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SALVADOR DE SOUSA CARVALHO


IRMÃO DA MISERICÓRDIA
notas para o estudo da sua atividade assistencial

Raúl de Moura Mendes1

A 26 de maio de 1771, Salvador de Sousa Carvalho, uma das principais referências da


pintura de azulejo da segunda metade de Setecentos, é admitido como Irmão da
Misericórdia de Coimbra. Iniciava assim uma longa relação com o associativismo
confraternal, que se prolongou por quase quatro décadas. O presente texto procura
fornecer novos dados para o conhecimento da vida privada desta importante figura da
azulejaria coimbrã, em especial a sua vivência religiosa, a sua intervenção caritativa
junto dos mais desfavorecidos, as ligações que estabeleceu com as principais
instituições da cidade e as relações que manteve com os diversos grupos sociais e
profissionais.

Salvador de Sousa Carvalho, pintor de azulejo nascido em Lisboa, fixa-se em Coimbra


após o Terramoto de 1755, como mestre de tendas de louça. A sua qualidade técnica e
artística, consolidada nas olarias da capital, torná-lo-ia em breve numa referência
incontornável da produção cerâmica Setecentista da cidade.

O fornecimento de azulejos para a Igreja do Colégio das Ursulinas terá sido,


provavelmente, o seu primeiro grande trabalho2, muito embora a sua mestria fosse já
conhecida. Isso mesmo o testemunha o contrato assinado com aquela comunidade de
religiosas, onde se exige que a obra seja feita com toda a primoroza prefeição como elle
costuma3. Seguir-se-iam encomendas de vários colégios universitários e da própria
Universidade, conventos e mosteiros, igrejas e capelas, solares e paços civis, tanto no
distrito de Coimbra como nos de Aveiro, Viseu e Guarda.

1
Coordenador do Museu da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra.
2
Cf. SANTOS, Diana Gonçalves dos, Salvador de Sousa, pintor de azuleijo. Contributo para o conhecimento da sua
actividade a partir de uma nota de arrendamento (1760), Revista da Faculdade de Letras, Ciências e Técnicas do
Património. Porto: (2008-2009), I Série, Vol. VII-VIII, pp. 379-398.
3
SANTOS, Diana Gonçalves dos, Azulejaria de Fabrico Coimbrão (1699-1801). Artífices e Artistas. Cronologia.
Iconografia, Tese de Doutoramento em História da Arte Portuguesa apresentada à Faculdade de Letras da
Universidade do Porto. Porto: 2013, vol. 1, p. 305.
Membro de um grupo profissional que, sobretudo a partir do século XVIII, adquire uma 21
situação socioeconómica de alguma relevância social, Salvador de Sousa Carvalho cedo
procurou consolidar um estatuto público que a sua arte e a pertença a um dos
principais ofícios mecânicos já lhe garantia. Em abril de 1762 ingressou na Venerável
Ordem Terceira de São Francisco da Ponte e em maio de 1771 foi admitido como Irmão
da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra. Com esta última manteve uma relação
próxima e ativa, que se prolongaria por quase quarenta anos, participando na vida
pública e privada da Irmandade até pouco antes da sua morte, em 13 janeiro de 1810.

IRMÃO DA MISERICÓRDIA: MODELO DE HUMILDADE E OBEDIÊNCIA

As Misericórdias são instituições laicas de cariz assistencialista, de fundação régia, que


desde a sua origem estão orientadas por uma doutrina que encontra sentido e desígnio
na prática das designadas ‘14 Obras de Misericórdia’, sete espirituais e sete corporais,
espécie de catecismo de conduta que vê no socorro do desamparado a observância da
humildade e da caridade cristã.

Assegurar o conforto espiritual e material do pobre, do cativo, da viúva, do enfermo e


do órfão, exigia alguém com um perfil muito especial, modelo de virtudes e de valores,
que de forma abnegada e obediente se colocava ao serviço do outro. Esta
superioridade espiritual, exigida pelas misericórdias, conferia à pessoa e à própria
instituição que representava uma proeminência social de grande relevo, tornando-as
particularmente atractivas para os indivíduos dos estratos sociais mais baixos 4. Mas
também para os membros das camadas sociais dominantes, isto é, para a aristocracia
tradicional, o clero e as elites políticas e financeiras locais, mercê dos muitos privilégios
e isenções de que beneficiavam.

No Livro de todallas liberdades da Sancta Confraria da Misericordia da cidade de


Coimbra, obra datada de 15005 e que constitui o compromisso fundacional da
Irmandade coimbrã, definem-se, logo nos parágrafos iniciais, as qualidades que devem
orientar o carácter e a conduta dos irmãos ao serviço da instituição. Estes deviam ser

4
ABREU, Laurinda, Misericórdias, Estado Moderno e Império, in Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 10,
Novos Estudos, Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica, União das Misericórdias
Portuguesas. Lisboa: 2017, p. 256.
5
Translado do documento original enviado para Coimbra e uma das três versões mais antigas do primitivo
Compromisso da Misericórdia de Lisboa. A mais antiga data de 1498 e está guardada no Arquivo Histórico da
Misericórdia do Porto.
22
homens de booa fama e sam consciemtia e onesta vida tementes a Deos e gardadores
dos seus mandamentos manssos e humildes a todo o serviço de Deos e da dita
Confraria6.

A administração da instituição era entregue a um grupo selecto de pessoas, eleitas


anualmente a 2 de Julho, antigo dia da Visitação de Nossa Senhora 7. Reunidos na
capela da Irmandade, escolhiam treze homens: um provedor e doze oficiais, sendo seis
hoficiaees macanicos e seis doutra condiçam de escudeiros pera cima. Todos eles serão
bons e virtuosos e de booa fama que com temor de Deos ymytem syguam a Christo
Jhesuu Noso Senhor e aos seus doze apostollos e com temor do Senhor cumpram as
obras de misericordia. O paralelismo entre o provedor e os doze oficiais e Cristo e os
doze apóstolos não será, seguramente, coincidência.

O primeiro Compromisso, que vigorou entre 1498 e 1618, é produto de uma sociedade
em mudança, mas ainda tradicional, alicerçada em ideais piedosos e conservadores, e
de uma dinastia íntima e espiritualmente ligada ao exercício da assistência e da ação
caritativa. Já o texto reformulado do Compromisso de 1618, redigido durante o reinado
de Filipe II de Portugal, está inegavelmente marcado pelo novo enquadramento
doutrinal contra-reformista e pela introdução em Portugal do Tribunal do Santo Ofício,
a 23 de maio de 1536.

A defesa da ortodoxia católica numa Europa em convulsão ideológica, a incómoda


questão dos cristãos-novos e a pressão exercida pelas autoridades religiosas
castelhanas levou D. João III a pedir a Inquisição. Iniciava-se, assim, um período
obscuro da história nacional, que se prolongaria por 285 anos, até 1821, data da
extinção do Santo Ofício. Após 1536, instala-se no reino um ambiente de fanatismo
religioso e de intolerância étnica, que levará à perseguição das minorias e à
descriminação e exclusão de gentios, conversos, muçulmanos e judeus das mais
diversas esferas da vida pública8.

6
Transcrição publicada em Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 3, A Fundação das Misericórdias: O
Reinado de D. Manuel I, Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica, União das Misericórdias
Portuguesas. Lisboa: 2004, p. 393.
7
No atual calendário litúrgico, a Visitação é celebrada a 31 de maio.
8
Em bom rigor, e apesar de alguma conflitualidade pontual e esporádica, os monarcas da primeira dinastia
mantiveram um saudável equilíbrio entre as populações cristãs e não cristãs. O mesmo já não acontece a partir do
reinado de D. Duarte I e, sobretudo, com as políticas implementadas por D. João II.
23

A Contra-Reforma e a Inquisição reflectem-se já na reforma da normativa confraternal


de 1577, impressa em 1600 por Antonio Aluares, com o título Compremisso da
Irmandade da Sancta Misericordia da Cidade de Lisboa9, texto que introduz pontuais
alterações contextuais, resultado da variedade dos tempos, como se pode ler no
prólogo.

Com efeito, se o Livro de todallas liberdades da Sancta Confraria da Misericordia da


cidade de Coimbra autorizava a presença de irmãos, posto que sejam de desvayradas
naçõees10, já o texto reformulado de 1577 avisa que não fendo Chriftãos velhos, não
ferão recebidos na Irmandade. De igual modo, não seriam aceites homens solteiros de
idade inferior a 40 anos, analfabetos, officiaes que não tiuerem tenda e nem os que
tiuerem officios obrigatorios que notoriamēte pella occupação delles não podem feruir.

O Compromisso de 1618, por seu turno, introduz, pela primeira vez nos estatutos, o
conceito de ‘limpeza de sangue’. Em Coimbra, a notícia de práticas discriminatórias
com base neste pressuposto remonta já à centúria anterior, tendo sido praticadas em
diversos colégios religiosos da cidade e em algumas ordens regulares e militares 11.
Porém, nos regulamentos da Irmandade coimbrã, o conceito aparece na reimpressão
do texto Seiscentista, datado de 1747, onde se exige que o irmão feja limpo de fangue.
A edição seguinte, de 1830, continua a impor a limpeza de sangue como primeiro
critério de seleção, e mesmo o Regulamento para o Governo da Irmandade de
Coimbra, de 1854, que o alvará régio12 de 15 de abril desse ano designa de Novo
Regulamento e Compromisso, a obrigação de limpeza de sangue continua em vigor. A
Reforma de Alguns Artigos do Compromisso e Regulamento, de 1885, não introduz
ainda alterações de substância no capítulo referente à admissão de irmãos e só na
impressão de 1891 é que a ‘limpeza de sangue’ desaparece, sendo substituída por um
novo formulário: que sejam religiosos, bem comportados e caritativos.

9
Obra consultada na Biblioteca Nacional de Portugal, em https://purl.pt/15178, a 15 de Abril de 2021.
10
Expressão que para Ana Isabel Coelho da Silva pode “remeter para a aceitação inicial, entre os irmãos, de judeus e
elementos de outras raças”. Cf. SILVA, Ana Isabel Coelho da, A norma e o desvio: história da evolução dos
compromissos das misericórdias portuguesas, in Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 10, Novos Estudos,
Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica, União das Misericórdias Portuguesas. Lisboa:
2017, p. 45.
11
Cf. OLIVAL, Fernanda, Rigor e interesses: os estatutos de limpeza de sangue em Portugal, in Cadernos de Estudos
Sefarditas, Ciclo de Conferências 2003, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, n.º 4, Lisboa: 2004, pp. 151-
182.
12
Secretaria de Estado dos Negócios do Reino, Cartas, Alvarás, Patentes e Mercês Lucrativas, Liv. 19, fl. 241, 21 de
Abril de 1854.
O Compromisso de 1618 é, de facto, prototípico no processo de marginalização de
cristãos-novos e de outras minorias étnico-religiosas. O documento determina, assim,
que os irmãos, sejam eles nobres ou oficiais13, devem ser homens de boa consciencia e
fama, tementes a Deos, modestos, caritativos e humildes. A estes preceitos medulares,
o texto acrescenta mais sete condições, incontornáveis, porque nellas não pode aver
dispensação algũa e todas se hão-de verificar na pessoa recebida 14.

A primeira é que seja limpo de sangue sem algũa raça de mouro, ou judeu, não
somente em sua pessoa, mas tambem em soa mulher se for casado. A segunda que
seja livre de toda a infâmia, defeito e de direito, por onde nenhum homem
notoriamente infamado de algum delicto escandaloso poderá ter lugar nesta
Irmandade e muto menos podera ser recebido e conservado nella, aquelle que for
castigado, ou convencido em juizo de semelhante culpa, ou de outra, que merecer
castigo vil. A terceira que seja de idade conveniente e no caso de ser solteiro não ter
menos de 25 anos. A quarta não servir a instituição a troco de salário. A quinta que, no
caso de ser oficial, tenha tenda; e no caso de ser mestre de obras, que já esteja isento
de trabalhar por suas mãos. A sexta que saiba ler e escrever e a sétima que seja
abastado em fazenda, de maneira que possa acudir ao serviço da Irmandade sem cair
em necessidade e sem sospeita de se aproveitar do que correr por suas mãos.

A especificidade do sistema de escolha dos irmãos não sofrerá grandes alterações


durante séculos. Os preceitos estabelecidos no Compromisso de 1618 manter-se-ão
em vigor até finais do século XIX, em particular nas edições de 1747, de 1830, do
Regulamento de 1854 e na edição de 1885.

Por via desta elitização, ser irmão da Misericórdia era uma garantia de diferenciação
social. Garantia uma dignidade local, nobilitando quem nela ingressava. Atestava que
aquele indivíduo tinha boa reputação, orientava-se por exigentes preceitos morais e
religiosos, socialmente consagrados, e desfrutava de regalias materiais15.

13
Representantes de profissões mecânicas com estatuto socioeconómico relevante.
14
Transcrição publicada em Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 5, Reforço da interferência régia e
elitização: o governo dos Filipes, Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica, União das
Misericórdias Portuguesas. Lisboa: 2006, p. 276.
15
O tema é tratado com mais detalhe em SÁ, Isabel dos Guimarães, Quando o rico se faz pobre: misericórdias,
caridade e poder no Império Português, 1500-1800, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos
Portugueses. Lisboa: 1997, pp. 94-104.
25

Com base nos estatutos de 1618, os candidatos à admissão na Irmandade deviam


apresentar uma petição por escrito, em seu nome, onde devia constar, em primeiro
lugar, a identidade dos progenitores, dos avós paternos e maternos e respectivos
lugares de origem. Em segundo, o proponente devia declarar a profissão e o local onde
a exercia.

Recebida a petição, a Mesa encarregava os seus membros de, em fegredo, verdade, e


diligencia poffivel, inquirir, cada hum por fua via, sobre a veracidade contida nas
informações veiculadas pelo candidato. Tudo isto num prazo de 15 dias. Findo este
período, procedia-se à votação, procedimento este em que participava o Provedor e os
mesários e no qual eram usadas favas brancas e negras (…) e excedendo as favas
brancas ferá a tal peffoa admitida.

SERVIR N. SENHORA NO N.º DE IRMÃOS DESTA SANTA CASA

No caso de Salvador de Sousa Carvalho, a petição, endereçada ao ‘ilustríssimo senhor


provedor e mais irmãos’, garante que o pintor de azulejo exerce a sua atividade nesta
cidade, mais concretamente na freguesia de Santa Cruz, e que este tem de noção de
servir a N Snra no número dos Irmaos desta Santa Caza. Assegura ainda ter os
requizitos nesesarios e faz as declaraçoiz persizas16.

Contrariamente ao exigido pela edição do Compromisso de 1747, isto é, indicar o nome


dos progenitores e dos avós, Salvador de Sousa Carvalho opta por não fornecer esta
informação, antes declarando ser ‘irmão legítimo e inteiro’ de dois religiosos da
província franciscana da Arrábida: Frei Gonçalo da Piedade e Frei Álvaro da Purificação,
este último conventual em São Pedro de Alcântara, Lisboa.

O facto de Salvador de Sousa Carvalho ter preferido salientar a vida virtuosa dos
irmãos, em detrimento da informação parental exigida, suscita-nos uma leitura. É que
ao reivindicar a ligação familiar a um ramo da Ordem Franciscana de tão estreita
observância como os Arrábidos17, o pintor poderá ter tentado aproximar-se, ainda que
por via indirecta, de um ideal eremítico-penitencial sedutor aos olhos da Mesa. Mais:
reforçou este vínculo com a espiritualidade seráfica ao informar os inquiridores que as

16
Arquivo da Misericórdia de Coimbra (AMC), Petições, Caixa 6 (1754-1899), número de ordem 0474.
17
Cf. FRANCO, José Eduardo; MOURÃO, José Augusto; GOMES, Ana Cristina da Costa, Dicionário Histórico das
Ordens e Instituições Afins em Portugal, Gradiva. Lisboa: 2010, pp. 52-58.
26

averiguações regulamentares podiam ser levadas a cabo junto da Venerável Ordem


Terceira de São Francisco da Ponte, de Coimbra, de quem era Irmão desde 24 de abril
de 1762.

Com efeito, o processo de Salvador de Sousa Carvalho conservado no Arquivo da


Ordem Terceira da Penitência de São Francisco de Coimbra é um documento notável
do ponto de vista biográfico, pois nele encontramos informações pessoais que o
mesmo registo da Misericórdia não oferece com tanto detalhe.

Na petição endereçada à Mesa da Ordem Terceira, o candidato garante que apesar de


na cidade não ter benz de raiz, hé nela cazado, tem officio de que bem, e de
continuamente vive, por que naõ só hé um grande pintor de azuleijo, em que se exercita
com officiaes pertencentez a mesma arte, mas tambem, ademenistra huã fabrica de
olaria branca, com muitos e avultados rendimentos.

Declara igualmente ser filho legítimo de Bento Roiz [Rodrigues] e de sua mulher, Maria
Rosa, já falecidos, assim como neto paterno de António Pr.ª [Pereira], e de sua mulher,
Maria da Conceycaõ já defuntos. E dois irmãos, religiosos da ordem seráfica professos
em Mafra18: Frei Álvaro da Purificação e Frei Gonçalo da Piedade.

Nas averiguações realizadas pela Ordem ao candidato, o pai é mencionado com o


nome completo: Bento Roiz de Carvalho, com a sua profissão: mestre que foi do oficio
de alfayate, e com a morada: Bairro do Mocambo na Rua da Amadragoa. O
interrogatório, levado a cabo junto de pessoas que me pareceram de milhor
capacidade e conhecimento do pretendente, conclui também que Salvador de Sousa
Carvalho é morador no Terreyro das Olarias comfinado com a Rua da Moeda. O
documento refere ainda que vive de aluguer em humas tendas de olarias nas coáes
rege seos officios de louça branca, e de tigelo pª. azuleijo, o coal o pretendente com 27
hum official que lhe veio de lxa pintam, e nesta forma se acha vivendo.

Não sabemos se as informações recolhidas pela Ordem Terceira, nas averiguações


realizadas entre 1761 e 1762, serviram de fonte de informação aos Irmãos da
Misericórdia. Sabemos apenas que a petição, entregue à Irmandade e aceite a 23 de
18
Entre 1715 e 1771, a comunidade dos Franciscanos da Província da Arrábida ocupa o Convento de Nossa Senhora
e Santo António de Mafra (atual Palácio Nacional de Mafra). A partir de 1771 e até 1779, por breve de Clemente
XIV, de 4 de julho de 1770, o complexo conventual entregue aos Cónegos Regulares de Santo Agostinho. É
precisamente em 1771 que encontramos os irmãos de Salvador de Sousa, afastados de Mafra, a residir no Convento
de São Pedro de Alcântara.
abril de 1771, levou o Provedor, Rodrigo de Almeida de Vasconcelos Barberino, a
ordenar que se procedesse de imediato às diligências regulamentares. O processo
iniciou-se pouco depois, a 13 de maio de 1771, com o escrivão da Mesa, Bernardo
Coutinho Pereira de Sousa, a dirigir as inquirições, e o cartorário Manuel Baptista de
São José a registar em documento as declarações das testemunhas arroladas.

Foram ouvidas três: João Evangelista da Cruz, 40 anos de idade, pintor de azulejo na
cidade de Lisboa e residente nas Olarias freg.ª de Santa Cruz; Francisco António Vidigal,
de 28 anos, azulejador na cidade de Lisboa e morador as Olarias freguezia de Santa
Cruz; e Custódio Rodrigues de Miranda, natural da freguesia de Santo Emilião, do
Arcebispado de Braga, homem de negócio com residência na Rua da Calçada, em
Coimbra.

Questionados sobre as informações facultadas por Salvador de Sousa, as testemunhas,


juradas nos Santos Evangelhos, garantem que o pintor hé legitimo, e inteiro Christaõ
Velho19, e de limpo sangue, e geraçaõ, sem fama em contrario. Asseguram ainda que
que é Irmão da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Ponte, de Coimbra, e
que tem dois irmãos: Frei Álvaro da Purificação e Frei Gonçalo da Piedade 20, ambos
religiosos franciscanos da Província da Arrábida e cenobitas no Convento de São Pedro
de Alcântara, em Lisboa. João Evangelista da Cruz é, porém, o único dos inquiridos a
dar informações sobre a identidade e local de origem dos progenitores. De acordo com
o seu testemunho, Salvador de Sousa é filho legítimo de Bento Rodrigues e de Maria
Rosa, o pai natural de Braga e a mãe de Lisboa21. A 26 de maio de 1771, as declarações
das testemunhas eram lidas, aprovadas e abilitadas.

Seguiu-se a redação do termo de juramento e a correspondente cerimónia, que 28


decorreu na Casa do Despacho, a 26 de maio de 1771. Presentes estiveram o Provedor,
Rodrigo de Almeida de Vasconcelos Barberino, Manuel José Forjaz Pereira (que serviu
de escrivão) e diversos irmãos conselheiros. Chamado à presença dos membros da

19
Salvador de Sousa Carvalho foi o penúltimo candidato a Irmão da Misericórdia de Coimbra a ser questionado
sobre esta matéria. A 10 de junho de 1773, a Mesa adoptou a Lei de 25 de maio de 1773, que aboliu a distinção
entre cristãos-velhos e cristão-novos.
20
Uma das testemunhas, Francisco António Vidigal, refere-se a Frei Gonçalo da Piedade como já falecido.
21
O registo de baptismo de Dionísio José de Sousa Carvalho, filho de Salvador de Sousa Carvalho, nascido a 17 de
Maio de 1759 e baptizado a 27 do mesmo mês, contém informações mais detalhadas. Bento Rodrigues é natural da
freguesia de São Jorge de Airó, do Arcebispado de Braga, e Maria Rosa é natural da freguesia de Nossa Senhora da
Pena, de Lisboa.
Mesa, Salvador de Sousa Carvalho jurou sobre os Santos Evangelhos e prometeu
cumprir com as obrigações de Irmaõ de menor condiçaõ22.

TEMPOS DE MUDANÇA

A sua admissão na Misericórdia de Coimbra coincide com um período de profunda


mudança na relação entre as elites e a instituição. De acordo com uma análise de
Maria Antónia Lopes23, a crescente interferência do poder central e a crises financeiras
internas alteraram progressivamente o paradigma de poder nestas organizações, que
se vai acentuar sobretudo no final da centúria de Setecentos.

Entre 1700 e 1749, a grande maioria dos provedores eram fidalgos da Casa Real e 71%
pertenciam à Ordem de Cristo. Entre 1749 e 1799, mais de 90% dos mandatos
exercidos (Provedor) foram-no por fidalgos da Casa Real e mais de metade por
nomeação régia. Porém, a partir da última década do século XVIII, tudo muda. Em
1793, um Aviso Régio autorizava a eleição de elementos não membros da Irmandade
para os cargos de Provedor e mesários e muitos foram os que, uma vez eleitos, se
recusaram a cumprir o mandato. Em 1799 seriam “eleitos três lentes da Universidade e
três cónegos do Cabido, mas todos eles se escusaram”24.

Se na segunda metade de Setecentos as Misericórdias já não eram atrativas para as


elites locais25, a verdade é que continuavam a ter grande prestígio, nomeadamente
entre alguns estratos da população, que viam nelas um poderoso meio de ascensão
social. O crescente desinteresse manifestado pela fidalguia levou, deste modo, ao
consequente aumento do número de irmãos de condição menor diretamente 29
envolvidos na vida interna destas instituições.

O ano de 1749 é particularmente relevante neste processo de mudança, pois pela


primeira vez o Provedor e o Escrivão foram nomeados por decreto real26. A nomeação
22
AMC, Termos de juramentos de Irmãos, Irmãos 5 (1706-1853), fl. 220v.
23
LOPES, Maria Antónia, Provedores e escrivães da Misericórdia de Coimbra de 1700 a 1910. Elites e fontes de
poder, in Revista de História Portuguesa, vol. XXXVI, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra:
2003-2004, pp. 203-274.
24
LOPES, Maria Antónia, op. cit., p. 226.
25
Cf. LOPES, Maria Antónia, As Misericórdias de D. José ao final do século XX, in Portugaliae Monumenta
Misericordiarum, vol. 1, Fazer a História das Misericórdias, Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade
Católica, União das Misericórdias Portuguesas. Lisboa: 2002, pp. 79-117.
26
Por decreto de 27 de Novembro de 1749, D. José escolheu o desembargador do Paço, Lucas Seabra da Silva, para
substituir o anterior Provedor, Filipe Saraiva de Melo Sampaio, que em 1747 mandou imprimir, à sua custa, uma
edição do Compromisso, estampando-lhe no frontispício as suas armas pessoais em vez das da Santa Casa, facto
que desagradou o monarca.
da Mesa pelo poder central voltará a repetir-se em eleições subsequentes,
nomeadamente a de 1777, ano em que Salvador de Sousa Carvalho entra nos órgãos
sociais como Irmão de condição menor.

Com efeito, uma provisão da rainha D. Maria I, cujo translado27, datado de 17 de Junho
de 1777, está no Arquivo da Irmandade, nomeia para Provedor António Xavier de Brito
e Castro, Deão da Sé e Fidalgo da Casa Real. Para a Mesa escolhe seis irmãos de mayor
condição: Domingos Monteiro de Albergaria (Cónego da Sé e Escrivão da Santa Casa),
Francisco Zuzarte de Quadros (admitido a 2 de Julho de 1768, na qualidade de filho de
António Xavier Zuzarte de Cardoso, Correio-mor, Fidalgo da Casa Real e Provedor no
ano de 1753), João Vieira de Melo e Sampaio (Cónego da Sé e Fidalgo da Casa Real,
admitido a 29 de Junho de 1771), Custódio Pacheco de Resende28 (advogado nos
auditórios de Coimbra, Irmão desde 17 de Junho de 1777), Manuel José de Abreu
(médico, admitido a 13 de Agosto de 1766) e Manuel da Silva Caetano (chanceler do
Fisco Real da cidade, Irmão desde 12 de Julho de 1750).

O documento régio29 escolhe para irmãos de menor condição Jerónimo Monteiro da


Silva, Jacinto de Moura Carvalho e Manuel José de Basto (os três foram admitidos na
Irmandade a 17 de Junho de 1777, no mesmo dia e na mesma cerimónia de juramento
que o advogado e irmão de condição maior Custódio Pacheco de Resende), Alexandre
Rodrigues (serigueiro, admitido a 27 de Março de 1766), Manuel Carvalho (correeiro,
irmão desde 25 de Junho de 1762) e Salvador de Sousa Carvalho.

MEMBRO DA MESA, CONSELHEIRO, VISITADOR E MORDOMO

A partir de 1777, a presença de Salvador de Sousa Carvalho em documentos oficiais da 30


Irmandade torna-se relativamente comum. Ao todo, assinará dezenas de páginas, entre
termos de eleição, termos de juramento, translados de avisos régios e acórdãos da
Mesa e do Definitório, no cumprimento das diversas funções que desempenhou ao
longo dos 39 anos de ligação à Irmandade.

27
AMC, Livro do Registo das Provisões, Alvarás e Decretos (1510-1793).
28
Custódio Pacheco de Resende é referido num contrato de arrendamento, de 1760, de umas tendas de olaria
branca, onde surge igualmente o nome de Salvador de Sousa Carvalho. Cf. SANTOS, Diana Gonçalves dos, Salvador
de Sousa, pintor de azuleijo. Contributo para o conhecimento da sua actividade a partir de uma nota de
arrendamento (1760).
29
AMC, Termos das eleições da Mesa (1715-1793), fl. 181.
A sua presença no órgão superior da administração da Misericórdia estender-se-á por
14 anos, servindo nas provedorias de António Xavier de Brito e Castro (1777-1780), de
Miguel Osório Borges da Gama e Castro (1784-1790), de João Henriques Seco (1799-
1802) e de José Joaquim da Silva (1808-1810). Integrou, deste modo, executivos
encabeçados por dois fidalgos da Casa Real, um vereador da Câmara e um Lente de
Leis da Universidade de Coimbra. A 29 de maio de 1800 ascenderia ao estatuto de
Conselheiro da Irmandade.

Servindo a Mesa, desempenhou diversos cargos de relevo no aparelho assistencial da


Irmandade, estando no ‘terreno’ entre finais da década de 70 e meados da década de
80 do século XVIII. Foi ‘Visitador dos Doentes e Presos’, uma função nem sempre
ambicionada, pois pressupunha a disponibilização de elevadas quantidades de dinheiro
para custear as necessidades dos assistidos, dinheiro esse que mais tarde era,
naturalmente, ressarcido pela Irmandade. A tarefa era desempenhada por vários
irmãos, distribuídos ao longo do ano, sendo cada um responsável pelo exercício da
função durante um mês. De acordo a documentação consultada, o pintor exerceu o
cargo de forma contínua entre 1778 e 1784, sempre no mês de junho 30.

Salvador de Sousa foi igualmente ‘Visitador dos Entrevados’ e ‘Mordomo da Capela’. A


mordomia da capela, de maior responsabilidade, pressupunha não apenas o socorro
aos carenciados, mas também a organização do culto religioso, dos enterramentos e da
gestão financeira ligada ao serviço cultual (ordenados de capelães, compra e
manutenção de alfaias litúrgicas e demais despesas inerentes). Desempenhou esta
função entre 1778 e 1784, tendo sido responsável pelo seu exercício sempre durante o
mês de novembro.

A sua atividade na mordomia da ‘Capela’ e dos ‘Doentes e Presos’ cessa em 1784. Após 31
esta data, vemos o filho, Dionísio José de Sousa Carvalho (admitido como Irmão a 27
de Junho de 1784), a exercer a visitação dos doentes e presos nos anos de 1785, 1786,
1788 e 1789, ficando responsável pelo mês de junho, e a assegurar a mordomia da
capela em 1785, 1786, 1788, 1789 e 1790, sempre no mês de dezembro.

30
AMC, Livro de receitas e despesas dos Irmãos Mordomos da Capela visitadores dos doentes e presos, caixas 433
(1778), 434 (1779), 435 (1780), 436 (1781), 437 (1782), 438 (1783), 439 (1784).
Porventura um dos testemunhos mais interessantes da actividade de Salvador de
Sousa Carvalho na Misericórdia de Coimbra, conservados no Arquivo da Irmandade,
está precisamente relacionado com a função de Mordomo da Capela. Trata-se de um
conjunto de documentos31, referentes ao mês de novembro de 1777, que inclui
diversas folhas escritas pelo próprio punho, onde elenca as verbas que recebeu de
enterramentos, os gastos que efetuou com esmolas (com as quantias e respetivos
beneficiários), com celebrações litúrgicas e com a aquisição de bens de primeira
necessidade, os ordenados que pagou e as cartas de guia que passou.

São folhas manuscritas com uma caligrafia rápida, inclinada para a direita, nas quais
revela um particular cuidado no detalhe da informação prestada e nos oferece um
curioso retrato social da época. Entre as muitas notas que deixou, destacam-se
algumas, como o registo da despesa com humma mantilha que se deu de esmola, com
o moso que limpou o adro da misericordia ou ainda com o sorgiam que curou os
duentes da tinha.

Outro dado de interesse biográfico relaciona-se com a evolução da sua rúbrica em


documentos da Irmandade. Observando o modo como o pintor assina o nome ao longo
de quase quatro décadas, verificamos que em 1771, data da sua admissão, assina
‘Salvador de Sousa’, e só a partir de 1777, ano em que integra pela primeira vez a
Mesa, o faz incluindo o apelido ‘Carvalho’. Essa mesma mudança foi registada por
Diana Gonçalves dos Santos, entre uma nota de arrendamento datada de 1760 e o
início da coordenação da Fábrica da Telha da Universidade, em 177332.

Os últimos indícios da colaboração de Salvador de Sousa Carvalho com a Misericórdia


de Coimbra datam de 18 de Janeiro de 1809, quando rubrica o termo de eleição de um
ajudante de execuções e causas, e finalmente de junho desse mesmo ano, quando
subscreve uma ordem de pagamento de ordenados à regente e porteira do 32
Recolhimento das Órfãs.

A ordem de pagamento de junho de 1809 é, com efeito, o último ato oficial como
membro da Mesa nas fontes documentais consultadas no Arquivo da Irmandade. Sete

31
AMC, Caixa 453, Documentos de despesas do Mordomo da Capela (1769-1799).
32
SANTOS, Diana Gonçalves dos, Azulejaria de Fabrico Coimbrão (1699-1801). Artífices e artistas. Cronologia.
Iconografia, p. 304.
meses depois, a 13 de Janeiro de 181033, falecia no Terreiro das Olarias, onde viveu e
trabalhou durante mais de cinco décadas.

Raúl de Moura Mendes

Coimbra, 16 de maio de 2021

REFERÊNCIAS 33
ABREU, Laurinda, Misericórdias, Estado Moderno e Império, in Portugaliae Monumenta
Misericordiarum, vol. 10, Novos Estudos, Centro de Estudos de História Religiosa da
Universidade Católica, União das Misericórdias Portuguesas. Lisboa: 2017.
ARQUIVO DA MISERICÓRDIA DE COIMBRA, Caixa 453, Documentos de despesas do
Mordomo da Capela (1769-1799).
33
Aos treze de Janeiro de mil oitocentos e dez falesceo com todos os sacramentos e sem testamento no Terreiro das
Ollarias desta freguesia Salvador de Sousa Carvalho veuivo de (…) foi sepultado a noite nesta Igreja de Sta. Cruz; de
que fiz este que afignei = era ut supra. Arquivo da Universidade de Coimbra, Óbitos, Santa Cruz, 1795-1848, fl. 124.
O facto de ter sido foi enterrado à noite suscita curiosidade, pois esta era uma prática proibida pelas Constituições
Sinodais do Bispado de Coimbra. O regulamento diocesano, publicado em 1591 e reimpresso em 1731, especifica
que ninguém podia ser sepultado depois das Avemarias, hora a partir da qual as Constituições ordenavam que
todos rezassem pelas almas dos fiéis cristãos que estão no Purgatório. De acordo com Maria Antónia Lopes, o
enterramento noturno seria possível, mediante consentimento das autoridades eclesiásticas. As cerimónias, à noite,
iluminadas por tochas, conferiam uma pompa e dignidade que a luz do dia não proporcionava. Sabemos ainda que
as Constituições Sinodais do Bispado de Braga (1697) autorizavam os enterros noturnos, para que deste modo fosse
possível a realização de sufrágios pela alma do falecido.
ARQUIVO DA MISERICÓRDIA DE COIMBRA, Livro de receitas e despesas dos Irmãos
Mordomos da Capela visitadores dos doentes e presos, caixas 433 (1778), 434 (1779),
435 (1780), 436 (1781), 437 (1782), 438 (1783), 439 (1784).
ARQUIVO DA MISERICÓRDIA DE COIMBRA, Livro do Registo das Provisões, Alvarás e
Decretos (1510-1793).
ARQUIVO DA MISERICÓRDIA DE COIMBRA, Petições, Caixa 6 (1754-1899).
ARQUIVO DA MISERICÓRDIA DE COIMBRA, Termos das eleições da Mesa (1715-1793).
ARQUIVO DA MISERICÓRDIA DE COIMBRA, Termos de juramentos de Irmãos, Irmãos 5
(1706-1853).
ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, Óbitos, Santa Cruz, 1795-1848.
FRANCO, José Eduardo; MOURÃO, José Augusto; GOMES, Ana Cristina da Costa,
Dicionário Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal, Gradiva. Lisboa: 2010.
LOPES, Maria Antónia, As Misericórdias de D. José ao final do século XX, in Portugaliae
Monumenta Misericordiarum, vol. 1, Fazer a História das Misericórdias, Centro de
Estudos de História Religiosa da Universidade Católica, União das Misericórdias
Portuguesas. Lisboa: 2002.
LOPES, Maria Antónia, Provedores e escrivães da Misericórdia de Coimbra de 1700 a
1910. Elites e fontes de poder, in Revista de História Portuguesa, vol. XXXVI, Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra: 2003-2004.
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Universidade de Lisboa, n.º 4, Lisboa: 2004
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Misericórdias: O Reinado de D. Manuel I, Centro de Estudos de História Religiosa da
Universidade Católica, União das Misericórdias Portuguesas. Lisboa: 2004.
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da Faculdade de Letras, Ciências e Técnicas do Património. Porto: (2008-2009), I Série,
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Secretaria de Estado dos Negócios do Reino, Cartas, Alvarás, Patentes e Mercês 34
Lucrativas, Liv. 19, fl. 241, 21 de Abril de 1854
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Misericordiarum, vol. 10, Novos Estudos, Centro de Estudos de História Religiosa da
Universidade Católica, União das Misericórdias Portuguesas. Lisboa: 2017
35
IMAGENS

36
Petição assinada por
Salvador de Sousa Carvalho
para ser admitido como
Irmão da Misericórdia de Coimbra 37
 
23 de abril de 1771
Arquivo da Misericórdia de Coimbra
Uma das inquirições sobre
Salvador de Sousa Carvalho
 
13 de maio de 1771
Arquivo da Misericórdia de Coimbra

38
Termo de juramento de
Salvador de Sousa Carvalho
como Irmão da Misericórdia
 
26 de maio de 1771
Arquivo da Misericórdia de Coimbra

39
40
41
42
43 abril
de 1771

maio
de 1771

junho
de 1777
44
45
Cartela assinala por Salvador de Sousa
Carvalho, proveniente do Mosteiro de Santa
Maria de Semide
 
1784
Museu Nacional de Machado de Castro
Colégio do São Bernardo de Coimbra

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