiu praticamente
depois de sua morte em 1610. O outro, o de Ainsworth, praticando
uma teoria mais suave de presbiterianismo, em que os diáconos e os
anciãos (presbíteros apontados pela igreja para esse cargo) eram não
os legisladores ou diretores da igreja, mas formadores de um
Conselho de coordenação e assessoria de suas assembleias. Depois da
morte de Ainsworth, ocorrida em 1618, esse trabalho também se
dissolveu.
Mais importante, historicamente, foi a experiência das
congregações independentes de Gainsborough, no distrito onde se
encontraram os condados de Nottingham, York e Lincoln, em 1602.
Cedo, porém, uma parte da congregação começou a reunir-se na
Manor- House ou casa senhorial de Scrooby, residência de William
Brewster, chefe dos Correios da localidade e responsável pela troca
de cavalos utilizados no serviço postal.
Assim formou-se uma nova comunidade independente,
poucas milhas além de Gainsborough e plenamente identificada com
ela.
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Congregacionalismo Brasileiro

Logo, no entanto, as duas congregações tiveram que exilar-


se na Holanda, pois o rei Tiago, subido ao trono em 1603, ameaçava
com desterro ou prisão aos dissidentes religiosos. Primeiro foi o
grupo de Gainsborough, chefiado por John Smyth, em 1606; depois o
de Scrooby, em 1608, com Richard Clifton no pastorado, William
Brewster como seu assistente e John Robinson como mestre. Três
congregações de exilados ingleses se encontram, pois, em
Amsterdam: o da Ainsworth, já em vias de presbiterianizar-se, o de
John Smyth e o de John Robinson, agora tornado pastor de sua
comunidade, visto Clifton se haver transferido para a de Ainsworth.
John Smyth entrou logo em choque com o grupo de
Ainsworth por causa do seu presbiterianismo. Em 1609, convenceu-
se de que o batismo infantil, que todos praticavam, era antibíblico e
batizando a si mesmo e depois a seus companheiros, iniciou com o
seu grupo, na Holanda, a linhagem histórica dos batistas. O método
usado para o batismo era, naquele tempo, o de afusão; o problema da
imersão surgiu mais tarde, lá por 1640, na Inglaterra, para onde o
grupo voltou, com Helwys, após a exclusão de Smyth, que se havia
passado para a comunidade dos menonitas, em 1611.
John Robinson era inimigo de contendas. Transferiu sua
congregação para Leyden, cidade ao sul da Holanda, sobre o Reno,
em 1609. De um cento de pessoas que contava, na chegada, o grupo
já se compunha de 300, quando uma parte, sob o comando de Henry
Jacob voltou a estabelecer-se em Londres, organizando a igreja de
Southwark, em 1616. Os que ficaram na Holanda resolveram emigrar
para o Novo Mundo. No começo de 1620 combinou-se que uma parte
da congregação viajaria para lá, enquanto Robinson e seus
companheiros permaneceriam na Holanda, a eles reunindo-se mais
tarde. Dois navios foram fretados: o Speedwell e o Mayflower. Mas o
primeiro não apresentou condições de atravessar com segurança o
oceano e o Mayflower, com 102 Peregrinos a bordo, se fez à vela,
alcançando a 10 de novembro as praias de Cap Cod. A 20 de
dezembro mudaram-se para um porto mais abrigado, a que deram o
nome de Plymouth, em lembrança do ultimo porto inglês que haviam
deixado. A bordo, os Peregrinos haviam assinado um Pacto, relativo
à colônia que iriam fundar e à fidelidade com que se conduziriam em
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Congregacionalismo Brasileiro

relação a Deus e uns aos outros. Na base desse Pacto foi organizada a
primeira comunidade congregacionalista na América, como extensão
da Igreja de Scrooby, emigrada na Holanda.
Parte 2

Em 1628, um grupo de imigrantes anglicanos estabelecia-se


em Salém, na costa de Massachussetts, ao norte de Plymouth. Seu
comandante era John Endicott. O alvo era organizar uma pequena
colônia de pesca, para a qual se havia obtido autorização real.
Compunha-se a colônia de 50 habitantes. Não haviam trazido
médico. O grupo sofreu terrivelmente de escorbuto e outros males
devidos ao desconforto da região e à falta de alimentos. A seu
pedido, o Dr. Samuel Fuller, da colônia de Plymouth, os atendeu, e
relações cordiais se estabeleceram entre as duas colônias, apesar do
.mtagonismo das igrejas que representavam.
Na primavera de 1629 nova onda de anglicanos chegou à
baía de Massachussetts, comandada por John Winthrop; trezentos
homens, um cento de mulheres e crianças, farto equipamento de
munições e alimento, vestuário e armas. Três ministros anglicanos
acompanhavam a expedição, pois o alvo era estabelecer uma colônia
de puritanos na América. Ficou célebre a frase com que Francis I
hggnison, um dos ministros, se dirigiu ao litoral inglês quando o
navio em que ia alcançava o alto mar: "Farewell, dear England!"
confirmando que não saíam do país como "os separatistas" (os
colonos de Plymouth), mas como fiéis e puritanos filhos da Igreja.
Chegando, porém, à América, onde os de Endicott se unir
am a eles, e antes que buscassem paragens mais propícias para o
estabelecimento definitivo, como em Charleston e Boston, que
vieram a fundar, uma importante questão os novos colonos tiveram
que resolver, ao organizar em Salém a primeira igreja evangélica em
solo americano. Pelo Ato de Conformidade vigente na pátria e pelos
processos tirânicos com que o arcebispo Laud tratava os puritanos,
não receberiam nenhum apoio da Igreja Inglesa, nem também do Rei.
A ordenação episcopal com que os ministros haviam sido investidos
pela Igreja, não seria revalidada por ela para a Igreja de Salém.
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Longe da Inglaterra e com essas dificuldades para o apoio que


receberiam do Rei e da Igreja, verificaram que o sistema eclesiástico
mais indicado naquela terra do Novo Mundo, onde muito seria
requerido do espírito criativo e pioneiro das igrejas que fundassem,
era não o sistema compacto da Igreja Anglicana, cuja sede de
decisões estava na Inglaterra, mas o sistema flexível e congregacional
da vizinha colônia de Plymouth. Apesar de anglicanos, a influência
das idéias calvinistas e algumas doutrinas de Browne e de Barrowe
sobre a "teologia do povo de Deus" gozavam de simpatia e aceitação
em muitos grupos e líderes puritanos e nenhuma dificuldade houve
para que os novos colonos escolhessem como sistema das igrejas que
fundassem o sistema congregacionalista da colônia de Plymouth.
Assim, a igreja de Salém, organizada em agosto de 1629, tomou o
nome de Igreja Congregacional, sendo imitada pelas igrejas
seguintes. A generalização do nome congregacional por essas igrejas
e a importância histórica que elas e a nova colônia, mais próspera que
a de Plymouth, alcançaram no desenvolvimento dos Estados Unidos,
veio a criar a imagem de que aqueles colonos de Massachussetts
foram os representantes e os introdutores do congregacionalismo na
América.
Na verdade, o congregacionalismo foi adotado, ali, não por
convicção nem por conversão doutrinária, mas por expediente
político e administrativo. Tanto que aquela colônia, formada por
igrejas que se diziam congregacionais, teve uma organização
peculiar, conhecida como "a teocracia da Nova Inglaterra", onde os
direitos civis e políticos dos colonos dependiam de sua filiação às
igrejas. Isso conflitava frontalmente com o espírito e a doutrina
congregacional, em que os batistas e os independentes pugnavam por
absoluta separação entre a Igreja e o Estado. O clima de intolerância
da Igreja estatal tornou-se denso e cruel, tanto no policiamento dos
costumes, quanto no problema da liberdade religiosa. Roger William
teve que abandonar Boston, expulso dali, e ir para Rhode Island,
onde fundou uma igreja batista. Outros aspectos e processos
administrativos da colônia, cedo derramando- se por Massachussetts,
Maine e Connecticutt, como o Pacto de Meio-Caminho, o
desenvolvimento de uma quase "união orgânica" entre as igrejas dos
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Congregacionalismo Brasileiro

vários distritos com centralização cada vez maior de poder


governativo das assembleias distritais sobre as comunidades locais,
assim como uniões sucessivas com outros grupos eclesiásticos
permitiram que se introduzissem práticas não compatíveis com a
política tipicamente congregacional. A união com os presbiterianos,
na marcha para o oeste, celebrada em .1801, fez com que se
perdessem, em 50 anos, cerca de 2.000 congregações, que se fizeram
presbiterianas. O movimento unitariano, introduzido em Boston por
volta de 1776, em 1815 separava da denominação 12 das 14 igrejas
da cidade, com todos os seus bens patrimoniais. O mesmo aconteceu
no resto de Massachussetts, onde 96 igrejas se passaram para o novo
credo e muitas outras, diminuídas de seus membros, tiveram que
reiniciar suas atividades com os poucos que restaram.
Só depois do Segundo Grande Avivamento, a partir de
1796 e durante a primeira metade dos anos oitocentos, a
denominação se pôde recompor, graças ao melhor preparo teológico
de seus líderes nos cursos de Yale e Andover, aos movimentos em
prol da libertação dos escravos e da moralização dos costumes
públicos, principalmente contra a embriaguez, e, mais precisamente,
através dos estudos bíblicos nas Escolas Dominiciais e no
engajamento denominacional na obra de Missões Estrangeiras e
Denominacionais.
Contudo, a política ecumênica, impondo-se às naturais
reservas denominacionais internas, levaram os congregacionais
americanos a se unirem à Igreja Cristã, em 1871, para formarem o
Concílio das Igrejas Cristãs Congregacionais e, recentemente, em
1958, sua fusão com a Igreja Reformada produziu a atual Igreja
Unida de Cristo, nome corporativo estranho ao conceito eclesiástico
do congregacionalismo. Na Inglaterra, a transformação foi mais
lenta, j pelos motivos óbvios de ali ser a pátria do espírito eclesiástico
independente. No entanto, em 1972, a União das Igrejas
Congregacionais da Inglaterra e do País de Gales, fundindo-se com a
Igreja Presbiteriana da Inglaterra, passou a formar com esta a United
Reformed Church, à semelhança dos Estados Unidos.
Apesar dessas fusões e descaracterizações
congregacionalistas, muitas comunidades isoladas, através dos
M. Porto Filho 21
Congregacionalismo Brasileiro

tempos e ainda agora, se têm procurado manter fiéis às suas origens,


tanto na América como na Europa.
M. Porto Filho 22
Congregacionalismo Brasileiro

Parte 3

O Doutor Kalley era de origem presbiteriana.


Particularmente, era avesso a organizações legalistas e
centralizadas. Seu espírito pastoral — e ele se caracterizava
exatamente por seu ministério pastoral junto ao rebanho — o
aproximava extraordinariamente de John Robinson, o celebrado
pastor de Scrooby, igreja-mater do congregacionalismo, em sua
concépção do "povo de Deus", da Igreja, e na aversão a
contendas e dissensões entre cristãos. Assim, ao criar a
primeira Igreja Evangélica no Brasil, "Kalley se distanciou da
sua tradição presbiteriana, rígida em matéria de ordem
eclesiástica e introduziu uma constituição de tipo
congregacionalista. Com isso ficou expressada a independência
da igreja local de qualquer assembleia superior, a co-
responsabilidade de todos os fiéis no governo eclesiástico" 0osé
Carlos Peozzo — Coordenador: História da Igreja no Brasil,
tomo 11/2, página 243). Ainda que ele haja estabelecido
presbíteros e, depois, diáconos, em sua comunidade eclesial,
esse grupo de oficiais não recebe autoridade governativa na
igreja, senão o ministério de orientar e assessorar a igreja que
os elegeu, exatamente como esse corpo de varões e diáconos foi
criado por Ainsworth na Holanda e mais tarde estabelecido nas
comunidades congregacionalistas.

O nome Congregacional, por causa do liberalismo das


igrejas americanas, no último quartel do século XIX (1876-
1900) e princípios do século XX, não gozava de boa reputação,
M. Porto Filho 23
Congregacionalismo Brasileiro

quer com Kalley, de formação teológica e eclesiástica mais


achegada ao grupo independente de Scrooby e de Robinson,
quer nas igrejas que surgiram de seu trabalho, no Brasil e em
Portugal. Assim é que fias, a partir das igrejas que fundou, no
Rio em 1858, e em Recife cm 1873, chamavam-se
simplesmente Evangélicas: Igreja Evangélica Fluminense e
Igreja Evangélica Pernambucana. Quando, em 6 de julho de
1913, se reuniram 13 igrejas brasileiras, às quais se juntaram 5
de Portugal, para formarem uma entidade denominacional, esta
recebeu o nome de Aliança das Igrejas Evangélicas
Indenominacionais, mas já em 1916 era ele mudado para
Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais Brasileiras e
Portuguesas. Daí por diante, o designativo de Congregacionais
estaria sempre presente no nome denominacional, embora as
comunidades locais continuassem a se chamar Igrejas
Evangélicas.
M. Porto Filho 24
Congregacionalismo Brasileiro

Capítulo 3

Dois importantes livros de


referência e consulta

Há dois livros básicos na exposição dos princípios


congregacionais em relação tanto à estrutura eclesiástica das
comunidades locais quanto a seu relacionamento na associação
denominacional de que façam parte: Os Axiomas da Religião,
do Dr. E. Y. Mullins, renomado teólogo e presidente, por
muitos anos, do Seminário Batista de Louisville, e A Manual
of Congregational Principies, escrito pelo Dr. R. W. Dale, a
pedido da União Congregacional da Inglaterra e do País de
Gales.
O primeiro, em tradução portuguesa do Dr. J. W.
Shepard, definido num subtítulo como "uma nova interpretação
da fé batista", examina a teologia congregacional à luz da
filosofia e apresenta os seis axiomas em que se expressam as
leis espirituais do Reino de Deus segundo as Escrituras: o
axioma teológico, o religioso, o eclesiástico, o moral, o cívico-
religioso e o social, estabelecendo que "a Igreja é o plano
divino para a realização dos propósitos do Reino de Deus" e
que ela "é a incorporação institucional dos princípios do Reino,
e a única incorporação adequada". As leis espirituais do Reino,
diz o autor, são: a lei da salvação, a lei do culto, a lei do
serviço filial, a lei da liberdade, a lei da interdependência e da
fraternidade, a lei da edificação e a lei da santidade. O
princípio fundamental da religião é a competência da alma
humana, sujeita a Deus, no sentido de suas relações pessoais
com o Senhor. "Uma competência dependente de Deus, não
uma competência no sentido de suficiência humana".
M. Porto Filho 25
Congregacionalismo Brasileiro

O segundo livro, o do Dr. Dale, não está, infelizmente,


traduzido em português. O Rev. Francisco Antônio de Sousa, cujo
centenário de nascimento ocorreu há pouco mais de dois anos, em 28
de outubro de 1979, organizador e mestre de nossa
Denominação, começou a traduzir-lhe alguns capítulos, que fez
publicar pelo O Cristão. Sua prematura morte, em 13 de janeiro
de 1924, com 45 anos incompletos, impediu que essa tarefa
fosse continuada, o que foi verdadeira lástima. Concluída que
ela fosse e com os comentários que o Dr. Sousa certamente
faria ao nosso tipo de congregacionalismo, no Brasil, desde
cedo e sob a autoridade de verdadeiro mestre congregacional,
teríamos um Manual idôneo para evitar que em gerações
futuras alguns desvios viessem perturbar a linha congregacional
das igrejas e da Denominação. O livro do Dr. Dale, em roteiro
temático diferente do de Mullins, considera a igreja
Congregacional em sua estrutura e administração, dividindo-se
o texto em duas partes.
Na primeira, trata dos cinco princípios fundamentais e
característicos, no seu todo, de uma igreja Congregacional:
1. E vontade de Cristo que todos os que nele crêem se
organizem em igrejas;
2. Em cada igreja cristã a vontade de Cristo é a
autoridade suprema;
3. É vontade de Cristo que todos os membros de uma
igreja cristã sejam crentes;
4. Pela vontade de Cristo todos os membros de uma
igreja cristã são diretamente responsáveis perante ele por
manter sua autoridade na igreja;
5. Pela vontade de Cristo cada comunidade de cristãos
organizada para adoração, instrução e companheirismo fraternal
é uma igreja cristã, independente de controle externo.
Na segunda parte, o Dr. Dale estuda os problemas
acerca dos Oficiais da Igreja, dos Sacramentos, do Culto e de
M. Porto Filho 26
Congregacionalismo Brasileiro

alguns aspectos práticos do congregacionalismo: Membresia,


Relações Mútuas entre Igrejas, Credos e Confissões,
Relacionamento com o Estado.
Termina com um Apêndice em que discute o
significado neotestamentário da palavra Igreja, a origem do
episcopado e a opinião de eminentes historiadores sobre a
primitiva organização da igreja cristã.
Um terceiro livro, muito útil pelas referências que
temos lido a respeito, mas infelizmente esgotado, é Nossos
Princípios: Um Manual da Igreja Congregacionalista (Our
Principles: A Congregationalist Church Manual), pelo Rev. G.
B. Johnson, editado em 1884, analisando a Teologia, a Política,
o Culto e a Vida ou a Experiência Cristã numa Igreja
Congregacional.
Outra obra de indiscutível valor histórico é Creeds and
Platforms of Congregationalism, escrito por W. Walker em
1893 e recentemente reeditado. Em 1981, The Evangelical
Fellowship of Congregational Churches (EFCC), da Inglaterra,
fez publicar Evangelical & Congregational (The Principles of
the Congregational Independents), trazendo em apêndice um
texto da Declaração de Savoy, a histórica Declaração de Fé e
Ordem em 1658.
O texto do próximo capítulo neste opúsculo está
baseado principalmente nos dois primeiros livros já citados e
em outros escritos sobre o mesmo assunto. Não é, portanto,
interpretação individual ou pessoal, gratuita, do autor, em
relação à Eclesiologia Congregacional, mas lições que trazem
consigo o peso da História no testemunho dos mestres.
M. Porto Filho 27
Congregacionalismo Brasileiro

Capítulo 4

Princípios congregacionalista

I – a igreja

1. Teologicamente, Igreja é a família de Deus, constituída de


quantos, independentemente de qualquer confissão
religiosa e acima dela, tenham sido ou serão, pela fé,
beneficiados pelo Concerto da Graça em Cristo. Abrange
todos os crentes, nas igrejas locais e fora delas. E a palavra
em toda a sua plenitude, a comunidade invisível, mas real
aos olhos de Deus, de todos os salvos. A Igreja que Cristo,
seu Cabeça e Senhor, irá apresentar ao Pai, gloriosa, sem
ruga e sem defeito (Ef 5.25-27).
2. Historicamente e no tempo, é a comunidade dos que
professam fé em Cristo, segundo as Escrituras, e se
associam, de acordo com os padrões de doutrina por eles
tidos como legítimos, para adoração, instrução bíblica,
crescimento espiritual, cultivo da fraternidade cristã,
testemunho de Cristo e filial serviço diante de Deus e no
mundo.
3. Pode também designar o conjunto das igrejas locais
existentes numa região, como quando se diz que a "igreja
por toda a Judéia, Galiléia e Samaria tinha paz" (At 9.31)
ou quando Paulo confessa ter sido "perseguidor da igreja"
(Fp 3.6). A referência não é a um comunidade estruturada
naquelas regiões, mas às comunidades locai da Judéia,
Samaria e Galileia e àquelas que Paulo assolava, como
havi feito à de Jerusalém.
4. O modelo bíblico de Igreja é a comunidade local. O
conceito congregacionalista cinge-se a esse modelo neo-
testamentário. Não há tal coisa, no Novo Testamento,
M. Porto Filho 28
Congregacionalismo Brasileiro

como uma Igreja Urbana, ou Provincial, ou Nacional em


termos de estrutura e organização. Cada comunidade local
é uma verdadeira igreja, autônoma, independente
administrativamente de suas co-irmãs, embora a elas ligada
pela fraternidade da fé e pela participação da mesma
vocação em Cristo. Cada uma delas é um microcosmo,
uma especializada localização no corpo universal da Igreja.
Não são unidades que, somadas, formam a Unidade Maior,
mas pontos em que a Igreja se manifesta em sua plenitude
de significado, natureza e missão (1 Co 1.2; 1 Ts 1.1).
5. Conquanto as comunidades locais se organizem sob
critérios humanos de fé e obediência a Deus e, portanto,
com evidentes e naturais imperfeições, o objetivo final de
cada uma é alcançar o pleno conhecimento e experiência
da revelada verdade das Escrituras e da "boa, agradável e
perfeita vontade de Deus" (Rm 12.1-8; Ef 4.1-16). Assim,
o padrão divino da Igreja superpõe-se, na consciência
cristã, aos padrões relativos e atuais de sua experiência
pessoal e cultural.

Ii – autonomia e soberania das igrejas


locais

1. Autonomia é a faculdade que uma organização tem de se


administrar por suas próprias leis, de fazer ela própria as
leis que a regem; é independência administrativa, governo
próprio. Soberania é a situação de quem para dirigir-se e
governar-se, não está sujeito e subordinado a qualquer
poder coercitivo fora de si mesmo. Quando se diz que uma
igreja congregacional é autônoma e soberana é isso mesmo
que se diz dela.
M. Porto Filho 29
Congregacionalismo Brasileiro

2. Sua assembleia de membros, isto é, o povo da igreja


reunido em assembleia, na paridade de todos, é o poder
supremo para sua direção. Nenhuma outra igreja, nenhuma
convenção de igrejas ou autoridade eclesiástica ou
denominacional pode exercer sobre ela qualquer parcela de
comando ou poder legislativo.
3. Independência significa a situação de quem não depende
de ninguém. O congregacionalismo não usa essa palavra
em seu sentido amplo, aplicando-a a suas igrejas.
Historicamente elas foram chamadas independentes na
esfera de suas relações com o Estado e com a Palavra e não
em conformidade com ritos e doutrinas decretadas por
aquelas entidades. Independência, no sentido comunitário
das igrejas, segundo o congregacionalismo, significa
autonomia e não isolamento, liberdade de governo e de
consciência e não irresponsabilidade comunitária,
democracia em seu mais alto grau e não individualismo
egoísta e exclusivista.
4. A presença de Cristo em cada comunidade (Igreja = corpo
de Cristo), a direção do Espírito em cada uma e em cada
um dos membros que a compõem, fazem que a assembleia
de uma comunidade congregacional, agindo em espírito de
Igreja, sob o princípio neo-testamentário do Sacerdócio
Universal dos Crentes, seja a expressão de uma sociedade
espiritual cuja autonomia e independência decorrem de sua
posição em Cristo sua obediência a Ele.
5. A legitimidade cristã das decisões de uma assembleia
eclesiástica, portanto, não depende dos votos democráticos
de seus membros, mas da concordância daquelas decisões
com a vontade de Cristo, cabeça e Senhor da Igreja.
6. Por sua concepção básica da Igreja como povo de Deus,
vinculado à soberania de Cristo e habitação do Espírito que
lhe foi prometido por sua divina Cabeça, mas
M. Porto Filho 30
Congregacionalismo Brasileiro

manifestando-se neste presente século nas limitações e


conflitos da carne, o congregacionalismo reconhece que as
comunidades eclesiais organizadas podem errar na
compreensão da vontade de Cristo em determinadas
circunstâncias de fraqueza e engano, tal como os crentes
individuais. No entanto, em casos de divergências
opinativas, a caridade mútua, vínculo da perfeição e da
unidade da fé (Gl 3.12-15), induz- nos a sobrelevar essas
divergências em espírito de tolerância e comunhão.1
III – igrejas locais e comunidades de igrejas
1. O que caracteriza uma comunidade como igreja é o fato de que
ela está dirigida por Cristo e é obediente a Ele. Nessa obediência
a Cristo, como Cristo não está dividido, há um laço inevitável
que faz das igrejas uma Igreja. A união de cada uma a Cristo faz
que todas estejam unidas entre si, não por efeito de subordinação
formal de uns aos outros, mas por causa daquela união a Cristo e
em Cristo. Unidade e Comunhão expressam melhor o sentido

1
Esse espírito de tolerância e comunhão entre membros e Igrejas é
caracteristicamente congregacional, com a lição e exemplo da Igreja-mater de
Scrooby, alimentada pelo ministério pastoral de John Robinson. Em 1616, um grupo
de refugiados em Leyden voltou à Inglaterra e, sob o pastorado de Henrique Jacob,
organizou uma Igreja em Southwork, próximo a Londres. Em 1633, uma parte da
Igreja tornou-se anti-pedobatista, liderada por Samuel Eston. Em 1636, sob o
pastorado de Henry Jessey, nova discussão se fez e John Spilbury. então pastor do
primeiro grupo dissidente, aceitou os novos membros vindos do pastor Jessey, com
eles formando a primeira Igreja "batista particular", assim chamada por sua doutrina
de expiação limitada. Em 1640, tanto a Igreja de Spilbury quanto a de Jessey
chegaram a conclusão de que o batismo por afusão ou aspersão, quer ministrado a
adultos ou a crianças, deixava de ser a forma correta do batismo apostólico, adotando
em seu lugar a forma imersionista. Quatro anos depois, 14 igrejas batistas
particulares firmavam uma Declaração de Fé inserindo uma definição do batismo por
imersão entre seus 50 artigos. O notável, em todas essas divisões, foi o clima de
compreensão e caridosa tolerancia em que elas se realizaram: em assembleias onde
cada grupo se despedia um do outro "com orações e muito amor". Quando o pastor
Jessey se converteu ao anti-pedobatismo e imersão, rebatizou a muitos membros que
o acompanharam em suas convicções, mas por longo tempo continuou pastor da
mesma congregação, onde batistas e peaobatistas se toleravam, em aceitação mútua.
M. Porto Filho 31
Congregacionalismo Brasileiro

dessa união em Cristo, desvestindo-a do sentido de simples


companheirismo e ajuntamento.
2. Assim, na experiência dessa unidade e comunhão, cada igreja
congregacional, por sua natureza, se obriga: (1) a respeitar o
caráter e os atos eclesiásticos de suas co-irmãs e a evitar que se
desprestigie sua justa autoridade e influência; (2) a promover o
bem- estar e a integridade delas; (3) a fortalecer, em colaboração
com elas, as tarefas comuns que a todas incumbe na causa do
Evangelho.
3. E, pois, natural e conveniente, que as igrejas locais, na liberdade
de sua autonomia e na experiência e responsabilidade dessas
tarefas comuns, constituam entre si federações e associações
pelas quais expressem, cooperativamente, seu espírito de
fraternidade e companheirismo.
4. Essa entidade, criada pelas igrejas para coordenação, estudos e
promoção de interesses comuns, não tem caráter eclesiástico no
sentido de exercer funções e prerrogativas de igreja: é órgão das
igrejas federadas, instrumento de sua vida comum, sem que
nenhum poder lhe seja atribuído sobre qualquer comunidade
associada no caráter de para ela legislar.
5. Uma Denominação congregacionalista é uma União, uma
Associação, uma Federação, uma Confederação, Concílio ou
Convenção de Igrejas, mas nunca uma Igreja em si mesma. Não
batiza, não recebe, não disciplina, não exclui membros de
igrejas; não dirige assembleias de igrejas locais nem administra
os seus bens; não ordena ministros por seu próprio poder para as
igrejas, mas a pedido e em colaboração com elas, visto o
ministério necessitar de credenciais para todas; não ordena nem
instala pastores, presbíteros e diáconos.
6. Quando uma comunidade se organiza e toma o nome comum de
uma comunidade de igrejas, avocando, assim, reconhecimento
público como uma delas, toma-se evidente que isso deva ser
feito em consulta e informação entre a nova igreja e a
comunidade. O ministro, em sua ordenação, ou consagração para
o ministério, é um pastor, em exercício ou não. Ainda que não
assuma efetivamente a direção de uma igreja, recebe essa
M. Porto Filho 32
Congregacionalismo Brasileiro

capacidade, ainda que nunca venha a exercer. Por isso, a


ordenação de um ministro, assim inclusiva em seus efeitos é, na
doutrina congregacional, cerimônia sob responsabilidade de uma
igreja. Desde nossas primitivas Constituições Denominacionais,
consoante o costume congregacional, estabeleceu- se que, na
ordenação de ministros, as Juntas ou Convenções deviam agir "a
pedido de uma igreja local", exigindo-se que essa ordenação
fosse sempre efetivada perante uma igreja reunida ou durante o
funcionamento de uma Convenção, reconhecendo a íntima
ligação entre essa solenidade e a igreja.
7. Os princípios da democracia congregacional que vigem na
administração da igreja local são transportados para a
administração da Convenção ou União, atendendo-se à área
específica de cada uma delas. O crente individual permanece,
em sua autonomia de alma, na responsável comunhão de sua
igreja. As igrejas, em sua autonomia eclesiástica, permanecem
espontânea e livremente em sua associação denominacional.
Essa permanência, por ser livre e espontânea, impõe a
responsabilidade de cooperação e companheirismo, não por uma
obrigação legal mas como fruto de uma comunhão conduzindo a
atitudes voluntárias de participação, ressalvados problemas de
consciência que se possam interpor.
8. As relações que unem uma igreja à Denominação são, assim, de
companheirismo responsável, cooperativo e conciliador e não de
sujeição impositiva. Quando igrejas autônomas e independentes
nessa autonomia se reúnem e se associam para
democraticamente definirem assuntos de interesse comum e
cooperarem no atendimento deles, é da própria natureza
democrática desse encontro que seus resultados sejam válidos
para toda a comunidade denominacional. Numa democracia
pura, numa democracia de espírito como é e precisa ser uma
democracia evangélica, não pode haver complexos de maioria
impositiva nem de agastamentos e reservas de minorias
dominadas.
M. Porto Filho 33
Congregacionalismo Brasileiro

Iv – oficiais eclesiásticos

1. Os oficiais de uma igreja congregacional são denominados


de pastor, presbítero e diácono.
2. O pastor exerce precipuamente as funções de presidente da
igreja, com a responsabilidade de sua doutrinação, de
acordo com as Escrituras, em todos os aspectos de sua vida
como igreja. Esta pode ter pastor ou pastores auxiliares e
associados, definidas as áreas de atuação de cada um. Um
pastor deve ser sempre escolhido entre os ministros da
Denominação, para efeito de maior largueza e aval
comunitário de sua atuação.
3. Presbíteros e diáconos (assim como o ministro em suas
funções locais de pastor) são oficiais de função restrita à
igreja que os elegeu e ordenou. A ordenação de uns e
outros e sua instalação nos postos a que foram eleitos, é de
competência da igreja que os elegeu.
4. A igreja local é livre para consagrar obreiros para
atividades específicas em seu próprio campo de atividades
e ministério, além dos oficiais acima citados, sempre que
julgar conveniente e útil.

V – recepção e disciplina de membros de uma


comunidade local

1. Membros de uma igreja local são recebidos por batismo e


profissão de fé, transferência de outra igreja ou por
jurisdição. Esta só se deve verificar na impossibilidade de
se obter para o candidato carta de transferência de sua
comunidade de origem. Cartas de transferência não devem
ser solicitadas pela igreja receptora, mas motivo de
M. Porto Filho 34
Congregacionalismo Brasileiro

entendimento livre entre o candidato e a igreja da qual é


membro, para evitar-se proselitismo entre igrejas e manter
o prestígio e respeito que as igrejas se devem umas às
outras. Em virtude disso, é de todo conveniente não se
receber, ainda que por jurisdição, um candidato sob
disciplina de outra igreja, a menos que haja reconciliação
aceita por esta.
2. A disciplina imposta por uma igreja local sobre seus
membros deve ser assunto de cuidadoso estudo pela igreja
e sempre exercida com o objetivo amoroso de corrigir e
restaurar o que incorreu na falta motivadora dela.
3. Quer na recepção quer na disciplina, na transferência ou na
reconciliação de seus membros, o poder de exercê-los
compete à assembleia eclesiástica.

Vi – as ordenações eclesiásticas

1. As igrejas congregacionais, como as demais igrejas


evangélicas não são sacramentalistas. O batismo dos
crentes, para sua filiação à igreja, e a Ceia do Senhor,
como símbolo da continuidade da comunhão dos crentes
com seu Deus e com seus irmãos, não são considerados
como sacramentos, no sentido de conferirem, por si
mesmo, qualquer graça ao batizando e aos comungantes.
São considerados ordenanças de Jesus para sua Igreja,
ainda que, pelo reverente temor e obediência daqueles que
se beneficiam dessas cerimônias, possam, e por causa
desse temor e reverente obediência se tornar ocasião e
motivo de bênçãos pessoais.
2. As igrejas congregacionais da União das Igrejas
Evangélicas Congregacionais do Brasil, embora
reconheçam a validade do batismo por imersão e por
M. Porto Filho 35
Congregacionalismo Brasileiro

efusão, e recebam por transferência membros de outra


igreja assim batizados, praticam, por motivo de ordem, a
forma de batismo por aspersão.
3. O batismo de crianças não é observado nessas igrejas, em
virtude de o batismo significar um sinal de fé adulta e
consciente.
M. Porto Filho 36
Congregacionalismo Brasileiro

Capítulo 5

Da escola dominical de Petrópolis à


atual união de igrejas
congregacionais

Em 12 de outubro de 1838, acompanhado de sua


primeira esposa, D. Margarida, o Dr. Robert Kalley
desembarcou em Funchal, capital da Ilha da Madeira, possessão
portuguesa no Atlântico norte africano, a oeste das costas de
Marrocos. Ali e às suas próprias custas, pois havia cancelado
sua inscrição de obreiro na Sociedade Missionária de Londres,
pela qual pretendia ser enviado à China, o Doutor desenvolveu
um abençoado e pioneiro ministério de evangelização durante
oito anos, valendo-se da assistência médica que prestava em
seu consultório e no pequeno hospital que fundou, das reuniões
de oração e estudos bíblicos que realizava ali e em diversos
pontos da ilha nas casas dos crentes, e das escolas que
estabeleceu e nas quais, durante os seis anos em que puderam
funcionar, mais de 2.000 pessoas puderam escapar do
analfabetismo predominante entre os ilhéus.
As perseguições movidas pelo clero católico, com a
conivência das autoridades, foram constantes e terríveis.
Espancamento, prisões entre as quais uma do próprio Doutor, e
até uma pena de morte decretada contra uma crente, foram
episódios desses oito anos de grandes tribulações. Em 8 de
maio de 1846, o Rev. William Hepburn Hewitson, enviado pela
Igreja Presbiteriana Livre da Escócia, fundava em Funchal a
primeira Igreja Presbiteriana da Madeira, formada de nativos
madeirenses e portugueses alcançados pela pregação do Dr.
Kalley, com cerca de 100 membros e um corpo de oficiais
composto de 6 presbíteros e 5 diáconos. A perseguição
M. Porto Filho 37
Congregacionalismo Brasileiro

recrudesceu e atingiu o auge na madrugada do dia 9 de agosto


de 1846. D. Margarida teve que asilar-se no consulado inglês.
O Doutor, pelo perigo de permanecer em casa, dela fugiu,
disfarçado de camponês, indo ocultar- se na quinta dos
Pinheiros. Uma turbamulta, capitaneada pelo cónego e pelo
governador, com civis e soldados armados de tochas,
espingardas e varapaus, assaltaram sua residência e, não o
encontrando, arrombaram as portas, saquearam a casa e
carregaram para a rua móveis, livros e tudo que puderam
arrastar, fazendo uma grande pilha a que atearam fogo. Os
crentes, apavorados, fugiram para os montes, abandonando suas
casas, entregues à sanha dos amotinados. Um grupo corajoso,
tendo à frente o irmão João Fernandes da Gama e o Sr.
Francisco de Souza Jardim (naquele tempo ainda não
convertido) rumou para a quinta dos Pinheiros e conseguiu
fazer com que o Doutor, disfarçado como uma velha senhora
doente, fosse carregado numa rede através da cidade e da
multidão dos perseguidores e chegasse até a praia, de onde se
transportou para um navio inglês, onde D. Margarida, sua
criada e alguns outros crentes já se encontravam. Cerca de
3.000 crentes madeirenses tiveram também que abandonar a
ilha, dirigindo-se para as ilhas da Trindade, São Kitts, São
Vicente, Atígua e outros pontos das Antilhas, onde passaram a
viver com dificuldade. Felizmente os crentes dos Estados
Unidos, através da Sociedade Protestante da América do Norte,
abriram as portas daquele país aos exilados, que transportados
para Illinois, ali fundaram duas igrejas, em Springfield e
Jacksonville.
O Dr. Kalley, de volta à Escócia, viajou pouco depois
para o Oriente. D. Margarida faleceu durante essa viagem,
sendo sepultada na cidade de Beirute, em janeiro de 1852. No
final desse mesmo ano, Doutor conheceu, ali, a jovem Sarah
Poulton Wilson, com quem veio a casar-se. Em 1853-54 o casal
M. Porto Filho 38
Congregacionalismo Brasileiro

visitou os madeirenses de Illinois e ali, lendo o livro


Reminiscências de Viagem e Residência no Brasil, de Daniel P.
Kidder e uma carta em que o autor solicitava à Sociedade
Bíblica Americana o envio, para o Brasil, de três casais
madeirenses a fim de fazerem o trabalho de colportagem, o
Doutor e D. Sarah sentiram nisso "o chamado da Macedónia" e,
no ano seguinte, a 10 de maio de 1855, desembarcavam no Rio
de Janeiro para iniciarem novo campo de trabalho. Aqui
ficaram desde essa época até 16 de julho de 1876, quando
partiram definitivamente para a Escócia. De seu trabalho
pioneiro resultou, em 1913, 37 anos depois, a organização
denominacional, em caráter de Aliança, das igrejas
congregacionais do Brasil e Portugal.
A história congregacional no Brasil, começando com o
ministério de Kalley, pode ser apresentada em cinco períodos
de desenvolvimento.

I- PRIMEIRO PERÍODO - MAIO DE 1855 a JULHO DE


1876
Este período corresponde à estada do casal Kalley no
Brasil. E o Período da Implantação do Trabalho. Seus episódios
centrais são:
 Fundação da Escola Dominical em Petrópolis, a 19 de
agosto de 1855;
 Convite do Doutor aos madeirenses de Illinois para o
virem ajudar no Brasil. No final do ano, chega William D.
Pitt, aluno antigo de D. Sarah, na Inglaterra, e, no ano
seguinte, três casais portugueses: Francisco da Gama, com
mulher e três filhos, Francisco de Sousa Jardim, com
esposa e três filhos e Manoel Fernandes, com esposa e uma
prima. Ficam no Rio de Janeiro os três primeiros, enquanto
Manoel vai para Petrópolis.
M. Porto Filho 39
Congregacionalismo Brasileiro

 A casa de Francisco da Gama, na rua Boa Vista, bairro da


Saúde, torna-se o centro do trabalho, no Rio. Ali ele abre
uma pequena escola e instala serviços de cultos
domésticos, com orações e estudos bíblicos. A
evangelização é realizada através da colportagem, venda de
tratados evangélicos e livros fornecidos pelo Doutor,
visitações e evangelismo pessoal.
 O Doutor colabora intensamente na imprensa, tanto na
promoção de livros como na focalização de assuntos
religiosos; trava relações com figuras proeminentes do
Império, inclusive o próprio Imperador, e pessoas de
projeção em Petrópolis; numa viagem que faz à Inglaterra,
traz dali Mariana, irmã de Pitt; em agosto, chega ao Brasil
a jovem Mary Jane, com que este se casou.
 Em 8 de novembro de 1857 é batizado o português José
Pereira de Sousa Louro em Petrópolis e, no Rio, em 11 de
julho de 1858, o brasileiro Pedro Nolasco de Andrade.
Essa é a data inaugural da Igreja Evangélica Fluminense,
organi- zada com 14 membros: o casal Kalley, os três
casais madeirenses, William Pitt e senhora, Maria
Fernandes, prima de Manoel, Mariana, irmã de Pitt, José
Pereira de Souza Louro e Pedro Nolasco de Andrade.
 O trabalho prossegue com dificuldade. Há perseguições no
Rio, em Santa Luzia, Saúde e São Diogo. Firma-se o
trabalho na Praia Grande (Niterói). O Doutor, por seu
relacionamento com autoridades e sua pertinácia no buscar
o amparo das leis, influi no reconhecimento da liberdade
de culto e, depois, no reconhecimento oficial do casamento
dos não-católicos, registro civil de seus filhos, óbitos
registrados em cartórios e em haver nos cemitérios
públicos "um lugar separado para a sepultura dos
protestantes".
M. Porto Filho 40
Congregacionalismo Brasileiro

 Em 17 de novembro de 1861, é publicado Salmos e Hinos,


com 50 letras de cânticos, sendo 18 salmos e 32 hinos,
num pequeno volume de 18 páginas. Em 1868 vem a lume
a primeira edição com música, a quatro vozes.
 O trabalho prossegue, fora do Rio; são visitados Magé,
Cantagalo, Porto das Caixas, Vassouras, Rodeio, fazendas
no sul de Minas. Em 1865, Richard Holden liga-se à Igreja
Evangélica Fluminense, em que foi pastor auxiliar, dela
afastando-se mais tarde por causa de suas convicções
darbistas. Em 19 de outubro de 1873 o Dr. Kalley instala,
em Pernambuco, a Igreja Evangélica Pernambucana, com
12 membros batizados na ocasião.
 Em 31 de dezembro de 1875, foi eleito co-pastor da Igreja
Fluminense o Rev. João Manoel Gonçalves dos Santos,
sendo ordenado e empossado no dia seguinte.
 Em 10 de julho de 1876, o casal Kalley retira-se
definitivamente para a Escócia, oito dias depois de haver
sido aceito pela igreja o texto dos 28 Artigos da Breve
Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo.

II - SEGUNDO PERÍODO - 1876 a 1913

Este período estende-se da partida do casal Kalley


definitivamente para a Escócia, à instalação da Convenção das
Igrejas do Brasil e Portugal. E o período do Desenvolvimento
Eclesiástico. Fatos marcantes:

 Falecimento do Dr. Kalley. em 17 de janeiro de 1888.


 Fundação da Sociedade de Evangelização, mais tarde
chamada do Rio de Janeiro e depois Missão
Evangelizadora do Brasil e Portugal, por um grupo de
irmãos, tendo à frente o Rev. João dos Santos, o
M. Porto Filho 41
Congregacionalismo Brasileiro

presbítero José Luiz Fernandes Braga e o missionário


Henrique Maxwell Wright, em 1890.
 Em 1892, funda-se O Cristão, por iniciativa do Sr. José
Luiz Fernandes Braga Júnior e do Sr. Nicolau Ricardo
Soares do Couto Esher.
 Em 1892, D. Sarah e o Dr. João Gomes da Rocha, filho
adotivo do casal, em companhia do Rev. James
Fanstone, pastor da Igreja Pernambucana e mais 13
companheiros fundam em Edimburgo a Help for Brazil
Mission, para ajudar as igrejas do campo brasileiro.
Obreiros da Missão Evangelizadora e da Help for
Brazil, tanto como o trabalho dos crentes nas
comunidades que vão surgindo, estendem o campo das
igrejas nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Pernambuco. Em Portugal, os trabalhos se
estabelecem e prosperam em algumas cidades.
 Em 6 de julho de 1913, na Casa de Oração da Igreja
Evangélica Fluminense, então na rua Marechal
Floriano, 185, graças aos esforços do Rev. Francisco
Antônio de Sousa, batizado em 1900 e ordenado em
1911, e do Rev. Alexandre Telford, obreiro missionário,
instala-se a primeira Convenção das Igrejas Evangélicas
Indenominacionais. Estãorepresentadas 13 igrejas:
Fluminense, Pernambucana, Niterói, Passa Três,
Caçador, Encantado, Vitória de Santo Antão, Jaboatão,
Monte Alegre, Paranaguá, Paracambi, Paulistana e
Santista. Não puderam comparecer as igrejas de
Portugal, em número de 5: Lisbonense, Chelense,
Figueirense, Ajudense e Rossiense. Estavam presentes
os ministros brasileiros daquela época: Revs. Francisco
Antônio de Sousa, Pedro Campelo, Leônidas Silva,
Manoel Marques, Elias José Tavares, e os
representantes leigos das igrejas: presbíteros José Luiz
M. Porto Filho 42
Congregacionalismo Brasileiro

Fernandes Braga, Israel Gallart, Manoel Palmeira, José


Elias Tavares e José Elias Martins, e os Srs. Manoel
Batista, Domingos Correia Lage, Antônio da Silva
Oliveira. Foi presidente da Convenção o Rev.
Alexandre Telford. 16 delegados ao todo.

Iii – terceiro período – 1913 a 1942

Os fatos compreendidos neste período se estendem da


Primeira Convenção das Ijgrejas do Brasil e Portugal à União
com a Igreja Cristã Evangélica. E o período da Expansão
Nacional.
 É instalado o Seminário Evangélico Congregacional em
3 de março de 1914, tendo como professores os Revs.
Francisco de Sousa, Alexandre Telford, Leônidas Silva
e Pedro Campelo, e como alunos os irmãos Jonatas
Tomás de Aquino, Bernardino P. Cardoso, José Barbosa
Ramalho e Abílio Nogueira (que não pôde concluir o
curso por motivo de enfermidade) e, logo depois,
Fortunato Gomes da Luz e Domingos Correia Lage,
todos consagrados ao ministério em 1919. Neste ano,
matricularam-se 11 alunos, entre os quais Ismael da
Silva Jr., Alfredo Pereira de Azevedo, Augusto Paes de
Ávila, João Corrêa de Ávila, João Mazotti Jr. e Paulo
Hecke, ordenados em 1925, já como alunos do
Seminário Unido ou Faculdade de Teologia das Igrejas
Evangélicas do Brasil, criada em 1918, com a
cooperação dos presbiterianos, metodistas e
congregacionais. Em 1921, a União de Igrejas resolveu
fortalecer a obra cooperativa e transferiu os alunos de
seu Seminário para a Faculdade. Em 1932, voltaram a
funcionar as aulas do Seminário Evangélico
M. Porto Filho 43
Congregacionalismo Brasileiro

Congregacional, sob a reitoria do Rev. Alfredo Pereira


de Azevedo, na rua do Costa 60, no edifício da Igreja
Evangélica Fluminense.
 O Cristão, oferecido pelo presbítero José Luiz
Fernandes Braga, torna-se o órgão oficial da
Denominação.
 A Federação Evangélica Congregacional do Brasil, em
1934, em sua 10ª Convenção, para conservar a
cooperação das igrejas do nordeste, que se haviam
constituído em União, divide o campo congregacional
em três Uniões federadas: a do Norte, a do Sul e a de
Portugal, com as quais coopera a Missão
Evangelizadora do Brasil e Portugal.
 Faleceram, nesse período, entre outros ministros, os
Revs. Francisco Antonio de Sousa (13 de janeiro de
1924), João Manoel Gonçalves dos Santos (20 de junho
de 1928), Leônidas P. da Silva (14 de março de 1919),
Manoel Marques (1931). Em 16 de março de 1920
falecia o presbítero Jose Luiz Fernandes Braga,
remanescente dos primeiros tempos da Igreja
Fluminense, pois fora batizado pelo Dr. Kalley em 6 de
dezembro de 1863, quando a Igreja se reunia ainda na
rua do Propósito, em casa do presbítero Francisco da
Gama.

Iv – quarto período – 1942 a 1969

Neste período a União das Igrejas Evangélicas do


Brasil (Governo Congregacional) e a Igreja Cristã Evangélica
do Brasil fundiram-se, num organismo que recebeu o nome de
União das Igrejas Evangélicas Congregacionais e Cristãs do
M. Porto Filho 44
Congregacionalismo Brasileiro

Brasil. A fusão ocorreu na 13a Convenção, em Santos, no ano


de 1942.
Com essa reorganização, somavam-se, na União, 89
igrejas (67 congregacionais e 22 cristãs), com 54 ministros em
atividade e 15 em disponibilidade. Dos 54, 16 eram
missionários e 38 nacionais. Nas igrejas, perto de 8.000
membros.
Dez anos depois, em 1952, foi reconhecida a Brazil
Mission da Igreja Evangélica Irmãos Unidos (United Brethren
Church), com sede em Dayton, Estados Unidos, como entidade
missionária cooperante com a União, através de convênio
semelhante ao que regia a cooperação com a União Evangélica
Sul Americana. Esta, fundadora das Igrejas Cristãs, resultara da
união da Help for Brazil, em 1911, com duas outras missões
britânicas que operavam na América Latina: a Regions Beyond
Missionary Union, com trabalhos na Argentina e no Peru, e a
South American Evangelization Mission, com trabalhos em São
Paulo e Goiás. Diferentemente da U.E.S.A., a missão dos
Irmãos Unidos não se ligou à denominação através de Igrejas
que fundara. Era trabalho recente no Brasil, focalizando sua
cooperação através de colégios, como o Couto Magalhães e o
Instituto Bíblico Goiano, em Anápolis, o Álvaro de Melo em
Ceres e o Nilza Rizzo, em Cristianópolis.
Em 1944 criou-se o Instituto Bíblico da Pedra, onde
mais tarde passou a funcionar o internato do Seminário
Congregacional, que funcionava apenas em regime de externato
noturno na rua do Costa 60, desde 1932.
Uma nova dimensão se apresentou no campo
missionário da União que alcançava os Estados da Guanabara,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Bahia,
Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba. Remodela-se, em
1958, a Missão Evangelizadora, cada uma das Delegações
Regionais responsabilizando-se pelo campo missionário em sua
M. Porto Filho 45
Congregacionalismo Brasileiro

respectiva região administrativa da União, ou Junta Regional,


enquanto os campos das áreas ainda não constituídas em
regiões eclesiásticas passam a ser superintendidas diretamente
pelo Departamento de Missões da União.
Surge, em 1945, o primeiro órgão oficial da Mocidade,
O Exemplo.
Em 1953, cria-se a revista Vida Cristã, órgão da
Confederação das Uniões Auxiliadoras Femininas.
Em 1950, segundo trimestre, começam a ser
publicadas as Revistas para a Escola Dominical.
Em 1960, com a adesão de 51 igrejas, constitui-se uma
ala dissidente da União, que se organizou sob o nome de União
das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, em
discordância com os dois modos de batismo praticados na
União, diversidade no modo de governo entre as igrejas Cristãs
e as Congregacionais e tolerância de opiniões diferentes quanto
à segurança da salvação. Como órgão oficial da nova
Denominação cria-se o jornal Brasil Congregacional.
Em 1967 encerra-se o convênio de cooperação com a
Brasil Mission dos Irmãos Unidos, cuja Igreja se fundiu com a
Igreja Metodista dos Estados Unidos.
Em janeiro de 1868 desfaz-se a União das Igrejas
Cristãs e Congregacionais, passando estas a ser representadas,
em caráter provisório, pela entidade nomeada Igreja Evangélica
Congregacional do Brasil.
Em 1969 os dois ramos congregacionais se reagrupam
formando-se a atual UIECB.
Em Portugal, algumas igrejas se passaram para o
grupo presbiteriano e outras para o metodista. Somente três, a
Chelense, a de Ponte do Sor e a de Paio Pires permanecem fiéis
ao congregacionalismo.
M. Porto Filho 46
Congregacionalismo Brasileiro

V – quinto período – 1969 aos dias atuais


(1982)

Este pode ser chamado de período da Consolidação


Nacional. Começa com a aprovação da Constituição de 1969 e
a instituição da atual União das Igrejas Evangélicas
Congregacionais do Brasil.
Remodelaram-se os quadros administrativos da
entidade com 177 igrejas distribuídas em 15 regiões
administrativas em 12 Estados.
Adota-se o uso de um Plano Diretor para normalizar o
programa denominacional em cada gestão da Junta Geral.
Adquire-se uma sede própria para a Denominação.
Cria-se uma Gráfica da União.
Grande impulso é dado à obra missionária, com
autonomia concedida a vários campos e abertura de outros.
Reativa-se o Seminário em Recife, com aquisição de
sede própria e reorganiza-se o Seminário no Rio com uma
secção de externato noturno, no Rio, e uma secção de internato,
restabelecido em Pedra de Guaratiba.
Conta atualmente a União de Igrejas com 22 Regiões
Administrativas e igrejas e congregações espalhadas em 15
Estados e no Distrito Federal.
M. Porto Filho 47
Congregacionalismo Brasileiro

Anexo

Os 28 artigos da breve exposição das


doutrinas fundamentais do
cristianismo
M. Porto Filho 48
Congregacionalismo Brasileiro

Histórico da breve exposição

Durante o período em que Kalley esteve no Brasil,


viajou constantemente, em particular do Rio de Janeiro para
Petrópolis a fim de assistir aos crentes dessas duas cidades.
Tais viagens extenuaram Kalley que, como sua esposa, sofria
do coração. Daí a necessidade de um substituto à altura e que,
inclusive, levasse os crentes brasileiros a uma atitude de maior
responsabilidade para com a obra. Até então dependiam muito
de Kalley. Grandes esperanças depositaram num jovem enviado
a estudar em Londres. Era João Manoel Gonçalves dos Santos,
que viria a ser o primeiro pastor congregacional.
Kalley amava o seu rebanho e, sempre zeloso, vigiava-
o doutrinariamente. Notou que muitos membros não possuíam
conhecimentos precisos sobre as doutrinas fundamentais do
Cristianismo, principalmente aqueles que se apresentavam para
o batismo. Era necessário elaborar-se uma súmula das doutrinas
fundamentais, não só para a instrução dos neófitos, mas,
também, para os crentes que, filiados à Igreja Evangélica
Fluminense, já eram cerca de duzentos. Foi com este
pensamento que apresentou à igreja reunida em sessão de
membros, no dia 2 de outubro de 1974, a necessidade de uns
“Artigos de Fé”, que resumissem as “doutrinas fundamentais
do Cristianismo, ensinados pela Igreja Evangélica Fluminense e
aceitas por todos os seus membros”.
A 18 de dezembro do mesmo ano o Dr. Kalley reuniu
a igreja em sessão extraordinária para ouvir a apresentação dos
“Artigos de Fé”, preparados desde o dia 7 por ele. Como era
um assunto de importância, ficou para ser discutido
posteriormente. No primeiro dia do ano de 1975, Kalley fez ver
à igreja que muitas pessoas se apresentavam para o batismo
desconhecendo doutrinas importantes. Distribuiu, então, cópias
M. Porto Filho 49
Congregacionalismo Brasileiro

impressas da “Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do


Cristianismo”, entre os membros. Eram 27 artigos (o quarto foi
incluído depois) e não possuíam as referências bíblicas. Kalley
enviou cópias para os crentes da Igreja Evangélica
Pernambucana e para os pastores de outras denominações.
O estudo da “Breve Exposição” durou muito tempo.
Em 10 de setembro de 1875, pediu Kalley que os membros
apresentassem por escrito, na sessão seguinte, suas observações
sobre os “Artigos de Fé”. Enquanto não ficava pronta a “Breve
Exposição” Kalley preparou um catecismo para o ensino
religioso das crianças, que foi apresentado à reunião conjunto
dos oficiais da Igreja Evangélica Fluminense, em 30 de
setembro. Posteriormente, Sarah Kalley preparou o “Catecismo
Histórico”, dividido em duas partes, correspondentes ao Velho
e ao Novo Testamento.
Em 5 de novembro, por proposta do Dr. Kalley, foi
eleita a “Comissão do Exame dos Artigos de Fé”. Dela faziam
parte João Fernandes Braga, Antônio Gonçalves Lopes e outro
membro não mencionado. Realizaram-se muitas reuniões.
Estudaram artigo por artigo, “confrontando-os com a palavra de
Deus e mencionando as referências respectivas”. Em alguns
pontos houve muita discussão. Houve troca de cartas entre o
Rev. Kalley e, pelo menos, os srs. José Luiz Fernandes Braga e
Antônio Gonçalves Lopes. Desejavam introduzir mais alguns
pontos como fundamentais, porém finalmente cederam.
Com a “Breve Exposição das Doutrinas
Fundamentais” aprovada e eleito pastor da Igreja Evangélica
Fluminense o jovem Rev. João Manoel Gonçalves dos Santos,
poderia Kalley partir. No domingo, 2 de julho de 1976, o Rev.
Kalley presidiu pela última vez, no Rio de Janeiro, à celebração
da Santa Ceia do Senhor. Foi nessa ocasião assinada a “Breve
Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo”, pelos
pastores e oficiais da Igreja Evangélica Fluminense.
M. Porto Filho 50
Congregacionalismo Brasileiro

A Igreja Evangélica Pernambucana aceitou também a


“Breve Exposição”. Mais tarde, quando surgiu a Aliança das
Igrejas Evangélicas Indenominacionais, a “Breve Exposição
das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo” foi aceita como
regra de fé, como aconteceu tempos depois com a União das
Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.

Domingos Pessôa da Silva Oliveira


M. Porto Filho 51
Congregacionalismo Brasileiro

Os 28 artigos

ARTIGO 1

Do Testemunho da Natureza quanto à


Existência de Deus
Existe um só Deus, vivo e pessoal; suas obras no céu e
na terra manifestam não meramente que existe, mas que possui
sabedoria, poder e bondade tão vastos que os homens não os
podem compreender; conforme sua soberania e livre vontade
governa todas as coisas.

Existe um só Deus:
“Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.”,
Dt 6.42→
“Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos
ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há
outro Deus, senão um só. Porque, ainda que haja também
alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como
há muitos deuses e muitos senhores), Todavia para nós há um
só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um
só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por
ele.” 1 Co 8:4-6.
Vivo e Pessoal
“E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais:
Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.”
Êxodo 3:14
“Mas o SENHOR Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo

2
A Breve Exposição foi feita baseada em textos da Bíblia da versão do
Padre Antônio Pereira de Figueiredo. Como, porém, as nossas igrejas usam,
na sua quase totalidade, a de Antônio Ferreira de Almeida, resolvemos
adotá-la. Todas as passagens, portanto, devem ser procuradas na Bíblia de
Almeida.
M. Porto Filho 52
Congregacionalismo Brasileiro

e o Rei eterno; ao seu furor treme a terra, e as nações não


podem suportar a sua indignação.” Jeremias 10:10

Suas obras no céu e na terra manifestam não meramente


que existe, mas que possui sabedoria, poder e bondade tão
vastos que os homens não os podem compreender:
"Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas
as tuas maravilhas", Sl 9.1.
"Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta,
porque Deus lho manifestou. Porque todas as coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua
divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que
estão criadas para que eles fiquem inescusáveis", Rm 1.19-20.
conforme sua soberana e livre vontade governa todas as
coisas.
"Tudo o que o Senhor quis, Ele o fez, nos céus e na terra, nos
mares e em todos os abismos", Sl 135.6.
"Pois diz Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer
e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. De sorte que
não é do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se
compadece", Rm 9.15-16.

ARTIGO 2

Do Testemunho da Revelação a Respeito de


Deus e do Homem
Ao testemunho das suas obras Deus acrescentou
informações a respeito de Si mesmo e do que requer dos
homens. Estas informações se acham nas Escrituras Sagradas
do Velho e Novo Testamento 3 , nas quais possuímos a única

3
Os livros apócrifos não são parte das Escrituras divinamente inspiradas
M. Porto Filho 53
Congregacionalismo Brasileiro

regra perfeita para nossa crença sobre o Criador e preceitos


infalíveis para todo o nosso proceder nesta vida.
Ao testemunho das suas obras Deus acrescentou
informações:
"Havendo Deus antigamente falado muitas vezes e de
muitas maneiras aos pais pelos profetas, a nós falou-nos nestes
últimos dias pelo Filho", Hb 1.1.
a respeito de Si mesmo:
"E o Senhor desceu de uma nuvem e se pôs ah junto a
ele e ele apregoou o nome do Senhor. Passando, pois, o Senhor
perante a sua face, clamou: Jeová; o Senhor Deus,
misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em
beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares,
que perdoa a iniquidade e a transgressão e o pecado; que o
culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais
nos filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta
geração", Ex 34.5-7.
e do que requer dos homens:
"E que desde a tua meninice soubeste as sagradas
letras, as quais poderp fazer-te sábio para a salvação pela fé que
há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada e
proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para
instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente instruído para toda a boa obra", II Tm 3.15-17.
Estas informações se acham nas Escrituras
Sagradas do Velho e Novo Testamento, nas quais possuímos
a única regra perfeita para nossa crença sobre o Criador e
preceitos infalíveis para todo o nosso proceder nesta vida:
"Quando, pois, vos disserem: Consultai os adivinhos e
os encantadores e que chilreando entre os dentes murmurarem:
Porventura, não perguntará o povo a seu Deus? ou perguntar-
se-á pelos vivos aos mortos? A lei e ao Testemunho que se eles
M. Porto Filho 54
Congregacionalismo Brasileiro

não falarem segundo esta palavra nunca verão a alva", Is 8.19-


20.
"Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem
diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor
vosso Deus que eu vos mando", Dt 4.2.
"Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as
palavras da profecia deste livro, que, se alguém lhes acrescentar
alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão
escritas neste livro. E se alguém tirar das palavras do livro desta
profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida e da cidade
santa e das coisas que estão escritas neste livro", Ap 22.18- 19.

ARTIGO 3

Da Natureza dessa Revelação

As Escrituras Sagradas foram escritas por homens


santos, inspirados por Deus, de maneira que as palavras que
escreveram são as palavras de Deus. Seu valor é incalculável e
devem ser lidas por todos os homens.
As Escrituras Sagradas foram escritas por homens
santos, inspirados por Deus, de maneira que as palavras
que escreveram são as palavras de Deus:
"E temos mui firme a palavra dos profetas à qual bem
fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar
escuro, até que o dia esclareça e a estrela d'alva saia em vossos
corações. Sabendo primeiramente isto, que nenhuma profecia
da Escritura é de particular interpretação, porque a profecia não
foi antigamente produzida por vontade de homem algum, mas
os homens santos de Deus falaram pelo Espírito Santo", I Pe
1.19-21.
M. Porto Filho 55
Congregacionalismo Brasileiro

"Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa


para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em
justiça", II Tm 3.16.
Seu valor é incalculável:
"Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade
da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, quanto ao
primeiro, as palavras de Deus lhe foram confiadas", Rm 3.1-2.
"A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma. O
testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os
preceitos do Senhor são retos e alegram o coração. O
mandamento do Senhor é puro e alumia os olhos. O temor do
Senhor é límpido e permanece eternamente. Os juízos do
Senhor são verdadeiros e justos juntamente. Mais desejáveis
são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino e mais doces do
que o mel e o licor dos favos", Sl 19.7-10.
E devem ser lidas por todos os homens:
"Buscai no livro do Senhor e lede. Nenhuma destas
coisas faltará, nem vima nem outra faltará, porque a minha
própria boca o ordenou e o seu espírito mesmo as ajuntará, Is
34.16.
"Disse-lhe Abraão: tem Moisés e os profetas: ouçam-
nos", Lc 16.29.
"Examinai as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a
vida eterna e são elas que de mim testificam", Jo 5.39.

ARTIGO 4

Da Natureza de Deus
Deus, o Soberano Proprietário do Universo, é
espírito, eterno, infinito e imutável em sabedoria, poder,
santidade, justiça, bondade e verdade.
M. Porto Filho 56
Congregacionalismo Brasileiro

Deus, o Soberano Proprietário do Universo, é


espírito:
"Deus é Espírito e importa que os que o adoram o
adorem em Espírito e em verdade", Jo 4.24.
eterno:
"Porque levantarei a minha mão aos céus e direi: Eu
vivo para sempre", Dt 32.40.
infinito:
"Esconder-se-ia alguém em esconderijos que eu não o
veja? diz o Senhor. Porventura, não encho eu os céus e a terra?
diz o Senhor", Jr 23.24.
e imutável:
"Porque eu, o Senhor, não mudo. Por isso, vós, ó
filhos de Jacó, não sois consumidos", Ml 3.6.
em sabedoria:
"Grande é o nosso Senhor e de grande poder. O seu
entendimento é infinito", Sl 147.5.
poder:
"Sendo, pois, Abraão da idade de noventa e nove anos,
apareceu o Senhor a Abraão e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-
Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito", Gn 17.1.
santidade:
"Justo é o Senhor em todos os seus caminhos e santo
em todas as suas obras", Sl 145.17.
justiça:
"Ele é a Rocha cuja obra é perfeita, porque todos os
seus caminhos juízo são. Deus é a verdade e não há nEle
injustiça. Justo e reto é", Dt 32.4.
bondade:
"E Ele disse-lhe: porque me chamas bom? Não há
bom senão um,
que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida,
guarda os mandamentos", Mt
M. Porto Filho 57
Congregacionalismo Brasileiro

19.17.
e verdade:
"Clamava, pois, Jesus, no templo, ensinando e
dizendo: vós me conheceis e sabeis donde eu sou e eu não vim
por mim mesmo, mas Aquele que me enviou é verdadeiro, o
qual vós não conheceis", Jo 7.28.

ARTIGO 5

Da Trindade na Unidade
Embora seja um grande mistério que existam diversas
Pessoas em um só Ente, é verdade que na Divindade há uma
distinção de Pessoas, indicadas nas Escrituras Sagradas pelos
nomes Pai, Filho e Espírito Santo e pelo uso dos pronomes Eu,
Tu e Ele, empregados por Elas, mutuamente entre Si.
Embora seja um grande mistério que existam
diversas Pessoas em um só Ente, é verdade que na
Divindade há umí distinção de Pessoas, indicadas nas
Escrituras Sagradas pelos nomes, Pai, Filho e Espírito
Santo:
"Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", Mt 28.19.
e pelo uso dos pronomes Eu, Tu e Ele, empregados
por Elas mutuamente entre Si:
"E Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador,
par; que fique convosco para sempre: o Espírito da verdade que
o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece:
mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós",
Jo 14.16-17.
M. Porto Filho 58
Congregacionalismo Brasileiro

ARTIGO 6

Da Criação do Homem

Deus tendo preparado este mundo para a habitação


do gênero humano, criou o homem, constituindo-o de uma
alma que é espírito, de um corpo composto de matérias
terrestres. O primeiro homem fc feito a semelhança de Deus,
puro, inteligente e nobre, com memória, afeições e vontade
livre, sujeito Aquele que o criou, mas com domínio sobre todas
as outras criaturas deste mundo.
Deus, tendo preparado este mundo para a
habitação do gênero humano, criou o homem:
"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança: e domine sobre os peixes do mar, e sobre as
aves do céu, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o
réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua
imagem: à imagem de Deus o criou: macho e fêmea os criou",
Gn 1.26-27.
constituindo-o de uma alma que é espírito:
"E o pó voltar a terra, como o era, e o espírito voltar a Deus,
que o deu", Ec 12.7.
"E não temais os que matam o corpo e não podem matar a
alma. Temei antes Aquele que pode fazer perecer no inferno a
alma e o corpo", Mt 10.28.
e de um corpo composto de matérias terrestres:
"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em
suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente", Gn 2.7.
O primeiro homem foi feito à semelhança de Deus:
"E disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança e domine sobre os peixes do mar, e sobre as
M. Porto Filho 59
Congregacionalismo Brasileiro

aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo
o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou: macho e fêmea os criou",
Gn 1.26-27.
puro, inteligente e nobre, com memória, afeição e vontade
livre, sujeito Aquele que o criou, mas com domínio sobre
todas as outras criaturas deste mundo:
"E Deus os abençoou e Deus lhes disse: frutificai e multiplicai-
vos e enchei a terra e sujeitai-a. E dominai sobre os peixes do
mar e sobre as aves dos céus e sobre todo o animal que se move
sobre a terra", Gn 1.28.

ARTIGO 7

Da Queda do Homem

O homem assim dotado e amado pelo Criador era


perfeitamente feliz; mas tentado por um espírito rebelde
(chamado por Deus Satanás), desobedeceu ao seu Criador;
destruiu a harmonia em que estivera com Deus; perdeu a
semelhança divina; tornou-se corrupto e miserável; deste modo
vieram sobre ele a ruína e a morte.
O homem assim dotado e amado pelo Criador era
perfeitamente feliz:
"E viu Deus tudo quanto tinha feito e eis que era muito bom",
Gn 1.31.
mas tentado por um espírito rebelde (chamado por Deus
Satanás), desobedeceu ao seu Criador:
"E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: de toda a
árvore do jardim comerás livremente. Mas da árvore da ciência
do bem e do mal, desta não comerás, porque no dia em que dela
comeres, certamente morrerás", Gn 2.16-17.
M. Porto Filho 60
Congregacionalismo Brasileiro

"E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer e
agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento:
tomou do seu fruto e comeu e deu também a seu marido
consigo e ele comeu", Gn 3.6.
destruiu a harmonia em que estivera com Deus; perdeu a
semelhança divina; tornou-se corrupto e miserável; deste
modo vieram sobre ele a ruína e a morte:
"Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo e
pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, por isso que todos pecaram", Rm 5.12.

ARTIGO 8

Da Consequência da Queda

Estas não se limitaram ao primeiro pecador. Seus


descendentes herdaram dele a pobreza, a desgraça e
inclinação para o mal e a incapacidade de cumprir bem o que
Deus manda; por consequência todos pecam, todos merecem
ser condenados, e de fato todos morrem.
Estas não se limitaram ao primeiro pecador. Seus
descendentes herdaram dele a pobreza, a desgraça e
inclinação para o mal e a incapacidade de cumprir bem o
que Deus manda:
"Eis que em iniquidade fui formado e em pecado me concebeu
minha mãe", SI 51.5.
por consequência todos pecam, todos merecem ser
condenados, e de fato todos morrem:
"Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo e
pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, por isso que todos pecaram", Rm 5.12.
"Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque se pela
M. Porto Filho 61
Congregacionalismo Brasileiro

ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o


dom pela graça, que é dum homem só, Jesus Cristo, abundou
sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só
que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade,
para condenação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte
reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da
graça e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, que é
Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo
sobre todos os homens para a condenação, assim também por
um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a
justificação de vida", Rm 5.15-19.
"Porque assim como a morte veio por um homem, também a
ressurreição dos mortos veio por um homem", I Co 15.21.

ARTIGO 9

Da Imortalidade da Alma

A alma humana não acaba quando o corpo morre.


Destinada por seu Criador a uma existência perpétua, continua
capaz de pensar, desejar, lembrar-se do passado e gozar da
mais perfeita paz e regozijo; e também de temer o futuro, sentir
remorso e horror e sofrer agonias tais que mais quereria
acabar do que continuara existir; o pecador pela rebelião
contra o seu Criador merece para sempre esta miséria, que é
chamada por Deus a segunda morte.
A alma humana não acaba quando o corpo morre.
Destinada por seu Criador a uma existência perpétua,
continua capaz de pensar, desejar, lembrar-se do passado e
gozar da mais perfeita paz e regozijo; e também de temer o
futuro, sentir remorso e horror e sofrer agonias tais que
mais quereria acabar do que continuar a existir:
M. Porto Filho 62
Congregacionalismo Brasileiro

"Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia


cheio de chagas à porta daquele e desejava saciar-se com as
migalhas que caíam da mesa do rico; e até vinham os cães e
lambiam-lhe as chagas. E aconteceu que o mendigo morreu e
foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. E morreu também
o rico e foi sepultado. E, no inferno, erguendo os olhos, estando
em tormentos, viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio. E ele,
clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda
Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a
língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém,
Abraão: filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua
vida e Lázaro somente males e agora ele é consolado e tu
atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre
nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós
não poderiam, nem tampouco os daí passar para cá. E disse ele:
rogo-te, pois, ó Pai, que o mandes à casa de meu pai, porque
tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho, a fim de que
não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe
Abraão: têm Moisés e os profetas: ouçam-nos. E disse ele: não,
Pai Abraão, mas se alguém dos mortos fosse ter com eles,
arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: se não ouvem a
Moisés e aos profetas, tão pouco acreditarão ainda que algum
dos mortos ressuscite", Lc 16.19-31.
"E disse-lhe Jesus: em verdade te digo que hoje estarás comigo
no paraíso", Lc 23.43.
"E estes irão para o tormento eterno, mas os justos para a vida
eterna", Mt 25.46.
o pecador pela rebelião contra o seu Criador merece para
sempre esta miséria, que é chamada por Deus a segunda
morte:
"Mas, quanto aos tímidos e aos incrédulos e aos abomináveis e
aos homicidas e aos fornicadores e aos feiticeiros e aos
M. Porto Filho 63
Congregacionalismo Brasileiro

idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que


arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte", Ap 21.8.

ARTIGO 10

Da Consciência e do Juízo Final

Deus constituiu a consciência juiz na alma do homem.


Deu-lhe mandamentos pelos quais se decidissem todos os
casos; mas reservou para Si o julgamento final, que será em
harmonia com o Seu próprio caráter. Avisou os homens da
pena com que punirá toda a injustiça, maldade, falsidade e
desobediência ao seu governo; cumprirá suas ameaças,
punindo todo o pecado em exata proporção á culpa.
Deus constituiu a consciência juiz na alma do
homem:
"Porque quando os gentios que não têm lei, fazem
naturalmente as coisas que são da lei, não tendo estes lei, para
si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita em
seus corações, testificando juntamente a sua consciência e seus
pensamentos, ora acusando-se, ora defendendo-se", Rm 2.14-
15.
Deu-lhes mandamentos pelos quais se decidissem
todos os casos:
"Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus
disse- lhe: amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de
toda a tua alma e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e
grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás
o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos
dependem toda a lei e os profetas", Mt 22.36-40.
Mas reservou para Si o julgamento final, que será
em harmonia com Seu próprio caráter:
M. Porto Filho 64
Congregacionalismo Brasileiro

"E os céus anunciarão a sua justiça, pois Deus mesmo


é o Juiz", Sl 50.6.
"De sorte que Deus, dissimulando os tempos da
ignorância, anuncia agora a todos os homens e em todo o lugar
que se arrependam, porquanto tem determinado um dia em que
há de julgar o mundo, com justiça, por aquele Varão que
destinou, dando certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos",
At 17.30-31.
Avisou os homens da pena com que punirá toda a
injustiça, maldade, falsidade e desobediência ao seu
governo:
"Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão
debaixo da maldição, porque escrito está: maldito todo aquele
que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no
livro da lei, para fazê-las", G1 3.10.
Cumprirá Suas ameaças punindo todo o pecado em
exata proporção à culpa:
"Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de
Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito no
corpo, ou bem ou mal", II Co 5.10.

ARTIGO 11

Da Perversidade do Homem e do Amor de


Deus

Deus vendo a perversidade, a ingratidão e o desprezo


com que os homens lhe retribuem Seus benefícios e o castigo
que merecem, cheio de misericórdia, compadeceu-se deles;
jurou que não deseja a morte dos ímpios; além disso, amou-os
e mandou declarar-lhes, em palavras humanas, Sua imensa
bondade para com eles; e quando os pecadores nem com tais
M. Porto Filho 65
Congregacionalismo Brasileiro

palavras se importavam, Ele lhes deu a maior prova do Seu


amor enviando-lhes um Salvador que os livrasse
completamente da ruína e miséria, da corrupção e condenação
e os restabelecesse para sempre no Seu favor.
Deus vendo a perversidade, a ingratidão e o
desprezo, com que os homens lhe retribuem Seus benefícios
e o castigo que merecem:
"E não há criatura alguma encoberta diante dEle, antes
todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos dAquele com
quem tratamos", Hb 4.13.
cheio de misericórdia, compadeceu-se deles; jurou
que não deseja a morte dos ímpios:
"Vivo eu, diz o Senhor, Jeová, que não tenho prazer na
morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho e
viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos,
pois por que razão morrereis, ó casa de Israel?", Ez 33.11.
além disso, amou-os e mandou declarar-lhes, em
palavras humanas, Sua imensa bondade para com eles; e
quando os pecadores nem com tais palavras se importavam,
Ele lhes deu a maior prova do Seu amor:
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu
o seu Filho Unigénito, para que todo aquele que nEle crê não
pereça, mas tenha a vida eterna", Jo 3.16.
"Mas Deus recomenda o seu amor para conosco, em
que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo,
muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue seremos
por Ele salvos da ira", Rm 5.8-9.
enviando-lhes um Salvador que os livrasse
completamente da ruína e miséria, da corrupção e
condenação e os restabelecesse para sempre no Seu favor:
"E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou
consigo mesmo, por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da
reconciliação. Porque Deus estava em Cristo reconciliando
M. Porto Filho 66
Congregacionalismo Brasileiro

consigo o mundo, não lhe imputando os seus pecados e pôs em


nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos
embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós
rogasse. Rogo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis
com Deus", II Co 5.18-20.

ARTIGO 12

Da Origem da Salvação

Esta salvação, tão preciosa e digna do Altíssimo


(porque está inteiramente em harmonia com o seu caráter),
procede do infinito amor do Pai, que deu seu Unigénito Filho
para salvar os Seus inimigos.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu
o seu Filho Unigénito, para que todo aquele que nEle crê não
pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu
Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para
que o mundo fosse salvo por Ele. Quem crê nEle não é
condenado, mas quem não crê, já está condenado, porquanto
não crê no nome do Unigénito Filho de Deus", Jo 3.16-18.
"Nisto se manifestou a caridade de Deus para conosco:
que Deus enviou o Seu Filho Unigénito ao mundo, para que por
Ele vivamos", I Jo 4.9.

ARTIGO 13

Do Autor da Salvação

Foi adquirida, porém, pelo Filho, não com ouro, nem


com prata, mas com Seu sangue, pois tomou para Si um corpo
humano e alma humana, preparados pelo Espírito Santo no
M. Porto Filho 67
Congregacionalismo Brasileiro

ventre de uma virgem; assim, sendo Deus e continuando a sê-


lo, se fez homem. Nasceu da Virgem Maria, viveu entre os
homens, como se conta nos Evangelhos, cumpriu todos os
preceitos divinos e sofreu a morte e a maldição como o
substituto dos pecadores, ressuscitou e subiu ao céu. Ali
intercede pelos Seus remidos e para valer-lhes tem todo o
poder no céu e na terra. E nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo, que oferece, de graça, a todo o pecador, o pleno
proveito da Sua obediência e sofrimentos, e o assegura a todos
os que, crendo nEle, aceitam-no por seu Salvador.
Foi adquirida, porém, pelo Filho, não com ouro,
nem com prata, mas com Seu sangue:
"Sabendo que não com coisas corruptíveis, como
prata, ouro, fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que
por tradição recebestes dos pais, mas com o precioso sangue de
Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado", I Pe
1.18-19.
pois tomou para Si um corpo humano e alma
humana:
"E porquanto os filhos participam da carne e do
sangue, também Ele participou do mesmo, para que, pela
morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o
Diabo", Hb 2.14.
preparados pelo Espírito Santo no ventre de uma
virgem:
"E projetando ele isto, eis que num sonho lhe apareceu
um Anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas
receber a Maria como tua mulher, porque o que nela está
gerado é do Espírito Santo", Mt 1.20.
assim, sendo Deus e continuando a sê-lo, se fez
homem:
"No princípio, era o Verbo e o Verbo estava com Deus
e o Verbo era Deus", Jo 1.1.
M. Porto Filho 68
Congregacionalismo Brasileiro

"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória
como a glória do Unigénito do Pai, cheio de graça e verdade",
Jo 1.14.
Nasceu da Virgem Maria, viveu entre os homens:
"Enquanto a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o
Espírito Santo e com virtude, o qual andou fazendo o bem e
curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com
Ele"; At 10.38.
Como se conta nos Evangelhos, cumpriu todos os preceitos
divinos:
"Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me
deste a fazer", Jo 17.4.
"O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou
engano", I Pe 2.22.
e sofreu a morte e a maldição como o substituto dos
pecadores:
"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição
por nós, porque está escrito: maldito todo aquele que não
permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei
para fazê-las", Gl 3.13.
ressuscitou:
"Mas o anjo, falando, disse às mulheres: vós não tenhais medo,
pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Não está
aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o
lugar onde o Senhor jazia", Mt 28.5-6.
e subiu ao céu:
"Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido acima no
céu e sentou-se à direita de Deus", Mc 16.19.
Ali intercede pelos Seus remidos:
"Portanto, pode também salvar perfeitamente aos que por Ele se
chegam a Deus, vivendo sempre a interceder por eles", Hb
7.25.
e para valer-lhe tem todo o poder no céu e na terra:
M. Porto Filho 69
Congregacionalismo Brasileiro

"E chegando Jesus, falou-lhes, dizendo: é-me dado todo o


poder no céu e na terra", Mt 28.18.
E nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:
"Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para
dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados", At
5.31.
Que oferece, de graça, a todo o pecador, o pleno proveito da
Sua obediência e sofrimentos, e o assegura a todos os que,
crendo nEle, aceitam-no por seu Salvador:
"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória
como a do Unigénito do Pai, cheio de graça e verdade", Jo 1.14.
"Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus
não tem a vida", I Jo 5.12.

ARTIGO 14

Da Obra do Espírito Santo no Pecador

O Espírito Santo enviado pelo Pai epelo Filho, usando


das palavras de Deus, convence o pecador dos seus pecados e
de sua ruína, mostra-lhe a excelência do Salvador, move-o a
arrepender-se, a aceitar e a confiar em Jesus Cristo. Assim
produz a grande mudança espiritual chamada nascer de Deus.
O pecador nascido de Deus está desde já perdoado, justificado
e salvo; tem a vida eterna e goza das bênçãos da salvação.
O Espírito Santo enviado pelo Pai:
"E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador,
para que fique convosco para sempre... Mas aquele Consolador,
o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos
tenho dito", Jo 14.16,26.
M. Porto Filho 70
Congregacionalismo Brasileiro

"Mas quando vier o Consolador, que eu da parte do


Pai, vos hei de enviar, a saber, aquele Espírito de verdade que
procede do Pai, Ele testificará de mim", Jo 15.26
e pelo Filho:
"Porém, digo-vos a verdade, que vos convém que eu
vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós; mas,
se eu for, enviar-vo-lo-ei", Jo 16.7.
usando das palavras de Deus:
"Tomai também o capacete da salvação e a espada do
Espírito, que é a palavra de Deus", Ef 6.17.
convence o pecador dos seus pecados e de sua
ruína:
"E, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado,
da justiça e do juízo", Jo 16.8.
mostra-lhe a excelência do Salvador:
"Ele me glorificará, porque há de receber do que é
meu e vô-lo há de anunciar", Jo 16.14.
move-o a arrepender-se, a aceitar e a confiar em
Jesus Cristo. Assim produz a grande mudança espiritual
chamada nascer de Deus:
"Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu
nome, os quais não nasceram do sangue nem da vontade da
carne, nem da vontade do varão, mas de Deus", Jo 1.12-13.
O pecador nascido de Deus está desde já perdoado,
justificado e salvo: tem vida eterna e goza das bênçãos da
salvação:
"Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo
Jesus", Gl 3.26.
"E porque sois filhos, Deus enviou aos vossos
corações o Espírito de Seu Filho que clama, Aba, Pai. Assim
que já não és mais servo, mas filho. E se és filho, também
herdeiro de Deus por Cristo", Gl 4.6-7.
M. Porto Filho 71
Congregacionalismo Brasileiro

"O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que


somos filhos de Deus. E se nós somos filhos, somos logo
herdeiros também: herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo;
se porventura com Ele padecemos para que também com Ele
sejamos glorificados", Rm 8.16-17.

ARTIGO 15

Do Impenitente

Os pecadores que não crerem no Salvador e não


aceitarem a salvação que lhes está oferecida de graça, hão de
levar a punição das suas ofensas, pelo modo e nó lugar
destinados para os inimigos de Deus.
Os pecadores que não crerem no Salvador e não
aceitarem a salvação que lhes está oferecida de graça, hão
de levar a punição das suas ofensas:
"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, porém,
aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus
sobre ele permanece", Jo 3.36.
De modo e no lugar destinados para os inimigos de
Deus:
"Como labareda de fogo, tomando vingança dos que
não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao Evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais por castigo, padecerão
eterna punição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder",
II Ts 1.8-9.
M. Porto Filho 72
Congregacionalismo Brasileiro

ARTIGO 16

Da Única Esperança de Salvação


Para os que morrem sem aproveitar-se desta
salvação, não existe no porvir além da morte um raio de
esperança. Deus não deparou remédio para os que, até o fim
da vida. Neste mundo, perseverarem nos seus pecados.
Perdem-se. Jamais terão alívio.
Para os que morrem sem aproveitar-se desta
salvação, não existe no porvir além da morte um raio de
esperança:
"Por isso, vos disse que morrereis em vossos pecados,
porque se não crerdes o que eu sou, morrereis em vossos
pecados", Jo 8.24.
"Disse, porém, Abraão: filho, lembra-te de que
recebeste os teus bens em tua vida e Lázaro somente males e
agora ele é consolado e tu atormentado. E, além disso, está
posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que
quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tão pouco
os daí passar para cá", Lc 16.25-26.
Deus não deparou remédio para os que, até o fim
da vida neste mundo, perseveram nos seus pecados.
Perdem-se. Jamais terão alívio:
"E qualquer que escandalizar um destes pequeninos,
que crerem em mim, melhor lhe fora que pusessem ao pescoço
uma mó de atafona e que fosse lançado ao mar. E se a tua mão
te escandalizar, corta-a; melhor te é entrar na vida aleijado do
que, tendo duas mãos, ir para o inferno, para o fogo que nunca
se apaga", Mc 9.42-43.
M. Porto Filho 73
Congregacionalismo Brasileiro

ARTIGO 17

Da Obra do Espírito Santo no Crente


O Espírito Santo continua a habitar e a operar
naqueles que faz nascer de Deus; esclarece-lhes a mente mais e
mais com as verdades divinas, eleva e purifica-lhes as afeições
adiantando neles a semelhança de Jesus; estes frutos do
Espírito são provas de que passaram da morte para a vida, e
que são de Cristo.
O Espírito Santo continua a habitar e a operar
naqueles que faz nascer de Deus:
"E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador,
para que fique convosco para sempre. O Espírito de verdade,
que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o
conhece; mas vós o conheceis, porque Ele habita convosco e
estará em vós, Jo 14.16-17.
Esclarece-lhes a mente mais e mais com as
verdades divinas:
"Porém, quando vier aquele Espírito de verdade, Ele
vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo,
mas falará tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas
que hão de vir", Jo 16.13.
eleva e purifica-lhes as afeições adiantando neles a
semelhança de Jesus:
"Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como
um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória
em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor", II
Co 3.18.
Esses frutos do Espírito são provas de que passaram da
morte para a vida, e que são de Cristo:
"Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão,
temperança. Contra estas coisas não há lei", Gl 5.22-23.
M. Porto Filho 74
Congregacionalismo Brasileiro

"Porque vós não estais na carne, mas no Espírito, se é


que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem
o Espírito de Cristo, esse tal não é dele", Rm 8.9.

ARTIGO 18

Da União do Crente com Cristo e do Poder


para o Seu Serviço
Aqueles que têm o Espírito de Cristo estão unidos com
Cristo, e como membros do Seu corpo recebem a capacidade
de servi-lo. Usando desta capacidade procuram viver, e
realmente vivem, para a glória de Deus Seu Salvador.
Aqueles que têm o Espírito de Cristo estão unidos
com Cristo:
"Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne,
antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à Igreja.
Porque somos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus
ossos", Ef 5.29-30.
e como membros do Seu corpo recebem a
capacidade de servi-lo:
"Estai em mim e eu em vós: como a vara de si mesmo
não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim nem vós, se
não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem
está em mim e eu nele esse dá muito fruto, porque sem mim
nada podeis fazer", Jo 15.4-7.
Usando desta capacidade procuram viver, e
realmente vivem, para a glória de Deus Seu Salvador:
"Porque fostes comprados por preço; glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a
Deus", I Co 6.20.
"De sorte que, quer comais quer bebais, ou façais outra
qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus", I Co 10.31.
M. Porto Filho 75
Congregacionalismo Brasileiro

ARTIGO 19

Da União do Corpo de Cristo

A Igreja de Cristo no céu e na terra é uma só 4 e


compõe-se de todos os sinceros crentes no Redentor, os quais
foram escolhidos por Deus, antes de haver mundo para serem
chamados e convertidos nesta vida e glorificados durante a
eternidade.
A Igreja de Cristo no céu e na terra é uma só:
"Do qual toda a família nos céus e na terra toma o
nome", Ef 3.15.
"Há um só corpo e um só Espírito, como também
fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação", Ef
4.4.
e compõem-se de todos os sinceros crentes no
Redentor:

4
Nas Escrituras Sagradas, porém, usa-se deste título muitas vezes no plural
"As Igrejas" (1) e aplica-se no singular (2) a uma associação de crentes em
qualquer cidade como Éfeso, Esmirna ou Rio de Janeiro, congregada no
nome do Salvador para conduzir-se de acordo com as regras que Ele deixou
às suas igrejas.
(1) "Que pela minha vida expuseram as suas cabeças, aos quais nâo só
eu agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios", Rm 16.4.
"As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no
Senhor Áquila e Priscila, com a igreja que está em sua casa", I Co
16.19.
(2) "Saudai também a igreja que está em sua casa. Saudai a Epéneto,
meu amado, que é as primícias da Asia em Cristo", Rm 16.5.
"Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus,
o Pai, e no Senhor Jesus Cristo; Graça e paz tenhais de Deus nosso
Pai e do Senhor Jesus Cristo", Rm 16.5.
"João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz sejam
convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da
dos sete espíritos que estão diante do seu trono , Apl.4.
M. Porto Filho 76
Congregacionalismo Brasileiro

"Porque todos nós fomos também batizados em um


Espírito para um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos,
quer livres e todos temos bebido de um Espírito", I Co 12.13.
os quais foram escolhidos por Deus, antes de haver
mundo:
"NEle, digo, em quem também fomos feitos herança,
havendo sido predestinados conforme o propósito dAquele que
faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade", Ef.
1.11.
para serem chamados e convertidos nesta vida e
glorificados durante a eternidade:
"Porque os que dantes conheceu também predestinou,
para serem conforme à imagem de seu Filho, para que seja o
primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a estes
também chamou. E aos que chamou, a estes também justificou
e aos que justificou, a estes também glorificou", Rm 8.29-30.

ARTIGO 20

Dos Deveres dos Crentes


É de obrigação dos membros de uma igreja local —
reunirem-se para fazer orações e dar louvores a Deus,
estudarem Suas palavras, celebrarem os ritos ordenados por
Ele, valerem uns aos outros e promoverem o bem de todos os
irmãos, — receberem entre si como membros aqueles que o
pedem e que parecerem verdadeiramente filhos de Deus pela
fé, — excluírem aqueles que depois mostram pela
desobediência aos preceitos do Salvador que não são de
Cristo, —e procurarem o auxílio e proteção do Espírito Santo
em todos os seus passos.
É de obrigação dos membros de uma igreja local —
reunirem-se para fazer orações e dar louvores a Deus,
M. Porto Filho 77
Congregacionalismo Brasileiro

estudarem Suas palavras, celebrarem os ritos ordenados


por Ele, valerem uns aos outros e promoverem o bem de
todos os irmãos:
"Porque onde estiverem dois ou três congregados em
meu nome, aí estou eu no meio deles", Mt 18.20.
"Não deixando a nossa reunião como é costume de
alguns, antes, admoestando-nos uns aos outros, e tanto mais
quando virdes que se vai chegando aquele dia", Hb 10.25.
— receberem entre si como membros aqueles que o
pedem e que parecerem verdadeiramente filhos de Deus
pela fé:
"Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não
com contendas sobre dúvidas", Rm 14.1.
— excluírem aqueles que depois mostram pela
desobediência aos preceitos do Salvador que não são de
Cristo:
"Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas
presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente,
que o tal que assim cometeu, em nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, junto vós e o meu espírito, em virtude de nosso Senhor
Jesus Cristo, seja entregue a Satanás, para destruição da carne,
para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus", I Co 5.3-
5.
"Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o
entre ti e ele só: se te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se te não
ouvir, porém, leva ainda contigo um ou dois para que pela boca
de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E
se os não escutar, dize-o à Igreja. E se também não escutar a
Igreja, considera-o como um gentio e publicano", Mt 18.15-17.
— e procurarem o auxílio e proteção do Espírito
Santo em todos os seus passos:
"Digo-vos, porém: andai em Espírito e não cumprireis
a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o
M. Porto Filho 78
Congregacionalismo Brasileiro

Espírito e o Espírito contra a carne. E estes opõem-se um ao


outro, para que não façais o que quereis. Porém, se sois guiados
pelo Espírito, não estais debaixo da lei, porque as obras da
carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação,
imundícia, dissolução, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias,
emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas,
homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas,
acerca das quais vos declaro, como já dantes vos disse, que os
que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o
fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra tais
coisas não há lei. Porém, os que são de Cristo, crucificaram a
carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivermos em
Espírito, andemos também em Espírito", G1 5.16-25.
"Porque os que são segundo a carne inclinam-se para
as coisas da carne. Mas os que são segundo o Espírito para as
coisas do Espírito... O mesmo Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus", Rm 8.5,16.

ARTIGO 21

Da Obediência dos Crentes


Ainda que os salvos não obtenham a salvação, pela sua
obediência à lei senão pelos merecimentos de Jesus Cristo,
recebem a lei e todos os preceitos de Deus como um meio pelo
qual Ele lhes manifesta Sua vontade sobre o procedimento dos
remidos e guardam-nos tanto mais cuidadosa e gratamente por
se acharem salvos de graça5.

5
O tributar culto a qualquer criatura, quer seja homem, anjo, cruz, livro ou
imagem, ou, a Deus por meio deles, opõe-se inteiramente a estes preceitos e
a todo o gênio do verdadeiro Cristianismo.
M. Porto Filho 79
Congregacionalismo Brasileiro

Ainda que os salvos não obtenham a salvação, pela


sua obediência à lei senão pelos merecimentos de Jesus
Cristo:
"Porque pela graça sois salvos por meio da fé e isto
não vem de vós: é dom de Deus. Não vem das obras, para quem
ninguém se glorie", Ef 2.8-9.
recebem a lei e todos os preceitos de Deus como um
meio pelo qual Ele lhes manifesta Sua vontade sobre o
procedimento dos remidos:
"Se me amais, guardai os meus mandamentos", Jo
14.15. "Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus,
quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.
Porque esta é a caridade de Deus: que guardemos os seus
mandamentos e os seus mandamentos não são pesados", I Jo
5.2-3.
e guardam-nos tanto mais cuidadosa e gratamente
por se acharem salvos de graça:
"Mas, quando apareceu a benignidade e caridade de
Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras
que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos
salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito
Santo, o qual abundantemente derramou sobre nós, por Jesus
Cristo nosso Salvador, para que, sendo justificados pela sua

"Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de
escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos ceus, nem
embaixo da terra, nem nas aguas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas
nem as servirás, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito
as maldades dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que
me aborrecem", Ex 20.3-5.
"Ninguém vos domine, a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto
dos anjos, metendo-se em coisas que nunca viu; estando debalde inchado no
sentido da sua carne; e não estando ligado a cabeça, da qual todo corpo,
provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de
Deus", Cl 2.18-19.
M. Porto Filho 80
Congregacionalismo Brasileiro

graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida


eterna. Fiel é esta palavra e isto quero que deveras afirmes, para
que os que creem em Deus procurem aplicar- se às boas obras.
Estas coisas são boas e proveitosas aos homens", Tt 3.4-8.

ARTIGO 22

Do Sacerdócio dos Crentes e dos Dons do


Espírito
Todos os crentes sinceros são sacerdotes para
oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus
Cristo, que é o Mestre, Pontífice e único Cabeça da sua Igreja;
mas como Governador da sua Casa estabeleceu nela diversos
cargos como de Pastor, Presbítero, Diácono e Evangelista;
para eles escolhe e habilita, com talentos próprios, aos que Ele
quer para cumprirem os deveres destes ofícios, e quando
existem devem ser reconhecidos pela Igreja como preparados e
dados por Deus.
Todos os crentes sinceros são sacerdotes para
oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus
Cristo:
"Vós, também, como pedras vivas, sois edificados casa
espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios
espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Pelo que
também nas Escrituras se contêm: eis que ponho em Sião a
pedra principal de esquina, eleita e preciosa, e quem nela crer
não será confundido. Assim que para vós, os que credes é
preciosa, mas para os rebeldes a pedra que os edificadores
reprovaram essa foi feita a cabeça da esquina. E uma pedra de
tropeço e rocha de escândalo para aqueles que tropeçaram na
palavra, sendo desobedientes, para o que também foram
destinados. Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a
M. Porto Filho 81
Congregacionalismo Brasileiro

nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes


dAquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz", I Pe 2.5-9.
"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus, que é o vosso culto racional", Rm 12.1.
que é o Mestre:
"Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque
um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo: e todos vós sois
irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só
é o vosso pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres,
porque um só é o vosso Mestre, que é Cristo", Mt 23.8-10.
Pontífice:
"Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação
celestial, considerai a Jesus Cristo, Apóstolo e Sumo Pontífice
da nossa confissão", Hb 3.1.
e único Cabeça da sua Igreja:
"E sujeitou todas as coisas a seus pés e sobre todas as
coisas o constituiu por cabeça da sua Igreja", Ef 1.22.
mas como Governador da sua Casa:
"Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa, a
qual somos nós, se tão-somente retivermos firme a confiança e
a glória da esperança até o fim", Hb 3.6.
estabeleceu nela diversos cargos:
"E a uns pôs na Igreja: primeiramente, os apóstolos;
em segundo lugar, os profetas; em terceiro lugar, os doutores;
depois, os milagres, os dons de curar, socorros, governos,
variedades de línguas", I Co 12.28.
como de Pastor:
"E Ele mesmo deu uns para profetas e outros para
pastores, outros para evangelistas, e outros para mestres", Ef
4.11.
Presbítero:
M. Porto Filho 82
Congregacionalismo Brasileiro

"Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o


episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo
(ou presbítero) seja irrepreensível, marido de uma mulher,
vigilante, sábio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não
dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe
ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento, que
governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição,
com toda a modéstia (porque se alguém não sabe governar a
sua própria casa, como terá cuidado da Igreja de Deus?). Não
neófito, para que, ensoberbendo-se, não caia na condenação do
Diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que
estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do Diabo",
I Tm 3.1-7.
Diácono:
"Da mesma sorte, os diáconos sejam honestos, não de
língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe
ganância, tendo o ministério da fé em pura consciência e
também estes sejam primeiro aprovados, depois, sirvam, e se
forem irrepreensíveis; da mesma sorte as suas mulheres sejam
honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em todas as coisas.
Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem a
seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem
adquirirão para si um bom grau e muita confiança na fé que há
em Jesus Cristo", I Tm 3.8-13.
e Evangelista: para eles escolhe e habilita, com
talentos próprios, aos que Ele quer para cumprirem os
deveres destes ofícios:
"Para aperfeiçoamento dos santos, para obra do
ministério, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos
cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de
Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de
Cristo", Ef 4.12-13.
M. Porto Filho 83
Congregacionalismo Brasileiro

"Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que


sou justamente como eles, presbítero e testemunha dos
sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há
de ser revelada: apascentai o rebanho de Deus que há entre vós,
não por constrangidos, mas espontaneamente, como Deus quer,
nem por sórdida ganância, mas de boa vontade", I Pe 5.1-2.
e quando existem devem ser reconhecidos pela
Igreja como preparados e dados por Deus:
"E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que
trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor e vos
admoestam. E tende-os em grande estima e amor, por causa da
sua obra. Tende paz entre vós", I Ts 5.12-13.
"Recebei-o, pois, no Senhor, com todo o gozo e tende
em honra aos tais", Fl 2.29.

ARTIGO 23

Da Relação de Deus para com o Seu Povo


O Altíssimo Deus atende as orações que, com fé, em
nome de Jesus, o único Mediador entre Deus e os homens, Lhe
são apresentas pelos crentes, aceita os seus favores e
reconhece como feito a Ele, todo o bem feito aos Seus.
O Altíssimo Deus atende as orações:
“Também vos digo que se dois de vós concordarem na
terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito
por meu Pai, que está nos céus”, Mt 18.19.
que, com fé, em nome de Jesus, o único Mediador
entre Deus e os homens, lhe são apresentadas pelos crentes:
“Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus
e os homens, Jesus Cristo, homem”, I Tm 2.5.
entre Deus e os homens, Lhe são apresentadas pelos
crentes aceita os seus louvores:
M. Porto Filho 84
Congregacionalismo Brasileiro

“A palavra de Cristo habite em vós, abundantemente,


em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos
outros com palavras, hinos e cânticos espirituais, cantando ao
Senhor com graça no vosso coração.
E, quando fizerdes por palavras ou obras, fazei tudo
em nome do Senhor Jesus dando por Ele graças a Deus Pai”, Cl
3.16-17.
e reconhece como feito a Ele, todo o bem feito aos
Seus:
“E respondendo o Rei lhes dirá: em verdade vos digo
que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a
mim o fizeste... Em verdade vos digo que, quando a um destes
pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim”, Mt 25.40-45.

ARTIGO 24

Da Lei Cerimonial e dos Ritos Cristãos

Os ritos judaicos, divinamente instituídos pelo


ministério de Moisés, eram sombras de bens vindouros e
cessaram quando os mesmos bens vieram; os ritos cristãos são
somente dois: o batismo com água e a Ceia do Senhor.
Os ritos judaicos, divinamente instituídos pelo
ministério de Moisés, eram sombras de bens vindouros e
cessaram quando os mesmos bens vieram:
“Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a
imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que
continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a
eles se chegam”, Hb 10.1.
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer ou pelo
beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos
M. Porto Filho 85
Congregacionalismo Brasileiro

sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de


Cristo”, Cl 2.16-17.
os ritos cristãos são somente dois: o batismo com
água:
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, Mt 28.19.
“Respondeu então Pedro: pode alguém, porventura,
impedir a água, para que não sejam batizados estes, que
também receberam como nós o Espírito Santo? E mandou que
fossem batizados em nome do Senhor. Então rogaram-lhe que
ficassem com eles por alguns dias”, At 10.47.
e a ceia do Senhor:
“E quando comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-
o partiu e o deu aos seus discípulos e disse: tomai, comei, isto é
o meu corpo. E tomando o cálice e dando graças, deu-lhes,
dizendo: bebei dele todos. Porque isto é o meu sangue, o
sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para
remissão dos pecados”, Mt 26.26-28.
"Porque eu recebi do Senhor o que também vos
ensinei: que o Senhor Jesus na noite em que foi traído tomou o
pão e tendo dado graças o partiu dizendo: tomai, comei; isto é o
meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de
mim. Semelhantemente, também depois de cear, tomou o
cálice, dizendo: este cálice é o Novo Testamento no meu
sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de
mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes
este cálice anunciais a morte do Senhor até que venha.
Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do
Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do
Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo e assim coma
deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe
indignamente, come e bebe para si mesmo o juízo, não
discernindo o corpo do Senhor", I Co 11.23-29.
M. Porto Filho 86
Congregacionalismo Brasileiro

ARTIGO 25

Do Batismo com Agua


O batismo com água foi ordenado por Nosso Senhor
Jesus Cristo como figura do batismo verdadeiro e eficaz, feito
pelo Salvador quando envia o Espírito Santo para regenerar o
pecador. Pela recepção do batismo com água, a pessoa
declara que aceita os termos do pacto em que Deus assegura
aos crentes as bênçãos da salvação.
"E eu, em verdade, vos batizo com água, para o
arrependimento, mas Aquele que vem após mim é mais
poderoso do que eu, cujas alparcas não sou digno de levar. Ele
vos batizará com o Espírito Santo e com fogo", Mt 3.11.
"Porque todos nós fomos também batizados em um
Espírito para um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos,
quer livres e todos temos bebido de um Espírito", I Co 12.13.
"De sorte que foram batizados os que de bom grado
receberam a sua palavra e naquele dia ajuntaram-se à Igreja
quase três mil almas", At 2.41.
"Mas como creram em Filipe, que lhes pregava acerca
do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam,
tanto homens como mulheres", At 8.12.

ARTIGO 26

Da Ceia do Senhor
Na Ceia do Senhor como foi instituída por Nosso
Senhor Jesus Cristo, o pão e o vinho representam vivamente ao
coração do crente o corpo que foi morto e o sangue que foi
derramado no Calvário 6 ; e participar do pão e do vinho
6
A ideia de que o pão e o vinho tornam-se em Deus e devem ser adorados
opõe- se aos sentidos, à razão e às Sagradas Escrituras. Adorá-los é idolatria.
M. Porto Filho 87
Congregacionalismo Brasileiro

representa o fato que a alma recebeu seu Salvador. O crente


faz isto em memória do Senhor, mas é da sua obrigação
examinar-se primeiro fielmente quanto á sua fé, seu amor e seu
procedimento.
Na Ceia do Senhor como foi instituída por Nosso
Senhor Jesus Cristo, o pão e o vinho representam
vivamente ao coração do crente o corpo que foi morto e o
sangue que foi derramado no Calvário:
"Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é
a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é,
porventura, a comunhão do corpo de Cristo?", I Co 10.16.
e participar do pão e do vinho representa o fato que
a alma recebeu seu Salvador. O crente faz isto em memória
do Senhor, mas é da sua obrigação examinar-se primeiro
fielmente quanto à sua fé, seu amor e seu procedimento:
"Examine-se, pois, o homem a si mesmo e assim coma
deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe
indignamente come e bebe para si mesmo o juízo, não
discernindo o corpo do Senhor", I Co 11.28-29.

ARTIGO 27

Da Segunda Vinda do Senhor


Nosso Senhor Jesus Cristo virado céu como homem,
em Sua própria glória e na glória de Seu Pai, com todos os
santos e anjos; assentar-se-á no trono da Sua glória e julgará
todas as nações.
Nosso Senhor Jesus Cristo virá do céu como
homem: "Os quais, então, disseram: varões galileus, porque
estais olhando para o céu? Esse Jesus que dentre vós foi

"Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes este cálice
anunciais a morte do Senhor, até que venha", I Co 11.26.
M. Porto Filho 88
Congregacionalismo Brasileiro

recebido acima no céu, há de vir, assim como para o céu o


viste ir", At 1.11. em Sua própria glória:
"E quando o Filho do homem vier em sua glória e
todos os santos anjos com Ele, então se sentará no trono de sua
glória", Mt 25.31.
e na glória de Seu Pai:
"Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai,
com os seus anjos, e, então, dará a cada um segundo as suas
obras", Mt 16.27.
com todos os santos:
"Então, virá o Senhor meu Deus e todos os santos
contigo, ó Senhor", Zc 14.5.
e anjos:
“E quando o Filho do homem vier em sua glória e
todos os santos com Ele”, Mt 25.31.

ARTIGO 28

Da Ressurreição para Vida ou para a


Condenação

Vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho


de Deus e ressuscitarão, os mortos em Cristo ressurgirão
primeiro; os crentes que nesse tempo estiverem vivos serão
mudados, e sendo arrebatados estarão para sempre com o
Senhor; os outros também ressuscitarão, mas para a
condenação.
Vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do
Filho de Deus e ressuscitarão:
"Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e
agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os
M. Porto Filho 89
Congregacionalismo Brasileiro

que a ouvirem viverão. Porquanto como o Pai tem a vida em si


mesmo, assim também deu ao Filho ter a vida em si mesmo. E
deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem.
Não vos maravilhei? disto, porque vem a hora em que todos os
que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o
bem sairão para a ressurreição da vida e os que fizeram o mal
para a ressurreição da condenação" Jo 5.25-29.
os mortos em Cristo ressurgirão primeiro:
"Porque assim como todos morrem em Adão, assim
também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por
sua ordem: Cristo as primícias; depois, os que são de Cristo, na
sua vinda", I Co 15.22 23.
"Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes
acerca dos que dormem, para que vos não entristeçais, como
também os demais que não têm esperanças. Porque, se cremos
que Jesus morreu e ressuscitou, assim também, aos que em
Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com Ele. Dizemo-vos,
portanto, isto pela palavra do Senhor, que nós os que ficarmos
vivos para a vinda do Senhor não precederemos os que
dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu, com alarido
e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus, e os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro", I Ts 4.13-16.
os crentes que nesse tempo estiverem vivos serão
mudados:
"E aqui vos digo um mistério: na verdade, nem todos
dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento,
num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque
a trombeta soará e os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós
seremos transformados", I Co 15.51,52.
e sendo arrebatados estarão para sempre com o
Senhor:
M. Porto Filho 90
Congregacionalismo Brasileiro

"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e


com voz de arcanjo e com trombeta de Deus e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro", I Ts 4.16.
os outros também ressuscitarão, mas para a
condenação:
"E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da
vida e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação",
Jo 5.29.
A Igreja Evangélica Fluminense reconhece estas
doutrinas como indubitavelmente fundadas nas palavras de
Deus e, portanto, inabalavelmente fixas; e resolve que
ninguém, senão os que aceitam estas doutrinas, como de Deus,
terá parte na administração de quaisquer bens que venham a
pertencer a esta Igreja, em cujo nome assinamos.

Rio de Janeiro, 2 de julho de 1876.


Pastores:
Dr. Robert Reid Kalley e
João Manuel Gonçalves dos Santos
Presbíteros:
Francisco da Gama
Francisco de Souza Jardim
Bernardino Guilherme da Silva
Diáconos:
João Severo de Carvalho
Antônio Soares de Oliveira
Manoel Antônio Dias França
José Antônio Dias França
Manoel Joaquim Rodrigues
Manoel José da Silva Viana
Antônio Vieira de Andrade
M. Porto Filho 91
Congregacionalismo Brasileiro

Questões para estudo


M. Porto Filho 92
Congregacionalismo Brasileiro

CAPÍTULO 1

UMA PALAVRA DE INTRODUÇÃO GERAL

PARTE I
1. Como eram chamadas originalmente as igrejas do tipo
congregacional?
2. Quais são os três regimes gerais de estruturação eclesiástica?
3. Como é o regime congregacional?

PARTE II
1. Como se define o congregacionalismo ou como se tem
definido o congregacionalismo?
2. As igrejas congregacionais, por serem independentes, são
isoladas umas das outras? Como e quando elas se unem?
3. As decisões de uma sociedade congregacional se tornam
legítimas com uma maioria de votos ou quando se
harmonizam t concordam com a vontade e os propósitos de
Deus?

CAPÍTULO 2

INFORMAÇÃO HISTÓRICA DO
CONGREGACIONALISMO

PARTE I
1. Devido à ação de Isabel, rainha da Inglaterra, no que dizia
respeito à Igreja, surgiram grupos dissidentes. De qual desses
grupos se originou o sistema eclesiástico congregacionalista?
M. Porto Filho 93
Congregacionalismo Brasileiro

2. O congregacionalismo eclesiástico exprime apenas uma


estrutura de governo da Igreja? Essa estrutura se resulta de
quê?
3. Onde se deram as primeiras manifestações dessas
comunidades congregacionalistas?
4. O que prescrevia a "Declaração de Fé" divulgada em 1561?
5. Quando e onde ocorreram as primeiras manifestações
históricas de comunidades congregacionalistas?
6. Quem foi o mais antigo pastor de uma comunidade tipo
congregacionalista, em Londres? Por que é assim
considerado?
7. Como se chama o clérigo anglicano que adotou ideias
congregacionalistas e fundou uma congregação
independente?
8. O que Robert Browne expôs no seu trabalho intitulado
"Reformação sem esperar por ninguém"?
9. Quais foram os primeiros congregacionais enforcados por
causa de suas ideias? Quando e onde ocorreu tal fato?
10. A congregação independente de Scrooby originou-se de qual
comunidade e onde se reunia?
11. Por que os crentes de Scrooby exilaram-se na Holanda?
Quando isto ocorreu? Quem era o pastor?
12. Por que Robinson mudou a localização de sua congregação?
13. O que fez Henry Jacob?
14. O que ocorreu em 1620?
15. Os peregrinos que emigraram da Holanda para o Novo
Mundo assinaram um Pacto. O que há de importante neste
Pacto?

PARTE II
1. Como se chama a Igreja que os colonos anglicanos
estabeleceram em Salém?
M. Porto Filho 94
Congregacionalismo Brasileiro

2. O nome da Igreja fundada pelos colonos anglicanos foi


adotado por convicção doutrinária? Por que este nome foi
adotado?
3. Por que os congregacionais americanos foram levados a unir-
se à Igreja Cristã em 1871?
4. O que aconteceu com os congregacionais americanos e
ingleses nos anos de 1858 e 1872, respectivamente ?

PARTE III
1. Eclesiasticamente, qual era a origem do Dr. Kalley?
2. Em suas concepções sobre pastorado e sobre igreja, Kalley se
aproximava muito do fundador da primeira Igreja
Congregacional. Devido a isto, o que aconteceu quando ele
fundou a primeira Igreja no Brasil?
3. Por que Kalley não adotou inicialmente o nome
congregacional?
4. Quando o nome congregacional foi adotado por nossa
Denominação? Como se chamou a Denominação nesta
época?

CAPÍTULO 3

DOIS IMPORTANTES LIVROS DE


REFERÊNCIA E CONSULTA
1. Quais são os axiomas de que trata o livro "Axiomas de
Religião" que examina a teologia congregacional?
2. Quantos e quais são os princípios fundamentais e
característicos do congregacionalismo tratados rio livro do
Dr. Dale?
M. Porto Filho 95
Congregacionalismo Brasileiro

CAPÍTULO 4

PRINCÍPIOS CONGREGACIONALISTAS

PARTE I - IGREJA
1. Teologicamente o que é igreja?
2. O que é igreja, historicamente falando?
3. Que modelo de igreja pode ser provado biblicamente: igreja
local ou uma Igreja Nacional em termos de estrutura e
organização?
4. Qual é o objetivo final de cada comunidade local? Quais os
textos bíblicos que comprovam isto?

PARTE II - AUTONOMIA E SOBERANIA DAS


IGREJAS LOCAIS
1. O que significa autonomia de uma igreja?
2. Onde reside o poder supremo de uma igreja?
3. O que significa a "independência" de uma igreja segundo o
congregacionalismo?
4. Quando é que uma decisão de uma assembleia democrática
possui legitimidade cristã?
5. Em casos de divergências ou erros em uma decisão de
Assembleia, como devem agir os congregacionais?

PARTE III - IGREJAS LOCAIS E COMUNIDADE DE


IGREJAS
1. O que caracteriza uma comunidade como Igreja?
2. A que se obrigam as igrejas congregacionais quando se unem
para o trabalho comum?
3. Igrejas congregacionais podem unir-se em Federações,
Alianças ou Uniões. Como se chama o grupo
denominacional que une as Igrejas Congregacionais do
Brasil ?
M. Porto Filho 96
Congregacionalismo Brasileiro

4. A ordenação do pastor é feita pela União, mas a pedido de


quem?
5. Quais são as relações que unem uma Igreja Congregacional à
denominação?

PARTE IV - OFICIAIS ECLESIÁSTICOS


1. Quais são os oficiais de uma igreja congregacional?
2. Quais as funções do pastor?

PARTE V - RECEPÇÃO E DISCIPLINA DE MEMBROS


DE UMA COMUNIDADE LOCAL

1. Quais são os modos de recepção de membros em uma igreja


congregacional?
2. Um membro disciplinado de uma igreja, nesta condição poc
ser recebido por outra?
3. Com que objetivo uma igreja local deve exercer disciplina?
4. Quem, na igreja, tem o poder de receber ou disciplinar
membros?

PARTE VI - AS ORDENANÇAS ECLESIÁSTICAS


1. As ordenanças têm o poder de conferir alguma graça aos que
batizam e aos comungantes?
2. Quantas e quais são as ordenanças?
3. Qual o tipo de batismo adotado pelas igrejas congregacionais
do Brasil ?
4. As igrejas congregacionais do Brasil batizam crianças? Por
que?
M. Porto Filho 97
Congregacionalismo Brasileiro

CAPÍTULO 5

DA ESCOLA DOMINICAL DE PETRÓPOLIS À


ATUAL UNIÃO
1. Perseguido na Ilha da Madeira, como o Dr. Kalley conseguiu
fugir?
2. Como se chamava o livro lido pelo Dr. Kalley e que o
despertou para vir para o Brasil?
3. Em que dia e ano Kalley e Sarah chegaram ao Brasil?
4. Qual foi a data em que eles partiram de volta para a
Inglaterra?
5. Em quantos períodos se divide a história do
congregacionalismo brasileiro?

OS PERÍODOS DO CONGREGACIONALISMO
BRASILEIRO

PRIMEIRO PERÍODO
1. Quais as datas limites do primeiro período?
2. O que aconteceu em 19 de agosto de 1855?
3. Como se chamavam os portugueses que, inicialmente,
vieram ajudar ao casal Kalley?
4. O trabalho no Rio iniciou-se em casa de quem?
5. Como se chamava o primeiro brasileiro batizado pelo Dr.
Kalley?
6. Quando foi fundada a Igreja Evangélica Fluminense, a
primeira do Brasil?
7. Em que lugar, na cidade de Niterói, firmou-se inicialmente o
trabalho Congregacional?
8. Apesar das perseguições, Kalley consegue muitas vitórias.
Aponte algumas dessas vitórias.
9. Inicialmente, isto, em sua primeira publicação, quantos hinos
continha os Salmos e Hinos?
10. Qual foi a data da primeira publicação de Salmos e Hinos?
M. Porto Filho 98
Congregacionalismo Brasileiro

11. Qual foi a data da fundação da Igreja Evangélica


Pernambucana?
12. Como se chamava o co-pastor da Igreja Evangélica
Fluminense e substituto de Kalley?
13. Como se chama o esboço doutrinário que Kalley deixou ao
se retirar para a Inglaterra?

Segundo período
1. Quais as datas limites do segundo período?
2. Em que data se deu o falecimento de Kalley?
3. O que aconteceu em 1890?
4. O que aconteceu em 1892?
5. O que foi que fizeram D. Sarah e Dr. João Gomes da
Rocha em 1892?
6. O que foi que aconteceu, de muita importância, em 6 de
julho de 1913?
7. Quais foram as igrejas e quais os pastores que estiveram
presentes da Convenção de 1913?
8. Onde foi realizada a Convenção de 1913?

Terceiro período
1. Como se chama e quando aconteceu o terceiro período?
2. Quando começou a funcionar o Seminário Evangélico
Congregacional?
3. Quais foram os primeiros professores e os primeiros
alunos deste seminário?
4. O que aconteceu com O Cristão neste período?
5. O que, de importante, aconteceu na 10ª Convenção?
M. Porto Filho 99
Congregacionalismo Brasileiro

6. Quais foram os líderes do congregacionalismo que


faleceram neste período?

Quarto período
1. Em que data se deu este período?
2. Neste período os congregacionais se uniram com quem?
3. Como se chamou esta União?
4. Quantas igrejas passou a ter esta União, quando de sua
organização?
5. O que aconteceu com a Missão Evangelizadora de
1958?
6. Por que 1945, 1950 e 1953 são datas ou anos
importantes?
7. Em 1960 organizou-se uma ala dissidente da União.
Como se chamou essa ala e por que ela se formou?
8. O que aconteceu em 1968 e 1969?

Quinto período
1. Como pode ser chamado o quinto período e quando ele
começou?
2. Em quantas Regiões foi dividida a União, inicialmente?
3. Quantas eram as igrejas no início deste período?
4. Qual é o objetivo dos Planos Diretores, que passaram a
ser adotados a partir do início deste período?
5. Neste período foram adquiridas a Sede própria e a
Gráfica Congregacional. Onde se localizavam?
6. O que aconteceu de importante com os Seminários do
Rio e do Recife?
7. Quantas Regiões possui a União atualmente?
M. Porto Filho 100
Congregacionalismo Brasileiro

UNIÃO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS CONGREGACIONAIS DO BRASIL

Um Só Caminho...
CRISTO
M. Porto Filho 101
Congregacionalismo Brasileiro

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