ALCINÓPOLIS: UMA GALERIA NATURAL DE ARTE RUPESTRE

Alcinópolis, MS

Organizador: Marcos Antonio dos Reis

Autores: Gilson Rodolfo Martins, Emília Mariko Kashimoto, Laura Roseli Pael Duarte
e Lia Raquel Toledo Brambilla Gasques
Coordenadora de Produção: Ara de Andrade Martins
Design Gráfico: Luís Henrique Pereira de Paula
Fotos: Marcos Antonio dos Reis
Edição de Imagens: Luís Henrique Pereira de Paula
Revisão Ortográfica: Ara de Andrade Martins e Gilson Rodolfo Martins
Impressão e acabamento: Gráfica CGR

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Bibliotecária: Rosilene de Melo Oliveira CRB 2582-1

A352 Alcinópolis : uma galeria natural de arte rupestre / Marcos Antonio dos
Reis (organizador). – São Bernardo do Campo : Avante, 2023.
100 p. : il. (algumas color). 21 cm.

ISBN 978-65-84767-58-4

1. Pinturas rupestres - Brasil. 2. Arte pré-histórica - Brasil. 3. Brasil antiguidades. I. Reis,

Marcos Antonio dos. II. Título. III. Título: uma galeria natural de arte rupestre.
CDD 709.01130981

Copyright 2023 by EDITORA AVANTE

E-mail: heyderbartz@gmail.com

IMPRESSO NO BRASIL
 Sumário
Apresentação
Marcos Antonio dos Reis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Introdução
Lia Raquel Toledo Brambilla Gasques
Laura Roseli Pael Duarte. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Amostragem fotográfica e breve análise descritiva
dos sítios arqueológicos com “arte rupestre” em
Alcinópolis
Gilson Rodolfo Martins
Emília Mariko Kashimoto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Templo dos Pilares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Pata da Onça. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Gruta do Urutau I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Gruta do Urutau II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Gruta do Amblipígio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Gruta da Mesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Morro das Torres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Gruta da Tapera. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Gruta Bonita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Gruta da Claraboia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Gruta do Pitoco 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Gruta do Pitoco II. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Sucupira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Abrigo do Areia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Casa de Pedra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Arco de Pedra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Painel do Antropomorfo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Tampa do Limeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Arco do Limeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Rocha do Limeira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Pedra do Conforto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Barro Branco I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Barro Branco II. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .74
Barro Branco III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Barro Branco IV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Barro Branco V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Barro Branco VI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Barro Branco VII. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
São José. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Fidalgo I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Fidalgo II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Fidalgo III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Gruta Montanha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Primavera. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Varjão I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Varjão II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
 9

Apresentação

A
arte rupestre em suas diversas formas é encontrada até nos mais complexos da natureza humana, acrescentando, assim, novos capítulos
recônditos cantos do planeta e testemunha o passado humano nas narrativas sobre os primeiros povoadores humanos do centro-oeste
e sua evolução em povos e civilizações muito diferentes. Como brasileiro.
nós, cada uma dessas pessoas também tinha sua própria visão de mun- Com a publicação e circulação deste livro pretendemos com-
do e de si mesma e, assim, os autores dessas manifestações artísticas partilhar, por meio de fotografias, os registros remanescentes das nos-
deixaram registradas para a posteridade suas impressões, suas neces- sas primeiras expressões “artísticas” grafadas nas rochas. Fique assim
sidades, cenas quotidianas e ritualísticas, além de elementos abstratos, atestado que, havia muito tempo, as pessoas sabiamente escolheram
culturais e ambientais que figuravam em suas vivências. Desse modo, viver por aqui... como nós!
concederam um legado às futuras gerações que felizmente se conservou
ao longo do tempo como o rico patrimônio cultural e artístico fortuita-
mente encontrado no município de Alcinópolis-MS e que será apresen- hhh
tado ao leitor, de forma panorâmica, nas páginas seguintes desta obra.
É fascinante saber que esse passado, casualmente, segue conos-
co, preservado nas paredes de abrigos, grutas e rochas espalhadas nas Marcos Antonio Dos Reis
unidades de conservação e áreas particulares dessa região, formando (Marcão)
assim uma galeria natural de arte rupestre. Diversos painéis represen- Organizador
tativos do mosaico cultural composto pelos diferentes povos que habi-
taram nesse território, em um passado remoto, muito antes, ainda, da
chegada dos primeiros índios, estão disponíveis para a apreciação dos
estudiosos e daqueles que buscam se aproximar das raízes culturais do
ser humano, até mesmo para ressignificá-las. Mesmo para as pessoas
leigas sobre o conhecimento da pré-história de Mato Grosso do Sul, a
admiração, a curiosidade e a sensação de embarcar em uma viagem ao
passado toma conta do nosso imaginário quando nos deparamos com a Marcos Antonio dos Reis
presença da realidade arqueológica através da arte rupestre. (Marcão)
O intuito desta obra é contribuir modestamente com meios au- Organizador
xiliares para um melhor conhecimento dos aspectos mais profundos e

Introdução
R
upestre se diz daquilo que pertence ou que é relativo às rochas.
Por extensão, esse adjetivo é usado com referência ao que é pri-
mitivo, não confundir com não elaborado. A arte pré-histórica
é extremamente diversa e contém não apenas desenhos e entalhes (os
quais chamamos de petróglifos), mas também utensílios, artefatos de
uso geral, adornos para fins funerários, etc.
Hoje em dia, encontramos nas paredes externas e internas de
cavernas, abrigos e até mesmo em lajedos representações de cenas de
caça, cotidiano, mapas, astronomia e símbolos indecifráveis. A tendên-
cia é tentar associá-los a algo que conhecemos e a algo que nos é fa-
miliar, mas o anacronismo pode nos levar a entender erroneamente os
seus significados e as verdadeiras pretensões do que está exposto nessas
mensagens.
Será que realmente tudo o que foi produzido era intencional?
Será que as pessoas contavam histórias ao redor do fogo e as ilustravam
nas paredes? Será que faziam marcas de família ou deixavam pistas e
mapas gravados para outras pessoas? Ou crianças primeiramente per-
ceberam que podiam rabiscar com os minerais e plantas que estavam
ao redor delas?
Aparentemente tudo pode estar correto... ou não! Como hoje,
os signos pintados ou cravados nas rochas podem ter inúmeros signifi-
cados e seus sentidos têm a ver com o tempo e a cultura em que foram
criados. Grande parte do conhecimento gerado no campo da compre-
ensão da “arte rupestre” está calcada no sistema de comparação e as-
sociação de padrões. Embora se idealize a pretensão em compreender,
desvendar e interpretar algum motivo representado, já se sabe de an-
temão que essa é uma atividade complexa em se realizar, pelo simples
fato de que a percepção humana e o contexto cultural no passado eram
bem diferentes do contemporâneo. Assim, tais signos registrados nas
paredes rochosas, talvez, não representassem para os autores e comu-
11
nidades pretéritas aqueles sentidos que lhe são atribuídos no presente.
Entretanto, alguns signos figurativos ou até mesmo abstratos, são relati-
vamente passíveis de identificação e reconhecimento no presente quan-
do são postos em um determinado contexto e são analisados através de
um exercício cognitivo minucioso e analítico.
Apesar de ser uma atividade complexa a de interpretar o sig-
nificado das mensagens do passado, pode-se, ao mínimo, perceber o
movimento social em um território e como esses humanos que habita-
ram no lugar conhecido hoje como Alcinópolis se relacionavam com a
região e faziam uso desse espaço através de uma análise comparativa a
respeito da disposição das imagens, da localização do sítio arqueológico
e do seu entorno, do período temporal obtido através de datação, técni-
ca e estilos empregados na produção dessa ”arte rupestre”. Mas o que é
isso realmente? Porque aos povos originários deixaram essas inscrições
e pinturas nas paredes rochosas da região? Como eles as produziam?
Seria um legado para nós?
Para realizar esses registros gráficos nos suportes rochosos,
primeiramente, aqueles homens e mulheres do passado deveriam ter
uma autonomia de pensamento, uma capacidade imaginativa, o desper-
tar de uma técnica e método para a elaboração e aplicação de sua ideia
em um suporte através da manipulação de pigmentos e tinturas, entre
diversas outras capacidades psicomotoras e cognitivas necessárias para
essa ação que envolviam elementos culturais e sociais. “A arte rupestre
não era uma manifestação individual, isolada e fortuita, mas tinha uma
função social: registrar graficamente certas mensagens” (GUIDON,
1986, p.09 citado em LIMA, 2018). Não é somente uma informação
que está presente nesse tipo de expressão iconográfica. Essa forma de Lia Raquel Toledo B
construção simbólica constitui-se em um tipo de linguagem visual cul- Gasques
turalmente apreendida e aceita, dotada de sentido e identificável para
Laura Roseli Pael D
o grupo, carregada de valores sentimentais, perceptivos, cognitivos e
12 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
tantos outros atributos da capacidade humana possíveis de expressão
por meio da arte. Portanto, partimos do pressuposto que as representa-
ções rupestres apresentadas nesta obra não são somente vestígios de um
“passatempo” (embora não se desconsidere isso) ou algo solto e aleatório
no espaço. Consideramos que essas produções gráficas são construções
simbólicas que testemunham crenças e escolhas sociais de diferentes
coletivos que habitaram nessa região em tempos pretéritos.
Vale acrescentar ainda que mesmo se tais representações icono-
gráficas fossem uma distração ou apenas uma forma de passar o tempo,
elas são, sobretudo, uma forma de comunicação e, portanto, de lingua-
gem. Sendo assim, são uma importante fonte histórica para a compre-
ensão de como esses homens e mulheres do passado utilizavam os seus
espaços, se organizavam e se percebiam neles. Desse modo, é possível
afirmar que, da mesma forma que hoje em dia os livros, os programas de
TV, as redes sociais e as vestimentas retratam costumes e modo de viver
das sociedades atuais, a “arte rupestre”, embora não consigamos decifrar
de forma completa e definitiva o sentido dessas mensagens impressas
nas paredes rochosas, refletem o modo de viver das pessoas que habita-
vam o território hoje conhecido como Alcinópolis – MS.
Diante dessas enigmáticas manifestações artísticas, é comum
as pessoas se perguntarem: O que significa esse sinal? É uma cruz? É
uma pessoa de braços abertos? Estavam contando algo? Tentando as-
sociar aqueles curiosos signos a algo do cotidiano delas. Assim, grande
parte do conhecimento científico gerado no campo da compreensão da
“arte rupestre” partiu também do sistema de comparação e, posterior-
mente, evoluiu para uma associação de padrões.
Conceitualmente, podemos entender que a arte parietal consis-
te em todo tipo de representação iconográfica executada por sociedades
pré-históricas em cima de um suporte rochoso por meio de inúmeras
técnicas de elaboração. As produções artísticas desse período podem
ser divididas em duas categorias: pintura e gravura. A primeira é feita
sobre a rocha por meio da adição de matéria-prima e a segunda, a partir
da remoção de material do dispositivo rochoso. No que tange à elabora-
1 A “arte rupestre” é geralmente dividida em dois tipos: os petróglifos, também chamados gravuras rupestres, realizadas diretamente na rocha por meio de uma incisão, uma
escoriação, uma escavação etc., e os pictogramas, também chamados pictógrafos, que envolviam o ato de pintar ou desenhar símbolos nas superf ícies.
ção dos grafismos pictográficos existiam, basicamente, duas formas de
aplicação dos pigmentos na rocha: na primeira, o material era aplicado
seco e na segunda, era feita uma mistura de consistência pastosa e mo-
lhada na cor a ser impressa.
Uma vez definida a categoria do registro gráfico (pintura ou
gravura), o próximo passo dos estudiosos de “arte rupestre” ou “grafismo
rupestre” é identificar quais foram as técnicas, os métodos e os estilos
empregados na produção artística encontrada no sítio pesquisado. Pois,
a partir disso, os pesquisadores podem traçar uma linha interpretativa
como, por exemplo, das técnicas desenvolvidas naquela região, da per-
cepção e uso do espaço geográfico, das noções de território, entre tantas
outras situações. Para tal, há a necessidade, inclusive, de se conhecer a
fauna e a flora do local onde estão as unidades rupestres estudadas. Para
favorecer o entendimento do padrão encontrado nos sítios, os cientistas
recorrem a um arcabouço intelectual já consolidado no tempo que orga-
niza essas manifestações artísticas em determinadas categorias chama-
das de “tradições”. Cada uma delas agrupa produções iconográficas com
elementos comuns entre si. A partir da análise de tipos semelhantes em
estilo, forma, técnica e pigmento empregado, além da observação da
incidência recorrente em um espaço delimitado é possível diferenciar
uma “tradição” de outra e perceber que diferentes grupos com culturas
diversas habitaram as cinco regiões do atual território brasileiro.
A partir de um olhar panorâmico das representações gráficas
gravadas ou pintadas nos suportes rochosos da região conhecida hoje
como Alcinópolis-MS (as quais serão ilustradas por meio de fotogra-
fias nas próximas páginas deste livro), é possível notar que essa área é
dotada de uma rica iconografia rupestre, com grande variação de técni-
cas picturais e unidades figurativas e abstratas (tanto em pictográficos
como em petróglifos1). Evidências indicam que algumas figuras foram
realizadas com os dedos e outras, com ferramentas manuais. Deduz-
-se, também, que a realização de certas pinturas ou gravuras exigiram
a montagem de suportes ou a invenção de estratégias criativas para se
atingir locais de dif ícil acesso, seja no alto ou em fendas no interior de

rochas. Dessa forma, fica evidente, em alguns casos, que houve a inten-
cionalidade de expor habilidades de técnica e imaginação na materiali-
dade visual realizada nesses suportes rochosos. Percebe-se, ainda, que,
na quase totalidade das imagens representadas, não existe um cenário
de ação. As figuras estão estáticas umas em relação às outras. Essa é
uma das características que diferencia a tradição do Planalto Central
daquela do Nordeste brasileiro, onde podemos encontrar cenas repre-
sentativas de caça, rituais, etc.
Deixar impressões no mundo é algo natural e hábito antigo da
humanidade, seja para marcar território por necessidade de sobrevivên-
cia, para comunicar ou expressar a imaginação. Essa última, estava lá,
guiando “o pintor/artista” rupestre. O ímpeto de riscar e criar coisas
pulsa em nós, humanos. É o que nos leva a rabiscar a parede quando be-
bês ou a “desenhar a mamãe e o papai” na infância e deixar a impressão
da icônica mão encontrada em todas as partes do mundo e nos jardins
de infância. A imaginação está conosco 24 horas por dia, na hora do
lazer, nos momentos de trabalho e até no sono. Não devemos cair no
engano de supor que as pessoas do passado pré-histórico eram menos
inteligentes do que nós. Além de fazer “arte rupestre”, atividade que en-
volve grande habilidade cognitiva, elas faziam, ainda, ferramentas, ar-
tefatos e produziam mapas com tecnologias bastante eficientes para a
época.
A Pré-História do Brasil e de Mato Grosso
do Sul – uma breve reflexão
O Leste da América do Sul, onde hoje é o território brasileiro,
levanta interessantes teorias sobre o início da ocupação humana nesse
continente. Três tecnologias líticas totalmente diferentes e contempo-
râneas, as quais datam de 12.000 a 10.000 A.P.2, estão presentes em dife-
rentes partes do país: 1) tradição Umbu – típica da região Sul do Brasil
é caracterizada por sua indústria bifacial, raspadores bem retocados e
2 Antes do presente (A.P.) é uma marcação de tempo utilizada na arqueologia, paleontologia e geologia, que tem como base de referência o ano de 1950 D.C. Adota-se o ano de
1950 como marcador por conta dos testes atômicos realizados durante a Segunda Guerra Mundial que desequilibraram a concentração química de alguns isótopos na atmosfera.
Esses isótopos, como o carbono-14, por sua vez, são analisados em pesquisas científicas que determinam a idade de restos arqueológicos e fósseis como esqueletos de animais e
restos vegetais.
Introdução 13
pontas bifaciais; 2) tradição de Itaparica – presente no Centro-Oeste/
Noroeste do país, é totalmente unificada e os poucos artefatos formais
são as placas e 3) a indústria “Lagoa Santa” – a qual não possui artefatos
formais, o que facilitaria a classificação cultural, composta principal-
mente por pequenos flocos de quartzo (Araújo, 2015). Devido a essa
diversidade material, fica comprovado que os primeiros povoamentos
do atual território brasileiro aconteceram há pelo menos cerca de 12 mil
anos e nem todos os povos que aqui chegaram inicialmente pertenciam
a mesma cultura. Essa é uma datação consolidada e aceita no meio aca-
dêmico, mas, existem algumas evidências raras (encontradas no Piauí)
que regridem a data da ocupação humana em solo brasileiro para 24.000
mil anos atrás.
Na tentativa de desvendar as rotas migratórias que trouxeram
os primeiros seres humanos à região sul-mato-grossense é necessário
lançar um olhar para evidências arqueológicas encontradas em outras
regiões do continente sul americano. Nesse sentido, destaca-se o sítio
arqueológico Monte Verde II, localizado no atual território do Chile,
com datação de aproximadamente 33.000 A.P. Outros sítios com da-
tas antigas na América do Sul estão associados aos principais sistemas
fluviais do oeste deste continente como a Bacia do Rio da Prata, Bacia
do São Francisco e Bacia do Amazonas. Nessas áreas, foram encontra-
dos, respectivamente, o Sítio Santa Elina (em Mato Grosso, datado de
27.000 A.P.); o sítio Serra da Capivara e Peruaçu (no primeiro, com da-
tas de 27.000 A.P. e no segundo com 12.000 A.P.) e, por fim, o Abrigo
da Pedra Pintada (com 11.200 A.P.) e Taima-Taima (na Venezuela com
datas de até 22.000 A.P.). Assim, a possibilidade de que o processo de
colonização dos Cerrados Tropicais tenha ocorrido por meio de rotas
interiores associadas a diferentes pulsos populacionais também se apoia
na distribuição espacial de sítios arqueológicos localizados na região
Centro-Oeste do Brasil como o Santa Elina no estado de Mato Grosso.
Este depósito está localizado nos limites entre as Savanas Tropicais e
14 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre

a Floresta Tropical, em uma área onde se encontram as cabeceiras dos
rios que deságuam na Bacia Amazônica e no Planalto Central e Sudes-
te do país (Vialou, 2005) e do Pleistoceno tardio foi identificada uma
datação aproximadamente de 27.000 anos A.P. relacionada a vestígios
líticos3 associada a megafauna4 (Glossotherium lettsomi). Este mesmo
sítio tem também nove amostras que datam entre 11.841 A.P. e 9.320
A.P., associadas a uma indústria lítica caracterizada por uma tecnologia
unifacial e um estilo de “arte rupestre” que não corresponde a nenhum
outro conhecido no Brasil central para o mesmo período (Vialou, 2017).
Santa Elina, por sua proximidade com Mato Grosso do Sul, inclusive
de Alcinópolis (238 Km), e pela sua cronologia e composição dos arte-
fatos, pode representar uma possível ligação entre o planalto ocidental
e a baixada oriental da América do Sul, sugerindo mais uma rota para a
entrada dos caçadores-coletores na região onde hoje está localizada esta
unidade federativa.
Contexto ambiental e Geoeconômico de
Mato Grosso do Sul e Alcinópolis
O território estadual que hoje é denominado Mato Grosso do
Sul fica na região Centro-Oeste do Brasil em uma área de 357.125 km².
Esse estado brasileiro está localizado na região central da América do
Sul, entre o planalto central da Amazônia e o Chaco. Possui biomas
como o Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal, sendo este último inundado
sazonalmente pelo Rio Paraguai e afluentes. Acredita-se que esse lugar
tenha sido no passado um grande local de passagem, a partir do qual as
pessoas poderiam se deslocar em todas as direções do continente sul
americano. Hoje, essa localidade abriga uma das principais áreas de pre-
servação ambiental da região central do Brasil e possui a segunda maior
concentração de etnias indígenas do país, devido ao grande número de
povos pré-históricos que passaram/viveram por este local.
Portanto, os registros visuais impressos nas paredes rochosas
da região hoje conhecida como Alcinópolis que serão apresentadas de
maneira panorâmica neste livro irão contribuir para o entendimento do
território sul-mato-grossense, ajudando a compreender melhor o con-
texto espacial e temporal dos grupos de caçadores-coletores.
Alcinópolis se destaca por seu valoroso Patrimônio Arqueoló-
gico e Natural. Esse município está situado na região norte do estado de
Mato Grosso do Sul, a cerca de 300 km da capital. Possui uma área de
4.399,681 km², fazendo divisa com os munícipios de Figueirão, Costa
Rica, Coxim e Pedro Gomes. À luz da Geologia, o município de Alci-
nópolis apresenta a Formação Caiuá5 que é caracterizada pela predomi-
nância de espessos pacotes de arenitos, com deposição mista (eólica e
fluvial) e a Formação Serra Geral6, apresentando o Domínio do Vulca-
nismo fissural Mesozoico do tipo platô, com o predomínio de basaltos
e Formação Botucatu7, composta por um espesso pacote de areia de-
positado pela ação dos ventos, apresentando um pronunciado grau de
arredondamento e frequentemente dois aspectos de tamanho dos grãos

3 Ref. a, de, ou típico de pedra (sítio lítico; oficina lítica).

4 O termo megafauna se refere a todos os animais de grandes proporções, mais especificamente, descreve os animais terrestres pouco maiores do que um ser humano que, em
geral, não são domesticados.
5 É formada por arenitos de menor maturidade que a Formação Rio Paraná, com frequente cimentação e concreções de carbonato. A sequência neocretácea é constituída por are-
nitos e lamitos (que são rochas sedimentares formadas pela litificação de silte e argila em proporções variáveis), arenosos, quartzosos, que formam depósitos de origem continental
acumulados em clima quente, semiárido a árido.
6 A Formação Serra Geral é uma formação geológica constituída por rochas magmáticas relacionada aos eventos de vulcanismo fissural (derrames) e intrusões que recobrem mais
de um milhão de quilômetros quadrados (1,2×106 km²) da Bacia do Paraná, abrangendo toda a região centro-sul do Brasil e estendendo-se ao longo das fronteiras do Paraguai,
Uruguai e Argentina.
7 A Formação Botucatu é uma formação geológica da Bacia do Paraná, resultado da grande desertificação do ainda continente Gondwana, o “deserto Botucatu”, semelhante ao
deserto do Saara e com área superior a um milhão de km². Os extensos campos de dunas, depositados por ação eólica, formaram os espessos pacotes de arenitos que hoje cons-
tituem o importante Aquífero Guarani.

de quartzo. A Formação Vale Rio do Peixe8, composta por camadas ta-
bulares de arenitos muito finos a finos e Formação Santo Anastácio9,
que possui arenitos quartzosos subarcoseanos, de finos a muito finos.
Sua geomorfologia situa-se no macrozoneamento Geoambien-
tal do estado de Mato Grosso do Sul, na Região das Altas Bacias do Ta-
quari e Itiquira, a qual é composta por várias unidades geológicas abran-
gendo uma vasta superf ície de topografias, compostas por depressões,
planaltos e chapadões. À luz da Pedologia, o município de Alcinópo-
lis está alocado em área de Latossolo Vermelho-Amarelo e Neossolo
Quartzarênico.
Alcinópolis, possui em seu território 04 (quatro) unidades de
conservação. As unidades de conservação municipais são: o Parque
Natural Municipal Templo dos Pilares (PNMTP) com a área de 100
hectares, o Monumento Natural Serra do Bom Jardim (MNMSBJ) com
6.121,34 hectares e a unidade de conservação Monumento Natural Ser-
ra do Bom Sucesso, criada em 2018, abrangendo uma área com 2776
hectares. O Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari, contempla
uma área de 30.618 hectares, sendo uma unidade de conservação es-
tadual criado através do Decreto Nº 9.662 de 09/10/99, conforme da-
dos publicados no Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul
(IMASUL).
Este município tem o privilégio de estar inserido em uma das
sub-bacias hidrográficas mais importantes do bioma Pantanal. O Rio
Taquari nasce nesta área descendo na direção do Pantanal de Mato
Grosso do Sul, formando o corredor de biodiversidade, principalmen-
te o Parque Nacional das Emas com a planície pantaneira. Como vão
poder observar ao longo desta obra, esse local é repleto de paisagens
estonteantes de tirar o fôlego, literalmente!
8 A Formação Vale do Rio do Peixe ocorre entre os vales e bordas da bacia.
9 A Formação Santo Anastácio é constituída por arenitos quartzosos muito finos a finos, maciços, às vezes com estratificação plano-paralela ou cruzada de baixa inclinação mal
definidas.
10 O IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, zela pelo cumprimento dos marcos legais, efetivando a gestão do Patrimônio Cultural brasileiro e dos bens
reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura como Patrimônio da Humanidade.
Introdução 15
O percurso da pesquisa arqueológica em Alcinópolis
Os estudos realizados em Alcinópolis, até os dias atuais, colo-
cam o município em uma posição de destaque na arqueologia regional
por apresentar o maior número de sítios arqueológicos com “arte rupes-
tre” do estado de Mato Grosso do Sul: são 24 já cadastrados e 14 em fase
de registro no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN10). O organizador desta obra, Marcos Antônio dos Reis, optou
por fotografar novamente os painéis de arte rupestre dos sítios já regis-
trados em Alcinópolis no IPHAN. Além disso, empreendeu grande es-
forço no sentido de registrar fotograficamente novos painéis em novos
locais que passaram a ser conhecidos pela população municipal. Esses
recém descobertos sítios rupestres serão devidamente registrados no
IPHAN por Marcos Antonio dos Reis. Vale sublinhar que esse número
pode aumentar com o surgimento de novas pesquisas na região.
A história da pequena cidade de Alcinópolis começa com a
criação de uma escola primária em 1975. Até então, essa área era dis-
trito do município de Coxim. Antes da criação dessa unidade de ensino,
devido à distância e a dificuldade de se ter acesso à educação formal, os
fazendeiros contratavam professores particulares para possibilitar aos
seus filhos o acesso aos estudos. Em 1965, a professora Romilda Costa
Carneiro foi contratada pelo proprietário da Fazenda Bananal, Sr. Adol-
fo Alves Carneiro, por um período de dez meses, para ministrar aulas
aos seus próprios filhos/as e àqueles de seus empregados. Na década de
1970, a professora Romilda com seu esposo, Alcino Fernandes Carneiro,
recorreram à Prefeitura Municipal de Coxim com o intuito de criar a
primeira escola primária na região, assim supririam a necessidade de
implantação do Ensino Fundamental. A fundação dessa unidade esco-
lar foi o que, posteriormente, deu origem à criação do município de
Alcinópolis. A partir desse momento, houve uma movimentação para
16 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
transformar a fazenda em uma cidade com toda a estrutura necessária:
farmácia, mercado, etc. Então, os primeiros moradores começaram a
chegar em Alcinópolis, famílias vindas de cidades vizinhas e até mesmo
de outros estados como Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo
e Rio Grande do Sul. A emancipação do município ocorreu em 22 de
abril de 1992.
Logo, a localidade ficou famosa no estado devido às impressio-
nantes pinturas e gravuras rupestres existentes no mais emblemático
sítio arqueológico da região: o Templo dos Pilares. Pela beleza e varieda-
de dos registros rupestres materializados nos impressionantes suportes
rochosos de estrutura singular no mundo, caracterizada por imensos
pilares naturais cuja disposição e forma se assemelham, surpreendente-
mente, à arquitetura daqueles templos construídos por mãos humanas
na Grécia e Roma Antiga, esse município recebeu o título de “Capital
Estadual da Arte Rupestre”.
No início do ano de 1986 o Prof. Dr. Gilson Rodolfo Martins,
na época professor no CEUD-UFMS, juntamente com o artista plástico
Henrique Spengler e mais dois alunos, visitaram o sitio Barro Branco I,
localizado na Fazenda Santa Maria (Lorenz et al. 1986). Posteriormente,
os primeiros registros dos sítios rupestres encontrados na região norte
de Mato Grosso do Sul, na área conhecida hoje como Alcinópolis, Co-
xim, Pedro Gomes e Costa Rica decorreram dos trabalhos de pré-cata-
logação da Profa. Dra. Silvia Moehlecke Copé nos anos de 1986 e 1989
e foram documentados sob o título de: Preliminar Cadastramento dos
Sítios Arqueológicos do Alto Taquari-MS. Alcinópolis era, na época,
Distrito de Coxim. Por este motivo os sítios da serra do Barro Branco
foram registrados inicialmente como sítio MS-CX-01.
Em 2007, os professores da UFMS, Dr. Gilson Rodolfo Martins
e Dra. Emília Mariko Kashimoto, realizaram estudos preliminares nos
sítios, até então, conhecidos em Alcinópolis e produziram um relatório
sobre o potencial arqueológico desse município. Foi esse estudo que via-
bilizou a criação das Unidades de Conservação e fundamentou o pedido
de obtenção do ICMS Ecológico no município (Martins, 2007).
No ano de 2012, os cidadãos alcinopolenses foram contempla-
dos com a sanção de duas leis, sendo uma estadual e a outra municipal,
com relação ao patrimônio cultural do local, especificamente, o arque-
ológico. A expressiva concentração dos sítios rupestres dentro dos li-
mites do município e a rica e variada iconografia existente na região
constituem uma fonte riquíssima para a pesquisa arqueológica, o que
conferiu ao município o título de “Capital Estadual da Arte Rupestre”
em 2012, através da Lei Estadual nº. 4.306, de 21 de dezembro de 2012,
sancionada pelo então governador, André Puccinelli. O título de “Capi-
tal Estadual da “Arte Rupestre” foi conferido ao município consideran-
do-se o amplo e relevante patrimônio arqueológico na área municipal” e,
posteriormente, no ano de 2015, o prefeito Ildomar Carneiro sancionou
a Lei nº 383/2015 que “Dispõe sobre a criação do Dia Municipal de Ar-
queologia e “Arte Rupestre” no Município de Alcinópolis”, instituída no
dia 05 de outubro. O ano de 2012 foi significativo para Alcinópolis, pois
foi marcado pela criação das primeiras unidades de conservação esta-
dual, estabelecidas a partir da existência do patrimônio arqueológico:
Parque Municipal Templo dos Pilares e Monumento Natural Serra do
Bom Jardim.
Pesquisas desenvolvidas pela equipe do Laboratório de Arque-
ologia da Universidade Federal da Grande Dourados, há doze anos, es-
tão contribuindo para a identificação dos sítios arqueológicos de “arte
rupestre” de Mato Grosso do Sul. O projeto de pesquisa, que contou
com o desembolso financeiro da ELETROSUL Centrais Elétricas e com
o apoio do IPHAN, contabilizou 79 sítios de “arte rupestre” na região
norte do estado. Por meio de projeto de Lei apresentado pelo então
vereador Marcos Antonio dos Reis, Alcinopólis adotou como símbolo
arqueológico do município um sinal rupestre que seria, segundo a in-
terpretação dos arqueólogos, a representação da deusa da fertilidade, a
qual foi batizada de “Deusa Mãe”. Esse símbolo foi instituído no dia 8
de março de 2018, pela Lei nº 430/2018, sancionada pelo então prefeito
Dalmy Crisóstomo da Silva.
A primeira escavação arqueológica no sítio Templo dos Pilares
ocorreu em 2016, os estudos esclareceram e permitiram situar o início
da ocupação humana no abrigo em 10.735 A.P. A ocupação no local
perdurou por mais de mil anos, ocorrendo posteriormente um esvazia-
mento humano, atestando a hipótese sustentado por Araújo et al, (2003)
 Introdução 17

de hiato do holoceno médio. Esse esvaziamento pode estar associado o domínio do fogo, o manuseio de materiais como a pedra lascada e a
a fenômenos climáticos que podem ter gerado a redução dos recursos pedra polida) e o desenvolvimento de linguagem oral e visual materiali-
hídricos. zada na “arte rupestre”. A aquisição de todas essas habilidades garantiu
A partir de 3 mil A.P. surge uma nova e intensa ocupação hu- a sobrevivência do gênero Homo e a sua difusão pelo globo.
mana de grupos que seriam ligados ao tronco Jê arqueológico, caracte-
rizado pela fabricação de cerâmica própria. Na escavação os carvões e
cinzas indicaram para a produção de enormes fogueiras. No primeiro hhh
estudo foi constatado pouca variação na indústria lítica, quando compa-
rada com a produzida pelos caçadores-coletores-pescadores.
A predominância das gravuras rupestres nos remete à Tradição11 Lia Raquel Toledo Brambilla Gasques
Geométrica Meridional, ao estilo “pisadas”, o que confirmaria a ligação Doutora em Arqueologia
entre os petróglifos e os povos Jê arqueológicos segundo Rodrigo Simas
de Aguiar, arqueólogo que identificou a maioria dos sítios arqueológi- Laura Roseli Pael Duarte
cos com “arte rupestre” da região norte do estado. A pintura permite Doutoranda Em Ensino De Ciências
utilizar variações de cores como, por exemplo, o uso de uma ou mais
cores, empregadas apenas no contorno da figura ou no seu interior e são
chamadas monocrômicas ou policrômicas. O uso dos pigmentos sobre
a rocha é realizado de diferentes formas: por meio de linhas traçadas
com pincéis ou espátulas, estampas e carimbos, ou ainda, pela técnica
denominada aspersão (borrifo).
Os grafismos rupestres encontrados em Mato Grosso do Sul
foram, na maior parte, feitos a partir da técnica da aplicação de uma
mistura molhada e pastosa de pigmentos de origem mineral diluídos a
partir de matérias graxas para obter a tinta final. Em estudos realizados
em outras regiões do Brasil, supõe-se que a origem da cor vermelha uti-
lizada na elaboração dos grafismos rupestres é obtida através do óxido
de ferro (hematita); o amarelo; do mineral goetita; e o branco, da kaolita
ou gipsita.
A pré-história foi, portanto, um período rico em atividade hu-
mana, diverso em diferentes experiências e que é caracterizado pelo de-
senvolvimento cognitivo que resultou no domínio de tecnologias (como

11 No Brasil, as principais tradições arqueológicas propostas para o ordenamento da “arte rupestre” são: Tradição Agreste, Tradição Nordeste, Tradição Planalto, Tradição São
Francisco, Tradição Geométrica, Tradição Litorânea, Tradição Meridional e Tradição Amazônica. Na verdade, são classificações que determinam as semelhanças entre os grafismos,
assim podendo “rastrear” se foram os mesmos povos que passaram por um mesmo local.
18 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
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 21

Amostragem fotográfica e breve análise

descritiva dos sítios arqueológicos com
“arte rupestre” em Alcinópolis
1

A
té o momento desta publicação foram contabilizados trinta e
seis sítios arqueológicos depositários de manifestações gráficas
expressas por meio de pinturas e gravuras rupestres. É evidente
que com o avanço das pesquisas, vários outros sítios com essa natureza
arqueológica deverão ser registrados na área municipal. Em tempo,
deve-se ressaltar que muitos outros sítios arqueológicos, com certeza,
existem no município, mas que não têm a visibilidade atual que os sítios
com inscrições rupestres possuem. Todavia não são menos importantes.
Foi neles que os grupos de caçadores/coletores pré-indígenas pratica-
ram a maior parte das atividades cotidianas de subsistência material e
social. Muito provavelmente foram os mesmos indivíduos que também
deixaram a maioria desses registros culturais inscritos nas paredes ro-
chosas, transmitindo assim, para seus contemporâneos ou até para as
gerações futuras, seus mitos, representações de suas realidades, visões
de mundo, sinalizações culturais em geral e suas escolhas por espaços
ritualísticos e místicos.
Uma análise descritiva desses horizontes arqueológicos deve,
antes de outras abordagens, contextualizar geográfica, ambiental e cul-
turalmente esses sítios conforme suas proximidades, distanciamentos,
escolhas topográficas, a “arquitetura” natural ou ainda, principalmente,
conforme suas possibilidades comparativas em termos culturais inter-
sítios, ou seja, cronologias, temáticas gráficas, tecnologias de produção
das inscrições, estilos nas representações iconográficas, repertórios de
signos, semânticas dos símbolos e dos painéis e relações com outros
vestígios de cultura material. Possivelmente com o avanço das pesqui-
sas arqueológicas, no futuro, também serão objetos de comparações as
interpretações dos significados e a caracterização étnica de seus autores.
Ao se observar a imagem de satélite da área territorial de Alci-
nópolis, integrante deste volume, pode-se verificar que a distribuição
espacial dos sítios no perfil ambiental municipal apresenta alguns “ar-
quipélagos” de sítios e alguns outros sítios isolados. Todavia, para os
padrões territoriais estimados no tocante à reprodução do modo de
vida de caçadores/coletores pré-indígenas, as distâncias intersítios
constatadas não ultrapassam os limites espaciais do que pode ter sido
uma mesma área cultural arqueológica, onde os habitantes desses sítios
partilhavam o mesmo território e seus recursos naturais.

1 Há uma discussão acadêmica se podemos chamar de Arte as inscrições rupestres. Com certeza não no sentido que entendemos hoje o termo Arte. Na pré-história o objetivo Gilson
e Rodolfo Martins
a função dessas inscrições não era a busca pelo estético, pelo decorativo ou um entretenimento de quem fez ou quem observava. A iconografia arqueológica deve ser vista e en-
tendida como instrumentos ritualísticos mitológicos ou como símbolos portadores de mensagens a serem encaminhadas a alguém. Emília Mariko Kashimoto
22 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
De um modo geral esses sítios localizam-se entre as altitudes
de trezentos e noventa metros (Sítio São José) e seiscentos e vinte e cin-
co metros acima do nível do mar (sítios Gruta Bonita e Gruta do Ambli-
pígio). Logicamente, as estruturas geológicas e geomorfológicas foram
determinantes para a presença ou não de ocorrências de sítios com “arte
rupestre” em determinadas áreas no espaço municipal. Em Alcinópolis
existem formas de relevo acidentado cuja natureza mineralógica – pre-
dominância de rochas areníticas friáveis – permitiram que, ao longo de
muito tempo, as intervenções erosivas naturais provocadas pelas intem-
péries esculpissem reentrâncias nas paredes rochosas dos morros isola-
dos e de pequenas serras regionais. Foram essas as condições propícias
que geraram determinadas superf ícies rupestres apropriadas para a re-
alização das inscrições gráficas em abrigos sob rocha, cavernas, túneis,
paredões rochosos externos e grandes blocos de pedra isolados, locais
remanescentes de processos geomorfológicos pela exposição à uma lon-
ga temporalidade paleoambiental.
Nesse sentido, destacam-se as concentrações de sítios na serra
do Bom Jardim (onze sítios), na serra do Bom Sucesso (sete sítios), além
do conjunto de sítios na área de relevo rochoso acidentado da serra do
Barro Branco (sete sítios). Os outros sítios estão localizados dispersa-
mente por locais onde afloram blocos rochosos residuais. Ainda em ter-
mos de inserção geográfica, levando-se em conta que o espaço rural de
Alcinópolis é contemplado por uma considerável malha hidrográfica, é
interessante pontuar também que vários desses sítios depositários de
“arte rupestre” não estão necessariamente associados à corpos d’água
próximos, o que é muito comum nas escolhas locacionais dos acampa-
mentos de caçadores/coletores pré-indígenas.
O fato acima citado indica que a maior parte dos sítios com
inscrições rupestres em Alcinópolis não constituíram locais de habi-
tações, mesmo que provisórias, pois são espaços restritos e com pisos
formados por lajes de pedra, com poucos ou nenhum vestígio arqueoló-
gico de indústria lítica, carvões ou até mesmo de fragmentos cerâmicos
não-indígenas. Quanto a vestígios de estruturas de sepultamentos, por
enquanto, os mesmos não foram observados em nenhum dos sítios co-
nhecidos. Talvez o avanço das escavações em sítios tais como o Templo
dos Pilares possa no futuro contrariar parcialmente essa hipótese de que
não seriam espaços funerários. Sendo assim, cabe à pesquisa científica
operar no campo do que se poderia denominar uma arqueologia do
pensamento, manejando como material empírico as complexas estru-
turas de “arte rupestre” existentes nesses sítios. Essas evidências pereni-
zaram, por meio de signos, formas mentais de representação simbólica
da realidade natural e/ou metaf ísica. Tal tipo de abordagem arqueoló-
gica, por sua vez, poderá revelar aspectos mais profundos da natureza
humana e cultural dos primeiros povoadores da porção setentrional do
atual território de Mato Grosso do Sul.
Em um olhar panorâmico sobre as expressões culturais por
meio de inscrições rupestres, nos sítios arqueológicos de Alcinópo-
lis, algumas características quantitativas se destacam. A maioria dos
sítios possui apenas signos pintados (17), os que apresentam apenas
petróglifos, sem pintura, são 7 e os sítios que apresentam painéis com
pinturas e gravuras são 12. Há uma discussão interna na comunidade
dos arqueólogos que especula quais tipos de inscrições rupestres são
mais antigas, as gravuras ou as pinturas? Predomina a corrente que
opta pelas gravuras, estabelecendo assim um parâmetro cronológico
indireto. Portanto, o número de sítios somente com gravuras ou com
gravuras e pinturas, em menor número, é coerente com a demografia
dos primeiros povoadores, que seriam em número reduzido.
Verificou-se que apenas sete sítios apresentaram figuras bicolo-
res, ocre e amarelo e/ou ocre e branco. Essa característica não é comum
nos sítios com “arte rupestre” do Brasil Central, os quais integram, em
sua maioria, a chamada Tradição Planalto de “Arte Rupestre”, monocro-
mática, onde a cor ocre é muito abrangente. Portanto, perante esse fato,
a bicromia registrada em alguns dos sítios de Alcinópolis parece indicar
uma certa influência, talvez tardia, da presença de indivíduos associa-
dos à Tradição São Francisco, originária da porção leste do território
brasileiro. De um modo geral, os sítios de Alcinópolis reproduzem as
tendências icnográficas da Tradição Planalto.
Quanto à morfologia dos sinais verificou-se a predominância
dos elementos abstratos sobre os figurativos, comportamento também
presente na Tradição Planalto. Porém, sempre é bom lembrar que uma
 Amostragem fotográfica e breve análise descritiva dos sítios arqueológicos com “arte rupestre” em Alcinópolis 23

imagem figurativa não obrigatoriamente foi executada com a finalidade vação de um quantum mínimo de pessoas no bando era uma condição
de retratar fielmente o elemento representado. Como símbolos, podem fundamental para a sobrevivência.
ser e provavelmente eram alegorias. A ocorrência de signos zoomorfos Alcinópolis foi contemplada pelo passado como sendo um dos
em vários sítios, alguns muito recorrentes como lagartos, por exemplo, lugares de memórias remotas, preciosas e paradigmáticas para a pre-
provavelmente denotavam um outro significado que não aquele apa- servação do conhecimento sobre os processos de evolução cultural da
rente, como se a intenção fosse obter um retrato do animal figurado. humanidade e, portanto, de autoconhecimento. No dia em que a ciência
Por outro lado, figuras aparentemente abstratas como, por exemplo, as conseguir desvendar os significados profundos desses elementos icono-
sequências articuladas de losangos ou “gomos”, poderiam representar gráficos e interpretar os seus conteúdos, esse legado cultural permitirá
a pele de serpentes, como a cascavel, o que não quer dizer que as pin- à humanidade estar muito perto, enfim, de conhecer objetivamente a
turas desses signos eram uma espécie de “placas“ de avisos de que ali si mesma. Dessa forma, a conservação dos sítios arqueológicos é uma
havia cobras. Possivelmente essas e outras pinturas muito reproduzidas providência prioritária e fundamental que compete, no presente, à po-
pelos autores nos sítios de Alcinópolis, tais como os “tridáctilos” (três pulação atual e seus gestores das coisas públicas.
linhas convergentes a um mesmo ponto), gravados ou pintados, eram
representações estilizadas de símbolos fálicos ou do triângulo pubiano
feminino relacionadas, por sua vez, às práticas rituais determinadas por hhh
mitos da fertilidade. Uma observação empírica que contribuiu significa-
tivamente para a formulação da hipótese anterior é o fato de que o único
signo que está presente na quase totalidade dos sítios com gravuras e Gilson Rodolfo Martins
pinturas em Alcinópolis são os tridáctilos (signos que se assemelham a Doutor em Arqueologia
pegadas de aves). Leitura morfológica reconhecidamente adotada pela
maior parte dos estudiosos, no Brasil e no exterior, como uma repre- Emília Mariko Kashimoto
sentação estilizada do triângulo pubiano feminino. Essa constatação se Doutora em Arqueologia
reproduz com grande evidência em outras áreas arqueológicas de Mato
Grosso do Sul e de outros estados brasileiros.
As considerações anteriores são sustentadas por análises cien-
tíficas realizadas em boa parte dos sítios arqueológicos com “arte ru-
pestre” no Brasil e em outros países. É evidente que outras hipóteses
não devem ser descartadas, tais como rituais xamânicos, contemplação
astronômicas/astrológicas e outras manifestações de magias, as quais
poderiam ter sido realizadas no mesmo recinto ou espaço arqueológi-
co. No entanto, a grande maioria de sinais, sejam pinturas ou gravu-
ras, presentes nos painéis dos diversos sítios ora analisados, remetem
à fertilidade e reforçam a ideia de que para essas populações a preser-
 Templo dos Pilares 27

Destaque na galeria arqueológi-

ca natural de Alcinópolis, o sítio
Templo dos Pilares é a “vitrine”
da “Arte Rupestre” na área esta-
dual. Tal relevância é devida à
“arquitetura” majestosa de seus
pilares naturais de arenito e de
um ponto da rocha, na parede
externa, que se assemelha a um
rosto humano gigantesco ao
qual, segundo o imaginário de
alguns, é atribuído o papel de
“Guardião do Templo”.

Templo dos Pilares

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
28 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
Templo dos Pilares 29
30 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
Templo dos Pilares 31
32 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
Templo dos Pilares 33
34 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
 Templo dos Pilares 35

Os painéis de arte rupestre mais expressivos são

compostos por numerosos e variados elementos
gráficos, figurativos e/ou abstratos, reproduzindo
conteúdos comunicativos simbólicos, específicos
de cada um deles. São conjuntos aparentemente
não relacionados entre si, talvez não sincrônicos.
Pinturas e gravuras isoladas também são portado-
ras de significados e representações próprias.
Destacam-se inscrições características de outras
regiões brasileiras, tais como as gravuras geomé-
tricas, as pinturas vermelhas de animais e as po-
licromáticas; respectivamente denominadas tradi-
ções arqueológicas: Geométrica (típicas do Sul e
Sudeste); Planalto (Centro-Oeste) e São Francis-
co (Minas Gerais). Ao se considerar que a região
integra o segmento meridional do Cerrado, nas
proximidades da transição para outros biomas, a
associação de tais representações rupestres sugere
a ocorrência, no passado arqueológico, de conver-
gências de diferentes influências culturais nessa
região. O povoamento humano no Templo dos
Pilares ocorreu desde cerca de 10.000 anos atrás
(Aguiar, 2016).
A complexidade dos conjuntos iconográficos
indica sofisticadas elaborações simbólicas e/
ou representativas da realidade natural e sobre-
natural, constituindo assim documentos mi-
tológicos únicos.
 Pata da Onça 37

Este abrigo sob rocha localizado

em um morro isolado na paisa-
gem de campo é internamente
amplo e certamente foi habitado
na pré-história.

Gravuras rupestres de pegadas

felinas inspiraram a sua deno-
minação. Numa cavidade ro-
chosa deste contexto se observa,
também, a pintura isolada da
icônica “deusa mãe” (hipotética
representação de uma mulher
em trabalho de parto).

Pata da Onça

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
38 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
 Pata da Onça 39

A gravação de uma “constelação de estrelas” é uma

provável manifestação de arqueoastronomia. Esse
tipo de associação (estrelas com pegadas felinas)
também ocorre em um painel gravado no Sítio
Aquidauana 5, em Aquidauana-MS, levantando-
-se, assim, a hipótese de um culto antepassado à
uma hipotética “Constelação da Onça”, partilhado
por populações pré-históricas no âmbito do ter-
ritório estadual. Pode-se observar, também, tri-
dáctilos e linhas paralelas. Essas gravuras, devem
ser mais recentes que as pinturas figurativas de
animais (ema, onça e anta) e antropomorfos, pois
estão sobrepostas a elas.
 Gruta do Urutau I 41

A arte rupestre neste sítio está

exposta em um pequeno túnel
natural que permite acesso aos
dois lados do rochedo. Todavia,
sem as condições naturais para
se caracterizar como habitat. As
representações imagéticas são
comunicadas por poucas pin-
turas simples, isoladas, na cor
ocre, que não chegam a consti-
tuir um painel onde haja interre-
lação entre os componentes.

Gruta do Urutau I Na parede interna do túnel des-
taca-se uma imagem figurativa
Localização: de uma tartaruga/jabuti. Esta
Monumento Natural figura possui ao seu lado uma
Municipal Serra do representação abstrata. Além
Bom Jardim desses elementos, pode-se ob-
servar um signo com configura-
ção elíptica, com traços digitais
paralelos preenchendo o espaço
interior. Esta representação grá-
fica sugere uma intenção figu-
rativa, no entanto, indefinida,
podendo ser, talvez, uma ser-
pente ou algum símbolo fálico.
O terceiro elemento pintado é
uma espiral simples composta
por dois círculos concêntricos.
Não há gravuras.
42
Gruta do Urutau II
A “arquitetura” natural do sítio
não é favorável à habitação, por-
tanto, pode ter sido um espaço
ritualístico. Não há gravuras,
somente dois signos pintados na
cor ocre. Um deles é composto
por um alinhamento de traços
digitais paralelos e o outro, po-
sicionado separadamente, mos-
tra um agrupamento de pon-
tos digitais contornando uma
figura central que pode estar
relacionada à capacidade repro-
dutiva feminina.

Gruta do Urutau II

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
 Gruta do Amblipígio 43

O abrigo sob rocha é espaçoso,

alto e bem iluminado, o que o
torna passível de ter sido habi-
tado. As inscrições rupestres são
restritas a poucos sinais. Foram
gravados um rústico “quadri-
culado” e um tridáctilo, muitas
vezes confundido com a repre-
sentação de pegadas de aves. A
imagem figurativa de um peque-
no tatu foi pintada na cor ocre,
assim como um alinhamento de
traços digitais verticais.

Gruta do Amblipígio

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
 Gruta da Mesa 45

No interior dessa gruta há um

grande bloco de pedra (com gra-
vuras em sulcos nas laterais) de-
positado na superfície plana do
piso, lembrando uma mesa ou
a pedra/tampa de um altar. As
dimensões interiores são espa-
çosas permitindo ser habitável.

Há pinturas e gravuras mistu- de semanas do período de gravi-

radas em um mesmo painel. dez feminina. Esta composição
As gravuras são tridáctilos e aparenta possuir um formato
Gruta da Mesa sequências paralelas de sulcos. de feto, ladeada por uma figura
Isoladamente, há pinturas de antropomórfica que parece ob-
Localização: “grades”, tridáctilos e “pentes”. servar e aguardar o decorrer do
Monumento Natural Há ainda representações pinta- ciclo de gestação.
Municipal Serra do das de folhas de palmeiras ou
Bom Jardim espinhas de peixes. Destaca-se
uma rara ilustração composta
por um aglomerado organizado
de pontos digitais, em um nú-
mero que se aproxima do total
 Morro das Torres 47

Localizado na formação rocho-

sa denominada Torres de Pedra,
aparentemente não foi habitável
devido à superfície irregular do
piso. Nas paredes há pinturas em
tom ocre como a representação
de uma ema, o arranjo com três
espirais, muito bem traçadas,
bem como uma figura composta
por traços digitais paralelos.

Morro das Torres

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
 Gruta da Tapera 49

O abrigo sob rocha é espaçoso,

passível de ter sido habitado.
Apresenta alguns signos pinta-
dos isoladamente, na cor ocre.
Destaca-se um elemento pic-
tórico de linhas semicirculares
paralelas, com aparência se-
milunar, assim como uma forma
de “espinha de peixe” ou talvez
uma planta do milho. Também
é expressiva uma figura formada
por círculos concêntricos.

Gruta da Tapera

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
50
Gruta Bonita
Este abrigo sob rocha possui
uma área coberta interna espa-
çosa, por isso pode ter sido ha-
bitado. Em termos de pintura,
na cor ocre, observa-se apenas
uma pegada isolada de felino.
As gravuras são mais numerosas
e compõem um painel de petró-
glifos, no qual são majoritárias
as representações de tridác-
tilos e sulcos.

Gruta Bonita

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
 Gruta da Claraboia 51

Na arquitetura natural da gru-

ta, chama a atenção a presença
de uma claraboia que ilumina e
areja o seu interior. Por ser espa-
çoso, pode ter sido habitado. Há
gravuras de tridáctilos, sulcos
isolados, linha de sulcos parale-
los horizontalmente, um “pente”
e uma mandala (círculo com
linhas radiais internas, lembran-
do uma “roda de carroça”).

Gruta da Claraboia

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
52
Nome do Sítio
Bus. Et laborit a voloratem se-
quid que nonsequos ent, ipsum
erum rem nis magnati nimpe-
lit quibus nonsequiam rernam
quatis doluptatia aceratem non-
sequi aut odi comnis nimi, con
conet repudaecepe ressendi se
nonsecusda dendisquis es que la
quodio. Ita conem fuga. Im iur,
andi dolut etur audam, quiae.
Atur sit, alit,

Gruta Bonita

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
 Gruta do Pitoco 1 53

O abrigo natural em um pare-

dão de arenito possui piso ro-
choso irregular, não habitável.
Nas paredes há pinturas e signos
gravados, provavelmente, não
contemporâneos entre si. Pre-
dominam sinais abstratos como
mandalas, “esteiras”, quadricula-
dos, “pentes” e “gomos” articula-
dos ou estilizações de serpentes.
Há uma relevante presença de
elementos figurativos zoomor-
fos (cervídeo, lagarto, serpente)
e estilizados, incluindo símbo-
los relacionados a mitos de fer-
tilidade humana.

Gruta do Pitoco 1

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Sucesso
54 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
Gruta do Pitoco 1 55
56 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre

No conjunto, destacam-se al-

gumas pinturas policrômicas
do mesmo signo, preenchendo
seu espaço interno com as cores
amarela e ocre ou ocre e branco
ou somente em ocre ou branco.
Sobre um bloco rochoso no piso
do abrigo foram gravados cerca
de 20 tridáctilos, representação
associada a mitos sobre a ferti-
lidade feminina.
 Gruta do Pitoco II 57

O interior do abrigo sob rocha

possui área interna restrita e
piso rochoso irregular, não fa-
vorável à habitação. Este sítio
apresenta gravuras divididas em
dois painéis: um, na parede, com
tridáctilos e linhas paralelas e
outro, produzido em uma placa
de arenito depositada no piso do
abrigo, com pegadas humanas
e uma figura geométrica prova-
velmente representativa de um
símbolo de fertilidade feminina.

Gruta do Pitoco II

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Sucesso
58
Sucupira
O sitio é um pequeno abrigo sob
rocha, isolado no campo, com
pouco espaço para que tenha
sido habitado. Possui apenas
alguns petróglifos dispersos, ou
seja, tridáctilos e sulcos parale-
los, ambos em quantidade redu-
zida. Nota-se o serrilhamento
proposital da borda de uma laje
de pedra depositada no piso.

Sucupira

Localização:
Monumento Natural
Municipal Serra do
Bom Jardim
 Abrigo do Areia 59

Na base de um paredão alcan-

tilado, esculpido pela ação de
uma cachoeira, encontra-se este
abrigo rochoso com espaço para
habitação. Gravados nas pare-
des, estão presentes tridáctilos,
círculos concêntricos e sulcos
verticais paralelos. Há um raro
conjunto de furos que formam
um triângulo, figuras gravadas
de duas pegadas humanas e de
uma mão humana.

Abrigo do Areia

Localização:
Fazenda Turmalina
 Casa de Pedra 61

Este sítio é um abrigo sob rocha

com espaço interno suficiente
para ser habitado. Nas paredes,
há isolados sinais pintados em
tom ocre. Vários sinais estão
semiapagados dificultando uma
identificação morfológica mais
precisa. Entre os mais nítidos,
ressaltam-se algumas pinturas
de tridáctilos, “grades”, sequên-
cias paralelas e horizontais de
traços digitais e quadriculados.

Casa de Pedra

Localização:
Fazenda Turmalina
 Arco de Pedra 63

Este sítio com gravuras rupes-

tres possui uma rara arquitetura
natural/geológica – um arco de
pedra com envergadura supe-
rior a 20 m, formado por pro-
cessos erosivos naturais. Nos
painéis de petróglifos se desta-
cam os conjuntos articulados
compostos por gravuras de tri-
dáctilos. Em um dos conjuntos
aparece uma única pegada hu-
mana gravada na rocha.

Arco de Pedra

Localização:
Fazenda Três irmãs
 Painel do Antropomorfo 65

Em campo aberto, há um bloco

rochoso residual em cuja pare-
de foram pintados, na cor ocre,
alguns elementos articulados,
destacando-se uma figura an-
tropomórfica em postura dinâ-
mica. Observa-se também uma
outra figura formada por linhas
digitais retas (verticais e para-
lelas) e um elemento formado
por círculos concêntricos, além
de tridáctilos.

Painel do Antropomorfo

Localização:
Fazenda Nossa
Senhora de Fátima
66
Tampa do Limeira
Um grande bloco rochoso resi-
dual, sem cavidade subterrânea,
possui uma face vertical lisa
favorável à realização de pintu-
ras rupestres. Aí se encontram
as unidades abstratas pintadas
em ocre, que não estão articu-
ladas em um painel: tridáctilos
e linhas digitais horizontal-
mente paralelas.

Tampa do Limeira

Localização:
Fazenda Nossa
Senhora de Fátima
 67

Arco do Limeira
O abrigo sob rocha espaçoso,
habitável, possui em seu con-
texto um interessante arco de
pedra, resultante de processos
erosivos naturais. Possui signos
rupestres isolados, sem articu-
lação aparente. Um elemento
pintado na cor ocre é composto
por um alinhamento de traços
verticais paralelos. Há uma úni-
ca gravura: um tridáctilo.

Arco do Limeira

Localização:
Fazenda Nossa
Senhora de Fátima
68
Rocha do Limeira
Em um grande bloco rochoso
residual, sem cavidade subter-
rânea, encontram-se pinturas
rupestres na cor ocre em uma
das suas faces externas. As figu-
ras são abstratas e estão muito
apagadas devido à exposição às
intempéries, o que dificulta uma
leitura mais precisa. Observam-
-se alinhamentos horizontais de
traços digitais paralelos.

Rocha do Limeira

Localização:
Fazenda Nossa
Senhora de Fátima
 Pedra do Conforto 69

Sítio formado por blocos de ro-

chas residuais, sem cavidade na-
tural, que apresenta uma única
inscrição rupestre pintada em
ocre, ou seja, um tridáctilo na
face vertical do bloco rochoso.

Pedra do Conforto

Localização:
Fazenda Conforto
 Barro Branco I 71

Abrigo sob rocha com piso ro-

choso irregular, sem perfil de
habitação. Dentre as pinturas
abstratas executadas nas pa-
redes, ressaltam-se mandalas,
espirais quadradas e circulares
(em bicromia amarela e ocre),
“pentes”; aglomerados de pon-
tos pintados (talvez a pele das
onças pintadas) e, aparentemen-
te, uma figura com o formato do
astro lunar crescente apoiado
sobre dois pilares.

Barro Branco I

Localização:
Fazenda Santa Maria
72 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
 Barro Branco I 73

As pinturas figurativas representam seres huma-

nos e zoomorfos (onças, lagartos, uma ave com
asas abertas em voo, um tatu, peixes, uma espinha
de peixe e, ainda, o que parece ser uma raia. As
gravuras, aparentemente mais antigas que as pin-
turas, são compostas por tridáctilos e sulcos para-
lelos distribuídos pelo painel.
74
Barro Branco II
Como um marco sinalizador,
para ser visto de longe, num blo-
co de arenito no topo do morro,
foram pintados 9 signos abstra-
tos, aparentemente articulados
entre si. Por meio de linhas pa-
ralelas, uma espécie de “com-
passo” é ladeado pelo traçado de
um zig-zag. Na sua base, apare-
ce uma pequena figura antropo-
morfa, aparentemente reveren-
ciando a pintura de um signo
expresso por uma linha vertical.

Barro Branco II

Localização:
Fazenda Santa Maria
 Barro Branco III 75

Um pequeno abrigo sob rocha

formado bem acima do solo atu-
al, não habitável, possui um pai-
nel de petróglifos com 12 gravu-
ras de tridáctilos, além de alguns
sulcos isolados. Nas proximida-
des, há 2 figuras antropomorfas
pintadas, uma delas masculina,
em tom ocre escuro, com os bra-
ços abertos para o alto. Parece
que não há uma relação entre os
conteúdos dessas pinturas e as
gravuras.

Barro Branco III

Localização:
Fazenda Santa Maria
76
Barro Branco IV
Pequena cavidade subterrânea,
não habitável, com apenas 3 ele-
mentos pictóricos na cor ocre:
um tridáctilo, uma figura abstra-
ta de traços paralelos e um ter-
ceiro composto por três linhas
paralelas em zig-zag. Aparente-
mente não há conexão direta en-
tre essas representações. Há um
painel pequeno com gravuras,
composto por 4 tridáctilos e um
pequeno quadriculado.

Barro Branco IV

Localização:
Fazenda Santa Maria
 Barro Branco V 77

Sítio localizado próximo ao Bar-

ro Branco IV, onde há uma pe-
quena cavidade em forma de tú-
nel que perpassa pelo rochedo,
permitindo a travessia de um
lado para outro, não habitável.
Neste local, a “arte rupestre” se
apresenta por meio de 3 figuras
pintadas, sendo 2 tridáctilos e
uma figura ovalada, seccionada
no meio por uma linha longitu-
dinal, a qual remete à estilização
do órgão reprodutor feminino.

Barro Branco V

Localização:
Fazenda Santa Maria
78
Barro Branco VI
Pequeno abrigo sob rocha, não
habitável, com pinturas na cor
ocre, na parede externa. Desta-
ca-se, no alto, uma pintura com
o formato sugestivo de uma ser-
pente/cascavel realizando um
movimento ofídico e sobre ela,
um antropomorfo. Há ainda
uma pintura que lembra 2 esca-
das paralelas, acima das quais,
parece ter, por elas, subido, 2 fi-
guras antropomorfas estilizadas.

Barro Branco VI

Localização:
Fazenda Santa Maria
 Barro Branco VII 79

Esse sítio pode ter sido um ha-

bitat provisório, porém, o mais
provável é que tenha sido um es-
paço ritualístico. Possui apenas
uma pintura, sulcos e poucas
gravuras, executadas sobre um
bloco rochoso que foi prepa-
rado/alisado previamente. Isso
demonstra que houve uma in-
tenção pré-operatória.

Barro Branco VII

Localização:
Fazenda Santa Maria
 São José 81

Localizado em um morro teste-

munho, o piso deste abrigo tem a
profundidade e a largura estrei-
tas, o que afasta a perspectiva de
se tratar de um sítio para habita-
ção, mas, sim, de um local com
função simbólica e ritualística.
As pinturas são em tonalida-
des ocre e amarelo ou bicolores
(ocre e amarelo), bem visíveis
em contraste com o tom esbran-
quiçado da rocha arenítica.

São José

Localização:
Fazenda São José
82 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
São José 83
84 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre

As figuras antropomorfas são
diferentes daquelas encontradas
nos outros sítios, sobretudo, um
par delas, com preenchimento
colorido na totalidade da área
poligonal interna dos corpos.
Sob a aplicação de técnicas di-
ferentes, quando comparadas às
outras representações humanas,
parece que estas foram feitas por
distintos autores.
São José 85
Nas representações figurati-
vas, destaca-se um painel com
6 mãos “carimbadas”, reunidas
em conjunto organizado. Assim
também ocorre com as pinturas
de lagartos. As representações
simbólicas abstratas são abun-
dantes (“grades”, alinhamentos
paralelos, “esteiras”, “gomos”
articulados, mandalas e pontos
digitais). Neste sítio são poucos
os tridáctilos.
 Fidalgo I 87

Uma laje rochosa depositada

sobre espessos blocos de arenito
forma um “túnel” que permi-
te acesso aos dois lados do vo-
lume rochoso. Na entrada, há
uma pintura representando esse
portal de acesso ao interior da
cavidade rochosa e uma figura
antropomórfica em pé, com bra-
ços abertos para o alto, parecen-
do estar eufórico para atraves-
sar esse “portal”.

Fidalgo I

Localização:
Fazenda Fidalgo
88 A lcinópolis | Uma galeria natural de arte rupestre
 Fidalgo I 89

Na entrada do “túnel” há um complexo painel com

dezenas de pinturas organizadas de uma forma
singular no município. Destacam-se os elementos
articulados, bicolores (ocre e branco), de um an-
tropomorfo estilizado e uma figura composta por
2 triângulos opostos, cada um contendo 3 outros
triângulos em seu interior. A sobreposição de figu-
ras (abstratas, zoomorfas e antropomorfas) denota
que o painel foi elaborado em etapas ou por dife-
rentes autores.

Esse painel, pela sua localização e sua complexi-

dade, sugere que, para os participantes desse cená-
rio pretérito, esse lugar tenha sido uma espécie de
portal para outra dimensão metafísica, temporal
ou espacial. A intensa sobreposição de elementos
torna confusa/abstrata e opaca a leitura e o reco-
nhecimento individual das variedades morfológi-
cas dos signos que integram esse sofisticado painel.
90
Fidalgo II
Este sítio é um paredão rochoso
perpendicular ao solo, com pin-
turas rupestres na cor ocre. Nele
há uma pintura reproduzindo
uma figura antropomórfica na
posição sentada. Em outro pai-
nel, um lagarto pintado é acom-
panhado de sinais abstratos.
Uma sequência vertical de figu-
ras geométricas (“gomos”/losan-
gos) pintadas e articuladas entre
si, talvez, seja a reprodução esti-
lizada de uma serpente/cascavel
ou um símbolo fálico.

Fidalgo II

Localização:
Fazenda Fidalgo
 Fidalgo III 91

Esse sítio é composto de 3 com-

plexos painéis (um deles mos-
trado na foto ao lado). Nos ou-
tros dois, aparece pinturas na
cor branca (o que é raro) e, em
um deles, se faz presente a bicro-
mia (ocre e amarelo).

No painel com inserções bi-

colores destacam-se 2 signos,
uma figura pintada em ocre e
amarelo que reproduz dois tri-
ângulos opostos, unidos por um
dos vértices, muito semelhante
a uma imagem observada no
sítio Fidalgo I.

Fidalgo III

Localização:
Fazenda Fidalgo
 Gruta Montanha 93

Localizado no interior de uma

furna, este amplo abrigo sob
rocha apresenta painéis com
petróglifos. Predominam os pa-
drões clássicos de tridáctilos, lo-
calizados tanto na parede como
em blocos de pedra no piso. Há,
em número bem reduzido, re-
presentações de estrelas na for-
ma aproximada do que se obser-
va no sítio Pata da Onça.

Gruta Montanha

Localização:
Fazenda Montanha Também é singular uma gravu-
ra na forma de um casulo onde,
no interior do mesmo, há uma
sequência de sulcos paralelos,
talvez representando o guiso
da cascavel, evocando um sím-
bolo fálico. Outras sequências
de sulcos livres e/ou alinha-
dos, paralelamente, são encon-
tradas dispersas em blocos ao
redor do abrigo.
 Primavera
Paredão de rocha no interior de
uma furna com um complexo
painel de petróglifos, onde pre-
dominam tridáctilos presentes
em variadas formas. Nota-se (na
página ao lado), sequências de
pequenos furos na rocha, mistu-
rados a subáreas do painel onde
destacam-se conjuntos com sul-
cos paralelos de longas linhas
verticais, às vezes, agrupadas.
Primavera
Localização:
Fazenda Primavera
95
Destaca-se uma gravação de
pegada humana (pé esquerdo),
muito bem elaborada, ladeada
por uma expressiva representa-
ção do que poderia ser uma fo-
lha de palmeira.
Em diversos pontos do pai-
nel principal, observa-se
gravuras sobrepostas, o que
parece indicar momentos dife-
rentes de confecção.
96
Varjão I
Em um grande bloco rochoso
residual e isolado no campo, há
um pequeno nicho em uma das
faces. Em uma superfície verti-
cal, que deve ter sido preparada
previamente, foi pintada uma
única figura: uma forma ovalada
com traços internos paralelos,
lembrando uma “grade” ou gui-
so da cascavel (possivelmente
um símbolo fálico).

Varjão I

Localização:
Fazenda Alabama
 Varjão II 97

Este sítio está localizado em um

campo onde há, isolado, um
grande bloco residual de arenito
com pinturas ocre. Destacam-se
tridáctilos, na parte mais alta
da rocha, linhas curvas parale-
las, “gomos” articulados e uma
figura cruciforme. As outras
pinturas estão semiapagadas de-
vido às intempéries, já que estão
em área externa.

Varjão II

Localização:
Fazenda Alabama
98
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-histórica brasileira. Curitiba: Zencrane Livros, 2007.
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LORENZ SILVA, José L. et al. As inscrições rupestres de Paranaíba – Relatório de
pesquisa. Três Lagoas: UFMS/IAP-UNISINOS, 1986.
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CMS, 2012.
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“Alcinópolis: uma galeria natural de

arte rupestre” é um trabalho de divulgação dos
sítios arqueológicos com pinturas e gravuras rupestres
encontradas em Alcinópolis-MS. Por ser um dos primeiros
livros publicado com esse tema no nosso município, o
dedicamos a uma pessoa que foi e será eternamente especial
para nós, Sebastião Oli Moreira Prado, que por muitos
anos trabalhou como monitor ambiental (guia turístico),
conhecia todos sítios arqueológicos de Alcinópolis e tinha
uma grande paixão pelo município.
Oli foi uma pessoa que nunca demonstrava triste-
za ou mesmo estar contrariado e trazia sempre um sorri-
so no rosto. Ele partiu tragicamente, deixando saudades e,
com seu jeito de ser, nos ensinou muito.
Somos sabedores que sua memória merece muito
mais do que essa simples homenagem, mas a fazemos com
o coração.

Marcos Antônio dos Reis (Marcão), Gilson Rodolfo

Martins, Emília Mariko Kashimoto, Laura Roseli Pael
Duarte, Lia Raquel Toledo Brambilla Gasques e Ara de
Andrade Martins.