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LOJA CAMINHO À VERDADE 1826

A Origem da maçonaria nas areias do tempo.

“O Homem polido pratica a verdade, o amor e a tolerância, respeita as leis e os


costumes, as autoridades e a opção religiosa de cada um.”
Segundo Epícuro: “Não podemos viver felizes, se não formos justos, sensatos
e bons”

A Origem da maçonaria é um tema tão controverso quanto interessante. Uns


afirmam que data de 4 mil anos antes de cristo, quando o mestre construtor
Hirão-Abi erigiu um templo para o rei Salomão; ou de 3800 a.C., época do
arquiteto-construtor Imhotep, sacerdote do Deus Amon e conselheiro do faraó
Sozer.
Outros asseguram sua origem nos colégios fundados por Numa Pompílio,
segundo rei de Roma (714-674 a.C.), ou ainda na época do imperador Augusto
(63-14 a.C.) com o colégio de Arquitetos e Pedreiros.
Os documentos mais antigos são a Carta de Bolonha, texto redigido em latim
por um tabelião, por ordem do Prefeito da cidade Italiana de Bolonha, Bonifacii
De Cario, no dia 8 de Agosto de 1284 e o Poema Régio (Regius Poem),
escrito por volta de 1390.
Boa parte dos estudiosos afirma que as sociedades maçônicas descendem
das corporações de construtores da Idade Média, pois a palavra francesa
“maçonnerie” e a inglesa “masonery” construção.
Enfim, todas as assertivas estão ligadas à construção que, na verdade significa
construção de um homem melhor, um crescimento, um polimento.
Na Idade Média havia dois tipos de pedreiros: O rough mason (pedreiro bruto)
que trabalhava com a pedra sem extrair-lhe a forma, e o free masom (pedreiro
livre) que tinha o segredo de polir a pedra bruta.
A Pedra bruta é um dos elementos que decoram internamente uma loja
maçônica.
Simboliza também as “arestas” da personalidade que o maçon deve aparar
(polir) para se aperfeiçoar. Tais arestas são sentimentos de ciúme, traição,
vingança, vícios a falta de moral e dos bons costumes. A máxima milenar
“Conhece-te a ti mesmo” (Nosce te ipsum) encontra respaldo na ação do
maçom, pois assim se tornará polido, perfeito – representado simbolicamente
pela pedra cúbica.
O ofício de pedreiro existe desde o início dos tempos. Pedreiros são homens
que sabem trabalhar a pedra, um material duradouro que sobrevive às
civilizações por meio da construção de edifícios, estátuas, aquedutos, pontes,
castelos e catedrais, como a bela Chartres!

Franco-maçon ou apenas maçom?

“Franco” significa: “desembaraçado” , ”livre” , portanto a tradução do termo


inglês “freemason” para “maçom-livre” ou ”franco-maçom”está correta. Os
pedreiros medievais trabalhavam com o calcário aplainado ou com um arenito
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chamado, em inglês, de “freestone” ou “pedra esquadrada” um tipo de pedra
que pode ser cortada sem trincar.
Quem lidava com essas pedras era “freestone” (pedreiro-livre ou autônomo).
Esse nome foi mencionado pela primeira vez em 1212 na Normandia. Em
1375, aparece o termo “free-mason” (franco-maçom). Séculos depois, quando
as guildas urbanas de pedreiro estavam mais fortes, (As guildas, corporação
artesanal ou corporações de ofício, eram associações de artesãos de um
mesmo ramo, isto é, pessoas que desenvolviam a mesma atividade ...) o
significado de “free” foi esquecido. Tanto que a Companhia de Pedreiro de
Londres retirou a palavra “livre”, antes de “Pedreiro”em 1656.
Essa Companhia passou a receber membros não-pedreiros que eram
chamados de especulativos, livres ou aceitos. Com o tempo esses termos
tornaram-se sinônimos e a palavra “livre” virou referência a uma fraternidade
interna de pedreiros especulativos. Há outras teorias infundadas sobre o termo
“livre”.
Diz-se que, durante os séculos 6 e 7, os construtores viajavam “livremente”pela
França e Itália portando uma bula papal. Outra teoria diz que um maçom
medieval ligado a um monastério ou ordem eclesiástica, estava livre das
“guildas” mas durante o apogeu da igreja havia poucas guildas urbanas de
pedreiros, portanto essa derivação é suspeita.
O termos “livre e aceito” foi primeiro usado na The Old Constituitions, publicada
por J. Roberts em 1722 que pertencia a Sociedade Antiga e Honorável de
Maçons Livres e Aceitos. O “aceito” estava ligado a “aceitação” – Uma
Fraternidade interna de maçons especulativos inserida na Companhia de
Veneráveis Pedreiros de Londres na qual membros operativos eram admitidos
por aprendizado, patrimônio ou redenção.

Inglaterra: o embrião da Maçonaria atual

“Havia associações de construtores em 926 d.C. Tanto que o rei Athelstan


autorizava reuniões anuais para a dos Colideus em York, que ali fundaram uma
loja que funcionou até 1772. A maçonaria moderna surgiu 545 anos depois.”
A Maçonaria chegou na Inglaterra na Idade Média por meio dos pedreiros que
construíram as grandes catedrais medievais e os castelos. O primeiro registro
da palavra “maçom” na Idade Moderna foi feito pelo inglês Elias Ashmole
(1617-1692) o antiquário, químico e rosa-cruz.
Ele descreveu em seu diário (16 de outubro de 1646): “Fui feito maçom livre em
Worrington, em Lancashire, por Henry Mainwaring (sogro), de Karincham, em
Cheshire”. Ashmole manteve bom relacionamento com a ordem, pois em 1682
ainda freqüentava reuniões e anotou no diário que em 11 de Março participou
de um jantar na Mason’s Hall em Londres.
Ainda nessa época, a Maçonaria aparece como uma organização isolada e
sem nenhuma conexão com grupos que supervisionam o ofício de pedreiro.
Parece que não havia rituais com graus seqüenciais, apenas duas cerimônias
davam impulso à caminhada evolutiva do maçom na sua iniciação: a Recepção
do Candidato e a Passagem do Aprendiz para o grau de Companheiro.
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Essa maçonaria era baseada na “Carta de York”, atribuída ao príncipe inglês
Edwin, promulgada em 926 d.C.
A Maçonaria propriamente dita surge em 24 de junho de 1717 (Dia de São
João Batista) quando quatro maçons londrinos se encontram na cervejaria
londrina Goose & Gridiron de St. Paul. Suas reuniões eram feitas de forma
independente, mas praticavam rituais elaborados feitos por Elias Ashmole.
Na verdade Ashmole transcreveu os procedimentos conforme ouvira nos
rituais, mas não os inventou. Nesse dia criam a Grande Loja da Inglaterra .
Um deles, Antony Sayer, que não exercia o ofício de pedreiro, foi eleito grão-
mestre da primeira Grande Loja do mundo; e os outros foram eleitos grandes
vigilantes.
No começo, a Grande Loja servia para o banquete anual das lojas londrinas.
Em 1717 Antony Sayer é eleito Grão-Mestre e em 1718 é sucedido por George
Payne. Em 1719 John Teophilus Desaguliers , padre da igreja da Inglaterra e
cientista, assume. Em 1720 George Payne volta ao cargo e compila os
Regulamentos Gerais – depois aprovados pela Grande Loja da Inglaterra em
1721, cujo Grão-Mestre era John Montagu, o duque de Montagu. O duque fica
até 1723. Nesse período, a Grande Loja se estabelece como corpo regulador
sobre os maçons na Inglaterra. Isso gerou a filiação de membros estrangeiros e
as reuniões passaram a ser trimestrais.
A publicação dos Regulamentos Gerais foi feita em 1723 por James Anderson
e dava a cada Grande Loja poder e autoridade para fazer novos regulamentos
ou alterá-los em benefícios da Ordem, mas todo cuidado deveria ser tomado
para os landmarks serem preservados.

O que são os Landmarks?

Na Maçonaria, os landmarks (do inglês “pontos de referência”, “marcos” ) são


definidos como preceitos antigos e inalteráveis. É um conjunto de princípios
que não podem ser mudados. O foco é que a unidade maçônica mundial seja
mantida, e inclui por exemplo, a obrigatoriedade dos maçons se filiarem a Lojas
e crerem em um ser superior (O Grande Arquiteto do Universo). O 25 landmark
(último) dita que nada poderá ser mudado nos landmarks: Nolumus Leges
Mutari!
Esses princípios podem ser interpretados de várias formas, gerando
controvérsias de reconhecimento, mas são cláusulas pétreas, portanto não são
passíveis de discussão. Alterá-los significaria romper a sintonia maçônica
mundial.
A Palavra “landmark” pode ter sua origem na bíblia (provérbios 22:28) “não
remova os antigos marcos que teus pais fixaram” essa frase chama a atenção
para os limites da terra que foram marcados por meios das colunas de pedra.
Há outra citação da lei judaica: “Não remova os marcos (landmarks) visinhos,
eles tem sido usados desde os tempos antigos para definir as heranças”. Isso
chama a atenção para os marcos que designam os limites da herança.
Mark Tabbert, historiador, curador de coleções maçônicas e fraternais no
National Heritage Museum em Lexington (Massachusetts), acredita que as
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regulamentações atuais dos landmarks são derivadas das regras medievais
dos pedreiros ancestrais.
A classificação dos landmarks foi feita por Albert Mackey em seu artigo “As
Fundações da Lei Maçônica” escrito para a revista American Quarterly Review
of Freemasonery, em 1858. Ele destacava três características básicas:
antiguidade imemorial nacional; universalidade; e absoluta irrevogalidade.
Mackey depois incluiu esse mesmo artigo em seu livro “Text Book of Masonic
Jurisprudence”. Desde então, sua lista de 25 landmarks foi adotada por várias
Grandes Lojas americanas. Em 1863, George Oliver publicou o livro
“Freemason’s Treasury”, no qual listou 40 landmarks! Em 1889 H.B.Grant de
Kentucky fez também uma lista de 54 landmarks e a publicou no Masonic
Home Journal. Em dezembro de 1918, a Grande Loja de Massachusetts
adotou a lista conforme as seções 100 -102 das suas Constituições.

A Grande Loja da Inglaterra se expande.

Até 1723 a Grande Loja tinha cerca de 100 lojas na Inglaterra e em Gales sob
seu controle e começava a divulgar a Maçonaria a todos os cantos do mundo,
autorizando o funcionamento de lojas em vários países.
Assim, Grandes Lojas independentes foram formadas na Irlanda (1725),
Escócia (1736) e América do Norte (1733). Mais tarde, nos séculos 18 e 19, a
Maçonaria inglesa expandiu-se pela Austrália, África e América do Sul,
acompanhando o desenvolvimento Britânico.
Quando esses países tornaram-se nações livres, muitos formaram Grandes
Lojas independentes, mas outros decidiram permanecer ligados à “Grande Loja
Mãe”. A Grande Loja da Inglaterra continuou se desenvolvendo sem qualquer
oposição. Havia grande interesse de público, tanto que eram anunciadas
reuniões nos jornais locais. Alguns, querendo atrair leitores, publicavam artigos
hipotéticos revelando “segredos maçônico”. A publicidade aumentou o
interesse de aristocratas (em ascensão na época), da pequena nobreza e de
profissionais que queriam se filiar. Em 1737 foi feito o primeiro maçom de
sangue real: Frederick Louis, filho de rei George II – que em 1757 doou o
Poema Régio ao Museu Britânico.
Em 1740 havia um grande numero de irlandeses na Inglaterra, e muitos haviam
tornado-se maçons antes de deixar a terra natal. O fato é que havia
dificuldades para entrar nas lojas inglesas. A antipatia crescia entre a Grande
Loja da Inglaterra e as Grandes Lojas da Irlanda e Escócia. Maçons irlandeses
e escoceses que visitavam ou moravam na Inglaterra acusavam a Grande Loja
da Inglaterra de divergir das práticas antigas, de fazer inovações e quebrar os
landmarks, enquanto eles trabalhavam de acordo com as antigas instituições
outorgadas pelo príncipe Edwim, de York em 926 d.C. Trocando em miúdos,
esses maçons acabaram se identificando com as lojas inglesas não-filiadas.
Claro, a natureza aristocrata da Grande Loja da Inglaterra, e de seus membros,
acabou afastando muitos maçons da cidade, motivando-os a se filiarem a
essas lojas “independentes”.
No dia 17 de julho de 1751, representantes de cinco lojas independentes se
juntaram na taverna Cabeça do Turco, na rua grega, em Soho, e formaram a
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“Grande Loja dos Livres e aceitos Maçons da Inglaterra de Acordo com as
Antigas Instituições”, também chamados Maçons de Atholl (O Grão Mestre era
o Duque de Atholl). Eles acreditavam que praticavam a mais pura forma de
maçonaria. Sendo assim, intitularam a si mesmos de “Antiga Grande loja” e
deram aos membros da Grande Loja da Inglaterra o apelido de “Os Modernos”.
Esses dois nomes não vingaram.
Para se ter uma idéia de como foi intensa a divisão entre as duas facções, tem
o caso de Benjamim Franklin, que era membro da Loja dos “Modernos”, na
Filadélfia. Ao voltar da França foi informado que sua Loja tinha mudado de
nome para “Antiga Grande Loja”, não o reconhecendo e recusando a lhe dar
“honra maçônica no funeral”.
Apesar das diferenças, as duas Grandes Lojas co-existiram tanto na Inglaterra
quanto no estrangeiro durante quase 63 anos, mas nenhuma reconhecia os
filiados da outra como maçons regulares, apesar de haver membros ativos em
ambas as Grandes Lojas. Antigos e Modernos tiveram lojas filiais pelo mundo.
Muitas delas ainda existem e por isso há variedade nos ritos usados.
Em 1799 a Maçonaria quase teve uma parada fatal. Após a Revolução
Francesa, vários Atos do Parlamento tinham sidos elaborados numa tentativa
de restringir sindicatos, clubes políticos e outras organizações ditas
“subversivas”. O Ato “Sociedades Ilegais”, de 1799, proibiu qualquer reunião de
grupos que exigiam dos sócios um juramento ou obrigação.
O conde de Moira (Grão-mestre interino da Grande Loja da Inglaterra) e o
Duque de Atholl (Grão-mestre da Antiga Grande Loja) foram chamados pelo
primeiro-ministro Willian Pitt (que não era maçom) e explicaram a ele que a
Maçonaria era partidária da lei, tinha autorização legítima e estava envolvida
em obras beneficentes. No fim, a Maçonaria ficou isenta dos termos do Ato,
mas cada secretário da loja devia,uma vez por ano, sentar-se junto com o
escriturário local e fazer uma lista dos membros com as idades, profissões e
endereços.
Em 1809 as duas Grandes Lojas rivais designaram comissários para negociar
uma união. As negociações levaram quatro anos para serem concluídas.
Assim, no dia 27 de dezembro de 1813, um grande cerimonial no salão dos
Maçons selou a união. As duas partes combinaram formar a Grande Loja Unida
da Inglaterra (GLUI) tendo o Duque de Sussex como grão-mestre.
A união foi um momento de consolidação e padronização, fixando a
administração básica da maçonaria – que continua até hoje. Foi adotado
também um ritual padrão. As lojas fora da Inglaterra, agrupadas em províncias,
seriam lideradas por um Grão-mestre provinciano designado pelo Grão-
mestre.
Um painel de propósitos gerais foi introduzido para formular uma política
interna. Em 1815, a GLUI modificou as constituições de Anderson para incluir:
“Tenha um homem a religião ou forma de culto que tiver, ele não será excluído
da Ordem, contanto que acredite no glorioso Arquiteto do céu e da terra, e
pratique os deveres sagrados da moralidade.”
O século XIX foi um período de consolidação e expansão da maçonaria
inglesa. O êxodo para as grandes cidades provocou um aumento de lojas
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urbanas. A extensão das estradas de ferro deu maior mobilidade e
comunicação entre a

Grande Loja e as lojas das províncias. O crescimento do numero de lojas nos


centros urbanos levou ao desenvolvimento de imponentes salões Maçônicos
muitos dos quais existem ainda hoje.
A eleição de Albert Edward, príncipe de Gales como grão-mestre em 1874, deu
grande impulso à Ordem, pois alem de partidário era divulgador da Maçonaria.
O príncipe aparecia regularmente em público, tanto na Inglaterra quanto no
exterior, como grão-mestre inaugurando edifícios públicos, pontes, estaleiros e
igrejas com cerimonial maçônico. A presença dele assegurou publicidade e
notícias sobre reuniões maçônicas em toda imprensa local e nacional. Um
grande cisma aconteceu entre a Grande Loja Unida da Inglaterra e o Grande
Oriente da França, após 1877, quando os franceses começaram a aceitar sem
restrições, os ateus e a reconhecer a maçonaria feminina e a co-maçonaria. Os
maçons franceses estavam inclinados a discutir religião e política nas suas
lojas, enquanto os ingleses proibiam tais discussões. Voltando um pouco no
tempo, em 1849, o Grande Oriente da França tinha adotado a existência do
“Ser Supremo” da GLUI, mas coagidos por países latinos, criou em 1875, a
frase alternativa, “Princípio Criativo”. Além disso criaram um ritual alternativo
que não fazia referência direta a qualquer deidade, como o Grande Arquiteto
do Universo. O cisma entre as duas filiais foi quebrado durante a 1* Guerra
Mundial, quando soldados americanos maçons na Europa quiseram freqüentar
as lojas.
O momento mais importante da história da maçonaria inglesa, para este nosso
trabalho, é quando ela chega ao Novo Continente.

Fonte:
MAÇONARIA NAS AMÉRICAS
Fernando Moretti – editora escala.

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