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MÓDULO 8

CARACTERÍSTICAS DO CATOLICISMO COLONIAL

CADA ALUNO RECEBE UMA FOLHA COM UMA CARACTERISTICA


LER E REFLETE
DEPOIS COLOCA NO MEIO DA SALA COMENTANDO
O PROFESSOR ARREMATA
INTRODUÇÃO DA TEMÁTICA
CARACTERÍSTICAS DO CATOLICISMO
Os portugueses tardiamente decidem colonizar…
Não era simples escolha, mas um processo…
Que pressupunha:
1. Desbravar o território desconhecido; 
2. Vencer os limites; 
3. Importar pessoas interessadas; 
4. Investir em viagens e estruturas. 
Não temos elementos para julgar, porém a própria demora na colonização acena que a Evangelização não foi a prioridade, a questão era econômica: 
1. Conseguir matéria prima 
2. Encontrar metais preciosos 
Só que entre o desejo e a realidade, existiam os índios, para que não atrapalhassem, era preciso controlá-los entra então a força e a fé! 
1. Era modo de agradar a Deus. 
2. Dar uma roupagem espiritual pra algo comercial.
3. Era bom pra Igreja que tinha perdido Nações para a Reforma. 
Não eram os únicos protagonistas, mas era necessários equilibrar interesses de: 
1. Igreja 
2. Colonos 
3. Comerciantes 
Como o rei fez? 
1. Concentrando o poder
2. Fragmentando o controle 
3. Punindo as ameaças 
4. Complicando o que era fácil 
5. Burocratizando os processos 
E isso afeta a estrutura do processo evangelizador: 
a. Igreja limitada, poucos recursos e meios.
b. Falta de espírito desbravador de alguns 
c. Concentração em grandes centros 
d. Falta de qualidade de evangelização 

Daí que o catolicismo colonial será: 


1. Não tridentino, mas medieval (medo da condenacao) OK
2. Portuguesa e não romana  OK
3. Isolado, falta de estruturas de comunhão (sínodos e concílios provinciais)
4. Desarticulafo: Sem articulação, faltam normas, dioceses, bispos que indiquem o trabalho missionário. OK 
5. Laica: Pouco Padre, muito leigo OK
6. Pouca Missa, muita reza; OK
7. Dividido oficial e popular OK
8. Submisso à autoridade leiga e não à hierarquia (poderes fortes); OK
9. Não profético, mas bajulador. 
10. Sincrético mas Intolerante oficialmente OK; 
11. Impositivo, pouco inculturado; OK
12. Relaxado e tolerante de práticas pecaminosas  ok
13. Associativo: Irmandades mais que dioceses OK
14. Disforme pois não era proporcional os padres do centro e os da periferia OK
IMPOSITIVO

“O Estamento tinha um objetivo, como vimos: conquistar mão de obra. Precisava que se convertesse? Em teoria, não. Na prática do século, porém, isto era uma
exigência evidente. O estamento precisava dos missionários para atingir seu objetivo próprio. Pela catequese, ainda que não se comunicasse a vivência com
Deus, sua razão de ser, inculcavam-se os valores da cultura portuguesa. Desta forma, a catequese como tal se tornou conflitiva. Os missionários não chegaram
a tomar consciência da utilização da catequese [para este fim]. Tinham por ideal introduzir os índios na fé cristã, o que lhes parecia significar a necessidade do
seu aportuguesamento. Esse aportuguesamento não se realizava platonicamente: tratava-se de arranjar um lugar e um papel para os índios dentro da
sociedade portuguesa. Não custa imaginar o papel e o lugar que lhes estava destinados. Seu objetivo primordial era a conversão cristã, conquanto os colonos
continuassem vendo na catequese uma instrumentalização dos índios para seus fins mercantis”. (José Maria de Paiva, Colonização e Catequese, p. 52).
MEDIEVAL

“Incutia-se o castigo como presença constante do deus policial: a doença e a morte sobretudo, mas também a fome, a derrota são expressões e também
punição do erro cometido. Este tema é dominante. Infunde-se, por ele, o sentimento de uma fiscalização permanente, oculta e todo-poderosa. O castigo maior,
não na boca do catequista, mas no processo de consecução dos objetivos, é a sujeição, a escravidão. Qualquer que seja ele, o castigo paira como instrumento
da conversão, fosse ela inicial ou arrependimento dos pecados todos os funcionários da salvação: jesuíta, governador e até o próprio Deus, usam do castigo e
do medo para atingir os seus objetivos (José Maria de Paiva, Colonização e Catequese, p. 58).
PORTUGUES

“Era preciso ser cristão, deixar-se batizar, ingressar na Igreja dos portugueses, ingressar em sua sociedade: ali estava a salvação. Fora dali a condenação. Boa
hora a vinda dos portugueses! Quem anuncia isto é o missionário, porta-voz da sociedade, que chegara se impondo pela força, destruindo sua primitiva
condição. O índio não tinha opção: ou se sujeitava ou era escravizado, ou se aliava e se salvava ou não se aliava e se condenava. O batismo abria as portas
para esta sociedade. Destarte, a pregação jesuíta tinha um dúplice caráter salvacionista: salvava o índio do inferno, pondo-o no céu; e salvava-o de sua
situação inferior, introduzindo-o na sociedade portuguesa. Dificilmente, se poderia discernir entre uma e outra a salvação” (José Maria de Paiva, Colonização e
Catequese, p. 57).
DIVIDIDO

“Em ambos os hiatos, a territorialidade católica brasileira é acentuada nos conventos e na participação dos leigos nas Ordens Terceiras do Carmo e de São
Francisco. O catolicismo oficial e patriarcal introduzido pela colonização portuguesa constitui-se e difunde-se “na massa camponesa de origem ibérica ou de
índios destribalizados, ex-escravos fugidos ou alforriados, e todo tipo de mestiço, num catolicismo popular ibero-americano” (Ribeiro de Oliveira, 1997, p.46). O
culto e a oração conventual em capelas e em devoções domésticas, propiciaram um catolicismo popular abrangendo tradições do catolicismo português de
devoções aos santos, acrescentados de tradições judaicas e africanas. O reduzido número de paróquias e a escassez do clero diocesano no atendimento à
população favorece este tipo de catolicismo. O resultado final, no Brasil-Colônia e no Brasil- Império, foi de subordinação política, de dependência econômica e
de controle ideológico exercido pelo Estado (Beozzo, 2005). (Zeny Rosendal & Roberto Lobato Correia em Difusão e Territórios Diocesanos no Brasil)
ASSOCIATIVO

Por isso, uma das formas mais comuns de manifestação religiosa colonial foi a participação dos leigos em misericórdias, confrarias, ordens terceiras e
associações religiosas mais informais. Instituições estas que proliferaram às centenas na colônia e que permitiam crer e vivenciar. E, na medida em que
permitiam vivenciar, davam o exemplo, divulgando a fé. Para alguns, ser membro de uma ordem terceira ou irmandade significava, além da possibilidade de
praticar a religião, ter acesso à nata da sociedade branca, ter status. Significava a obtenção de privilégios, graças e indulgências; significava, além do acesso
aos bens celestiais, a facilidade aos bens materiais e o socorro nas vicissitudes (BOSCHI, 1986, p. 140-150). Só que não era fácil pertencer a algumas ordens.
Na Venerável Ordem Terceira de São Francisco, por exemplo, muitos eram os pedidos de filiação, mas poucos eram aceitos. (Ana Palmiro Cassimiro,
Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, página 4).

SINCRÉTICO

O catolicismo pressupõe valores e costumes que, quando confrontados com etnias de origens diversas, acaba se mesclando com novas culturas. Apesar de
hegemônico na colônia, o catolicismo não conseguiu se impor plenamente. Houve espaço para o sincretismo na medida em que não se conservou a
religiosidade como nos locais de origem, mas ganhou novas características ao se defrontar uma com as outras, transcendendo a configuração anterior ao
contato. Espíritos africanos foram identificados com santos católicos, mas o culto destes não significava a simples preservação de cultos vindos da África. O
culto aqui se distinguiu do continente africano pelas condições geográficas e culturais diferentes. Orixás guerreiros, como Ogum, ganharam destaque aqui,
diferente dos de cunho agrícola mais cultuados na África, como Onilé (Emiliano Unzer Macedo, Religiosidade Popular Brasileira Colonial: um retrato sincrético)

DISFORME

Mas foi uma forte religiosidade católica portuguesa que aqui chegou e se instalou. Missionários como os jesuítas procuraram propagar a fé católica através de
cantos e exemplos, como nos primeiros dias do cristianismo, a fim de fazer chegar a sua mensagem a povos tão distantes da cultura católica. O catolicismo no
Brasil se imbuiu de festividades e foguetórios, animando uma população mal regida por um clero escasso e inculto. Distribuíam-se os padres de modo irregular
pelo território brasileiro, concentrando-se no litoral, nas cidades maiores, de mais fácil assistência e remuneração. Acresce ao escasso número o isolamento. As
distâncias entre os povoados e vilas no interior eram imensas. Nos fins do primeiro século da colonização, as paróquias do Brasil não passavam de 50, e no
segundo século, eram cerca de 90 (Rios, 1994). À medida que o povoamento se expandia – seguindo o cultivo de açúcar e gado no Nordeste; as bandeiras em
busca de ouro e índios no Sul – os colonos, por si próprios, iam promovendo a evangelização graças à instituição da capela, incorporada à casagrande, à
fazenda, ao engenho. Era o capelão, muitas vezes membro da família, que Revista Ágora, Vitória, n. 7, 2008, p.10-20. rezava a missa aos domingos,
catequizava os negros, ensinava o alfabeto às crianças do fazendeiro e, às vezes, com rudimentos do latim, as primeiras orações e o catecismo. Surgia assim
uma religiosidade latifundiária e patriarcal, sob estrita influência dos senhores de engenho (Emiliano Unzer Macedo, Religiosidade Popular Brasileira Colonial:
um retrato sincrético).

DESARTICULADO

Expulsos por Marquês de Pombal em 1759, derrotados pelo Iluminismo e pela Monarquia Esclarecida, os jesuítas deixaram o campo de evangelização entregue
ao clero regular, às ordens monásticas e aos vigários das paróquias, debaixo da frouxa autoridade dos escassos bispos na colônia portuguesa. Depois do
primeiro Bispado, o da Bahia, criado em 1551, o segundo e o terceiro – Rio de Janeiro e Olinda – só foram estabelecidos em 1676, seguidos pelo do Maranhão
(1677) e pelo do Pará (1720). Não é de admirar que a disciplina católica sofresse e a moral acabasse desvalida num ambiente de hierarquia distante de Lisboa.
É neste sentido que o clima de diversidade religioso pode ser em parte explicado pelo clero brasileiro. Ao contrário dos países da América Hispânica, onde o
clérigo sempre representou fonte de prestígio e poder investidos pelo Estado espanhol, aqui os cleros eram mais regalistas, desinstruídos e relapsos na moral.
A vinda de inúmeras ordens estrangeiras ao Brasil não modificou a situação. Muitos mal falavam português e ignoravam o latim. Muitos dos padres não
provinham das altas hierarquias da sociedade. Aqueles de origens mais aristocráticas eram poucos e se dirigiam aos altos escalões da hierarquia da Igreja. O
Regalismo, desde a colonização até a República, reduziu o clero à situação de funcionários públicos, mal pagos. Seus costumes sempre refletiram os costumes
correntes da sociedade de onde atuavam e cresceram, contrariando muitas vezes a moral Revista Ágora, Vitória, n. 7, 2008, p.11-20. católica. Costumes como
o concubinato era freqüente, do qual, muitas vezes resultavam inúmeros filhos (Freyre, 1992). O clero, enfim, nunca foi alvo de revoltas populares, porque seus
membros estavam imbuídos, praticando seus costumes e ritos aparentando exterioridades de culto oficial, com uma religiosidade popular presente e atuante,
sincrética e singular dos padrões romanos. (Emiliano Unzer Macedo, Religiosidade Popular Brasileira Colonial: um retrato sincrético).

LEIGO

No século XVII mesmo no XVIII, não houve senhor branco, por mais indolente, que se furtasse ao sagrado esforço de rezar ajoelhado diante dos nichos; às
vezes, rezas quase sem fim, tiradas por negros e mulatos. O terço, a coroa de Cristo, as ladainhas. Saltava-se das redes para rezar nos oratórios: era
obrigação. Andava-se de rosário na mão, bentos, relicários, patuás, santoantônios pendurados no pescoço, todo o material necessário às devoções e às rezas...
Dentro de casa, rezava-se de manhã, à hora das refeições, ao meio-dia e de noite, no quarto dos santos; os escravos acompanhavam os brancos no terço e na
salve-rainha. Havendo capelão, cantava-se: Mater purissima, ora pro nobis... Ao jantar, diz-nos um cronista que o patriarca benzia a mesa e cada qual deitava a
farinha no prato em forma de cruz. Outros benziam a água ou o vinho fazendo antes no ar uma cruz com o copo. No fim davam-se graças em latim... Ao deitar-
se, rezavam os brancos da casa-grande e, na senzala, os negros veteranos... Quando trovejava forte, brancos e escravos reuniam-se na capela ou no quarto do
santuário para cantar o bendito, rezar o Magnificat, a oração de São Brás, de São Jerônimo, de Santa Bárbara. Acendiam-se velas, queimavam-se ramos
bentos (Gilberto Freyre, Casa Grande e Senzala p. 651).

SUBMISSO

Pode-se, então, vislumbrar a presença, no âmbito do catolicismo colonial, de pelo menos três formas principais de sociabilidade religiosa. A primeira,
essencialmente privada, organiza-se em torno das relações de poder características de boa parte dos arranjos familiares existentes na América portuguesa,
cuja hierarquia interna contém a marca da submissão da mulher e dos filhos e, sobretudo entre as elites do meio rural, da sujeição de uma ampla gama de
agregados e dependentes à autoridade tradicional do pater familias. É a sociabilidade que se origina do “catolicismo patriarcal”, no interior do qual o mando
privado do senhor se destaca em relação à autoridade espiritual do sacerdote encarregado de conduzir as celebrações familiares – assim como a casa-grande
se destaca, na paisagem da grande propriedade, em relação à capela e demais construções situadas em suas redondezas (Sérgio Chahon, Visões da
Religiosidade Católica no Brasil Colonial, 92)

DEVOCIONAL

“Passando-se agora do catolicismo clerical para o catolicismo regido pelos leigos, é importante sublinhar a considerável diversidade apresentada por esse
último no Brasil colonial, a refletir a variedade de indivíduos e grupos sociais que então davam forma à população laica. Quando se leva em consideração, para
começar, os hábitos e tradições que integravam a maior parte da vivência religiosa dessa população, ganha corpo uma espiritualidade fortemente marcada
pelos sentimentos de devoção endereçados às imagens sacras como as de Nossa Senhora, da Santa Cruz e de toda a extensa galeria de santos reunidos na
corte celeste. Quase onipresentes na paisagem da Colônia, tais imagens podiam ser encontradas no recesso dos lares e no interior das capelas e igrejas, como
também nos descampados e beiras de estrada. Serviam, assim, de pólos aglutinadores de uma religiosidade feita de palavras e gestos menos complicados do
que os que compunham o tecido da liturgia, executados, em geral, pelos simples fiéis sem o concurso de um sacerdote celebrante. Encontrada em uma ampla
gama de espaços públicos e privados, essa religiosidade de teor mais singelo e espontâneo é, sem dúvida, a que melhor traduz o modelo comunitário de
sociabilidade religiosa, avesso a hierarquias e a maiores intimidades com os representantes da instituição eclesiástica” (Sérgio Chahon, Visões da Religiosidade
Católica no Brasil Colonial, 95).

INCOERENTE

O rígido controle das práticas sexuais por parte da Igreja enraizava-se lentamente nos confessionários, nas missas e nas visitações da Inquisição. Mesmo
assim, não conseguiu acabar com as transgressões que ocorriam, principalmente pelas ações dos homens, que tinham as suas esposas em casa e, fora dessa,
possuíam as suas amásias. Assim, uma dupla moral instalava-se e se fortalecia como um traço da nossa cultura, daí porque Mary del Priore adjetiva de
hipócrita o século XIX, em cuja primeira década já se anunciava um conjunto de mudanças no cotidiano dos brasileiros, quando da instalação da Corte
portuguesa no Rio de Janeiro. Lembremos que não eram nada exemplares os comportamentos de muitos elementos da nobreza e da família real. Assim é que,
para a autora, nesse século, vivia-se entre a beataria e a libertinagem e, não raro, confessionários e sacristias de igrejas eram lugares para encontros e a
prática do sexo, um ato rápido e parcialmente coberto pelas vestimentas (Francisco das Chagas Silva e Souza, Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na
História do Brasil)

ISOLADO
Por conseguinte, a hierarquia eclesiástica no Brasil não tem autonomia, e sua atuação é limitada pelo poder da Coroa. A fidelidade ao trono é uma exigência
básica para os bispos, padres e religiosos que vem atuar na colônia luso-brasileira. Dessa maneira, a catequese católica deve servir de apoio e justificativa para
o projeto colonizador. Não existe nenhum bispo que ocupe posição muito destacada no período colonial. É exatamente a vinculação ao padroado português que
explica as grandes limitações do episcopado. Três aspectos merecem especial relevo a respeito: o número reduzido de dioceses, as longas vacâncias entre o
governo de um bispo e outro e a profunda dependência do poder civil. A criação das dioceses constituía uma prerrogativa da Coroa. Durante os três primeiros
séculos, o Brasil teve apenas sete dioceses: Bahia (1551), Pernambuco (1676), Rio de Janeiro (1676), Maranhão (1677), Pará (1719), Mariana (1745) e São
Paulo (1745). A extensão das dioceses era muito ampla, dando poucas condições aos prelados de exercerem suas funções pastorais. Outro aspecto a ser
ressaltado são as longas vacâncias entre um bispo e outro, pois interesses políticos e econômicos retardavam com freqüência a nomeação do sucessor. Os
bispos eram considerados como altos funcionários a serviço da Coroa, devendo restringir sua atuação religiosa às orientações vindas da metrópole. Os
prelados que procuraram agir com certa independência foram afastados do cargo pela autoridade civil. O episcopado tem pouca influência durante o período
colonial, limitando geralmente sua atuação aos aspectos de jurisdição e disciplina eclesiástica. Além disso, diversos bispos assumiram supletivamente funções
de governo civil, por ocasião de morte ou ausência de governadores gerais ou chefes das capitanias. Em síntese, pode-se dizer que em geral a Igreja Colonial
está a serviço da Coroa, mantendo-se subserviente ao Estado luso. (Riolando AZZI, Igreja e Estado um enfoque histórico)

BAJULADOR

A juntar à exiguidade de instrumentos de acção há que considerar que a realidade que os prelados tiveram que enfrentar era muito complexa e até hostil. Desde
logo, o espaço sob sua tutela era descomunal. Basta dizer que no Reino havia 13 dioceses. No Brasil, com um território dezenas de vezes mais extenso existiu
apenas uma até 1676. Era gigantesca e impraticável uma administração eficiente de um bispado de dimensões quase continentais. E a criação de mais três
dioceses depois desta data não resolveu o problema. A acção dos bispos era muito dificultada pelos interesses dos colonos e membros da governação secular,
o que gerou bastante conflitualidade sempre que quiseram actuar com rigor e tentar erradicar vícios instalados. São sobejamente conhecidos os
desentendimentos de D. Pedro Sardinha com o segundo governador do Brasil e com o filho deste, D. Álvaro da Costa, devido às medidas de correção de
costumes que o prelado teria tentado aplicar, para erradicar o concubinato que os colonos mantinham com indígenas e escravos, o consumo exagerado de
álcool, o não cumprimento das obrigações religiosas . As dissensões chegaram a tal ponto que o bispo foi forçado a regressar ao Reino, morrendo na viagem,
comido pelos índios. Este episódio deve ter causado profundo impacto para o futuro, pois a sua memória perpetuou-se e contribuiu para recordar o Brasil como
terra onde os índios eram antropófagos (José Maria Paiva, Bispos do Brasil e a formação da sociedade colonial).

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