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Resoluções das atividades HISTÓRIA 1

M 1 Introdução aos estudos das Ciências Humanas; Cultura, patrimônio e memória social; Formação dos Estados teocráticos » 1
Ó 2 Aspectos sociais e culturais do Oriente Antigo » 3
D 3 Evolução política na Grécia Antiga – A sociedade grega na Antiguidade » 5
U
L 4 Evolução política e social de Roma; A cultura greco-romana » 7
O 5 Germânicos, bizantinos e árabes; O mundo feudal; A Igreja medieval » 10
S 6 Baixa Idade Média; Cultura medieval » 13
Atividades discursivas » 15

04 C
MÓDULO 1 Introdução aos estudos das Ciências
Humanas; Cultura, patrimônio e memória O conceito de patrimônio imaterial refere-se às constru-
social; Formação dos Estados teocráticos ções culturais e/ou tradicionais representativas da histó-
ria, da memória e, consequentemente, da identidade de

PARA SALA
ATIVIDADES povos ou grupos sociais. Manifestações de patrimônio
imaterial existem na forma de músicas, teatros ou danças,
como o Bumba meu boi, uma tradição folclórica do Norte
01 B e do Nordeste do Brasil.
A Escola dos Annales foi um movimento inovador que surgiu
na França, no século XX, dando origem ao que se conhece 05 C
hoje por Nova História, que começa a tecer suas redes de O artigo da Constituição Brasileira de 1988, conhecida como a
conhecimento em contraposição à História tradicional, Constituição Cidadã, presente no enunciado, explicitou, como
“enraizada” nos grandes homens e fatos. Para a “História um dos deveres do Estado brasileiro, garantir a sobrevivência
nova”, toda vivência humana é portadora de uma história. cultural das populações indígenas, por meio da demarcação
Partindo dessa ideia, os Annales construíram o sentido de de terras, feita pela União, dos espaços por elas tradicional-
“História total”. mente ocupados. Percebe-se, ainda, o uso de um conceito
amplo de cultura no texto da Constituição, abrangendo
02 C organização social, costumes, línguas, crenças e tradições,
Marc Bloch foi um dos fundadores e expoente da chamada bem como a ocupação de terras que permita a sobrevivên-
Escola dos Annales, uma corrente historiográfica francesa cia das culturas indígenas na contemporaneidade.
que se propôs, a partir do início do século XX, a produzir um
novo tipo de conhecimento histórico, rompendo com o posi- 06 B
tivismo ou Escola Metódica. Diferentemente do positivismo, A questão trata da relação de interdisciplinaridade entre
que entendia a história apenas como a trajetória dos Estados a História e outras áreas do conhecimento, no caso, a
Nacionais Modernos, os Annales, ou a Nova História, propôs Arqueologia. Essa parceria se faz necessária para a análise
a ideia de história total, uma história de todas as dimensões de fontes ou vestígios da cultura material de sociedades
da experiência humana no tempo, incluindo a economia, a pretéritas. Ambas as áreas, como campos de saber distin-
demografia, as mentalidades, a cultura popular, os sentimen- tos, com seus próprios instrumentos, métodos e conceitos,
tos, a vida privada e o cotidiano. Para tanto, os historiadores trazem perspectivas peculiares para a análise da fonte, per-
da escola francesa abriram o leque de fontes passíveis de mitindo uma troca e um enriquecimento que seria impos-
serem consultadas, como escritos particulares, iconografia, sível para cada disciplina isoladamente. A Arqueologia não
literatura, fotografia, arquitetura, cultura material, relatos orais pode desligar os vestígios que analisa do contexto histó-
etc. Como forma de dar rigor científico às novas pesquisas, os rico em que foram produzidos, ao mesmo tempo, a História
Annales pensaram a história como um problema, elaborando amplia o leque de fontes que pode consultar ao absorver
questões a serem respondidas pelos pesquisadores. Desse as considerações da Arqueologia sobre a cultura material.
modo, a busca pelas origens remotas de cada fenômeno foi
desacreditada, algo intangível, irrealizável e cuja mera preten- 07 B
são escondia vontades de poder, portanto, era mitológica.
Ao observar o trecho, é facilmente percebido que o aspecto
03 E principal abordado nele é o comércio. A atividade comer-
cial utilizando os mares foi o traço marcante do povo fení-
A tira problematiza o impacto do desenvolvimento tecno- cio, o que fez deles importantes navegadores. O trecho não
lógico dos meios de comunicação, transporte e produção enfoca aspectos militares, o que desmente as alternativas A,
sobre a consciência temporal das sociedades capitalistas
C e D. No caso da alternativa E, o poder da civilização fení-
contemporâneas. As novas tecnologias permitiram o acele-
cia era, na verdade, descentralizado. Dessa forma, a única
ramento desenfreado da produção e da circulação de capi-
alternativa que se encaixa nas afirmações é a B.
tal, de modo que a experiência do tempo também se trans-
formou no mesmo sentido, acelerando-se. As sociedades
contemporâneas passaram, desde meados do século XX e 08 E
de forma crescente, a sentir o tempo histórico se esvaindo Duas das primeiras civilizações surgiram na região do chamado
de forma muito rápida, o futuro se aproximando e sendo Crescente Fértil, entre o Norte da África e o Oriente Médio. Tra-
superado em tempo cada vez menor, assim como o tempo ta-se de uma região que, apesar de desértica, conta com terras
das inovações tecnológicas e do giro do capital. férteis ao redor dos principais rios, o Nilo, o Tigre e o Eufrates.

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Nessas localidades, as comunidades humanas desenvolve- 04 D


ram a agricultura, cresceram e formaram as primeiras cidades, Mesmo sendo crítico ao capitalismo e dispondo de sofis-
depois os primeiros Estados centralizados. A administração ticado instrumental teórico-metodológico, o materialismo
dos largos grupos humanos submetidos ao Estado, bem histórico, Marx não escapou às contradições de ser um
como o controle das trocas comerciais efetivadas com loca- homem europeu oitocentista, reproduzindo uma visão
lidades cada vez mais distantes, exigiu um avanço tecno- eurocêntrica da história, em que os povos europeus apa-
lógico na confecção de registros, contas e contratos. Daí recem como naturalmente superiores aos demais povos
surgiram as primeiras formas de escrita, como a hieroglí- do planeta.
fica no Egito e a cuneiforme nas cidades da Mesopotâmia.
05 E
09 A A questão remete ao texto do historiador francês Marc Bloch,
O Egito, nas palavras de Heródoto, foi uma “dádiva do Nilo”, que integrava o grupo dos Annales. A História não visa fazer
sendo o rio uma das causas do fortalecimento dessa civiliza- previsões sobre o futuro, não significa um conhecimento inútil
ção que se formou às suas margens, possibilitando o desen- sobre o passado, não é determinada pela imaginação do his-
toriador e não se refugia no passado para não compreender
volvimento de atividades como a agricultura, a pecuária e o
o presente.
comércio.
06 E
ATIVIDADES
PROPOSTAS A questão problematiza a duração temporal da história
humana em comparação com o tempo natural e cosmo-
lógico de existência do planeta Terra. Trata-se de tempos
01 A
em diferentes ordens de grandeza e cujo contraste per-
O pensamento iluminista, ao questionar a legitimidade do mite perceber o modo como as culturas humanas, espe-
direito divino dos reis e ao propor novas bases contratuais, cialmente a ocidental contemporânea, com seu tempo
novas formas de divisão de poderes, ao Estado nacional, progressivo e acelerado, experimentam diferentemente
teve como uma de suas consequências o início da possibi- a passagem do tempo. Assim, em comparação com o
lidade de outras formas de história, para além da crônica tempo cosmológico do planeta, toda a trajetória da espé-
dos feitos dos grandes homens. Esse processo, contudo, cie humana resume-se a um dia, na metáfora apresentada
do tempo como um ano. Se a questão quisesse ser mais
só se consolidará no século XX, quando o marxismo e a
precisa, seria possível constatar que o período pré-his-
Nova História conseguirem romper com o positivismo e a
tórico dominaria quase inteiramente o dia 31 de dezem-
História tradicional.
bro, sobrando apenas poucas horas, ou minutos, para o
período histórico. Percebe-se assim a relatividade da his-
02 B tória das conquistas humanas no tempo.
Os textos mostram como a invenção de dimensões tempo-
rais como horas, dias, meses e anos se relacionou a processos 07 E
históricos de diferentes sociedades, como a suméria e a egíp-
A imagem do texto 1 é uma viola-de-cocho. Esse objeto,
cia, dependendo de suas necessidades materiais específicas. segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Assim, o tempo cronológico insere-se na história como um de Nacional (IPHAN), é um bem material cultural e sua técnica
seus produtos, sendo submetido a distintos tempos históri- de produção exige um conhecimento tradicional que deve
cos, que variam histórica e culturalmente. ser transmitido pelas gerações.

03 D 08 D
As pinturas rupestres, como as preservadas no sítio arqueo- O texto presente no enunciado apresenta algumas das
lógico da Caverna de Altamira na Espanha, que datam do ideias principais que basearam a criação do SPHAN. Entre
Paleolítico Superior, eram expressões artísticas e culturais tais ideias, estão a de que os produtos culturais diversos
das comunidades humanas pré-históricas. Tinham funções são bens inestimáveis da nação brasileira, por seu inte-
resse histórico e cultural. Além disso, o texto traz o alerta
culturais amplas, como representar visualmente os vínculos
de que tais bens, se deixados à gerência privada, cor-
materiais de cada comunidade com seu entorno, demar-
rem o risco de desaparecer, devendo, portanto, ser dever
cando o lugar-identidade dessa comunidade, bem como do Estado articular políticas públicas para preservá-los.
outras funções mais específicas, em nível mágico-religioso, Essas ideias iam ao encontro da ideologia nacionalista e
como representar, prever e conjurar o sucesso de eventos estatista do Estado Novo de Vargas, que construiu um
cotidianos importantes para a comunidade, como a caça. Estado forte, centralizador e autoritário.

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09 B 16 C
Esses encontros são oportunidades para estimular a diver- O povo descrito no enunciado é o assírio, que se estabe-
sidade cultural e o diálogo entre as culturas, tal como está leceu no Norte da Mesopotâmia em meados do terceiro
apresentado na alternativa B. Mais do que ressaltar as dife- milênio, antes da Era Cristã. Sua capital era a cidade de
renças, eles procuram criar canais de comunicação entre Assur, o mesmo nome de sua principal divindade. Os assí-
culturas diferentes. rios consolidaram-se na Mesopotâmia por meio de um
Estado peculiarmente forte e militarizado, cujo exército
10 E se destacava por sua cavalaria, seus carros de guerra e
A acumulação ocidental teve por base uma concepção de suas armas forjadas a ferro, o que lhes dava significativa
mundo que via na natureza um objeto de utilização da huma- superioridade tecnológica em relação aos povos vizinhos.
nidade. Assim, com o desenvolvimento científico e tecnoló- Assim, os assírios puderam se expandir facilmente, domi-
gico, a sociedade ocidental buscou compreender e dominar nando militarmente os vizinhos e impondo-se por medo
a natureza, extraindo dela aquilo que considerava neces- de violências contra os vencidos.
sário, sem grande preocupação de mantê-la e conservá-la.
17 B
11 E A questão remete à atualidade vinculada à Antiguidade
A questão se refere ao conceito de paisagem cultural, defi- Oriental. O atual Iraque foi a antiga Mesopotâmia, região
nido como uma região em que ocorre uma interação homem- entre os rios Tigre e Eufrates. Essa civilização antiga foi
-natureza a partir da qual são criadas significações e valores caracterizada pela existência de vários povos com carac-
culturais peculiares. Segundo o presidente do IPHAN, a cidade terísticas distintas. O texto remete ao Império Assírio,
do Rio de Janeiro atende a essa definição, uma vez que sua 1200-612 a.C., um povo guerreiro que usava carros de
paisagem é caracterizada por desafios, contradições e pos- guerra. Os assírios ficaram conhecidos também pela cruel-
sibilidades que, de maneira original, representam o todo da dade com que tratavam os povos conquistados por eles.
cultura brasileira.
18 E
12 A A questão remete à denominada Primavera Árabe, asso-
Na chamada Primeira República, o estado de São Paulo ciando-a com o poder político no Egito Antigo. No con-
buscava ocupar um lugar de hegemonia na política nacio- texto da Antiguidade Oriental, o Egito era uma monarquia
nal, uma vez que já comandava a economia brasileira devido teocrática de caráter hereditário, na qual o faraó possuía
ao ciclo do café. Assim, o uso da figura do bandeirante nas poder político e religioso. A figura do faraó estava asso-
obras de arte foi uma forma de legitimar essa hegemonia. ciada à divindade que deveria se preocupar, entre outros
pontos, com as enchentes do Nilo, o rio fundamental para
a manutenção da vida.
13 D
Na figura, fica nítido que o exército de Ur possuía divisões MÓDULO 2 Aspectos sociais e culturais do Oriente
internas, inclusive com a presença de certo tipo de cavala- Antigo
ria, além de arqueiros.

14 C
ATIVIDADES
PARA SALA
A questão aborda a expansão do Império Persa antigo. Seu 01 C
ápice foi durante o reinado de Dario I, que fazia parte da
Devido à sua localização geográfica, às margens do Mediter-
dinastia Aquemênida. A expansão persa, contudo, foi gra- râneo, os fenícios distinguiram-se pela arte da navegação e
dual. Começou com a unificação de Medos e Persas sob Ciro, pela habilidade no comércio marítimo.
foi ampliada sob Cambises e culminou com Dario, que levou
o Império até as bordas da Índia, organizando também sua 02 A
burocracia administrativa. A questão mostra como a crença da cultura egípcia na vida
após a morte era baseada na valorização e na idealização
15 E da vida cotidiana da população. Por isso, os túmulos eram
A agricultura era a atividade econômica central na socie- decorados com representações evocativas do estilo de
vida que o morto conduzira em vida. Assim, essas repre-
dade do Egito Antigo, pois era a forma principal de pro- sentações mostravam as intervenções da cultura egípcia
dução de alimentos e de excedentes comerciais. Contudo, sobre o meio natural, demonstrando os avanços técnicos
a agricultura egípcia era tributária do regime de cheias do produzidos por essa civilização e servindo de fonte para
Rio Nilo, por isso os trabalhos agrícolas seguiam as esta- historiadores e arqueólogos.
ções e ocupavam metade do ano, entre plantio e colheita.
A centralidade da agricultura fazia com que todos os gru- 03 C
pos sociais, de uma forma ou de outra, estivessem com ela A representatividade da arte no Egito Antigo levava em
envolvidos, fosse no trabalho manual, na contabilidade, na conta os temas religiosos, funerários e homenageava a
administração, no armazenamento ou no comércio. figura divina do faraó.

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04 D 03 A
A Arqueologia é uma ciência que teve grande desenvolvi- A questão tem o interesse de mostrar que a religião não foi
mento no século XX e possibilitou o conhecimento sobre um fenômeno estático no Egito Antigo, ao contrário, se viu
a história de diversas civilizações antigas. Na maior parte dos sujeita a transformações provocadas pelos conflitos entre
casos, a Arqueologia é decisiva para entendimento de socie- os grupos sociais que compunham a sociedade egípcia.
dades que deixaram poucos – ou nenhum – documentos Assim, a diversidade de deuses e sua hierarquia refletiam
o jogo social entre os faraós e a ordem sacerdotal. Ainda
escritos. No caso do Egito, as descobertas da região do Vale
que o poder político dos faraós fosse grande, os sacerdotes
dos Reis foram fundamentais para o conhecimento da impor-
eram capazes de pressionar o Estado, uma vez que contro-
tância da cultura religiosa dos antigos egípcios. lavam os templos, a estocagem de alimentos e a adminis-
tração do império. Assim, houve uma dinâmica tensa entre
05 D os deuses egípcios de variadas procedências, refletindo as
As sociedades da Antiguidade Oriental caracterizavam-se conjunturas políticas e econômicas da sociedade do Egito.
pelo agrarismo, pela servidão coletiva e pelo controle das
terras por parte do Estado, despótico e autoritário. 04 D
A difusão dos sistemas alfabéticos entre diversos povos
06 B ao redor do Mar Mediterrâneo demonstra que houve uma
intensa circulação de pessoas na região. Juntamente à cir-
Marx e Engels criaram o conceito de modo de produção culação de pessoas, ocorriam também trocas socioculturais
asiático para explicar o funcionamento socioeconômico as mais variadas entre fenícios, gregos, romanos e outros
das sociedades antigas da Ásia e da África, como o Egito, povos da bacia mediterrânea, sugerindo profunda interpe-
as civilizações mesopotâmicas, indianas e chinesa, e tam- netração cultural entre todos eles. Fica mais uma vez ates-
bém dos povos pré-colombianos mais desenvolvidos, tado o caráter dinâmico e histórico de toda cultura.
como os incas, os maias e os astecas. Por modo de produ-
ção, o marxismo entende um tipo de sociedade caracteri- 05 D
zada por determinado arranjo das relações de produção, A civilização egípcia desenvolveu vários sistemas de escrita,
ou seja, pelo modo como a produção se organizava e as cada um deles com uma função social. A escrita hieroglífica
relações sociais daí decorrentes. Assim, o modo de pro- era de todas a mais complexa, sua técnica era monopólio da
ordem dos escribas. A escrita hierática era do tipo cursiva,
dução asiático, também conhecido como hidráulico, era
voltada para o emprego no comércio (daí ter que ser mais
caracterizado pela organização da agricultura de regadio,
rápida e ágil). A escrita demótica era uma versão simplificada
em que as terras eram do Estado, nas quais os campone- da hieroglífica, mais popularizada do que essa. Finalmente, a
ses trabalhavam com usufruto ou como servos ou escra- escrita copta, mais posterior, surgiu como uma amálgama de
vos, e o Estado era de tipo teocrático, em que o monarca elementos da língua grega com a escrita egípcia.
tinha plenos poderes, era divinizado e apoiado por uma
aristocracia guerreira e uma ordem sacerdotal forte. 06 A
A prática da mumificação dos corpos é um dos traços mais

PROPOSTAS
conhecidos da antiga civilização egípcia e está relacionada à
ATIVIDADES crença na vida além-túmulo, no julgamento dos mortos e na
possibilidade de a alma, uma vez absolvida, retornar ao corpo.
01 A
Segundo as crenças da religiosidade egípcia, o deus ­Osíris 07 E
era encarregado, em um tribunal, de julgar as almas dos mor- As sociedades antigas do lado oriental do Mediterrâneo
tos, determinando se cada uma conduzira uma vida ética e foram aquelas que floresceram na região do Crescente
se, como consequência, teria direito à imortalidade e à paz Fértil, a faixa de terra entre o Egito e a Mesopotâmia. Trata-se
após a morte. O julgamento de Osíris mostra como a religião de uma região desértica, mas que recebia fertilidade pelas
politeísta egípcia tinha um fundo ético importante. cheias dos rios que a cruzavam, o Nilo, o Tigre e o Eufrates,
principalmente. Como consequência, houve significativo
desenvolvimento agrícola nessa região, por meio do traba-
02 A
lho coletivo de camponeses ou escravizados ou em regime
O enunciado e a alternativa correta remetem a aspectos da de servidão ao Estado.
vida no Egito Antigo, como o poder teocrático do faraó, a
arquitetura representada por pirâmides e templos e o tra- 08 C
balho. No entanto, a ênfase no poder do faraó de “escravi-
O historiador Ciro Cardoso chamou a atenção para as dife-
zar grandes contingentes” requer observar que a forma de renças entre os sistemas de irrigação utilizados nas civilizações
trabalho predominante no Egito Antigo era servidão cole- antigas do Egito e da Mesopotâmia. Tais diferenças partem
tiva. Assim, o faraó requisitava, compulsoriamente, mão de do substrato comum de que em ambas as regiões, que for-
obra abundante nas comunidades sob seu poder. mavam o Crescente Fértil, o solo desértico era fertilizado

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regularmente pelas cheias dos rios, respectivamente, o Nilo de problemas. O método dialógico grego se fez presente
e a bacia do Tigre e Eufrates, possibilitando a expansão das em áreas distintas, mas relacionadas, como a Filosofia, as
atividades agrícolas. ciências e, especialmente, a política.

02 E
09 B
Os dois textos mostram como, em contextos históricos
Os preceitos do Código de Hamurabi expostos no enun-
distintos, a criação e a publicação de normas sociais escri-
ciado indicam que a sociedade babilônica era marca-
tas e estáveis, aplicáveis à coletividade, são fatores para
damente patriarcal, sendo que, os laços de parentesco,
a diminuição da desigualdade política e social, uma vez
estruturantes da sociedade, mantinham-se por meio da
que é um modo de coibir o arbítrio dos estratos de elite.
estrita submissão de cada mulher a um parente do sexo
Em Atenas, sob Sólon, e em Roma, com a Lei das Doze
masculino (pai, marido ou irmão), tendo o mesmo valor
Tábuas, a reforma legislativa teve como objetivo reduzir o
de um escravo ou de uma mercadoria. Nessas famílias
poder das oligarquias, das camadas senhoriais que con-
patriarcais, as figuras masculinas tinham clara ascendên-
trolavam as terras e o governo da cidade, permitindo que
cia e detinham todo o poder político.
grupos sociais mais amplos tivessem também alguma voz
10 C na condução dos negócios públicos e não ficassem com-
pletamente à mercê das classes senhoriais.
Segundo o historiador Ciro Flamarion Cardoso, o estudo
da história egípcia deve ser feito por uma inversão em 03 E
relação à hipótese tradicional de que a irrigação causou
ou possibilitou a estruturação de um Estado centralizado. Com base na análise do período “por ela, a vida social e as
Ao contrário, foi a lenta formação histórica de um Estado relações entre os homens tomam uma forma nova”, enten-
forte, capitaneada por dinastias centralizadoras, que per- de-se que o surgimento da pólis ampliou a vida intelectual
mitiu a convergência das forças produtivas em torno das e social dos gregos antigos.
necessidades agrícolas de grandes obras hidráulicas. Isso
quer dizer que, sem a atuação de um Estado forte e cen- 04 C
tralizador, tais obras não poderiam ter acontecido. Os gregos, na Antiguidade, possuíam uma noção pejora-
tiva do trabalho braçal; o trabalho intelectual, bem como o
11 E ócio, era inerente aos cidadãos que comandavam as pólis.
A questão se refere ao Egito Antigo, destacando que se tratou
de uma civilização africana, o que nem sempre é recordado, 05 C
dada a tradição ocidental de branquear e esquecer suas raízes Entre as muitas guerras que assolaram a Bacia do Mediterrâ-
africanas. O Império Egípcio antigo se desenvolveu ao redor neo a partir do século V a.C., destacam-se aquelas que acom-
do regime de cheias do Rio Nilo, que dava o ritmo da produ- panharam o apogeu e a decadência da civilização grega. Elas
ção agrícola na região. Com a construção de um Estado forte foram, respectivamente, as Guerras Médicas, ou guerras gre-
e teocrático, os egípcios puderam empreender importantes go-pérsicas, que opuseram as pólis ao vasto Império Persa, e
obras públicas de caráter hidráulico para potencializar o efeito a posterior Guerra do Peloponeso. As cidades-Estado gregas
fertilizante do Nilo, aumentando sua produção agrícola. reuniram-se na Liga de Delos, liderada por Atenas, para se
precaverem de novos conflitos após terem derrotado os per-
12 B sas. Com o crescimento do poder ateniense e a formação de
Nas sociedades antigas do Oriente, com destaque para seu império, as cidades gregas entraram em guerra entre si, o
aquelas do Egito e da Mesopotâmia, as relações de produção que levou à decadência generalizada de sua civilização.
eram baseadas no regime de servidão coletiva. Isso significa
que a maioria da população camponesa era serva do Estado, 06 D
em cujas terras trabalhava de modo compulsório, recebendo, Apenas parte dos homens adultos possuía os direitos de
em troca, o direito de trabalhar alguns dias em terras arrenda- cidadãos e poderia participar dos processos políticos. Por-
das para uso próprio ou em espécie. tanto, a democracia em Atenas não incluía as mulheres.

MÓDULO 3
PROPOSTAS
Evolução política na Grécia Antiga –
A sociedade grega na Antiguidade ATIVIDADES

ATIVIDADES
PARA SALA 01 E
O objetivo da questão é comparar os sistemas demo-
01 E cráticos ocidentais contemporâneos com aqueles das
Ao problematizar as opiniões correntes sobre as causas do cidades-Estado gregas da Antiguidade. Assim, os primei-
regime de cheias do Rio Nilo, o grego Heródoto expressou ros funcionam de forma indireta e representativa, cada
a peculiaridade grega na Antiguidade, qual seja, o exercí- cidadão vota em um representante que, após eleito,
cio do diálogo racional e público como forma de resolução é responsável pela escrita das leis e/ou sua execução.

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Nas pólis gregas, por outro lado, a democracia era direta, de reflexões dos filósofos sobre os modos de organização
isto é, todos os cidadãos participavam diretamente do pro- coletiva dos seres humanos, interrogando-se se a pólis seria
cesso de debate, escrita e promulgação das leis. Uma segunda de fato o melhor modo e se ela poderia ser melhorada.
diferença importante diz respeito à abrangência dos direitos
de cidadania. Nas democracias contemporâneas, todos os
naturais de cada democracia têm direitos de cidadania, ainda 07 B
que só possam exercer a participação política a partir da O canto de Homero evidencia como as relações escravistas
maioridade, não existindo discriminações a priori por gênero, permeavam a organização interna das famílias gregas. De
ocupação ou posição social. Diferentemente, nas democra-
fato, a escravidão era uma instituição basilar da sociedade
cias gregas, os direitos de cidadania eram restritos a uma
grega, sendo os escravos uma das três ordens sociais gregas –
pequena parcela da população, composta pelos homens
livres, maiores de idade e naturais da pólis. Estavam excluídos as outras eram a dos cidadãos (eupátridas) e dos estrangeiros
da cidadania os escravos, os estrangeiros e as mulheres. (metecos). Os escravos na sociedade grega eram, em geral,
conquistados nas guerras externas e se prestavam aos mais
variados trabalhos em todos os setores da economia, como
02 B
na agricultura, na construção civil, no comércio, na navegação
O texto do historiador Norberto Luiz Guarinello remete à (remadores), na educação e nos serviços domésticos. As famí-
Grécia no Período Arcaico. Nesse contexto, surgiram as
lias nobres costumavam ter muitos escravos, com os quais
pólis, as cidades-Estado que possuíam autonomia política.
poderiam ter relações ambíguas, entre a familiaridade pelo
Isso significa que na Grécia Antiga não havia unidade polí-
contato próximo e a autoridade senhorial – esse é o caso da
tica devido à presença das pólis, mas existia uma unidade
escrava Euricleia a que se referiu Homero.
cultural entre os gregos. Essas cidades-Estado possuíam a
ágora, que consistia na praça pública, um espaço público
para o debate político entre os cidadãos. 08 C
As duas obras procuram construir narrativas sobre a ori-
gem de suas respectivas sociedades (grega e cearense) e
03 A assim instituir uma memória identitária comum.
A importância da Assembleia na democracia ateniense revela
o espaço dos debates e das decisões, o que significava a par- 09 C
ticipação direta dos cidadãos na condução política da cidade. Aristóteles, importante filósofo da época, traz em seu
manuscrito um importante relato sobre a dinâmica demo-
crática da sociedade grega. Sobre ela, é importante ressaltar
04 B que boa parte da população que constituía a Grécia Antiga
A sociedade ateniense era escravista e pautava todo seu fun- não desfrutava da cidadania. A escravidão aparece no tre-
cionamento na dependência do trabalho escravo, daí a justi- cho como uma instituição natural, justificando-se mediante
ficativa ideológica comum de que eram seres inferiores e de aspectos biológicos e corporais, nos quais o escravo era
que a prática política deveria ser exercida apenas pelos seto- visto como um ser mais resistente para trabalhos braçais e
res sociais superiores. sem capacidade de expressão política e cidadã.

05 C 10 C
Em Atenas, as mulheres não possuíam cidadania. Apenas
Segundo o historiador Jean-Paul Vernant, a palavra, o dis-
os homens acima de 18 anos que fossem filhos de pais
curso racional, o logos, passou a ser o principal instrumento
atenienses eram considerados cidadãos.
de poder nas pólis gregas. Isso se deve ao fato de nas cida-
des gregas os grupos com direitos de cidadania reunirem-
11 D
-se coletivamente nas ágoras, as praças públicas, para dis-
A arquiteta e urbanista Raquel Rolnik aponta para uma
cutirem, racionalmente, os problemas e as leis da cidade,
característica fundamental do conceito de polis na cultura
formando um ambiente de atuação política direta desco-
grega antiga. Não se tratava meramente da cidade, com
nhecida em outras sociedades da Antiguidade até então.
seus diferentes espaços geográficos, mas do modo de orga-
nização política da comunidade. De modo correlato, o con-
06 D ceito de cidadão não falava do morador da cidade. Na ver-
A Filosofia foi uma das invenções que tornaram peculiar a civi- dade, a maioria dos habitantes das cidades gregas não era
lização grega. Consiste em um tipo de saber racional sobre cidadã. A cidadania falava do privilégio, visto como direito,
o mundo e o homem, preocupado em buscar a verdade e o de participar das discussões públicas da pólis, tomar parte
bem (lembrando que, na cultura grega, esses dois conceitos na condução do governo da comunidade de pares, ou seja,
eram identificados um com o outro) por meio de questões de cidadãos. O estatuto de cidadão era restrito aos homens
que desafiam o senso comum. O surgimento da pólis como livres adultos naturais da cidade (mais tarde, em Atenas, o
um espaço de discussão pública e racional sobre os proble- conceito se restringiu para abarcar apenas os filhos de pais
mas da coletividade e de gestão da cidade conviveu e alimen- atenienses). Somente esse grupo de fato habitava a pólis, ou
tou a Filosofia, sendo também por ela influenciada, na forma seja, vivia politicamente.

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12 C pelas invasões de povos germânicos ao território do império


Por meio da narrativa de Tucídides sobre a Guerra do no mesmo período. A crise geral provocou a desorganização
­Peloponeso, uma característica importante da formação da sociedade romana, com o retraimento de suas cidades,
social e política de Esparta pode ser distinguida: a relação uma tendência à ruralização e a decadência do Estado impe-
de dominação exercida pela elite espartana (ou esparciata) rial, mais e mais incapaz de administrar e proteger seu terri-
sobre os hilotas, nativos das regiões da Lacônia e da Mes- tório. A devastação de Roma, relatada pelo bispo de Hipona
sênia, e que compunham a maior parte da população de em seu sermão, foi uma expressão da gravidade da crise que
Esparta. No período de formação de Esparta, os dórios acabou sepultando o Império Romano do Ocidente.
(ancestrais dos esparciatas) conquistaram e dominaram os
hilotas, forçando-os à escravidão. Desde então, a socie- 05 C
dade e a política espartanas organizaram-se de modo a Os textos fazem referência ao conceito de isonomia, típica
perpetuar essa dominação, que permitia e exigia o pode- da democracia ateniense, e à existência do tribuno da plebe,
rio militar de Esparta. Por isso, os espartanos preocupa- uma magistratura criada em Roma no período republicano.
vam-se sempre, em primeiro lugar, em manter a submissão
dos hilotas, condição básica para a organização da cidade.
06 E
A questão aborda as causas estruturais para a crise e o fim
MÓDULO 4 Evolução política e social de Roma; do Império Romano no Ocidente. Essas causas devem ser
A cultura greco-romana buscadas no próprio movimento de expansão do Império

PARA SALA
e nas transformações que ele impôs ao modo de produção
ATIVIDADES escravista latino. Enquanto Roma se expandia, o fluxo de pes-
soas escravizadas para as propriedades agrárias da nobreza
01 C romana era constante e crescente, o que permitiu a expan-
Após a expansão territorial promovida na República, Roma são dessas propriedades, transformando-as em latifúndios
aumentou consideravelmente o número de escravos de com uma quantidade de trabalhadores escravizados inédita
guerra e os incorporou ao trabalho agrícola, base da econo- no mundo antigo. Uma consequência dessa expansão foi a
mia romana. Logo, o trabalho escravo era de suma importân- proletarização da população camponesa, reduzida a con-
cia para a sociedade romana. dições miseráveis e dependentes nas maiores cidades do
Império, sobretudo Roma. Com a diminuição e quase inter-
02 E rupção do fluxo de pessoas escravizadas, a dinâmica econô-
O Mar Mediterrâneo foi de fato central para a política mica do império ficou emperrada, iniciando séculos de crises
imperialista de Roma. O controle do Mediterrâneo ociden- que desorganizariam toda a sociedade e o Estado romanos.
tal foi disputado com Cartago ainda durante a República, Nesse contexto de crise, dois fatores externos – a dissemina-
tendo a vitória romana possibilitado sua expansão comer- ção do cristianismo e as invasões dos povos germânicos – ter-
cial e imperial por toda a bacia mediterrânea. A ascendên- minaram de fragilizar a cultura e o Estado latinos, transforman-
cia latina sobre o Mediterrâneo fez com que ele ficasse do-os a ponto de romper a unidade do Império.
conhecido como Mare Nostrum, sinalizando a soberania
romana sobre a navegação na região. O controle das rotas
comerciais no Mediterrâneo fez com que a riqueza ali cir- 07 C
culante fluísse para Roma, aumentando seu poderio militar. Segundo a historiadora Flávia Maria Schlee Eyler, o teatro
trágico desempenhava uma função pedagógica impor-
03 C tante na formação cívica dos cidadãos atenienses. Por meio
A expansão imperial romana ocorreu principalmente durante da arte performativa, o teatro explicitava aos cidadãos as
a República, entre 509 e 27 a.C. Nesse intervalo, Roma con- diretrizes morais que governavam a prática da cidadania,
quistou boa parte do mundo conhecido, tornando-se a prin- da governança de si e dos outros na pólis. De modo que,
cipal potência da bacia mediterrânea. Em ordem de garantir assistindo às peças teatrais, os espectadores experimen-
a administração de tão largo território, Roma precisou cons- tavam, de modo catártico, as graves consequências dos
truir um sistema de infraestrutura que permitisse a comuni- que infringiam as leis da cidade, aprendendo, então, a não
cação razoavelmente fácil de cada província do Império com cometer tais erros em suas vidas reais.
a capital, como também permitisse a cobrança dos impos-
tos devidos ao Império. A construção dessa extensa malha 08 B
de estradas foi uma parte deste sistema de infraestrutura,
pois permitia a circulação rápida de funcionários imperiais e A mitologia grega é riquíssima, exprime os principais valo-
cobradores de impostos, das tropas e de comerciantes por res cultuados pelos gregos da época e serve de base para
todo o Império. vários temas inerentes ao cotidiano na Grécia Antiga.

04 E 09 D
Agostinho escreveu esse sermão no contexto da crise final Os Jogos Olímpicos antigos cumpriam importantes fun-
do Império Romano. Essa crise foi provocada pelas pró- ções culturais para as sociedades gregas. Na ausência
prias transformações contraditórias da sociedade imperial de uma instituição política unificadora de todos os gre-
e de seu modo de produção escravista, mas foi catalisada gos, a base da identidade grega era somente cultural.

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Assim, algumas práticas e eventos tinham o papel de glorifi- efeito, ao mesmo tempo, aumentar a população das cidades,
car a identidade cultural grega, fazendo o louvor público de especialmente de Roma, devido ao êxodo rural (a proprie-
seus valores e do que se convencionava aceitar como suas dade fundiária tendeu a se concentrar com a expansão do
conquistas, os marcos de sua suposta superioridade sobre escravismo, resultando que os antigos camponeses perdiam
os outros povos, pejorativamente chamados de bárbaros. suas terras e eram obrigados, ou a se submeter aos patrí-
As Olimpíadas não apenas cumpriam essas funções, como cios, ou migrar para a cidade), e permitir o enriquecimento
eram o maior evento de celebração da identidade grega na da camada plebeia dedicada ao comércio no Mar Mediter-
Antiguidade. Tanta era a importância atribuída por todos os râneo. Como resultado, as pressões da plebe aumentaram,
gregos aos jogos, que quaisquer conflitos eram interrom- tomando a forma de revoltas e guerras servis, culminando
pidos durante eles e os vencedores olímpicos tornavam-se em conquistas significativas para os plebeus. Entre essas con-
heróis glorificados e cultuados em suas cidades natais. quistas estava a Lei Canuleia, que permitia o casamento entre
plebeus e patrícios, abrindo caminho para que as camadas

PROPOSTAS
ricas, mas de nascimento plebeu, de Roma chegassem aos
ATIVIDADES
grupos de elite.

01 C
07 E
O historiador romano Políbio refere-se ao período de grande
O historiador latino Tácito relata alguns detalhes de alguns dos
expansão imperialista experimentado por Roma durante a
suplícios a que os cristãos eram submetidos durante as perse-
República, fase em que os romanos, progressivamente, e bas- guições empreendidas contra eles pelo Império Romano. O
tante mais lentamente que o historiador considerou em seu cristianismo, embora se assemelhasse a muitas seitas filosófi-
texto, conquista toda a região ao redor do Mar Mediterrâ- cas existentes no império, as quais não despertavam nenhum
neo, que passou a ser conhecido pelos romanos como Mare sentimento de ódio ou inimizade pelo Estado, baseava-se em
Nostrum. algumas proposições radicais que impediram sua convivên-
cia pacífica com os cultos tradicionais de Roma. A ideia cristã,
02 E herdada do judaísmo, de um só deus, ético, todo-poderoso
Existia, em Roma, o chamado escravismo de guerra, prá- e dispensador de justiça chocava-se com a tradição romana
tica na qual a população dominada em um processo de de cultuar a figura divinizada dos imperadores, como uma
expansão era escravizada. Durante o período de cres- maneira de glorificar o império. Os cristãos recusavam-se a
cente expansão territorial de Roma, o número de escravos acender incensos e a sacrificar em honra do imperador, o que
ampliou-se consideravelmente. era visto como um desafio ao domínio romano.

03 D 08 A
As conquistas romanas arruinaram grande parte da plebe, Os trechos dos dois documentos reproduzidos no enunciado
enriqueceram uma pequena parte (os “homens novos”) e falam de contextos históricos em que as situações políticas do
fortaleceram a tendência da economia para basear-se na cristianismo no Império Romano foram opostas. No primeiro,
escravidão e nos latifúndios. uma correspondência de Plínio, um aristocrata romano, relata-
-se a perseguição aos cristãos pelo Império, que não tolerava
04 D uma religião que não se submetesse aos valores romanos. No
Na sociedade romana, embora ocorresse certa valorização segundo, um documento oficial da burocracia imperial esta-
do papel social da mulher e sua liberdade social, o poder belece a intolerância a todas as religiões que não o cristia-
do patriarca era incontestável. nismo como política de Estado. De modo que, em ambos os
contextos, a ausência de liberdade religiosa era uma caracte-
05 A rística comum da sociedade romana.
A política do pão e circo compreendia o costume dos nobres
romanos de distribuir alimentos, normalmente cereais, e patro- 09 E
cinar a realização de jogos (como, por exemplo, os de gladia- Confrontados um com o outro, os dois textos permitem
dores) e festividades públicas nas várias cidades do Império. observar as transformações profundas da sociedade romana
Quando dirigida à plebe, a política do pão e circo tinha a fun- do período que vai do fim da República à consolidação do
ção de angariar apoio político popular a determinado político
Império. O crescimento da camada de ex-escravos nesse
romano, ou, ao contrário, de dirigir a massa popular contra
período, motivado pela expansão imperial e pelo conse-
alguma personalidade, muitas vezes os tribunos da plebe, que
incomodavam as elites, ou disputavam seu poder. quente desenvolvimento econômico do Império, especial-
mente da cidade de Roma, fez com que esse grupo não só
06 D se expandisse em quantidade, como ascendesse vertical-
Como informa o texto do enunciado, o período inicial da mente na escala social. Assim, ao longo de gerações, no
República Romana foi marcado por intensas disputas entre a período dado, os ex-escravos e seus descendentes alcan-
nobreza romana (os patrícios) e as classes populares (plebe) çaram posições de prestígio na sociedade romana (o que
pelo poder político na cidade e nos domínios imperiais que é outro sinal da profunda transformação social atravessada
eram conquistados. A expansão militar romana teve como pela sociedade romana) no período.

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10 C 14 E
a) (F) Nesse contexto, o Império já havia expandido. O texto remete à figura do filósofo Sócrates e de sua base
b) (F) Não houve o retorno ao politeísmo. de pensamento, que não previa muito a escrita, mas sim
c) (V) No Baixo Império Romano, nos séculos III, IV e V d.C., os diálogos sempre ricos de conteúdo e de problemáticas
o império entrou em declínio devido à crise escravista para aprimorar o ser humano, geralmente voltados à moral
que acabou engendrando uma crise generalizada: e à política.
econômica, política, militar, administrativa. Nesse
contexto crítico, ocorreram as invasões dos bárbaros 15 C
germânicos sobre as fronteiras europeias do Império Mesmo sendo um regime político mais aberto que os con-
Romano, necessitando, então, de mais gastos milita- temporâneos à participação política individual, racional e
res exatamente quando o império estava em crise. popular, ainda assim, a democracia ateniense tinha limites
d) (F) Não havia anseios expansionistas no Baixo ­Império e contradições. Seus limites diziam respeito à circunscri-
Romano, pois a fase de expansão já havia ocorrido ao ção dos direitos de cidadania a um pequeno grupo social
longo do Período Republicano e no início do Império. (homens proprietários adultos e filhos de pais atenienses).
e) (F) As Guerras Púnicas, conflito entre Roma e Cartago, Suas contradições diziam respeito aos meandros do funcio-
ocorreram na República Romana. namento de uma democracia direta, em que, muitas vezes,
as capacidades retóricas de um político poderiam triunfar
11 B sobre o uso da razão – além das intrigas que corrompiam a
democracia. Sócrates se posicionou contra essas contradi-
Ao longo da República Romana, 509-27 a.C., e início do Impé-
ções, denunciando muitos líderes políticos que se colocavam
rio, ocorreu o processo de expansão, o Mare ­Nostrum, sendo
como sábios, uma vez que não reconheciam sua inerente
necessária uma rede de estradas, pontes e aquedutos para
ignorância humana. Assim, Sócrates punha em xeque mui-
interligar as províncias com a capital Roma, facilitando a comu- tos dos mecanismos básicos da democracia, revelando-os
nicação e a administração. Nesse sentido, o Estado romano como enganosos e afastados da verdade. Assim, a filosofia
necessitou de muitos recursos para investir nessa infraestru- socrática apresentou os limites e as contradições da demo-
tura e, assim, muitos impostos foram criados para aumentar cracia ateniense e acabou se revelando como perigosa para
a receita. Para atender a essa demanda social de comunica- o próprio funcionamento daquele sistema político.
ção, a engenharia civil ganhou destaque e projeção no fim da
República e no Império Romano, como foi mencionado na 16 C
alternativa B. As demais alternativas cometem equívocos
O excerto de Antígona, presente no enunciado, aponta
ao considerar que foram apenas obras de cunho religioso para como uma certa representação do homem (o homem
que foram financiadas com recursos públicos. Além disso, grego adulto, proprietário, casado, cidadão) ocupava um
havia uma rede de comunicação para facilitar a cobrança lugar central na cultura grega clássica. Esse homem é
de i­mpostos. representado como uma figura universal e todo-poderosa,
a maior das maravilhas da natureza, pelo qual todas as
12 B demais deveriam ser medidas.

Em seu discurso, Tibério Graco, famoso tribuno da plebe 17 B


do período final da República, mostrava as consequências,
O teatro, uma invenção da cultura grega, conheceu duas
para a população plebeia de Roma, do processo histórico
formas de expressão na Grécia Antiga, a tragédia e a comédia.
descrito na alternativa B. Ou seja, por conta da expansão
Em ambas, subjazia aos temas e às personagens do enredo
imperial de Roma, a desigualdade social se agravou naquela
uma intenção política e pedagógica. Todavia, o modo como
sociedade, tornando maiores e irreconciliáveis as diferenças os dramaturgos gregos articulavam essa intenção subterrâ-
entre a aristocracia e a plebe. nea era distinto em cada uma das expressões teatrais. Na
tragédia, objetivava-se fazer os espectadores sentirem em
13 A si mesmos as agruras e os sofrimentos das personagens
conforme elas enfrentavam o destino implacável. Tratava-
O trecho do Fedro, a obra que Platão dedicou à investigação
-se da operação da catarse, que produzia efeitos políticos
sobre a verdade da Beleza, evidencia a característica dialógica
e pedagógicos normativos e moralizantes ao forçar efeitos
do método filosófico platônico. Platão compunha seus tex- sobre a sensibilidade dos espectadores da tragédia. Na
tos na forma de diálogos, para poder representar o confronto comédia, o mecanismo era diferente. A intenção política
entre os discursos, o do senso comum, ilusório, falso, e o da poderia ser mais óbvia, porque ela funcionava por meio do
filosofia, racional e verdadeiro. Por meio da disputa entre os ridículo das caricaturas de personagens e eventos da vida
discursos, os argumentos daquele que é verdadeiro invaria- política cotidiana da cidade. Ao instaurar o deboche sobre
velmente se mostram mais fortes do que os do senso comum, os que desrespeitavam as leis e a moral da pólis, as comé-
permitindo que o leitor apreenda a verdade por meio da con- dias ensinavam aos espectadores quais comportamentos
frontação dialética dos discursos. adotar e quais evitar.

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18 C 06 A
Como salientou o historiador Nicolau Sevcenko, os jogos No documento medieval citado no enunciado, pode-
olímpicos tinham um significado profundo na cultura grega, -se depreender algumas das características principais da
indo além do lazer esportivo. Os jogos tinham caráter reli- sociedade feudal durante a Idade Média. Em primeiro
gioso e ritual, eram permeados por festividades e celebra- lugar, trata-se de uma carta de um nobre a outro, contudo,
ções, e constituíam uma das ferramentas mais importantes percebe-se uma hierarquia entre o emissário e o destina-
para a representação do homem grego como uma maravi- tário. Sendo este um conde, o autor da missiva se coloca
lha da natureza (o herói olímpico era visto como o homem como seu subordinado ao solicitar-lhe um favor pessoal.
por excelência). Está aí subentendida a relação hierárquica pessoal de
suserania e vassalagem. Em segundo lugar, a história do
MÓDULO 5 Germânicos, bizantinos e árabes; servo faltoso demonstra claramente a situação de submis-
O mundo feudal; A Igreja medieval são dos camponeses aos nobres feudais, que deviam cum-
prir uma série de obrigações em relação aos senhores das
ATIVIDADES
PARA SALA
terras em que habitavam. Essas duas relações são os vér-
tices econômico e político da sociedade feudal, demons-
trando seu caráter rural e de fragmentação do poder.
01 A
Com a expansão do Império Árabe, houve a necessidade
07 B
de transferir a capital para uma nova localidade mais favo-
rável ao desenvolvimento da economia e do comércio no O historiador aborda a representação canônica sobre a
Império. Para isso, Bagdá oferecia uma localização estra- mulher construída e difundida pelos sábios e doutores da
tégica, por estar a meio caminho das importantes rotas Igreja desde a época da Patrística e reforçada por autorida-
comerciais que ligavam o Ocidente mediterrâneo aos ter- des como S. Tomás de Aquino durante a Idade Média Cen-
ritórios indianos a Oriente. tral. A representação bíblica canônica da mulher tendeu sem-
pre ao negativo, utilizando a figura de Eva como arquétipo
dos atributos negativos associados desde então à mulher.
02 C
Essa representação negativa servia de instrumento para legi-
Uma característica marcante da civilização árabe é a tole- timar a ordem de gênero patriarcal das sociedades feudais,
rância demonstrada com os povos dominados e a convi- em que o papel oficial das mulheres deveria ser subordinado
vência pacífica. Como exemplo, tem-se a estadia dos ára- aos homens, submetendo-se a pesadas restrições compor-
bes durante sete séculos na Península Ibérica. tamentais e afetivas, bem como a sanções sociais severas se
as descumprissem. Vale dizer que a representação negativa
03 B da mulher como Eva não foi a única disseminada pela Igreja
durante a Idade Média. Representações positivas também
O historiador Jacques Le Goff compara os tipos de desen- existiram, como aquelas modeladas em Maria, mãe de Jesus,
volvimento das sociedades cristã e islâmica durante a Maria Madalena, como a pecadora arrependida, dentre
Idade Média, analisando-as por meio de suas relações outras. Por meio dessas representações positivas, foi pos-
com o meio ambiente que as rodeavam. O que interes- sível a algumas mulheres legitimar o desempenho de alguns
sou ao historiador é que, mesmo tendo se desenvolvido papéis proeminentes na sociedade. Todavia, mesmo essas
em ambientes bastante distintos, o cristianismo em meio representações mais positivas exigiam o constrangimento
às clareiras das florestas ocidentais, o islamismo nos oásis das mulheres a comportamentos repressivos e reprimidos.
que pontilhavam os desertos do Oriente, em ambos as
sociedades cresceram nos interstícios de regiões inóspi-
tas, desenvolvendo significados culturais distintos quanto 08 B
aos significantes, mas semelhantes em sentido – é o caso No Baixo Império Romano, séculos III, IV e V, as ideias cris-
dos sentidos da madeira, das árvores e das noções de civi- tãs, as invasões bárbaras e a crise interna contribuíram para
lização e barbárie em cada uma das sociedades. o fim do Império Romano do Ocidente no ano de 476.
Essa data marca o final da Idade Antiga e o início da Idade
Média. Diante do caos político, econômico e social em que
04 B estava mergulhada a Europa, a Igreja Católica surgiu como
A solidariedade política entre a nobreza guerreira era reali- a única instituição capaz de organizar a sociedade em torno
zada em uma cerimônia chamada de homenagem, e conso- das ideias cristãs atuando no processo de conversão dos
lidava a união entre a nobreza feudal por meio de um pacto bárbaros, criando escolas, mosteiros e universidades.
de honra e de fidelidade conhecido como vassalagem.
09 D
05 A As Cruzadas foram um movimento religioso, militar e polí-
A alternativa correta é A, pois conceitua a sociedade medie- tico (com implicações econômicas significativas) com-
val como estamental, relacionando o status social dos indiví- plexo ocorrido na Alta Idade Média. Foram embasadas
duos à sua origem de nascimento, o que torna essa posição por uma visão de mundo profundamente religiosa e cristã,
imutável. difundida pela Igreja Católica desde o início do Medievo.

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Segundo essa concepção, a vida terrena era curta, passa- 04 A


geira e repleta de pecados, que deveriam ser mortificados
O movimento conhecido como querela dos iconoclastas foi
para que as almas pudessem ser salvas. A mortificação
um processo de ruptura religiosa que se espalhou pelo Impé-
dos corpos pecadores poderia ser feita de vários modos,
rio Bizantino contra o culto cristão a imagens. O movimento
sendo dois dos mais relevantes a peregrinação aos lugares
buscou legitimação em posições dos primeiros teólogos cris-
sagrados (como Roma, Santiago de Compostela e, espe-
tãos, que criticaram os cultos pagãos às estátuas e a outras
cialmente, Jerusalém) e a luta contra os inimigos da fé cristã
imagens de deuses. Esse argumento foi recuperado na Alta
(especialmente os muçulmanos, mas também hereges e
Idade Média, em Bizâncio, para criticar o culto cristão a ima-
judeus) para a reconquista da Terra Santa.
gens de santos, de mártires ou de Cristo. Nesse momento,

PROPOSTAS
a querela iconoclasta foi também um recurso para aprofun-
ATIVIDADES dar as diferenças entre as igrejas cristãs do Ocidente e do
Oriente, preparando caminho para o Cisma do século XI.
01 E
A historiadora Beatriz Bissio mostra que, enquanto a Europa 05 A
vivia uma retração da cultura urbana durante a Alta Idade Diferentemente do Império Romano no Ocidente, o Impé-
Média, a herança cultural grega foi transmitida, preservada e rio Bizantino reuniu condições econômicas, sociais e políti-
desenvolvida no Império Árabe-Islâmico que se formara no cas que permitiram a constituição e a manutenção de um
século VII. No vasto território muçulmano, que ia da Penín- governo central muito forte, exercendo controle estreito
sula Ibérica até o Afeganistão, os séculos da Idade Média sobre as regiões do império. Ademais, a força do governo
europeia corresponderam a um período de forte desenvol- imperial se devia à junção das dimensões religiosa e secu-
vimento científico-filosófico em terras islâmicas. Enquanto lar nas mãos do soberano, o basileu, que se tornou líder
os europeus preocupavam-se com problemas teológicos político e religioso, um fenômeno político conhecido como
postos pelo neoplatonismo de Agostinho, os muçulma- cesaropapismo.
nos estudavam e aprimoravam a Matemática, a Medicina,
a Álgebra, a Geometria, a Astronomia e a Filosofia gregas. 06 A
Os conhecimentos islâmicos foram aos poucos se dissemi-
Os árabes muçulmanos, apoiados no ideal de guerra
nando pelo mundo cristão europeu por meio do esforço
santa, expandiram-se ao longo dos séculos VII, VIII e IX,
de tradução dos mosteiros da Península Ibérica, especial-
mente da escola de Toledo (na atual Espanha). A tradução principalmente na dinastia do Omíadas. Pela localiza-
de obras gregas clássicas, especialmente as de Aristóteles, ção geográfica, essa civilização acabou elaborando uma
e dos textos científicos muçulmanos sacudiram o mundo síntese de vários povos, tais como o grego, o persa e o
intelectual europeu, abrindo caminho para a elaboração bizantino. As demais proposições estão incorretas. Essa
do Humanismo e, depois, do Renascimento. civilização herdou muito da contribuição de outros povos,
não submeteu os povos conquistados pelas armas, bem
02 C como não deslocou as populações de maneira truculenta.
Por fim, não desprezou a filosofia e as ciências, tendo em
Como o enunciado explica, as questões teológicas e reli-
vista a contribuição de Avicena e Averróis.
giosas que eram minuciosamente debatidas no Império
Bizantino tinham sentidos para além da religião, apresen- 07 A
tando consequências políticas importantes. O Cisma do
Oriente foi a culminância das discordâncias teológicas das A questão aborda as relações de suserania e vassalagem
igrejas de Roma e de Bizâncio, bem como das disputas por na Idade Média. Essas eram as relações que davam coe-
poder do papa romano e do basileu bizantino. A partir da são ao estamento social da nobreza feudal, pois conectava
separação oficial, cada igreja pôde projetar sua influência cada um de seus membros direta e pessoalmente a um
para distintas áreas, sem se preocupar com a concorrência outro, em uma rede de obrigações de honra com direitos
direta da adversária. Assim, o papado tornou-se hegemô- e deveres de parte a parte. O suserano era o polo superior
nico na Europa do Oeste e os basileus na do Leste. e recebia a prestação de fidelidade de seu vassalo, que
se comprometia a cumprir algumas obrigações militares
e econômicas para com ele, em troca, o vassalo recebia
03 B um benefício de seu senhor, um feudo, normalmente na
A Península Ibérica apresentou forte influência muçulmana maneira de um senhorio.
durante séculos, sendo responsável pela introdução de
conhecimentos filosóficos, científicos e técnicos em diversas
áreas, destacando-se a arquitetura e a tradução de obras de 08 D
origem greco-romana, assim como novas técnicas de irriga- Nota-se, pelas imagens, que as pessoas durante o Medievo
ção, que possibilitaram forte desenvolvimento da agricul- contavam seu tempo por meio dos ciclos agrícolas, deno-
tura, em paralelo com o comércio. tando uma concepção de tempo natural.

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09 D 14 A
A relação de comitatus compreendia um tradicional laço O historiador Nachman Falbel trata da ação repressiva da
Igreja Católica contra os movimentos cristãos heterodoxos
de fidelidade política e militar entre os guerreiros germâ-
que surgiram na Europa na Baixa Idade Média. À Igreja
nicos e os líderes de seus clãs. No período entre a crise e interessava constranger a nobreza secular a adotar duras
a dissolução do Império Romano e os primeiros séculos da medidas repressivas contra tais movimentos. Para tanto,
Idade Média, a relação de comitatus transformou-se. Foi o IV Concílio de Latrão estabeleceu penas para os senho-
extraída de seu meio cultural original e transportada para res que não perseguissem os inimigos da Igreja. Pois era
as relações culturais entre os membros da nobreza euro- exatamente isso que os movimentos cristãos heterodoxos
peia, com raízes tanto germânicas como latinas. Nesse novo eram aos olhos da Igreja: inimigos, heréticos. Daí vem o
contexto cultural, o comitatus deu origem aos laços de suse- conceito de heresia, presente na cultura teológica desde a
rania e de vassalagem que interconectaram toda a nobreza Antiguidade tardia, tornando errada toda doutrina contrá-
ria aos dogmas defendidos pela Igreja Católica.
europeia no período e permitiram a pulverização do poder do
Estado entre os senhores feudais. 15 B
Dentro dos mosteiros medievais, estavam concentrados o
10 C domínio e a produção cultural da Idade Média, dando a
essas instituições poderes semelhantes à estrutura externa, na
O historiador Perry Anderson salienta que as realidades mate-
qual nobreza e clero detinham o poder por meio do monopó-
riais das relações de produção no sistema feudal impediam lio do conhecimento.
que os camponeses, pela sua maior parte, tivessem condi-
ções para ascenderem socialmente. Isso era por causa do
peso bastante forte das obrigações senhoriais que os campo- 16 C
neses eram forçados a cumprir dentro da lógica das relações As imagens das igrejas católicas do medievalismo serviam
de servidão. para ensinar aos fiéis os perigos advindos da prática imper-
feita da religião e os benefícios adquiridos pela boa prática.
O trecho “Um Paraíso com harpas pintado/ E o Inferno onde
11 B fervem almas danadas,/ Um enche-me de júbilo, o outro me
O historiador Hilário Franco Júnior comenta, nesse trecho, aterra.” demonstra isso.
os fatores que conduziram à situação de fragmentação do
poder político central, isto é, o Estado imperial, na passagem 17 B
da Antiguidade Tardia para a Alta Idade Média. Nessa conjun- Ainda que tenha sido um período de crescimento econô-
tura, os desdobramentos da crise do Império Romano do Oci- mico na Europa medieval como um todo, o Renascimento
dente se fizeram mais e mais graves, provocando a desorgani- comercial e urbano, a partir do século XI, aprofundou as
zação definitiva do Império, com a ruralização da sociedade e desigualdades sociais, concentrando as novas riquezas nas
o retraimento grave do comércio. A fragilidade crescente do mãos de pequenos grupos e poucas instituições, como a
Estado imperial impedia que as redes tradicionais de ligação Igreja Católica, ao passo que a maioria da população estava
entre as províncias fossem preservadas, dando vazão à ten- cada vez mais pobre. Nesse contexto, as Ordens Mendi-
cantes surgiram para criticar a posição da Igreja, pela sua
dência de cada nobre local assumir mais e mais prerrogativas
riqueza ostensiva, e procurar recuperar os ensinamentos do
antes reservadas ao Estado e aos seus funcionários. Com a cristianismo primitivo, menos apegado aos bens materiais.
queda do Império, nenhum reino germânico que o sucedeu Dentre essas ordens, a dos frades menores foi criada por
conseguiu desempenhar todas as antigas funções do Estado, Francisco de Assis com uma proposta de vida pobre e de
mesmo o Império Carolíngio logo soçobrou diante do ímpeto atuação junto aos miseráveis da sociedade.
das novas invasões dos séculos de normandos, magiares, ára-
bes e eslavos nos séculos X e XI. 18 E
O pensamento de Santo Agostinho marcou profundamente
12 C a doutrina católica durante a Idade Média, dando-lhe o tom
A divisão social do feudalismo era estamental e hierarqui- pessimista que lhe é característica. Mesmo estabelecendo
zada. Nela, três classes coexistiam, cada qual com uma fun- um diálogo profundo com Platão, na verdade, fazendo uma
ção específica. Ficou comum afirmar que “alguns rezavam” leitura cristã do platonismo, Agostinho deu marcas origi-
nais à filosofia antiga, a ponto de torná-la irreconhecível.
(clero), “alguns guerreavam” (nobreza) e “alguns trabalha-
Enquanto o pensamento grego glorificava a razão humana,
vam” (servos). Agostinho a concebeu como abjeta, como a causa e o
signo da queda e do pecado da humanidade. Construindo
13 C uma visão extremamente negativa do homem, o bispo de
Hipona elaborou um cristianismo do desespero, segundo
Quando surgiram as primeiras ordens religiosas na Europa o qual nada que a humanidade fizesse poderia redimi-la,
Ocidental, os regulamentos impunham algumas condições pois a salvação dependeria exclusivamente da misericór-
severas aos monges reclusos, como o celibato, o silêncio e dia divina. Tratava-se de uma compreensão de mundo
o trabalho árduo dentro dos mosteiros, o que não deixava que subordinava definitivamente a razão à fé e atribuía um
de ser inédito à época, pois o serviço braçal era pouco valori- imenso poder à Igreja, como única intermediária legítima
zado pelas classes dominantes. entre a humanidade e Deus.

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HI STÓRI A 1

como uma expressão do deus cristão, que é concebido em


MÓDULO 6 uma perspectiva platônica como o bem supremo. Toda a
Baixa Idade Média; Cultura medieval
beleza do mundo, então, no raciocínio do teólogo, provém
de Deus, da mesma forma como toda verdade e toda bon-
ATIVIDADES
PARA SALA dade. Percebe-se, portanto, como estava em ação uma ideia
teocêntrica do Universo, submetendo todos os fenômenos à
divindade, em detrimento das realizações, percepções e pos-
01 A sibilidades humanas.
A convocação das Cruzadas pela Igreja Católica impôs um
estado de guerra permanente entre os cristãos e muçul-
manos durante mais de dois séculos. Como expressão 06 E
desse novo militarismo devoto, surgiram novas ordens Até a redescoberta de Aristóteles pelos sábios europeus a
monásticas que uniram traços das disciplinas dos mos- partir do século XI, Agostinho foi a referência fundamental
teiros ao ethos guerreiro da nobreza feudal. Entre essas para o pensamento filosófico medieval – mesmo depois, as
ordens estavam os Hospitalários, os Templários e os Teutô- considerações do bispo de Hipona permaneceram influen-
nicos. As vantagens econômicas advindas do controle das tes, mas agora como o lado mais pessimista das possibili-
rotas de peregrinação à Terra Santa garantiram o rápido dades filosóficas da razão humana. Investigando a natureza
enriquecimento dessas ordens, que se tornaram bastante humana e a possibilidade de o ser humano conseguir con-
poderosas, a ponto de gerar a desconfiança das novas templar a verdade (o que, para os cristãos, significava Deus),
monarquias nacionais. Desse conflito resultou a extinção Agostinho afirmou que a razão humana estava inerente-
da Ordem dos Templários pelo rei da França no século XIV. mente viciada, pervertida pelo pecado em razão da queda
original de Adão. A vontade humana nunca seria capaz de
fixar-se plenamente na verdade, argumentava Agostinho,
02 B
porque estaria sempre desviada, confundida, iludida, por
A partir do século XII, a sociedade feudal começou a se seus variados desejos. É por esse motivo que, mesmo reco-
desenvolver rapidamente. As causas para esse movimento nhecendo que a razão humana é capaz de muito, ela é inca-
são complexas e imbricadas, a ponto de ser difícil demar- paz do principal. Portanto, a razão necessariamente deveria
car uma causa primária. Vários fatores confluíram para per- subordinar-se à fé para a compreensão última da verdade.
mitir o desenvolvimento econômico e social. Os avanços

PROPOSTAS
técnicos na agricultura e na pecuária, entre os quais os
métodos para melhoria do gado descritos pelo historiador ATIVIDADES
Georges Duby, permitiram a produção crescente de exce-
dentes. A isso correspondeu o crescimento demográfico e
a pressão pelo alargamento da área cultivável na Europa.
No mesmo processo, o comércio aos poucos foi se aque- 01 E
cendo, conduzindo à realização de feiras, à multiplicação A crise do século XIV foi a expressão última das contra-
das rotas comerciais e ao crescimento das cidades, com a dições econômicas, sociais e políticas que cresceram na
consequente dinamização da vida urbana, com a plurali- Europa medieval com o desenvolvimento do feudalismo
dade de novos ofícios e possibilidades de trabalho, artísti- nos séculos precedentes. As mortais epidemias de peste
cas e de aprendizado. e as crises de fome que se tornaram constantes a partir
de meados do século encontraram uma sociedade cujas
03 A relações sociais, econômicas e políticas já estavam esgar-
O final da Idade Média é caracterizado por um processo çadas, forçadas ao máximo e prestes a se romper, dada
de transformações socioeconômicas que envolveram as a menor perturbação ao precário equilíbrio mantido até
cidades. Se durante a Alta Idade Média a cidade mante- então pelo crescimento econômico constante. Com as
ve-se isolada, durante a Baixa Idade Média, ela tendeu a epidemias e a fome, a produção desorganizou-se de
crescer impulsionada pela maior circulação de mercado- maneira profunda, afetando gravemente todo o sistema
rias provenientes do Oriente. O renascimento comercial e feudal, que começou a desintegrar-se aceleradamente a
urbano possibilitou o surgimento da burguesia e das raízes partir de então. Nesse contexto, a instituição que politi-
do processo de acumulação de capital. camente mais se beneficiou foram as monarquias nacio-
nais, que se aproveitaram da fragilização da nobreza feu-
04 C dal para conquistar maior poder e iniciar a construção de
Segundo o que a Igreja Católica pregava na Idade Média Estados unificados mais poderosos.
europeia, o controle comportamental, que poderia gerar
pecados para a alma, era feito por meio de castigos cor- 02 A
porais, que serviam para purificar a alma e livrá-la dos
O poema mostra o aumento da exploração do trabalho
pecados.
artesanal de mulheres na Europa durante a Baixa Idade
Média. Essa maior exploração, evidenciada pelo uso da
coerção para submeter as mulheres ao trabalho, fazia
05 C parte do aumento de produtividade nos centros artesãos
Johan Huizinga explora, nesse trecho, como a concepção em meio ao novo crescimento do comércio na Europa a
estética apresentada por Dionísio Cartuxo expressava a partir do século XI, evidenciando como o maior cresci-
característica central da mentalidade medieval, o teocen- mento econômico nem sempre se traduzia em melhoria
trismo. Ao abordar o problema do que seria a essência das condições de vida de todos da população, especial-
da beleza, Dionísio Cartuxo necessariamente a percebia mente das classes trabalhadoras.

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H I ST Ó RI A 1

03 A 08 E
A Igreja Católica tinha um olhar muito negativo sobre o Durante a Idade Média, a compreensão metafísica da reali-
judaísmo. Os judeus eram associados ao comércio, à dade era pautada pela doutrina cristã, conforme ensinada
busca pelo lucro e à prática da usura, que não era permi- e propagada pela Igreja de Roma. Assim, o pensamento
tida pela Igreja, pois ela defendia o preço justo. medieval era marcado pelo teocentrismo, entendendo que o
deus cristão era o princípio fundamental de toda a existência
e que tudo no mundo (seus aspectos naturais, sociais e sobre-
04 C naturais) deveria ser entendido por meio dessa concepção
O texto do historiador francês Jacques Le Goff aponta para religiosa cristã.
as diferenças e as semelhanças entre as cidades na Antigui-
dade, no medievo e na contemporaneidade. Ele defende que 09 A
as cidades antigas são bem diferentes em relação às medie- O enunciado sugere que as pessoas eram unidas pelo gosto
vais, considerando inúmeros aspectos, como a organização pelas festas. Porém, apesar de grande parte da sociedade
espacial, que nas cidades antigas estava sob o poder da elite medieval participar dessas festividades pagãs e cristãs, a
agrária, enquanto as cidades medievais estavam vinculadas Igreja constantemente condenava as primeiras e aos poucos
aos comerciantes. Daí que, para Le Goff, as cidades medie- conseguiu discipliná-las e integrá-las aos seus rituais.
vais estão mais próximas das cidades contemporâneas na
questão do comércio, do poder da burguesia, das ativida- 10 A
des produtivas e das trocas comerciais vinculadas a uma São Tomás de Aquino é considerado o mais importante filó-
economia monetária. sofo escolástico medieval, porque conseguiu conciliar, de
maneira mais exitosa, concepções filosóficas a princípio anta-
gônicas, a grega aristotélica e a cristã agostiniana. A junção
05 B entre razão e fé foi possível para Tomás de Aquino ao pos-
Na fase da Baixa Idade Média, quando as cidades começa- tular a ideia da racionalidade divina e da submissão da razão
ram a ressurgir e o comércio começou a renascer, os mer- humana a ela, o que é feito por meio da fé. Assim, nem tudo
cadores passaram a estar envolvidos em trocas c­ omerciais caberia à razão dos homens conhecer, pois esta seria imper-
com territórios mais amplos; a partir disso, tiveram de lidar feita por natureza, de modo que o conhecimento superior só
melhor com a gestão do tempo, de modo a obter maiores era acessível por meio da fé no deus cristão, cuja razão era
perfeita, mas inescrutável aos mortais.
lucros.
11 E
06 A Os dois trechos de documentos reproduzidos no enun-
Jacques Le Goff, em seu trabalho sobre São Francisco de ciado mostram que, mesmo separados por sete séculos,
Assis, reflete sobre as transformações na natureza das cida- havia proximidades no modo de pensar do papa João
des medievais a partir da Idade Média Central. O crescimento Paulo II e de S. Tomás de Aquino, o doutor angélico. Ou
econômico observado a partir desse período possibilitou o seja, a Igreja Católica, em larga medida, não se afastou
renascimento das atividades comerciais e, com elas, das cida- dos dilemas intelectuais, doutrinais e dogmáticos com
des como centros econômicos cada vez mais autônomos que se defrontava na Idade Média, persistindo na interro-
em relação às hierarquias do sistema feudal. Foi assim que o gação sobre os limites ou sobre como conciliar, organizar
sistema feudal conseguiu se desenvolver, que novas formas ou hierarquizar os domínios da fé e os da razão. Pois essa
de organização política (as cidades), econômica (as feiras, o era a questão principal que alimentou o pensamento esco-
comércio, as casas bancárias, as letras de câmbio, os emprés- lástico, especialmente o de Tomás de Aquino, durante o
Medievo, após as leituras renovadas de Aristóteles na
timos a juros) e social (as guildas e corporações urbanas, o
Idade Média Central e a confrontação delas com o pensa-
relaxamento das relações de servidão nas cidades) puderam
mento pessimista de S. Agostinho.
se desenvolver. Como resultado, com o passar dos sécu-
los, todas as hierarquias sociais desenhadas pelas relações 12 A
de poder sob o feudalismo começaram a se deslocar e a
A questão demonstra como a liberdade de cátedra é um
se transformar. pré-requisito fundamental e inviolável para o funciona-
mento das universidades. Assim, algumas das primeiras
07 B lutas das universidades medievais foi exatamente para
conquistar a autonomia em relação aos poderes instituí-
A afirmativa do mestre Bernard mostra como o conheci- dos de então, eclesiásticos, comunais (das cidades fran-
mento era pensado e produzido nas universidades da cas), feudais e monárquicos. Tratava-se de garantir que
Baixa Idade Média. Não se tratava então de produzir um professores e alunos pudessem estudar e pesquisar livre-
conhecimento novo com bases empíricas pautadas no mente, inclusive produzindo teses radicais e contrárias aos
método científico (este ainda não havia sido inventado). interesses das instituições, às vezes chocando a moral de
O que contava como conhecimento era dialogar com a sua época, sem que corressem o risco de perseguições
tradição clássica e a teológica (dos sábios da Igreja) por ou condenações sumárias em tribunais de exceção (para
meio de comentários feitos pelo método dialético (her- tanto, os professores conquistaram, na Idade Média, privi-
dado de Platão) e da contemplação religiosa. légios de legislação e proteções eclesiásticas).

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HI STÓRI A 1

ATIVIDADES 04 a) A
 presença do Rio Nilo, que fornecia condições propí-
cias ao desenvolvimento da agricultura por meio de suas
águas e cheias periódicas que fertilizavam as terras.
b) Dada a crença na vida após a morte, as representações
da vida cotidiana nos túmulos significavam uma perma-
nência da vida no espaço em que jazia o corpo falecido.
Módulo 1
Módulo 2
01 a) N
 a sociedade babilônica, o poder real apoiava-se na auto-
01 O pensamento elaborado por Marx e Engels se fundamenta
ridade proveniente dos deuses (monarquia teocrática).
no que foi chamado de materialismo histórico e dialético,
segundo o qual o motor da história é o desenvolvimento b) O imperialismo das potências industriais, no final do
das forças produtivas. Nesse sentido, o marxismo acre- século XIX e início do século XX, também se manifestou
dita na hostilidade e agressividade humanas, frutos das no plano cultural, com a França e a Grã-Bretanha pro-
relações sociais, baseadas na luta de classes, em que, de curando acumular em seus museus achados arqueoló-
gicos de outras regiões.
acordo com o sistema capitalista, uma classe dominante
de burgueses explora, pela apropriação dos meios de pro-
02 As sucessivas civilizações que ocuparam a antiga Mesopotâ-
dução, a classe dominada dos proletariados. Assim, o mar-
mia eram organizadas em uma estrutura social estamental,
xismo tende a encontrar na história (no caso, na história sendo politicamente monarquias teocráticas.
da exploração) a causa dos desentendimentos humanos.
Sigmund Freud, conhecido como “pai da psicanálise”, não
concorda com a visão marxista, que lhe parece insuficiente 03 A escrita constituía um elemento fundamental para o bom
e ingênua, já que crê em uma “bondade” natural humana. andamento da administração dentro do Estado egípcio,
haja vista a importância dos relatórios referentes aos
Freud analisa o homem natural e universal e, em sua antropo-
cereais coletados e armazenados nos depósitos reais, para
logia, identifica no homem um ser disjuntivo e portador de
eventual distribuição entre a população.
conflitos interiores naturais. A condição humana (ego) implica
conflitos entre o id (pulsões) e o superego que cristaliza o ser Módulo 3
social e suas expectativas. Além disso, para Freud, a convi-
vência humana íntima nos predispõe a um narcisismo do ego 01 a) P
 or um lado, uma mudança na relação entre os povos da
que expressa hostilidade natural em relação à alteridade e região que deixam de disputar os territórios mais pró-
essa hostilidade é diluída e sublimada no convívio em gran- ximos para se expandirem para países longínquos; por
des grupos. Assim, Freud não entende a propriedade privada outro lado, essa mudança corresponde a um período
como causa da hostilidade. Enquanto para Marx a causa da de expansão marítima dos fenícios, que dá origem a
hostilidade humana tem raízes históricas, para Freud ela tem rivalidades comerciais com os gregos.
causas na natureza psicológica do ser humano. b) De um modo geral, fenícios e gregos organizavam-se poli-
ticamente em cidades-Estado. No caso dos gregos, pode-
-se mencionar ainda uma organização política peculiar de
02 a) S
 im, pois reflete o eurocentrismo cristão do período, face Atenas, a democracia. No caso do Egito, tratava-se de um
às culturas recém-encontradas em outros continentes. Estado teocrático, no qual o monarca, o faraó, tinha um
b) De um modo geral, a chegada dos portugueses à Amé- caráter divino.
rica trouxe resultados negativos para as populações
indígenas, a saber: escravização dos nativos, dizimação 02 a) A
 Antiguidade romana é marcada pelo trabalho escravo,
de tribos, ocupação do espaço natural (forçando o des- em geral constituído por prisioneiros de guerra. A essa
locamento de populações para o interior) e aculturação classe social, atribuíam-se as mais diversas tarefas e sua
resultante da desestruturação do universo indígena (o condição escrava lhes privava a “liberdade pessoal”. Esta,
que inclui a ação da catequese). critério fundamental para a caracterização de cidadão, era
atributo dos não submetidos à escravidão, ou seja, a uma
03 a) A
 bacia dos rios Tigre e Eufrates pode ser caracterizada elite à qual se proporcionava o ócio.
pelas cheias periódicas que, além de água, também b) Na Antiguidade greco-romana, o conhecimento cientí-
traziam material orgânico que fertilizava as margens. fico tinha caráter essencialmente especulativo, o que o
Por causa das regiões desérticas circundantes, o curso dissociava do mundo empírico e diminuía a capacidade
dos rios se tornava um local cobiçado por povos que de produzir inovações tecnológicas. Na modernidade,
ali encontraram condições propícias para o desenvol- a ciência alcança um estatuto de método investigativo,
vimento da agricultura, a qual está na base do surgi- racional e pragmático, transformando e acelerando o
mento de grandes civilizações na Antiguidade. processo de produção de inovações.
b) A emergência do grupo Estado Islâmico e seu obje-
tivo de constituição de um califado na região, sob a 03 a) Deve-se perceber a importância do teatro e da orató­
égide da charia, as leis islâmicas, é atualmente uma das ria para a formação dos cidadãos atenienses e para o
questões contemporâneas mais evidentes do Oriente desenvolvimento das habilidades necessárias à vida em
Médio, exatamente na região apontada no mapa. O iní- um regime de democracia como aquele vigente na Ate-
cio do conflito pode ser identificado como decorrente nas clássica. Como diz o enunciado da questão, a expe-
da desestabilização dos regimes políticos locais, provo- riência dos atenienses como público de teatro influen-
cados por tensões étnico-religiosas internas e lutas polí- ciava seu comportamento nas assembleias, onde era
ticas, considerando o contexto geopolítico mais amplo. importante o domínio da retórica.

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b) Podem ser mencionadas características como o modelo Módulo 5


imperial, em substituição ao da cidade-Estado, ou o
01 a) P
 olítica: falta de unidade territorial e política. Religiosa:
sincretismo cultural, levando a helenização ao Oriente,
religião politeísta.
ao mesmo tempo em que se assimilavam elementos da
cultura oriental no Império Macedônio. b) Como o texto deixa claro, a religião árabe estimulava a
busca pelo conhecimento. Assim, os árabes assimilaram
Módulo 4 os conhecimentos dos povos que dominaram, desenvol-
01 a) D
 eve-se relacionar o casamento, na Roma Antiga, com vendo saberes em áreas como a Medicina, por exemplo.
a continuidade do núcleo dos cidadãos, a legitimidade
e o fortalecimento do corpo cívico – que era restrito aos 02 A desestruturação do Império Romano do Ocidente foi
nascidos de pessoas da mesma condição. seguida pela formação dos reinos bárbaros de origem
germânica, dos quais o mais importante foi o reino franco,
b) A cidadania era restrita na República Romana e a maior
a partir do governo de Clóvis. Convertido ao cristianismo
parte das pessoas era excluída. Entre os grupos que não
e aliado à Igreja Católica, buscou reconquistar os anti-
tinham plenos direitos e deveres estão as mulheres, os
gos territórios do Império para reconstruí-lo. Nesse seu
escravos, os estrangeiros, as crianças, os libertos, além dos
intento, chocou-se com outros reinos, e seus sucessores
plebeus em determinados períodos.
procuraram conter o avanço dos muçulmanos na Europa.
Na mesma época, sobressaiu-se o reino dos visigodos, na
02 a) P
 ara os cristãos, a queda de Roma seria uma forma de Península Ibérica, também vinculado ao cristianismo de
castigo divino devido aos pecados cometidos pelos origem romana e à Igreja Católica. Esse reino sucumbiu
romanos, sobretudo o pecado da luxúria. Já para os com a invasão dos mouros no início do século VIII.
pagãos, a queda de Roma representava uma punição
pela descrença nas tradicionais divindades romanas.
03 a) A
 usura era o nome dado à prática de emprestar dinheiro
b) O cristianismo, inicialmente, foi perseguido pelos impe-
cobrando juros pelo tempo do empréstimo.
radores devido, sobretudo, ao não reconhecimento da
autoridade divina deles. Apesar da violência empreendida b) Segundo a doutrina cristã, o tempo era uma criação divina;
nas perseguições, os cristãos se multiplicaram, fazendo portanto, era vedado aos homens usá-lo para conseguir
com que os imperadores passassem a buscar o seu apoio. lucro. Além disso, segundo a condenação divina a Adão,
Constantino, em 313, por meio do Edito de Milão, conce- por culpa do pecado original, todos os homens deveriam
trabalhar para obter seu sustento.
deu aos cristãos liberdade de culto; e Teodósio, em 391,
por meio do Edito de Tessalônica, declarou o cristianismo c) O capitalismo iniciou seu desenvolvimento durante a
como religião oficial do Império Romano. Baixa Idade Média, em um movimento que se caracte-
rizou pela crescente circulação de moeda, apoiando e
03 a) D
 urante o seu governo, Otávio Augusto promoveu a provocando a expansão das práticas de usura (origens
Pax Romana, bem como uma grande reforma urbana do sistema bancário) para financiar as novas atividades
para ornamentar e valorizar a cidade de Roma, a fim produtivas e comerciais.
de dotá-la de melhor organização urbana. Como sím-
bolo da superação dos problemas ocorridos no final da 04 a) A
 s heresias medievais negavam a autoridade universal
República, tem-se a substituição do material utilizado do papa de Roma sobre a Igreja cristã e condenavam o
nas construções – o tijolo foi substituído por mármore. modo de vida mundano do clero secular.
As modificações realizadas na cidade indicavam o b) A Igreja perseguia as heresias na Idade Média, principal-
poder centralizador de Otávio. mente por meio do Tribunal do Santo Ofício da Inqui-
sição, condenando os hereges à excomunhão, isto é,
b) Para adaptar a tradição romana ao novo momento polí-
excluindo-os da comunidade cristã (o que era também
tico, Otávio Augusto criou a divisão censitária, estabe-
uma condenação política e social).
lecendo uma relação entre posição social, participação
c) Diferentemente das heresias, que eram cisões internas
política e renda dos romanos. Além disso, manteve a
da Igreja, os movimentos do século XVI eram contesta-
estrutura de poder da República, o Senado, porém
dores em várias medidas, tendo forças além dos meios
estabelecendo para ela um poder apenas simbólico,
internos. O processo de Reforma Protestante contestou
centralizando a política ao seu redor.
a Igreja de diversas formas, duvidando de seus dogmas
e acusando-a de praticar indulgências, simonias, além de
04 a) N
 a Grécia clássica, as condições para que um ateniense promover disseminação da livre leitura e interpretação da
fosse considerado cidadão eram ser homem, ter 21 anos, Bíblia, a quebra da hierarquia e da hegemonia política
livre e ter nascido em Atenas. e religiosa exercida pela Igreja e divulgando a negação
b) Os estrangeiros, denominados metecos, tinham o dever da infalibilidade papal. Dessa forma, novas religiões sur-
de obedecer à legislação ateniense e o direito de exer- gem, desafiando a autoridade da Igreja Católica, criando
cer atividades comerciais. novos meios de interpretar a palavra de Deus.

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HI STÓRI A 1

Módulo 6
01 Vários fatores contribuíram para a propagação da peste
nas sociedades europeias do fim da Idade Média. Podem
ser citados: a precariedade da limpeza urbana nas cidades
europeias (inexistência de sistemas de esgoto e escoa-
mento de água), a falta de cuidados corporais para lim-
peza e o próprio desconhecimento das causas da peste.
No século XIV, o comércio europeu estava em grande
desenvolvimento (processo que vinha em ritmo crescente
há séculos). Os principais agentes europeus do comér-
cio internacional eram os mercadores italianos, os quais
dominavam a navegação no Mediterrâneo e as rotas que
seguiam para a Ásia e a África. Ao mesmo tempo, a Europa
atravessava largo desenvolvimento comercial e urbano.

02 O texto apresentado na questão se refere à Baixa Idade


Média, período compreendido entre os séculos XII e XV, no
qual a Europa estava sob efeito do renascimento comer-
cial e urbano, cujas características foram: a crise do sistema
feudal, o aparecimento de catedrais, universidades, ban-
cos e cidades, o maior uso de moedas, o estabelecimento
de uma economia urbana, dinâmica e monetária e o sur-
gimento da burguesia. No interior das cidades que iam
surgindo, eram construídas catedrais com o suporte das
Corporações de Ofício, que se caracterizavam por serem
associações de artesãos. Consideradas as casas do povo,
as catedrais eram locais sagrados voltados para orações,
celebrações de festas católicas e reuniões das diferentes
confrarias que surgiam nesse período.

03 a) O
 trabalho manual era praticado, na Idade Média na
Europa, pelos membros da terceira ordem, os que labo-
ravam, na maior parte camponeses submetidos às obri-
gações servis. Essa divisão do trabalho era justificada
pela Igreja como parte da ordem divina do universo,
consequência da condenação original de Deus contra
o primeiro homem, por culpa do pecado original.
b) A partir de meados da Idade Média, com o desenvol-
vimento econômico, que acarretou no Renascimento
comercial e urbano, uma forma de trabalho manual
ganhou relativo valor: o trabalho artesanal. Uma das evi-
dências dessa nova valorização do artesanato urbano
foi a formação das Corporações de Ofício, cuja função
era regular a produção e a venda dos artesanatos em
cada localidade.

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