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Instituto Callis
Todos os direitos reservados.
1• edição, 2013
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
L579a
Lemos,Sueli
Arte românica e bárbara / Sueli Lemos, Edna Ande; ilustrações Marco Antonio Godoy. - 1. ed. -
São Paulo: Instituto Callis, 2013.
32 p. : il. ; 25 cm. (Arte na idade média; 2)
Inclui bibliografia
Sumário
ISBN 978-85-987 50-82-8
1. Arte - Idade Média - História. I. Ande, Edna. II. Título. III. Série.
13-02875 CDD:709
CDU: 7(09)
ISBN 978-85-98750-82-8
Impresso no Brasil
2013
Dist ribuição exclusiva de Callis Editora Ltda.
Rua Oscar Freire, 379, 6° andar• 0 1426-001 • São Paulo • SP
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Arte na Idade Média
ARTE
ROMÂNICA
E BÁRBARA
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .....................................................................................................7
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 9
ARQUITETURA ...................................................................................................... 19
Arquitetura românica - um encontro com Deus .................................................... 19
Características da igreja românica ................................................................ 19
A planta da igreja românica ............................................................................. 20
O edifício da igreja românica .......................................................................... 21
Mosteiros - um mundo de recolhimento, religiosidade e trabalho .................... 22
A arte de erguer castelos ............................................................................................... 23
Guédelon, uma viagem no tempo .................................................................. 24
ESCULTURA.......................................................................................................... 27
PINTURA............................................................................................................... 29
Livros iluminados, um luxo para poucos .................................................................. 29
Afrescos e retábulos ....................................................................................................... 30
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 32
APRESENTAÇÃO
A idade Média é um período de difícil definição, pois está situada entre a
nostalgia da Idade Antiga e o orgulho da Idade Moderna.
A arte na Idade Média será mostrada dentro de um contexto histórico. Não aque-
le que muitos hi storiadores dizem ser a idade das trevas, mas, sim, um período de mu-
danças sociais e riquezas artísticas que nos levarão a perceber como as obras de arte
influenciaram a sociedade dessa época.
Mostraremos como os povos desse período adaptaram novos métodos de arte às
suas necessidades religiosas, já que a religião era o refúgio dos oprimidos.
Compararemos as diferenças que a arte apresenta em mil anos de Id ade Média. Es-
colhemos esse caminho para estimular o leitor a pensar na importâ ncia da arte desse
período dentro da história universal, percebendo e realizando as leituras das imagens
por uma via de fácil entendimento.
Assim como fizemos na coleção "Arte na Idade Antiga", ler imagens continua sen-
do nosso objetivo. Seus significados, relacionados a sentimentos, pensamentos e per-
cepções, desencadeiam discussões por meio de olhares distintos.
Também, não nos esqueçamos de que os artistas são grandes comunicadores por
meio do v isual; não necessitam das palav ras, pois a iconografia é imediatista, muito
rica e nos fa z viajar.
Convidamos o leitor a nos acompanhar nesta viagem pela Idade M édia e a deci-
frar os códigos de uma época t ão misteriosa!
A S AUTORAS
Quem é o personagem retratado e o que ele carrega na mão?
Você consegue reconhecer as quatro figuras que o emolduram?
Esta peça é uma relíquia da Idade Média, você saberia identificar
que tipo de objeto ela é?
INTRODUÇÃO
/
Foi entre os séculos V e XIII que a arte esteve a serviço da espiritualidade, se fazen-
do presente no cotidiano de uma Europa cristã. Se as invasões bárbaras no Império Ro-
mano são lembradas p ela violência, é preciso também considerar o intercâmbio cultu-
ral que se p rocessou nesses contatos e suas influências em processos artísticos futuros.
Enquanto os mosteiros europeus afastados dos grandes centros urbanos guardavam
e reprodu ziam obras literá rias e iluminuras, as igrejas exerciam o fascínio, a devoção, a
p eregrinação e a força de uma época p or meio de suas linhas arquitetônicas. Era o es-
tilo românico. A utilização do arco romano e de técnicas que utilizavam as abóbadas,
pouca luz e pedras na construção de paredes grossas, foram responsáveis pela edifica-
ção de igrejas vistas como "Fortalezas de D eus". Era o sentimento religioso proposto
pelo cristianism o, que buscou na visibilidade um a das form as de se m a nter presente no
cotidiano de uma sociedade iletrada, sensibilizada pela força da imagem e da devoção.
Nes ta obra, as autoras proporcionam ao leitor riqueza de imagens e clareza textual,
que são fr utos de uma pesquisa ap urada e de um mergulho no universo m edieval. Um a
produção cuidadosa, que vem contribuir para a construção de um olhar sobre as m ani-
fest ações artísticas ligadas a um período histórico marcado pelas relações entre os va-
lores temporais e espirituais.
PAULO SuTTI
Esse período, que vai do século V até o século XI, será A imagem da página 8 mostra a capa de um manus-
dividido em duas fases: um primeiro momento, em que a crito que traz a figura de Cristo, um dos temas mais usa-
arte se desenvolveria com base na cultura dos invasores; e dos pelos artistas. A forma decorativa carrega traços de
um segu ndo momento, no século VIII, com o surgimen- culturas orientais e germânicas.
to da figura de Carlos Magno, altera ndo o cenário para a Observe como Cristo é mostrado em posição majes-
arte denominada carolíngia. tosa, entronado; enqua nto abençoa com uma das mãos,
O estilo românico n asceu da necessidade do povo com a outra, segura um livro.
de ir em busca de sua identidade cultural e dos valores As duas letras gregas que aparecem ao lado de sua
estéticos greco-romanos. É n a velha Roma que surge cabeça, alfa e ômega, são símbolos que representam
a inspiração para o uso do arco como elemento de sus- "o primeiro e o último", t ítu lo que foi dado a Cristo em re-
tentação na arquitetu ra e da abóbada como sistema de ferência a uma passagem do Livro do Apocalipse.
cobertura. Na decoração, o artista utilizou materiais como:
O estilo românico não foi totalmente homogêneo, marfim, ouro e pedras preciosas.
trazendo consigo características que se mesclam com as Cristo em majestade é oferecido com muito luxo aos
artes romana, bizantina e islâmica, e com as religiões cris- olhos dos crentes. Um grande friso oval separa a imagem de
tã, muçulma na e judaica. Cristo dos quatro símbolos dos evangelistas: o anjo de São
Um trabalho muito representativo da arte românica Mateus, a águia de São João, o leão de São Marcos e o touro
são as iluminuras - ilustrações que os monges copist as de São Lucas. Sua força e poder também são expressos pela
faziam nos manuscritos medievais. falta de proporção em suas pernas dobradas, pelos grandes
dedos das mãos e pelo halo que contorna sua cabeça.
O Livro de Kells
A imagem ao lado perten ce
aos m a nu scritos conhecidos co-
mo Livro de Kells, um documento
muito impo rtante no c ristianis-
m o irla ndês. Suas páginas foram
confeccionadas p or mo nges cel-
tas, por volta do ano 800, e suas
pinturas decorativas - também
conhecidas com o iluminuras -
ilustram letras e cenas bíblicas.
Perceba com o a figu ra hum a-
na surpreende em sua forma de
representação. Os artistas irlan-
deses tiveram grande dificuldade
em adaptar suas tradições às no-
vas exigências dos livros crist ãos.
O tema, sempre retirado da
Bíblia, é m odificado de m an eira
a acompanhar o gos to pessoal do
artista; ele transforma as madei-
xas do cabelo em rolos, cria faixas
entrelaçadas entronando a figu-
ra central e contorna toda a volta
com uma m oldura decorativa de
padrões complexos.
Arte carolíngia -
a prosperidade da arte monástica
Uma grande instabilidade econô mica e admi nis- e converteu seus habitantes ao cristianismo. H omem
trativa su rgia no Império do Ocidente após as inva- inteligente e conquistador, quis devolver o esple n dor
sões dos povos bárbaros. Carlos Magno, nesse momen- à ar te europeia ao rev iver a trad ição artesana l da ar te
to, consegu iu reunir sob a sua coroa os povos francos, romana, adapt ando-a às necessidades da religião cr is-
aquitânios, godos, visigodos, eslavos, saxões e lom- tã. À s obras desse período dá-se o nome de arte caro-
bardos; tinha por objetivo inst aurar um novo Impé- língia.
rio, unificar os senhores e as aldeias sob uma única re- Incen ti vador dessa ar te, Ca rlos Magno patroci-
ligião e uma única cultura compartilhada, baseada em nou vário s centros monástico s, verdadei ros ateliês
seu poder e conhecime nto. que eram responsáveis pelas produções dos manuscri-
Carlos Magno, rei dos francos, es teve no poder tos sagrados. Quanto ao estilo, a arte carolíng ia rece-
e ntre os anos 768 e 8 14. Recebeu o título de prote - beu influên cias das artes celta-ge rmâ nica, roman a e
tor da Igreja Romana, com o qual conquistou terras bizantina.
O monge- artist a coloca-
-se como um "continuador"
quando reprodu z os temas
cristãos e u sa de sua liber-
dade estética ao se expres-
sar por meio do dese nho.
Exemplo disso é a imagem
dos evan geli stas que foram
reproduzidas de diferente s
formas em diversos manus-
crito s, seguindo o estilo de
cada artista.
São Mateus,
iluminura dos
evangelhos de
Ebbo, escola
francesa,
século IX.
O artista med ieval apre ndeu a expressar o que sentia e m suas obras. Por meio dos desenh os. t ransmit ia aos
seus ir mãos de fé os en sina mentos das hi stóri as sagradas.
Na imagem acima. o a r tista representou São Ma teus. Com gr ande liberdade e sem se p reocupa r e m divinizá-
-lo. retirou a auréola de sua ca beça. O sa nto é r et ratado com expressão de tensa concentração por meio dos
olhos esbugalhados: suas mãos são retratadas de fo r ma exagerada e g rotesca. mostra ndo a importância dos
escritos no livro sagrado.
A cena é carregada de express ivid ade. notada pelas linhas sin uosas que apa recem nas dobras ondu lantes da
t ún ica. Essa exp ressividade também está presente no cená rio de fundo. riscado de forma contínua. c riando
uma região monta nhosa que proporciona a ideia de movimen to.
A iluminura abaixo é uma das mais esplêndidas da fundo difuso e imaginário na cor azul. Expressivos, ves-
pintura carolíngia. Criado no começo do século IX, a tem roupas clássicas, deixando livre o braço direito, usa-
imagem nos mostra a mais elevada cultura pictórica dos do para escrever.
quatro evangelistas, com seus respectivos símbolos em Todos os evangelistas estão com o livro aberto e por-
uma paisagem imaginária. Uma moldura dourada encer- tam tinteiro e pena, o que sugere que estejam mergulha-
ra majestosamente esse cenário espiritual. dos em seus trabalhos. Tinham a função de contar a vida
A iluminura reproduz os quatro evangelistas - São de Jesus, escrever um Evangelho.
Mateus, São Marcos, São Lucas e São João - sentados em A iconografia cristã atribui um símbolo a cada um
banquetas com volumosas almofadas bordadas, ante um dos quatro evangelistas:
Sacro imperador
romano Oto III,
ano 998.
Manuscrito
iluminado,
Museu Nacional
da Baviera,
Munique,
Alemanha .
Arte românica -
um diálogo com o invisível
O termo "românico" é uma invenção do século XIX pecadores, e isso era um perigo constante. A Igreja Ro-
para designar um estilo de arte semelhante ao roma- mânica registrou em pedra tal drama, transformando
n o. Esse novo estilo foi fruto da assimilação da cultu- suas con struções. As paredes lisas e as cúpulas brilhan-
ra ocidental mediterrânea do século VIII pelos povos tes deram lugar a edifícios que configuravam o palco do
bárbaros. drama do homem da Idade Média, profundamente di-
O a no 1000 era um mito que d i sseminava o me- lacerado e ntre as forças do Bem e do Mal.
do, pois os cristãos o associavam ao fim do mundo, ao Na arqu itetura, a arte românica se destaca com as
Apocalipse, ao Juízo Fi n al. Tal momento, tão temido e construções de igrejas e mosteiros; subordinadas à ar-
não concretizado, acabou por favorecer a con strução de quitetura, desenvolvem-se a escultura, a pintura e as
uma infinidade de edifícios religiosos com o intuito de artes decorativas. O surgimento dessa nova estética ex-
purificar o espírito e de agradecer por terem atravessa- pressa o sentimento religioso de um povo convertido
do a temida data. ao cristianismo.
Mesmo com a não concretização da profecia do fim
do mundo, este não havia perdido seu caráter ameaça-
dor; o diabo estava sempre de prontidão à espera dos Igreja de Santo Ambrósio, Milão.
A arquitetura românica agrega em suas construções o arco romano. O s edifícios deveriam ser fortes
e protetores para barrar a ent rada das forças malignas.
Arquitetura românica -
um encontro com Deus
As ordens religiosas se aproveitavam do sentimen- As caract erís ticas desse estilo são marca ntes e facil-
to de fé e promoviam peregrinações a lugares santos, mente identificáveis: a fachada da p o rta principal, em
como J erusalém, Roma, Santiago de Compostela e ou- forma de arco, vem acompanh ada de uma ou duas tor-
tros, com a pro messa de salvação etern a para as almas res p a ra abrigar os sinos, chamadas de campanários. Na
dos peregrinos. Para acomodá-los, os a rquitetos proje- parte interna, su rge uma arqu itetura abobadada, de p a-
taram grandes edifícios com planta básica, com um cor- redes sólidas com colu n as terminadas em capitéis cúbi-
redor contínuo circula ndo o altar da igreja. O visitante cos, esculpidos com figuras de vegetais e a nimais.
poderia, assim, caminh ar observando as relíquias sem A planta da igreja românica aparece no formato da
atrapalhar os fiéis em oração. cruz latina, com um a de suas pontas form a ndo um se-
As relíquias sagradas - túmulos de santos, de m árti- micírculo. E sse form ato assemelha-se a um jogo infa n-
res e de bispos, ossos, peças de vestuários - eram gu ar- til conhecido como amarelinha. No jogo, o objetivo é
dadas em relicá rios e dep ositadas n as pequenas cape- chegar até o "céu" e, para isso, deve-se transpor os obs-
las que ci rculavam o altar. Os peregrinos acreditava m táculos até atingir o almejado. Tal comparação nos le-
p iamente que elas possuíam milagrosos poderes curati- va ao mesmo objetivo que tinham os fiéis ao entrarem
vos. Essas peregrinações tornaram-se v ias de intercâm- na cat edral românica, pois determinavam a mesma pe-
bio cultural, econômico e artístico. regrinação ao atravessarem os quadrado s - sugeridos
pelos pilares da nave - antes de pisarem no "céu", ou na
Características da
• • A •
abside da igreja.
1greJa roman1ca E ssa planta universal deu origem às igrejas cristãs
As igrejas rom â nicas eram grandes e sólidas, com e foi, p or séc ulos, m odelo de todas as outras que foram
paredes espessas e com aberturas estreitas u sadas co- construídas na Europa. No entanto, não eram tot almen-
m o janelas, tornando o ambiente escuro e protetor. Daí te h om ogêneas, seguiram va riações em seu s estilos re-
serem ch am adas "Fortalezas de Deus". gionais.
Transepto - espaço Capelas - locais de
A planta da igreja românica que atravessa a nave oração destinados a
central, representando diversos santos.
os braços de Cristo.
Fachada - Naves laterais -
entrada principal, corredores mais
com abertura estreitos, paralelos
em arco.
Abside - arco
principal que
abriga o altar.
•• • •
•• ••
• • •
O teto das igrejas apresenta a característica mais mar- sas construções era conseguir o menor número possível de
cante da arquitetura românica. Trata-se da utilização da obstruções internas nas basílicas, além de também serem
abóbada - cobertura de espaços; teto recurvado e feito imunes ao fogo. A partir de ent ão, a m adeira que era usa-
de pedra, que evoluiu do arco romano. A vantagem des- da internamente passa a ser usada somente nos telhados.
(l
Arco pleno Abóbada de berço - é uma Abóbada de canhão - é uma Abóbada de aresta - é a
ampliação lateral da s extensão da abóbada de berço. intersecção de dua s abóbadas
paredes do arco pleno. de berço apoiadas sobre pilares.
O edifício da igreja românica Esse estilo, profundamente europeu, expandiu-se
O estilo românico dominou a Europa Ocidental, que de Portugal à Alemanha, do sul da Itália ao norte da
estava unida pela fé; sua arquitetura apresentou, entre- Inglaterra. Convém lembrar que, naquela época, a Eu-
tanto, variações regionais de acordo com as influências ropa ainda não estava dividida nas nacionalidades que
locais diversas, que originaram várias escolas români- atualmente a compõem e os povos falavam variações
cas. Estudiosos dão como datação da arte arquitetônica do latim.
românica os séculos XI e XII, e meados do século XIII. Podemos ter uma ideia melhor da arquitetura ro-
mânica ao observarmos a ilustração abaixo, da igreja de
l ~orre sineir~ .
Saint-Sernin. A basílica é um exemplo desse estilo e foi
uma das primeiras igrejas de peregrinação na França.
\ u campanarw
com abóbadas
de aresta s
com abóbada
de berço Deambulatório
Castelo de Guedelon
em construção.
Observe as imagens da construção do castelo de Guédelon e viaje no tempo.
Construção da ala principal e de uma das torres. Ateliê de pintura com pigmentos da época.
TORRE TORTA
A s origens de Pisa permanecem envoltas em mistérios; nem mesmo os historiadores dos tempos an-
tigos foram capazes de desvendá-los. Muitos acreditam que povos vindos pelo mar, na época pré-
-romana, instalaram-se onde hoje se encontra o pedacinho da cidade denominado de cidade medieval.
Nartex do portal
da Basílica de
Santa Maria
Madalena,
Vezelay, França.
Uma das características da representação de Cristo é a deformação, que colocava sempre os Os quatro anjos
valores religiosos acima da forma . Cristo é mostrado maior que as outras imagens que o cercam, contornam a
flutuando em um espaço sem profundidade, com os olhos grandes e abertos. Essas desproporções figura do Cristo.
são intencionalmente exageradas com o objetivo de mostrar Cristo como divino e soberano.
Cristo em Majestade,
A representação austera efrontal do O românico define as formas
Igreja d e São
Cristo, que se relaciona diretamente por meio de cores fortes e
Clemente de Tahull -
com os fiéis, é uma típica influência chapadas, sem a intenção de
Catalunha, Espanha.
da arte bizantina . imitar a realidade.
Gregório Magno I dizia que a pintura pode fazer pelo respeito à Igreja, expondo diante de seus olhos as lições
analfabeto o que a escrita faz pelos que sabem ler. Tal fala contidas nos livros sagrados.
expressa todo o objetivo da pintura românica, que é con- Os artistas românicos tinham liberdade para explo-
siderada uma pintura religiosa e tratada com muito res- rar os diversos caminhos da representação da figura hu-
peito, sendo mais que uma simples decoração. mana. Observe a imagem abaixo; parece tratar-se de uma
A pintura românica desenvolveu-se dentro das igre- pintura contemporânea, embora seja um retábulo tumu-
jas em associação com a arquitetura. Eram encontradas lar do século XIII. Nele, o artista se libertou da rigidez
em grandes decorações de murais, por meio da técnica da figura frontal para mostrar a intensa dramaticidade
do afresco, e na pintura sobre madeira, também conhe- de um cortejo fúnebre; nos rostos, pode-se ver expres-
cida como retábulo - as tábuas pintadas ficavam geral- sões carregadas de sentimento, que são intensificadas pe-
mente atrás do altar. lo gesto das mãos.
Cabia ao artista a função didática de tornar visível a Outra inovação são os desenhos geométricos das
onipotência divina, imbuir no crente o temor a Deus e o roupas e o uso de cores quase monocromático.
REVISTAS:
A REDESCOBERTA da Idade Média. R evista História Viva. São Paulo: Duetto Editorial, nQ32, jun. 2006.
VIKINGOS en Espana. R evista Historia de Iberia Vieja. Madrid: Editorial America Iberica, nQ 86, ago. 2012.
SITES PESQUISADOS:
Musée de Cluny. Disponível em: <www.musee-moyenage.fr>. Acesso em: 01/07/ 13.
Guédelon. Disponível em: <www.guedelon.fr>. Acesso em: 01/ 07/ 13.
Site officiel de la ville de Carcassonne. Disponível em: <www.carcassonne.org>. Acesso em: 01/ 0 7/ 13.