Você está na página 1de 15

Pinceladas sobre o Rito Moderno

por Marcelo Bezerra1

As Primeiras Décadas da Maçonaria na França


No dia 24 de junho de 1717 quatro lojas maçônicas se reuniram na taberna Goose and Gridiron (Ganso e
Grelha) em Londres para a fundação da Grande Loja de Londres e Westminster, marcando o início da
Maçonaria especulativa como conhecemos e praticamos hoje, em uma história de mais de trezentos anos.
A Grande Loja que se formava trouxe a base ritualística da maçonaria escocesa, mais especificamente o
ritual da Palavra do Maçom (Mason Word), criado em 1630 pela Loja de Kilwinning na Escócia2, porém
retirou o seu caráter calvinista, estabelecendo um conteúdo filosófico deísta e religiosamente tolerante
com foco na moral, como atesta o primeiro parágrafo das Constituições de Anderson de 1723. A revisão de
1738, também por James Anderson, manteve o tom tolerante apesar de mais próximo do cristianismo ao
citar as três leis de Noé3. Já a base filosófica teve seus pilares no Iluminismo Inglês, o qual foi anterior ao
mais conhecido e discutido Iluminismo francês, e pautado no conceito do aperfeiçoamento moral do ser
humano. Décadas mais tarde, essa primeira Grande Loja passaria a ser conhecida como a dos “Modernos”.
Ao redor de 1725 alguns de seus membros se estabeleceram na França. Há discordâncias entre os
historiadores sobre as primeiras décadas da Maçonaria no país, porém é consenso a existência de Lojas
abertas anos antes por jacobitas escoceses e irlandeses que se refugiaram no país, incluindo lojas
compostas por militares. Esses maçons já praticavam uma maçonaria com nuances diferentes da dos
ingleses, e todos acabaram por encontrar-se na França. Em comum com os ingleses, o propósito de criar
Lojas para que possam praticar os trabalhos maçônicos, e não um desejo de expandir a Ordem pelo
continente.
A partir de 1730 a Ordem se expandiu por todo o país e se tornou cada vez mais francesa, até que conquistou
a autonomia com a criação da Grande Loja da França. Tal qual ocorreu na Grã-Bretanha, ligou-se à nobreza
e por 30 anos foi dirigida por Antoine de Bourbon-Condé, o Conde de Clermont, membro da família real.
Porém ela não se institucionalizou como na Inglaterra, sendo apenas tolerada pelo governo. Para Dachez e
Bauer, a busca por clubes sociais, o apelo dos “mistérios” e o “charme” da igualdade nas lojas foi o que
impulsionou a Maçonaria francesa a crescer rapidamente. Ela, porém, nasceu e cresceu dividida. Entre lojas
parisienses e provinciais, pelas heranças diferentes (“ingleses” e “escoceses”) e pela própria visão de
maçonaria a partir das diferentes influências que lá vieram a se encontrar. Além desses conflitos, a partir
da década de 50 instalou-se o caos na Ordem devido ao péssimo trabalho do Grão-Mestre e de seus
prepostos4. Assim, em 1773, em um esforço pela reorganização da Ordem, decide-se pela fundação do
Grande Oriente da França com objetivo de reintegrar lojas e uniformizar ritos e orientações existentes no


1 Marcelo Bezerra é mestre maçom na ARLS Templários da Luz e Perfeição 3716, filiada ao Grande Oriente do

Brasil – SP; Maçom do Arco Real no Capítulo Santo Amaro 7250, filiado ao Supreme Grand Chapter of Royal Arch
Masons of England; e Príncipe Rosa-Cruz, grau 7 (4ª Ordem) no Capítulo São Paulo 32, filiado ao Supremo
Conselho Filosófico do Rito Moderno do Brasil. Foi palestrante das edições 2018, 2019 e 2020 da Jornada
Maçônica em São Paulo. É formado em Administração e Marketing, com pós-gradução em Finanças e
Investimentos pela PUC-RS, e pós-graduado em Maçonologia: História e Filosofia pela Uninter do Paraná.
Profissionalmente, atua na área de segurança cibernética.
2 Teoria defendida por maçonólogos como Joaquim Villalta, Victor Guerra, Patrick Negrier e Roger Dachez
3 Eram sete as leis de Noé, sendo que as três primeiras são comuns às grandes religiões monoteístas e, conforme

as Antigas Obrigações do Ofício, são indispensáveis para a união dos Maçons como Irmãos: (1) renunciar a todos
os ídolos; (2) venerar o único e verdadeiro Deus; (3) não cometer assassinato. Nota de Kennyo Ismail (Ahiman
Renzon, pág 100).
4 Aslan, 2010.


1
país.
Duas influências foram determinantes para a formação da Maçonaria francesa: a judaico-cristã e a das
ordens de cavalaria. Apesar de toda a questão anticatólica patrocinada pelos pensadores iluministas, a
França ainda era um país predominantemente cristão, o que acabou por refletir-se também na organização
da Maçonaria, como se pode notar pela cristianização das Constituições de Anderson. O documento de
1723 estampava logo em seu primeiro parágrafo - “Sobre Deus e religião” - um direcionamento universalista
e tolerante, que abria a Maçonaria para todos os homens quaisquer fossem suas religiões:
“Um Maçom é obrigado, por dever, a obedecer a Lei Moral; e se ele compreende corretamente a
Arte, nunca será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso. Muito embora em tempos antigos
os Maçons fossem obrigados em cada país a adotar a religião daquele país ou nação, qualquer que
ela fosse, hoje pensa-se mais acertado somente obrigá-los a adotar aquela religião com a qual
todos os homens concordam, guardando suas opiniões particulares para si próprio, isto é, serem
homens bons e leais, ou homens de honra e honestidade, qualquer que seja a denominação ou
convicção que os possam distinguir; por isso a Maçonaria se torna um centro da união e um meio
de conciliar uma verdadeira amizade entre pessoas que de outra forma permaneceriam em
perpétua distância.”5
Porém, em sua tradução para o francês, em 1735, o abade Moret, então Grande Secretário da Grande Loja
da França, escreveu assim6:
“Um Maçom Livre é obrigado por seu estado a se conformar com a moral e, se ele entende a Arte,
ele nunca será um ateu, nem um libertino sem religião. Embora nos séculos passados os maçons
fossem obrigados a ser da religião do país em que viviam, por algum tempo tem sido considerado
mais apropriado exigir deles somente a religião que todos os cristãos concordam, deixando cada
um com seus sentimentos particulares, isto é, ser bons irmãos e fiéis, ter honra e probidade, porém
podem ser distinguidos de outros lugares; por este meio, a Maçonaria se torna o centro e a união
de uma amizade forte e desejável entre pessoas que, sem ela, estariam separadas para sempre.”7
Para Pierre Mollier8 em artigo disponível em seu blog9 a ritualística trazida da Grande Loja dos Modernos
também foi adaptada e cristianizada pelos franceses. Para comprovar sua tese o autor utilizou como
referência o Corps Complete de Maçonnerie (Corpo Completo de Maçonaria), publicado em 1770 pela então
Grande Loja da França10 e que, segundo o estudioso, foi utilizado pelas Lojas entre 1760 e 1780, e exemplo
para todo o período entre 1740 e 1780. Victor Guerra, em seu blog “Rito Moderno / Francés”, comentou o
estudo de Mollier e aponta que outros rituais usados no país antes de 177011 não apresentavam o mesmo
nível de religiosidade cristã. No entanto, ainda que o ritual apontado por Mollier não fosse o único ou
mesmo majoritário, é um ótimo exemplo da influência bíblica da época, conforme se vê na sequência do
catecismo12 abaixo, do Corps Complete de Maçonnerie13:
P.: Você vê joias?
R.: Sim, Venerável Mestre, três móveis e três imóveis
P.: Quais são as móveis?
R.: A Bíblia, o Esquadro e o Compasso […]
P.: Qual o uso das móveis?
R.: A Bíblia, é Deus & um ser que nos mantém temerosos & e nos instrui em nossa religião (…)

5 The Constitutions of Free-Masons, 1723. “Concerning God and Religion”.
6 Tradução do autor
7 apud VILLALTA, 2013, p. 182
8 investigador e bibliotecário do Grande Oriente da França
9 https://pierremollier.wordpress.com – versão reduzida do estudo publicado na revista Joaben, do Grande

Oriente da França, O estudioso Victor Guerra comenta o trabalho original em seu blog, o que dá mais luz ao tema.
10 Que em 1875 se transformaria no Grande Oriente da França
11 Conhecidos como el Demasqué, o el Chartres o el Recuil (GUERRA, 2017)
12 Sequência de perguntas e respostas em um ritual maçônico
13 apud MOLLIER, 2016


2
P.: A quem é dedicada sua Loja?
R.: A São João
P.: Por quê?
R.: Porque São João foi tanto o percursor da fé e por batizar o Senhor, e foi por ele eleito por seu chefe
(…)
P.: Como você foi introduzido na Loja?
R.: Por três grandes golpes
P.: Que significam?
R.: Estas três máximas da Santa Escritura: procure e você encontrará; bata e se abrirá para você; peça e
será dado a você.
Quando da criação do Grande Oriente da França em 1773, criou-se um grupo liderado por Röettiers de
Montaleau (1748-1808) para revisão dos rituais dos graus simbólicos e de sabedoria14. O comitê decidiu pela
retirada de todas as referências bíblicas, ainda que continuasse deísta. O trabalho resultou nos rituais do
Regulateur du Maçon, que vieram a ser publicados apenas em 1801, após o fim do turbulento período da
revolução francesa. Algumas lojas, no entanto, mantiveram as referências bíblicas, gerando mais tarde ritos
com viés confessional, como o Rito Escocês Retificado.
O outro conjunto de influências foi o do cavalheirismo medieval, a partir do famoso discurso do cavaleiro
Andre Michel de Ramsay (1648-1743). Uma das influências determinantes da maçonaria francesa, o
discurso foi proferido entre 1736 e 1738, provavelmente em Loja por ocasião de uma iniciação ilustre15.
Defendia que a maçonaria foi criada pelos cavaleiros cruzados de São João de Jerusalém (os quais eram
adversários dos Templários), que teriam reconstruído o Templo, migrado para a Inglaterra, estabelecido a
Maçonaria e depois voltado para a França. A lenda adicionou pompa à Ordem, que deixava de ser herdeira
de trabalhadores braçais para ser descendente dos nobres da cavalaria, e atraiu a aristocracia francesa e
burgueses desejosos de nobreza. Também trouxe um ideário católico, “para unir os cristãos do mundo em
uma mesma confraria”. A influência sobre os rituais franceses da época pode ser vista nesse pequeno trecho
do ritual El Recuil (Berté)16 de 1788:
P.: Como é chamada sua Loja?
R.: De São João
P.: Por que você diz de São João e não de outro santo?
R.: Devido ao tempo das guerras na Palestina, os Cavaleiros da Ordem de São João se uniram aos maçons
para combater os infiéis.
Alguns autores, entre eles Jean Palou, Joaquim Villalta, Roger Dachez e Alain Bauer, consideram que Ramsay
foi, dessa forma o precursor dos altos graus franceses, a começar pelo grau do Cavaleiro do Oriente e da
Espada, que durou de 1740 a 1750. Os graus se estruturam de maneira bem diferente do sistema inglês.
Nas ilhas britânicas, maçons “antigos” e “modernos” compartilharam o mesmo conceito do que seria a
“maçonaria pura”, aquela constituída de três graus, o craft. Os Antigos estruturaram um grau
complementar ao de Mestre, o Arco Real, e que foi também encampado pelos Modernos décadas antes da
fusão. No entanto, o Arco Real não dá nenhum status complementar ao mestre maçom inglês. Já as outras
ordens existentes, incluindo a de cavalaria templária, são paralelas e opcionais, algumas sem muita ligação
com a Grande Loja.
Já na França ser mestre maçom era pouco, e rapidamente e sem qualquer controle proliferaram os altos
graus, conferindo aos seus detentores um status que fazia o terceiro grau parecer muito pouco. A
proliferação descontrolada, inclusive com a venda de graus, criou uma situação de conflito onde maçons
autodenominados de Escoceses compareciam às Lojas simbólicas revestidos de suas insígnias dos altos
graus e reivindicavam privilégios e honrarias. Os graus acabaram por ser organizados ao longo das décadas,


14 Nesse caso os quatro graus superiores definidos na ocasião da fundação do Grande Oriente e que mais tarde

passaram a fazer parte dos graus filosóficos do Rito Francês e Moderno


15 PALOU, pág 96
16 apud Victor Guerra, 2017


3
alguns com até 99 níveis, e assim acabou-se perpetuando o sistema em que o grau de mestre é tão somente
o primeiro dos graus superiores. Foi esse sistema que se expandiu pela maior parte da Europa e dos países
de língua latina, constituindo a grande parte dos ritos praticados no mundo.
Mas a combinação de cavalaria e cristianismo não foi a única influência. Os franceses também foram mais
abertos à adição de elementos místicos da alquimia, hermetismo, Cabala, gnosticismo e rosacrucionismo,
entre outros. No século XIX um importante influenciador foi o ocultista Eliphas Levi (1810-1875). Como
resultado, os franceses incorporaram em seus rituais elementos místicos que se combinaram aos judaico-
cristãos, e símbolos e alegorias passaram a ter uma conotação de segredos, ocultando mistérios apenas
percebidos por iniciados, enquanto para os ingleses servem como ferramentas de instrução, como explica
Roger Dachez:
“Na era de Preston, através do século dezenove até os dias atuais, a Maçonaria britânica continua
a ver os símbolos maçônicos como emblemas simples os quais servem como lembretes gráficos dos
ensinamentos fundamentais da moral judaico-cristã, as fundações do que pode ser encontrado nas
sagradas escrituras. De acordo com os rituais ingleses, estes são “critérios infalíveis para a justiça e
a verdade” 17.
Os símbolos e alegorias na França eram, como são até hoje nos rituais latinos dela derivados, acesso para o
mundo esotérico e espiritual, indecifráveis aos profanos, como expressado por Oswald Wirth, em seu livro
Les Mystères de l’art royal (Os Mistérios da Arte Real):
“Ciência profana é ensinada por palavras, enquanto o conhecimento iniciático pode apenas ser
adquirido através de símbolos. O iniciado encontra esta sabedoria (gnosis em grego) dentro de si
mesmo ao compreender referências sutis. Ele precisa procurar pelo que está escondido nas
profundezas de sua mente”18
Para Kenyo Ismail19, a Maçonaria francesa acabou também por encampar as ideias da religião civil de
Rousseau, o que pode ser notado pela sacralização dos espaços das lojas maçônicas, onde o salão da Loja
na Inglaterra tornou-se o templo na França, e objetos decorativos relacionados à simbologia ganharam
status religioso. A relação com a ritualística também se diferenciou. Embora ambos deem importância à
execução perfeita, e nesse quesito ressalta-se os rituais decorados nas lojas inglesas, a ritualística francesa
a partir do sec. XIX foi ganhando novos elementos, cristãos e místicos, e ganhando também um sentido
religioso, de liturgia.
Todo esse caldo de influências na França resultou em uma Maçonaria muito mais complexa. Deísta, em
parte cristã e mística, em parte laica, com características das ordens de cavalaria, e organizada – de certa
forma dividida – em diversos ritos. Para completar, a partir de 1887, com a reforma do Grande Oriente em
relação ao Grande Arquiteto do Universo, parte da Ordem deixou também de ser deísta e passou a iniciar
ateus. Toda essa variedade acabou por separá-la ainda mais da Maçonaria inglesa e sua simplicidade, onde
todas as Lojas compartilham de um mesmo sistema, diferenciando-se apenas nos detalhes da ritualística
adotada.
A evolução em diferentes direções resultou também em princípios diferentes. Os maçons anglo-saxões têm
por lema Amor Fraterno, Amparo e Verdade, e se dedicam ao trabalho beneficente patrocinando escolas,
hospitais e orfanatos. Já os franceses adotaram o lema da revolução francesa: Liberdade, Igualdade e
Fraternidade – e mantiveram a participação ativa na política, sobretudo no séc. XIX, e em diferentes países
para onde se expandiu.
Apesar de nas primeiras décadas do séc. XIX a Maçonaria francesa ainda estar se organizando e sofrer por
toda a primeira metade do século conflitos que resultaram em divisões, foi ela que acabou por se expandir
em toda a Europa e a atingir as colônias espanholas e portuguesas, além das francesas. O sistema anglo-

17 DACHEZ; BAUER, 2015, p. 60
18 Ibidem, p. 62
19 Em aula da disciplina Maçonaria Especulativa, do curso de Pós-graduação lato sensu EAD em Maçonologia:

História e Filosofia, UNINTER, 2018



4
saxão, unificado e organizado em 1813 na Grande Loja Unida da Inglaterra, acabou por expandir-se apenas
nas colônias inglesas, com especial referência aos Estados Unidos, onde prosperou com um sistema, ou rito,
próprio.

O Rito Francês ou Moderno


A criação do Rito Moderno ou Francês ocorreu na mesma época de criação do Grande Oriente da França
(GOdF), embora haja uma pequena discordância de datas. O ritual de Aprendiz do GOB de 2009 e outros
historiadores informam que “o Rito foi criado em Paris em 1761, constituído em 24 de dezembro de 1772 e
proclamado em 9 de março de 1773”. Já Paulo Cesar Gaglianone, no livro “Rito Francés o Moderno: la
masonería del tercer milênio”, anota que o Grande Colégio de Ritos do Grande Oriente da França reconhece
o ano de 178620. A divergência de datas provavelmente se deve ao longo processo de negociação e
conciliação até se chegar ao formato final tanto do Grande Oriente como do rito. O autor Gustavo Patuto
cita que do início da atuação do novo Grão Mestre Luis Felipe de Orleans, duque de Chartres, em 1773, até
o fim do processo levou-se quase dez anos entre brigas e conflitos.
O objetivo do recém fundado Grande Oriente era pela uniformização das práticas no país, incluindo rito e
ritualística comum à todas as Lojas. Não havia a pretensão de se diferenciar de outros ritos da época, ou de
se criar um “rito francês”, tanto que o Colégio se inspirou nos rituais da primeira Grande Loja inglesa, aquela
época já chamada por seus adversários como “Loja dos Modernos”. O novo rito era, portanto, apenas o rito
definido para as Lojas. Naquele momento não existia ainda a terminologia “francês” ou “moderno” para se
referia ao conjunto de doutrinas e práticas ritualísticas. O termo “rito francês” acabou por ser adotado ao
longo do século XIX na França, enquanto “moderno” passou a ser adotado em outros países, como a Bélgica,
porém sempre se referindo ao mesmo rito.
A liderança da Câmara de Graus criada em 1782 para reorganizar os rituais ficou a cargo de Roëttiers de
Montaleau, então já importante figura da sociedade francesa e do Grande Oriente. Por seu trabalho, é
considerado o pai do Rito Moderno. Porém, sua atuação em prol da Maçonaria e do Rito não acabou aí. A
Maçonaria francesa acabou por adormecer durante boa parte do período da Revolução Francesa, e prédios
maçônicos foram atacados e pilhados. Em meio ao caos, foi justamente Montaleau quem salvou os
documentos do GOdF e do Rito, sendo eleito Grão Mestre de 1799 a 1802.
Os novos rituais eram laicos apesar de deístas, sem referências bíblicas ou dogmáticas, e adotavam os
mesmos sinais, marcha, disposição de colunas e outras características dos rituais dos “Modernos” de 1717.
Outros ritos desenvolvidos na França como o rito Escocês Retificado de 1782, o rito Escocês Antigo e Aceito
de 1804, ou rito Adonhiramita de 178421, mantiveram elementos de religiosidade, misticismo e cavalaria
inexistentes nas lojas inglesas e que hoje consideramos como característicos da Maçonaria francesa. A
proximidade dos conceitos ingleses se revelou também na preferência por um rito composto tão e somente
pelos três graus simbólicos, a “maçonaria pura” inglesa22, em contraposição à verdadeira febre que existia
na época pelo escocismo e seus altos graus, que conferiam grande status a quem os tivesse23. O Grande
Oriente acabou por ceder às pressões e em 1786 adicionou quatro graus filosóficos adicionais, mais uma
quinta ordem de caráter acadêmico e administrativo. A alteração não afetou os graus simbólicos, que
mantiveram as características herdadas dos ingleses. Apesar dos trabalhos terem terminado antes do início
da revolução francesa de 1789, os rituais simbólicos foram apenas publicados em 1801 com o nome de
Regulateuer du Maçon, em conjunto com os rituais dos graus filosóficos, o “Régulateur des Chevaliers
Maçons”.


20 Paulo Cesar Gaglianone, “Rito Francés o Moderno: la masonería del tercer milênio”, pág 45
21 Pode haver imprecisões ou discordância em relação às datas de criação de cada rito quando comparado a

outros autores, porém não alterando o contexto do estudo.


22 A Grande Loja Unida da Inglaterra considera como “maçonaria pura” aquela composta pelos três graus do craft

(simbólicos) mais o Arco Real.


23 ASLAN, 2010


5
Os primeiros anos do novo século não foram, porém, tranquilos, apesar do grande crescimento que a
Maçonaria francesa obteve no período. Se iniciava na França a era de Napoleão Bonaparte, do Golpe do 18
do Brumário ao fim do Primeiro Reinado (1799 – 1814), que viu na Ordem uma grande aliada, tanto para
controle do Exército como para promover a expansão cultural em suas conquistas territoriais. Até hoje os
historiadores discutem se o general imperador foi ou não iniciado maçom, mas é sabido que vários de seus
parentes e auxiliares eram declaradamente maçons. O próprio Napoleão, porém, nunca confirmou ou
negou sua filiação. Independente de sua condição, ele buscou desde o início o controle estatal sobre a
Ordem. Foi nesse espírito que em 1805 determinou a fusão da Grande Loja Geral Escocesa de França com
o Grande Oriente da França, resultando em uma confusão geral ao unir irmãos com visões destoantes de
maçonaria, além dos conflitos entre os graus simbólicos e os altos graus escoceses. Tal situação só viria a
ser resolvida nas décadas seguintes.
Os primeiros anos do século viram também a constituição do REAA a partir da fundação do primeiro
Supremo Conselho em Charleston, EUA, em 1801, e a valorização do rito em detrimento do rito francês e
principalmente dos seus graus filosóficos, que cada vez mais deixavam de ser praticados, caindo em desuso
ainda na primeira metade daquele século, como comenta Joaquim Grave dos Santos:
“O recém-chegado Rito Escocês Antigo e Aceito, pela sua estruturação piramidal, pelo fato de incluir
Graus tidos como subsequentes ao “Rosa-Cruz”, e pela incorporação de figuras destacadas do novo
Regime (nomeadamente da Alta Aristocracia), revelou-se mais bem adaptado às circunstâncias da
época romântica. Assim, os Capítulos Franceses foram passando a acumular os dois Ritos, para
poderem servir de base a Conselhos Kadosch, tendo vindo, progressivamente, a converter-se em
Capítulos Escoceses. (...)24
Outro fator que contribuiu para a preferência pelos graus superiores do REEA foi a concessão direta do Grau
18, equivalente à quarta ordem no Rito Francês.
A revisão Murat de 1858 sob a liderança do então Grão Mestre e Príncipe Lucien Murat, da Casa de mesmo
nome, tradicional família da nobreza francesa, realinhou os rituais com a Constituição da UGLE de 1815 e
incorporou características do REAA. Já os graus superiores passaram a ser substituídos pelos graus do REAA,
como comenta Joaquim Grave dos Santos:
A “revisão Murat” dos Rituais do Grande Oriente de França, realizada em 1858, veio a instituir o que
já existia na prática, escalonando os “Altos Graus” do REAA na sequência dos Graus Simbólicos
Franceses, e oficializando o abandono das Ordens Superiores.”25

A Reforma de 1877
O divisor de águas do rito, no entanto, ocorreu em 13 de setembro de 1877, quando o pastor Frédéric
Desmons (1832-1910), então membro do Conselho da Ordem, propôs e conseguiu aprovar por ampla
maioria retirar do artigo primeiro das constituições do GOdF a obrigatoriedade na crença em Deus e na
imortalidade da alma, em uma opção pelo agnosticismo científico e da liberdade religiosa para seus
membros.
A reforma deve ser analisada com base no contexto da época, no embate ainda forte entre modernidade e
tradicionalismo, este era liderado pela Igreja Católica, que havia consolidado um modelo de centralização
absolutista na figura do Papa, o ultramontanhismo. Para Roma, a sociedade deveria novamente se organizar
em torno da fé católica e da Igreja, e contra o avanço e progresso social e científico cada vez maiores
naquele último quarto do século. Todos os Papas do século combateram diretamente as inovações que
consideravam uma ameaça à Igreja, para eles lideradas pelas sociedades secretas reunidas na Maçonaria.
Em 1846, o Papa Pio IX (1846-1878) publicou sua primeira encíclica – Qui Pluribus, em que trata das

24 DOS SANTOS, Joaquim Grave. ORDENS DE SABEDORIA DO RITO FRANCÊS: CONSTRUÇÃO, DESCONSTRUÇÃO E

RECONSTRUÇÃO.
25 ibidem


6
filosofias que em sua opinião ameaçavam a fé cristã, como o racionalismo e o socialismo, o qual associa
com as sociedades secretas contrárias à doutrina da Igreja26. O maçonólogo André Muniz cita também
como motivação as “concepções teístas judaico-cristãs de grande parte dos maçons”.27 Para seus
defensores, a reforma foi a reafirmação contundente de que Maçonaria e religião são coisas diferentes, e
que fé é algo de foro íntimo, e que não deve ser trazido para uma instituição que prega a tolerância religiosa,
em clara oposição ao teísmo da Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE) e ao deísmo de outros ritos
trabalhados na França. Já para os opositores, a mudança contrariou os landmarks da Ordem e era
incompatível com a Maçonaria.
Dessa forma, foi o estopim do rompimento das relações do GOdF com a UGLE, que declarou o primeiro
como irregular sob acusação de ateísmo, apesar do Grande Oriente da Bélgica ter tomado a mesma decisão
anos antes dos franceses, em 1872, e sem a mesma repercussão. Os autores Álcio de Alencar Antunes
(2010), Dachez e Bauer (2015), consideram que a alteração da constituição foi apenas uma justificativa e
que os reais motivos do rompimento foram políticos e econômicos. Seja qual for a causa, o rompimento
permanece até os dias atuais. O cancelamento do reconhecimento gerou um efeito dominó que dividiu
ainda mais a Ordem. Mais tarde o GOdF e a dita Maçonaria Liberal iriam ainda mais fundo, ao aceitar Lojas
mistas e femininas.
Aproximadamente dez anos mais tarde, em 1886, foi publicado a revisão dos rituais por uma comissão
liderada por Louis Amiable (1837-1897), membro do Grande Colégio de Ritos do GOdF, que passou a ser
conhecido como ritual Amiable. Os novos rituais revelavam uma clara influência positivista, com a remoção
de qualquer referência religiosa e ao Grande Arquiteto do Universo. Como comenta Licou (2010), os rituais
eram um tema capital, e bastante controverso. Se por um lado havia quase consenso de que as provas
físicas da Iniciação eram por demais antiquadas e contrárias ao espírito dos novos tempos, e de fato foram
substituídas por discursos racionalistas e as três viagens representando infância, juventude e maioridade;
não havia entendimento em relação ao que significa tornar os rituais agnósticos, e o que ia ou não contra
as tradições e preceitos da Maçonaria. Assim as discussões levaram quase dez anos em meio a conflitos, e
o enxugamento religioso atingiu também a símbolos alegorias, removendo tudo que pudesse fazer ligação
com algum sentimento metafísico. “Era uma questão de remover práticas supersticiosas”28.
Outra crítica aos rituais Amiable é um suposto caráter socialista, o que pode ser questionado. O socialismo
estava ainda se desenvolvendo no século XIX. Na primeira metade surgiram as teorias do chamado
Socialismo Utópico, que pregava a conciliação das classes e a reforma do Capitalismo com a distribuição de
riquezas e cooperação na produção. O Socialismo Científico de Friedrich Engels (1820-1895) e Karl Marx
(1818-1883) veio na segunda metade, defendendo a extinção do Capitalismo e das classes sociais, com a
socialização total dos meios de produção, que seriam controlados pelo Estado, e a abolição da propriedade
privada. Apesar das diferentes vertentes, seus elementos principais eram os mesmos: defesa da
propriedade comum e da distribuição ou socialização dos meios econômicos. Além disso, direitos
trabalhistas, sufrágio universal, estado laico e a igualdade social e de direitos. As duas últimas pautas eram
também defendidas abertamente pela Maçonaria, enquanto a dos direitos dos trabalhadores se incluía na
pauta iluminista e maçônica da igualdade, e o sufrágio na defesa da democracia e contra o absolutismo.
Essa pauta socialista ia ao encontro do desejo de grande parte da população europeia governada por
regimes autocráticos, e fez parte das revoluções de 1848 pela democracia e liberalismo. O ano de 1871 na
França foi marcado pela Comuna de Paris, quando por dois meses a cidade foi tomada por uma insurreição
popular, majoritariamente composta pelo proletariado.
Apesar de todo o contexto histórico que certamente influenciou os maçons franceses em 1877, não há
nenhum trecho nos rituais que faça uma ligação com os preceitos socialistas. Tampouco há referencias
sobre tal influência pelos historiadores e estudiosos consultados. Os novos rituais substituíram as passagens
simbólicas da Iniciação e Elevação por pautas de responsabilidade social baseadas no pensamento

26 http://www.vatican.va/content/pius-ix/it/documents/enciclica-qui-pluribus-9-novembre-1846.html
27 MUNIZ, André Otávio Assis. Vade Mecum Completo das Ordens Superiores do Rito Moderno ou Francês. São

Paulo: Clube dos Autores, 2021. p. 37


28 MARCOS, 2006


7
iluminista, e na valorização dos atores da sociedade e das ciências, mas em nenhum momento tocam o
assunto da propriedade ou dos meios de produção. Com exceção destes dois preceitos, todos os outros
foram adotados mais cedo ou mais tarde em todo o mundo, o que representou a vitória das ideais do
iluminismo e do liberalismo. O próprio Papa Leão XIII publicou, mas ao final de seu pontificado, encíclicas
defendendo os direitos dos trabalhadores.
A reforma tanto das Constituições do GOdF como dos rituais, e o cancelamento de seu reconhecimento
pela UGLE e por dezenas de outras Obediências no mundo trouxe uma longa discussão sobre a regularidade
do Rito Moderno/Francês. Porém, por mais que se discorde dos rituais Amiable, é um equívoco chamá-los
de irregulares. Primeiro porque o reconhecimento de regularidade se refere às Obediências e não aos ritos,
como pontua André Muniz (2008) além de outros autores. O ponto de irregularidade acusado pela UGLE
não foi o rito em si, mas a decisão do GOdF de não seguir os fundamentos das Constituições inglesas e
aceitar ateus. Tanto que o Rito Moderno e o Francês são praticados por várias Obediências reconhecidas,
como o GOB. Outro equívoco comum é dizer que o Rito aceita e inicia ateus. Nem o Rito e nem as Lojas
aceitam candidatos a iniciação, e sim a Obediência, que é quem define as regras para filiação. Por fim, a
remoção da referência ao GADU tampouco o tornaria irregular, pois o próprio Regulateur faz apenas
referência ao GADU nas cerimônias de grau. Se assim fosse, ritos que incorporaram componentes estranhos
à Maçonaria inglesa também assim deveriam ser considerados. Sobre esse tema, vale a reflexão de René
Guénon:
"Tem-se escrito tanto sobre a questão da regularidade maçônica, já se deram tantas definições
diferentes e, inclusive, contraditórias, que este problema, longe de estar resolvido, tem, talvez,
ficado mais e mais obscuro. Parece-nos que foi mal colocado, pois, frequentemente, busca-se
sempre fundamentar essa regularidade sobre considerações puramente históricas, apoiando-se em
provas, verdadeiras ou supostas, de uma transmissão ininterrupta de poderes de uma época mais
ou menos recuada; é preciso confessar que, partindo desse ponto de vista, seria fácil encontrar
irregularidades na origem de todos os ritos praticados na atualidade. Sendo assim, pensamos que
isso tudo está muito longe de ter a importância que alguns quiseram lhe atribuir e que, a verdadeira
regularidade está essencialmente na ortodoxia maçônica, e que esta ortodoxia consiste acima de
tudo em seguir fielmente a tradição, em conservar cuidadosamente os símbolos e as formas rituais
que expressam esta tradição e que constituem sua roupagem, e em rechaçar toda inovação suspeita
de modernidade."29

Desenvolvimento na França
Em 1907, sob a liderança de Juan-Baptista Blatin, o Grande Oriente da França patrocinou uma mudança
ainda mais profunda em direção ao caráter positivista e de enxugamento da ritualística, com nova alteração
em 1922, conhecida como “Gérard”. Naquele momento, pouco havia nos trabalhos em Loja da ortodoxia
maçônica a que se refere Guenón. Tais desvios geraram descontentamento entre Lojas e maçons, até que
em 1946 o Grão-Mestre Arthur Groussier deu início à recuperação de várias das características originais do
Rito, sobretudo na simbologia, no que veio a ser conhecida como reforma Groussier, e que veio a encontrar
seu formato final em 1955, sob Paul Chevalier. Outras iniciativas resultaram em variações como o Rito
Francês Tradicional e o Rito Francês Moderno Restabelecido. Hoje tanto o Amiable como o Regulateur
caíram em desuso e são pouco adotados, sendo o Groussier e variações o mais praticado.
O movimento positivista iniciado em 1877 acabou por prejudicar a adoção do Rito, perdendo ainda mais
espaço e importância para o REAA, que se tornou o rito majoritário em vários países, inclusive nas
Obediências mistas e femininas. A recuperação do Rito começou apenas na segunda metade do século XX.
Já o efeito nos graus filosóficos foi ainda mais contundente, e eles deixaram de ser praticados na Europa
por mais de cem anos, sendo apenas recuperados já para o final do século passado.
De acordo com pesquisa realizada por Gustavo Patuto (2020) há no Grande Oriente da França e na Grande

29 René Guénon – Revista “La Gnose”, abril de 1910, apud MUNIZ, 2021


8
Loja Nacional Frances, 1110 Lojas trabalhando no Rito Francês/Moderno para 1268 Lojas trabalhando no
REAA. O Rito é ainda praticado em Portugal, Espanha, Suiça, Bélgica, Paraguai, República Tcheca, Mauricius,
Madagascar e Costa do Marfim.

O Rito no Brasil
O Rito é praticado no Brasil, tanto nos graus simbólicos como nos filosóficos desde a função do GOB em
1822. De acordo com Inocêncio Viegas30, o Grande Oriente do Brasil adotou em 1832, após sua restauração,
o Rito Francês como rito oficial. Os novos rituais do Rito Moderno para o GOB são publicados em 1834 e a
Obediência reconhecida pelo Grande Oriente da França em 184131. O GOB decidiu por seguir a reforma de
1887 e os rituais Amiable na sessão do dia 23 de junho de 1892, publicando o decreto n° 109 de 30 de julho
do mesmo ano, sob a gestão do Grão-Mestre Antonio Joaquim de Macedo Soares. Um grande baque para
o Rito foi a cisão de 1927 que criou as Grandes Lojas Estaduais, que não vieram a adotar o Rito Moderno. O
próprio líder do movimento de cisão, Mário Behring, criticava acidamente o Rito.
No GOB, o Rito Moderno continua a ser praticado até hoje com a base dos rituais Amiable, porém com uma
série de enxertos adicionados durante o século XX, alguns estranhos ao próprio Rito, como a circulação do
saco de propostas e informações e do tronco de solidariedade, o que acabou por gerar um “Rito Moderno
Brasileiro”. Ao se analisar os rituais brasileiros ao longo do século se nota até um certo descaso, com trechos
copiados claramente copiados de rituais do REAA. Um bom exemplo é o ritual de 1976 que citava diáconos
(que nunca existiram no Rito Francês) e o mestre de cerimônias portando bastão (sendo que sempre portou
espada). Ao invés de corrigir o ritual, os irmãos da época optaram por incluir notas de rodapé explicando
que ambos não se aplicavam ao Rito. Além dos acréscimos sem embasamento, o Rito sofreu ainda por
invenções místicas de irmãos, como a circunvolução evitando o piso mosaico (apesar das instruções claras
contidas no ritual de que isso não existe no Rito32 e do fato de que literalmente o piso mosaico deveria
revestir todo o ocidente33, o que faria impossível o ato de não pisar nele), e a existência de uma egrégora
metafísica em Loja.
Com a cisão de 1973, os Grandes Orientes Estaduais continuaram a praticar o Rito, apesar de atualmente
não existir uma padronização em todos eles para os rituais. Dessa forma, apesar da maioria dos Estados
praticar rituais baseados no Amiable, há Lojas ao menos nos Estados do Paraná e Santa Catarina que
praticam o Groussier. A pesquisa de Gustavo Patuto (2020) indica que até o dia 19 de agosto de 2020, o
Rito Moderno estava sendo trabalhado por 209 Lojas em todo o país, com representantes em 25 Estados
da Federação.
Já nos graus superiores, o Brasil ostenta uma posição única no mundo. A interrupção da prática dos graus
superiores na França fez com que o país fosse o único em que os graus foram praticados ininterruptamente
desde a fundação das Potências no Brasil. Como sabemos, o GOB foi fundado sob o nome de Grande Oriente
Brasileiro em 17 de junho de 1822, para ser fechado pelo Imperador e Grão-Mestre D. Pedro I em 25 de
outubro do mesmo ano, até a reabertura em novembro de 1831. Em 1842 a Obediência criou o Grande
Colégio de Ritos a fim de regular os altos graus dos Ritos Moderno, Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito.
Em 1855 foi criado o Sublime Grande Capítulo dos Ritos Azuis, ainda integrado ao GOB, mas já sem o REAA.
Somente em 1874 o nome seria alterado para Grande Capítulo do Rito Moderno, sem os graus
adonhiramitas. A separação das Obediências simbólicas e filosóficas viria a ocorrer apenas em 1951. Em
1976 o nome foi novamente alterado, para Supremo Conselho do Rito Moderno para o Brasil, e em 1992
para Supremo Conselho do Rito Moderno (SCRM).
Em 2013, uma série de discordâncias levaram a uma cisão no SCRM e à fundação do Supremo Conselho
Filosófico do Rito Moderno do Brasil (SCFRMB), que em 2019 tornou-se a única Potência filosófica


30 1986, apud GAGLIONE, Paulo César. Rito Francés o Moderno: la masonería del tercer milenio, p. 56
31 idem
32 Ritual do Aprendiz Maçom do GOB, 2009, p. 173
33 Ritual do Aprendiz Maçom do GOB, 2009, p. 30


9
reconhecida pelo Grande Oriente do Brasil. Os graus filosóficos no Brasil são também praticados no âmbito
dos Grandes Orientes Estaduais confederados na COMAB sob a jurisdição da Oficina Chefe do Rito
Moderno.

Deus e Religião
A publicação das Constituições dos Maçons Livres em 1723, organizadas por Anderson e Desagulliers,
representa um marco indiscutível para a Maçonaria Especulativa em seus primeiros anos. Não só por se
tratar do primeiro documento formal editado pela ainda incipiente Grande Loja de Londres, mas também
por definir os primeiros parâmetros para a prática da Maçonaria, da organização das Lojas ao
comportamento dos seus membros, mas também, e principalmente, por definir os seus conceitos
filosóficos básicos. Muito se escreveu sobre as Constituições na ocasião da comemoração dos 300 anos da
fundação primeira Grande Loja, e muito se escreverá até as comemorações do tricentenário de sua
publicação, mas é indiscutível o direcionamento dado por aqueles primeiros irmãos à questão da religião.
O tema de Deus e religião foi abordado logo em seu primeiro parágrafo, não como uma simples visão, mas
como a especificação do perfil de um maçom, e permanece atual até hoje, ao invocar a tolerância religiosa
e definir a Maçonaria como o Centro de União de todas as crenças e todos as pessoas, sendo a religião
natural do ser humano, e portanto, o caráter elementar de um maçom, ser uma pessoa boa e leal, honrada
e honesta. O texto também afastava a Maçonaria Especulativa recém fundada de uma linha confessional,
dando aos seus rituais um caráter laico, a fim de se compatibilizar com qualquer orientação religiosa.
Essa decisão dos primeiros maçons da Grande Loja de Londres causou desde seu início uma série de
conflitos com outras visões já naquela época, defensoras de uma linha confessional cristã e católica, o que
na verdade impedia, e impede, a Maçonaria de ser um verdadeiro centro de união universal. No entanto, a
visão laica e universalista em nada prejudica a espiritualidade, como bem definiu o maçonólogo Joaquim
Villalta:
“O Estado laico (não confessional) não é privado de valores éticos ou espirituais. Este estado laico
liberal é inevitavelmente uma consequência do pluralismo confessional, um lugar de miscigenação
cultural e em particular de valores religiosos.” (VILLALTA, 2020, p. 54)
Victor Guerra em seu mais recente livro34, faz referência à diversidade religiosa da sociedade inglesa nas
primeiras décadas do século XVIII assim como da proximidade de maçons como os membros da Royal
Society, em que sem dúvida deveriam já existir ateus. Um livro para entender essa relação é “Freemasonry
and the Birth of Modern Science” de Robert Lomas. No fim, os primeiros maçons estavam sendo fiéis a um
de seus pilares filosóficos: o Iluminismo inglês, que preconizava a virtude, a moral e o aperfeiçoamento da
sociedade através do aperfeiçoamento pessoal. Para Victor Guerra, tal diversidade, e os conflitos dera
derivados, levaram ao conceito de um Deus arquiteto não personificado e distante – o Grande Arquiteto do
Universo – no deísmo que veio a caracterizar as primeiras Constituições, e que levaram ao choque, décadas
mais tarde, com a Grande Loja dos Antigos, de caráter teísta e defensora da crença em um deus revelado.
“Esse mesmo paradigma se desenvolverá dentro de uma maçonaria latitudinal que acusa essa
herança newtoniana de um Deus filósofo, por meio de um Grande Arquiteto do Universo que dota
o mundo de leis racionais, mas que torna seu afastamento um desconhecido, onde aparece como o
autor do mundo, um mundo que os newtonianos designaram com a denominação ambígua de
sensoriun Dei, que não se confunde com a natureza, e que é criticado por seu intervencionismo, mas
sem que os maçons neguem a fé”35.
Para Ric Berman36 as definições sobre Deus e religião substituíram a declaração formal da fé cristã presente
nos Antigos Deveres, estabelecendo a fé no divino sem as formas de adoração, o que para o acadêmico
representava também a negação e redução da importância das organizações eclesiásticas. Apesar de ser


34 La masoneria de los Modernos: Historia y ritualidad (2020)
35 GUERRA, 2020
36 idem


10
hoje teísta, a Maçonaria inglesa manteve o conceito iluminista de suas origens, no objetivo comum de
desenvolvimento moral de seus membros, da virtude social e da caridade. Tornar bons homens em homens
ainda melhores é o seu lema e mote. Em resumo, uma escola de moral.
Como já vimos, as Constituições foram cristianizadas em sua tradução ao francês pelo Abade Moret em
1735, porém o laicismo do rito praticado pelos maçons ingleses, e transmitidos aos franceses das primeiras
Lojas do país, foi resgatado pelos trabalhos que formataram o rito que seria praticado pelo Grande Oriente
da França. Pierre Mollier descreve37 como Montaleau conseguiu secularizar o ritual que seria publicado no
Regulateur sem, no entanto, romper completamente com a herança bíblica. Ele omitiu referências bíblicas
e conotações religiosas sem, no entanto, ir contra a religião:
“... a codificação desenvolvida em 1785 pela equipe que trabalhava em torno de Roëttiers de
Montaleau, no Grande Oriente e depois no Grande Chapitre, apresenta uma versão fortemente
secularizada. Quase todas as referências bíblicas ou conotações religiosas, abundantes nos textos
originais, foram apagadas. ... As circunstâncias de seu estabelecimento conferem-lhes um caráter
duplo. Por um lado, eles permanecem fiéis às cerimônias de uma antiga Maçonaria francesa muito
marcada por referências bíblicas, mas, por outro, eles turvaram no texto do ritual as citações ou as
referências ostensivas "às Escrituras". É esse equilíbrio entre tradição e modernidade, esse
secularismo bíblico - ou essa “biblicidade secular, para quem não deseja acrescentar um adjetivo à
palavra secularismo, o que torna, em nossa opinião, a riqueza e o interesse da versão Roëttiers de
Montaleau do Rito Francês.”38
Como já visto, os rituais publicados em 1886 (Amiable) buscaram remover essa herança da Maçonaria
francesa que cita Mollier, em consonância com o movimento reformista de dez anos antes. No entanto, é
incorreto se referir ao rito como ateu, já que não há nenhuma referência sobre ateísmo nesses rituais. Os
rituais Amiable acabaram por implementar com sucesso a proposta de neutralidade, deixando as questões
de crença a cada um dos membros. No entanto, como os requisitos para ingresso na Ordem são definidos
pelas obediências, e as Obediências chamadas de regulares não iniciam ateus, todos os maçons regulares,
portanto, professam alguma crença, seja deista ou teista.
Sobre a questão de invocar ou não o GADU, vale comentar a reflexão do estudioso André Muniz39 em que
a invocação ao GADU não significa nem deve se identificar com nenhum deus, tratando-se de um “símbolo
iniciático”, nas palavras do escritor René Guenon, referenciado por Muniz, relativo “ao conceito daquele
que traça o ‘plano ideal’”. Muniz, portanto, não vê contradição em invocar ao GADU (quando com o
conceito correto) ou fazer juramentos sobre o livro sagrado da respectiva religião do irmão.

As Características do Rito Moderno


Para o estudioso Rene Guenon40, “a verdadeira regularidade está essencialmente na ortodoxia maçônica, e
que esta ortodoxia consiste acima de tudo em seguir fielmente a tradição, em conservar cuidadosamente
os símbolos e as formas rituais que expressam esta tradição e que constituem sua roupagem, e em rechaçar
toda inovação suspeita de modernidade." Nesse sentido, podemos listar os elementos reconhecidos pelos
diversos autores pesquisados como característicos do Rito Francês/Moderno, apesar dos riscos associados
a esse pequeno exercício.
O aspecto mais interessante do Rito Moderno é o fato de trazer ao mesmo tempo características da
Maçonaria inglesa, ou anglo-saxã, e da Maçonaria francesa, ou latina, como herança de sua própria história.
Como já abordado anteriormente, ao uniformizar a Maçonaria francesa em 1773, o GOdF acabou por
consolidar um ritual bastante fiel às origens dos “Modernos”, as quais desapareceram quando da união


37 Le Rite Français et la Bible. Disponível em https://pierremollier.wordpress.com/2016/02/06/le-rite-francais-

et-la-bible.
38 ibiden
39 MUNIZ, André Otávio Assis. Vade Mecum Completo das Ordens Superiores do Rito Moderno ou Francês. São

Paulo: Clube dos Autores, 2021. pp. 37-39


40 Apud André Muniz, idem, p. 15


11
com os “Antigos” em 1813. Temos assim os sinais e palavras de reconhecimento, o início da marcha pelo
pé direito, inversão das colunas J e B e o posicionamento dos vigilantes no Ocidente41. Como todas essas
características foram abandonadas quando da união das Grandes Lojas inglesas em 1813, o Rito Francês ou
Moderno acabou por ser o único a mantê-las em conjunto. É importante ressaltar que essas práticas não
foram introduzidas na França apenas naquele momento. Os principais estudiosos do Rito Moderno, como
os espanhóis Villalta e Guerra, e os franceses Patrick Negrier, Hervé Vigier e René Guilly, entre outros,
apontam que no século XVIII na França, apesar de falta de uniformidade nas práticas, a maior parte dos
rituais já era baseada na Grande Loja londrina de 1717. Outra característica importante é a igualdade em
Loja e o direito da palavra ao Aprendiz.
As bases filosóficas e ritualísticas comuns encontradas em todas as variedades do Rito, desde os primeiros
rituais são a universalidade, a tolerância religiosa e o livre pensamento ou a liberdade absoluta de
consciência, aliada à busca da verdade, em uma base de pensamento racionalista. Da tolerância religiosa e
universalidade, em consonância com os pioneiros de 1717 estão a orientação deísta e os rituais laicos. Para
Joaquim Villalta, o rito possui “cerimônias simples, sóbrias e com mensagens claras”, e sua ritualística é
laica, “ainda que com elementos de espiritualidade”. Assim os rituais não preveem orações, ou elementos
de caráter religioso ou místico, apesar da espiritualidade existente como ressalta Villalta. Tal qual os
primeiros maçons ingleses, não há a cerimônia esotérica de instalação do Venerável Mestre, e sim sua posse.
Os símbolos e alegorias são interpretados com uma base racionalista e laica, sem caráter místico, também
como a maçonaria inglesa. Dessa forma não há o caráter esotérico do conhecimento revelado somente aos
iniciados. Na mesma linha, a simbologia dos números tampouco traz conotação mística, estando muito mais
ligada à Pitágoras e Euclides que à Cabala e outras fontes judaico-cristãs. No Rito, o estudo da Cabala e da
Astrologia também não estão presentes, assim como algumas alegorias bíblicas como a Escada de Jacó.
A circulação em Loja não tem preocupação em estar compatível com uma suposta energia metafísica ou
egrégora, e não há circunvolução. Tampouco há uso de incenso, comum em cerimonias de cunho religioso
ou místico. Convém notar que a circulação do Saco de Propostas e Tronco de Solidariedade formando a
estrela de David, ao menos nos rituais do GOB, foi introduzido no Brasil durante o último século. Os rituais
franceses de século XIX apenas especificavam a ordem pelas dignidades da Loja e depois os demais irmãos.
A postura em Loja, sem cruzar as pernas ou “muito a vontade” como alerta o ritual do GOB, tem a ver com
respeito aos trabalhos e não uma suposta quebra da egrégora.
Assim o rito é bastante centrado no individuo, no ser humano e no desenvolvimento de suas
potencialidades, em outra semelhança com os ingleses, cujo mote é o de “tornar homens bons em homens
ainda melhores”.
Em sua base simbólica e filosófica, o rito se estrutura ao redor de três mitos:
• Mito da Luz e Trevas
• Mito da Construção do Templo de Salomão
• Mito de Hiram
Na decoração do templo, os objetos não possuem nenhum significado sagrado42, ou sejam, não são objetos
“que mereçam veneração ou respeito religioso por ter uma associação com uma divindade ou com objetos
considerados divinos”43. A partir da reforma Amiable, os altares passaram a ser chamados de triângulos,
provavelmente para afastar ainda mais um suposto pensamento religioso. Finalmente o Delta Luminoso
representa o conhecimento e não o GADU.

41 Na UGLE atualmente o segundo vigilante está situado em meio à coluna do sul.
42 O termo “sagrado” está sendo utilizado nesse parágrafo no sentido mais comum, de conotação religiosa,

conforme definição a seguir. Há para o termo “sagrado” conotações mais amplas em que um objeto se torna
sagrado ao passar a ter significados que vão além de sua função para a qual foi criado. Um exemplo é o compasso
e o esquadro na Maçonaria.
43 Definição de FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova

Fronteira. 1986. p. 1 536.



12
Os maçons modernistas acabam também por não estar tão atentos aos 25 landmarks de Mackey. Os rituais
do GOB listam como preferidos para o rito a compilação de Findel. No entanto, o que acaba mesmo válido
é o que está especificado nas Constituições da Obediência, em nosso caso o GOB. A UGLE, por exemplo,
segue os landmarks listados em suas Constituições desde que a primeira versão foi publicada por Anderson
em 1723, sem aderir a compilações de maçons.
A disposição e decoração do templo estavam presentes já nos manuscritos da primeira metade do século
XVIII e que foram herdados pelas Lojas francesas. O livro Maçonaria Dissecada de autoria de Prichard em
1730, revela a posição do Mestre da Loja no Oriente e dos dois Vigilantes no Ocidente, conforme adotado
atualmente. Os manuscritos indicavam também o posicionamento dos três candelabros, sendo dois no
Oriente e um no Ocidente, e representando o Sol, a Lua e o Mestre da Loja. Os candelabros não são usados
atualmente no Brasil para a decoração do templo.
A Bíblia no Triângulo (Altar) do Venerável apesar de abolida na Reforma Amiable, e usada fechada no ritual
do GOB, encontra eco histórico de acordo com Joaquim Grave dos Santos (2017), em manuscritos do
período entre 1786 e 1801. Já a Bíblia no Triângulo dos Compromissos (Altar dos Juramentos) muda de
acordo com a versão do rito, sendo usado em algumas a constituição da Obediência, como no caso do GOB.
Uma característica tipicamente francesa é o porte de espadas em Loja, herança das tradições de
cavalheirismo que surgiram no país. Para Villalta (2013), o porte da espada tinha a função de nivelar pelo
alto todos os irmãos. Entre outras palavras, a igualdade em Loja se fazia aproximando o povo dos nobres, e
não os nobres do povo. Convém aqui relembrar que, ao contrário das ilhas britânicas, ainda reinava o mais
puro absolutismo no país, e existia um vale separando os cidadãos normais, o povo, entre eles os burgueses,
dos aristocratas e membros da Igreja.
As colunas no Rito Moderno também são características. As colunas J está ao Norte enquanto a B está ao
Sul, conforme disposição da Grande Loja de Londres e Westminster44, com o Primeiro Vigilante ao sul e o
Segundo Vigilante ao norte. Da mesma forma a palavra secreta do Aprendiz é J\ e do Companheiro é B\.
Outra característica do rito é a existência de palavra de passe para o Aprendiz.
As três colunas que sustentam a Loja são as da Sabedoria, Força e Beleza. De acordo com Victor Guerra no
livro “La masoneria de los modernos”, esquema presente no manuscrito Wilkinson de 1727:
“Pero antes el manuscrito Wilkinson, ya nos presenta bajo ese paradigma de la Bauhütte lo
siguiente, ya que los pilares toman cada vez más importancia:
P. ¿Qué es lo que sostiene la logia?
R. Tres pilares
P. Como se les llama?
R. Sabiduría, Fuerza, y Belleza.
P. Por qué ello es así?”
“R. La Sabiduría para inventar, la Fuerza para sostener y la Belleza para decorar.”
As Luzes da Loja no rito são o Sol, a Lua e o Venerável Mestre, também com base em antigos manuscritos,
de acordo com Victor Guerra em “La masoneria de los modernos”:
“P. Tenéis Luces en vuestra logia?
R. Si, tres.
P. Ellas, que representan...?


44 Na Maçonaria anglo-saxã as colunas estão fora do salão da Loja, ou templo, como chamamos na Maçonaria

latina. A explicação para essa diferença tem a ver, nos explica Joaquim Villalta, pela discordância de se os maçons
operativos se reuniam dentro ou fora do Templo de Salomão. A posição das colunas acaba por ser de menor
importância nos trabalhos, mas não deixa de ser mais uma indicação das influências francesas.

13
R. El Sol, la Luna y al Maestro Masón”
A Iniciação no rito é bastante característica, com seus questionamentos de ordem moral. No Regulateur as
três viagens eram sobre a vida humana e a superação dos obstáculos na primeira viagem, a purificação pela
água na segunda, e a purificação pelo fogo na terceira. Nos rituais Amiable foram substituídas pelas fases
da vida: infância, juventude e vida adulta, e são as adotadas pelo GOB. Também na reforma Amiable foi
abolida a vestimenta “nem vestido nem despido” e o juramento ajoelhado. Convém comentar que a prova
de sangue já era opcional no Regulateur.
Por fim, a cor do rito é azul, também herança dos “Modernos”.
O Rito Moderno é em todos os sentidos um rito apaixonante, seja por sua rica história conectada às origens
na Maçonaria especulativa, seja pela visão humanista do aperfeiçoamento humano e da sociedade, ou
ainda pelos desafios representados no equilíbrio entre espírito e razão.


14
Bibliografia:
ASLAN, Nicola. Landmarques e outros problemas maçônicos volume 1 – 3 ed. Londrina: Ed. Maçônica A Trolha,
2010.
ASLAN, Nicola. Landmarques e outros problemas maçônicos volume 2 – 3 ed. Londrina: Ed. Maçônica A Trolha,
2010.
DACHEZ, Roger e BAUER, Alain. Freemasonry, a French View. Washington DC: Westphalia Press, 2015
DERMOTT, Laurence. Trad. e comentários Kennyo Ismail. Ahiman Rezon. Londrina: Ed. Maçônica A Trolha, 2016.
GUERRA, Victor. 300 Aniversario y Masonería de los Modernos: Revista de Análisis y Reflexiones de Hermanos
Masones (Spanish Edition). CERMFRM, UMURM - Kindle Edition, 2017
GUERRA, Victor. El Rito Frances y la Cuestion Biblica. Disponível em https://www.ritofrances.net/2017/01/el-
rito-frances-y-la-cuestion-biblica.html. Acesso em 12/02/2019
GUERRA, Victor. La masoneria de los Modernos: Historia y ritualidad. Asturias (Espanha): EntreAcacias, 2020
LICOU, Daniel. Cuando el GODF abandona el tema del GADU In: GUERRA, Victor. Rito Francés: Historia,
reflexiones y desarrollo – ed. Epub. Asturias: Espanha: Masonica.es, 2010 p. 331-350
MARCOS, Ludovic. É por isso que o Rito Francês leva seu nome hoje. Paris, França: La Chaîne d'Ution , vol. 38,
no. 1, 2006, pp. 46-59.
MARCOS, Ludovic. Uma história (ritual) francesa. Paris, França: La Chaîne d'union, vol. 79, não. 1, 2017, pp. 23-
32.
MOLLIER, Pierre. Le Rite Français et la Bible. Disponível em
https://pierremollier.wordpress.com/2016/02/06/le-rite-francais-et-la-bible. Acesso em 13/02/2019.
MUNIZ, André Otávio Assis. Vade Mecum Completo das Ordens Superiores do Rito Moderno ou Francês. São
Paulo: Clube dos Autores, 2021.
MUNIZ, André Otávio Assis. Novo Manual do Rito Moderno – Grau de Mestre. São Paulo: Ed. A Gazeta
Maçônica, 2008.
PALOU, Jean. A franco-maçonaria simbólica e iniciática. Tradução de Edilson Alkmin Cunha – 5. Ed. São Paulo:
Ed. Pensamento, 2012
PATUTO, Gustavo Vernachi. Introdução ao Rito Moderno ou Rito de Fundação da Maçonaria Especulativa.
Curitiba: ed. do autor, 2020.
Rito Francés o Moderno: la masonería del tercer milenio. Supremo Conselho do Rito Moderno. Asturias,
Espanha: Editorial Masonica.es, 2010. (Vários autores. Edição espanhola coordenada pelo Círculo de Estudios del
Rito Francés “Roëttiers de Montaleau”)
SANTOS, Joaquim Grave dos. Ritos Franceses Tradicionais. Novos ritos ou ramos diferentes da mesma árvore? In In
GUERRA, Victor. 300 Aniversario y Masonería de los Modernos: Revista de Análisis y Reflexiones de Hermanos
Masones (Spanish Edition). CERMFRM, UMURM - Kindle Edition, 2017
VIANA, Cleber Tomás. Rito Francês ou Moderno. Fundação, Usos e Costumes no Brasil. Salvador: Ed. do autor,
2018
VILLALTA, Joaquim. Palabra de Masón: El origen de la Francmasonería Especulativa (Spanish Edition). Kindle
Edition. Barcelona (Espanha): ArteReal Comunicación, 2020
VILLALTA, Joaquim. El Oro y Azur, 2ª edição. Asturias (Espanha): EntreAcacias, 2013
VILLALTA, Joaquim. Rito Francés o Moderno, Rito de Fundación. In GUERRA, Victor. 300 Aniversario y Masonería
de los Modernos: Revista de Análisis y Reflexiones de Hermanos Masones (Spanish Edition). CERMFRM,
UMURM - Kindle Edition, 2017


15

Você também pode gostar