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I. INTRODUÇÃO GERAL
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o Movimento romântico e suas divergências
o As transformações artísticas – polo de Sintra com o Palácio da Pena – com a abolição das
ordens religiosas em Portugal o que é que isso representa. Não havia romantista de
qualidade na europa que não tivesse visitado o Palácio da Pena.
- Século XX:
o 1ª República – foi uma revolução sem revolucionários. Não foi ninguém que a ganhou.
Dá-se numa situação esquisita. Período delicado para a europa pensante. Crise de
identidade colectiva. Cristãos colocam dúvidas, cientistas a mesma coisa, protestantes
tb, etc. Onde está o problema? Tudo o que foi utilizado em prol do homem é utilizado
para matar o homem com a 1ª guerra mundial. Ora isto, provoca mta confusão. Desde
1905 o ministério da defesa alemão tinha os planos em cofre de invadir a França. Há aqui
uma descaracterização completa do homem. Isto vai levar ao “modernismo”.
o Aparecimento do cinema em Portugal – foi visto como uma nova área de investigação
económica. Mais não se deselvolveu pq o pais não estava electrificado.
o A cultura durante o Estado Novo – tb aqui o cinema foi usado pois perceberam que era
um óptimo meio de difusão. No entanto, os filmes feitos pelo Governo, não tiveram
grande aceitação pelo povo portugues. No entanto, os outros filmes sim, Ex. Pátio das
Cantigas, etc.
o Censura
- Século XXI – estado da questão hoje
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transformar-se numa empresa de impulsos extraordinários que dominará a Nação, desde o século
XVI ao nosso tempo.
O desafio que se nos oferece à entrada no novo milénio é saber como consolidar também a cultura
nos tão apregoados “200 milhões de falantes. Mas se quisermos manter as raízes nacionais, os
valores pelos quais, de formas diferentes, sempre nos batemos, ao longo da História, isso significa
que, independentemente da formação académica, ou vida profissional, devemos ter consciência de
que a cultura que nos gerou não pode ou não deve desaparecer, até por que, quaisquer tipos de
relações bilaterais têm subjacentes relações culturais.
1. Definições:
- Harriot – “cultura é o que resta depois de tudo se ter esquecido”. O que significa isto? Hoje, há
mtas coisas que já não as tenho presentes, mas já ouvi falar delas; ora, isso é o que resta. O que
resta é o que nos fica registado, ainda que não sistematicamente. Se precisar posso ir buscar e
aprofundar sobre isso. É uma definição no sentido do individuo culto, elitista, erudito, pois tem
por base algo já aprendido.
- Conselho de Europa – “a cultura é tudo o que permite ao indivíduo situar-se em relação ao
mundo e também em relação ao seu património natal; é tudo o que contribui para o homem
compreender melhor a sua situação tendo em vista a eventual mudança desta”. É uma definição
tripartida: respeitar a cultura do outro (relação ao mundo: o património do outro, língua,
religião, costumes, etc.); depois relativamente a mim próprio (património Natal), mas sp abertos
a um mundo em constante mutação.
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Ainda não se usava a palavra cultura mas “culto” (no sentido individual). Para o Grego ser culto
significava um individuo que fosse capaz de dominar uma determinada matéria que exigisse esforço
intelectual sendo capaz de expô-la e esta ter aceitação social. Ex. Aristóteles, Platão, Fídias…
Roma´
Os romanos são mto diferentes dos atenienses, são mto pragmáticos por isso, inventam palavras
para as acções se elas não existirem. Ex. Horácio, Cícero (foi um dos maiores oradores de Roma…).
Idade Média
Esta ideia de “culto” continua a funcionar numa série de autores: S. Agostinho; S. Tomás de
Aquino,…
Século XVII
Na Alemanha surge a palavra “Bildung” que significa “formação do espírito”. Estes autores diziam
que nós ao nascermos somos indivíduos (não temos nada gravado na mente), então, o individuo é
livre de permanecer nesse estádio, mas se quiser pode crescer no evoluir dessa memoria formando
o seu espírito. O que acabam por dizer é que todos podem ser elitistas e desenvolverem-se e não
apenas uns poucos. Pretende-se, contudo, afirmar que o ser humano nasce indivíduo
transformando-se numa pessoa, isto é, através de um processo educativo-formativo, o indivíduo
transformar-se-á num ser culto. Aqui já estamos a aproximar-mo-nos de uma visão diferente do
homem.
O problema mais grave na altura era a fome e a sub-nutrição. A revolução industrial e a capacidade
de armazenamento favorecia superar as crises. O problema é que salvo poucos, a grande maioria
da população vivia ainda pior pois a pobreza era mta (horas nas minas e nos teares além de que era
mto perigoso pois haviam mtos acidentes de trabalho). Esse encantamento relativo à técnica e
ciência dura apenas 56 anos. Surgem então, diferentes formas de desencanto, entre os quais, textos
escritos: afinal de contas nem a técnica nem a ciência melhoraram a qualidade de vida, mais além
de a umas poucas pessoas.
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Outro aspecto importante é que o iluminismo desperta o gosto pelas viagens o que vai ter
consequências/vantagens mto grandes. Começa a dar-se o alargamento do planisfério, ou seja, da
sociedade até aqui conhecida. Isto vai colocar em contacto sistemático os europeus com uma
infinidade de culturas. Cada vez mais se começa a olhar para o social em vez do individual. Falamos
da cultura A,B, ou C referindo-nos ao povo A, B ou C em vez de falar de pessoas ou autores
importantes. É nesta época que começa a vulgarizar-se a palavra cultura. Assim, nesta altura, os
termos Cultura ou Civilização, começam a vulgarizar-se para se contrapor aos termos de barbarismo,
selvajaria ou primitivismo.
Em 1871 por Edward Tylor surge uma 1ª definição universalista da cultura: “cultura ou civilização,
no seu sentido mais lato… conjunto das normas, regras, direito… adquirido pelo homem, mas
enquanto membro de uma sociedade”. "Cultura ou civilização, no sentido mais lato do termo, é
esse complexo que compreende o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes
e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade”. Esta
dimensão da sociedade é fundamental nesta definição.
Segundo a sua definição parece que a cultura e a civilização são sinónimos, mas será mesmo assim?
Isto vai provocar um dinamismo que leva à renovação do conceito. É que dentro de uma civilização
(ocidental, oriental, inca, chinesa, etc) podemos ter uma infinidade de culturas. Como resolver
então o problema dado que na definição de Tylor, cultura e civilização são sinónimos? O problema
resolve-se na 3ª etapa pela diferenciação das culturas de onde vem o relativismo cultural. Isto
significa que o conceito deixaria de ser considerado universalista para centrar-se mais numa
dimensão estrutural, ou seja a concepção relativista da cultura.
Neste sentido, todas as culturas são relativas, são autonomizadas, isto é, não dependem da outra.
Então, como podem conviver umas com as outras? Como resolver o problema da convivência
pacífica? Como sendo tão diferentes podemos conviver? É preciso mecanismos de equilíbrio para
que o dialogo seja possível entre culturas diferentes. A resposta dá-se respeitando todas as culturas
de igual forma – cultura A = B = C = D = N em termos da respeitabilidade. Considera-se que não há
uma cultura superior nem inferior. Para respeitar é preciso identificar.
Factores de cultura
O que contribui para formar os elementos de cultura:
- Antrophos = individuo – é o elemento fundamental. Sem ele não há cultura. Faz referencia ao
homem na sua realidade individual e pessoal.
- Ethos = sociedade (grupo social de pertença) – cada um está integrado num determinado grupo.
- Oikos – Habitad = território geográfico, País, Nação. Esse grupo de pertença não vive no ar. Uma
unidade cultural é a nação, isto é, eu só consigo dizer que a cultura A é igual à B se eu conseguir
identificar a A, B, C e D.
- Chronos – perspectiva do tempo com o passado, presente e futuro:
o Passado é um tempo longo, até hoje.
o O presente é o tempo do individuo que em termos sociais é a EMV (esperança media de
vida – H: 75; M: 78);
o Futuro (qual o comprimento do futuro? Há-de ser aquilo que nós quisermos que seja –
em 100/150 anos, desde a revolução industrial para cá, destruímos mais o habitat do
que todo em todo o passado, por isso, há uma preocupação grande com a herança que
deixaremos aos que estão a nascer. Temos a obrigação de deixar alguma herança para
os vindouros. Não podemos desfazer rapidamente as condições de vivencia para o ser
humano).
Conceito de Identidade
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O conceito de identidade é complexo pois é um conceito que atravessa uma multiplicidade de
disciplinas. O conceito neste contexto, surge da necessidade de distinguir uma cultura da outra.
Como é que distingo uma cultura da outra? Através da sua própria identidade. O B.I. deriva daqui.
O relativismo ao considerar que todos temos a mesma validade, tb trouxe a necessidade de
identificar cada um. O problema é que não se pode atribuir uma identidade à toa. Só faz sentido
falar em grupo de pertença se esse grupo existir. Por isso, este é um conceito que nos permite
identificar cada um de nós no exterior (de fora para dentro saber quem somos).
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o Até 1910 – Monarquia Constitucional: Rei; Bandeira; Língua; Moeda: réis
o 1910 – 1926 – 1ª República: Presidente da República; Bandeira (já alterada); Língua; hino
Nacional; Escudo
o 1926 – 1974 – Estado Novo: Presidente (sem nenhum poder); Presidente do Conselho
de Ministros (aquele que detém o poder – Salasar); Hino Nacional; Bandeira; Língua;
Corporativismo; Censura; Regime de partido único; Escudo. Dá-se a negação de tudo o
que era aceite na 1ª República (segunde estes, os elementos essenciais da 1ª República
era para esquecer, pois deram cabo de Portugal).
o 1974 – 2020 – Estado Democrático: Presidente; Assembleia da República; Vários
Partidos; Língua; Integração Europeia (impensável no regime anterior pois implicaria a
perda das colónias); Euro…
Ex. Português apanhado no Canadá a roubar – Londres – Lisboa – Porto – R. Sta Catarina – esta é
a lógica e processo da identificação. Ideia das bonecas russas.
O elemento mais poderoso não só quanto à cultura, mas tb relativamente à identidade é a língua.
Daí as dificuldades em alguns países – Ex. Para escolher em Espanha uma língua, houve imensos
problemas. É necessário fazer uma opção: Espanha precisava de uma língua oficial, pois é o elo de
ligação da nação.
Conceito de Civilização
No século XVIII não era fácil distinguir os conceitos de cultura e civilização. No entanto, a cultura
começa a ser entendida mais ligada a progressos individuais, enquanto que a civilização mais ligada
aos progressos colectivos. Neste sentido, a civilização diz respeito a uma vasta área geográfica, onde
várias culturas e povos podem compartilhar a mesma civilização. Ex. Civilizaçao ocidental, oriental,
etc.
Com o avanço do relativismo cultural este conceito de Civiliaçao vai perdendo força. É sobretudo a
partir da 2ª grande guerra a humanidade deu um grande passo que levou a mudança qualitativa no
conceito de Civilização, precisamente ao fundar a ONU.
Tomando como base que uma nação é uma unidade de cultura, ainda que haja mtos elementos
culturais dentro desta unidade. Ao conjunto das unidades de cultura podemos fazer equivaler à
totalidades das unidades de cultura. O que tb pode ser igual à totalidade das geografias; o que por
sua vez corresponde ao nosso Planeta. Isto corresponde à Civilização. É a civilização humana. Ao
conjunto das culturas vou dizer que estão metidas numa só civilização. A diferença qualitativa, é
precisamente por em evidencia que só há uma Civilizaçao, a humana, onde todos têm os mesmos
direitos e deveres.
Neste sentido, a ONU, tende a ser constituída por todos os povos, por todas as culturas, que quer
dizer pela Civilizaçao humana. A ONU hoje, corresponde à totalidade das geografias (com excepção
de dois países que não fazem parte da ONU). Neste sentido, a Civilizaçao, ou a ONU que a representa
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de forma oficial, tem como objectivo melhorar as instituições, a legislação, a educação, a saúde, o
respeito pelos direitos e liberdades fundamentais, o respeito mútuo, justiça e equidade entre todos
os povos. Assim, procura-se também a paz sem a qual o progresso não é possível.
Passos da ONU:
- Acabar com a corrupção política que se dá nos regimes políticos autoritários (família que
governa para si só e esquece a identidade cultural) – através da imposição de regimes
democráticos. Neste sentido o regime democrático permite combater e verificar o que é de cada
um e de todos ao mesmo tempo, de uma forma mais eficaz que nos regimes autoritários.
Dificuldade – levar à democracia quem não a quer.
- A ONU interfere no terreno diariamente através das suas agências:
o FAO – Organização para alimentação e agricultura – relativamente à alimentação
sabemos que tem-se feito algo, mas mtas vezes os alimentos não chegam a quem tem
mais necessidade. Por outro lado, ao nível da agricultura o que temos ouvido? Se num
país pobre quisermos promover a agricultura o que é necessário? Carta de solos;
perfuração; canais de irrigação; redes de estradas; silos; mão de obra qualificada (Engº
agrónomos; enólogos;… supõe ir para a Universidade). A pergunta é: tem-se feito isto?
Não!!!
o OMS – o que têm feito? Vacina; Medicamentos; Prevenção – o que se tem feito têm sido
medidas avulsas.
§ O problema fundamental está na educação – ora não conhecemos programas
que têm sido feitos pela OMS nesse sentido.
§ Emprego – desenvolvimento – tem-se feito? Não!
§ O único local onde se fez um programa completo foi em Timor Leste. A
determinada altura alguém disse: isto é um projecto mto caro e o país é mto
pobre e suspenderam o programa.
Há condições hoje para promover a igualdade de todos os países do planeta. Há uma instituição da
qual todos fazem parte, onde pode haver fórum/diálogo. Qdo um dia todas as crianças forem à
escola, qdo 90% poderem frequentar a universidade é óbvio que haverá mais possibilidades. Isto
significa que se deveria aproveitar mais o facto de uma haver uma Instituiçao que represente a
Civilizaçao humana para se lutar com mais empenho diante de uma série de problemas mundiais,
que antes de serem económicos, sociais ou religiosos, são essencialmente culturais, pq o homem é,
desde a sua origem, um ser cultural.
2. AS INSTITUIÇÕES ESCOLARES
Introdução
Começamos por aqui pela importância enorme dada que tem a educação para um país, sendo esta
um barómetro cultural de um povo. Falaremos das origens do nosso ensino e depois mais à frente
na viragem do Marques de Pombal. Portugal nasce de norte para sul. Nasce com um poder político
militar, (desde 1128, até 1249, altura em que o Algarve é conquistado). Este é o poder das normas.
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Mas para fixar as populações há outro poder, o poder da Igreja. A igreja divide o território em
parcelas, ou seja, em Bispados. No ano 476 o império romano cai e é divido numa infinidade de
impérios políticos. No entanto, algo comum a todos era o latim. Como a Igreja era a única instituição
organizada, e com base no latim, resistiu à fragmentação política. Desta forma conseguiu resistir e
vai patrocinar o desenvolvimento e fixação dos povos nos locais.
As instituições escolares
As primeiras instituições escolares surgem ligadas à Igreja. Em cada local era necessário colocar um
responsável pelo desenvolvimento espiritual. Por isso, era necessário dar formação a todas as
pessoas pertencentes a um território. Primeiras instituições:
- Escolas catedrais ou escolas urbanas – funcionavam próximas da Sé – ao início era ao ar livre
mas como isto não era mto viável depois passou-se para o claustro, depois em salas com palha,
só mais tarde passa-se às cadeiras.
o À frente estava o mestre escola responsável pela educação dos miúdos
o Acompanhado por um mestre de gramática e o chantre para o canto litúrgico
o Matérias (7 artes liberais):
§ Trivium – gramática, dialéctica, retórica
§ Quadrivium – música, aritmética, geometria, astronomia.
o Mais antiga: Braga, Porto, Coimbra, Guimarães, Lisboa.
- Escolas paroquiais – são mais incipientes pq o pároco colocado no seu local está sozinho. No
entanto precisa de auxiliares. Para atender os fregueses ele não ia sozinho. As viagens eram
longas e ir sozinho era bastante complicado. Para isso vai promover o ensino e a formação de
outros. Estas foram medidas promovidas pelo Concílio de Latrão: 1179; 1215.
- Escolas capitulares – derivam de um grupo de indivíduos que se juntam e têm à sua cabeça um
prior. Retiram-se e dedicam-se à oração, ensino. A mais conhecida é a escola colegiada de Nossa
Senhora da Oliveira. Há poucos elementos escritos sobre isto. Sabemos apenas que este tipo de
escolas funcionou.
- Escolas monacais – os mosteiros foram as grandes células vivas da cultura. A maior parte situam-
se no norte. Houve uma implantação mto grande no norte por uma lado pq a conquista foi de
norte para sul. Por outro lado, grande parte dos mosteiros são de origem familiar. Na altura no
Norte a densidade populacional era elevada. As famílias nobres bem posicionadas (com 7 ou 8
filhos não tinham património para dar a todos – por isso, uma das formas era colocar os filhos à
frente dos mosteiros: forma de preservar a família e o poder da família sobre o terreno).
Podemos destacar dois mosteiros:
o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra – fundado em 1131. Esteve D. João Peculiar (pessoa
mto interessante); D. Telmo, D. Miguel – cônegos que pediram autorização ao Bispo D.
Bernardo e lançaram-se à obra. Os reis pediam ao mosteiro para que eles elaborassem
os documentos régios.
o Mosteiro de Alcobaça – os monges não só estudavam e formavam-se, como copiavam
obras em mau estado e preocupavam-se em reproduzir obras que estavam a surgir no
estrangeiro. Foi possível catalogar cerca de 500 códices.
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- Colégios – Colégio dos Santos Paulo, Elói e Clemente fundado pelo Bispo D. Domingos Anes
Jardo. Foi subsidiado pelo Bispo com uma condição: que todos os anos os responsáveis
deixassem entrar estudantes pobres. Tratava-se de dar oportunidade a estudantes pobres
(bolsas). Preocupação antiga de promover possibilidades.
Todas estas escolas tem características religiosas, mas é um facto que ajudaram notavelmente a
nação, pois fizeram um trabalho civil a vários níveis.
Fundação da Universidade
O ensino ministrado nas rudimentares escolas-catedrais não tinha capacidade de resposta face à
crescente procura da instrução. As primeiras universidades fundadas na Europa datam do século
XIII: Angers, Bolonha, Oxford, Cambridge, Paris, Orleães, Vallodolid, Salamanca, Montpellier,
Toulouse, Vercelli, Vicência, Pádua, Arezzo, Siena, Roma, Nápoles e finalmente a universidade de
Lisboa
Depois da conquista do Algarve em 1249 o Rei quer agora tomar o papel que estava a realizar a
Igreja. Agora é o Rei que quer participar no desenvolvimento, na fixação e organização do pais,
sendo necessário para isso a aplicação da lei em todos os lugares da mesma forma. Para isso é
necessário pessoas qualificadas e em quantidade suficiente para distribui-los pelo país. Era
fundamental o direito, daí a necessidade da Universidade. É a necessidade de querer organizar
administrativamente o pais que leva ao surgimento da universidade.
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- Dúvida dos investigadores: será que em 1288 foi feita a petição ou se optou directamente por
fundar a universidade. D. Dinis, foi um homem que interferiu do ponto de vista administrativo
de forma bastante dura. Por isso, possivelmente, quer o Papa dissesse sim ou não, a decisão já
estava tomada.
- Em 1309 – D. Dinis vai elaborar a Magna Charta Privilegiorum que é considerada o 1º estatuto
conferido à universidade portuguesa:
o Estudantes e suas famílias ficam sobre a protecção régia – não seriam julgados na justiça
ordinária, pois eram protegidos do rei. A preocupação do rei era: eu protejo-te mas qdo
eu precisar de ti, estás à minha disposição. O rei iria precisar colocar juízes, tabliões, etc.,
ao longo de todo o país. É este o peso que se paga por esta protecção.
o Os estudantes podem participar na eleição do reitor
o Os estudantes podem participar na eleição e construção dos estatutos.
o No início a nossa universidade era uma universidade democrática – todo o seu corpo
humano é chamado a participar na sua construção. Essa característica vai desaparecer
na reforma de D. Manuel em 1500. Isto tem a ver com a autoridade que a institui – neste
caso é o rei e é o rei que manda.
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- Rui de Pina – diz que o nosso rei fez a petição a João XXII (pontificado de 1316-1325). Está
enganado pq há documentos que dizem outra coisa, mas apresenta uma ideia que é curiosa,
pois poem em evidencia que o Rei não é indiferente à localização do Estudo Geral. Neste sentido
diz que a petição foi feita para Coimbra: pois é o local equidistante, que fica no meio do Reino;
é abundante (Lisboa nunca tem nada e está dependente dos milhares de barcos que atracam –
Lisboa só come: trigo vem de fora, tecidos vêem de fora; etc.); está longe das pestilenças (as
condições em Coimbra eram mais sãs e favoráveis).
Universidade de Lisboa-Coimbra
Não há universidades em Portugal, só há a Universidade. Só a partir de 1911 é que surgem as
universidades. De facto a Universidade na Idade Média, não é de Lisboa mas Lisboa-Coimbra, pois
o seu berço deu-se na cidade de Lisboa, mas até 1537 está num sucessivo vai e vem (5 vezes) entre
Lisboa e Coimbra, onde se instala definitavamente no século XVI por ordem D. Joao III.
- 1290 – Foi fundada em Lisboa, mas por ser uma cidade demasiado cosmopolita oferecia um
universo de diversões que prejudicavam a aprendizagem. Por outro lado, os estudantes faziam
mto barulho, não deixavam dormir e por causa das pestes vão enviar a universidade a Coimbra.
- Coimbra (1308) – em 1338 D. Afonso IV faria regressar novamente o Estudo Geral para Lisboa.
- Lisboa (1338) – como os estudantes armavam mta confusão, em casos roubavam e pelas
queixas, a universidade volta para Coimbra.
- Coimbra (1354) – o ambiente pacato da cidade não agradou a mtos dos professores, que na
maioria eram estrangeiros e não se deram bem com a cidade de Coimbra. A universidade volta
para Lisboa.
- Lisboa (1377) – Como não havia condições o Papa fecha a universidade. Volta a abrir por volta
de 1380. Em Lisboa permaneceu até 1537.
- Coimbra (1537) – estabelece-se em Coimbra.
3. A ARTE ROMÂNICA
Introdução
Após a morte de Carlos Magno (por volta de 814), gera-se uma nova etapa na mentalidade europeia,
apoiada pelo sistema feudal. O que acontece após a morte de Carlos Magno? Dos três filhos de
Carlos Magno, nenhum teve a vocação do Pai. Era preciso encontrar um sistema que permitisse a
sobrevivência do império. Isto levou ao desenvolvimento do sistema feudal baseado num conjunto
de relações de fidelidade, vassalagem como forma de subdivisão do lucro. O grupo tem que
trabalhar para aqueles que estão encarregados da sua defesa. O facto de o povo obedecer ao seu
senhor (o senhor da localidade) é mais uma inovação. Por isso, dizia-se que estamos perante uma
nova civilização, pois gera-se uma nova etapa na mentalidade europeia apoiada pelo sistema feudal.
Não percebi qual a ligação do sistema feudal com a arte românica? São estes senhores dos ducados
que depois irao patrocinar a arte. É a primeira sociedade que começa a organizar-se em termos de
reino. Começam-se a formar unidades politicas que vao incrementar a arte, assim como outros
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factores sociais. Este é um sistema que começa a abrir fronteiras pq o anterior estava fechada nas
Villa.
Dada a destreza de Carlos Magno (notável cavaleiro da época) o certo é que o Papa Leao III, vai
perceber que tem aqui um individuo que poderá ser muito útil para travar o sucessivo avanço dos
árabes sobre o território europeu acabando por coroa-lo imperador da cristandade. Carlos Magno
não percebeu o pq da sua coroação, e como aceita o convite forçado, fez uma leitura própria do
acontecimento: eu não queria, mas já que insiste, considero-me enviado de Deus, não tendo por
isso que responder directamente ao Papa. No entanto, a sua política é encarada como um
instrumento da unificação da fé.
Esta coroação vai ter consequências a vários níveis: arte, organização eclesiástica, formação do
clero, etc. Carlos Magno vai querer interferir na preparação do clero, apesar de saber que estava a
interferir numa esfera que não lhe era permitido. A razão é que vê um clero local com pouca
preparação. Naturalmente influenciado por Alcuino vai interferir ao nível da preparação do clero.
Vao haver novas casas para conter esta gente que será preparada. Esta sua preocupação com a
organização eclesiástica e preparação do Clero levou tb à construção de mosteiros, o que por sua
vez teve uma forte repercussão na arte. Para além disto, a sua política ao serviço da Igreja (após a
sua morte, a partir de meados do século IX) contribuiu para que surgisse uma nova mentalidade
religiosa que teve reflexos profundos na arte e arquitectura. A ruptura artística mostra que,
definitivamente, uma nova dimensão arquitectural de natureza religiosa, está a emergir: há uma
nítida separação entre a ”arte nova” e a velha arte carolíngia.
No contexto da época é preciso ter em conta a queda do império romanos desde o ano de 476. Nos
últimos anos antes da queda os grandes senhores nobres fogem para as suas localidades,
centrando-se nas suas Villae, Quintas e Casais. Por isso, pouco se produz e o império estagna. Como
os grandes fogem, a economia romana torna-se mto fechada sobre si própria. Neste contexto de
estagnação a vários níveis (tb constructiva), para construir era necessário criar e reinventar. Assim:
- Anos 910 – Mosteiro de Cluny. O seu Abade S. Bernou mandou construir uma nova abadia dando
assim origem a Cluny II.
- Cluny II (963-981) – este mosteiro que dava alojamento a cerca de 70 membros influenciou mto
a arte românica em Portugal. Nesta da-se uma nítida ruptura com a arte carolíngia. Ao crescer
ainda mais partiu-se para construção de Cluny III.
- 1050 Cluny III – a construção foi dirigida pelo abade Hugo de Semur e projectado pelo monje-
arquitecto Guinzo. A sua Igreja tornou-se um símbolo de grandiosidade e referencia para a
Cristandade.
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está interessado nesta envolvência, pois a religião envolve a comunidade. Deste crescimento,
nasce a expressão: olhando para o horizonte vemos “um manto branco de Igrejas” (Raul Glabe).
Além de mtas, a Igreja é colocada no alto duma localidade para que se possa ver ao longe. Uma
dificuldade em relação a esta teoria é que não há registos de que o Papa, ou o Bispo A, B ou C
se tenha preocupado com o ano mil (nos concílios do séculos X). Nas crónicas tb não há uma
referencia explicita a esse ano 1000. As que há não se referem ao ano mil. Se esse elemento é
frágil era necessário encontrar outros elementos.
- As condições da europa são as causas fundamentais, pois estamos paulatinamente a assistir a
uma mudança de mentalidade:
o Fronteiras da europa começam a estabilizar nas áreas de leste – qdo estabilizo com o
vizinho não me preciso de preocupar mais com ele. Cada vez mais há condições para que
a civilização urbana comece a surgir.
o O comércio começa a expandir-se e por isso há bolsas de desenvolvimento que fazem
que sobre dinheiro para que se possa investir noutros aspectos.
o A europa central começa a ter alguma estabilidade política com Otão (imperador do
sacro império Romano-Germanico) e Hugo Capeto (eleito rei de França – 987).
- Peregrinações – esta é outra causa que motiva as construções de natureza rural. As
peregrinações produzem uma espécie de movimento internacional. Favorecia-se as
peregrinações entre os cristãos, pois considerava-se que ao menos uma vez na vida deveriam
visitar estes lugares: Jerusalém; Roma; Santiago de Compostela. Há uma movimentação supra-
local, supra-regional. As peregrinações ao fazerem-se em grupo influenciavam assim a
mentalidade do grupo. Perante a grandiosidade de Santiago de Compostela, o grupo rural fica
espantado e diz: pq não fazemos isto na nossa terra. Boa ideia! Vamos fazer! As peregrinações
geram a solidariedade.
Terminologia
A arte surge a partir do ano mil, no entanto, o termo “românica” foi assim designado no congresso
de 1825, na Normandia pelo autor Adrien Gerville, que ao estudar começa a considerar que esta é
uma arte grosseira, é uma arte pesada. Considera que é uma arte desnaturada ou sucessivamente
degradada. Por isso, o termo românico é um termo pejorativo. O Gerville não percebeu que a partir
do século X foi preciso adaptar o que havia na antiguidade dando-lhe uma nova expressão.
Modelo arquitectónico
O que se pretende é um edifício contrário do típico edifício religioso antigo. O edifício dos deuses
romanos, é para que os deuses estejam dentro, sendo inacessível o acesso a essas divindades. Agora
pretende-se o contrário: quer-se ouvir a Deus por meio do seu ministro. Não são salas para a
habitação do próprio deus; neste caso é preciso estar lá dentro ao invés dos edifícios anteriores
onde estava-se lá fora e os deuses deveriam ser adorados desde o exterior.
As igrejas são construídas tendo por base a cruz romana ou latina. Ver anexo – desenho na folha
Como os edifícios religiosos antigos não podiam servir de modelo pq não eram habitáveis no seu
interior, e agora era necessário construir grandes espaços religiosos, servem de modelo e inspiração
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a Antiga basílica romana (usada para fins públicos) agora adaptada para fins religiosos. No entanto,
o espaço sofre transformações para melhor se adaptar aos fins religiosos. Aspectos mais
significativos:
- Abside – na extremidade frente à entrada tinham um arco de forma arredondada – esta torna-
se a parte principal do lugar de culto e onde se guardava as reliquias dos mártires.
- Abóboda em pedra (inovação mais forte) – a abóboda em pedra em todos os elementos do
edifício é a inovação mais forte. Esta era sustentada por contrafortes.
- Os pilares românicos, espessos e seguros dividem longitudinalmente, o corpo da Igreja em
naves.
Escolas românicas:
Uma escola significa que temos um mestre e uns discípulos que por sua vez serão mestres de outros
discípulos. Há uma reprodução no tempo seguindo os mesmos moldes. Assim temos as seguintes
escolas românicas:
- Lombarda
- Primitivo Catalã
- Aquitânia
- Poiton
- Normandia
- Borgonha – a que mais influenciou Portugal
- Alto Reno
- Sicula - --------
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Sé de Coimbra (1160 época de reconquista e por isso tb há a preocupação pela defesa onde se vê
pela sua característica amuralhada) – é a única que se manteve intacta e resistiu ao tempo e por
isso é a que nos serve de modelo:
- Autores – mestre Roberto, mestre Bernardo e o mestre Soeiro
- Elementos:
o Virada para Oriente – para Jerusalém
o Planta cruciforme, abside (2 absidíolos)
o Transepto
o Torre lanterna
o 3 naves: central, lateral esquerda/direita
o Abóbada de berço (nave central e transepto)
Românico rural
Em Portugal não há escolas românicas puras, o que há são regiões. O que se produz é típico de uma
certa região. Cada Igreja é diferente da outra? Não, mas há mtos regionalismos. Isso, é o que é
comum a todos os autores. Aqui nota-se as vantagens e influencias das peregrinações pois à medida
que nos aproximamos de Santiago de Compostela o número de construções aumenta, pois os que
iam voltavam com a vontade de fazer o mesmo. Havia indivíduos autorizados a pedir esmola para a
construção. Aspectos mais comuns:
- Pórtico de entrada – elemento mais importante – resume Cristo, o Evangelho é a linha de
fronteira entre o profano e sagrado. Diferença entre o que sou e o ideal ao qual estou chamado;
por isso, com um impacto psicológico.
- Porta – Cristo: simboliza o centro do Evangelho que a Igreja está chamada a servir.
Alguma simbologia:
- Macaco – significava a luxúria
- Duas cabeças – guardiães (símbolo relativo ao apocalipse)
- Tema da anunciação
- Aves em afrontamento num espaço mto pequeno – o individuo que fez é um analfabeto. Somos
uma cultura oralizante, podem-lhe ter dito o que fazer oralmente e o interpretou à sua maneira.
É um experiencialismo onde se mudou o símbolo inicial.
17
A escultura decorativa
- Portal de entrada – O portal de entrada é uma representação ou a visualização possível da porta
da Vida Celeste, de Jerusalém, que o cristão irá transpor um dia. Aí se encontra normalmente
Cristo sentado, em majestade.
- Iconografia – A iconografia do portal principal (ou de outros) é um recorte de uma composição
que recorre aos motivos fitomórficos, zoomórficos, antropomórficos ou às representações
geométricas.
- Igreja – O templo ou a igreja é, neste mundo, o símbolo, em pedras reais, do templo de glória
construído na Jerusalém celeste, na qual a Igreja exulta numa paz constante.
4. ARTE GÓTICA
O homem sente-se grato por Deus não ter destruído o mundo no ano 1000. Diante dessa gratitude
vão-se construir edifícios de agradecimento, o mais alto possível, com a simbologia de estar mais
próximo de Deus. Não só não acabou o mundo, como este está em expansão e com dinheiro para
investir.
Outro factor importante foi o notável crescimento da universidade pois esta veio trazer mais
conhecimento e pessoas preparadas o que proporcionou outra vitalidade aos próprios negócios.
Assim, com o crescimento económico e a influencia da universidade, estavão criadas as condições
para o surgimento de uma nova mentalidade que faz esquecer o românico.
A catedral gótica surgiu como uma evolução estética das formulações românicas. Os seus principais
elementos estruturais foram a planta basilical, a abóbada de cruzaria de ogivas e o arco quebrado
em ogivas. Mas não há “qualquer solução de continuidade entre o românico e o gótico. Trata-se de
dois mundos diferentes e de dois modos de construir antagónico.
Terminologia
Ninguém diz eu sou um construtor românico, nem gótico. O término gótico surge:
- Lorenzo Valla (1440) – usa esta palavra para designar a grafia utilizada na Idade Média.
- Sec XVI - Giorgio Vasari
- Gótico – atribui aos Godos toda a arquitectura do período medieval, assim, trata-se de artes dos
godos (bárbaros) – arte alemã. Assim, a arte gótica foi considerada para os humanistas uma arte
bárbara situada entre o Clássico e o Renascimento. Por isso, gótico, é um termo pejorativo =
idade Média = idade das trevas. É uma arte sem respeito. Mas os humanistas tb não perceberam
o pq desta evolução.
- Assim, hoje aceita-se sem contestação “a expressão arte gótica para designar as manifestações
artísticas, ao longo de três séculos, na Europa Ocidental.
19
A ordem de Cister
No final de século X em Cluny, Borgonha surge a ideia de purificar a Regra de S. Bento (817). Surge
uma reacção à ordem de Cluny (Beneditinos). Porque?
- Os Beneditinos interpretam a Regra, ou seja, fizeram algumas alterações, acrescentando umas
coisas e omitindo outras. Por isso, são criticados.
- Fractura – A Consequência é que surge a fractura pois há um grupo que não concorda e vai reagir
nesse sentido. A sua preocupação é interpretar a regra como São Bento a deixou.
Assim, duas dezenas de indivíduos foram levados por Roberto (fundamentalista da regra de São
Bento) ao Dijon, tendo depois a abadia ficado com o nome de Cister. Roberto, considerava que nesta
última fase, os monjes beneditinos comiam e bebiam mto e por isso pôs um forte assento no jejum.
O seguimento da regra à risca levou à fome, à doença, e à morte precoce. Como, a maioria deles
pertencia a famílias bem conceituadas, estas questionavam-se: como é possível que um filho que
vai para o Mosteiro morre mais cedo do que os que ficam? Sem meios de subsistência, acontece a
primeira cisão em Cister e Roberto regressa a Molesmes levando consigo alguns companheiros.
Continuação da história:
- Abade Alberico – sucessor de Roberto fez a ruptura definitiva com Cluny, lançando as bases da
legislação cisterciense (novos estatutos – tao rigorosos como a própria regra beneditina) e para
isso mudou a cor do hábito – de negro passou para branco (pureza e rigor).
- Este fundamentalismo vai levar a que a fome, peste e morte precoce aumentem cada vez mais.
Perigo: que um dia não haja candidatos, pois entravam cada vez menos.
- Étienne Harding – ainda mais rigoroso, o que teve como consequências:
o Morte e privações
o Falta de novos candidatos – as famílias não metiam lá os filhos. À imortalidade que se
abate sobre esta comunidade associa-se a incapacidade de recrutar novos elementos.
o São criticados pelos beneditinos – não metam lá os vossos filhos.
o Cister entra numa situação desesperante, sendo a sua maior crise entre 1109 e 1112.
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Em 1115 – é encarregado pelo abade Ètienne Harding, de fundar o mosteiro de Claraval, à frente de
12 religiosos. Assim, funda uma nova abadia (ainda não era mosteiro). Vai para Claraval que ficará
a ser a nova casa Mãe dos Cistercienses. Este é o edifício que vai ficar para o futuro. Bernardo, acaba
por ser o segundo fundador de Cister. Em 1153, no ano que morreu, tinha recebido 188 religiosos
em Claraval e fundado 68 abadias, filiais de Claraval.
Como é possível dar tanto dinheiro para coisas que não tem interesse algum. Por isso, para ele há
que retirar tudo isso da arte, sendo que as abadias devem ser ornadas unicamente pela oração.
Tinha uma motivação moral (o que não ajudasse à oração devia ser retirado) e uma motivação
económica (não se pode gastar dinheiro aqui, quando há tantas pessoas necessitadas).
Consequências:
- É contra o gosto profano
- Contra a beleza material dos templos
- A beleza não deve ser nos edifícios mas interior ao individuo
- Acabou por purificar a Regra de S. Bento
Desiderio foi um homem com mta visão – o edifício é mto largo e alto – então Desiderio coloca os
pilares no interior da Igreja começando mais fino e depois alargando para não tirar a visibilidade das
pessoas que estão dentro da Igreja. Aqui Desidério fez algo inédito, pois o normal é que a base dos
pilares seja mais grossa e depois diminua.
Os vidrais são transparentes; os capiteis são mto simples, não há quase decoração lá dentro. Isto só
se vê nos edifícios Cistercienses, influenciado por São Bernardo.
Mosteiro da Batalha
É completamente diferente do mosteiro anterior. A origem do mosteiro foi o voto de D. João I e
com a vitória em Aljusbarrota (14 de Agosto de 1385) quis cumprir o seu voto. D. João I foi um
individuo bastante medroso, de facto relativamente à batalha de Aljusbarrota, foi o mestre D’Avis
que partiu para a batalha sendo desobediente ao Rei.
Ao mosteiro foi dado o nome de Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Estávamos na véspera de Santa
Maria de Agosto. Talvez por isso, D. João I quisesse dar mais um passo na religiosidade medieval,
determinando esta construção mariana.
Localização – para a sua construção foi adquirida a Quinta do Pinheiro (pertença de Egas Coelho e
Maria Fernandes de Meira). Uma questão que surgiu foi a quem devia ser entregue o mosteiro? Foi
entregue à ordem religiosa de S. Domingos (1388). Nesta construção surge pela 1ª vez o “ponto dos
operários” (curiosidade)
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- Ao olhar para ele vemos que não é uma mentalidade portuguesa – o 1º mestre foi o Afonso
Domingues (inglês). O edifício é relativamente baixo e nós gostamos de altura – influencia
inglesa pq toda a decoração é uma decoração inglesa. Provavelmente convidados de Dona Filipa
de Lencastre esposa de D. Joao I.
- Por ser tão baixo, tudo é decorado – é quase um hino à decoração
- Três naves em forma de cruz latina: 80m de comprimento e 22m de largura.
- Alguns autores dizem que há duas mentalidades em conflito.
- Assim, as influencias ou modelos inspiratórios não colhem unanimidade entre os investigadores.
o Reynaldo dos Santos – o plano do mosteiro é naturalmente português
o Vergilio Correia – não exclui a origem Levantina
o Mario Chicó – sustenta que se baseia primeiro na Catedral de Lisboa e depois influências
inglesas.
A direcção da obra foi entregue sucessivamente a vários mestres. Dos mestres é preciso saber:
- Mestre Afonso Domingues (1388-1402)
- Mestre Huguete (1402-1438)
Estética
Dialéctica entre duas estéticas e duas mentalidades que se completam:
- Portuguesa – mestre Afonso Domingues – responsável pela planta – ao ser o arquitecto régio
recai sobre si o privilégio de conceber os planos para a construção do edifício.
- Inglesa – mestre Huguet – responsável pelo desenho e fachada (representa a Igreja triunfante)
com características mto diferentes de Afonso Domingues. Huguet faz a transposição de uma
visão arcaizante para um novo fôlego moderno, onde a cultura tipicamente portuguesa se torna
europeia e, com isso, ganha uma componente universal. A fachada do mosteiro da batalha é
uma síntese de valores estéticos, religiosos, mentais, sociais e políticos. Nela se afirma a
arquitectura, a escultura, a religião e o poder político de uma época rica no contexto da cultura
portuguesa.
Conclusão – “a Batalha está para D. Joao I, como os Jerónimos para D. Manuel e Mafra para D. Joao
V, ou se procurarmos exemplos além fronteira, o Escorial para Filipe II e Versalhes para Luis XIV”.
Pode-sedizer que o mosteiro da Batalha é um dos mais importantes e mais originais monumentos
da Europa desse tempo.
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amor/ódio, política/reino, mentalidade/execução artística, de um século em crise. O estudo dos
túmulos de Alcobaça apoiam-se em diversas fontes: documentais, cronisticas, literárias e
monumentais ou tumulares (vamos centrar-nos nestas).
O que esta por tras? Um problema político ligado a uma questão amorosa. Rei e Rainha encontram-
se num espaço dedicado aos vivos mas também à memória dos mortos. D. Pedro envolveu-se com
D. Inês, envolvimento este que era condenável. A família de D. Ines era poderosa. Começam a surgir
rumores que a sua família queriam que se casassem. Há quem diga que houve casamento em
segredo. No entanto, quando chamaram as testemunhas, ninguém sabia as datas do casamento, o
que era mto estranho. Na idade média haviam mtos casamentos clandestinos – casamentos a furto,
onde as pessoas fugiam para casar. Como foram mtos os casos, a certa altura, considerou-se que
como não há nada a fazer o melhor é aceitar esses casamentos. Então a pergunta era: quando é que
se casaram? Podiam não saber o dia, mas dizia-se sp a 01 de Janeiro. Neste caso de D. Inês as
testemunhas nem disso sabiam. A questão política é que se ele se casasse, se matassem a Fernando
(o que seria bem possível), poderia haver uma ligação com Espanha o que por sua vez poderia
provocar a perda da independência. Por isso, deu-se morte a D. Ines. Os indivíduos que o fizeram
foram recambiados para Espanha: Diogo Lopes Pacheco – conseguiu fugir; Pêro Coelho; Álvaro
Gonçalves
Assim, D. Pedro ordena a construção de dois túmulos. Tudo isto retrata a história de um drama… É
um tema que incomoda… Encontramos a roda da fortuna ou a roda da sorte, onde temos o apogeu
e a decadência dos implicados. D. Pedro e Inês. Temos uma obra prima internacional – Tema que
deve ser visto na perspectiva político-passional mas tb do ponto de vista artístico. Características e
simbologia:
- Não se sabe quem são os autores.
- O túmulo de D. Inês é concluído em 1361 e o túmulo de D. Pedro foi construído entre 1361-
1366.
- Estátua jacente, depois passa a jazente (aqui jaz).
- A temática principal destes túmulos é um hino à inocência. Isto nota-se pelo tema principal
desenhado nos edículas, que retratam a vida, paixão e morte de Xto. A razão é que Xto amou e
teve a morte, com Inês passou o mesmo, fazendo assim, de certa forma uma referencia ao
martírio de Inês. Por isso, transmite-se a ideia de uma Inês calma, serena, rodeada por anjos,
- Apresenta-se a Inês com um símbolo régio chamado o Baldaquino (é um símbolo de majestade).
Com este símbolo, de alguma forma quis-se dizer que a senhora foi rainha, senão em vida, o é
em morte.
- Há uma representação de um macaco (que representa a luxúria) o que de alguma forma foi uma
crítica e forma de dizer que ela tb foi culpada pela sua morte. Significa que alguém estava a
condenar a relação de D. Ines com o Rei…
- Na base do túmulo estão os conselheiros do rei que provavelmente estiverem presentes na
morte
- Topo dos pés (facial dos pés) – juízo final: por um lado a ressurreição (à direita em direcção a
Jerusalém Celeste) e em baixo e à esquerda as pessoas estavam a cair para o Leviatã (Leviatà –
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monstro marinho descrito no livro de Job – representa o inferno). Isto pretende transmitir uma
mensagem na época onde a peste negra tinha devastado a mtas pessoas. Isto tinha como
objectivo trazer à lembrança a necessidade da proximidade com Deus pq de repente, com tantas
crises mta gente desaparece. Uma das interpretações que se fazia é que a peste era um sinal
enviado por Deus por terem morto a Xto inocentemente – a culpa era dos judeus.
- D. Pedro – tem um ar vigilante e atento pronto a intervir em qq momento para que Ines não
corra novamente perigo, pois sp disse que não deixaria que ninguém fizesse mal à D. Inês.
Ladeado de anjos e com um cão (lebreu – especialista em detectar lebres)
- Aparece tb na escultura S. Bartolemeu padroeiro dos gagos pois dizia-se que D. Pedro era
bastante gago
- No facial dos pés aparece D. Pedro a receber os últimos sacramentos.
- Numa parte do facial de cima percebe-se a forma como foi decapitada – um nobre é nobre até
ao fim, por isso, a morte de um nobre é sp a decapitação; não poderia ser o enforcamento, etc.
No entanto, a representação da sua morte, no túmulo de D. Pedro, sugere que este tb se sentiu
culpado pela sua morte.
- D. Pedro expressou a sua vontade que os dois túmulos fossem colocados na igreja do mosterio
de Santa Maria de Alcobaça, mas lado a lado, como se de uma sepultura conjugal se tratasse.
Houve um iluminado que nos anos 60 separou-os e agora um está numa ponta e outro na outra.
- O tumulo de D. Ines foi profanado por três vezes – profanar é mto forte pq no cpo não se toca
(uma no tempo de D. Miguel; outra na época de D. Sebastiao; e por fim pelos invasores franceses
no inicio do século XIX)
5. A CULTURA NO SÉCULO XV
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com a educação dos seus filhos. Chamou-se-lhes de feliz geração pela qualidade intelectual. Desde
os reis (D. Joao I e D. Duarte) aos infantes D. Pedro e D. Henrique, todos se tornaram escritores ou
homens empenhados na tradução directa ou indirecta de obras. Até aqui mtos dos reis assinavam
com uma cruz. Estávamos na época da pancada e da conquista, por isso, o importante era que
soubessem combater, pois para escrever e interpretar estavam os conselheiros do rei que eram os
bispos. Estamos perante um momento novo. Vamos analisar alguns dos trabalhos desses autores
para conhecer um pouco do ambiente da época.
Assim:
- Este livro é verdadeiramente um monumento sobre a caça
- Descrição de António Saraiva: era necessário procurar o porco (javali)… persegui-lo a cavalo por
montes e vales… Fala dos cheiros, dos trilhos, e de toda a experiencia relativa à caça.
- Descrição do Professor Anibal Pinto de Castro: relata como D. João gostava de contar as façanhas
próprias e alheias.
- O livro tb nos dá um quadro da vida social portuguesa na década de 400. Isto pq nestas caçadas,
uma imensa população ia com o Rei. Nos diferentes lugares onde iam, as povoações eram
obrigadas a dar roupa de cama, lenha e alimento para as bestas. Isto era canalizado pelos
responsáveis locais. Assim, tb vai descrevendo um pouco dessas localidades.
- O livro está dividido em três partes com 70 capítulos onde encontramos duas linhas de força: o
entusiasmo e a sua experiencia pessoal. Sendo um homem de religião (membro e mestre da
Ordem de Avis) não deixa de revelar esta dimensão na sua obra.
b) D. Duarte (1391-1438)
D. Duarte esteve desde muito cedo associado ao ofício da governação (Finanças e Justiça), estando
ao lado do pai, D. João I, e desta actuação recebeu, uma vasta experiência em matéria do
funcionamento das alavancas do poder e do Estado, que certamente lhe foram úteis quando
assumiu em definitivo o poder: 15 de Agosto de 1433. Do ponto de vista literário e artístico D. Duarte
foi ainda mais importante que D. João I
Na sua Biografia escrita pelo cronista Rui de Pina este descreve a D. Duarte da seguinte maneira:
alto e forte… homem mto humano… no campo da Corte, na paz e na guerra um perfeito Príncipe…
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tinha um horário mto rígido… era uma pessoa ponderada e madura… pessoa cheia de humor,…,
cavaleiro de ambas as artes (brida e ginete)… foi um príncipe mto católico e amigo de Deus
Este retrato poderia ser pintado de outra maneira, pois o seu curto reinado foi marcado por algumas
vicissitudes que não ajudam mto, concretamente:
- Batalha de Tanger – o irmão mais novo, o infante D. Fernando queixava-se que o Pai não lhe
tinha deixado bens, por outro lado achava que não tinha feito nada de glorioso. Assim,
influenciado pelo infante D. Henrique, seu irmão, queria partir para a conquista no Norte de
Africa. D. Duarte sp resisitiu a esta iniciativa. Ao fim de 2 anos, por fim, cedeu… Fez o plano da
retaguarda, antecipando um possível fracasso – se corressem mal, sai-se por Ceuta e volta-se
para Portugal. Foi uma derrota rotunda, D. Henrique, comandante da expedição é obrigado a
aceitar a rendição imposta pelos mouros. D. Duarte fez tudo para libertar o infante D. Fernando
que acabara prisioneiro. D. Duarte sente-se culpado pela morte do irmão mais novo D. Fernando
e acaba por morrer pouco tempo depois…
- O rei acaba assim a sua vida amargurado, triste e desiludido, algo não relatado pelo cronista Rui
de Pina.
Obras principais:
Ensinança de bem cavalgar toda a Sela
O autor expõe uma instrução didáctica, pedagógica e social. Pretende criar um padrão de conduta
moral destinado à nobreza pq ele diz que esta estava desleixava e a nobreza deveria fazer o papel
de ser referência para o povo. O que acontecia é que ao passarem em vez de serem referência eram
motivo de burla. Considera que a nobreza pelo seu comportamento não pode ser motivo de
desprezo e escárnio. Escreve para relembrar os que já souberam e ensinar os que não sabem
(educar e reeducar). É uma preocupação do autor, relativamente ao cuidado com a imagem, pois
considerava que o exterior reflecte o interior (nota-se aqui a influência e educação da mãe). Por
outro lado, da uma verdadeira receita pedagógica relativamente ao livro: tem que ser lido devagar,
tem que ser relido e bem apontado.
Leal Conselheiro
Composto por 46 capítulos que foram recopilados nos dois últimos anos de vida do autor (1437-
1438). É considerado para mtos o primeiro tratado de filosofia em português. É um repositório de
conselhos de índole diversa (ideias morais e filosóficas); o rei vai abordar uma série de assuntos,
alguns dos quais não tem autoridade para tocar (virtudes, pecados, etc.). D. Duarte vai reflectir
sobre quase tudo até chegar a fazer um pouco de especulação. Ele vai escrever este livro por
insistência de sua mulher, rainha D. Leonor. O livro ao ser uma colecção de retalhos, ou seja, vários
apontamentos que foi tomando ao longo da vida, não está mto bem orgazinado, ou seja, há
matérias que se repetem, umas desenvolvem-se mto, outras pouco. De facto, pediu desculpas por
isto. É um ABC da lealdade sendo três as suas linhas mestres:
- Os poderes e as paixões de cada um
- O bem que percorre os servidores das virtudes e bondades
- Os males e os pecados
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Um problema para ele é a tristeza – considera que um nobre não pode andar triste – para andar
triste basta o povo pq esse tem uma carga demasiadamente pesada nas costas. Faz uma leitura da
seguinte forma: se um individuo anda triste, isso só pode ter uma causa: é pecado. A tristeza é a
manifestação visual do pecado. Propõe a confissão – por isso, o nobre obrigatoriamente deveria
passar por aí. Faz uma lista de 7 ou 8 tipos de tristeza… O individuo tem que ser Kai kalos agathos –
bom por dentro e belo por fora. Outro elemento fundamental é a lealdade… Leal conselheiro é o
próprio D. Duarte pq ele tem a experiencia suficiente sobre todos os assuntos que fala. Se aquilo
sobre o qual fala deu resultado com ele, está em condições de poder ajudar a outros.
Os seus trabalhos não tiveram aplicação pratica pq a mensagem não chegou aos destinatários. As
obras foram com a rainha D. Leonor, primeiro para Castela e depois para França, onde
permaneceram por séculos.
A Virtuosa Benfeitoria, tinha como destinatários os príncipes e os grandes senhores do reino. Este
livro mostra a virtuosa ligação da base ao topo (foi o que aconteceu a seguir a Carlos Magno), do
povo até Deus. No entanto, possivelmente esta não é uma obra de um só homem. Sendo D. Pedro,
um homem avançado para a época, como é possível ter escrito um tratado mto tradicional. Onde
está o problema? Provavelmente, o livro não é dele. Razões:
- Seu irmão, diz-lhe: sei que estás a escrever um livro seria bom que o acabasses. Responde: não
terei tempo de o acabar, por isso, dei o livro ao meu confessor (Frei D. João Verba), com a
liberdade de acrescentar, cortar ou fazer o que bem entender.
- Possivelmente o confessor, sendo uma pessoa tradicional censura as novidade do livro que
achava que não se iriam adaptar à mentalidade portuguesa.
Ele era tão avançado que a sociedade se revoltou contra ele, pelas propostas que fez enquanto
regente. A sociedade vai gravitar em torno do Rei, promovendo um ódio em torno a D. Pedro. Isto
vai levar à Batalha de Alfarrobeira (1449), que durou meia hora e só morreu um individuo: D. Pedro
(há um arqueiro que atirou a flecha e acertou-o no peito). Tinham tanto ódio que nem queriam
depois tomar os restos do corpo. Todos os seus apoiantes e amigos foram expropriados.
2. A CRONÍSTICA NO SÉCULO XV
28
Além da actividade literária de pendor moralista, a cargo da casa de Avis surge em Portugal a
actividade cronística agora com um percurso sistemático. Vamos abordar de forma especial os
seguintes autores:
- Fernão Lopes
- Gomes Eanes de Zurara
- Rui de Pina
Por um lado, tenta ser fiel à verdade, por outro lado, a verdade é relativa. Como poderia escrever
uma crónica joanina que não fosse para legitimar o rei e sua dinastia, nesse sentido a realidade é
influenciada pela reconstrução que dela faz o autor. Um exemplo, desse filtro realizado pelo autor
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é que Fernão Lopes, deixou-se tb arrastar emocionalmente pela situação que Portugal vive, e
nalguns capítulos desta crónica toma uma posição subjectiva sobre tudo isto. Ex. Página 110 do livro
– no capítulo 60 divide o país em portugueses de 1ª e de 2ª. Quer dizer que os bons portugueses
foram os que ficaram junto do mestre D’Avis (enxertos da boa e mansa oliveira); os portugueses de
2ª (enxertos tortos), são os que tomaram o partido de Castela. O que está em jogo é o partido que
os grandes do reino formam: ou são fiéis a D. João I e portanto, à causa de Portugal, à sua
independência e autonomia política ou se aliam a D. João, de Castela, por não acreditarem na vitória
dos portugueses. Ao ser subjectivo, perde a objectividade que deve ser própria da história,
manifestando uma certa teoria biológica do patriotismo, ou seja é influenciado pela terra onde
nasceu e se criou.
António José Saraiva – chama o “Evangelho português”, pois transporta os heróis para um plano
espiritual desde um excesso comparativo pois Fernão Lopes faz um paralelo entre D. João I e Xto e
Nuno Álvares Pereira e São Pedro. São estes os excessos que limitam a sua historicidade. Esta
analogia mostra como Fernão Lopes manipula os seus personagens tendo como consequência
fragilizar a verdade factual. Considera o “Evangelho português” uma blasfémia pois os verdadeiros
motivos não são de ordem religiosa mas política.
Uns tinham as caras baixas, e os rostos lavados em lágrimas, olhando uns contra os outros;
outros estavam gemendo mui dolorosamente (…); outros feriam seu rosto com suas palmas,
lançando-se estendidos em meio do chão; outros faziam lamentações em maneira de canto
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(…). Mas para seu dó ser mais acrescentado, sobrevieram aqueles que tinham cargo da
partilha e começaram de os apartarem uns dos outros (…); onde convinha de necessidade se
apartarem os filhos dos pais, e as mulheres dos maridos, e os uns irmãos dos outros. A
amigos nem parentes não se guardava nenhuma lei, somente um caía onde o a sorte levava!
Com a chegada dos escravos e a sua distribuição estes perdiam a sua dignidade e começavam a ser
considerados como peças…Caiam em qq lugar; mtas vezes eram chicoteados…. Antes que o
acusássemos que estava a exagerar, ele próprio diz: que escreveu sempre por defeito e nunca por
excesso. É um quadro desumano. Como homem, como ser humano, como cristão, choca-o a forma
como o outro (homem, futuro convertido) é tratado (maltratado). No entanto, Zurara, termina este
capítulo dizendo que apesar de tudo valeu a pena.
Os ingleses acusam-nos de ser os pais da escravatura moderna… não é verdade; mas tivemos grande
parte de culpa. Nós comprávamos os escravos com bugigangas (sobretudo espelhos, e o sal). Foi
mto fácil negociar com eles. Consideravam que com o espelho, viam o seu próprio espírito. Se o
espelho se partisse e ficasse rendilhado, isto para os mágicos tinha um forte sentido. Se algum
marinheiro se descaísse e falasse do segredo sal, então era assassinado.
Fontes
A leitura atenta das obras do cronista conduz à conclusão de que o autor citou outros trabalhos sem
fazer a necessária remissão, sendo, por isso, acusado de plágio. a conotação de plágio não é tão
rígida na época de Zurara. São autores e obras conhecidas no mundo intelectual e, portanto, podem
ser usadas sem que o copista incorresse numa infracção.
Obra
Crónicas de D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, D. Dinis; D. Afonso IV, D. Duarte, D.
Afonso V e D. João II
Rui de Pina conhecia o grego e o latim. Não era propriamente um humanista mas também não o
podemos identificar como um erudito à maneira tradicional – é um autor de charneira entre uma
mentalidade tardo-medieval e a Modernidade. Os acontecimentos são descritos de forma distinta
daquela que foi usada pelos seus antecessores; não perde tempo com a prolixidade de citações de
autores latinos ou medievais e adjectivações infindáveis.
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possivelmente foram feitas por outros e ele pôs o seu nome, o que é criticável do ponto de vista
ético. Não há capacidade para escrever tanta coisa em tão pouco tempo.
Conclusão
O século XV é um longo período de labor literário. Todavia, aquilo que devia ser lido em tempo útil
foi esquecido em absoluto, devido a sua série de vicissitudes. os trabalhos deixados, mostram-nos
que a corte desta época está interessada em registar a história, a nossa História. As obras que
conhecemos são um exemplo vivo de como o poder político pode ajudar a preservar a memória de
um povo.
Datação
- No Painel do Infante há uma inscrição com a data de 1445. Estas tabuas que são do Báltico,
nunca podiam ter sido pintadas em 1445 pq chegaram em 1430. Num espaço tão pequeno, não
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é suficiente pois a madeira precisa de 30, 40 ou 50 anos e só depois é que poderia ter sido
utilizada para estes fins. (Dendroenologia – estuda a idade das madeiras). Por isso, a data de
1445 é uma falsa interpretação.
- Segundo a maioria dos estudos, provavelmente são da 2ª metade do século XV, entre 1460-70,
em memória de D. Fernando, Infante Santo.
Significado e Identificação
O políptico formado por 6 painéis lêem-se da esquerda para a direita. Para compreender o
significado é fundamental identificar a figura central dos painéis. Há uma nítida divisão entre os
investigadores que maioritariamente optam ou por São Vicente ou por D. Fernando, Infante Santo.
O curioso é que não são painéis de um santo; pois nestes sempre se trata 4 pontos essenciais:
- Nascimento – acompanhado com algo extraordinário (um cometa…)
- Infância – onde se nota que o miúdo é diferente dos outros
- Milagres
- Suplicio
Aqui não temos nada disto. Mas tb ninguém garante que os painéis encontrados estejam completos.
O que se identifica é que não é o povo que está ali representado, é a elite da sociedade portuguesa.
Nuno Gonçalves retratou de forma individualizada sessenta figuras da vida política, religiosa, militar,
social e cultural da sociedade portuguesa do século XV.
1. 2. 3. 4. 5. 6.
A grande maioria aceita esta identificação clássica. Todos os rostos são idênticos (espalmados). Mas
há ali um rosto diferente. Foram restaurados no tempo do Salazar. O “palerma” que fez a
restauração apagou um rosto e pôs o rosto do Salazar.
Tese moderna
Na década de 1980, o professor António Quadros afirma que se trata da descida do Espírito Santo.
Vai estudar nas cortes europeias, concretamente, qual a adoração preferida da corte nessa época.
Chegou à conclusão que o que mais adoravam não era o Santo António, ou outro santo, mas o
Espírito Santo. Assim, considera que trata da devoção da família real e corte ao Espírito Santo. Assim,
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não estavam destinados a um lugar público de culto, mas ao paço residencial de Sintra; ainda por
cima, a Capela Real do Palácio de Sintra é consagrada ao Espírito Santo. Assim, dá uma interpretação
diferente:
1. 2. 3. 4. 5. 6.
Almada Negreiros
Os painéis de São Vicente continuam a despertar a atenção da moderna investigação. Almada
negreiros mudou a organização dos dois trípticos. Um tríptico tem um quadro principal e dois
rolantes. Um Poliptico – São dois trípticos, mas não se fecham. Almada Negreiros considera que na
interpretação faltava ter em conta a perspectiva áerea. Assim, à frente estaria o noivo, padrinho e
pais (como um casamento) e atrás o resto das pessoas. (Esta parte não está bem clara ???)
I. INTRODUÇÃO AO RENASCIMENTO
É um momento áureo de expansão cultural na europa. A cultura expandiu-se chegando a domínios
nunca antes imaginados. Há uma reacção onde começam a aparecer, no tecido medieval, algumas
rupturas com a mentalidade dominante até então.
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A primeira metade do século XVI consolida a procura incessante de novas formas intelectuais que
se manifestam essencialmente com os seguintes valores:
- Redescoberta da antiguidade clássica – O renascimento é a redescoberta da antiguidade
clássica. Que valores se descobrem aqui? A total liberdade de pensamentos, sem barreiras nem
limitações.
- Rejeição do teocentrismo e substituição pelo Homocentrismo – A Redescoberta não é suficiente,
isso é apenas uma parte. O renascentista rejeita tb os valores produzidos pela idade media pq
esta tem um padrão: o teocentrismo (sociedade marcada e definida por Deus). O homem está
formatado pq Deus é resposta e medida para todas as coisas. Para isso, era precisa deitar abaixo
o teocentrismo.
- As paixões e os impulsos – O renascimento não nega que o homem possa ser feito à imagem e
semelhança de Deus. Não se nega esta herança. No entanto, acrescenta-lhe dois elementos: as
paixões e os impulsos. São estas que anima o homem e aquilo que distingue cada um de nós
influenciando a maneira de ser e de estar na sociedade. No resto somos semelhantes. O que faz
com que a pintura, poesia, teatro, literatura, seja completamente diferente, é precisamente esta
liberdade na interacção entre as paixões e impulsos.
Renascimento Prospectivo
O Renascimento não é só um movimento retrospectivo. Nesse sentido vai mto mais do que o
humanismo que o influenciou, pois tem tb um dinamismo prospectivo com todo um manancial de
dimensões culturais que surgem neste século e com grandes implicações para o futuro,
concretamente:
- A reforma de Lutero
- Concílio de Trento – Contra-reforma
- O racionalismo
- Nova concepção da vida
- Expansão ultramarina (portuguesa e espanhola)
- Progressos da técnica
HUMANISMO
O Humanismo é uma das componentes essenciais que veio influenciar o surgimento do
Renascimento. Mas o que é? Não há universidade humanista, não há uma escola humanista, nem
ninguém a si próprio se chamou de humanista, até pq o termo só surgiu na 2ª metade do século
XIX. Assim:
- O humanismo foi uma tentativa de reconstrução estética e filosófica a partir do recurso directo
à fonte do saber antigo (antiguidade clássica): os clássicos da literatura e do pensamento. Assim,
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o culto da antiguidade aparece como uma moda cultural. Daí a importância em dominar o grego
e o latim.
- Novo estilo de vida com uma exaltação do valor do homem (homem completo. Ex. Leonardo da
Vinci – pintor, escultor, cientista, etc.). É o individualismo que está na base do humanismo, onde
o homem torna-se o centro do mundo. É uma cultura laica (que vem da cultura pagã) e por isso,
oposta à Teologia.
- Idade Média = ignorância, época bárbara, longa noite.
- Os focos mais significativos do Humanismo e dos humanistas foram sem dúvida, Pádua e
Florença, que se transformaram nas capitais da cultura humanista.
- Não foram capazes de ver o que havia de positivo na cultura medieval.
O humanismo português foi introduzido por Cataldo Parisio que vem para Portugal em 1485. Acaba
o seu curso em 1484 na Universidade de Ferrara, e a sua obsessão era ser professor universitário.
Para isso, é preciso ter boas notas. Mas ele foi um estudante mediano, sofrível. Não teve nunca um
lugar entre a academia. Tentou várias vezes e nunca o conseguiu. Por isso, andava absolutamente
desencantado.
Como veio parar a Portugal? Cataldo foi persuadido por Fernando Coutinho, futuro bispo de Lamego
e pelo italiano António Corsetti, seus amigos, mas também pelo rei D. João II. Vem servir a corte e
educar os filhos D. Joao II (D. Afonso e D. Jorge) por isso, vem para ser preceptor dos filhos do Rei.
Mas nem D. Afonso foi rei, porque morreu prematuramente, devido a uma queda de cavalo e D.
Jorge também não seria rei, porque estava ferido de ilegitimidade.
Actividades e obras
Cataldo é um homem que desenvolveu uma actividade extraordinária para a época:
- Foi professor de príncipes (D. Afonso e D. Jorge)
- Realiza um papel importante na corte, diante das senhoras, onde se formou um verdadeiro
circulo intelectual feminino. Infelizmente não há trabalhos destas senhoras que tenham ficado
registados.
- Escreveu bastante documentação diplomática, o que mostra que o rei tinha confiança nele.
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- Obra principal: Epístolas – Uma epístola, é uma carta aberta e intemporal (o que é diferente de
uma missiva). Estas epistolas, são pequenos trabalhos, todos eles em latim, onde o tema central
é a sua amada Itália.
- Escreveu inúmeros poemas – alguns em louvor de Portugal outros queixando-se.
Mas na altura, tínhamos grandes crânios humanistas em Portugal. Alguns reitores, outros
responsáveis pelas cadeiras (regentes) e que uma vez regressados do estrangeiro estavam
convencidos que o Rei iria convida-los para trabalhar na corte. Como corte só temos uma e
universidade só temos uma, vão surgir rivalidades de outros humanistas portugueses com Cataldo
Parisio. Este queixou-se ao Bispo de Braga, que a certa altura tb se cansa de tanta queixa.
A certa altura começam a haver atrasos sucessivos no pagamento do seu vencimento, a tença (que
era um salário pago, durante 3 vezes ao ano, à terça feira: no Natal, na Páscoa e em São João ou S.
Maria em Agosto).
Todos estes acontecimentos levam a que Cataldo sinta que não era tratado com a consideração que
merecia. Assim, sente Portugal como uma Nação que lhe prometeu, mas afinal não lhe deu nada.
Expressa claramente a sua mágoa no poema que dedica à sua Bolonha:
Deixei a pátria natal pelo Rei
Deixei o doce lar por este reino.
Deixei-te pelo Rei, veneranda Bolonha!
Perdoa-me, alma mater óptima,
Perdoa-me – eu te peço!
Neste quinteto vê-se a essência do humanista:
- Deixei a pátria natal pelo Rei – isto significa que Cataldo só aceitou o convite pq iria educar o
futuro rei, o que desde a perspectiva humanista era o maior privilégio que um individuo poderia
ter. Aqui vê-se a teoria política da antiguidade clássica de Platão: um bom governante só é bom
se é filosofo ou é educado por um filosofo. No entanto, o que Cataldo afirma, entre linhas, se
não fosse para educar um príncipe, futuro Rei, não teria deixado a pátria, acaba por não ser
verdade pois: pois por um lado a sua pátria não lhe dera trabalho como professor universitário;
por outro lado, acabou por não educar o futuro rei, mas apensa príncipes.
- Deixei o doce lar por este reino – o seu lar nunca foi doce, pelo contrario expulsou-o (de
professor académico) pois era apenas um intelectual mediano.
- Deixei-te pelo Rei – aqui estaria um ideal, tornar um Rei humanista.
- Perdoa-me alma mater óptima – arrependimento tb influenciado pelas dificuldades que
passou… não é fácil ser estrangeiro… Pq é que ele diz perdoa-me alma mater e não perdoa-me
alma pater? O pai é um individuo que perdoa mais rigidamente… o chamar aqui a mãe é pq esta
perdoa qq tipo de ofensa. É a mãe que vai logo visitar o filho à cadeia, e a mãe diz logo: é assim,
mas é o meu filho.
O humanismo português teve grandes figuras, algumas delas relevantes no panorama cultural
europeu, por exemplo, Pedro Nunes, grande matemático português, um crânio que depois foi mal
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tratado pela inquisição. No entanto, o maior vulto português da cultura humanista na Europa foi
António Gouveia.
Formou-se em Coimbra. Em 1542 vai para Lisboa e permancece até 1545, altura em que o Rei o
envia para Ceuta por questões passionais (amores impossíveis). O rei manda-o para uma guerra, e
perdeu o olho. Volta boémio, e alguns desacatos levaram-no à prisão. Depois o Rei envia-o assim,
para a India, onde permaneceu de 1553 a 1567. Volta em 1568 e chega a Lisboa em 1570. Dedica a
sua obra ao rei D. Sebastião, tendo esta sido publicada em 1572.
Vai escrever a epopeia à boa maneira humanista. Aspectos fundamentais para a melhor
compreensão da sua obra:
- O mar tem na sua obra um papel fundamental e estruturante
- Os homens sabem que arriscam a sua vida na aventura marítima
- Dialéctica terra/mar onde um povo está dilacerado entre dois mundos:
o A terra que se conhece representa a conservação, a defesa e o passado, o agasalho, como
uma mãe. A terra impõe o limite, a proibição de partir.
o O mar é um misto de incerteza dúvida e receio, fonte de obstáculos, perigos e limitações.
Os navegantes infringem os limites que a natureza lhes traçara. O mar apela à aventura,
o futuro e desafia a virilidade. A água é incerta (pq não sabemos o que vamos encontrar),
o mar está povoado por monstros (Adamastor…). Havia a mentalidade de que se o
individuo passasse o Equador ficaria queimado…
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94 «Mas um velho, de aspeito venerando
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C'um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
1ª Estrofe – individuo que já foi onde mtos quererão ir, sabe o que vão encontrar e não augura nada
de bom:
- Cerca de 2/3 dos que partiam já não voltavam por diversos motivos: ou por escorbuto, ou
ficavam por lá ou morriam nas batalhas.
- Camões esta a falar para quem já esta a embarcar, reprovando esse facto, ou tentando que
pensem duas vezes sobre isso. Mas normalmente quem já tomou uma decisão já não volta atrás.
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3ª Estrofe
- Camões põe aqui em evidência a dura inquietação da alma provocada por tantas viagens e
partidas – A dura inquietação da alma, neste contexto, vê-se pela procura constante de Deus
devido à preocupação de mtos pelos seus familiares que partiram. Faziam-se assim, mtas
promessas: se ele regressar eu pago a promessa a,b, c ou d. O que se nota de diferente, em
relação a outros tempos é que há uma constância nesta procura e nestas promessas superior ao
que era normal, exactamente pelo medo a que os familiares não voltassem. As pessoas vão
buscar alguma esperança pela oração…
- Toda a sociedade que fica é uma sociedade pouco equilibrada pq grande parte dos seus vão-se
embora e isso tem várias consequências:
o Fonte de desamparos e de adultérios – fonte faz referença a algo continuo. Fonte de
adultério pelo mto tempo de separação e fonte de desamparo pq mta gente não tinha
dinheiro para pagar as viagens e os impostos, então pedem, mas deixando a quem fica
desamparados pela pressão económica… Qtas mais pessoas iam, mais aumentava o
choro, a viuvez, a orfandade e o adultério.
o Consumidora de Fazendas – pq havia drenagem de dinheiro.
o Consumidora de reinos e impérios – ele percebe que se assim continuarmos vamos
acabar mal. É a Nação que corre perigo de morte. Ele via perfeitamente este desenrolar
dos acontecimentos.
4ª Estrofe – dirige-se ao Rei: afinal o que prometes a toda esta gente que parte… como é possível
que ainda haja gente que queira partir… Isto acontece pq o povo facilmente se deixa enganar…
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5ª Estrofe – idade de ouro é a idade da infância. Ele denuncia o desespero da guerra… Nós
demograficamente sp fomos deficitários. Como somos poucos e como a guerra se alimenta da
morte cada vez somos menos. Ele quer transmitir o desespero da governação. O desespero faz com
que cada vez se comece a recrutar indivíduos com menor idade. Assim, estamos a prejudicar
seriamente o pais, além de que o Rei não tem esse direito… Fazendo a aplicação ao hoje, trata-se
da exploração do trabalho infantil…
6ª Estrofe – O miúdo é transformado em herói (para compensar)… Mas ninguém tem o direito de
tirar a vida a ninguém… ninguém tem o direito a mandar para a guerra a quem não tem idade, pois
a guerra normalmente leva à morte… nem o próprio nem o outro têm o direito de atentar contra a
vida…
7ª Estrofe – Já que não se pode fazer nada, faça-se uma guerra justa… Era consciente que o perigo
estava mto perto, à porta. O único esforço que merece a pena implicar o sacrifício da vida é pela fé
cristã… O ismaelita está às portas… significa o árabe… Árabio é Maomé… e a lei maldita é o Alcorão…
As guerra sobejas significam que cada árabe isolado e individualmente pode potencialmente ser um
exercito. Estamos a falar dos árabes fundamentalistas. Pq ele actua na base do medo colectivo (hoje
pelos indivíduos bombistas suicidas…).
Peregrinação
O que ele escreve é o ambiente dos povos portugueses nos ambientes orientais. Fê-lo de uma forma
tão descritiva que mtas vezes foi chamado Fernão Mendes Minto. No entanto, há pouco tempo foi
confirmado como certo tudo aquilo que ele lá escreveu. Os seus escritos são um manancial
inesgotável de informação sobre os costumes dos japoneses, dos chineses e dos portugueses em
terras estrangeiras. Ex: biombos da época, das tapeçarias, das arcas ornamentadas etc. Mostra-nos
um pouco daquilo que nós fomos e fizemos no Oriente, daí a sua importância, no contexto da
literatura de viagens desta época.
O seu trabalho é publicado por volta de 1614. Depois foi publicado em quase toda a Europa. O
grande interesse pelo seu trabalho, mais do que cultural é económico. O império espanhol faliu em
1586, o português, por volta de 1580. As grandes potências eram agora a França, Holanda e
Inglaterra, que estavam mto interessadas em conhecer a cultura e ambiente da época no oriente.
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IV. A ÉPOCA BARROCA: SÉCULOS XVII-XVIII
I. SURGIMENTO DO BARROCO
Qdo falamos do Renascimento Prospectivo, fizemos referência a alguns fenómenos que nasceram
no século XVI e que tiveram perspectiva futura, por exemplo:
- Reforma de Lutero – sai da Igreja Católica e funda o protestantismo. Essa corrente vai alastrar-
se aos chamados estados alemães e à Inglaterra. O certo é que deu um jeito à acção política este
movimento religioso contra a Igreja Católica. Pq? Pq os países católicos pagavam um senso ao
Papa quintenalmente. Qto mais ricos, mais pagavam. Ora, os mais ricos eram a Inglaterra e a
Alemanha. Interessava-lhes por isso que esse dinheiro ficasse dentro de portas.
- Contra Reforma – A Igreja católica, que estava em crise, com lutas entre papas (papas eleitos
pela imposição de grandes famílias italianas), falta de dinheiro, etc., faz uma reflexão realizada
a partir do Concílio de Trento, em 3 fases:
o 1ª Fase composta pelos Cardeais e Bispos convocados para o Concílio
o 2º período – onde foram convocados os juristas do direito canónico e vários teólogos.
o 3º período – regressam os bispos e Cardeiais para a aprovação e escrita final dos
documentos.
O Barroco surge neste contexto da Contrareforma, onde de forma excessiva tenta-se atrair a todos
à fé – Neste movimento de Contra Reforma, a Igreja católica (e muito activamente os jesuítas) vai
travar o progresso do protestantismo, desde a preocupação espiritual de retornar às origens, pondo
assim em relevo os santos mártires. Assim, a Igreja católica vai educar os católicos decorando as
Igrejas pelo interior e exterior com a história dos santos mártires. Em território católico tem que se
ser católico. Dai o surgimento dos cristãos-novos ou seja, aqueles que foram forçados a isso. A este
movimento excessivo, resolveu chamar-se de Barroco. Continuamente tocava o sino, via-se por
todo o lado imagens com uma perspectiva espiritual, ou seja, há todo um ambiente onde se respira
cristianismo.
A segunda metade do século XVI é dominada pelo primeiro Barroco ou maneirismo, onde os jesuítas
pretendem levar a religião aos seus fundamentos iniciais. A vida dos santos mártires são os temas
preferidos para pintar os interiores das igrejas.
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Por isso a importância de a cuidar e defender. A Corte Oficial vai para Madrid, ali é onde estão as
pessoas importantes. Fica o povo e alguns nobres. Rodrigues Lobo vai voltar-se para os nobres por
considerar que essa baixa nobreza rural são aqueles que podem ser os baluartes para manter a
cultura portuguesa, a partir das cortes nas aldeias. Nesse sentido, vai escrever um trabalho
chamado, Corte da Aldeia, em 1619, com 16 cartas, à boa maneira humanista. São 16 diálogos
correspondentes a uma série de serões de Inverno, passados em casa de Leonardo juntamente com
outras "figuras" representativas da sociedade da época (padre, militar, fidalgo, estuante
universitário, especialista em história das humanidades).
Esta obra é uma verdadeira obra pedagógica que apregoa uma ideia renovadora, de uma certa ética
cultural nacionalista, devido à situação em que Portugal caiu face ao domínio Filipino. Assim, tem a
preocupação de manter os hábitos e costumes da cultura portuguesa vivos para que se mantenha
mantém acesa a chama da cortesia e com ela a esperança de manter vivo um espaço cultural, longe
da corte de Madrid, para onde muitos partiram porque não foram capazes de compreender a
importância de ficar em cortes mais pequenas. Esta obra continua a manter uma enorme
actualidade. Da análise da Corte na Aldeia elegemos alguns temas identificativos das preocupações
de Rodrigo Lobo. Esses temas são:
a) A linguagem
Línguagem falada e escrita – Ele diz que a língua é composta por uma dupla identidade: a oralidade
(elemento fundamental, mais nobre, antiga e excelente) e a escrita (filha da oralidade, é a forma da
oralidade se poder reproduzir, é fundamental para o suporte da língua). Um não pode sobreviver
sem o outro.
Como deve ser escrita? Aquilo que pode ser escrito com 100 palavras não deve ser escrito com 1000.
Nem 8 nem 80. Não se deve escrever termos técnicos fora de contexto. Não se devem utilizar
estrangeirismos, pois a língua portuguesa não é manca nem coxa. Há uma série de recomendações
que ele faz…. Põe um grande cuidado na escrita, pois aquele que escreve é um privilegiado.
c) A sociabilidade
As relações sociais são um bom exemplo do grau cultural aquirido pelo cortesão. Por isso, Rodrigues
Lobo aponta uma espécie de cartilha de sociabilidade, discorrendo acerca dos vários tipos de
cortesia. Considera mto importante:
- Saber estar à mesa – Se um amigo convida-nos e vamos jantar a casa dele diz que pela forma
como estamos à mesa percebe-se se o individuo tem condição ou não tem condição. Diz que
não se deve comer à bruta; não se deve mostrar demasiado apetite, não se deve beber
exageradamente; não se deve dizer coisas que enojem o estômago enquanto se está à mesa.
- Saber rir é um acto cultural – O riso tb é fundamental. Não se devem dar gargalhadas
exageradas. Cuidado para que as pessoas não pareçam cavalos a rirem-se. O cortesão é o nobre
rural, o qual carrega a responsabilidade de alguma cultura. Riso firme e não mole e afeminado.
- Contacto sóbrio com os eclesiásticos devido à sua condição de guias espirituais.
d) Militares
Os militares, constituem uma das classes dominantes na época, sendo por isso, objecto de reflexão
de Rodrigo Lobo. Lobo sabe que os soldados são necessários mas apresenta-os como as duas faces
de uma mesma moeda. Assim:
- Lado positivo – A criação do exército forja quatro fundamentos: a honra, o rigor, o sofrimento e
a paciência militar e a oportunidade de conhecer várias nações e gentes. Este autor esforça-se
em apresentar um soldado ideal, diferente do soldado castelhano e uma vez que o estado não
pode sobreviver sem exército, torna-se evidente a criação de um código de conduta militar,
susceptível de ser útil em tempo de paz e de guerra.
- Lado negativo – Ele está bem formado qdo sai da academia, o problema é depois, o problema é
que como enviado de guerra comporta-se de forma completamente diferente, o que é execrável
de acordo com o autor. Considera que um exercito teve e tem sp o mesmo comportamento. “A
Milícia é um homicídio comum, uma escola de todos os vícios, um depósito de todos os vadios e
ociosos do mundo (…)”.
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Conclusão – é importante referir o sentido de urbanidade e a actualidade da sua obra.
Este autor morreu afogado qdo ia para Santarém pois não sabia nadar.
Sermão da Sexagésima
António Vieira distingue-se como orador, por isso, os seus sermões veiculam as suas preocupações
quer de natureza religiosa, política, diplomática, missionária, social, literária, entre outras. É no
Sermão da Sexagésima, proferido na capela Real em 1655 que encontramos toda a teoria
sermorária do tempo de António Vieira e daí a importância deste discurso. No Sermão da
Sexagésima, ele critica audaciosamente o papel da igreja na sua missão de conversão dos indígenas:
- Nunca houve tantos pregadores, mas o crescimento da Igreja é nulo. De quem é a culpa do
pouco fruto? Do emissor? Do receptor? A culpa está na forma como se prega. Ele vai explicar
esse falhanço:
o Prega-se palavras e pensamentos e não palavras e obras – Os discursos não são claros e
com um estilo violento e tirânico. Tem que ter uma linguagem simples e clara senão
chateia as pessoas e não tem sucesso. As pessoas não estão incentivadas e ainda por
cima são obrigados a ir. Não é possível que haja crescimento numa instituição se os
membros vão sem interesse nem vontade.
o A forma não era a mais eficaz – colocar num sermão 40 temas não facilita a quem escuta.
Só se devia abordar um tema por sermão. A pregação não passa pq há um atropelar de
matérias dadas no espaço onde só deveria dar-se uma. É um homem pragmático. Basta
reparar nos exemplos da Sagrada Escritura. Toma por isso, o exemplo de Jonas.
o Critica também os pregadores por se servirem do púlpito de forma desprezível como
comediantes, donde resulta que a pregação é uma comédia que se repercute
negativamente nos ouvintes.
- O Sermão da Sexagésima é uma crítica à oratória religiosa da época, atingindo muitos
pregadores eminentes da época que não lhe perdoaram quando o puderam apanhar.
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- Não aceite que os senhores do Brasil, os da industria do açúcar se aproveitem e explorem os
outros.
- Critica os oficiais do tribunal, do fisco, os grandes senhores, etc., e cada pessoa que se aproveita
de outra.
“Morreu algum deles [homens], vereis logo tantos sobre o miserável a despedaçá-lo e a
comê-lo. Comem-no os herdeiros, comem-no os testamenteiros, comem-no os legatários;
comem-no os credores; comem-no os oficiais dos órfãos e dos defuntos ausentes, come-o o
médico que o curou ou ajudou a morrer; come-o o sangrador que lhe tirou o sangue; come-o
a mesma mulher, que de má vontade lhe dá para a mortalha o lençol mais velho da casa;
come-o o que lhe abre a cova, o que lhe tange os sinos, e os que, cantando, o levam a
enterrar, enfim ainda o pobre defunto o não comeu a terra, e já o tem comido toda a terra
Comentário:
- O sangrador era o cirurgião (barbeiro – limpava a pele; sangrador – que abre e o cirurgião – o
que diz se está bem ou se tem que cortar mais).
- Come-o a mesma mulher, que de má vontade lhe dá para a mortalha o lençol mais velho da casa
– o povo já é pobre, se uma mulher ficasse viúva ficaria pobre por 2ª vez pq ainda tinha menos
subsistência. Assim, ficaria com uma dupla responsabilidade. O “lençol” fazia parte do espólio
que a senhora levava para o casamento para sua própria protecção. “Perder os lençóis” ou a
“roupa de cama” era perder a dignidade humana (hoje, seria como perder o andar…), ou seja,
aqueles aspectos que estavam guardados apenas para situações de necessidade extrema. Isto
significa que numa situação de injustiça quem já era tão pobre tentava safar-se como podia,
cometendo tb injustiças.
- O que lhe tange os sinos – Como é que é possível um cristão, que durante a sua vida deu esmola,
sp participou em todos os actos e que agora ao ser enterrado tenha que pagar? Um dos nossos,
como é possível que tenha que pagar? Por isso, critica estes aspectos, pq a sua preocupação é
precisamente a dignidade humana.
Isto valeu-lhe ser preso. Os próprios jesuítas, tb não gostaram de mtas das suas intervenções.
Condenou o excessivo zêlo da Inquisição defendendo a moderação. Fomentou a união dos Três
Estados: o clero, a nobreza e o povo, em torno do novo monarca D. João IV. Defende uma economia
como os holandeses (com a burguesia a comandar os sectores da actividade económica), mas não
era possível pois a economia possível em Portugal era a economia de guerra.
Foi um homem mto avançado para a sua época, mostrando que não é assim (pela força) que se
convertem os índios ou os judeus… Da para compreender a actualidade destes autores…
1. Antecedentes
O inicio do século XVII corresponde a um boom económico. Alguns booms da sociedade portuguesa:
- 1º Boom – Pimenta da índia
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- 2º Boom – Ouro do Brasil
Depois da paz com Espanha D. João V, vai querer mostrar o nosso valor, querendo reforçar a
sociedade portuguesa. O século XVIII – o século do Iluminismo, da ciência e da técnica, da
experiência e da exegese, das ideias políticas e das revoluções, não tinha eco em Portugal. Assim,
tomou algumas medidas significativas:
- Imposição do poder régio – não é bom que haja um poder fraco. Quem manda e quem
representa Portugal é o rei.
- Animação da política externa portuguesa – estava desactivada pois desde 1640 ninguém
acreditava em nós e por isso sem significado nas nações europeias. Desde o Padre António Vieira
que houve um esforço grande para integrar Portugal na Europa. O certo é que nós não tivemos
qq tipo de reconhecimento. Será com D. João V que surgirá esse reconhecimento, sobretudo
pela questão do Ouro do Brasil. Aquilo que a palavra não convenceu, convenceu as arcas de
ouro oferecidas por D. João V ao Papa.
- Modernização da economia portuguesa – apesar da sua ideia, não foi possível leva-la a cabo,
pois para isso, era preciso mais formação. Ainda hoje se discute se Portugal teve ou não
revolução industrial. Máquinas efectivamente tivemos, mas a revolução mental que a
acompanhava careceu. Não foi possível modernizar Portugal pq faltava pessoas qualificadas
para usar as maquinas e modernizar o campo.
- Modernizar o ensino – para que isso acontecesse era necessário uma grande metamorfose na
sociedade portuguesa, ou seja, a expulsão dos jesuítas que estavam em Portugal desde 1555 até
à data de 1759, qdo foram expulos por Marques de Pombal. D. João V não faz esta reforma pq
entretanto fica hemiplégico. É a própria rainha que pede à nação que rezem pelo seu monarca.
Como os jesuítas tinham tb um importante papel a nível espiritual, não os podia expulsar qdo
lhes estava a pedir que rezassem pelo seu marido.
- Qdo morre D. João V ascende ao trono D. José, seu filho, que vai convidar para seu ministro
Marques de Pombal.
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Tb na altura os jesuítas eram criticados pela Congregação do Oratório, pois estes estavam mais
adaptados em questão do ensino, mostrando grande modernidade contraposta à mentalidade
escolástica dos jesuítas. Ensinavam o latim, mas com uma gramática mto mais simples, leve e
pratica. A Gramática simples, os textos actuais para a época, em vez de ensinarem o Latim a partir
da Bíblia tal como faziam os Jesuítas.
5. Marquês de Pombal
Sebastião José de Carvalho e Melo passou dez anos em Londres e em Viena de Áustria, tempo em
que o futuro marquês de Pombal terá observado, lido, discutido e sobretudo teve tempo para
comparar a Europa culta com o panorama nacional enraizado há séculos em Portugal, tendo como
mola axial a Universidade de Coimbra. Era uma pessoa com mta visão. Vai promover as reformas
considera necessárias. Para isso, julga que não é possível fazer reforma sem qualificar os
portugueses. A educação deve ser para todos, pois é a Nação que lucra com isto. Pode-se dizer que,
no século XVIII tudo mudou, quer do ponto de vista científico quer do ponto de vista político: a
Revolução Americana e a Revolução Francesa são os marcos políticos que mudaram o mundo
europeu e Marques de Pombal era mto sensível a estas mudanças.
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- Diplomacia e temas de cultura geral – O nobre que tinha que tb ser formado na área diplomática,
tinha que ter uma cultura geral em todos estes temas, que na altura eram motivo de conversa.
- Línguas – o diplomata devia ser um individuo bem formado nas línguas. Por isso, primeiro era o
estudo exaustivo da língua vernácula, mas tb do grego e latim pq a nossa cultura deriva da grega
e latina. Depois o italiano e o francês.
- Actividades físicas (dança, esgrima e equitação)
Esta escola não teve um êxito mto longo por falta de professores e corpo docente, ao pouco zelo e
actividades dos mestres cuja pensão era altíssima.
Ao expulsar os jesuítas, vai ter que por professores no seu lugar; para isso vai ser necessário forma-
los e paga-los. A Direcção-Geral dos Estudos foi incapaz de realizar a tarefa que lhe fora imputada.
Em 5 de Abril de 1768 foi criado um novo instituto – a Real Mesa Censória. Fizeram o levantamento
sociológico, o nº de filhos, para depois criar um ponto imaginário nesse localidade onde todos os
alunos pudessem ir à escola e voltar no mesmo dia, ainda à luz do dia. A unidade geográfica era a
comarca. O novo corpo docente sairia do conjunto dos candidatos que se apresentavam para a
realização de provas. Se de facto esse projecto fosse levado à prática, hoje não estaríamos na
situação em que estamos, estaríamos à frente de toda Europa.
Para sustentar semelhante número de professores foi criado o Subsídio Literário que consistia na
colecta proveniente do imposto de um real por canada de vinho, quatro reis por canada de
aguardente e 160 réis por pipa de vinagre. Obviamente os resultados do imposto variavam das
cidades para o interior, razão pela qual ninguém queria ir para esses lugares.
8. A reforma da Universidade
Os conteúdos programáticos e as práticas pedagógicas dos jesuítas estavam completamente
ultrapassadas. Além disso, era necessário adoptar todo um vocabulário científico e técnico
modernos, ensinar novos e diversificados conceitos. Depois, as críticas demolidoras de Verney e de
Ribeiro Sanches, dois estrangeirados que ridicularizavam a instituição e o que nela se ensinava e
sobretudo quem ensinava. Tudo estava obsoleto. Era necessário acabar, por exemplo, com o
barbeiro – sangrador, transformado e diplomado em cirurgião pelo simples facto de assistir a uma
ou duas aulas de anatomia tendo por objecto a dissecação de um carneiro!
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A ideia de reformar a Universidade de Coimbra foi forjada no seu pensamento ao longo de uma
década. Para a concretização deste passo foi criado um organismo intitulado Junta da Providencia
Literária onde diferentes especialistas fizeram um estudo de cada faculdade e a respectiva proposta
de actualização. Em 8 meses fizeram o seu trabalho e Marques de Pombal apresenta a D. José a
proposta em Agosto de 1771. Possivelmente a sua lógica foi a seguinte: se anunciasse que iria fazer
uma reforma, a resistência seria enorme. Por isso, fez este trabalho no escondido. Em Agosto de
1872, Marques de Pombal, entrega os novos estatutos à Universidade de Coimbra, onde a maior
parte dos antigos docentes foram postos na rua.
Para fazer tantas mudanças, tinha que justificar e explicar socialmente os passos que estava a dar.
É neste sentido que surge, o Compêndio Histórico do Estado da Universidade de Coimbra ( é preciso
saber de cor). É constituído por duas partes e um apêndice onde se fundamenta e justifica o que se
faz, tendo por base uma forte crítica aos jesuítas:
- Dizem que os jesuítas tomavam partido de Filipe II e por isso, são anti-portugueses
- Considera que houve um aniquilamento de 2000 cientistas pelos jesuítas. Os jesuítas
reconhecem o direito de Filipe II, e por isso, se os professores não reconhecessem esse direito,
eram condenados.
- Houveram mtos estragos feitos na medicina pela influencia dos jesuítas – toda a gente sofre e
por isso, toda a gente quer ser curada. Os jesuítas não colaboraram com isto pela questão da
não autorização da autopsia.
O Marquês de Pombal vai mandar construir, para dar apoio à Faculdade Medicina, o Hospital
Escolar, o Teatro Anatómico e o Dispensário Farmacêutico. Para a Faculdade de Matemática, o
Observatório Astronómico. Para a Faculdade de Filosofia, o Gabinete de História Natural, o Jardim
Botânico, o Gabinete de Física Experimental e o Laboratório Químico.
Conclusão
Este plano foi repentinamente suspenso, com a morte de D. José, a 23 de Fevereiro de 1777. Assume
o poder D. Maria, demite o Marques, que foi julgado e condenado a prisão domiciliária. A rainha D.
Maria e com ela a reacção anti-pombalina requer ao reitor a Relação Geral do Estado da
Universidade de Coimbra. Esta era a imagem real da Nova Universidade: Faculdades sem alunos ou
com um número bastante reduzido, o que demonstra a pouca receptividade às novas correntes, ou
a falta de adaptabilidade à mentalidade europeia. O problema é que a sociedade não aceitou a
reforma e qdo a sociedade não aceita a reforma, esta não tem futuro. Sp que um poder hegemónico
luta contra a religião estabelecida não tem sucesso (isto aconteceu na 1ª república, que se
proclamava anti-clerical.
Uma reforma deve ser lenta mas persistente, uma reforma de uma vez só não tem futuro. Por isso,
a sociedade não aceita. Em todo ocaso, a reforma fez vingar entre nós o espírito experimental do
ensino e, se outros méritos não pudessem ser reconhecidos, restitui-se à Universidade a dignidade
que lhe está implícita: a investigação científica e a sua divulgação.
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V. DO MOVIMENTO ROMÂNTICO À MODERNIZAÇÃO CULTURAL NO SÉCULO XIX
I. INTRODUÇÃO
A ascensão da burguesia provocada pela revolução industrial, na segunda metade do século XVIII,
primeiro na Inglaterra, estendendo-se depois à França, Alemanha e Bélgica (para citarmos as zonas
mais influentes), vai projectar este grupo social na centúria subsequente, levando o produtor
literário a olhar atentamente para a emergência social burguesa e interpretar os seus gostos
literários.
O século XIX é marcado por uma série de movimentações sociais e políticas, um pouco por toda a
Europa. Napoleão primeiro tentou reunir e formar um estado único conquistando a outros países.
Qdo foi derrotado em Waterlloo, em 1815, vai-se reunir o Congresso em Viena de Áustria onde cada
ministro vai reclamar e defender as suas Nações. Os políticos vão tentar defender o território, a
nacionalidade, a cultura de cada um dos seus países; originando várias formas de criar e reinventar
o Romantismo . É normal dizer-se que há tantos Romantismos qto as nações, pq cada nação defende
para si a sua cultura. Convencionou-se chamar o Romantismo Político. Depois isto vai passar para
todas as áreas culturais.
O romantismo é a capacidade que cada um de nós tem em argumentar, é por isso uma corrente
subjectiva, onde o que se pode dizer em 1 página diz-se em 100. O romantismo nasceu do
individualismo burguês, ou seja da emancipação do Eu: Eu + Imaginação + Sensibilidade =
Romantismo. Isto representa uma estagnação da ciência pq esta não se compadece com tanto
subjectivismo. Rapidamente na Europa se percebeu que era necessário abandonar esta corrente,
daí o positivismo que surge com Augusto Comte, que é uma corrente que vai governar a ciência até
1929. Os positivistas tinham a percepção de que o romantismo levava à estagnação. Nós vamo-nos
centrar na literatura.
Portugal é inspirado por três romantismos mais fortes na europa: alemão, francês e inglês. No século
XIX, em Portugal, podemos dizer, que a Revolução de 1820 marca uma fronteira importantíssima
entre o passado e o futuro. Todavia, só a partir de 1837, podemos afirmar que há uma adesão
considerável do romantismo, com a fundação da revista “Panorama”.
Românticos de 1ª Geração
Aos 1ºs românticos convencionou-se chamar-lhes românticos da 1ª geração (Alexandre Herculano
e Almeida Garrett e há quem considere tb o António Feliciano Castilho).
O Romantismo foi introduzido em Portugal por Garret e Herculano. Um mais marcadamente inglês
(Garret) e outro mais marcadamente francês (Herculano). Os trabalhos pioneiros nesta área são:
- Garrett, “Camões - poema“ (1825) – Garret defende uma cultura para elites, esta não está ao
alcance de todos, mas para uma minoria de privilegiados que podem frequentar a escola. O
poema Camões é um poema narrativo-dramático, escrito em França, composto por dez cantos,
onde Garrett faz a apologia do amor, tornado impossível, de Camões por Catarina de Ataíde, a
sua Natércia.
- Herculano – “A voz do Profeta (1836) – romance”. Herculano defende uma universalidade
cultural onde todos têm direito à cultura e todos devem beneficiar-se dela. Por trás desta
“bondade” do Alexandre Herculano, algo há de discutível, possivelmente uma postura política.
É um liberal, desembarca próximo do Mindelo e combate no cerco do Porto em 1832. O sistema
liberal é um sistema parlamentar, onde todos devem poder votar. No entanto, na época não
votava qq um, era necessário duas condições para o voto: 1ª saber ler e escrever; 2ª tem que
ter um património mínimo – Os argumentos era que não fazia sentido votar se não tivesse nada
a defender; isto chama-se voto censitário. Por isso, provavelmente por trás deste perspectiva de
Herculano há tb uma orientação política. Este tipo de literatura, tem um conjunto de temas,
com um certo tom cinzento, é uma literatura “lamechas”. Os temas fundamentais de cunho
poético giram em torno de Deus, Pátria, Religião, Liberdade e da Natureza, sempre horrenda e
grandiosa Na historiografia, preocupa-se em desmistificar feitos heróicos, sendo por isso,
chamado o “pai da historiografia científica portuguesa”.
Românticos de 2ª Geração
Em todos os textos, os autores exploram até ao mais ínfimo pormenor o sentimentalismo e o
medievalismo apresentados em narrativas lamurientas e amorosas numa miscelânea de temas
políticos, sociais e históricos. A esta visão chamou-se o Ultra—romantismo.
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- Lopes de Mendonça é um espírito crítico no campo da literatura. Há nele uma dupla visão: a
problemática sociológica e a problemática sócio-política. Deixou-se influenciar pelo socialismo
utópico francês e torna-se um divulgador convicto do anarquista Proudhon.
- Soares de Paço é um jovem que vai para a universidade e depois apanhou tuberculose. Por isso,
a sua poesia é de tom lamechas e pesado. O poema mais significativo é o Noivado do Sepulcro.
O sentido é que como não teve o noivado pq a vida lhe foi encurtada, então faz um noivado no
sepulcro. Aqui não se refere ao além depois da morte, mas ao prolongamento da vida na terra.
Para aumentar ainda mais a polémica, surge uma vaga a preencher para a cadeira de Literaturas
Modernas. E este grupo do Elogio Mútuo vai propor um candidato: Pinheiro Chagas. Havia outros
candidatos com um currículo mto robusto, mas o candidato que ganha é o favorável ao Grupo do
Elogio Mútuo. Isto vai levar à Guerra dos Panfletos, que foi uma guerra continua a partir da
informação.
Antero de Quental, publica “Odes -----“. Ele vê que a poesia Romântica é oca pq não diz nada mais
do que temas lamuriantes. Assim:
- Ataca de forma implacável toda a obra literária de Castilho, desmontando cada um dos seus
trabalhos, considerando inútil toda essa actividade desenvolvida durante décadas.
- Pretende mostrar a António Feliciano de Castilho que, em vez de ter passado o seu tempo entre
os clássicos e outras puerilidades devia, talvez, inteirar-se das ideias que pululavam numa
Europa frenética – os representantes do pensamento moderno. O século XIX ao criar mtas
instabilidades, favorece o nascimento dos partidos de massas, os sindicalismo, as greves, as
revoltas, por isso, dá-se a cedência do liberalismo a favor das classes operarias onde se denúncia
tudo o que acontece de injustiça. Surgem imensas teorias filosóficas na época, o Socialismo
Cientifico de Marx e Engels; o Anarquismo de Proudhon. O Anarquismo começou a cativar
simpatias numa imensidão de países (até no Canadá) pq tem duas grandes bandeiras: não há
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religião e não há estado. Isto favorecia a mentalidade dos que tinham a percepção de exploração
que o estado fazia das pessoas. Os indivíduos à época sabiam discutir de cor o Anarquismo e os
livros de Proudhon. Quental, estava a propor o Anarquismo.
- A parte final do panfleto sai fora do contexto da literatura – Antero de Quental é mto impulsivo
e vai cometer o erro de acusar Castilho por ser velho e cego (pag 236 livro). A idade não a fazem
os cabelos brancos, mas a madureza das ideias… Acusa-o de uma forma indirecta, de ser um
imbecil, por ser sénior. Ora confundir isto com a sua capacidade intelectual é um erro crasso.
Uma ideia só se pode combater com outra ideia, e não é o facto de ser velho que o desqualifica.
Isto caiu mal entre os próprios amigos de Antero de Quental (pag. 237, 3º paragrafo…). Ramalho
Ortigão não gosta e critica. Quental desafia-o para um duelo. Os amigos começaram a
preocupar-se com isto, e o duelo foi substituído da pistola pela espada. Na realização do duelo,
deixou Ramalho Ortigão com maus lençóis no braço. Depois, mais à frente, fizeram as pazes e
estiveram juntos nas Conferências Democráticas do Casino de Lisboa.
Estas conferências representam o momento mais alto da cultura portuguesa no sec XIX. Vão desafiar
todo o tipo de poder e chamar a atenção para uma série de problemas nacionais. Tiveram uma
assistência enorme com todo o tipo de Representantes, até da Igreja (ainda que discretamente).
Iriam ser proferidas no Casino Lisbonense, sendo divulgadas pela imprensa. Assim, em 1871,
realizam-se as Conferencias Democráticas do Casino.
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movimentos operários, greves, sindicatos. Por isso, das duas uma: ou éramos insignificantes, ou
não havia ligação aos movimentos europeus que promoviam as ditas reivindicações.
4) Agitar na opinião pública as grandes questões da Filosofia e das ciências modernas – estas
conferências acabam por apregoar as ideias de esquerda da época
5) Estudar as condições de transformação política, económica e religiosa da sociedade portuguesa
– isto provoca a reacção dos meios católicos, etc. Estes tentam por travão a estas conferências.
2ª Conferencia – Causas das Decadências dos Povos Peninsulares (Antero de Quental –27 de Maio)
Já não é só Portugal, mas Portugal e Espanha que padecia dos mesmos males há mto tempo. Antero
de Quental, vai longe demais e quer resolver os problemas do mundo indo mais além do que lhe
compete. Esta conferencia é preciso sabe-la bem:
- Insignificância política
- Reduzida actividade diplomática – a política portuguesa foi activada a partir do ouro do Brasil.
Depois voltou a entrar em colapso. Aqui afirma-se que se Portugal não tem uma política externa
activa, não terá tb representatividade e serão os outros que decidirão por nós. Ingleses e
Alemães faziam planos para ficarem com Angola e Moçambique: se emprestassem dinheiro a
Portugal, e Portugal não tivesse como pagar, o preço seriam as colónias.
- Prática de uma política antinacional
- Centralização e absolutismo do poder – aqui assenta uma das maiores dificuldades do país. O
problema é que os agentes do poder comportam-se como se não houvesse Constituição alguma.
D. Pedro IV queixava-se da canalhocracia, referindo-se aos ministros. Depois foi envenenado.
Falava do Duque de Palmela, de Fontes Pereira de Melo, etc. O regime apesar de parlamentar
funciona sp da mesma maneira, com indivíduos que apenas defendem os seus interesses.
- Esterilidade da poesia – a poesia tem que ter uma missão. Num pais de analfabetos temos que
encontrar um veículo de transmissão de ideias. Mesmo um individuo analfabeto consegue
cantar e memorizar. Por isso, a poesia pq é pequena, pode ser cantada e é de fácil memória, é
um óptimo veículo. A poesia podia ser assim um veículo excelente de transmissão de ideias.
- Causas gerais resumem-se a três:
o Catolicismo praticado depois do Concílio de Trento – até aí era um cristianismo
voluntário, mas a partir de Trento, o individuo é obrigado, além disso, os reis
colaboravam com esta postura.
o Absolutismo – quem continua a governar é unicamente Lisboa em função da nobreza
descuidando a ciência, a industria e o comércio.
o Império e as conquistas – uma das causas pelas quais Portugal está como está é ser um
império demasiadamente grande: isto esgota a nação e a economia, levando ao descuido
de Portugal Continental. Esta perspectiva é a continuação da mentalidade de Camões,
mas agora em outro contexto.
- Antero propõe quebrar com o passado sendo necessário uma revolução:
o Opor ao catolicismo a consciência livre, a filosofia, a ciência.
o Opor à monarquia centralizada a federação republicana.
o Opor à inércia industrial a iniciativa do trabalho livre.
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3ª Conferencia – A literatura Portuguesa (Augusto Sermenho – 30 de Maio)
O pensamento de Augusto Seromenho, segundo afirma sob a forma de exórdio é o de “conversar
acerca das nossas letras”. Chega à conclusão que não temos literatura. Obviamente que esta
posição tão radical é uma aberração, pois se assim fosse tb não teríamos língua. Como é que o
individuo diz isso, se está a falar na língua portuguesa? Às vezes para se fazer passar a mensagem
exagera-se. Não se pode generalizar tão radicalmente. Deitar tudo fora e recomeçar sp não é
proveitoso. No entanto, tinha como intenção despertar as consciências de que é necessário
conquistar o lugar que nos compete na literatura europeia.
4ª Conferencia – A Literatura Nova: O Realismo Como Nova Expressão da Arte (Eça de Queiroz – 12
de Junho))
Saber a data – 12 Junho de 1871 – marca a introdução do Realismo em Portugal, propondo-o como
um caminho a seguir. Não tem nada a ver com o Novo Realismo de 1940 (ligado ao partido
comunista). O Realismo que se transmite nesta conferência é com a motivação de ligação com o
que está a acontecer lá fora. Mtas vezes quem tem a 1ª percepção da evolução social são os
pintores. Lá fora, Já não se pintava a família real e temas afins, mas começam a pintar o que vêem
na sociedade: miúdos a empurrarem os vagões; lavrador esquelético a cavar no meio da terra;…
O Realismo é a denúncia social, que manifesta o que está a acontecer na sociedade. É uma reacção
contra o romantismo (apoteose do sentimento) a partir da crítica do que se vê na sociedade. Nesse
sentido seria uma autopsia da sociedade. Realismo é a forma de nos conhecermos, para condenar
o que houver de mau na sociedade. Resumo de Eça sobre o Realismo:
- Tomar a sua matéria na vida contemporânea
- Deve ser o ideal do moderno que conduz as sociedades: a justiça e a verdade
Esta situação provocou mtas criticas. Antero de Quental, redige um protesto, imediatamente
publicado pela imprensa, apelando à opinião pública ajuda e apoio. Este protesto ao fim, acabou
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por ser assinado apenas por 59 pessoas. Depois Antero vai longe demais, atacando o ministro, ao
afirmar que esconde o seu nome de família para usar o nome de Marquês.
1. A ARQUITECTURA
A arquitectura entre 1835 e 1880 conhece três polos de desenvolvimento: Lisboa; Porto e Sintra.
As opções estilísticas são várias, dado que se havia esgotado o Barroco, na sua derradeira fase – o
Rococó. Assim, temos: o Neoclássico; o Neogótico; o Neomanuelino; Temas orientais; Arquitectura
do ferro. Vamos centrar-nos no Polo de Sintra.
Polo de Sintra
Sintra acaba por, consciente ou inconscientemente, se tornar no símbolo do Romantismo português
e, simultaneamente, uma referência obrigatória para a Europa culta.
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da rainha D. Maria II. O rei torna-se o símbolo das artes em Portugal. O rei, na sua singularidade,
era dotado mais para a arte em geral do que propriamente para os assuntos de natureza política.
Desde a arquitectura até à ópera, o soberano tornara-se um modelo ímpar.
- Com a República o Palácio passou a museu.
Assim, podemos dizer que a arquitectura do Palácio da Pena representa uma feliz diálise de dois
tipos estilísticos:
1- O neogótico europeu, lato sensu, islâmicas e orientalistas;
2- A (re)interpretação da arte manuelina.
Como conclusão, podemos dizer que os românticos elegeram Sintra como lugar de peregrinação
obrigatória. Aquilo que se dizia entre os Românticos da época é que qq romântico, seja alemão,
inglês ou francês, mas que não tenha visitado o Palácio da Pena é um ignorante que não é um
individuo completo.
2. A ESCULTURA
Vários são os escultores que nesta época são dignos de menção; vamos centrar-nos em Soares dos
Reis e Teixeira Lopes.
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que considerava que investir dinheiro nos estudos do filho era um péssimo investimento. Ingressa
na Academia de belas Artes do Porto, com a idade de 14 anos, frequentando, o curso com distinção.
Soares dos Reis vai para Paris com uma bolsa frequentar a Escola Imperial de Belas Artes de Paris.
Na capital francesa frequenta os ateliers de Ivon e de Jouffroy, não deixando de assistir às aulas da
Academia. No entanto, normalmente a preocupação de um artista seria conhecer o máximo de
artistas possíveis, mas Soares dos Reis não se mistura na vida boémia, característica dos génios desta
época na capital francesa. O português dava longos passeios sozinho e vivia bastante isolado. Em
França adquire completamente a sua formação clássica conjugando-a com o Romantismo e as linhas
de força do Realismo.
Depois vai ganhar uma nova bolsa e vai para Roma, conjugando os clássicos e as novas correntes
que na pintura despontavam de forma avassaladora. Lá começa a esculpir este trabalho – uma
escultura magna, conhecida em todo o mundo, de Soares dos Reis – O Desterrado (1872).
- Nesta escultura espelha-se o neoclássico. Segundo os mestres da escola clássica, Phidias e o
Miriam, um diz que a estátua é bela se a cabeça for 1/8 do corpo. O outro diz que a cabeça deve
ser 1/7 do corpo.
- Teve o privilégio de moldar o mármore da pedreira de Carrara.
- Um ministro entendeu que Soares dos Reis estava a dedicar tempo demais a esta obra. Então,
quis fazer regressa-lo suspendendo a sua pensão. Marques de Tomar, embaixador portugues
entra no processo defendendo o talento do artista e afirmando: “aqui os melhores artistas não
poderão concluir a Estátua em menos de dois anos”. Isto levou a que voltassem a pagar-lhe.
- Soares dos Reis resolve não terminar a sua obra prima em Roma, despachando-a para Portugal.
Interpretação da obra:
- Testemunho da professora: cinzel obedecia-lhe ao pulso;…, a pedra gemia e o ferro cantava…
- Produz no observador uma porção de emoções libertadoras, mas, ao mesmo tempo,
enigmáticas. A descrição morfológica mostra-nos um jovem nu, sentado num penhasco.
Supostamente está de cima a olhar para o penhasco, como se estivesse à espera que alguém o
empurrasse. Além do mais, o rosto está descaído ao frouxo entrelaçado das mãos com uma
sensação de íntimo sofrimento e sentimento de abandono.
- Estado de alma – possivelmente um auto-retrato do seu estado interior.
o O que temos nesta obra é um estado de alma pois percebe-se o seu desencanto
expressado na escultura. Ele foi uma criança só, um adolescente só e um homem só…
o Qdo regressa de Roma perdeu dois concursos públicos que o deixaram bastante
desgostado. Fez uma proposta de remodelação na universidade de Belas Artes que tb foi
reprovada. Tudo isto magoou-o…
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Há todo um percurso que o entristeceu. Além do mais acusaram a Soares dos Reis de pelágio, de
copiar a obra Pensador, de Rodan. Soares dos Reis, pelo "auto-retrato" que nos legou no mármore,
mostra claramente que pouco ou nada do que sonhou na sua juventude passou pelas suas mãos, à
medida que entrava no mundo da vida propriamente dita. Em 1889, suicidou-se no seu atelier com
um revolver.
É conhecido por papa prémios pois onde chegasse ganhava todo o tipo de prémios. Conseguiu um
subsídio particular para ingressar na Academia de Beaux-Arts, ficando em primeiro lugar num
universo de mais de cem candidatos. Regressado a Portugal, Teixeira Lopes, com pergaminhos
firmados em Paris, ingressa na Academia de Belas Artes do Porto, sucedendo ao malogrado Soares
dos Reis.
“Viúva”
A sua obra mais importante (que é a jóia da nossa arte moderna) é a escultura – Viúva (1890) – com
a qual ganhou duas medalhas de ouro em Paris. Esta escultura teve origem numa senhora que
enviuvou, e pediu-lhe para a perpetuar. Até aqui as pessoas eram perpetuadas pela pintura a óleo.
Depois foi surgindo a ideia: pq é que em vez de termos uma escultura grega ou romana em nossas
casas, não temos aqui a nossa própria escultura? É um desejo que surgiu da própria burguesia que
se quer perpetuar pela escultura. Qdo Teixeira Lopes tirou o lençol para mostrar à senhora o
trabalho ela não se reconheceu.
Características da obra
- É que Teixeira Lopes, influenciado pelo Realismo (4ª Conferência de Eça de Queiroz) vai fazer o
que vê. Assim, apresenta a senhora descalça, cansada, de olhar ausente, inclinando-se para dar
de mamar à criança faminta, alheia ao sofrimento da recente viuvez de sua mãe. É uma
escultura com mto movimento (ao contrario da de Soares dos Reis que era mto estática).
- O autor do trabalho, apenas cinzelou o rosto e a figura de uma mulher, no seu quotidiano
doméstico, exactamente como a viu durante a pose. Este é o drama entre o acto de criar e o
momento de pagar.
Teixeira Lopes viveu ainda mtos anos depois desta obra… mas não conseguiu superá-la… Por outro
lado, a obra de Soares dos Reis, era enigmática e não sabemos até onde poderia ter chegado pq
matou-se mto cedo e sp dizia: um dia hei de fazer o que gosto e não limitar-me aos trabalhos por
encomenda.
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VI. A CULTURA NO SÉCULO XX
O optimismo anterior apoiava-se numa civilização do Ocidente que assentava em três grandes
vectores:
1- A infabilidade das instituições e das leis – o grande legado romano;
2- Os valores de ordem moral – assentes na mensagem Cristã onde os homens eram iguais perante
Deus;
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3- O Humanismo – a herança grega.
A 1ª Guerra mundial (que contabiliza 10 milhões de vítimas) trouxe outro tipo de valores: egoísmo,
o nacionalismo exarcebado estampado no nazismo, no fascismo e no radicalismo socialista
(leninista-estalinista) face aos Estados burgueses forjados no século XIX – dimensões que colocavam
em causa a paz e o progresso dos povos. Assim:
- A europa entra numa crise de consciência. Ninguém sabe qual é o caminho, ninguém sabe o que
está para acontecer.
- Ao nível religioso a mesma coisa: o católico, protestante, ateu, todos se interrogam. Época de
profunda crise de consciência: a ética, moral, humanismo é tudo questionado.
- Tb é questionado a impotência e fragilidade do sistema liberal do século XIX, incapaz de
encontrar soluções novas face aos desafios actuais. São cedências atrás de cedências. Os
sindicados, os partidos de massa, sistemas revolucionários tb mostram a sua fragilidade. Como
resposta a essas problemáticas surgem estes partidos extremistas, nazista, fascista, etc.
Grupo Orpheu
Nasce desta época turbulenta o grupo Orpheu. Surge a partir de um grupo de jovens portugueses
(e um brasileiro) que se reunia em Lisboa, influenciados pelo que se passava além fronteiras,
sobretudo em Paris. Estes movimentos vão ter em Portugal alguns cultores, vão inspirar-se num
herói, Orpheu, um herói grego. Segundo esta mentalidade havia Deus, Semideus, o herói e o
homem. Tomando como base o homem dos sonhos, enigmático, foram buscar o Orpheu, que era
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um semiDeus. Todos estes homens são um conjunto de intelectuais que lutam contra o status quo
vigente. Criticam os políticos e burgueses responsáveis pelo estado actual das coisas. (pag 304).
Em 1915, pretendem criar o Modernismo em Portugal com a saída do primeiro número da revista
Orpheu. Depois, outras revistas surgiram que tiveram um grande impacto na cultura da época. São
normalmente indivíduos boémios que nunca tem dinheiro, e o que fazem é por encomenda.
Começam umas revistas, mas depois não há dinheiro para continuar. Da mesma forma que vem
com toda a pujança, depois tb vão depressa.
Podem divivir-se em dois grandes segmentos intelectuais: uns estão agarrados ao reo-romantismo,
ao saudosismo ou ao simbolismo e os outros, os verdadeiros inovadores quer no conteúdo quer na
forma culturais. Alguns dos seus autores:
- Primeiro grupo:
o Ronald de Carvalho
o Rui Leal
- Segundo Grupo – autênticos modernistas:
o Mario Sá carneiro
o Fernando Pessoa
o Santa Rita Pintor
o Amadeu de Sousa Cardoso de Amarante
o António Ferro – que depois vai ser braço do antigo regime de Salasar
o Almada Negreiros
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um homem completo, um individuo que abre o seu próprio caminho, não deve nada a ninguém
– esta é a característica fundamental do futurismo – é uma corrente que não tem passado, mas
que tb não tem futuro, como se veio a verificar. Devemos fazer heróis à nossa própria custa, ou
seja, à custa da nossa experiencia. A vida do herói é mto curta, é a vida da guerra (dos 18-25). O
que interessa é que o individuo seja capaz de ocupar todos os segundos enquanto os tem.
- Exigência de autoridade (característica de direita) – Eu não tenho culpa nenhuma de ser
português, mas sinto a força para não ser, como vós outros, a cobardia de deixar apodrecer a
pátria… Não tem culpa de ser português, mas uma vez que é, é preciso lutar. Nós vivemos numa
pátria onde a tentativa democrática (-----) O regime democrático é fraudulento, no entanto, a
democracia não mostra a doença, a doença já estava. Ex. doença num braço que não se vê pelo
casaco – Portugal já estava roto à mto. Com isto quer-se dizer que não é a República o nosso
problema, o nosso problema vem de trás, quase desde 1820. Nós em 15 anos e meio de
República, tivemos 45 governos. Como é que um regime destes não vai inspirar o aparecimento
de um individuo de ferro? A República permite por em evidencia a problemática que vinha de
antes…
- É preciso criar a pátria portuguesa do século XX – não interessa o século XIX. Não é o individuo
envolvido no republicanismo. É o individuo com inteligência que deve lutar por construir o
futuro; compete à juventude mostrar a todos o que devem fazer. Há uma exigência de
autoridade e disciplina. A obsessão de Almada traduz-se assim num nacionalismo desvinculado
do patriotismo tradicional.
- Desafiai o perigo (este é o herói, é o destemido) – O perigo, neste caso, é na guerra.
- Desejai o récord – o fascínio pela maquina – automóvel, avião. A rapidez da deslocação fascina…
Um individuo que vive mto tempo é um covarde, não soube aproveitar a juventude, esse
individuo não tem experiência própria, vive à custa do outro.
- Aproveitai este momento único em que a guerra vos convida a entrar para a civilização –
esquecei o que está atrás. Pela 1ª vez temos a oportunidade de ser exactamente iguais a qq pais
da Europa. Pq? Pq todos estão em guerra, todos podemos ganhar…
- Encontrar as qualidades dos portugueses – Coragem portugueses – só vos faltam as qualidades…
Diz o professor: esta é a nossa realidade ainda hoje.
Texto pleno de actualidade, não pelo fundamentalismo, mas alguns rasgos ainda hoje se repetem.
Sp que estamos num período de crise é óbvio que este tipo de textos tem alguma actualidade, por
isso, tornam-se intemporais… cabe-nos a nós contrariar este tipo de mensagens… Nós conhecendo
a história podemos tb melhorar a nossa prestação, na vida e na sociedade.
Do teatro para a pintura, eis o salto de trapézio em trapézio, movimentação onde o autor se mostra
exímio. Além desta actividade, Almada torna-se respeitado também no mundo do grafismo,
colaborando em jornais, revistas, colecções de livros, brochuras e publicidade. Em conclusão,
“Almada, o Português sem Mestre foi um dos grandes mestres do modernismo português.
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