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E CULTURA
Wilian Junior
Bonete
Revisão técnica:
Guilherme Marin
Bacharel em Filosofia
Mestre em Sociologia da Educação
ISBN 978-85-9502-184-6
CDU 31
Introdução
Neste texto, você vai ler sobre a formação social, política e econômica do Brasil
no período colonial. Vale destacar que, nesse período, ou seja, século XV e
XVI, grandes transformações sociais, culturais, políticas e econômicas estavam
acontecendo na Europa. Dentre elas, podemos destacar o renascimento
cultural, a reforma protestante, o desenvolvimento científico, o absolutismo
e a dinamização comercial dos centros urbanos, com a nova classe social em
formação, a burguesia. Em meio a todos esses fatos, o Brasil se encontrava
como uma colônia incipiente, esquecida pela coroa portuguesa nos seus
30 primeiros anos.
Mary del Priore e Renato Venancio (2010) afirmam que, apesar das trocas
pacíficas de presentes e alimentos, houve um distanciamento entre portugueses
e indígenas. Os portugueses ignoravam a identidade dos povos indígenas,
acusando-os de não ter religião ou de desconhecer a agricultura. Considera-
vam que seu nível civilizatório era igual ou inferior ao dos nativos africanos,
parecer que, em breve, justificaria a exploração e a catequese obrigatória de
tribos inteiras.
Inicialmente, os portugueses não afetaram diretamente a vida dos indígenas
e a autonomia do sistema tribal. Enfurnados em apenas três ou quatro feitorias
dispersas ao longo do litoral, dependiam dos nativos, seus “aliados”, para sua
alimentação e proteção. O escambo (trocas) de produtos como pau-brasil,
farinha, papagaios e escravos, por enxadas, facas, foices, espelhos e outras
quinquilharias dava regularidade a entendimentos. (PRIORE; VENANCIO,
2010).
Porém, a partir de 1534, as relações entre os indígenas e portugueses
começaram a sofrer diversas alterações. Em outros termos, havia chegado o
fim do tempo em que os portugueses se mantiveram dependentes dos nativos,
conforme citado anteriormente, para sua sobrevivência. O modo de vida eu-
ropeu, com suas instituições sociais, seus valores morais e crenças religiosas
entraram em vigor nas terras brasileiras.
Não por acaso, nesse exato momento, começaram a se multiplicar as quei-
xas de portugueses em relação aos indígenas. Quais seriam essas queixas?
Mary Del Priore e Renato Venancio (2010) destacam que os Tupinambás, no
entender dos portugueses, usavam de bestialidades muito estranhas, como
pedras ou ossos nos beiços, vivendo como animais. O fato de não possuírem
fé, lei, ou rei, transformou-se pouco a pouco na justificava necessária para
desprezá-los. Pior ainda, o canibalismo registrado primeiramente em 1502,
por Américo Vespúcio, transformou muitos grupos tribais em símbolo por
excelência da barbárie aos olhos europeus.
Ao substituir o escambo pela agricultura, os portugueses começaram a
virar o jogo. O indígena passou a ser visto como o grande obstáculo para a
ocupação da terra e a força de trabalho necessária para colonizá-la. Assim,
submetê-los, julgá-los e escravizá-los tornaram-se grandes preocupações da
época. Mas preocupação para quem? Primeiramente para os doze donatários
das quinze capitanias distribuídas por D. João III, Rei de Portugal em 1534
(PRIORE; VENANCIO, 2010).
Desse modo, temos esboçados os primeiros fatos sociais, políticos e eco-
nômicos na época da colonização do Brasil: o movimento das grandes nave-
gações europeias, sendo Portugal a pioneira nesse quesito. A formação das
Após a chegada dos portugueses em territórios brasileiros, logo outros estados eu-
ropeus receberam a notícia sobre as terras do chamado Novo Mundo. Nessa direção,
por exemplo, espanhóis disputaram o território com os portugueses por meio de
expedições ou negociações diplomáticas, navegantes franceses também se tornaram
uma presença constante no Brasil. Os franceses passaram a enviar expedições que,
além do saque de riquezas americanas, acabaram por possibilitar o domínio de vastas
áreas da América do Norte, além de tentativas frustradas no Brasil.
Fonte: Olivieri (2014).
Assim, podemos situar as pessoas pela cor da pele ou pelo dinheiro. Pelo
poder que detêm ou pela feiura de seus rostos. Pelos seus pais e nome
de família, ou por sua conta bancária. As possibilidades são ilimitadas, e
isso apenas nos diz de um sistema com enorme e até agora inabalável
confiança no credo segundo o qual, dentro dele, “cada um sabe muito
bem o seu lugar” (MATTA, 1986, p. 39).
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Leituras recomendadas
FREYRE, G. Casa grande & senzala. São Paulo: Global, 2006.
HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.