o Ri·to Escocês
Antigo é Aceito
JOS~ CASTELLANI
o Rito Escocês Antigo e Aceito, que
faz parte do escocesismo, tem, corno data
de sua existência regular, o dia 31 de
maio de 1801, quando foi fundado o seu
primeiro Supremo Conselho.
O escocesismo, todavia, tem, não co-
mo rito, mas como forma doutrinária,
uma história mais antiga; ele, na realida-
de, representou a primeira manifestação
da maçonaria contemporânea, dos ma-
çons aceitos, em data bem anterior à fun-
dação da Grande Loja de Londres, que se
deu em 1717.
O escocesisrno nasceu na França, vin-
do no séquito dos Stuarts; quando da de-
capitação do rei Carlos I, em 1649, após
a revolta liderada por Oliver Cromwel,
sua viuva, Henriqueta de França, aceita
do rei Luis XIV, o asilo no castelo de
Saint Germain, para onde também foram
os demais membros da nobreza escocesa,
que passaram a trabalhar pela restauração
do trono, sob a cobertura das lojas maçô-
nicas, das quais eram membros honorários.
Isso evitava que os espiões ingleses de
Cromwell pudessem tomar conhecimen-
to da contrarrevolta.
Consta que Carlos 11, ao se preparar
para recuperar o trono, criou um regi-
mento chamado Guardas Irlandeses,
em 1661; esse regimento possuia uma lo-
ja maçônica, cuja constituição dataria de
25 de março de 1688 e que foi e a única
loja do século XVII cujos vestígios ainda
existem, embora devam ter os stuartistas,
criado outras lojas.
Assim, após a friaçãoj da Grande Loja
de Londres, existiam dOIS ramos maçôni-
cos na França: a maçonaria escocesa, stu-
artista, ainda. com lojas livres, e a maçona-
ria inglesa, com lojas subordinadas a
Grande Loja.
A maçonaria escocesa era, entretanto,
muito mais pujante do que a inglesa, a
ponto de as lojas escocesas resolverem,
em 1735, escolher um Grão-Mestre, par-
tindo para a adoção do regime obedien-
cial inglês, o que levaria à fundação da
Grande Loja da França, em 1738, embo-
ra essa designação oficial só apareça em
1765, segundo Paul Naudon,
As lojas escocesas seguiam os antigos
usos da confraria, ao contrário das lojas
dependentes da Grande Loja de Londres;
surgiriam, posteriormente, no escocesis-
mo, varias peculiaridades ritualístícas e
doutrinárias, sendo que a principal foi a
introdução dos altos graus.
A progressiva introdução dos altos
graus começou, praticamente, em 1754,
quando foi criado, em Paris, o Capítulo de
Clermont, que afirmava a sua disposição
de continuar a obra e a ação da U?ja de
Saint Germain, de 1688, praticar os altos
graus e repudiar a Grande Loja, por suas
atitudes políticas. Essa potência teve vi-
da efêmera, mas teve grande influência,
através das idéias que propagou.
A partir dessas idéias, foi criado em
Paris, em 1758, o Conselho dos Impera-
dores do Oriente do Ocidente, Grande e
Soberana Loja Escocesa de São João de
Jerusalém, que elaborou um rito com vin-
te cinco graus, chamado Rito de Perfei-
ção , ou de Hérredom.
Em 1761, com patente conferida pe-
lo Conselho, o Ir.'. Etienne Morin partia
para a América do Norte, com a fínali-
dade de revelar, às lojas de lá, os segre-
dos dos altos graus; os americanos, além
de aceitarem a inovação, elevaram, em
1786, o número de graus para 33, por
acharem que os 25 graus eram insufici-
entes para conter a doutrina e a ciência
do rito. O curioso é que os americanos
atribuiram a criação dos altos graus e as
Constituições do Rito ao rei Frederíco
lI, da Prussia, o que é pura invencionice,
segundo Findel e Lindsay; infelizmente,
muitos rituais do Rito Escocês ainda a-
firmam que Frederico foi o criador do
Rito, num faleamento da verdade histó-
rica e numa injustiça aos seus verdadei -
ros criadores.
Estando estabeleci da a escala dos 33
graus, foi criado, em Charleston, a 31 de
maio de 1801, o Supremo Conselho dos
Grandes Inspetores Gerais do 33!l e úl-
timo grau do Rito Escocês Antigo e A-
ceito, que foi o pai do rito. .
O Rito, nascido na França e aperfei-
çoado nos Estados Unidos, é, hoje, o
mais -praticado nas Américas.