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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.

com

O Pontificado de Francisco

« O “Papa Herético” pode ser deposto? Texto de São Roberto Bellarmino, Doutor da Igreja (1542­1621).  |  
Oremus pro Pontifice
CNBB continua, firme e forte, em seu amasiamento com o petismo. »
nostro.

A Igreja pode depor um Papa herege?
“De fato, a Igreja tem o direito de se separar de um papa herege de acordo com a lei divina. Por conseguinte, tem o direito, pela
mesma lei divina, de usar todos os meios em si mesmos necessários para fazê­lo… “

– João de São Tomás

“A Igreja deve proferir uma decisão antes de o papa perder seu ofício. Julgamentos privados dos leigos em tal matéria não são
suficientes.”

– Robert J. Siscoe

Por Robert J. Siscoe – The Remnant | Tradução: Alexandre Oliveira – FratresInUnum.com
Leia | Nota da edição:
–  Um artigo recente do Pe. James V. Schall SJ, que foi outra vez lançado como “o artigo da semana”
A  mera  veiculação  de
no popular website católico tradicional Rorate Caeli, causou bastante agitação em alguns setores. No matérias  e  entrevistas  não
significa,  necessariamente,
artigo  curto,  que  é  intitulado  “On  Heretical  Popes”,  Pe.  Schall  discute  brevemente  as  acusações  de adesão  às  idéias  nelas
heresia levantadas contra os Papas pós­conciliares, especialmente contra Papa Francisco, e levanta a contidas.  Do  mesmo  modo,
os  links  aqui  elencados
questão de saber se um papa pode cair em heresia, e, em caso afirmativo, como a Igreja poderia depô­ devem ser considerados à luz
lo.  O  artigo  foi  escrito  em  um  tom  muito  moderado,  mas  os  temas  abordados  eram  evidentemente do objetivo informativo deste
blog,  não  sendo  a  simples
demais para a extrema esquerda e seu Ultramontanismo recém­descoberto. indicação  garantia  da
ortodoxia  de  seus
Um escritor da ultra­liberal “National Catholic Reporter” reagiu com indignação pelo fato do P. Schall conteúdos.  Os
comentários  devem  ser
ousar  mencionar  essas  questões  durante  o  pontificado  atual.  Ele  declarou  o  artigo  do  Pe.  Schall  de respeitosos  e  relacionados
estritamente  ao  assunto  do
“irresponsável  e  inflamatório”,  e  sugeriu  que  a  única  resposta  a  este  “perigo”  é  “buscar  ainda  mais
post;  toda  polêmica
fortemente para abraçar o Papa Francisco e seu esforço para renovar a Igreja.” desnecessária  será
prontamente  banida.
Todos  os  comentários  são  de
À luz dos recentes acontecimentos, mesmo os católicos moderados estão começando a se perguntar abertamente se é possível a
inteira  responsabilidade
um  papa  ser  um  herege,  e,  em  caso  afirmativo,  quais  seriam  os  meios  que  a  Igreja  possui  para  remediar  uma  situação  tão de  seus  autores  e  não
representam,  de  maneira
perigosa. Pois, se a Providência pode permitir um homem, cujas palavras e ações arriscam levar inúmeras almas ao pecado e à alguma,  a  posição  do
heresia,  ser  elevado  ao  Papado,  sem  dúvida,  o  Bom  Deus,  da  mesma  forma,  proveu  a  Igreja  dos  os  meios  necessários  para  se blog;  o  espaço  para
comentários  é  encerrado
proteger,  e  para  remediar  esta  situação  calamitosa.  Durante  o  Concílio  Vaticano  I,  o  Bispo  Zinelli,  um  Relator  para  a  Deputação automaticamente  após
para Fé (o órgão encarregado de explicar o significado dos esquemas para os Padres do Concílio), disse o seguinte sobre a hipótese quinze  dias  de  publicação  do
post. Não serão aprovados os
de  um  papa  herege:  “Deus  não  falha  nas  coisas  que  são  necessárias;  portanto,  se  Ele  permite  que  um  mal  tão  grande,  não comentários  escritos
integralmente  em  letras
faltarão os meios para remediar essa situação”. (1) maiúsculas.  A  edição  deste
blog  se  reserva  o  direito de
Neste artigo, vamos mergulhar profundamente nas questões nas quais o Pe. Schall apenas tocou. Nós não só consideraremos a excluir  qualquer  artigo  ou
comentário  que  julgar
possibilidade de um Papa cair em heresia, mas, o mais importante, a maneira pela qual um papa herético pode ser deposto. Vamos oportuno,  sem  demais
considerar  esta  questão  complexa  e  difícil,  tanto  em  âmbito  especulativo  quanto  no  prático  através  de  consulta  a  teólogos  e explicações.  Todo  material
deste  site  é  de  livre  difusão,
canonistas que têm escrito sobre o assunto ao longo dos séculos. Vamos empregar as distinções necessárias para navegar através contanto  que  um  link
do campo minado de possíveis erros que tocam a deposição, evitando cuidadosamente a heresia de Conciliarismo. remeta à sua fonte.

Pode um Papa cair em heresia? Siga­nos no Twitter!

Vamos  começar  por  analisar  uma  questão  dupla:  pode  um  Papa  cair  internamente  em  heresia  pessoal  e,  caindo,  pode
externamente professar tal heresia?

É  a  opinião  comum  entre  os  teólogos  que  um  Papa  pode  cair  em  heresia  pessoal,  e  mesmo  em  heresia  pública  e  notória.  Em
relação  a  este  ponto,  o  Pe.  Paul  Laymann,  SJ  (.  D  1635),  que  foi  considerado  “um  dos  maiores  moralistas  e  canonistas  de  seu
tempo” (2) escreveu o seguinte:
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“O  mais provável é que o Sumo Pontífice, como uma pessoa, seja capaz de cair em heresia, e até mesmo em heresia notória,
razão pela qual ele mereceria ser deposto pela Igreja, ou melhor, declarado estar separado dela. “(3) Busca:
Pesquisar...
Em seu famoso livro The Catholic Controversy, São. Francisco de Sales escreveu:
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“Nos termos da Lei antiga, o Sumo Sacerdote não usava o Rational, exceto quando estava investido com as vestes pontificais e
entrava diante do Senhor. Assim nós não dizemos que o Papa não pode errar em suas opiniões privadas, como fez João XXII; ou
não ser totalmente um herege, como, talvez, Honório era.”(4)

O  Papa  Adriano  VI  ( †   1523)  foi  mais  longe,  dizendo  que  “não  há  dúvidas”  que  um  Papa  pode  errar  em  questões  de  fé,  e  até
mesmo “ensinar heresia”:

“Se  por  Igreja  Romana  se  quer  dizer  a  sua  cabeça  ou  pontífice,  é  fora  de  dúvida  que  ele  pode  errar,  mesmo  em  matérias  que
tocam  a  fé.  Ele  faz  isso  quando  ensina  heresia  por  seu  próprio  julgamento  ou  decreto.  Na  verdade,  muitos  pontífices  romanos
foram hereges . O último deles foi o Papa João XXII († 1334). “(5)

Mesmo São Belarmino, que pessoalmente se alinhou ao o que ele próprio chamou de “parecer piedoso” de Albert Pighius (6), (ou Assine por e­mail!
seja, que um Papa não poderia cair em heresia pessoal),  admitiu que “a opinião comum é a contrária”. (7) Digite seu email e receba em
sua caixa postal todas as

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Pastor Aeternus. nossas atualizações.

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Há  vários  anos,  um  longo  artigo  foi  publicado  (8),  que  interpretou  o  Capítulo  IV  da  Constituição  do  Concílio  Vaticano  I,  Pastor
Aeternus, como ensinando que um papa não poderia cair em heresia pessoal (não poderia perder a virtude da fé). O autor alegou Siga!
essencialmente que o Concílio Vaticano I elevou ao nível de dogma o parecer do São. Belarmino e Albert Pighius (que sustentava
que um papa não pode perder sua fé pessoal), e que, por conseguinte, a opinião contrária não pode mais ser defendida. Comentários
La concretezza della chiesa
Sem entrar em uma análise detalhada da nova interpretação dada por este autor do Concílio Vaticano I (que, até onde eu saiba, di Padre Jorge –
Vexillaregis em A
não  é  compartilhada  por  mais  ninguém),  basta  por  ora  dizer  que  tal  interpretação  particular  da  Pastor  Aeternus  está  em concretude da igreja de
padre Jorge.
contradição direta com a oficial deste documento dada durante o Concílio.
Lopez em A concretude da
igreja de padre Jorge.
Em seu famoso discurso de quatro horas, dado durante o Concílio Vaticano I, Dom Vincent Gasser, o Relator oficial (porta­voz) para
Isaías em Entrevista de
a Deputação da Fé, afirmou que isso não é exatamente o que o documento destina­se a ensinar. Durante o discurso, que forneceu Cardeal Müller na TV
causa espanto.
a interpretação oficial do documento pela Igreja aos padres conciliares, o Bispo Gasser reagiu ao que ele chamou de “uma objeção
Sival Vilas Silva em Nota
muito séria levantada neste pódio, no sentido de que queremos elevar a opinião extrema de uma determinada escola de teólogos sobre o padre
em um dogma da Fé “. Qual foi esta opinião extrema? Ele passa a explicar: Tom Uzhunnali
Carlos BH em Entrevista de
“No que tange à doutrina estabelecida no Esquema, a Deputação está sendo injustamente acusada de querer elevar uma opinião Cardeal Müller na TV
causa espanto.
extrema, qual seja, a de Albert Pighius, à dignidade de um dogma. Na opinião de Albert Pighius, que Belarmino na verdade, chama
de ‘piedosa e provável’, um Papa, como uma pessoa individual ou um doutor privado, pode errar a partir de um tipo de ignorância, Oremos pelo clero.
mas nunca cair em heresia ou ensiná­la. (9)

Depois  de  citar  o  texto  em  que  São.  Belarmino  concorda  com  a  opinião  de  Albert  Pighius,  o  Bispo  Gasser  conclui  dizendo:  “é
evidente que a doutrina proposta no capítulo [da Pastor Aeternus] não é a de Albert Pighius ou a opinião extrema qualquer escola
… “(10)

Basta  dizer  que  a  hipótese  de  um  Papa  cair  em  heresia  pessoal,  mesmo  pública,  não  é  contrária  aos  ensinamentos  do  Concílio
Vaticano I, quando interpretados de acordo com o pensamento da Igreja. Isso explica o porquê de, no manual dogmático de Mons.
Van Noort, que foi publicado muitas décadas depois do Concílio, ter­se observado que “alguns teólogos competentes admitem que
o  papa,  quando  não  fala  ex  cathedra,  pode  cair  em  heresia  formal.”  (11)  Claramente,  nem  Mons.  Van  Noort,  nem  os  outros
“teólogos competentes” a que ele está se referindo, consideram este ensinamento como estando em desacordo com o capítulo IV
da Pastor Aeternus.

Infalibilidade papal

Há  uma  grande  confusão  sobre  a  questão  da  infalibilidade  papal,  que  impede  o  Papa  de  errar  ao  definir  doutrinas  para  a  Igreja
Deixai,  ó  Jesus,  que  em
Universal.  Muitos  acreditam  erroneamente  que  o  carisma  impediria  uma  pessoa  elevada  ao  Pontificado  absolutamente  de  errar vosso  Coração  Eucarístico,
quando  ela  fala  em  questões  de  fé  e  moral.  Na  realidade,  o  carisma  da  infalibilidade  apenas  impede  que  o  Papa  erre  em depositemos  as  mais
ardentes  preces  pelo  nosso
circunstâncias limitadas. (12) clero.  Multiplicai  as  vocações
sacerdotais  em  nossa  pátria;
A infalibilidade não deve ser confundida com “inspiração”, que é uma influência divina positiva e que move e controla um agente atraí  ao  vosso  altar  os  filhos
do  nosso  Brasil;  chamai­os
humano no que ele diz ou escreve; nem deve ser confundida com “revelação”, que é a comunicação de alguma verdade por Deus com  instância  ao  vosso
ministério!
através de meios que estão além do curso normal da natureza. (13) A infalibilidade se refere à salvaguarda e ao ensinamento das
verdades já reveladas por Deus e contidas no depósito de fé (14), que foi encerrado com a morte do último apóstolo. (15) Uma vez Conservai  na  perfeita
fidelidade  ao  vosso  serviço
que a infalibilidade é apenas um carisma negativo (gratia grátis data), ela não inspira um Papa a ensinar o que é verdadeiro ou aqueles  a  quem  já
chamastes;  afervorai­os,
mesmo a defender verdades reveladas, nem “faz do papa o padrão último da verdade e do bem” (16), mas simplesmente impede­o purificai­os,  santificai­os,
de ensinar o erro sob certas condições limitadas. não  permitindo  que  se
afastem  do  espírito  de  vossa
Igreja.
Durante seu discurso no Vaticano I, Bispo Gasser disse:
Não  consintais,  ó  Jesus  nós
“Em  nenhum  sentido  a  infalibilidade  papal  é  absoluta,  porque  infalibilidade  absoluta  pertence  somente  a  Deus,  que  é  a  verdade Vos  suplicamos,  que  debaixo
do  céu  brasileiro  sejam,  por
primeira  e  essencial,  e  que  não  pode  enganar  ou  ser  enganado.  Todas  as  outras  infalibilidades,  uma  vez  que  dadas  para  uma mãos indignas, profanados os
finalidade  específica,  têm  seus  limites  e  suas  condições  sob  as  quais  pode  ser  considerada  existente.  O  mesmo  é  válido  em vossos  mistérios  de  amor.
Com  instância  vos  pedimos:
referência à infalibilidade do Romano Pontífice. Isto porque ela é vinculada a certos limites e condições … “(17) deixai  que  a  misericórdia  de
vosso  Coração  vença  a  vossa
justiça divina por aqueles que
As condições para a infalibilidade papal foram posteriormente definido pelo Concílio Vaticano I da seguinte forma:
se  recusaram  à  honra  da
vocação  sacerdotal,  ou
“Nós ensinamos e definimos como dogma divinamente revelado que, quando o pontífice romano fala ex cathedra, isto é, quando, desertaram  das  fileiras
sagradas.
no exercício do seu cargo de pastor e mestre de todos os cristãos, em virtude de sua suprema autoridade apostólica, define uma
doutrina referente à fé e à moral a ser observada por toda a Igreja, ele possui, pela assistência divina prometida a ele na pessoa de Por  vossa  Mãe,  Maria
Santíssima,  Rainha  dos
S. Pedro, aquela infalibilidade de que o divino Redentor quis que a Sua Igreja desfrutasse na definição doutrina referente à fé e Sacerdotes, atendei, Jesus,  a
esta  nossa  insistente  oração.
moral. “(18) Ó  Maria,  ao  vosso  coração
confiamos  o  nosso  clero:
Percebemos, assim, que assistência divina está presente apenas quando um Papa, (a) usando a sua suprema autoridade apostólica guiai­o,  guardai­o,  protegei­
o, salvai­o!
no exercício do seu cargo de mestre de todos os cristãos (b) define uma doutrina (c) relativa à fé e à moral (d ) a ser observada
Cardeal Leme
pela Igreja universal. Se qualquer uma dessas condições não estiver presente, não há a infalibilidade e o erro é possível. Portanto,
quando se considera se um Papa pode ensinar erros a respeito da fé e da moral, temos de fazer três distinções: Blogroll
Missa Gregoriana
1) Um Papa ensinando como uma pessoa privada.
Missa Tridentina no Brasil

2) Um Papa ensinando questões de fé e moral como Papa , mas não com a intenção de definir uma doutrina. Romanes.com
WordPress.com
3) Um Papa, ensinando como Papa e definindo questões de uma doutrina de fé ou moral a serem observadas pela Igreja universal. WordPress.org

É só neste último caso que o carisma da infalibilidade irá impedir o Papa de errar. O que isto significa é que não somente pode um Blogs católicos
papa errar ao ensinar como teólogo privado (19), ele também pode errar em documentos papais oficiais (20), desde que não tenha A Casa de Sarto
A Vida Sacerdotal
a intenção de definir uma doutrina a ser observada pela Igreja universal. (21)
Aliança Sacerdotal
À luz do exposto, podemos ver ser perfeitamente possível um Papa perder a fé internamente e mesmo errar quando expõe a fé Arena da Teologia
§|Olhar Católico|§
externamente, desde que ele não atenda às quatro condições estabelecidas pelo Concílio Vaticano I. Insistir no contrário é afirmar
Bénédictins de l’Immaculée
o que a própria Igreja nunca ensinou.
Blog da Fraternidad de
Cristo Sacerdote y Santa
Um Papa Herege pode ser deposto? María Reina
Blog do Andrea Tornielli
Blog do Angueth

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 2/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
A opinião comum dos teólogos e canonistas é a de que um Papa herege pode ser deposto pelo delito de heresia. Arnaldo de Silveira, Blog do Pe. De Tanouarn,
IBP
autor altamente respeitado, pesquisou os escritos de 136 teólogos sobre esta questão (22), e encontrou somente um ensinando o
Blog do Pe. Demets, FSSP
contrário. Todos os outros afirmaram que, se um Papa cair em heresia, ele pode, e de fato deve, ser deposto. (23) Blog do Pe. Laguerie, IBP
Blogonicus
Pe.  Francisco  Suarez,  a  quem  o  Papa  São  Pio  V  chamou  de  “Doctor  Eximus  et  Pius”  (Excelente  e  Piedoso  Doutor)  (24),  é
Canal Maria Santíssima
considerado um dos maiores teólogos da Companhia de Jesus. Em seu comentário sobre este ponto, ele afirmou que, de acordo Católico Apostólico Romano
com o Papa Clemente I (que foi ordenado pelo próprio São Pedro), “São Pedro ensinou que um papa herético deve ser deposto“. Católicos Alerta!
Suarez, em seguida, explica por que isso é assim.: Catholic Cartoon Blog
Catholic Church
“A  razão  é  a  seguinte:  Seria  extremamente  prejudicial  para  a  Igreja  ter  tal  pastor  e  não  ser  capaz  de  defender­se  deste  grave Conservation

perigo; além disso, seria contra a dignidade da Igreja que ela fosse obrigada a permanecer sujeita a um Pontífice herege sem ser Contos de Ouro
Contra Impugnantes
capaz  de  expulsá­lo  de  si  mesma,  pois,  conforme  são  o  príncipe  e  o  sacerdote,  assim  costumam  ser  as  pessoas  comuns;  (…)a
Courrier Sud
  heresia  ‘se  espalha  como  câncer’,  e    é  por  isso  que  os  hereges  devem  ser  evitados  tanto  quanto  possível  .  Isto  é  ainda  mais Creer en Mexico
verdadeiro no que no que diz respeito a um pastor herege. Mas como pode um tal perigo ser evitado, a menos que ele deixar de Cruzados de Maria
ser o pastor?” (25) Dappled Photos
Deus lo vult!
O Cardeal Thomas Caetano, comandante geral da ordem Dominicana e conselheiro de confiança ao Papa Clemente VII, escreveu o Devoción Católica
seguinte em seu extenso tratado sobre este assunto: Disputationes Theologicae
(Francês)
“Três coisas estão estabelecidas com certeza: 1) que o Papa, por ter se tornado um herege, não é deposto ipso facto (26) nem pela Disputationes Theologicae
(Italiano)
lei humana nem pela divina; 2) que o Papa não tem superior na Terra, e 3 ) que, se ele se desvia da fé, deve ser deposto. “(27)
Excerptos ou Fragmentos

Na próxima citação, João de São Tomás, que era considerado um dos homens mais cultos de sua época (28) e um dos maiores Exsurge Domine
Extra Ecclesiam Salus Nulla
tomistas que a Igreja jamais produziu, começa por dizer que a Igreja tem o direito de separar­se de um Papa herege e, então,
Família Beatae Mariae
conclui logicamente que a Igreja também tem o direito de possuir os meios necessários para realizar tal separação. Ele escreveu: Virginis
Fiéis Católicos de Maringá
“De fato, a Igreja tem o direito de se separar de um Papa herege de acordo com a lei divina. Por conseguinte, tem ela o direito, Fiéis Católicos de Ribeirão
pela  mesma  lei  divina,  de  usar  de  todos  os  meios  em  si  mesmos  necessários  para  tal  separação.  E  os  meios  que  juridicamente Preto
Fides et Ratio
correspondem ao crime, são aqueles em si necessários”. (29)
Fora da Igreja não há
Salvação
Quem deve dirigir a deposição?
Fraternidad de Cristo
Sacerdote y Santa Maria
João de São Tomás, Suarez, Caetano, e outros, todos ensinam que um Concílio geral é a única autoridade competente para lidar Reina
com a questão de um Papa herege. Ele explicou o porquê, escrevendo: “uma vez que o assunto em questão diz respeito à Igreja Grupo Dom Bosco – Foz do
Iguaçu
universal, deve ser gerido pelo tribunal que representa a Igreja universal, que é um Concílio geral“. (30) Ele cita três exemplos
Hallowedground
históricos para confirmar o ponto:
Holy Smoke – Damian
Thompson
“Isto é realmente evidente a partir da prática da Igreja, pois, no caso [do Papa] Marcelino, que ofereceu incenso aos ídolos, um Igreja Una
sínodo reuniu­se com o propósito de discutir esta questão, como está registrado no Cap. Hunc c, distinct.11. E, no caso do cisma Il Magistero di Benedetto
em  que  havia  três  reclamantes  ao  pontificado,  o  Concílio  de  Constança  se  reuniu  com  o  objetivo  de  fazer  cessar  essa  cisma.  E XVI
In Praelio!
também no caso do Papa Símaco, um concílio em Roma se reuniu para lidar com as questões  que foram apresentadas a ele. Sabe­
Juventutem Londrina
se,  a  partir  dos  exemplos  citados  acima,  que  os  pontífices,  que,  sendo  acusados  de  vários  crimes  e  querendo  defender­se  das
Juventutem Michigan
respectivas acusações, fazem­no na presença de um Concílio.”(31) Juventutem Niterói
Khristianós Arte Sacra
Suarez  disse  que  é  “a  opinião  comum  dos  doutores”  que  um  Concílio  geral  seria  responsável  por  dirimir  a  questão  de  um  papa La Buhardilla de Jerónimo
herege. Ele afirmou: “Eu afirmo: Se ele é um herege e incorrigível, o Papa deixa de ser Papa, logo que uma sentença declaratória La cigüeña de la torre
de seu crime é pronunciada contra ele pela jurisdição legítima da Igreja.” Em seguida, ele acrescenta um parágrafo: Lavras Resiste!
Le Salon Beige
“Em primeiro lugar, quem deve pronunciar tal sentença? Alguns dizem que seriam os cardeais. E a Igreja, sem dúvida, poderia Livraria Resistência
atribuir­lhes  essa  faculdade,  acima  de  tudo,  se  fosse  estabelecido  de  acordo  com  Sumos  Pontífices  e  por  decisão  deles,  como  foi Cultural
Lumen et Dulcedo
feito  quanto  à  eleição  (dos  Papas).  Mas  até  hoje,  não  li  em  qualquer  lugar  que  tal  decisão  tenha  sido  confiada  a  eles.  Por  esta
Marco Tosatti
razão, deve­se afirmar que, em si mesma, ela pertence a todos os Bispos da Igreja. Visto serem os pastores comuns e as colunas Música Litúrgica Católica
dela, deve­se considerar que esse processo diz respeito a eles. E uma vez que pela lei divina não há razão para se afirmar que o Messa in Latino
assunto envolve alguns bispos mais do que outros, e uma vez que, de acordo com a lei humana, nada foi estabelecido quanto a Missa aos Domingos.
esta matéria, conclui­se, necessariamente, que a questão deve ser tomada para todos eles, e até mesmo por um Concílio geral. Missa Tridentina em Belo
Horizonte
Esta é a opinião comum dos doutores. Pode­se ler o Cardinal Albano expondo sobre este ponto longamente em De Cardinalibus, (q. Missa Tridentina em Betim
35, 1584 ed., Vol. 13, p. 2) “. (32) – MG
Missa Tridentina em
Concílio Perfeito e Imperfeito Brasília
Missa Tridentina em
Isso  levanta  uma  questão:  como  a  Igreja  pode  convocar  um  Concílio  geral  para  supervisionar  tal  situação,  quando  um  Concílio Portugal
Missa Tridentina em São
geral deve ser chamado e supervisionado por um Papa, pessoalmente ou através de seus legados? Para responder a esta pergunta, Carlos
os teólogos fazem uma distinção entre um Concílio perfeito e um Concílio imperfeito. Mulher Católica
O Cristão Comprometido
Um Concílio perfeito é aquele em que o corpo está unido à sua cabeça, e, portanto, consiste dos Bispos e do Papa. Este é por vezes O Fiel Católico
classificado como um Concílio absolutamente perfeito. (33) Esse Concílio tem a autoridade para definir doutrinas e decretos que O Possível e O
regulam a Igreja universal. (34) Extraordinário
O Segredo do Rosário
Um Concílio imperfeito é aquele que é convocado “pelos os membros que podem ser encontrados quando a Igreja está em uma O Tradicionalista

determinada  condição.”  (35)  o  Cardeal  Caetano  refere­se  a  um  Concílio  imperfeito  como  “um  Concílio  perfeito  de  acordo  com  o O Ultrapapista Atanasiano
Oblatvs
estado  atual  da  Igreja“,  e  explicou  que  tal  Concílio  “pode  envolver­se  com  a  Igreja  universal  só  até  um  certo  ponto“.  (36)  Ao
Olhar Católico
contrário  de  um  Concílio  perfeito,  não  pode  definir  doutrinas  ou  decretos  que  regulam  a  Igreja  universal,  mas  só  possui  a Orate Fratres
autoridade para decidir a matéria que exigiu a sua convocação. Caetano observa que existem apenas dois casos que justificam a Orbis Catholicvs
convocação de um Concílio imperfeito. São eles: “quando há um único Papa herege a ser deposto, e quando existem vários Sumos Osservatore Vaticano
Pontífices duvidosos“.  (37)  Em  tais  casos  excepcionais,  um  Concílio  geral  pode  ser  chamado  sem  a  vontade  do  Papa  ou  mesmo Pacientes na tribulação
Padre Demétrio
contra ela. Ensina Caetano:
Palazzo Apostolico – Paolo
Rodari
“Um  Concílio  perfeito  de  acordo  com  o  estado  atual  da  Igreja  [isto  é  um  Concílio imperfeito]  pode  ser  convocado  sem  o  Papa  e
Papa Ratzinger blog
contra a sua vontade, se, apesar de solicitado, ele próprio não o deseja reunir; tal Concílio não tem a autoridade para regular a Papa Stronsay Texts
Igreja  universal,  mas  apenas  para  manifestar­se  sobre  o  ponto  em  destaque.  Embora  os  casos  humanos  variem  de  infinitas Per fas et per nefas
maneiras … há apenas dois casos já ocorridos (e não há outros que possam ocorrer) em que tal Concílio deve ser convocado. O QG da Imaculada
primeiro ocorre quando o Papa deve ser deposto por conta de heresia; neste caso, se ele se recusou, embora solicitado, os cardeais, Regi Saeculorum
Rinascimento Sacro

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 3/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
o  imperador,  ou  os  prelados  pod  m  convocar  a  reunião  de  um  Concílio,  no  qual  não  se  terá  em  mira  os  cuidados  com  a  Igreja Rorate­Caeli
Saúde da Alma
Universal, tendo apenas o poder de depor o Papa. (…)
Sal e Luz
“O segundo ocorre quando há incerteza no que diz respeito à eleição de um ou mais Papas, como parece ter ocorrido no cisma de Sancta Missa – Portugal
Sandro Magister
Urbano VI e outros. Então, para que a Igreja não fique em perplexidade, os membros da Igreja que estão disponíveis têm o poder
Santa Iglesia Militante
de  julgar  quem  é  o  verdadeiro  Papa,  se  ele  pode  ser  conhecido,  e  se  não  pode  ser,  têm  o  poder  de  prever  que  os  eleitores Schola Cantorum Bento
concordem com um ou outro deles”. (38) XVI
Secretum Meum Mihi
O Concílio de Constança é frequentemente citado como um exemplo de um Concílio imperfeito. Foi convocado durante o Grande Sherlock's Pipe
Cisma do Ocidente, quando havia três pretendentes ao papado e incerteza suficiente a respeito de qual dos três era o verdadeiro SOACO – Militância Anti­
Comunista
Papa. O Concílio terminou o cisma depondo ou aceitando a demissão dos reclamantes ao Papado, o que, então, abriu o caminho
Spem in Alium
para a eleição do cardeal Odo Colonna, que tomou o nome Martinho V. (39) St. Conleth's Catholic
Heritage – Irlanda
Outro Concílio, que é muitas vezes mencionado, é o Concílio de Sinuesso, que foi reunido pelos Bispos para lidar com a questão de Sublime Verdade
Papa  Marcelino  (d.  304),  que  ofereceu  incenso  aos  ídolos.  (40).  Hoje,  essas  ações  papais  provavelmente  seriam  explicadas  (“10 Sursum Corda
razões pelas quais o Papa Marcelino realmente não ofereceu incenso aos ídolos”), ou elogiadas como um gesto ecumênico positivo. The hermeneutic of
continuity – Pe. Finigan
No tempo da Igreja primitiva, no entanto, houve uma reação diferente: um Concílio foi convocado, e o Papa, por vergonha, depôs
The New Liturgical
a si mesmo. Mas esta história trágica teve um final feliz. Pois os bispos ficaram tão edificados por seu arrependimento público que o Movement
reelegeram ao Papado. O Papa Marcelino terminou morrendo como um mártir da fé e agora é um santo canonizado. Aqui vemos os Tradi News
Tradição Católica
bons frutos que se seguiram a tal Concílio. Como seria diferente o seu fim se suas ações escandalosas tivessem sido explicadas, ou,
Tradição Católica em
pior ainda, defendidas e elogiadas como um bem positivo. Vitória­ES
Traditional Vocations blog
Depondo um Papa Herege. Traduções Gratuitas
Transalpine Redemptorists
Uma  das  perguntas  difíceis  os  teólogos  tiveram  de  resolver  é  como  um  Papa,  “que  não  é  julgado  por  ninguém”  e  que  não  tem at home
nenhum  superior  na  Terra,  pode  ser  julgado  e  deposto  por  heresia?  Como  pode  um  Papa  ser  declarado  herege,  e,  em  seguida, Tribuna
deposto por sua heresia, sem que a Igreja o julgue ou reivindique autoridade sobre ele? Os teólogos tiveram de navegar através Una Voce Brasil
destas perguntas difíceis, evitando cuidadosamente muitos erros, especialmente o de Conciliarismo, que sustenta que um Concílio Vetus Ordo
Via­Veritas­Vita – Pe. Elcio
geral é superior ao Papa. Murucci
What Does The Prayer
Quatro Opiniões Really Say?
Yves Chiron
João  de  São  Tomás  discute  longamente  os  quatro  pareceres  enunciados  pelo  Cardeal  Caetano  (41)  em  relação  a  esta  questão.
Zelo Zelatus Sum – Pe.
Destas quatro opiniões, há duas extremas e duas moderadas. Elcio Murucci

As  duas  opiniões  extremas  são:  um  Papa,  que  comete  o  pecado  de  heresia,  decai  do  pontificado  ipso  facto,  sem  o  julgamento Sites católicos
humano. A segunda afirma que o Papa tem um superior sobre ele na Terra, e, portanto, pode ser julgado e deposto. Ambos os A Fé Católica

pareceres mostram­se falsos e, portanto, devem ser rejeitados. (42) Administração Apostólica
São João Maria Vianney
Associação Civil Santa
No meio das opiniões extremas, há duas moderadas: a primeira sustenta que um Papa não tem um superior na Terra a menos
Maria das Vitórias –
que  ele  tenha  caído  em  heresia,  caso  em  que  a  Igreja  seria  superior  ao  Papa.  Esta  é  uma  variante  de  Conciliarismo  e,  por Anápolis (GO)
conseguinte, deve ser rejeitada. Resta, assim, a segunda opinião moderada, que sustenta que o Papa não tem superior na Terra, Associação Cultural Santo
Tomás
mesmo  em  caso  de  heresia,  mas  que  a  Igreja  faz  possui  um  poder  ministerial  quando  se  trata  de  depor  um  Papa  herege.  Esta Associação São Pio V
opinião evita o erro de Conciliarismo ao afirmar que a Igreja não tem autoridade sobre o Papa, não sendo ela própria Igreja que o Bibliothèque Saint Libère
depõe, apenas executando a função ministerial necessária para a deposição. A função ministerial é composta por aqueles atos que Canons Regular of St. John
Cantius
são necessários para se determinar que o Papa é de fato um herege, seguindo­se uma sentença declaratória pública de seu crime.
Capela Nossa Senhora das
É o próprio Deus, no entanto, que faz com que o homem decaia do Pontificado, mas não sem a própria Igreja desempenhar as Alegrias – Vitória/ES
funções ministeriais necessárias para comprovar o crime. Católicos Online
Catholic World News
Comprovando o Crime Centre Saint­Paul
Claraval
A heresia se compõe de dois elementos, a saber, a matéria (que existe no intelecto) e forma (que existe na vontade). Comissão Ecclesia Dei
Da Porta Sant'Anna
A Matéria: O aspecto material da heresia é uma crença, ou proposição, contrária àquilo em que os católicos devem crer com fé
DICI – Fraternidade
divina e católica. Doutrinas que devem ser cridas com fé Divina e Católica são verdades que foram reveladas por Deus (contida na Sacerdotal São Pio X
Escritura ou na Tradição), e que foram definitivamente propostas como tal pela Igreja, seja por um pronunciamento solene, seja Editora Sétimo Selo
Escritos de São Francisco
em virtude de seu Magistério Ordinário e Universal. (43) Dois pontos devem ser notados nesta explicação: Para se qualificar uma
de Sales
heresia como material, a doutrina a ser negada é 1) uma verdade revelada, e 2) definitivamente proposta como tal pela Igreja. Fatima.org
(44) Nem todos os erros são qualificados objetivamente como heresia. Fora da Igreja não há
Salvação
A Forma: O aspecto formal de heresia é a pertinácia, que é a adesão voluntária (consciente e teimosa) a uma proposição (ensino) Fraternidad de Cristo
Sacerdote y Santa María
que  está  em  desacordo  com  o  que  deve  ser  crido  com  fé  divina  e  católica.  Simplificando,  existe  pertinácia  quando  uma  pessoa Reina
rejeita  conscientemente  um  artigo  de  fé,  ou,  deliberadamente,  abraça  uma  heresia  condenada.  Sem  pertinácia  da  vontade,  o Fraternidade Sacerdotal
São Pio X – Brasil
elemento subjetivo de heresia não existe, e, consequentemente, a pessoa em questão não seria um herege, no verdadeiro sentido
Fraternidade São Pedro
da palavra.
Fraternité Saint­Vincent­
Ferrier
Uma advertência.
Grupo São Tomás (Boston
– EUA)
Uma advertência pública é o meio mais eficaz para o estabelecimento da pertinácia. Por esta razão, o direito canônico exige que Institut du Bon Pasteur
um aviso seja dado antes que um prelado perca seu ofício pelo o crime de heresia. (Canon 2.314,2 de 1917 Código). Este aspecto Institution l'Angélus – IBP
do  direito  canônico  é  fundado  na  lei  divina  (Tito  3,:10)  e  é  considerado  tão  necessário  que  mesmo  aquele  que  publicamente  se Instituto Cristo Rei
aparta  da  fé  (Canon  188,4  de  1917  Código)  deve  ser  advertido  antes  de  perder    seu  ofício.  (46)  Para  além  da  advertência Kreuz.net
La Croix
canônica, na maioria dos casos, a perda do cargo também exige uma sentença declaratória do crime. (47)
La Porte Latine
A  advertência  estabelece,  com  um  grau  suficiente  de  certeza,  se  a  pessoa  que  professa  heresia  é  ou  não  pertinaz,  ao  invés  de Le Forum Catholique
Lepanto
meramente  enganado,  ou  talvez  apenas  culpado  de  uma  declaração  lamentável  feita  na  fraqueza  humana  (o  que  pode  ser  um
Livraria Tradição
pecado, mas não necessariamente o pecado de heresia). Uma vez que a pertinácia é em si mesma um elemento necessário da
Missa Tridentina em Franca
heresia,  não  basta  que  a  sua  presença  se  presuma;  ela  deverá  ser  confirmada.  A  advertência  faz  isso,  removendo  qualquer Mosteiro de Bellaigue
possibilidade de ignorância inocente, fornecendo ainda ao suspeito a oportunidade de afirmar o que foi negado em um momento de Mosteiro Santa Maria
(carmelitas tradicionais)
fraqueza.
Mosteiro Santo Elias
Direito Canônico O Magistério do Papa Bento
XVI
Obras Raras do Catolicismo

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 4/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Em  Direito  Canônico,  existem  duas  penas  distintas  para  o  crime  de  heresia.  Uma  dela  é  a  censura  e  a  outra  é  de  uma  grande Panorama Católico
Internacional
penalidade retributiva. Paróquia Santissima Trinità
dei Pellegrini
Incorre­se  na  censura  de  excomunhão  automática  aquele  que  comete  conscientemente  qualquer  delito  que  acarreta  tal  pena Pe. Michael Rodriguez
(como  negar,  internamente,  um  dogma  dentro  do  seu  coração).  Essas  excomunhões  podem  ser  públicas  ou  ocultas  (secretas) Permanência
(48), e não necessitam de aviso ou declaração em si mesmas. No entanto, quando o interesse público assim o exige, a declaração Présent
QIEN
deve  ser  emitida  para  uma  pessoa  seja  considerada  como  incursa  na  excomunhão  de  foro  externo.  (49)  E,  como  os  canonistas
Reflexões Franciscanas
ensinam, quando a pessoa em questão é um clérigo, o bem público efetivamente o exige. (50) Assim, enquanto um clérigo pode
Revue Item – Pe. Aulagnier
ter incorrido secretamente em excomunhão de foro interno, ele não é considerado como incurso na censura de excomunhão de Revue Objections
foro externo, sem uma declaração por parte da Igreja. Sancta Missa
Seminaire Saint Vincent de
Mas,  o  que  é  importante  notar  é  que  a  censura  de  excomunhão  não  resulta  na  perda  do  mandato  de  um  clérigo.  A  perda  do Paul
mandato  é  uma  pena  retributiva,  e  as  sanções  retributivas  sempre  exigem  uma  advertência  (normalmente  duas).  (51)  Na Sensus Fidei
Sentinela Católico
verdade, como mencionado acima, mesmo no caso de uma penalidade retributiva mais grave, que é provocada por um clérigo que
Stat Veritas
adere  a  uma  fé  defeituosa  (cânon  188.4)  juntando­se  a  uma  falsa  religião,  seja  formalmente  (sectae  acatholicae  nomen  dare),
The Latin Mass Magazine
seja informalmente (publice adhaerere), uma advertência canônica é necessária antes que seu oficio se tenha por vago. (52) The Latin Mass Society of
England & Wales
Em seu comentário sobre o Código de Direito Canônico de 1.917, Pe. Agostinho explica este ponto. Referindo­se a um clérigo que The Remnant
se junta a uma falsa religião, ele escreveu: Una Vox
WikkiMissa
“Um clérigo deve, além disso, ser degradado, se, depois de ter sido devidamente advertido, ele persiste em ser um membro de tal www.chiesa – Sandro
sociedade. Todos os ofícios que ele detenha ficam vagos, ipso facto,  sem  qualquer  outra  declaração.  Esta  é  uma  renúncia  tácita Magister

reconhecido por lei (Canon 188,4) e, portanto, a vacância é de facto et iure [de fato e de direito]. “(53)
Vaticano
Podemos  ver  que,  mesmo  no  caso  extremo  de  um  clérigo  que  se  juntou  publicamente  a  uma  falsa  seita,  uma  advertência  é L'Osservatore Romano
News.va
necessária  (embora  a  declaração  não  o  seja)  para  que  seu  ofício  se  tenha  por  vacante.  Isso  mostra  o  quão  necessário  a  Igreja
Santa Sé
considera uma advertência no estabelecimento da pertinácia.
Nosso patrono
Advertência de um Papa.

Vimos que uma advertência canônica é necessária para um clérigo perder seu cargo em virtude do crime de heresia. Este aspecto
do direito canônico é derivado da lei divina, que ensina que um herege só deve ser evitado “depois de uma ou duas advertências”
(Tito 3:10). Uma vez que este preceito da lei divina não permite exceções, ele se aplica também a um Papa herege. Se um Papa
permanece firme em sua heresia depois de estar devidamente advertido pelas autoridades competentes, ele, assim, manifesta sua
pertinácia, e revela que, de sua própria vontade, rejeitou a fé.

Este ponto foi explicado em pormenores pelo eminente teólogo italiano do século XVIII, Pe. Pietri Ballerini (que era um adepto da
famosa  Quinta  Opinião  de  Belarmino).  Na  seguinte  citação,  Pe.  Ballerini  começa  por  responder  à  questão  de  quem  seria
responsável por advertir um Papa, e, em seguida, explica os efeitos que tal advertência produziria:

“Não  é  verdade  que,  confrontado­se  com  tal  perigo  para  a  fé  [um  Papa  a  ensinar  heresia),  qualquer  um  pode,  por  correção
fraterna, advertir o seu superior, resistir­lhe face à face, refutá­lo e, se necessário, chamá­lo e pressioná­lo a se arrepender? Os
São João Fisher, mártir ­
cardeais,  que  são  seus  conselheiros,  podem  fazer  isso;  ou  o  clero  romano,  ou  um  Sínodo  romano,  que,  reunindo­se,  julgá­lo Bispo de Rochester
oportuno.  Para  as  pessoas  comuns,  valem  as  palavras  de  São  Paulo  a  Tito:  ‘Evite  o  herege,  depois  de  uma  primeira  e  segunda
correção, sabendo que tal homem é pervertido e que peca, já que ele é condenado pelo seu próprio julgamento’(Tit 3, 10­11). Pois Aborto
se uma pessoa, que, admoestada  uma ou duas vezes, não se arrepende, mas continua pertinaz em um parecer contrário a um Administração
dogma  manifesto  ou  definido  –  não  podendo,  por  conta  dessa  pertinácia  pública  ser  excusado,  por  qualquer  meio,  de  heresia Apostólica
propriamente  dita,  o  que  requer  pertinácia  –  esta  pessoa  declara­se  abertamente  um  herege,  revelando  que,  por  sua  própria
vontade,  afastou­se da fé católica e da Igreja. Assim, agora nenhuma declaração ou sentença de ninguém são necessárias para
Atualidades
Bastiões da Igreja
cortá­lo do corpo da Igreja. Por isso, o Pontífice que, depois de uma advertência tão solene e pública por parte dos Cardeais, ou do Bento XVI  Caminho
clero romano ou mesmo do Sínodo, permanecer endurecido em heresia, abertamente afastando­se da Igreja, deve ser evitado, de Neocatecumenal  Canção
acordo com o preceito de São Paulo. Assim, para que ele não possa causar danos às demais pessoas, teria que ter sua heresia e Nova  Cardeal Antonio
sua  contumácia  proclamadas  publicamente,  de  modo  que  igualmente  todos  sejam  capazes  de  se  defender  (contra  este  Papa). Cañizares Llovera
Assim, a sentença, que pronunciou contra si mesmo, seria dada a conhecer a toda a Igreja, deixando claro que, por sua própria Cardeal Dario Castrillon
vontade, ele se afastou e se separou do corpo da Igreja, e que, de certa forma,  abdicou do Pontificado …”(54) Hoyos   Cardeal Levada
Cardeal Odilo Pedro
Permanecendo  endurecido  em  heresia  depois  de  uma  advertência  pública  e  solene,  o  Papa  como  que  pronuncia  uma  sentença Scherer   Cardeal
contra si mesmo, revelando assim a todos que ele rejeitou a fé que tinha o dever de defender. Raymond Leo
Burke  Cardeal
Objeções respondidas.
Schönborn   Cardeal
Neste  ponto,  uma  objeção  precisa  ser  tratada.  Alguns  alegam  que  um  Papa  que  professa  uma  heresia  não  pode  ser  advertido. Tarcísio Bertone
Cardeal Walter Kasper
Dizem  que  uma  advertência  exige  um  julgamento,  e  uma  vez  que  “a  Santa  Sé  não  é  julgada  por  ninguém”,  a  ninguém  é
permitido advertir um Papa. Eles ainda afirmam que uma advertência deve vir de um superior, e uma vez que o Papa não tem CNBB
superior na Terra, segue­se que ele não pode ser advertido. Congregação
Ambas as acusações deixam de considerar que uma advertência pode ser um ato de justiça (o que é próprio de um superior), ou para a Doutrina
uma  obra  de  misericórdia  e,  portanto,  um  ato  de  caridade.  Como  um  ato  de  caridade,  um  inferior  certamente  pode  advertir  ou da Fé Congregação
fraternalmente corrigir um superior, “desde que“, escreveu São Tomás, “haja algo na pessoa que necessite de correção.” (55) para o Culto Divino e
Disciplina dos Sacr
No parágrafo imediatamente após a longa citação acima, Pe. Ballerini manifestou­se da mesma forma quando escreveu: “o  que Crise Pós­
quer que seja a ser feito contra ele [um Papa herege] antes da declaração de sua contumácia e de sua heresia, a fim de chamá­lo
à razão, constituiria uma obrigação de caridade, não de jurisdição.”
Conciliar Cúria

A própria Escritura fornece um exemplo de um aviso de um inferior feito ao seu superior, que, neste caso, por coincidência, era o
Romana
Papa. Em Gálatas, capítulo 2, lemos que São Paulo resistiu a São Pedro “em sua face, porque ele era repreensível” (Gálatas 2:11). Discussões
Como  observado  acima,  estamos  autorizados  a  fraternalmente  corrigir  um  superior,  mas  como  São  Tomás  explica,  “opor­se  a Teológicas
qualquer pessoa em público é algo que excede a uma correção fraterna“. No entanto, Deus quis que este evento fosse registrado Diálogo Inter­
nas Escrituras para a nossa instrução. E o que podemos aprender com isso? São Tomás explicou que este ato de São Paulo, que religioso  Dom
em  uma  situação  normal    teria  excedido  o  que  lhe  era  permitido,  foi  justificado  devido  a  um  perigo  iminente  para  a  fé.  Ele Antônio de Castro
escreveu: Mayer  Dom Athanasius
Schneider  Dom

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 5/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
“Deve­se observar, no entanto, que se a fé está em perigo, um sujeito deve repreender seu prelado, mesmo publicamente. Daí Fellay  Dom
Paulo, que estava sujeito a Pedro, repreendeu­o em público, por conta do perigo iminente e do escândalo quanto à fé. “(56) Gerhard Ludwig
Muller  Dom João Braz
Ele,  então,  cita  Santo  Agostinho,  que  disse:  “Pedror  deu  um  exemplo  aos  superiores,  que,  se  em  algum  momento  eles  se de Aviz   Dom Kurt Koch
desviarem do caminho reto, não devem desdenhar se forem repreendidos por seus súditos.” É evidente que, se é permitido a um Dom Luiz Gonzaga
subalterno fraternalmente corrigir um superior (que é o que a advertência constituiria), e se São Paulo estava certo em ir ainda Bergonzini  Dom Manoel
Pestana Filho  Dom Orani
mais longe ao resistir a São Pedro “em sua face” por causa de um perigo iminente para a fé, um Concílio é certamente capaz de
João Tempesta   Dom
emitir  uma  advertência  pública  para  um  dos  sucessores  de  São  Pedro  se  ele  está  colocando  em  risco  a  fé  por  suas  palavras  ou
Williamson
ações.
Ecclesia Dei
Em seu comentário sobre o livro de Gálatas, São. Tomás fez uma distinção necessária em relação a este ponto, bem como uma Ecumenismo
observação importante. Ele escreveu: Franciscanos da
Imaculada  FSSP
“O Apóstolo opôs a Pedro quanto ao exercício da autoridade, e não quanto à  autoridade deste de governar Portanto, do exposto,
retiramos  um  exemplo:  para  prelados,  um  exemplo  de  humildade,  que  não  desdenhem  as  correções  daqueles  que  lhe  são FSSPX Fátima
subalternos e sujeitos a eles; enquanto que os subalternos têm um exemplo de zelo e liberdade para que não temam corrigir seus Hagiografia  Hereges e
prelados, particularmente se o crime é público se cria um iminente perigo para a multidão “(57) Cismáticos  Hermes
Rodrigues Nery  IBP
Sentença declaratória.
Igreja Islamismo
Uma  vez  que  a  pertinácia  do  Papa  foi  suficientemente  estabelecida,  a  Igreja  emite  uma  sentença  declaratória  (declarativam
Islã  Jornada
sententiam)  do  crime  de  heresia,  pela  qual  se  declara  que  o  Papa  professou  abertamente  heresia  (matéria)  e  mostrou­se  ser
Mundial da
incorrigível (forma).
Juventude João
João de São Tomás explica que esta declaração deve vir de um Concílio geral. Ele escreveu: “com relação à deposição do Papa em Paulo II   Judaísmo
relação à declaração do crime, (tal assunto) de modo algum se refere aos cardeais, mas a um Concílio geral.” (58) Legionários de Cristo
Maçonaria  Medjugorje
Também deve­se notar, como Pe. Wernz S.J. observou, que a sentença declaratória do crime “não tem o efeito de julgar um Papa Missa Nova  Missa
herege, mas de demonstrar que ele já foi julgado.” (59) Tradicional
Modernismo
Isso nos lembra a citação anterior de Pe. Ballerini, que disse que um Papa que abertamente permanece empedernido em heresia
Mons. Lefebvre
depois de uma advertência pública e solene, pronuncia uma sentença contra si mesmo, mostrando que, de sua própria vontade, Monsenhor Brunero
afastou­se  da  fé.  A  declaração  confirma,  simplesmente,  com  um  grau  suficiente  de  certeza,  aquilo  que  o  próprio  Papa  já  havia Gherardini  Monsenhor
demonstrado. O Papa Inocêncio III fez observação semelhante, o que evidencia a distinção feita pelos teólogos entre julgar o Papa
Guido Pozzo  Moral
e declará­lo julgado. Comentando sobre o verso “se o sal perder o seu sabor, para nada serve”, o Papa Inocêncio escreveu:
Moral Católica
“[O] Roman Pontífice… não deve ensoberbecer­se erroneamente de seu poder, nem precipitadamente gloriar­se em sua eminência
Novus Ordo
ou em sua honra, pois o quanto menos ele é julgado pelo homem, mais ele é julgado por Deus. Eu digo ‘menos’, porque ele pode
ser julgado por homens, ou melhor, apresenta­se para ser julgado, se perde claramente o seu sabor pela a heresia, já que ‘quem Missae O
não crê já está julgado’ (João 3:18) … “(60)

O Efeito da Advertência e da Declaração.
Papa Pe. Marcial
 
Maciel  Pe. Michael
Rodriguez  Pe. Nicola Bux
Um ponto que é debatido pelos teólogos é exatamente quando, e precisamente como, o Papa decai do pontificado. Será que isto
tem lugar imediatamente após pertinácia do Papa ter sido manifesta às autoridades que emitiram a advertência, ou ocorre quando Pio XII  Roberto de

a  Igreja  emite  a  sentença  declaratória  do  crime?  A  explicação  de  João  de  São  Thomas  deste  ponto  é  a  mais  erudita  que  eu Mattei
encontrei. Este brilhante professor de teologia e filosofia escolástica, que é reconhecido como um dos mais importantes Tomistas Sedevacante
que a Igreja conheceu – possivelmente perdendo apenas para o próprio São Tomás – aborda cada ponto com a precisão de um 2013
verdadeiro  tomista,  evitando  cuidadosamente  o  erro  de  Conciliarismo.  O  que  se  segue  é  um  resumo  de  sua  doutrina  sobre  os
Summorum
efeitos da advertência e da declaração pública e como estes se relacionam com a perda do cargo.
Pontificum
Como já observamos, a advertência estabelece se o Papa é realmente pertinaz. Uma vez que a pertinácia é manifesta, a Igreja
emite  uma  sentença  declaratória  do  crime  e  informa  aos  fiéis  que,  de  acordo  com  a  lei  divina,  ele  doravante  deve  ser  evitado.
Summorum
Agora, uma vez que uma pessoa não pode efetivamente governar a Igreja como sua cabeça ao mesmo tempo em que é evitada Pontificum no
por aqueles que governa, o Papa se torna efetivamente impotente com esta declaração. João de São Tomás explica desta forma: Brasil São Pio X
“A Igreja é capaz de julgar o crime de um Pontífice e, de acordo com a lei divina, propor aos fiéis que ele deve ser evitado como um Sínodo sobre a
Família ­ 2014
herege.  Uma  vez  que  um  Papa  que  deve  ser  evitado  é  incapaz  de  influenciar  a  Igreja  como  sua  cabeça,  o  pontífice  se  torna
necessariamente impotente, pela força de tal declaração. “(61) Sínodo sobre a
Família ­ 2015
Sendo incapaz de efetivamente governar a Igreja como resultado da sentença declaratória, que exige que ele seja evitado pelos
Teologia da
fiéis, o próprio Deus rompe o vínculo que une o homem ao seu ofício, e ele decai, ipso facto, do pontificado – mesmo antes de ser
Libertação
formalmente declarado privado do Pontificado pela Igreja.
Tradição
João  de  São  Tomás  passa  a  explicar  que  a  Igreja  desempenha  um  papel  ministerial  na  deposição,  em  vez  de  um  papel  de
autoridade, uma vez que ela não tem autoridade sobre o Pontífice – mesmo no caso de heresia. Ele emprega os conceitos tomistas
Vaticano II
de forma e matéria para explicar como a união entre o homem e o pontificado é dissolvida. É feita uma distinção entre o homem Santo Afonso Maria de
(a matéria), o Pontificado (a forma), e o vínculo que une os dois. Ele explica que a Igreja desempenha um papel ministerial na Ligório
deposição  de  um  Papa,  assim  como  ela  desempenha  um  papel  ministerial  na  eleição.  Durante  a  eleição  de  um  Papa,  a  Igreja
designa o homem (a matéria), que receberá o pontificado (a forma) imediatamente de Deus. Algo semelhante acontece quando
um Papa perde seu cargo devido à heresia. Uma vez que “o Papa é constituído Papa pelo poder de jurisdição tão somente”  (62)
(jurisdição  esta  que  ele  é  incapaz  de  exercer  efetivamente  se  deve  ser  evitado  pelos  fiéis),  quando  a  Igreja  emite  a  sentença
declaratória e apresenta­o aos fiéis como aquele que deve ser evitado, ela, assim, introduz uma disposição na matéria (o homem),
que a torna incapaz de sustentar a forma (o Pontificado). Deus responde a este ato legítimo da Igreja (que tem o direito de fazê­lo
de acordo com a lei divina), retirando a forma da matéria, fazendo assim com que o homem decaia do Pontificado.

João  de  São  Tomás  aprofunda  este  ponto,  esclarecendo  que  a  Igreja  age  diretamente  sobre  a  matéria  (o  homem),  mas  apenas
indiretamente sobre a forma (o Pontificado). Ele descreve este ponto usando a analogia da procriação e da morte. Ele explica que,
assim como o ato gerador do homem não produz a forma (a alma), nem o que corrompe e destrói a matéria (doença, etc.) toca
diretamente  a  forma  (a  alma)  –  nem  o  elemento  corruptor  causa  diretamente  a  separação  da  forma    da  matéria  (mas  apenas
torna esta última incapaz de sustentar a primeira) – assim, também, é com a eleição e deposição de um Papa.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 6/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Durante a eleição, a Igreja apenas designa o homem (a matéria) que vai receber a forma (Pontificado). Deus responde a este ato «A verdadeira liberdade
consiste em conformar­se
legítimo da Igreja, unindo o homem ao Pontificado. Da mesma forma, quando se trata de depor um Papa herege, a Igreja declara o com Cristo, e não em fazer o
homem herege e, em seguida, comanda os fiéis, por um ato jurídico, a evitarem­no. É certo que a Igreja não tem jurisdição ou que se quer»
Bento XVI, audiência geral
autoridade sobre o Papa, mas ela possui jurisdição sobre os fiéis, e, portanto, pode emitir comandos que estes estão obrigados a
de 1º de outubro de 2.008.
obedecer. Agora, uma vez que a lei divina ensina que um herege deve ser evitado após uma ou duas advertências, a Igreja tem o
direito divino de comandar que um Papa, que permaneceu empedernido em heresia depois de uma advertência pública, deva ser Arquivos
evitado. Uma vez que aquele que está sendo evitado não pode efetivamente governar a Igreja, Deus responde a esta declaração Selecionar o mês
da Igreja, cortando o vínculo que une a forma à matéria, fazendo assim com que o homem decaia do Pontificado.
Fale conosco:
A  função  ministerial  da  Igreja,  então,  é  estabelecer  o  crime  e  emitir  a  sentença  declaratória,  enquanto,  simultaneamente, fratresinunum@gmail.com
comanda os fiéis a evitarem o homem . A autoridade da Igreja, a este respeito, não é de sujeição (como se o Papa estivesse sujeito
Quando o sacerdote celebra
à Igreja), mas de separação (63), segundo o qual a Igreja se separa do Papa. O Cardeal Caetano explica:
a Santa Missa…
“Em  suma,  em  nenhum  lugar  eu  acho  superioridade  e  inferioridade  na  lei  divina  quando  o  assunto  é  heresia,  mas  apenas
separação  [‘Retirar­vos’  –  2  Tes.  3:  6:”  Não  o  recebei  ‘­  2  João  1:10,  “Evite  ‘­…  Tit  3:10]  Agora,  é  óbvio  que  a  Igreja  pode  se
separar do papa só em virtude do mesmo poder ministerial pelo qual pode elegê­lo, portanto, o fato de que é previsto por lei divina
que um herege deve ser evitado e banido da Igreja, não cria a necessidade de um poder que seja maior do que poder ministerial.
Tal poder é suficiente;. e sabe­se que ele reside na Igreja “. (64)

Agora, uma vez que o ato jurídico comandando os fiéis a evitar o homem está essencialmente relacionado com a perda do cargo
(uma vez que o Papa que deve ser evitado não pode efetivamente governar a Igreja), é evidente por que a declaração deve vir das
autoridades competentes. Pois se tal comando vier de alguém sem autoridade, ele não vincularia, e, consequentemente, ninguém
seria obrigado a evitar o homem. Em relação a este ponto, João de São Tomás escreveu:

“Uma heresia do Papa não será pública para todos os fiéis a não ser por uma acusação trazida por outros. Mas a acusação de um
indivíduo não vincula, já que não é ato jurídico e, consequentemente, ninguém seria obrigado a aceitá­la e a evitá­lo. Portanto, é
necessário  que,  assim  como  a  Igreja  designa  o  homem  e  o  propõe  aos  fiéis  como  um  Papa  eleito,  portanto,  também  a  Igreja
declara­lhe um herege e o propõe como alguém a ser evitado. “(65) honra a Deus, alegra os
anjos, edifica a Igreja, ajuda
Uma vez que a advertência é necessária para demonstrar a pertinácia, que deve ser estabelecida antes da sentença declaratória, os vivos, proporciona
descanso aos defuntos e faz­
também podemos ver por que João de São Tomás dirá que, antes de ser advertido, o Papa herege permanece Papa. Sobre este se participante de todos os
ponto, ele escreveu: bens. (Imitação de Cristo,
Livro IV, Cap. V)
“Ainda  que  o  Papa  seja  externamente  um  herege,  se  ele  está  preparado  para  ser  corrigido,  não  pode  ser  deposto  (como  já
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dissemos acima), e a Igreja, por direito divino, não pode declará­lo deposto, uma vez que ainda não é possível evitá­lo. Isto porque,
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de acordo com o apóstolo, ‘um homem que é um herege deve ser evitado, depois da primeira e segunda advertência’. Portanto,
antes da primeira e segunda advertência, ele não deve ser evitado pela Igreja … Assim, é falso dizer que um pontífice é deposto
pelo  simples  fato  de  que  ele  é  um  herege  público:  realmente,  ele  é  pode  sê­lo  desde  que    ainda  não  tenha  sido  advertido  pela
Igreja …. “(66 )

Tendo  decaído  do  pontificado  devido  à  sua  heresia  ser  declarada  publicamente  a  todos,  o  ex­papa  “pode,  então,  ser  julgado  e
punido pela Igreja“, como o próprio Belarmino ensinou. (67) Neste ponto, uma segunda declaração é emitida informando que a Sé
está vacante, de modo que os cardeais podem proceder à eleição de um novo Papa.

Declaração da Privação.

Chegamos  agora  à  fase  final  do  processo:  a  declaração  de  privação.  Há  de  se  observar  que  esta  declaração  final  é  separada  e
distinta  da  sentença  declaratória  do  crime.  João  de  São  Tomás  é  bastante  claro  sobre  este  ponto.  Ele  disse  que  o  depoimento
“facienda est post declarativam criminis sententiam ” – “deve ser feito depois de uma sentença declaratória do crime“. (68)

Antes da punição poder ser proferida, primeiramente deve ser estabelecido o crime. A distinção entre 1) estabelecer­se  o crime e
pronunciar­se a sentença declaratória, e 2) a fase punitiva em que a pena é imposta é análoga ao que vemos em nosso sistema
legal secular, em que as duas fases distintas exigem normalmente processos legais distintos. Mesmo que o Papa manifestamente
herege  seja  privado  ipso  facto  do  Pontificado  por  Deus  (conforme  a  posição  de  todas  as  autoridades  que  citamos),  ainda  há  o
aspecto humano do castigo, que deve seguir a sentença declaratória do crime. Eis as três fases:

1) A fase criminal, em que o crime é estabelecido;

2) O castigo divino, pelo qual o Papa decai do pontificado;

3) A punição humana (excomunhão pública).

Podemos ver todas essas três fases na seguinte citação de Suarez:

“Portanto, ao depor um papa herege, a Igreja não age como superior a ele, mas juridicamente, e pelo consentimento de Cristo,
declara­o um herege [sentença declaratória] e, portanto, indigno de honras Pontifícias; ele, então, ipso facto, e imediatamente, é
deposto por Cristo [punição divina], e uma vez deposto, torna­se um subalterno passível de ser punido. [punição humana] “(69)

Acima,  vemos:  1)  A  sentença  declaratória,  o  que,  de  acordo  com  a  explicação  de  João  de  São  Tomás,  incluiria  um  ato  jurídico
comandando aos fiéis para que evitem o Papa (note­se: o objeto do ato jurídico é o fiel, não o Papa); 2) O castigo divino, que é a
perda  ipso  facto  do  Pontificado  (rompendo­se  o  vínculo  que  une  a  forma  à  matéria).  3)  Uma  vez  que  o  ex­papa  decaiu  do
Pontificado, a Igreja pode infligir­lhe uma punição humana, que é a excomunhão pública juntamente com uma declaração de que
a Sé vacante.

João de São Tomás explica que esta declaração final (declaração de privação) também deve vir de um Concílio geral. Ele escreveu:

“Também  é  a  opinião  comum  que  o  poder  de  tratar  os  casos  de  Papas,  com  tudo  o  que  diga  respeito  a  sua  deposição,  não  foi
confiado aos cardeais; portanto, a deposição pertence à Igreja, cuja autoridade é representada por um Concílio geral “. (70)

O Manual de Teologia Dogmática de J.M. ensina o mesmo.

“Tendo em conta que, como uma pessoa privada, o Pontífice pode realmente se tornar um herege público, notório e obstinado …
só um Concílio terá o direito de declarar sua Sé vacante de forma que os eleitores habituais poderão proceder com segurança a
uma eleição.” (71)

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 7/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Duas opiniões.

Há  duas  opiniões  a  respeito  desta  declaração  final.  Uma  opinião  sustenta  que  um  Papa  herege  é  jure divino  removível.  A  outra
opinião é que a declaração final apenas confirma o que já ocorreu, ao declarar que o Papa privou­se a si mesmo do pontificado. No
primeiro caso, a igreja causa a deposição; no segundo caso, apenas confirma que o Papa depôs a si mesmo.

Em relação à primeira opinião, é difícil distingui­la do erro de Conciliarismo, visto que a deposição é um ato próprio a um superior.
(72) Por isso, se a Igreja causou diretamente a deposição do Papa, ele agiu como um superior dele, o que não se admite. Por esta
razão, a opinião mais comum é que o Pontífice herege deixa de ser Papa, ipso facto, uma vez que sua heresia se manifestou e foi
declarada aos fiéis.

Mas se é a própria Igreja que depõe o Papa (primeira opinião), ou se ele é privado do pontificado diretamente por Deus (segunda
opinião), tal é apenas uma questão acadêmica e que pertence ao âmbito especulativo, já que, no plano prático, ambas as opiniões
concordam que o homem deve, pelo menos, ter sido declarado culpado pela Igreja (sentença declaratória), antes que possa ser
declaro privado do pontificado (declaração de privação).

Este ponto foi explicado pelo Pe. Sebastian B. Smith, professor de Direito Canônico. Em sua obra clássica, Elements of Ecclesiastical
Law (1881), que foi meticulosamente analisada por dois canonistas em Roma, lemos o seguinte:

“Pergunta: Um Papa que cai em heresia fica privado, ipso jure, do Pontificado?

“Resposta:  Há  duas  opiniões:  uma  afirma  que  ele  é,  em  virtude  de  determinação  divina,  despojado  ipso facto,  do  Pontificado;  a
outra sustenta que ele é, jure divino, removível. Ambas as opiniões concordam que ele deve, pelo menos, ser declarado culpado de
heresia pela Igreja ­. i.e., por um concílio ecumênico ou pelo Colégio dos Cardeais “(73)

As  “duas  opiniões”  dizem  respeito  à  declaração  de  privação  (à  segunda  declaração).  Mas,  como  Pe.  Smith  observou  acima,
independentemente de qual opinião se adota, ambas concordam que o Papa deve ter sido declarado culpado pela Igreja. Este é um
ponto que os sedevacantistas não perceberam.

Erros do sedevacantismo.

Na tentativa de entender a crise atual na Igreja, alguns leram os escritos de teólogos que ensinam que um Papa manifestamente
herege está ipso facto deposto, e, em seguida, chegaram à falsa conclusão de que, se eles próprios pessoalmente julgam o Papa
como um herege, isso deve significar que ele não é o Papa. Então, escrevem artigos instruindo outros membros do laicado, sobre
como eles também podem julgar que o Papa é um herege, na esperança de que cheguem à mesma conclusão de não ser um Papa
verdadeiro. O que essas pessoas não conseguiram perceber é que os teólogos, que discutem a deposição ipso facto de um Papa por
heresia, apenas se referem à especulação de como o Papa perde seu ofício (uma das “duas opiniões” mencionadas acima), o que
não  elimina  a  necessidade  de  a  Igreja  desempenhar  as  funções  ministeriais  necessárias  para  se  elaborar  o  crime.  Em  outras
palavras, a Igreja deve proferir uma decisão antes que o Papa perca seu ofício. Julgamentos privados dos leigos em tal matéria não
são suficientes. João de São Tomás abordou este ponto diretamente. Ele explicou que um Papa tido por manifestamente herege
segundo julgamentos meramente privados continua a ser papa. Ele escreveu:

“Enquanto não se tenha juridicamente declarado a nós que o Papa é um infiel ou herege, ainda que o seja manifestamente de
acordo com o julgamento privado, ele continua sendo, naquilo que nos toca, um membro da Igreja e, consequentemente, a sua
cabeça. É necessário um julgamento pela Igreja. É só então que ele deixa de ser Papa, naquilo que a nós importa” (João de São
Tomás). (74)

Antes do julgamento e declaração necessários por parte da Igreja, um Papa herege continua a ser um papa válido. A visibilidade da
Igreja (formal e material) é absolutamente necessária e não admitiria a hipótese contrária.

O Pe. Paul Layman S.J. (d.1635), que é considerado um dos maiores canonistas da época da Contrarreforma (como por vezes este
período é chamado), explicou que, mesmo no caso de um Papa ser um herege notório, enquanto ele for tolerado pela a Igreja,
continua a ser um verdadeiro e válido Papa. Escreve o Pe. Laymann:

“É mais provável que o Sumo Pontífice, como uma pessoa, seja capaz de cair em heresia, e até mesmo em heresia notória, razão
pela  qual  mereceria  ser  deposto  pela  Igreja,  ou  melhor,  ser  declarado  como  separado  dela  .  (…)  Observe­se,  no  entanto,  que,
apesar de eu afirmar que o Sumo Pontífice, como uma pessoa privada, é capaz de se tornar um herege e, portanto, deixar de ser
um verdadeiro membro da Igreja, (…) ainda assim, enquanto ele for tolerado pela Igreja, e reconhecido publicamente como pastor
universal,  ele  realmente  desfrutará  do  poder  pontifício,  de  tal  forma  que  todos  os  seus  decretos  não  terão  menos  força  e
autoridade do que teriam se ele fosse um verdadeiro fiel.”(75)

Os  Papas  Alexandre  VI,  João  XXII,  e  Honório  I,  foram  todos  acusados  de  heresia  por  seus  contemporâneos,  mas  nenhum  foi
declarado privado do Pontificado enquanto ainda vivia. Consequentemente, eles sempre foram considerados verdadeiros Papas pela
Igreja, mesmo que Honório, após sua morte, tenha “sido expulso da Igreja santa de Deus e anatematizado” (76) por heresia, pelo
Terceiro Concílio de Constantinopla. Por esta razão, a Enciclopédia Católica de 1913, disse: “É  claro  que  nenhum  católico  tem  o
direito de defender o Papa Honório. Ele era um herege… “(77). No entanto, nem mesmo o Papa Honório é considerado pela Igreja
como tendo perdido o Pontificado enquanto vivia.

O próprio São Belarmino explicou que um bispo herege deve ser deposto pelas autoridades competentes. Depois de explicar como
um falso profeta (que é um pastor herege) pode ser exposto, ele escreveu:

“… Se  o  pastor  é  um  bispo,  eles  [os  fiéis]  não  o  podem  depor  e  colocar  outro  em  seu  lugar.  Pois  Nosso  Senhor  e  os  Apóstolos
apenas estabeleceram que os falsos profetas não devem ser ouvidos pelo povo, e não que o povo o possa depor. E é certo que a
prática da Igreja sempre foi que os bispos hereges sejam deposto por Concílios de bispos ou pelo Sumo Pontífice. “(78)

Aqui vemos o verdadeiro pensamento de Belarmino sobre este ponto. Ele explica que um bispo herege pode ser exposto pelos fiéis
(que não o devem ouvir), mas ele só pode ser deposto pelas autoridades competentes. Se isto é verdade para os bispos comuns,
quanto mais necessário não o é quando o bispo é o Sumo Pontífice?

Os sedevacantistas provavelmente se oporão dizendo que, uma vez que um Papa não pode ser julgado por um Concílio, Belarmino
não  poderia  ter  querido  dizer  que  um  Concílio  iria  depor  um  papa  herege.  Eles,  então,  insistirão  que  é  por  isso  que  Belarmino
ensinou que um Papa herege perde seu ofício automaticamente. Mas este não é claramente o caso, já que o próprio Belarmino
defendeu a opinião de que um Papa herege pode ser julgado por um Concílio. Ele escreveu:

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
“Em  primeiro  lugar,  que  um  Papa  herege  pode  ser  julgado  é  expressamente  dito  em  Can.  Si  Papa  dist.  40,  e  por  Inocêncio  III
(Serm.  II  de  CONSEC.  Pontífice.)  Além  disso,  no  oitavo  Concílio,  (act.  7)  os  atos  do  romano  Concílio  sob  o  Papa  Adriano  são
mencionados, em que se nota que o Papa Honório parece ter sido justamente anatematizado, visto que ele havia sido condenado
por heresia, que é o único caso em que é permitido aos inferiores julgar os superiores. “(79)

Ele  passa  a  explicar  que,  mesmo  que  o  Papa  Adriano  erroneamente  condenou  Honório  (que  é  o  que  Belarmino  pessoalmente
pensava),  “no  entanto“,  escreveu  Belarmino,  “não  podemos  negar,  de  fato,  que  Adriano,  e  com  ele  Concílio  Romano  (e  não
somente  ambos,  mas  igualmente  o  oitavo  Concílio  geral)  concluíram  que,  no  caso  de  heresia,  um  pontífice  romano  pode  ser
julgado“. (80)

Sem examinar os casos mencionados por Belarmino, é bastante claro que ele defendeu a opinião de que um papa herege pode ser
julgado  por  um  Concílio.  Agora,  uma  vez  que  ele  declarou  explicitamente  que  “bispos  hereges”  devem  ser  depostos  por  um
Concílio, o mesmo se aplica, obviamente, a um bispo herege de Roma. Por isso, a sua afirmação de que um Papa manifestamente
herege perde seu ofício ipso facto não implica que a Igreja deixe de desempenhar as funções ministeriais necessárias para elaborar
o crime.

O  pensamento  de  Belarmino  com  relação  a  este  assunto  é  perfeitamente  coerente  com  o  pensamento  da  Igreja,  como  vemos
expressa no Canon 10 do Quarto Concílio de Constantinopla. Em resposta ao cisma de Fócio, o Concílio atribuiu a grave pena de
excomunhão para qualquer leigo ou monge que, no futuro, se separasse de seu patriarca (o Papa é Patriarca do Ocidente) antes de
uma cuidadosa investigação e julgamento por um sínodo.

“Como escritura divina proclama claramente: ‘Não julgues ninguém culpado antes de investigar e compreender em primeiro lugar
e, em seguida, julgarás’. E será que a nossa lei permite que se julgue uma pessoa sem antes dar­lhe uma audiência e saber o que
ele fez? Consequentemente, este sínodo santo e universal, de forma justa e apropriada, declara e estabelece que nenhum leigo,
ou monge ou clérigo deve separar­se da comunhão com seu próprio patriarca antes de uma cuidadosa investigação e julgamento
por um sínodo, mesmo que  alegue saber de algum crime perpetrado por seu patriarca. E ele não deve recusar­se a incluir o nome
do seu patriarca durante os mistérios ou ofícios divinos (…) Se alguém desafiar este sínodo santo, deverá ser impedido de exercer
todas as funções sacerdotais e seu status se for bispo ou clérigo; se um monge ou leigo, ele deve ser excluído de todo comunhão e
reuniões da igreja [i.e., excomungado] até que se converta pelo arrependimento e se reconcilie”.

Os erros de Sedevacantismo serão exaustivamente abordados em um próximo livro, que deve sair na Primavera de 2015.

Conclusão.

À luz do que os teólogos e canonistas têm ensinado ao longo dos séculos, é claro que a Igreja possui um remédio pelo qual ela
pode se livrar de um papa herege. Portanto, diante de uma ameaça incalculavelmente grave, a Igreja não é obrigada a esperar
para a “solução biológica” para resolver o problema.

Notas.

1)     Conc. Vatic., Mansi 52, 110 
2)     Catholic Encyclopedia, 1913, Vol. IX (Pe. Paul Laymann), p 95
3)     Laymann, Theol. Mor., Lib II, tract I, cap, VII, p 153
4)     St. Francis de Sales, The Catholic Controversy (TAN Books) p 305­306
5)     Quaest. in IV Sent. Quote in: “L’Infaillibilité du pape et le Syllabus”, (Besançon: Jacquin; Paris: P. Lethielleux, 1904). 
6)     Hierarch. Eccles., lib. 4, cap. 8,
7)     De Romano Pontifice, lib II, cap. 30
8)     The Sifting: The Never­Failing Faith of Peter, by James Larson
9)     The Gift of Infallibility (Ignatius Press, San Francisco) p 58 – 59
10)  Ibid.
11)  Christ’s Church, Van Noort (Newman Press, Westminster, Maryland, 1961), p 294 
12)  see Papal Infallibility and Its Limitations, by R. Siscoe, The Remnant, (online)
13)  Catholic Encyclopedia, 1913 Vol XIII (Revelation), p 1 
14)  Christ’s Church, Van Noort, Idem, p 120
15)  Lamentabili Sane, #21, 1907, Pius X 
16)  Christ’s Church, Van Noort, Idem, p 290
17)  The Gift of Infallibility, Idem,p 49
18)  Vatican I, Pastor Aeternus, Chapter IV
19)  Christ’s Church, Van Noort, Idem, p 292­293
20)  Ibid
21)  cf. De Silveira, ‘La Nouvelle Messe de Paul VI: Qu’en penser’, p 188­194
22)  ‘La Nouvelle Messe de Paul VI: Qu’en penser’
23)  The term “deposed” is here being used to express both of the “two opinions’ discussed later in this article – see explanation in
Journet, L’Eglise…, vol. 1, p 626
24)  Catholic Encyclopedia, 1913 (Francisco Suarez)
25)  De Fide, Disp. 10, Sect 6, n. 10, p 317 
26)  It should be noted that the Cardinal is not referring to public and notorious heresy in point #1, but to the sin of heresy that
remains hidden within the internal forum. This is clear from a previous comment in which he said: “We are dealing, however, with
a purely internal heretic”.
27)  De Comparatione Cuctoritatis Papae et Conciliin, by Cardinal Cajetan, English Translation in Conciliarism & Papalism, by Burns
& Izbicki (Cambridge University Press, New York, NY 1997) p 82
28)  Catholic Encyclopedia, Vol VIII (João S.T.), 1910, p 479
29)    Cursus Theologici  II­II  De  Auctoritate  Summi  Pontificis,  Disp  II,  Art.  III,  De  Depositione  Papae.  All  quotations  used  in  this
article are found on pages 137­140.
30)  Ibid.
31)  Ibid.
32)  De Fide, Disp. 10, Sect 6, n. 10, p 317­18
33)  Conciliarism & Papalism, Idem, p 67
34)  Ibid. p 67

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 9/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
35)  Ibid. p 66­67
36)  Ibid. p 68
37)  Ibid. p 68
38)  Ibid. p 70
39)  Catholic Encyclopedia, 1913,Vol IV, p 290
40)  Roman Breviary, April 5
41)  Conciliarism & Papalism, Idem, p 83
42)  Ibid pp 73­83
43)  See Was Vatican II Infallible, Part I and II, R. Siscoe, Catholic Family News, June and July 2014
44)  Sources of Revelation, Van Noort (Newman Press, Westminster, Maryland, 1961), pp 220­221
45)  Cf. Council of Florence, Cantata Domino, Denz. 712; and Mystici Corporis Christi, Pius XII, #29 – 30)
46)  A Commentary of Canon Law, Rev. Augustine, OSB, DD, Professor of Canon Law, Vol VIII, bk 4, (Herder Book Co, 1922), p
280
47)  Ibid. pg 278
48)  Catholic Encyclopedia, 1913, Vol V (on Excommunication), p 680
49)  A Commentary of Canon Law, Idem, p 278
50)  Ibid. p 278
51)  Ibid. p 279
52)  Ibid. p 279­280
53)  Ibid. p 280
54)  De Potestate Ecclesiastica, Ballerini (Monasterii Westphalorum, Deiters 1847) ch 6, sec 2, p 124­25
55)  II­II Q 33, A 4
56)  II­II Q 33 A 4, obj. 2
57)  Super Epistulas S. Pauli, Ad Galatas, 2: 11­14 (Taurini/Romae: Marietti, 1953) nn 77.
58)  Cursus Theologici, Idem
59)  Ius Decretalium (1913) II.615 
60)  Between God and Man: Sermons of Pope Innocent III (Sermon IV) p 48­49
61)  Cursus Theologici, Idem
62)  Conciliarism & Papalism, p 76
63)  Ibid. p 83
64)  Ibid. p 84
65)  Cursus Theologici, Idem
66)  Ibid.
67)  De Romano Pontifice, lib. II, cap.
68)  Cursus Theologici, Idem, p 137
69)  De Fide, Disp. 10, Sect 6, n. 10, p 317
70)  Cursus Theologici, Idem
71)  Manuale Theologiae Dogmaticae, Hervé (1943) I.501.
72)  Conciliarism & Papalism, Idem, p 82­82
73)  Elements of Ecclesiastical Law, Rev. SB Smith DD (Benzinger Br., New York, 1881), 3 rd ed., p 210)
74)  Cursus Theologici, Idem
75)  Laymann, Theol. Mor., Lib II, tract I, cap, VII, p 153
76)  Nicene and Post­Nicene Fathers, P. Schaff, Series II, Vol 14, p 343
77)  Catholic Encyclopedia Vol. VII, p 455
78)  De Membris Ecclesiae, Lib. I De Clerics, cap. 7. (Opera Omnia, Paris: Vives, 1870) p 428­429
79)  De Romano Pontifice, Bk II, Chapter 30
80)  Ibid.

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
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Tags: Igreja

55 Comentários to “A Igreja pode depor um Papa herege?”

    
Sandro de Pontes 
31 outubro, 2015 às 10:10 am
Amigos, salve Maria.

Se o Fratres me permitir, vamos definitivamente explicar a questão. Como disse no outro post, as afirmativas
feitas contra o sedevacantismo são refutadas com sobras já há muitos anos, porém, estes que nos acusam
não tem “interesse em debater com sedevacantistas” e nem muito menos “interesse” de ler as objeções que
lhes são feitas.

Vou destacar dois trechos deste trabalho traduzido pelo Dr. Semedo. Pretendo escrever o mínimo possível.
Primeiro, nesta mensagem, tentareis demonstrar, o mais resumidamente possível, a imprecisão de Padre
Schall que leva a destruição da fé católica, imprecisão esta que nem seria o escopo do tema que ora nos aflige,
mas que deve ser apontada, ainda que rapidamente, para que os leitores compreendam definitivamente a
questão. Na segunda mensagem que enviarei sequencialmente, trataremos da questão referente ao “julgar o
Papa”. Escreveu o bom padre Schall, deixando de fazer as devidas distinções:

“(…) não somente pode um papa errar ao ensinar como teólogo privado (19), ele também pode errar em
documentos papais oficiais (20), desde que não tenha a intenção de definir uma doutrina a ser observada pela
Igreja universal. (21). À luz do exposto, podemos ver ser perfeitamente possível um Papa perder a fé
internamente e mesmo errar quando expõe a fé externamente, desde que ele não atenda às quatro condições
estabelecidas pelo Concílio Vaticano I. Insistir no contrário é afirmar o que a própria Igreja nunca ensinou”.

Amigos, todos os Santos Papas, Santos Doutores e Teólogos da Igreja que abordaram a questão ensinaram
que é impossível um Papa promulgar um erro grave a ponto de desviar os fiéis da verdade, mesmo quando o
Papa não se pronuncia de forma ex­catedra. Por isso mesmo os fiéis estão obrigados a prestar assentimento
“religioso interior exato e sincero” mesmo quando o Papa não se pronuncia infalivelmente (por exemplo nas
encíclicas), porque o Espírito Santo impede que algum erro mais grave seja promulgado a ponto de desviar os
fiéis da verdade católica, a ponto de conduzi­los ao inferno, como os ensinamentos do Vaticano II fazem. Aliás,
esta é a maior prova que o Vaticano II não foi promulgado por um Papa católico, porque um Papa católico,
disse, repito e insisto, é IMPEDIDO de ensinar um erro grave por meio de seu magistério. Não fosse assim e a
Igreja seria apenas humana, e não divina. E jamais teríamos certeza se podemos confiar plenamente em um
documento papal. Vamos então fazer simultaneamente duas afirmações:

01) sim, existe possibilidade de erros pequenos em documentos não infalíveis;

02) é impossível existir erro grave em documentos magisteriais a ponto de afastar e de desviar os fiéis da
verdade;

Para provar a afirmação 01, destacamos aquilo que o Revmo. Padre Pègues ensina tratando
dos ensinamentos provenientes das encíclicas (quando não são promulgadas de maneira ex­catedra):

“Por onde, segue­se que a autoridade das encíclicas não é, de maneira alguma, a mesma que a da definição
solene propriamente dita. A definição exige assentimento sem reserva e torna obrigatório um ato de fé formal.
O caso da autoridade da encíclica não é o mesmo. Esta autoridade (das encíclicas papais) é indubitavelmente
grande. É, em certo sentido, soberana. É o ensinamento do supremo pastor e doutor da Igreja. Logo, os fiéis
têm obrigação estrita de receber esse ensinamento com infinito respeito. Ninguém pode contentar­se,
simplesmente, com não o contradizer abertamente e de forma mais ou menos escandalosa. A adesão interior
da inteligência é exigida. Ele tem de ser recebido como o ensinamento soberanamente autorizado dentro da
Igreja.

Em última análise, contudo, este assentimento não é igual àquele exigido no ato formal de fé. Estritamente
falando, é possível que aquele ensinamento (proposto na carta encíclica) esteja sujeito a erro. Há centenas de
razões para crer que não esteja. Provavelmente nunca esteve (errado), e é normalmente CERTO QUE NUNCA
ESTARÁ. Mas, falando em absoluto, poderia estar, porque Deus não o garante igual a como Ele garante o
ensinamento formulado por via de definição” (“L’autorité des encycliques pontificales d’après Saint Thomas”,
“A autoridade das Encíclicas pontifícias segundo Santo Tomás de Aquino” in Revue Thomiste XII (1904),
página 531).

Portanto, amigos, demonstramos que pode haver erro em documentos não infalíveis. Até aqui concordamos?
Agora, passemos a outro ponto desta questão: quais os tipos de erros que podem existir em documentos
papais não infalíveis? Seriam erros que podem destruir a fé católica? Vejamos o que diz o mesmo Rev. Pe.
Thomas Pègues, algumas páginas antes neste trabalho feito para abordar a questão):

“A autoridade de governo, no Soberano Pontífice, deve ser considerada absoluta. Quando o Papa comanda, e
SOB QUALQUER FORMA em que ele comande, todos na Igreja devem obedecer. Mas é necessário dizer que o
Papa, quando comanda, mesmo como Papa e enquanto chefe da Igreja, não pode enganar­se? Cumpre falar
aqui de infalibilidade? Não pode se tratar, em todo o caso, de um infalibilidade idêntica à Infalibilidade doutrinal.
Ninguém admite que o Papa, quando comanda, ordene necessariamente tudo o que há de melhor e de mais
excelente para o bem dos indivíduos, dos diversos grupos, ou da Igreja inteira. Não se trata de uma
infalibilidade positiva. Trata­se somente de uma INFALIBILIDADE NEGATIVA; e isso equivale a dizer que o Papa

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 11/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
NÃO TEM COMO ORDENAR nada que vá contra o bem definitivo daqueles a quem ele se dirige. Nesse sentido,
será dificílimo de não admitir que o Papa é infalível, ao menos quando se trata de leis ou de medidas
disciplinares que obrigam toda a Igreja. Mas, como se vê, não se trata mais da Infalibilidade em sentido estrito”
(Rev. Pe. Thomas PÈGUES, O.P., L’Autorité des Encycliques pontificales, d’apres saint Thomas [A autoridade
das Encíclicas pontifícias segundo Santo Tomás de Aquino], in: Revue Thomiste, XII, 1904, pp. 513­32, cit. à
p. 520­1).

Este ensinamento, absolutamente elementar, é reafirmado em geral pelos especialistas, como por exemplo o
Revmo. Pe. Thomas J. Harte, que assim se manifestou:

“Há um outro aspecto importante da distinção entre o poder de ensino extraordinário e ordinário do Papa que
ainda necessita ser considerado. É uma doutrina da fé católica que quando o Santo Padre fala ex cathedra, ou
infalivelmente, ele é guiado pelo Espírito Santo, e que não há possibilidade de um erro ser cometido em
questões de fé e moral em tais declarações. Não existe tal garantia de inspiração e orientação divina direta
para declarações não­infalíveis individuais da Santa Sé. Devemos, portanto, concluir que os Papas podem
cometer erros, como qualquer mortal, quando, no exercício de seu poder Magisterial ordinário, ensinam sobre
questões sociais?

Os teólogos parecem concordar que, embora a garantia de infalibilidade se aplique em seu sentido mais estrito
apenas ao exercício do magistério extraordinário, ou seja, a pronunciamentos ex cathedra, ainda assim, no
exercício dos seus poderes do Magistério ordinário, o Papa TEM A PROTEÇÃO E ORIENTAÇÃO DO ESPÍRITO
SANTO, pelo menos na medida em que Deus Todo Poderoso NÃO LHE PERMITIRIA COMETER UM ERRO GRAVE
ensino à Igreja Universal. Eles argumentam que esta providencial proteção é necessária para que a Santa Sé
cumpra sua missão divinamente outorgada na condução dos homens, com segurança e certeza, ao seu
destino eterno. Portanto, o ensino claro e certo dos papas em questões sociais é para ser tomado como a única
doutrina verdadeira nos pontos contemplados” (Princípios sociais papais: A Guide and Digest, Fr. Thomas J.
Harte, C.Ss.R., Ph.D., Bruce Publishing Co., 1956).

Tranquilo, amigos? Suave? Vejamos agora o que diz neste sentido Mons. Fenton, um dos maiores especialistas
da Igreja no século XX, senão propriamente um dos maiores especialistas em todos os tempos a respeito de
todas estas questões espinhosas, mas nem tanto:

“A despeito dos modos de ver divergentes sobre a existência de ensinamento pontifício infalível em cartas
encíclicas, há um ponto no qual TODOS OS TEÓLOGOS ESTÃO MANIFESTAMENTE DE ACORDO. Todos eles
estão convictos de que todos os católicos estão obrigados em consciência a prestar um assentimento religioso
interior decisivo àquelas doutrinas que o Santo Padre ensina quando fala à Universal Igreja de Deus na terra
sem empregar o seu carisma da infalibilidade dado por Deus. Assim, prescindindo da questão de se se pode
dizer que alguma encíclica individual ou algum grupo de encíclicas contêm ensinamento especificamente
infalível, todos os teólogos estão de acordo que esse assentimento religioso deve ser concedido aos
ensinamentos que o Soberano Pontífice inclui nestes documentos. Esse assentimento é devido, como notou
Lercher, até que a Igreja possa preferir modificar o ensinamento anteriormente apresentado ou até que razões
proporcionalmente graves para abandonar o ensinamento não­infalível contido num documento pontifício
possam vir a lume. É evidente que toda e qualquer razão que fosse justificar o abandono de uma posição
tomada em uma declaração pontifícia teria de ser realmente gravíssima.

Mas fique definitivamente entendido que o dever do católico de aceitar os ensinamentos transmitidos nas
encíclicas, mesmo quando o Santo Padre não propõe tais ensinamentos como parte de seu magistério infalível,
não se alicerça somente nas sentenças dos teólogos. A autoridade que impõe essa obrigação é a do próprio
Romano Pontífice. À responsabilidade do Santo Padre de cuidar das ovelhas do rebanho de Cristo, corresponde,
por parte do efetivo da Igreja, a obrigação básica de seguir as diretrizes dele, nas matérias doutrinais bem
como nas disciplinares. Nesse campo, Deus deu ao Santo Padre uma ESPÉCIE DE INFALIBILIDADE distinta do
carisma da infalibilidade doutrinal em sentido estrito. Ele edificou e ordenou a Igreja de tal maneira, que
aqueles que seguem as diretrizes dadas ao inteiro reino de Deus na terra NUNCA SERÃO COLOCADOS EM
POSIÇÃO DE ARRUINAR­SE ESPIRITUALMENTE mediante essa obediência. Nosso Senhor habita no interior de
Sua Igreja de uma tal maneira, que aqueles que obedecem às diretivas disciplinares e doutrinais desta
sociedade nunca podem achar­se desagradando a Deus mediante sua adesão aos ensinamentos e aos
preceitos dados à Igreja militante universal. Logo, NÃO PODE HAVER RAZÃO VÁLIDA NENHUMA PARA
DISCORDAR ATÉ MESMO DA AUTORIDADE MAGISTERIAL NÃO­INFALÍVEL do Vigário de Cristo na Terra. (Mons.
Joseph Clifford FENTON, A Autoridade Doutrinal das Encíclicas Papais – Parte I, agosto de 1949; trad. br. de
dez. 2013 em:http://wp.me/pw2MJ­2aL).

Como dissemos, muitas citações poderiam ser colocadas. Por exemplo, leiam o número seis da Quanta Cura,
ou vejam o Papa Pio VI condenando o Sínodo de Pistóia, ensinando que a Igreja não pode ensinar doutrina má:

“Como se a Igreja, que é governada pelo Espírito de Deus, pudesse estabelecer uma disciplina não somente
inútil e mais onerosa do que a liberdade cristã pode tolerar, mas que seria ainda perigosa, nociva, própria a
induzir à superstição ou ao materialismo.” – proposição que ele condenou como “falsa, temerária, escandalosa,
perniciosa, ofensiva aos ouvidos pios etc.” (Papa Pio VI, em sua constituição Auctorem Fidei, sobre a 78.ª
proposição de Pistoia).

Na próxima mensagem, portanto, trataremos a questão do “julgar o papa”. Esta, termino com o ensinamento
brilhante do glorioso Papa São Pio X (é fácil falar que obedece São Pio X, quero ver quem o obedece aplicando
este ensinamento a Francisco):

“Quando alguém ama o Papa, não para para debater sobre o que ele aconselha ou exige, para perguntar até
onde vai o estrito dever de obediência e para marcar o limite dessa obrigação. Quando alguém ama o Papa, não
objeta que ele não falou claro o bastante, como se ele fosse obrigado a repetir no ouvido de cada indivíduo a
vontade dele, tão frequentemente enunciada claramente, não só de viva voz, mas também por meio de cartas
e outros documentos públicos; não põe em dúvida as ordens dele sob o pretexto – facilmente invocado por

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 12/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
todo o mundo que não quer obedecer – de que elas não emanam diretamente dele, mas dos que o rodeiam;
não limita o campo no qual ele pode e deve exercer a vontade dele; não opõe, à autoridade do Papa, a de
outras pessoas, não importa o quão cultas, que diferem de opinião com o Papa. Ademais, não importa o quão
vasta é a ciência deles, FALTA­LHES SANTIDADE, pois não pode haver santidade onde há desacordo com o
Papa.” (São Pio X, aos padres da União Apostólica, 18 de novembro de 1912, AAS 1912, p. 695)

Sandro Pelegrineti de Pontes

Obs.: Conferir o trabalho que explica esta citação e que contem muitas outras:

https://aciesordinata.wordpress.com/2013/12/27/luzeiros­da­igreja­em­lingua­portuguesa­xxxii/

Isaías 
31 outubro, 2015 às 11:39 am
A interdição de um papa é um assunto complexíssimo, ainda mais nesse mundo sob o relativismo – o qual
penetrou e cooptou Altos Hierárquicos na Igreja, complicando o quadro – no entanto, que doravante o
assunto passaria a ocupar um espaço relevante na mídia católica anti liberalista, há fortes indicios!
… “Um escritor da ultra­liberal “National Catholic Reporter” reagiu com indignação pelo fato do P. Schall
ousar mencionar essas questões durante o pontificado atual. Ele declarou o artigo do Pe. Schall de
“irresponsável e inflamatório”, e sugeriu que a única resposta a este “perigo” é “buscar ainda mais
fortemente para abraçar o Papa Francisco e seu esforço para renovar a Igreja.”
R: Se não entendi mal, procedendo conf. indica, construir­se­ia uma Igreja que não atacará doravante o
“Politicamente Correto”, hoje dissimulado no “Multiculturalismo e Diversidades”, nem as ideologias que o
apoiam, como as marxistas, como sucede no momento?
Não foram elas seriamente rechaçadas e reprimidas, como pelos 2 Pontífices anteriores ao atual, até muito
antes por encíclicas, como a Divini Redemptoris, dentre mais?”
“O mais provável é que o Sumo Pontífice, como uma pessoa, seja capaz de cair em heresia, e até mesmo
em heresia notória, razão pela qual ele mereceria ser deposto pela Igreja, ou melhor, declarado estar
separado dela”.
R – Depô­lo ministerialmente, não juridicamente, o esclarecido por S João de S Tomás, o viável, ou então
por um concilio convocado não pelo papa, por cardeais e episcopado, que se intitularia de “imperfeito”, para
eventual advertência ou interdito ministerial.
Oportunizaria tal possibilidade, levando­se em conta a quantidade maior de padres sinodais opositores
criticando as tentativas de adoção do liberal­niilismo na Igreja, alienando­a, nivelando­a às outras todas
religiões.
Em termos justificaveis sob a doutrina de sempre da Igreja e quantitativos, os refutadores das teses
kasperistas e ass. foram bem mais numericamente expressivos!

Gercione Lima 
31 outubro, 2015 às 12:47 pm
Aqui vai meu comentário, exclusivamente dirigido à tradução do artigo do Remanant, pra evitar maiores e
desnecessárias polêmicas.
Tomo novamente como ponto de partida o brilhante ensaio de Hillaire Belloc a respeito da Heresia Ariana:

“Com o objetivo de sanar a disputa que dividia toda a sociedade cristã, o Imperador ordenou a reunião de um
Concílio em 325, na cidade de Niceia. Lá, ele convocou todos os bispos, mesmo os das regiões fora do Império,
onde os missionários tinham plantado a fé. A maior parte dos que chegaram vieram do império Oriental, mas o
Ocidente também foi representado, o que era de suma importância, chegaram então os delegados da Sé
Primaz de Roma, sem cuja adesão os decretos do Concílio não teria valor. Sua presença deu plena validez a
estes decretos. A reação contra a inovação de Arius foi tão forte que neste Concílio de Nicéia a heresia foi
dominada.
Nessa primeira grande derrota do Arianismo em que a forte tradição vital do Catolicismo foi reafirmada e Arius
condenado, a fé que seus partidários tinham criado foi pisoteada como blasfêmia, mas o espírito que estava por
atrás ainda voltaria a ressurgir.
Ele reapareceu imediatamente, e podemos dizer que o arianismo foi verdadeiramente fortalecido por sua
primeira derrota aparente. Este paradoxo é devido a uma causa que sempre atua em muitas formas de
conflito. O adversário derrotado aprende no seu primeiro revés, o caráter daqueles que o atacaram; descobrem
seus pontos fracos, aprende o modo como o seu adversário pode ser vencido. Está, portanto, melhor preparado
após o contraste do primeiro assalto. Foi assim com o Arianismo”.

E eu diria que assim também se deu com o Modernismo. Depois da cacetada que foi a Pascendi e todas as
iniciativas de São Pio X para combatê­lo, os modernistas se camuflaram, fingiram obedecer e muitas vezes até
assumiram um viés tradicionalista, mas o que fizeram em seus sucessivos pontificados? Aos poucos foram
tratando de desmontar todas as estruturas estabelecidas por São Pio X para combater o modernismo.
Empreenderam reformas aparentemente inócuas como as do Missal e da liturgia de Semana Santa com os
mesmos arquitetos da reforma maior que sobreveio com o Vaticano II.
Hillaire Belloc ainda nos dá um exemplo vivo de como nossos contemporâneos modernistas agem igualzinho
aos discípulos de Arius:

“O Arianismo aprendeu com sua primeira grande derrota de Nicéia a transigir no palavreado da doutrina, a fim
de preservar e divulgar o seu espírito herético com menos oposição. O primeiro conflito se estabelecia em torno
do uso da palavra grega que significa “consubstancial”. Os católicos, que afirmavam a plena divindade de Nosso
Senhor, insistiam no uso da palavra, que implicava que o Filho era da mesma substânca isto é, do Divino. Se
acreditava que bastava apresentar essa palavra como prova suficiente que os Arianos se negariam sempre a
aceitá­la e com isso seria possível distingui­los dos ortodoxos e rechaçados.
Mas muitos arianos estavam dispostos a comprometer, ao aceitar a palavra, mas negando o espírito com a
qual era interpretada. Eles consentiram em admitir que Cristo era de essência divina, mas era não era
completamente Deus, incriado. Quando os arianos começaram esta nova tática de desonestidade verbal, o

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Imperador Constantino e seus sucessores viu isso como uma oportunidade honesta de encontro e de
reconciliação. A recusa dos católicos de se deixarem enganar, caiu nos olhos de quem pensava assim, como
mera teimosia, e, aos olhos do Imperador, rebelião e desobediência facciosa indesculpável.
_”Vocês que se julgam os únicos católicos verdadeiros, estão prolongando desnecessariamente e intensificando
uma mera luta entre facções. Porque por trás de vossos nomes populares vocês se acham os mestres de seus
irmãos. Essa arrogância é intolerável! A outra parte aceitou o seu ponto principal, por que não acabar com a
disputa e unir­se novamente? Ao resistir, vocês estão dividindo a sociedade em dois campos e perturbando a
paz do Império e são tão criminoso como fanáticos”.

Ora, com o triunfo dos modernistas no Vaticano II nós vimos o mesmo jogo com palavras como o “subsists in”
e outras. Inventaram formas de fugir da heresia formal que lhes causaria da perda do Pontificado.
De fato, durante a eleição, a Igreja apenas designa o homem (a matéria) que vai receber a forma (Pontificado).
Deus responde a este ato legítimo da Igreja, unindo o homem ao Pontificado. No caso Ratzinger/Bergoglio a
confusão é tão generalizada que até o exemplo da renúncia do Papa Celestino V não se aplica, porque este
renunciou depois de apenas cinco meses de seu pontificado e voltou a viver como monge enquanto Ratzinger
vive em Roma e sendo consultado por Bispos e Cardeais em assuntos pertinentes à direção da Igreja.
Existe muita controvérsia em torno da eleição de Bergoglio ( que foi amplamente abordada por Socci em seu
livro Non e Francesco) e esse Pontifice por sua vez, diz uma heresia atrás da outra em tom de piadinha, de
gracejos, em entrevistas informais e tenta materializar essas heresias em forma de “medidas pastorais”.
A mais recente estratégia foi afirmar da boca pra fora, igualzinho os discípulos de Arius, a indissolubilidade do
Matrimônio, enquanto na prática usou o poder de governo pra emitir um indulto de anulação de casamentos e
convocou um Sínodo pra sancionar a prática sacrílega da comunhão aos adúlteros.
Estamos lidando com forças que estão muito acima de nossa capacidade intelectual, estamos diante do
Mistério da Iniquidade em ação e o único poder capaz de vencê­los é a nossa Fé.
Tentar racionalizar o Mistério da Iniquidade adotando a solução simplista do sedevacantismo não vai solucionar
o problema dos outros Papas do século passado que abriram caminho para o advento do Vaticano II.
Pra fechar esse comentário, gostaria de citar novamente Belloc:

“Nós todos sabemos o que acontece quando triunfa em uma sociedade a tentativa de simplificar e racionalizar
os mistérios da fé. Temos diante de nós o experimento já moribundo da Reforma , e a velha, mas ainda muito
vigorosa heresia islâmica, que ainda reaparecerá no futuro com um renovado vigor. Estes esforços racionalistas
contra a fé produzem uma degradação social progressiva como consequência da perda desse laço direto entre a
natureza humana e Deus, que nos é proporcionada pela Encarnação. A dignidade humana se rebaixa. A
autoridade de Nosso Senhor é debilitada. Ele aparece cada vez mais como homem e as vezes até como mito. A
substância da vida cristã é diluída. Decai”.

Até agora não vi nada de positivo gerado por essa heresia sedevacantista que em alguns grupos nega
claramente a indefectibilidade da Igreja. As pessoas se tornam amargas atacando até suas sombras, alguns
grupos chegaram ao absurdo de “elegerem” seus próprios Papas, o que é uma clara contradição com o termo
“Sede Vacante”, outros se vêem privados da Santa Missa e de outros Sacramentos apenas por discordar
daquele padre que é tradicionalista mas não sede­vacantista e por aí vai. Eu poderia entrar em outros detalhes
que corroboram com a explicação de Belloc sobre as consequências de tentar racionalizar os mistérios da Fé,
mas paro por aqui porque não vale a pena. Temos um peixe maior pra fritar.
A minha posição sempre foi clara: considero como válidos todos os Pontífices até Bento XVI por piores que
tenham sido, pois o justo castigo caiu pesado sobre nós e principalmente sobre nossa geração adúltera e
apóstata. Já Bergoglio, enquanto Bento XVI estiver vivo e todas as trapaças que o levaram ao poder não forem
esclarecidas, para mim será apenas o Bispo vestido de branco, que parece ser o Santo Padre.

J. Marques 
31 outubro, 2015 às 1:27 pm
Algumas perguntas:
– Quando a maioria dos homens da Hierarquia abraça a mesma heresia do Pontífice, quem dentre essa
Hierarquia iria declarar que o Papa seria um herege e, portanto, não seria mais Papa?
– Para os que abraçam a solução do Sedevacantismo, como se daria a eleição de um Papa autêntico? Se,
conforme eles acreditam, a partir de João XXIII até o presente só teriam havido antipapas, quem elegeria
um Papa verdadeiro? O Colégio Apostólico hoje existente não traz mais nenhum Cardeal nomeado pelo
último Papa considerado autêntico pelos sedevacantistas, que teria sido Pio XII. Ora, não havendo Colégio
Apostólico verdadeiro, ninguém mais sobre a Terra tem como escolher o Papa. Como resolver esse
problema?

J. Marques 
31 outubro, 2015 às 3:18 pm
Hoje seria extremamente difícil (senão impossível) declarar Bergoglio herege. Primeiro, porque com o
ecumenismo, o conceito de heresia se esfumaçou desde o Vaticano II e, assim, muitos Bispos e fiéis
simplesmente não vêem mais o perigo que ela representa para a vida cristã.
Segundo, a maior parte do episcopado mundial e dos fiéis (com um empurrãozinho da mídia) pensa como o
Papa atual e o apóiam.
Acresce, ainda, a meu ver, o seguinte:
– Se Francisco é Papa autêntico (conforme penso, até prova em contrário, ligada a alguma irregularidade
canônica capaz de anular sua eleição), suas afirmações polêmicas (ao menos as mais conhecidas) não seriam
suficientes para qualificá­lo como herege. Não estou considerando a frase “não existe um Deus católico”, pois
esta foi dita numa entrevista escrita e dizem não ter sido verdadeira.
O veneno das declarações bergoglianas não está no que ele diz, mas no que ele deixa de dizer. Está nas
omissões, que ele sabe explorar muito bem para conseguir seus objetivos.
Francisco Bergoglio é muito sabido e tem o cuidado de citar, mesmo vagamente, a Doutrina Católica. Ele não
vai dizer diretamente algo contrário a ela. Sabe que não deve fazê­lo, pois suscitaria reações. Por exemplo, na

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famosa declaração do avião, antes da frase “quem sou eu pra julgar?”, ele afirmou que a Igreja já tinha se
pronunciado sobre o homossexualismo no Catecismo da Igreja Católica. O veneno veio em seguida, ao falar
que se um gay busca a Deus, “quem sou eu pra julgar?”. E veio em forma de omissão. Bergoglio não disse em
que consistia “buscar a Deus”. Deixou de declarar a exigência da castidade ou de abandonar o pecado. Assim,
deu espaço para as pessoas entenderem (e disseram depois, aos quatro ventos) que um homossexual
praticante pode buscar a Deus mesmo estando no pecado. Se alguém advertisse Francisco pela sua frase
infeliz, ele poderia responder tranqüilamente: “eu não disse que a prática homossexual não é pecado; veja, eu
falei sobre o Catecismo”.
No caso da comunhão aos divorciados em segundas núpcias, ele teve o cuidado de dizer “o casamento é
indissolúvel”.
Não… declarações contrárias à Doutrina da Igreja é algo fora de moda. O herege modernista hoje é cuidadoso…
sabe como agir. Sabe como escapar de ser chamado “herege”. Heresia se prova pelo que se diz, falando ou
escrevendo. Ele já não declara a heresia, não muda o que está escrito na Doutrina (Sagrada Escritura e
Tradição e nos escritos dos santos). Isso é coisa de amador, para herege da Idade Média… Então, o que ele faz?
Ele se introduz no corpo da Igreja, com o objetivo de chegar ao ápice da hierarquia (um passo que levou
séculos para os modernistas conseguirem – pois a situação já era alarmante antes de São Pio X). Depois de
chegar a altos cargos na Hierarquia, o modernista (em maior número e em posição de impor obediência) muda
a prática através de um Concílio Ecumênico ou de um Sínodo e, com isso, consegue modificar aquilo em que os
católicos crêem.
Isso é novidade? De modo algum. Foi o que aconteceu no Concílio Vaticano II, onde se declarou que a única
religião verdadeira é a Igreja Católica, enquanto se recomendou aos católicos fazer orações junto com os não­
católicos e participar de encontros ecumênicos (coisa proibida pela Tradição e pela Encíclica “Mortalium
Animos”). João Paulo II, bem depois, fez os dois encontros de Assis, ambos de repercussão mundial. Isso
bastou para os católicos hoje, em sua maioria, não acreditarem mais no dogma “Fora da Igreja não há
salvação”. O ecumenismo matou as missões.
Agora, em Roma, se diz “O casamento é indissóluvel” e, em seguida, se trabalha para dar a comunhão aos
divorciados em segundas núpcias (adultério público). Isso vai fazer as pessoas pensarem que o divórcio seguido
de núpcias com novo cônjuge não é mais pecado.
Contudo, aqui ocorre algo diferente: permitir pessoas em estado de pecado mortal receber a Sagrada
Comunhão sem o propósito de arrependimento e sem deixar o pecado, é tão flagrantemente contrário ao que
ordena a Palavra de Deus e a Fé constante da Igreja (quem recebe a Sagrada Eucaristia em estado de pecado
grave, come e bebe a própria condenação), que uma tal permissão ou ordem, gravíssima e de conseqüências
inimagináveis, a meu ver, poderia sim, ser qualificada de heresia.
Mas… quem declararia ser o Papa um herege? E quem dentre a Hierarquia condenaria a heresia de forma
pública?
A meu ver, não há ninguém sobre a Terra que possa fazer isso. Teremos de esperar um outro Papa, no futuro,
para corrigir as omissões e as pretensões declaradas pelo Papa atual, e talvez condená­las como heréticas ou
favorecedoras de heresia, como já aconteceu na História.
O recurso ao Sedevacantismo, no meu modo de entender, só complicaria as coisas. Nossa Senhora em Fátima
disse que a grande apostasia começaria no topo da Igreja. Isso foi declarado, se não me engano, pelo Cardeal
Luigi Ciappi. Outros que, como ele, conheciam o conteúdo ainda não revelado do Terceiro Segredo, disseram
coisa semelhante. Pois bem: no topo da Igreja se encontram os Bispos e, especialmente, o Papa. Se Nossa
Senhora disse que a crise começaria no topo da Igreja, fica implícito que começaria com um Papa autêntico,
uma vez que um falso Papa não poderia estar no topo da Igreja.

Duarte 
31 outubro, 2015 às 3:35 pm
É certo que todo fiel católico tem direito
(e, no caso dos pontificados atuais, creio que o dever)
de guardar reservas e julgar privadamente certos
ATOS (e não a pessoa) do Sumo Pontífice (uso o termo
“julgar” em sentido amplo, no sentido de avaliar
segundo a razão), mas arrogar­se no direito de decidir,
por conta e risco próprios, que um Papa incorreu
em heresia formal chega a fugir ao bom senso.

No mais, acredito que o sedevacantismo incorre em
um erro mui semelhante ao de certos ‘ultra­papistas’:
Ambos fecham­se à realidade dos milagres e profecias,
à História da Igreja e aos ensinamentos e exemplos dos santos,
para se entregar a uma interpretação bastante particular
– e pouco verossímil – da infalibilidade pontifícia.
O que difere os primeiros (sedevacantistas) dos segundos,
nesse quesito, é que aqueles discordam do Magistério do CVII,
ao passo que estes o aceitam.

Ademais, para se chegar a uma conclusão de que
“a Sé está vacante desde o fim do pontificado de Pio XII”,
é necessário adentrar em complexas especulações teológicas
– e restringir­se a elas – já que, como disse, a tese sedevacantista
não tem amparo em quaisquer sinais ou manifestações dos céus e
nem na vida dos santos

Por outro lado, quanto à tese do autor do presente artigo,
está amplamente amparada na História da igreja e no exemplo
dos Santos.

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
A título de exemplo, basta mencionar a posição
do gigante São Pio de Pietrelcina,
que não só foi obediente – tanto quanto pôde – a Paulo VI,
como também profetizou que Wojtyla seria Papa.
Portanto, ele definitivamente não era sedevacantista.
Ademais, uma de suas mais proeminentes filhas espirituais
uniu­se à FSSPX – o que também significa uma rejeição tácita
do sedevacantismo.

Inclusive, parece­me que nenhum santo – em dois milênios
de História – tenha adota uma posição sedevacantista
diante de um papa acusado de heresia.

Assim, não se faz necessário adentrar
em grandes discussões canônicas ou teológicas
para concluir que o sedevacantismo não é uma posição
sustentável.

Alexandre Semedo 
31 outubro, 2015 às 6:15 pm
Caro Sandro,

Sei que este não é um local apropriado para debates (apenas para comentários), mas há coisas que devem ser
ditas, sem pretensão de réplicas ou de tréplicas.

Então, se o Ferretti me permitir (e entenderei caso não o permita), vamos lá.

1) Parece­me que, para você, somente quem se recusa (por ojeriza ou coisa parecida) a adentrar nos
argumentos dos sedevacantistas é que seguem discordando deles.

Ledo engano!

Será que você realmente não suspeita que muitos de nós têm para com o sedevacantismo uma posição
sincera, sem ojeriza ou preconceitos? Será mesmo que você não suspeita que muitos de nós podem
simplesmente discordar (com maior ou menor veemência) da posição que vocês adotam, seja por entender
que os argumentos apresentados estão equivocados, ou que são fracos ou mesmo (no caso de alguns – e veja
que não me refiro, é claro, a você) até mesmo mal intencionados?

Mas, por incrível que pareça, estes discordantes sinceros de fato existem.

b) Teu post é um exemplo clássico da forma absolutamente equivocada pela qual boa parte das questões
disputadas são enfrentadas pelos sedevacantistas. Com uma frequência assustadora, vocês tomam uma
POSIÇÃO TEOLÓGICA como sendo prova da validade de uma determinada POSIÇÃO DOUTRINAL. Isto é no
mínimo um sério erro de metodologia.

Veja no caso presente: você argumenta a partir de uma posição TEOLÓGICA (qual seja: a de que um Papa não
pode errar em matéria grave mesmo em seu magistério ordinário), e, daí, dá um salto estupendo para concluir
que os Papas conciliares e pós­conciliares não podem ser pontífices verdadeiros por terem supostamente
ensinado erros graves (quais sejam, você não diz).

Ocorre que a afirmação de infalibilidade negativa NÃO é doutrina da Igreja; é mera posição teológica. Pode­se
discutir se ela é sustentável ou não; mas, mesmo que sustentável, e mesmo que altamente provável seja a
sua validade, ela permanece apenas uma posição teológica.

Ora, se, concretamente, um Papa validamente eleito ensina um grave erro de fé, então é a posição teológica
que se mostrou errada e deve ser descartada. Você, ao contrário, prefere descartar o Papa para manter a
posição teológica, erigindo esta última em doutrina. Os fatos testam as teologias; as teologias, ao contrário,
não julgam os fatos nem podem se sobrepor a eles.

Este erro metodológico está na raiz de muitos argumentos sedevacantistas de que tenho notícia, e, por si só,
mostra o quão frágil é a posição que vocês ocupam dentro da Igreja.

Abs,

Alexandre.

Alexandre V 
1 novembro, 2015 às 4:28 pm
Caro Alexandre Semedo, muito boa tarde e

Salve Maria.

Gostaria de neste espaço comentar o item b) de sua resposta ao Sandro Pontes.

Você refere que:

“b) Teu post é um exemplo clássico da forma absolutamente equivocada pela qual boa parte das questões
disputadas são enfrentadas pelos sedevacantistas. Com uma frequência assustadora, vocês tomam uma
POSIÇÃO TEOLÓGICA como sendo prova da validade de uma determinada POSIÇÃO DOUTRINAL. Isto é no
mínimo um sério erro de metodologia.
Veja no caso presente: você argumenta a partir de uma posição TEOLÓGICA (qual seja: a de que um Papa
não pode errar em matéria grave mesmo em seu magistério ordinário), e, daí, dá um salto estupendo para
concluir que os Papas conciliares e pós­conciliares não podem ser pontífices verdadeiros por terem
supostamente ensinado erros graves.”

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Antes de propriamente comentar, gostaria de dizer que esta prudência de ordem metodológica que aponta
é real e necessária, ou seja, é cuidado necessário que se há de ter.

Essa minha concessão inicial ao vosso dito, no entanto, não me desautoriza a uma grave correção
necessária e que faço em espírito de Caridade: não é minha intenção, absolutamente, querer humilhar
alguém mas, em contrário, fomentar a concórdia entre nós, católicos, pela via intelectual, o esclarecimento
sobre a Doutrina que deve ser comum a todos e à qual devemos verdadeiro assentimento interno para
obtermos a salvação de nossas almas.

Infelizmente, vosso equívoco (muito comum em terras brasileiras e em ambientes como o da FSSPX, que
deixei há alguns anos ) diz respeito, justamente, àquilo que presumivelmente se teria por mais seguro: de
que o Romano Pontífice seria infalível apenas quando falasse solenemente, como na definição de um
dogma, por exemplo.

Bem, apenas a título de exercício, concedamos que o Romano Pontífice fosse infalível apenas ao falar
solenemente: ora, se assim fosse, contrariando as promessas de Nosso Senhor, o mesmo teria estabelecido
um Magistério Infalível que, de fato, só é infalível às vezes… ainda, teria, na maior parte do tempo de sua
existência sobre a Terra a liberdade para errar sem, contudo, aparentemente, comprometer sua
autoridade… mais, poderíamos imaginar que, consequentemente ao anterior, não comprometeria a
salvação das almas…

Tudo isso como está no parágrafo anterior, obviamente, é falso, pois:

Pio IX, na Constituição Pastor Aeternus, § 7: “Ensinamos, por isso, e declaramos que a Igreja Romana
possui, por disposição do Senhor [ ou seja, faz parte do depósito da Fé ], um primado de poder ordinário
sobre todas as outras e que este poder de Jurisdição do Romano Pontifíce, sendo verdadeiramente
episcopal, é imediato [ Jurisdição aqui entendida como a devida aptidão de origem Divina para o exercício da
Autoridade em nome de Deus ]; consequentemente, os pastores de todos os graus e de todos os ritos,
assim como os fiéis, seja individualmente, seja em conjunto, devem subordinação hierárquica e obediência
ao Romano Pontífice, não apenas nas questões que dizem respeito à Fé e aos costumes, mas também
naquelas que relativas à disciplina e ao governo da Igreja difundida sobre toda a Terra.”

Pio XII, na Encíclica Mystici Corporis, §§ 39­40: “Porque Pedro, em força do Primado de Jurisdição não é,
senão, Vigário de Cristo e, por isso mesmo, a Cabeça principal deste Corpo é uma só: Cristo; O qual, sem
deixar de governar a Igreja misteriosamente por Si Mesmo, rege­a também de modo visível por meio
daquele que faz as Suas vezes na Terra e, destarte, a Igreja, depois da gloriosa ascensão de Cristo aos Céus
não está edificada só sobre Ele [ Cristo ], senão também sobre Pedro, entendido como fundamento visível.
Que Cristo e Seu Vigário formam uma só Cabeça ensinou­o solenemente Bonifácio VIII na Carta Apoatólica
Unam Sanctam e seus predecessores não cessaram jamais de o repetir.

Em erro perigoso estão, pois, aqueles que julgampoder unir­se a Cristo, Cabeça da Igreja, sem aderirem
fielmente ao Seu Vigário na Terra. Suprimida a cabeça visível [ como fazem os grupos que praticam a
“obediência/ desobediência seletiva” ] e rompidos os vínculos de unidade, obscurecem e deformam de tal
maneira o Corpo Místico do Redentor que já não pode ser visto e nem encontrado o porto da salvação por
aqueles que o demandam”.

Ora, se isto posto acima como está, que é de Fé, seguiria que os fiéis, 1) sendo obrigados a aderirem
absolutamente ao Romano Pontífice em todos os pontos acima expostos ( Fé, Costumes, Disciplina e
Governo ), e 2) podendo este mesmo magistério do Romano Pontífice errar se não falasse solenemente,
seguiria que teríamos a autorização para contradizer aquilo que nos obriga a Fé ( como acima está ) e, ao
final, o obrigatório já não seria obrigatório, contradizendo o mínimo esforço lógico e o próprio magistério da
Igreja perderia o seu sentido de ser, como regra próxima que é de nossa Fé…

Toda essa confusão decorre, obviamente de uma compreensão incorreta da natureza do Magistério
Ordinário do Romano Pontífice que é, sim , infalível e premunido contra todo erro.

Eis como seguem os §§ 12­14 do Capítulo IV, da Constituição Pator Aeternus que, antes de definir a
Infalibilidade para o Magistério Solene e suas condições, retoma o histórico da Infalibilidade que já é própria
ao Romano Pontífice, que já se tem por definido como lhe sendo ordinária, ordinária à sua condição de
Pastor e múnus:

“Com efeito, os Padres do IV Concílio de Constantinopla, seguindo as pegadas de seus predecessores,
formularam essa solene profissão de Fé: “A primeira condição para a salvação é a de guardar a reta Fé…
Uma vez que não pode se tornar letra morta a expressão de Nosso Senhor Jesus Cristo, que diz: “Tu és
Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja”, esta afrimação se verifica nos fatos porque na Sé
Apostólica a Religião católica sempre foi conservada sem mancha e a Doutrina Católica sempre foi
conservada em sua santidade…”… depois desta referência, continua: “Os Romanos Pontífices, por sua
parte, segundo o que é exigido pela condição dos tempos e das circunstãncias, ora convocando Concílios
ecumênicos ou buscando sondar a opinião da Igreja dispersa pelo mundo, ora com sínodos particulares, ora
servindo­se de outros meios fornecidos pela Divina Providência [ o próprio magistério ordinário ], definiram
que se deve crer naquilo que, com Assistência Divina, estiver em consonância seja com as Sagradas
Escrituras, seja com as Tradições Apostólicas [ como, aliás, o próprio Concílio Vaticano retomou na
Constituição Dei Filius, acima posta ]. Afinal, o Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de Pedro
para que manifestassem, por revelação privada, uma nova doutrina mas, para que com a Sua Mesma
assistência, custodiassem santamente e expusessem fielmente [ como se dá pelas vias do Magistério
Ordinário ] a Revelação transmitida aos Apóstolos, isto é, o depósito da Fé; Sua Doutrina Apostólica foi
acolhida por todos os venerandos Padres, respeitada e seguida pelos santos doutores ortodoxos [ ou seja,
Pio IX refere­se a fatos anteriores às suas mesmas colocações ] que sabiam perfeitamente que esta Sé de
Pedro permanece sempre [ e sempre não é ás vezes ] imune de todo erro, segundo a promessa divina de
Nosso Senhor e Salvador ao Príncipe dos Seus discípulos: “Eu orei por ti a fim de que tua Fé não desfaleça;

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e tu, uma vez convertido, confirma a teus irmãos [ através de atos de seu Magistério, principalmente ].
Este carisma de Fé, nunca deficiente [ ou seja, ordinariamente presente e que premune contra o erro ], foi
concedido por Deus a Pedro e seus sucessores [ legítimos e aptos no plano do direito Divino ] sobre esta
Cátedra para que exercessem este excelso múnus para a salvação de todos, para que o rebanho de Cristo,
afastado de todo engodo, fosse nutrido com o alimento da Doutrina Celeste…” e assim se vê como, em
função de uma Promessa de Nosso Senhor e, conforme a Constiutição de Pio IX, foi instituído na Igreja um
Magistério Infalível no exercício de seu múnus pastoral, ou seja, infalível em tudo aquilo que lhe é próprio
por mandato Divino mesmo e, além, fundamentando ainda mais o já exposto por Pio XII acima na Encíclica
Mystici Corporis, §§ 39­40.

Não se trata somente de um lugar teológico, como se vê.

Por isso reafirmo que, em resumo, e por motivos de Fé, no que diz respeito à nossa adesão ao Romano
Pontífice, é tudo ou nada, indubitavelmente; e, justamente por isso que foi exposto, é desonesto e
contrário à mesma Fé a prática da chamada “obediência/ desobediência seletiva”, inclusivamente em razão
de ser impossível resistir­lhe, a um Romano Pontífice autêntico no exercício de seu múnus ( ou seja,
daquele que preencha todas condições necessárias tanto no plano do Direito Divino quanto no do chamado
puramente eclesiástico ).

Cordialmente, encerro­me e,
Conforme o exemplo de S José,
Nos SS Corações de Jesus e Maria,

Alexandre V.,
alepaideia@gmail.com

Alexandre Semedo de Oliveira 
31 outubro, 2015 às 6:18 pm
Caro Sandro,

Sei que este não é um local apropriado para debates (apenas para comentários), mas há coisas que devem ser
ditas, sem pretensão de réplicas ou de tréplicas.

Então, se o Ferretti me permitir (e entenderei caso não o permita), vamos lá.

1) Parece­me que, para você, somente quem se recusa (por ojeriza ou coisa parecida) a adentrar nos
argumentos dos sedevacantistas é que seguem discordando deles.

Ledo engano!

Será que você realmente não suspeita que muitos de nós têm para com o sedevacantismo uma posição
sincera, sem ojeriza ou preconceitos? Será mesmo que você não suspeita que muitos de nós podem
simplesmente discordar (com maior ou menor veemência) da posição que vocês adotam, seja por entender
que os argumentos apresentados estão equivocados, ou que são fracos ou mesmo (no caso de alguns – e veja
que não me refiro, é claro, a você) até mesmo mal intencionados?

Mas, por incrível que pareça, estes discordantes sinceros de fato existem.

b) Teu post é um exemplo clássico da forma absolutamente equivocada pela qual boa parte das questões
disputadas são enfrentadas pelos sedevacantistas. Com uma frequência assustadora, vocês tomam uma
POSIÇÃO TEOLÓGICA como sendo prova da validade de uma determinada POSIÇÃO DOUTRINAL. Isto é no
mínimo um sério erro de metodologia.

Veja no caso presente: você argumenta a partir de uma posição teológica (qual seja: a de que um Papa não
pode errar em matéria grave mesmo em seu magistério ordinário), e, daí, dá um salto estupendo para concluir
que os Papas conciliares e pós­conciliares não podem ser pontífices verdadeiros por supostamente terem
ensinados erros graves em seu magistério ordinário (quais seriam estes erros, você não diz).

Ocorre que a afirmação de infalibilidade negativa não é doutrina da Igreja; é mera posição teológica. Pode­se
discutir se ela é sustentável ou não; mas, mesmo que sustentável, e mesmo que altamente provável seja a
sua validade, ela permanece apenas uma posição teológica.

Ora, se, concretamente, um Papa validamente eleito ensina um grave erro de fé, então é a posição teológica
que se mostrou errada e deve ser descartada. Você, ao contrário, prefere descartar o Papa para manter a
posição teológica, erigindo esta última em doutrina. Os fatos testam as teologias; as teologias, ao contrário,
não julgam os fatos nem podem se sobrepor a eles.

Este erro metodológico está na raiz de muitos argumentos sedevacantistas de que tenho notícia, e, por si só,
mostra o quão frágil é a posição que vocês ocupam dentro da Igreja.

Abs,

Alexandre.

Alexandre V 
6 novembro, 2015 às 11:51 am
Caro sr Alexandre Semedo e demais leitores do Fratres que, porventura, se depararem com este post,

A todos muito bom dia e

Salve Maria.

Primeiramente, gostaria de dizer que fiquei muito preocupado com o vi abaixo: infelizmente, aquelas
pessoas que defendem um posicionamento de obediência ao Papa similar ao da FSSPX não percebem o

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
absurdo de tal coisa ( muito provavelmente, por desconhecimento da Doutrina ).

Secundariamente, gostaria de me desculpar por não poder voltar aqui antes e, só agora, poder retomar o
nosso colóquio: não está em meu intuito retomar tópicos antigos mas colaborar trazendo subsídios de
ordem intelectual e argumentativa.

Terciariamente, digo que comento aqui, nesta altura, tendo já lido o que está abaixo: creio ser pertinente
tal tomada de conduta pois permitirá a leitura do que vem a seguir com Prudência e a devida correção.

No geral, parece­me que o centro das disputas abaixo gira em torno do seguinte: 1º) se existe Magistério
Ordinário e se esse é infalível , 2º) qual o grau de acatamento devido a tal Magistério ( se é que existe, se é
que é infalível ).

Tentarei lhes responder em dois itens ( A e B ) que se imiscuem.

A) Afirmo muito serenamente que defender um posicionamento similar ao da FSSPX, o da ‘obediência/
desobediência seletiva’ é absolutamente contrário à Fé Católica: não digo que este ou aquele seja herege
por defender tal coisa ( pois não tenho autoridade para isso ), mas digo que não se coaduna com a Fé
católica.

Argumentar que fulano ou beltrano já escreveram artigos defendendo tal postura ( ‘da obediência/
desobediência seletiva’ ) é tentar justificar para si aquilo que se aponta como erro nos outros, o de elevar
algo que está no status ‘opnativo’ ( se não herético ) ao verdade aparentemente inconteste: por aqui já se
vê a falha de tal caráter argumentativo.

Explico­me: argumentar que tal e tal documento, por não ter as notas de um ato magisterial solene e que,
portanto, não seriam infalíveis de per si, e, não sendo infalíveis per si, não teriam força cogente, podendo
ser negligenciados, é uma argumentação que nasceu em meios modernistas.

Prestem atenção: é uma argumentação que nasceu em meios modernistas.

Tenho em mãos uma revista francesa de 1908 onde já consta tal denúncia ( La Foi Catholique, nº 1,
disponível aqui http://www.liberius.net/livres/La_Foi_Catholique_(tome_1)_000000657.pdf ) pelo padre
Bernard Gardeau que, ao explicar a gênese da origem modernista com vistas a um assunto mais profundo (
grau de autoridade do Decreto Lamentabili e da Encíclica Pascendi ), chega ao cume de narrar um fato sui
generis à página 75 e em tom de piada ( sobre os graus de assentimento ao magistério, o mesmo padre
revisa a matéria às páginas 70­72 ): o de um colega seu no sacerdócio que afirma serem somente
obrigatórios os atos solenes dos Papas.

Ora, o que as pessoas que defendem a ‘obediência/ desobediência seletiva’ ( em função de uma suposta
não­infalibilidade do Magistério Ordinário ) não se apercebem o padre o diz no mesmo texto mas, aqui,
exemplificarei.

Consintamos que, imediatamente antes do cvii ( em 1958, por exemplo ), apenas as definições ex cathedra
fossem infalíveis; ora, se assim fosse, imaginemos a seguinte situação:

Um fiel muito zeloso de Sua Igreja percebe que tanto o padre de sua paróquia quanto o Bispo de sua
diocese não andam lá com muito juízo sobre tudo aquilo que diz respeito à edificação e salvação das almas
dos fiéis e que, do púlpito, começam, aqui e ali, a fazerem concessões, hora aos divorciados, hora aos
maçons, hora aos neomodernistas, hora aos neoliturgicistas, hora à má imprensa e ao democratismo
liberal, e etc…

Pois bem: nosso fiel Católico hipotético, indignado com tudo aquilo, mune­se de diversos documentos da
Igreja para poder, como a própria Igreja sempre entendeu, exigir de seus pastores imediatos, a Fidelidade à
Doutrina de Jesus Cristo Nosso Senhor.

Nosso fiel Católico consegue marcar uma audiência com seu Bispo, ao qual está presente também o pároco.

Assim é que, baseado em documentos da Igreja, o nosso fiel faz uma brilhante exposição de todos os temas
e, ao final, ouve a resposta de ambos, padre e Bispo:

“Meu filho, não há de se inquietar com tudo isso pois, desses documentos que usa, nenhum teem as
quatro notas de infalibilidade promulgadas pelo Concílio Vaticano de 1870; não são infalíveis, não são
obrigatórios.”

Eis o nosso fiel hipotético agora triste, decepcionado e voltando para o seu lar: não há mais o que fazer…

Voltando de nosso exemplo, poderíamos nos perguntar quais seriam alguns desses documentos que “não
tendo as quatro notas de infalibilidade não seriam obrigatórios”; ei­los:

Decet Romanum Pontificem, condenado Lutero e seu protestantismo, não é obrigatório
Auctorem Fidei, condenando o jansenismo, não é obrigatório
Mirari Vos, condenando o liberalismo, não é obrigatório
Syllabus, condenando o racionalismo, o naturalismo e o liberalismo, não é obrigatório
In Eminenti, condenando a maçonaria, não é obrigatório
Humanus Genus, condenando a maçonaria, não é obrigatório
Pascendi, condenando o modernismo, não é obrigatório
Lamentabili, condenando a a exegese modernista da Sagrada Escritura, não é obrigatóro
Quas Primas, que reafirma a Doutrina de Cristo Rei, não é obrigatório
Mortalium Animos, que condena o ecumenismo modernista, não é obrigatório
Casti Connubii, que reafirma a Doutrina sobre do casamento, não é obrigatório
Mystici Corporis, sobre a unidade da Igreja, não é obrigatório
Ad Apostolorum Principeis, que reafirma a Doutrina sobre a Sagração dos Bispos, não é obrigatório

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
A ladainha do “não é obrigatório”…

Eis que, depois de Trento, não há um ato Magisterial obrigatório, ou melhor, há só dois, os referentes à
proclamação dos dogmas de Nossa Senhora ( Imaculada Conceição e Assunção ).

Nesta lógica, como querem essas pessoas que sustentam que tais documentos “não tendo as quatro notas
de infalibilidade não seriam obrigatórios” ( por supostamente não serem infalíveis, o que geraria um vício de
raciocínio ), poderíamos honestamente perguntar: por que lutar contra a infiltração protestante na Igreja
se o Papa que a promulgou ( tal condenação ) pode estar errado em seu juízo ( e o estaria segundo o juízo
modernista )? o mesmo modelo de pergunta caberia quanto à pertença de um eclesiástico à maçonaria… e
por que não? o mesmo sobre os outros documentos elencados: para que e por que defender o Matrimônio?,
a correta exegese da Sagrada Escritura?, a realeza de Nosso Senhor sobre a sociedade? a unidade da Igreja
e, consequentemente, a verdade salvífica da pertença à vardadeira Igreja? para que denunciar o abuso
sobre as Sagrações Episcopais nos meios “tradicionalistas” ( que, de Fé, fere a unidade da Igreja ), assim
como o falso ecumenismo?

Assim é que, décadas depois, a “tradição” tenta combater os erros do modernismo pautada pelos
parâmetros do inimigo… luta insólita… e ainda há pessoas que creem haver real diferença material/
substancial entre ambas as táticas… há boa vontade, mas isso não basta pois, “de boa intenção em boa
intenção, enche­se o inferno”… não é uma condenação que faço mas um apelo para que meus colegas
católicos de boa vontade se apercebam do que estou a dizer ( boa vontade real, em sentido sobrenatural;
não ao gosto maçônico ).

Não à toa afirmou o Cd Ottavianni

“Adesão ao Magistério Ordinário, em 2 de Março de 1953, em uma Aula Magna do Pontifício Ateneu
Lateranense

Surge aqui o problema da convivência da Igreja com o Estado laico. Sobre este ponto há católicos que estão
espalhando idéias que não são inteiramente exatas.

A muitos desses católicos não se pode negar nem o amor à Igreja, nem a reta intenção de encontrar um
meio de possível adaptação às circunstâncias do tempo. Mas não é menos verdadeiro que a sua atitude
lembra a do delicatus miles, que quer vencer sem combater, ou a do ingênuo que aceita uma insidiosa mão
estendida sem perceber que essa mão o obrigará depois a passar o Rubicon na direção do erro e da
injustiça.

O principal erro, em que estes incorrem, é exatamente o de não acolherem em sua inteireza as armas da
verdade e os ensinamentos que os Romanos Pontífices neste último século e em particular o reinante
Pontífice Pio XII têm ministrado deliberadamente aos católicos em suas Encíclicas, Alocuções e Discursos de
todo gênero.

Para se justificarem, alegam eles que, no conjunto dos ensinamentos da Igreja, é preciso distinguir duas
partes, uma permanente e outra transitória, a última das quais é um reflexo das condições particulares do
tempo. Vezes demais, porém, atribuem essa feição de reflexos do tempo até aos princípios afirmados nos
documentos pontifícios, princípios sobre os quais tem se mantido constante o ensinamento dos Papas – que
fazem parte do patrimônio da doutrina católica.

Nesta matéria, não pode ter aplicação a teoria do pêndulo, apresentada por alguns escritores para avaliar o
alcance das Encíclicas nas várias épocas da história. “L’Église – escreveram – scande l’histoire du monde à
la manière d’un pendule oscilant qui, soucieux de garder la mesure, maintient son mouvement en le
renversant lorsqu’il juge le maximum d’amplitude atteint… Il y aurait toute une histoire des Encycliques à
faire sous cet angle: ainsi en matière d’études bibliques: Divino Afflante Spiritu succède à Spiritus
Paraclitus, Providentissimus. En matière de théologie ou politique: Summi Pontificatus, Non abbiamo
bisogno, Ubi arcano Dei succèdent à Immortale Dei” (cf. Témoignage Chrétien, de 1 de Setembro de 1950,
reproduzido em Doc. Cathol. de 8 de Outubro de 1950).

Ora, se isto se houvesse de entender no sentido de que os princípios gerais e fundamentais do direito
público eclesiástico, solenemente afirmados na encíclica Immortale Dei, refletem apenas momentos
históricos do passado, enquanto, depois, o pêndulo dos ensinamentos de Pio XI e de Pio XII, nas suas
encíclicas, teria atingido, em seu movimento de “renversement”, posições diferentes daquela, – a
proposição seria de considerar­se inteiramente errônea, não só por não corresponder ao conteúdo das
próprias Encíclicas, como também por ser teoricamente inadmissível.

O reinante Pontífice ensina­nos, na Humani generis, como devemos acolher o magistério ordinário da
Igreja, expresso nas encíclicas: “Não se deve acreditar que os ensinamentos das Encíclicas não exijam, per
se, o assentimento, sob o pretexto de que os Pontífices não exercem nelas o poder de seu Supremo
Magistério. Tais ensinamentos fazem parte do Magistério ordinário, para o qual também valem as palavras:
Quem vos ouve, a mim ouve (Lc 10, 16); além do que, quanto vem proposto e inculcado nas Encíclicas
pertence já, as mais das vezes, por outros títulos, ao patrimônio da doutrina católica” (cf. A. A. S., vol.
XLIII, p. 568).

Temendo serem acusados de querer voltar à Idade Média, alguns de nossos escritores não ousam
considerar como pertencentes à vida e ao direito da Igreja, em todos os tempos, as posições doutrinárias
assumidas constantemente nas Encíclicas. Visa a estes a advertência de Leão XIII quando, recomendando
aos católicos concórdia e união no combate aos erros, acrescenta: “Por outro lado cumpre resguardarem­se
todos ou de estar, no que quer que seja, de conivência com as falsas opiniões, ou de combatê­las mais
molemente do que comporta a verdade” (cf. Acta Leonis XIII, vol. V, p. 148).”

B) “Roma locuta est, Causa finita est”, Roma ( a Sé Apostólica ) falou, a causa está encerrada e, portanto,
sobre tudo isso que vem se dizendo, deveríamos nos perguntar: “Qual a palavra inequívoca de Roma?”;

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para tanto existe um texto que é dos mais clarividentes que já pude ler em minha vida e que, sem exagero
algum, mereceria uma vida inteira de reflexões e, além, em meu humilde entender, seria suficiente para,
no plano intelectual, derrubar todos os sofismas atualmente em voga no meios “tradicionalistas” (
principalmente brasileiro ).

Aliás, o texto todo não se faz necessário mas, tão somente um parágrafo; Leão XIII em Sapientiae
Christianae, §35:

“Quanto à determinação dos limites da obediência, não imagine alguém que basta obedecer à autoridade
dos pastores de almas e, sobre todos, do Pontífice Romano, nas matérias de Dogma, cuja rejeição pertinaz
traz consigo o pecado de heresia; nem basta ainda dar sincero e firme assentimento àquelas doutrinas que,
apesar de não definidas ainda com solene julgamento da Igreja, sõa todavia propostas à nossa Fé pelo
Magistério Ordinário e Universal da mesma como divinamente reveladas e, as quais, por definição[1] do
Concílio Vaticano [ de 1870 ], devem ser cridas com Fé católica e Divina. Faz­se necessário, também, que
os cristãos contem entre os seus deveres o de se deixarem reger e governar pela autoridade dos bispos e,
principalmente, desta Sé Apostólica. Vê­se facilmente a razoabilidade desta sujeição pois, efetivamente, das
coisas contidas nos divinos oráculos, umas referem­se a Deus e outras ao mesmo homem e aos meios
necessários para chegar à eterna salvação. Pois bem, nestas duas ordens de coisas, isto é, quanto ao que
se deve crer e ao que se deve fazer, compete, por Direito Divino à Igreja e, na Igreja, ao Romano Pontífice
determiná­lo[2]: e eis a razão do porque compete ao Romano Pontífice julgar autoritativamente que coisas
contenha o assim chamado Depósito da Fé [ a Sagrada Escritura e a Tradição ] e que doutrinas concordem
com ela e quais dela desdigam; e, do mesmo modo, determinar o que é Bem e o que é Mal; o que se deve
fazer ou deixar de fazer para conseguir a salvação eterna e, se isso não pudesse fazer, o Papa não seria
intérprete infalível da vontade de Deus[3] ou guia seguro da vida do homem[4]”

[1]Constituição Dei Filius, § 18: “Por outro lado, com Fé Divina e Católica, deve­se crer tudo aquilo que está
contido na palavra de Deus, escrita ou transmitida, e que a Igreja propõe para crer como divinamente
revelado, seja por meio de um juízo solene, seja por seu Magistério Ordinário e Universal”

[2]Constituição Pastor Aeternus, § 7: “Ensinamos, por isso, e declaramos que a Igreja Romana possui, por
disposição do Senhor [ ou seja, faz parte do depósito da Fé ], um primado de poder ordinário sobre todas as
outras e que este poder de Jurisdição do Romano Pontifíce, sendo verdadeiramente episcopal, é imediato;
consequentemente, os pastores de todos os graus e de todos os ritos, assim como os fiéis, seja
individualmente, seja em conjunto, devem subordinação hierárquica e obediência ao Romano Pontífice, não
apenas nas questões que dizem respeito à Fé e aos costumes, mas também naquelas que relativas à
disciplina e ao governo da Igreja difundida sobre toda a Terra.”

[3]Pio XII, Encíclica Mystici Corporis, §§ 39­40 ( como desenvolvimento posterior da mesma doutrina ):
“Porque Pedro, em força do Primado de Jurisdição não é, senão, Vigário de Cristo e, por isso mesmo, a
Cabeça principal deste Corpo é uma só: Cristo; O qual, sem deixar de governar a Igreja misteriosamente
por Si Mesmo, rege­a também de modo visível por mei daquele que faz as Suas vezes na Terra e, destarte,
a Igreja, depois da gloriosa ascensão de Cristo aos Céus não está edificada só sobre Ele [ Cristo ], senão
também sobre Pedro, entendido como fundamento visível. Que Cristo e Seu Vigário formam uma só Cabeça
ensinou­o solenemente Bonifácio VIII na Carta Apoatólica Unam Sanctam e seus predecessores nãi
cessaram jamais de o repetir.

[4]Em erro perigoso estão, pois, aqueles que julgampoder unir­se a Cristo, Cabeça da Igreja, sem aderirem
fielmente ao Seu Vigário na Terra. Suprimida a cabeça visível [ como fazem os grupos que praticam a
“obediência/ desobediência seletiva” ] e rompidos os vínculos de unidade, obscurecem e deformam de tal
maneira o Corpo Místico do Redentor que já não pode ser visto e nem encontrado o porto da salvação por
aqueles que o demandam”

A esta Fé aderimos, eu e minha família, e, com a Graça de Deus e o auxílio de Nossa Senhora e as orações
de Todos os Santos, dela não seremos demovidos.

Quanto àqueles que querem conciliar a defesa integral da Tradição com a prática da ‘odediência seletiva’,
restaria desdizerem as palavras infalíveis dos Poantífices supra­citados; aos que teimam em não ver os
erros que sossobram a Igreja sem contudo vencê­la em definitivo precisariam, por coerência, demonstrar
como palavras tão graves como as acima se adequam aos desparates do pós­concílio

Um grande abraço a todos e,
Cordialmente, conforme o exemplo de S. José,
Nos SS Corações de Jesus e Maria,
alepaideia@gmail.com

Alessandro Gonzaga 
31 outubro, 2015 às 6:21 pm
Primeiramente tem que haver honestidade intelectual, o quem queremos aqui? a verdade ou apenas
publicidade? Sandro trouxe questões extremamente pertinentes e dentro do que sempre ensinou a Santa
Igreja de Cristo, e os Post’s são sempre censurados, penso que antes de haver temor pela percepção da
Vacância da Sé Apostólica que é evidente, temos que ter Temor a Deus por estarem apoiando e atenuando as
culpas dos fautores que fazem com que muitas almas se percam, pregando uma mentira, uma doutrina
herética que afasta as pessoas da verdade, e as faz consentir com a iniquidade.

G. M. Ferretti 
31 outubro, 2015 às 7:00 pm
Alessandro Gonzaga, censurados quando? Você por acaso tem acesso a nosso painel de controle para saber
quando e quais comentários foram censurados? Se algum o foi, é simplesmente por não se ater às regras
do blog.

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Só adiantando: aqui não é espaço para choradeira. Ou comenta com conteúdo útil ao debate, ou fica
lamuriando e o comentário vai para lixeira.

Luís 
31 outubro, 2015 às 6:42 pm
Essa argumentação tem um buraco enorme: nunca existiu um concílio de Sinuesso e tampouco Marcelino foi
reeleito a papa, seu sucessor foi Marcelo (o qual foi confundido como sendo a mesma pessoa várias vezes);
sem falar que, na própria “lenda” do concílio de Sinuesso, o papa Marcelino teria dito “prima sedes a nemine
iudicatur” (a Primeira Sé não pode ser julgada por ninguém), o que não me parece nada arrependido.

Vitor Martins 
1 novembro, 2015 às 12:33 am
31 de Outubro, 23h10. Estamos na “Vigília de Todos os Santos”, dia de jejum com abstinência.

Aos sedevacantistas:

Como rezo as seguintes partes da Ladainha de Todos os Santos (Missal Quotidiano 1952)?

1a. Para que vos digneis conservar na santa religião o Sumo Pontífice e todas as ordens da hierarquia
eclesiástica.
R. Nós vos rogamos, ouvi­nos.

2a. Oremos por nosso pontífice N.
R. O Senhor o conserve e lhe dê vida, fazendo­o feliz na terra e não o entregando à fúria de seus inimigos.

3a. Ó Deus onipotente e eterno, compadecei­Vos de vosso servo N., nosso Pontífice, e, segundo a vossa
clemência, conduzi­o no caminho da eterna salvação, para que, por vossa graça, só deseje o que Vos é
agradável e o realize com todas as suas forças.

O excesso de conhecimento ou o conhecimento desordenado pode nos levar à heresia.
Conheço pessoas com grandes conhecimentos e que vivem no erro.
Os Mistérios de Deus é só pra Ele; e querer entender o Mistério da Iniquidade através de uma busca
desenfreada pelo conhecimento pode gerar danos irreparáveis à nossa alma.

Com a palavra, o papa Clemente XIII:

Encíclica “In Dominico Agro”

II. …Além do mais, como não pode o vulgo subir ao monte, do qual desce a glória do Senhor (Ex19,12),
como vem a perecer, se para a ver ultrapassa certos limites – devem os guias e mestres marcar ao povo
balizas para todos os lados, de sorte que a exposição da doutrina não vá além do que é necessário, ou
sumamente útil para a salvação. Assim, os fiéis também obedecerão ao preceito do Apóstolo: “Não saibam
mais do que convém saber, e sabê­lo com moderação” (Rm 12,3).

Att.,
Vitor Martins

Sandro de Pontes 
1 novembro, 2015 às 12:43 am
Prezado Dr. Semedo, salve Maria.

Quando me referi a “ojeriza” que o sedevacantismo causa em alguns, referi­me aquela outra pessoa, e não ao
senhor. Com relação a “posição teológica” que o senhor diz que eu tomo como doutrina, tenho que lhe
esclarecer que o senhor está errado: realmente, é doutrina católica, e não mera “posição teológica”, que o
Papa não pode errar gravemente quando ensina magisterialmente, fora das promulgações ex­cátedra. Penso
que talvez o senhor não teve tempo de ler com atenção aquilo que lhe coloquei. Citei dois papas ensinando
doutrinariamente e magisterialmente isso (Pio VI condenando o Sínodo de Pistóia e o número seis da Quanta
Cura). Logo, se o senhor afirma que a Igreja pode ensinar erros graves e diz que esta é uma questão apenas
disputada, por favor, comente esta condenação de Pio VI contra o Sínodo de Pistóia. Comente também o
número seis da Quanta Cura, que assim reza:

“(…) Nem podemos passar em silêncio a audácia de quem, NÃO PODENDO TOLERAR OS PRINCÍPIOS DA SÃ
DOUTRINA, pretendem ‘que aos juízos e decretos da Sé Apostólica, que têm por objeto o bem geral da Igreja, e
seus direitos e sua disciplina, enquanto não toquem os dogmas da fé e dos costumes, se pode negar
assentimento e obediência, sem pecado e sem nenhuma violação da fé católica’. Esta pretensão é TÃO
CONTRÁRIA AO DOGMA CATÓLICO DO PLENO PODER divinamente dado pelo próprio Cristo Nosso Senhor ao
Romano Pontífice para apascentar, reger e governar a Igreja, que não há quem não o veja e entenda clara e
abertamente” (Quanta Cura, nº 06 – Papa Pio IX).

Cito ainda, além de Pio VI e a Quanta Cura de Pio IX, outro ensinamento de Pio IX no mesmo sentido:

“(…) Pois, mesmo que se tratasse daquela submissão que deve ser prestada com ato de fé divina, NÃO SE
PODERIA LIMITÁ­LA, porém, às verdades definidas por decretos expressos dos concílios ecumênicos ou dos
Romanos Pontífices desta Sé Apostólica, mas seria necessário ESTENDÊ­LA TAMBÉM àquilo que é transmitido
como DIVINAMENTE REVELADO pelo magistério ordinário de toda a Igreja espalhada pela terra e, portanto,
com universal e comum consentimento são consideradas pelos teólogos católicos como pertencentes à fé.”
Carta Apostólica Tuas Libenter – Papa Pio IX (1863), DZ 1683.

Continuando, apresento ainda mais outra citação neste sentido, ou seja, um Papa afirmando doutrinariamente
e magisterialmente que a Igreja não pode errar gravemente quando se pronuncia sem ser ex catedra:

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 22/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
“(…) Seria indigno de um cristão… sustentar que a Igreja, por Deus destinada a Mestra e Rainha dos povos,
não esteja iluminada o bastante acerca das coisas e circunstâncias modernas; ou então, não prestar a ela
assentimento e obediência a não ser naquilo que ela impõe por via de definições mais solenes, COMO SE AS
OUTRAS DECISÕES SE PUDESSEM PRESUMIR FALSAS, ou não providas de suficientes motivos de verdade e de
honestidade. Ao contrário, é próprio de todo o verdadeiro e fiel cristão, sábio ou ignorante, deixar­se dirigir e
guiar pela Santa Igreja de Deus em TUDO O QUE RESPEITA A FÉ E AOS COSTUMES, por meio do seu Supremo
Pastor, o Pontífice Romano, o qual, por sua vez, é dirigido por Jesus Cristo Senhor Nosso” (PIO XI – Casti
Connubi nº 39).

Penso que já está bom, mas posso citar outros papas ainda ensinando doutrinariamente e magisterialmente o
mesmo: que a Igreja não pode errar gravemente quando ensina fora das definições ex catedra e que os fiéis
devem sempre obedecê­la, dando­lhe assentimento verdadeiro. Desta forma citarei também Pio XII, ainda que
o senhor, talvez, se canse de tantas citações:

“12. E aqueles que “o Espírito Santo colocou como bispos para reger a Igreja de Deus” (At 20, 28) quase
unanimemente deram resposta afirmativa a ambas as perguntas. Essa ‘singular concordância dos bispos e
fiéis’ em julgar que a assunção corpórea ao céu da Mãe de Deus podia ser definida como dogma de fé, mostra­
nos a doutrina concorde do MAGISTÉRIO ORDINÁRIO da Igreja, e a fé igualmente concorde do povo cristão –
que aquele magistério sustenta e dirige – e por isso mesmo manifesta, de modo certo e IMUNE DE ERRO, que
tal privilégio é verdade revelada por Deus e contida no depósito divino que Jesus Cristo confiou a sua esposa
para o guardar fielmente e infalivelmente o declarar. De fato, ESSE MAGISTÉRIO DA IGREJA, não por estudo
meramente humano, mas pela assistência do Espírito de verdade (cf. Jo 14,26), e portanto ABSOLUTAMENTE
SEM NENHUM ERRO, desempenha a missão que lhe foi confiada de conservar sempre puras e íntegras as
verdades reveladas; e pelo mesmo motivo transmite­as sem contaminação e sem lhes ajuntar nem subtrair
nada ” (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus Sobre a Assunção de Nossa Senhora).

Precisa comentar ainda mais que o que coloquei não é mera “posição teológica” disputada, mas sim doutrina
católica da qual nenhum fiel pode se afastar? E que os teólogos que citei apenas explicaram isso de forma
clara, como Mons. Fenton que ensinou o seguinte sobre aquilo que o senhor pensa ser mera “posição
teológica”:

“(…) A despeito dos modos de ver divergentes sobre a existência de ensinamento pontifício infalível em cartas
encíclicas, há um ponto no qual TODOS OS TEÓLOGOS ESTÃO MANIFESTAMENTE DE ACORDO. TODOS ELES
estão convictos de que todos os católicos estão obrigados em consciência a prestar um assentimento religioso
interior decisivo àquelas doutrinas que o Santo Padre ensina quando fala à Universal Igreja de Deus na terra
SEM EMPREGAR O SEU CARISMA da infalibilidade dado por Deus. Assim, prescindindo da questão de se se pode
dizer que alguma encíclica individual ou algum grupo de encíclicas contêm ensinamento especificamente
infalível, TODOS OS TEÓLOGOS ESTÃO DE ACORDO que esse assentimento religioso deve ser concedido aos
ensinamentos que o Soberano Pontífice inclui nestes documentos” .

E ele completa, justamente ensinando o contrário daquilo que o senhor afirma, a saber, que este ensinamento
que o papa não pode errar gravemente e que os fiéis sempre devem prestar assentimento aos ensinamentos
não magisteriais não decorre do parecer dos teólogos, mas sim da própria natureza do papado:

“(…) fique definitivamente entendido que o dever do católico de aceitar os ensinamentos transmitidos nas
encíclicas, mesmo quando o Santo Padre não propõe tais ensinamentos como parte de seu magistério infalível,
NÃO SE ALICERÇA SOMENTE NAS SENTENÇAS DOS TEÓLOGOS. A autoridade que impõe essa obrigação é a do
PRÓPRIO ROMANO PONTÍFICE. À responsabilidade do Santo Padre de cuidar das ovelhas do rebanho de Cristo,
corresponde, por parte do efetivo da Igreja, a obrigação básica de seguir as diretrizes dele, nas matérias
doutrinais bem como nas disciplinares. Nesse campo, Deus deu ao Santo Padre uma ESPÉCIE DE
INFALIBILIDADE distinta do carisma da infalibilidade doutrinal em sentido estrito”.

Portanto, todos os teólogos do mundo ensinam a mesma doutrina a respeito deste tema, de acordo com Mons.
Fenton. Engana­se ele? Enganam­se todos os teólogos para que o padre que o senhor traduziu acerte?
Realmente, isso que coloco é mero “disputatio” ou é doutrina católica? Peço­lhe por favor, prezado Dr.
Semedo, que o senhor coloque ensinamentos de papas e teólogos dizendo que um papa pode errar
gravemente quando ensina por meio de um documento magisterial. Uma única citação é o que lhe peço. Acho
que estou sendo razoável, sim?

Finalizando, com relação ao Vaticano II eu apenas fiz uma digressão, este não é sequer o escopo do debate.
Mas já que desejou me criticar por isso, digo que se o senhor não enxerga erros no Vaticano II, na missa nova,
nos documentos dos papas conciliares, no novo código de direito canônico, entre outras coisas, só tenho que
lamentar. Sugiro que estude ainda mais a questão, os documentos anteriores ao Vaticano II. Sugiro que
estude as condenações ao modernismo, e compare com o que ensinou não apenas o Vaticano II, mas padre
Ratzinger, por exemplo, em suas obras.

Sandro Pelegrineti de Pontes

Neste link tem outras excelentes citações para o senhor conferir:

https://fratresinunum.com/2013/10/13/para­debate/

Pedro Henrique 
1 novembro, 2015 às 6:56 am
Falar que se recusa o debate com o sedevacantismo é de uma desonestidade incalculável. A sspx já
apresentou argumentos. Há trabalhos em português feito pelo Nougé, além de inúmeros trabalhos internet
afora que refutam essa teoria.

São muitas falácias utilizadas, a primeira mais eviedente é a Argumentum verbosium, algo de tamanha
verbosidade, que acaba sendo dificultoso comprovar cada citação, que os argumentos acabam sendo

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 23/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
aceitos.

E o segundo é quando se afirma que se se recusa a debater com o sedevacantismo, proclamando
falsamente a vitória desse tese, por, supostamente, não haver argumentos contrários à tese
sedevacantista. O que é uma mentira, como já foi dito. Há inúmeros trabalhos sérios na internet que
refutam essa teoria.

Basta pesquisar.

Vitor José Faria de Oliveira 
2 novembro, 2015 às 9:38 am
Bem, toda a vez que esta questão é tratada, gera algum interesse em mim! Já tenho meus posicionamentos
pessoais a respeito disso, inclusive um artigo mais recente no meu blog Tradicionalismo Católico Sempre.
Porém, dada a colocação de certas questões, acho conveniente esclarecer por hora alguns pontos:

1 É impossível a Igreja Católica ensinar, impor ou propor heresia. Sendo isto Dogma de Fé (verdade
ensinamento do tipo 1).

A questão aplicada ao Papa considero a partir do ponto de vista deste Dogma.

2 É impossível o Papa ensinar, impor ou propor heresia. Sendo isto Ensinamento Irreformável (verdade
ensinamento do tipo 2 em conexão com o Dogma por necessidade lógica).

A Igreja possui 3 tipos de ensinamentos ou verdades, conforme Nota Doutrinal Explicativa da Fórmula
Conclusiva da Professio Fidei da Congregação para Doutrina da Fé.

3 Aplicamos agora o Princípio das Entidades. Segundo o qual o Papa é Pessoa Física, enquanto o Papado, a
Santa Sé, a igreja de Roma e a Igreja Católica são Pessoas Jurídicas, ou instituições.

4 É possível o Papa ser herege? Sim. E como Pessoa Física incorre na excomunhão automática.

Conforme Bento XVI, a excomunhão atinge pessoas (Pessoas Físicas) e não instituições (Pessoas Jurídicas).
Vide Carta dele aos Bispos a respeito da remissão da excomunhão dos 4 Bispos da FSSPX.

5 É possível o Papado ser herege? Não, pelo que foi visto logo acima. Também não é possível ser
excomungado.

6 É possível o Papado ensinar, impor ou propor heresia? Não. Sendo isto Dogma de Fé, proclamado no capítulo
4 da Pastor Aeternus. E antes desta proclamação, Ensinamento Irreformável (tipo 2) em conexão lógica com o
Dogma da Impossibilidade de a Igreja Católica ensinar heresia.

7 O Papa, como Pessoa Física pode ensinar, impor ou propor heresia? Sim. Heresia é pecado contra o Primeiro
Mandamento, assim como ele pode também acabar cometendo outros pecados. Isto significa que há a
possibilidade de um Papa ser herege e incorrer na excomunhão.

8 O Papa no uso do Papado pode ensinar, impor ou propor heresia? Não. Porque aí já se faz presente o Papado,
juntamente com a eficácia das promessas que ao Papado foram feitas.

Para que a pessoa do Papa exerça o Papado, é necessário que o Papa deixe claro que está querendo usar do
Papado, que por sua vez, lhe é acessível ao uso a qualquer instante.

Agora se você considera terminologicamente o Papa como Pessoa Jurídica, então é impossível que ele ensine
heresia, seja herege ou incorra na excomunhão.

9 No caso de um Papa (Pessoa Física) herege, e portanto excomungado, ele perde o Papado? Não. Ele tem
direito de exercer o Papado sempre que quiser, e o seu Papado não irá ensinar heresia porque o Papa é herege.
O Papado é uma instituição com Infalibilidade para Conservar e Transmitir o Depósito da Fé – isto é um Dogma
proclamado no capítulo 4 da Pastor Aeternus e, antes de ser proclamado Dogma, já era Irreformável (tipo 2)
em conexão lógica com o Dogma da Impossibilidade de a Igreja Católica ensinar, impor ou propor heresia.

Somente se o Papa manifestamente renuncia, então ele perde o direito perpétuo de exercer o Papado.

10 Observação: apesar do meu posicionamento, que já é antigo, reconheço que a idéia do Papa Herege (Pessoa
Física) é complexa e de difícil análise.

11 A ninguém compete depor um Papa. Somente ele mesmo pode renunciar.

12 O Papa é uma pessoa comum, então ora ele pode exercer o Papado e ora pode não o exercer, conforme sua
vontade manifesta.

Quando ele não exerce o Papado, ou não o quer exercer em determinada situação, então ele pode sim acabar
ensinando heresia, seja na fala ou por escrito, assim como ele pode acabar cometendo também outros
pecados.

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Peço a paciência de todos, porque devido a problemas técnicos, estou escrevendo de um tablet, coisa com a
qual ainda não estou acostumado.

Qualquer problema, posso tentar escrever novamente.

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Aproveitando o dia de hoje, quero desejar um Descanse em Paz a todos os nossos amados e estimados
finados!

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 24/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com

Paulo F. 
2 novembro, 2015 às 10:45 am
Segundo Francisco em uma entrevista publicada ontem concedida ao seu amigo e jornalista Eugenio
Scalfari, “no fim das contas todos os divorciados que quiserem poderao receber a Sagrada Comunhao”
http://rorate­caeli.blogspot.com/2015/11/bombshell­pope­to­his­favorite.html . Como pode aquele que
supostamente tem o dever de confirmar os fieis na fe ensinar algo que vai completatmente contra a
doutrina perene da Igreja?

O que dizer tambem deste video https://youtu.be/DGOGfKeDKy8?t=3m50s onde Francisco com toda a
calma do mundo afirma que o que esta para dizer/ensinar provavelmente seja uma heresia e o diz assim
mesmo. Sabemos muito bem que se uma pessoa batizada expressa uma opiniao conflitante com o dogma
catolico, podemos afirmar com toda a certeza que o elemento material da heresia esta presente. Ao mesmo
tempo, nao se pode dizer com certeza que o pecado de heresia tenha sido cometido, ou que a pessoa em
questao seja de fato herege. De acordo com o CDC, ela so pode ser considerada uma herege se a pessoa
percebe que a opiniao dela entra em conflito com o ensinamento catolico. Se a pessoa se da conta disso, ela
e considerada canonicamente como herege. O canon 751 define heresia assim: “Diz­se heresia a negação
pertinaz, depois de recebido o baptismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica” (Cân.
751) A palavra “pertinaz/pertinazmente” e entendida pelos canonistas como significando que a pessoa esta
consciente do conflito entre a opiniao dela e o ensinamento da Igreja. Ora, ao afirmar que o que ele
(Francisco) iria dizer provavelmente era uma heresia, ele demonstra o reconhecimento do conflito entre o
que ele vai ensinar e o Magisterio da Igreja. Isso portanto e uma negacao pertinaz de uma verdade que se
deve crer como fe divina e catolica e faz dele um herge publico de acordo com o CDC.

Alexandre Semedo 
3 novembro, 2015 às 1:42 pm
Caro Sandro,

Para provar o teu ponto de vista, você (entre outras “cositas”) cita trechos a) ou de magistério ordinário falível
de Papas ou, b) de Papas referindo­se a magistério ordinário infalível. Sem perceber, você deu novas provas do
grave erro metodológico no qual se afunda o sedevacantismo.

Se você percebeu em meu post anterior, eu sequer me propus a discutir a posição teológica (pois é disto e só
disto que se trata) que você defendeu. E nem me proponho agora com esta pequena resposta. Apenas
aproveitei­me daquela tua mensagem (e ora volta a fazê­lo) para apontar o erro metodológico em si, aqui
novamente repetido. Toda argumentação tua voltada para me convencer desta posição está absolutamente
divorciada daquilo sobre o que me propus comentar.

Enquanto vocês não forem capazes de perceber este ponto – este pequeno ponto que desmonta quase toda a
argumentação que vocês constroem às vezes tão afoitamente – nenhum debate entre “vocês” e “nós” poderá
avançar.

O que é uma pena, pois penso que, nestas horas de trevas, seria bom que todos os católicos que amam a
Igreja estejam unidos para enfrentar um inimigo que, com certeza, combate com todas suas fileiras unidas
contra nós.

Ou seja, não me tome como um inimigo; apenas como alguém que discorda de você.

Abs,

Alexandre.

Sandro de Pontes 
3 novembro, 2015 às 6:43 pm
Prezado Dr. Semedo, salve Maria.

Iremos concordar que católicos devem debater objetivamente. Se eu erro, mostre­me onde, por favor, mas
sendo claro. Não basta me dizer que eu erro metodologicamente, é preciso, por caridade, demonstrar. Eu
lhe coloquei a seguinte questão em minha última mensagem:

“(…) Peço­lhe por favor, prezado Dr. Semedo, que o senhor coloque ensinamentos de papas e teólogos
dizendo que um papa pode errar gravemente quando ensina por meio de um documento magisterial. Uma
única citação é o que lhe peço. Acho que estou sendo razoável, sim?”.

A isso o senhor responde, por duas vezes, que não deseja debater a questão com quem adota erros
metodológicos!!!! Ora, eu estou defendendo que é doutrina da Igreja Católica, e não mera questão
disputada, esta questão referente a Igreja não pode errar gravemente quando se pronuncia, seja lá de qual
forma for. E se o senhor defende que esta é uma mera “disputatio”, por favor, prove. Talvez o senhor não
queira provar, alongando­se no debate. Talvez não aja tempo, porque a vida é corrida e vossos afazeres são
imensos. Tudo isso eu entendo. Por isso mesmo eu pedi uma única citação de alguém afirmando isso, o que
não lhe daria praticamente nenhum trabalho. Se a questão é disputada, deve haver teólogos afirmando
isso: sim, a Igreja pode ensinar erros graves em seu magistério, a ponto de desviar os fiéis do reto
caminho!

Uma pergunta simples e direta merece uma resposta simples e direta, penso eu. E não pergunto e nem
insisto por espírito de contenda, mas porque o senhor é um homem capacitado e preparado
intelectualmente para lidar com estas questões, de modo que todos estão de olho naquilo que o senhor irá
dizer a respeito disso que lhe coloco de forma tão insistente. Penso sinceramente que se o debate entre nós
não avança, é porque o senhor, por algum motivo, insiste em dizer que erro sem explicar
convincentemente sobre o meu erro, e insiste em não responder a questão que coloco de forma tão
objetiva.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 25/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Sandro Pelegrineti de Pontes

Obs.: caso o senhor não responda a contendo, considerarei encerrada esta parte do debate e iremos tratar,
na próxima mensagem, da seguinte afirmativa feita no início do trabalho traduzido pelo senhor: “A Igreja
deve proferir uma decisão antes de o papa perder seu ofício. Julgamentos privados dos leigos em tal matéria
não são suficientes” – Robert J. Siscoe

Duarte 
3 novembro, 2015 às 6:45 pm
Prezado sr. Sandro de Pontes,

A posição que sustenta parece­me uma questão de interpretação.

Primeiramente, demonstrarei isso me utilizando dos próprios
argumentos por você colocados, mas com destaques distintos:

“A autoridade de governo, no Soberano Pontífice, deve ser
considerada absoluta. Quando o Papa comanda, e sob qualquer forma em
que ele comande, todos na Igreja devem obedecer. Mas é necessário
dizer que o Papa, quando comanda, mesmo como Papa e enquanto chefe
da Igreja, não pode enganar­se? Cumpre falar aqui de infalibilidade?
NÃO SE PODE SE TRATAR, EM TODO O CASO, DE UMA INFALIBILIDADE
IDÊNTICA À INFALIBILIDADE DOUTRINAL. Ninguém admite que o Papa,
quando comanda, ordene necessariamente tudo o que há de melhor e de
mais excelente para o bem dos indivíduos, dos diversos grupos, OU DA
IGREJA INTEIRA. Não se trata de uma infalibilidade positiva.
Trata­se somente de uma infalibilidade negativa; e isso equivale a
dizer que o Papa não tem como ORDENAR nada que vá contra o bem
definitivo daqueles a quem ele se dirige. Nesse sentido, SERÁ
DIFICÍLIMO(*) de não admitir que o Papa é infalível, AO MENOS QUANDO
SE TRATA DE LEIS OU DE MEDIDAS DISCIPLINARES QUE OBRIGAM TODA A
IGREJA (**). Mas, como se vê, não se trata mais da Infalibilidade em
sentido estrito (***)” (Rev. Pe. Thomas PÈGUES, O.P., L’Autorité des
Encycliques pontificales, d’apres saint Thomas [A autoridade das
Encíclicas pontifícias segundo Santo Tomás de Aquino], in: Revue
Thomiste, XII, 1904, pp. 513­32, cit. à p. 520­1).

*Aqui fica claro que se trata de uma proposição teológica, e não de
uma definição doutrinária. Se se tratasse de uma definição
doutrinária, não seria DIFICÍLIMO não admitir que o Papa é infalível
(em seu Magistério Ordinário), seria IMPOSSÍVEL.

** Aqui ele provavelmente está tratando da infalibilidade dos
Decretos Disciplinares (seria isso?). Se for o caso, isso já foi
discutido, aqui neste mesmo sítio, nessa ocasião:

https://fratresinunum.com/2015/02/03/um­papa­que­caiu­em­heresia­joao­xxii­e­a­visao­beatifica­dos­
justos­depois­da­morte/

Destaco ainda o fato de que a infalibilidade somente alcança os
Decretos Disciplinares que “obrigam toda a Igreja”. Acaso podemos
encontrar, nos documentos do CVII, algum momento em que eles afirmam estar, inequivocamente,
OBRIGANDO a toda a Igreja?

*** Infalibilidade em sentido estrito seria a infalibilidade positiva,
aquela definida pelo Vaticano I? Bom, nesse caso, o próprio autor
está reconhecendo que há uma clara distinção entre a infalibilidade
que é doutrina – e é dogma de fé – da infalibilidade do Magistério
Ordinário do Papa, que é posição teológica. Mas a própria
infalibilidade negativa me parece prejudicada, mesmo no
pós­concílio, desde que corretamente interpretada.

Os teólogos PARECEM CONCORDAR(*) que, embora a garantia de
infalibilidade se aplique em seu sentido mais estrito apenas ao
exercício do magistério extraordinário, ou seja, a pronunciamentos
ex cathedra, ainda assim, no exercício dos seus poderes do Magistério
ordinário, o Papa tem a proteção e orientação do Espírito Santo, pelo
menos na medida em que Deus Todo Poderoso não lhe permitiria cometer
um erro grave [de] ensino à Igreja Universal. ELES ARGUMENTAM(*) que
esta providencial proteção é necessária para que a Santa Sé cumpra
sua missão divinamente outorgada na condução dos homens, com
segurança e certeza, ao seu destino eterno. Portanto, O ENSINO CLARO
E CERTO dos papas(**) em questões sociais é para ser tomado como a
única doutrina verdadeira nos pontos contemplados”.

*Novamente, resta claro que se trata de mera proposição teológica, e
não de doutrina vinculante.

**Aqui nós temos uma afirmação muito importante:
O ensino deve ser CLARO E CERTO.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 26/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
É de senso comum de que o maior problema do CVII é a sua ambiguidade
(que, diga­se de passagem, foi proposital). Então é de se perguntar:
como algo ambíguo pode ser, ao mesmo tempo, ensino claro? E
como algo claramente equívoco pode ser um ensino certo?
Veja, meu caro, que aqui o autor está apenas afastando a
interpretação herética do Magistério Papal de todos o tempos
(ensino claro e certo propriamente dito, DOS PAPAS).
Portanto, esse argumento não poderia, jamais, sustentar o sedevacantismo
(e o autor claramente não teve essa intenção).

“A despeito dos modos de ver divergentes sobre a existência de
ensinamento pontifício infalível em cartas encíclicas, há UM PONTO no
qual todos os teólogos estão manifestamente de acordo. Todos eles
estão convictos de que todos os católicos estão obrigados em
consciência a prestar um assentimento religioso interior decisivo
àquelas doutrinas que o Santo Padre ensina quando fala à Universal
Igreja de Deus na terra SEM EMPREGAR O SEU CARISMA DA INFALIBILIDADE
dado por Deus. Assim, PRESCINDINDO DA QUESTÃO DE SE SE PODE DIZER QUE
ALGUMA ENCÍCLICA INDIVIDUAL OU ALGUM GRUPO DE ENCÍCLICAS CONTÊM
ESPECIFICAMENTE INFALÍVEL(*), todos os teólogos estão de acordo que
esse ASSENTIMENTO RELIGIOSO deve ser concedido aos ensinamentos que
o Soberano Pontífice inclui nestes documentos. ESSE ASSENTIMENTO É
DEVIDO, como notou Lercher, até que a Igreja possa preferir modificar
o ensinamento anteriormente apresentado ou ATÉ QUE RAZÕES
PROPORCIONALMENTE GRAVES PARA ABANDONAR O ENSINAMENTO
NÃO­INFALÍVEL CONTIDO NUM DOCUMENTO PONTIFÍCIO proporcionalmente
graves para abandonar o ensinamento não­infalível contido num documento
pontifício possam vir a lume. É EVIDENTE QUE TODA E QUALQUER RAZÃO
QUE FOSSE JUSTIFICAR O ABANDONO DE UMA POSIÇÃO TOMADA EM UMA
DECLARAÇÃO PONTIFÍCIA TERIA DE SER REALMENTE GRAVÍSSIMA (**).

*Aqui o Mons. Fenton afirma justamente que NÃO É CONSENSO DOS
TEÓLOGOS de que as encílicas, individualmente OU EM GRUPO, possam
conter ensinamento especificamente infalível. Em outras palavras:
para ele, as encíclicas PODEM conter ensinamento infalível (e,
portanto, ordinariamente, esse ensinamento é FALÍVEL).

**Aqui fica ainda mais claro de que a opinião corrente é de que o
ensinamento contido num documento pontifício ordinário é
NÃO­INFALÍVEL.

***Quer razão mais gravíssima do que aquela apontada, por exemplo,
por Dom Marcel Lefebvre ou pelo Cardeal Ottavini? Não foi justamente
alegando uma situação gravíssima que Dom Lefebvre alegou estar em um
“Estado de Necessidade”? Não enxergo, também aqui, qualquer sustentação
para o sedevacantismo. Muito pelo contrário.

“Mas fique definitivamente entendido que o dever do católico de aceitar
os ensinamentos transmitidos nas encíclicas, mesmo quando o Santo
Padre NÃO PROPÕE tais ensinamentos COMO PARTE DE SEU MAGISTÉRIO
INFALÍVEL, não se alicerça somente nas sentenças dos teólogos.
A AUTORIDADE QUE IMPÕE essa obrigação é a do próprio Romano Pontífice.
À responsabilidade do Santo Padre de cuidar das ovelhas do rebanho de
Cristo, corresponde, por parte do efetivo da Igreja, a obrigação
básica de seguir as diretrizes dele, NAS MATÉRIAS DOUTRINAS BEM COMO
NAS DISCIPLINARES(*). NESSE CAMPO, Deus deu ao Santo Padre uma
ESPÉCIE DE INFALIBILIDADE distinta do carisma da infalibilidade
doutrinal em sentido estrito. Ele edificou e ordenou a Igreja de tal
maneira, que aqueles que seguem as diretrizes dadas ao inteiro reino
de Deus na terra nunca serão colocados em posição de arruinar­se
espiritualmente mediante essa obediência. Nosso Senhor habita no
interior de Sua Igreja de uma tal maneira, que aqueles que obedecem
às diretivas disciplinares e doutrinais desta sociedade nunca podem
achar­se desagradando a Deus mediante sua adesão aos ensinamentos e
aos preceitos dados à Igreja militante universal. Logo, não pode
haver razão válida nenhuma para discordar até mesmo da autoridade
magisterial não­infalível do Vigário de Cristo na Terra. (Mons.
Joseph Clifford FENTON, A Autoridade Doutrinal das Encíclicas Papais
– Parte I, agosto de 1949; trad. br. de dez. 2013 em:
http://wp.me/pw2MJ­2aL).

*Veja que aqui Mons.Fenton restringe expressamente o “campo
da infalibilidade” às matérias DOUTRINAIS e DISCIPLINARES. Então
vem a pergunta: O que foi que o CVII definiu de Doutrinal? Não houve
sempre a insistência, por parte do próprio clero, de que os
ensinamentos do CVII não são doutrinais, mas pastorais? Portanto, eles
não entram nessa definição de Mons. Fenton. Quanto aos ensinamentos

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 27/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
disciplinares, remetemos novamente ao link acima de uma
discussão anterior.

“Como se a Igreja, que é governada pelo Espírito de Deus, pudesse
estabelecer uma disciplina não somente inútil e mais onerosa do que a
liberdade cristã pode tolerar, mas que seria ainda perigosa, nociva,
própria a induzir à superstição ou ao materialismo.” – proposição que
ele condenou como “falsa, temerária, escandalosa, perniciosa, ofensiva
aos ouvidos pios etc.” (Papa Pio VI, em sua constituição Auctorem
Fidei, sobre a 78.ª proposição de Pistoia)*.

*Ocorre que essa proposição de Pio VI não tem toda a abstração
que o sedevacantismo pretende. Ele não teve aqui uma intenção
específica de estabelecer uma definição doutrinária, mas ele apenas
faz essa afirmação (de que a Igreja não pode “estabelecer” uma
disciplina “inútil e onerosa”) como via reflexa de sua condenação ao
erro de Pistoia. Isso é muito relevante, porque a chave para entender
o alcance de expressões como “estabelecer”, “inutilidade”,
“onerosidade” e – mais importate: “disciplina” – é conhecer o que
dizia o nº 78 do Sínodo de Pisoia. Ademais, uma leitura completa da
Auctorem Fidei vai demonstrar que o contexto em que falava Pio VI –
portanto, seu objeto – era totalmente distinto da situação atual.
Para falar a verdade, era precisamente o contrário. Então trata­se de
mais uma questão interpretativa, e jamais serviria para uma
sustenção válida da tese sedevacantista.

Finalmente, comentaremos a citação de São Pio X ao mesmo tempo em que
tangenciaremos aquilo que chama de “obediência seletiva”.

Ao catequizar as pessoas, é muito comum, ao se falar da autoridade
clerical, compará­la com a autoridade de um pai. E essa simples
comparação traria luz à presente questão:

Se alguém tem um pai, por exemplo, que é um ladrão, não é porque esse
pai é um ladrão que ele deixa de ser pai do indivíduo, correto? Assim,
não é porque o pai de um indivíduo é ladrão que ele estaria autorizado
a desobedecê­lo em tudo. Por outro lado, se esse pai ordenasse que seu
filho roubasse de alguém, seria não apenas legítimo, mas também
forçoso, que ele resistisse a essa ordem, já que devemos obedecer
antes a Deus que aos homens.
No que se refere ao Papa, a questão é análoga. Obviamente, São Pio X
está falando de tudo aquilo que provém de um Papa e que é justo, que
está de acordo com sua autoridade, e que é legítimo: a isso, não
podemos desobedecer, criticar, ignorar. Note que São Pio X fala isso
provavelmente voltando­se para o crescente Racionalismo criticista de
seu tempo – aquele mesmo tipo de criticismo que só encontra espaço na
imprensa e nos meios acadêmicos quando é para atacar o ensino da
Igreja.
Situação mui diferente é quando um Papa – ainda que Papa – pede algo
que contraria a vontade de Deus. Obviamente, nessa hipótese, devemos
dizer com o Apóstolo: “não podemos”.
Finalmente, se fôssemos dar uma aplicação tão ampla e abstrata quanto a
sua a esse excerti de São Pio X, até mesmo São Paulo teria errado ao
resistir ao Papa, não é mesmo?

Assim, a tese sedevacantista está, sim, baseada em uma interpretação
teológica em particular, e não na Doutrina expressa e inequívoca da
Igreja.

Rogério 
4 novembro, 2015 às 2:39 pm
Sr. Duarte

Não tenho competência para alongar­me, porém percebo que sua resposta ao Sandro se ateve a citações
de teólogos a respeito da matéria. O que dizer dessa sitação da Quanta Cura, que apesar de encíclica tem
caráter extraordinário (Essa afirmação posso demonstrá­la em outro momento):

“(…) Nem podemos passar em silêncio a audácia de quem, NÃO PODENDO TOLERAR OS PRINCÍPIOS DA SÃ
DOUTRINA, pretendem ‘que aos juízos e decretos da Sé Apostólica, que têm por objeto o bem geral da
Igreja, e seus direitos e sua disciplina, enquanto não toquem os dogmas da fé e dos costumes, se pode
negar assentimento e obediência, sem pecado e sem nenhuma violação da fé católica’. Esta pretensão é
TÃO CONTRÁRIA AO DOGMA CATÓLICO DO PLENO PODER divinamente dado pelo próprio Cristo Nosso
Senhor ao Romano Pontífice para apascentar, reger e governar a Igreja, que não há quem não o veja e
entenda clara e abertamente” (Quanta Cura, nº 06 – Papa Pio IX).

Alexandre Semedo 
3 novembro, 2015 às 8:54 pm
Caro Sandro,

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 28/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Como se diz em papiamento (uma simpática língua do Sul do Caribe), “bo non ta compronde nada kiko mi ta
papiando”. Você não entendeu patavinas do que eu disse.

Em nenhum momento eu quis adentrar no mérito da tua afirmação acerca desta suposta infalibilidade
negativa dos papas. E a razão é muito simples: eu não conheço este assunto e não sou dado a palpites na
internet.

Eu apenas tomei o teu post original como um exemplo de um erro metodológico típico das argumentações
sedevacantistas: nele, você citava posições teológicas para comprovar posições doutrinárias. Veja que, ainda
que você tenha razão quanto à posição doutrinária (insisto que eu não conheço o assunto), o erro
metodológico estava lá e o teu post o exemplificava.

Era só isto.

E continua sendo.

Depois, você citou trechos de papas em seus magistérios ordinários falíveis que defendiam sua tese; em outros
trechos, o papa citado falava claramente do magistério ordinário infalível, no qual a impossibilidade de erro é
coisa fora de discussão. Mutatis mutandis, você repetia ali o mesmo erro, citando para comprovar teu ponto de
vista textos que em absoluto o comprovavam. Novamente, deixei claro que eu não estava impugnando a
suposta doutrina que você citou, apenas visava demonstrar os caminhos tortuosos utilizados para demonstrá­
la e que em absoluto demonstravam­na.

Se até eu percebo este imenso problema na tua argumentação, pessoas mais capacitadas do que eu (que são
as que moldam o debate) certamente o percebem. Enquanto o filão sedevacantista não o enxergar e não o
superar, vocês continuarão a despertar mais pena do que respeito; e as pessoas continuaram a simplesmente
não levar a sério o que dizem.

Despeço rogando que tome estas palavras como uma crítica construtiva e não como um ataque pessoal, pois
tenho certeza de que você, como eu, é sincero e que, como eu, tenta entender o que está se passando com
nossa Igreja, buscando um caminho que leve à salvação de nossas almas.

Abs,

Alexandre.

Marcio Braga 
3 novembro, 2015 às 9:31 pm
Enquanto isso nas fileiras modernistas… http://domtotal.com/noticias/detalhes.php?notId=959425

Duarte 
3 novembro, 2015 às 11:33 pm
Uma errata:
Onde se lê: me parece prejudicada,
ler: NÃO me parece prejudicada.

Alexandre 
4 novembro, 2015 às 11:23 am
Caro Sandro,

Tentei postar esta mensagem ontem, mas, por algum motivo que me foge completamente, parece­me que
não obtive sucesso. Peço desculpas ao Ferretti se a mensagem tiver sido postada e estiver aguardando
liberação, mas tento novamente.

Vamos lá.

Como se diz em papiamento (uma simpática língua do Sul do Caribe), “bo non ta compronde nada kiko mi
ta papiando”. Você não entendeu patavinas do que eu disse.

Em nenhum momento eu quis adentrar no mérito da tua afirmação acerca desta suposta infalibilidade
negativa dos papas. E a razão é muito simples: eu não conheço este assunto e não sou dado a palpites na
internet. Em outras palavras, você está cobrando de mim uma resposta profunda sobre um tema acerca do
qual eu em nenhum momento sequer me propus a dar uma que fosse superficial.

Eu apenas tomei o teu post original como um exemplo de um erro metodológico típico das argumentações
sedevacantistas: nele, você citava posições teológicas para comprovar posições doutrinárias. Veja que,
ainda que você tenha razão quanto à posição doutrinária (insisto que eu não conheço o assunto), o erro
metodológico estava lá e o teu post o exemplificava.

Era só isto.

E continua sendo.

Depois, você citou trechos de papas em seus magistérios ordinários falíveis que defendiam sua tese; em
outros trechos, o papa citado falava claramente do magistério ordinário infalível, no qual a impossibilidade
de erro é coisa fora de discussão. Mutatis mutandis, você repetia ali o mesmo erro, citando para comprovar
teu ponto de vista textos que em absoluto o comprovavam. Novamente, deixei claro que eu não estava
impugnando a suposta doutrina que você citou, apenas visava demonstrar os caminhos tortuosos utilizados
para demonstrá­la e que em absoluto demonstravam­na.

Se até eu percebo este imenso problema na tua argumentação, pessoas mais capacitadas do que eu (que
são as que moldam o debate) certamente o percebem. Enquanto o filão sedevacantista não o enxergar e

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 29/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
não o superar, vocês continuarão a despertar mais pena do que respeito; e as pessoas continuaram a
simplesmente não levar a sério o que dizem.

Despeço rogando que tome estas palavras como uma crítica construtiva e não como um ataque pessoal,
pois tenho certeza de que você, como eu, é sincero e que, como eu, tenta entender o que está se passando
com nossa Igreja, buscando um caminho que leve à salvação de nossas almas.

Abs,

Alexandre.

Duarte 
4 novembro, 2015 às 5:00 pm
Uma errata:
Onde se lê:
“a própria infalibilidade negativa me parece prejudicada (…)”,
ler: “a própria infalibilidade negativa NÃO me parece prejudicada (…)”.

Sandro de Pontes 
4 novembro, 2015 às 7:14 pm
Dr. Semedo, salve Maria.

Veja como o senhor realmente não se expressa com clareza. Primeiro diz que eu “citava posições teológicas
para comprovar posições doutrinárias” para depois afirmar que simultaneamente eu citava “trechos de
papas em seus magistérios ordinários falíveis (sic) que defendiam sua tese”. Minha tese, prezado Dr.
Semedo? Se o senhor reconhece que eu citei trechos de papas falando magisterialmente a respeito do
tema como continua afirmando que eu estava citando meras “posições teológicas”? Disse algumas vezes e
repito ainda mais uma: se os papas estão ensinando aquilo que eu afirmo por meio de seus magistérios
(como o senhor reconheceu) então o assunto em questão não pode se tratar de mera “posição teológica”,
mas sim de doutrina magisterial católica. Simples demais de entender, penso eu. E doutrina que não pode
ser chamada simplesmente de “falível”, ainda que não pertença ao magistério extraordinário ou ao MOU.

Foi o senhor quem deixou a questão chegar ao ponto que chegou por falta de clareza e objetividade em sua
resposta. Se reler o início do debate, verá que eu parto do princípio que a ideia defendida pelo padre que o
senhor traduziu carece de necessárias distinções. Eu não disse em nenhum momento que o senhor
afirmara alguma coisa, mas sim que o padre que o senhor traduziu afirmara algo que não podemos aceitar.
Como foi o senhor quem traduziu o texto, foi ao senhor que eu me dirigi para demonstrar o erro (toma que
o filho é teu, Dr. Semedo). Se em sua primeira mensagem o senhor tivesse deixado claro que não conhece
o assunto, que não se interessa por ele, que qualquer outra coisa, muita tinta poderia ter sido
economizada. Mas o senhor fez isso? Acusou­me de errar em minha metodologia dando a entender que
aderia ao erro do padre. Em outro lugar o senhor escreveu em sua última mensagem:

“(…) em outros trechos, o papa citado falava claramente do magistério ordinário infalível, no qual a
impossibilidade de erro é coisa fora de discussão”.

Fora de discussão para o senhor, talvez. Compreenda que eu não estava colocando mensagens para
demonstrar somente ao senhor que o magistério não pode conter erros graves, mas aos tradicionalistas em
geral. Não se esqueça que eu fui um por muitos anos, e sei muito bem o que eles pensam e ensinam. Não
poucas vezes os vi negando a infalibilidade do MOU. Aliás, nunca os vi afirmando esta infalibilidade, a não
ser quando o Padre Calderon escreveu seu livro “Candeia”. E o fez exatamente para corrigir este erro
gigantesco do tradicionalismo, que ele passou a não mais compactuar. Eu mesmo, por muitos anos, cometi
este erro. Por isso em minhas citações eu demonstrei que o Papa não pode errar gravemente nem quando
ensina de maneira ex­catedra, nem quando ensina pelo MOU, nem quando ensina pelo magistério
autêntico, nem quando ensina por qualquer magistério que possa existir, nem quando propõe algum rito ou
disciplina a Igreja Universal e nem muito menos quando trata de assuntos referentes aos costumes. Foi
isso que eu provei por “a” + “b”, porque escrevendo ao senhor eu me dirigia também aos demais. Realço
que não são poucos os tradicionalistas que desconhecem por completo até mesmo a doutrina relacionada
ao MOU que o senhor diz ser “fora de discussão”. Mas reconheço que poderia ter sido mais específico e ter
esclarecido que estava colocando estas citações referentes ao MOU por conta dos tradicionalistas tão
enganados como, por exemplo, o Duarte que me escreveu acima.

Aliás, o senhor sabe como surgiu esta falácia que o papa pode errar gravemente quando se pronuncia sem
ser de maneira ex­catedra? Explico, já que o senhor reconhece não ter estudado o tema e nem se
aprofundado nele. E aqui, já dirijo­me também ao Duarte e aos demais tradicionalistas que nos leem.
Depois do Vaticano I os modernistas começaram a raciocinar assim: “bom, como os papas só são infalíveis
quando se pronunciam de forma ex­catedra, então fora desta maneira de se expressão eles são falíveis. E
se eles são falíveis, não existem garantias que eles não errem, e eles de fato podem errar, e de fato erram.
Assim, não estamos obrigados a obedecer a estes documentos magisteriais não revestidos do caráter de
infalibilidade”. Ou seja, distorceram completamente a noção de infalibilidade do Vaticano I para servir aos
seus propósitos. Mutatis Mutandis, é o que os tradicionalistas fizeram e fazem para rejeitar o Vaticano II ao
mesmo tempo em que desejam continuar unidos ao “glorioso pontífice reinante”. Constate como eles estão
em péssima companhia ao adotar a doutrina que adotam, veja a fonte imunda em que eles foram beber
para sustentar o que sustentam.

Logo, o senhor deveria sentir pena de si mesmo no sentido de que há tantos anos defende a fé católica
sem no entanto conhecer sequer o mais elementar dela, a saber, que a Igreja não pode errar gravemente
quando ensina seja da maneira que for. Talvez eu o tenha superestimado. De qualquer forma, neste
sentido, com todo respeito, vossa opinião realmente não tem valor nenhum. Mas agora que conhece a

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doutrina católica a respeito de si mesma, espero que siga o que Cristo nos pede, gritando dos telhados
aquilo que até então estava encoberto aos vossos olhos.

Finalizo com mais citações. Sei que elas cansam, mas esta é realmente para fechar com chave de ouro,
extraída da Encíclica Humani Generis do glorioso Papa Pio XII:

8. (…) Quanta vez os próprios dissidentes, que se separaram da verdadeira Igreja, são os primeiros a
lamentar publicamente a confusão e discórdia que entre eles reina no campo dogmático, reconhecendo
assim, embora a seu pesar, a necessidade de um Magistério vivo!

17. Infelizmente esses amantes de novidades passam facilmente do desprezo da teologia escolástica ao
pouco caso e até ao desprezo do próprio Magistério da Igreja, que dá com sua autoridade tão notável
aprovação a essa teologia. O Magistério Eclesiástico é apresentado por eles como um empecilho ao
progresso e um estorvo para a ciência; ao mesmo tempo que é considerado por certos acatólicos como um
freio já injusto para alguns teólogos mais cultos que procuram renovar a sua ciência. E embora este
Sagrado Magistério deva ser para qualquer teólogo a NORMA PRÓXIMA E UNIVERSAL DE VERDADE em
matéria de fé e de moral (pois Cristo Senhor Nosso lhe confiou TODO o depósito da fé – Sagrada Escritura e
tradição divina – para guardá­lo, defendê­lo, interpretá­lo), contudo por vezes é ignorado como se não
existisse o DEVER que têm os fiéis de fugir também daqueles erros que em maior ou menor medida se
aproximam da heresia, DEVER PORTANTO DE “OBSERVAR as CONSTITUIÇÕES e DECRETOS com os quais
essas falsas opiniões foram proscritas e proibidas pela Santa Sé” (Código de Direito Can., cân. 1324; cf.
Conc. Vaticano I, Const. De fide catholica, c.4, De fide et ratione, depois dos cânones). O que as Encíclicas
dos Sumos Pontífices expõem sobre o caráter e a constituição da Igreja é por alguns intencional e
habitualmente deixado de parte com o intuito de fazer prevalecer um conceito vago, que eles dizem terem
tomado dos antigos Padres, especialmente Gregos. Os Sumos Pontífices, dizem tais propugnadores, não
tencionam dirimir as questões disputadas entre teólogos; é portanto necessário voltar às fontes primitivas e
com os escritos dos antigos se devem explicar as posteriores CONSTITUIÇÕES E DECRETOS DO
MAGISTÉRIO ECLESIÁSTICO.

19. NEM SE DEVE CRER que os ensinamentos das Encíclicas NÃO EXIJAM PER SE O ASSENTIMENTO, sob o
pretexto de que os Pontífices não exercem nelas o poder de seu Supremo Magistério. Tais ensinamentos
fazem parte do MAGISTÉRIO ORDINÁRIO, para o qual TAMBÉM VALEM as palavras: “Quem vos ouve, a
mim ouve” (Lc 10,16), além do que, quanto vem proposto e inculcado nas Encíclicas pertence já, o mais
das vezes, por outros títulos, ao patrimônio da doutrina católica.

33. (…) o Magistério da Igreja, a qual por instituição divina recebeu a missão não só de guardar e
interpretar o depósito da fé, mas ainda de vigiar o campo das disciplinas filosóficas, a fim de que o dogma
católico não receba de opiniões menos sensatas nenhum dano.

Sandro Pelegrineti de Pontes

Obs.: na próxima mensagem vamos tratar do tema “julgar o papa”

Alexandre Semedo de Oliveira 
5 novembro, 2015 às 8:25 am
Caro Sandro,

Tua mensagem muito me alegra por saber que você não está mais me superestimando.

Ufa!

Eu nem imaginava que você tivesse tão bons pensamentos a meu respeito e é mesmo melhor que você os
tenha perdido. Qualquer pessoa que goza da minha companhia sabe qual a opinião que eu tenho acerca de
mim mesmo, e, garanto, que não é muito lisonjeira.

Mas, meu caro Sandro, insisto que você não entendeu NADA do que eu disse. E, perdoe­me dizê­lo, se
demonstras uma incapacidade embasbacante de perceber mesmo qual é o objeto (dos mais simples) que eu
me propus a debater (insistindo em debater coisa diversa), deixas de apresentar qualquer qualificação, por
mínima que seja, para debater questões mais elevadas.

Talvez a única diferença entre nós seja que eu, sem me superestimar, conheço minha posição.

A tua é mais elevada do que a minha?

Pode ser.

Faço votos que seja.

Afinal, o mundo precisa mesmo de intelectuais católicos que venham pôr ordem na casa.

Mas, até agora (novamente entenda isto como uma crítica construtiva e não como ironia tola, daquelas de que
a internet está cheia) não me parece que será justamente com você que vou aprender coisas tão profundas.

No mais, que Deus te proteja.

Alexandre.

Duarte 
5 novembro, 2015 às 11:15 am
Prezado Sr. Rogério,

Antes de tudo, é preciso colocar esse trecho em seu
devido contexto, conforme a Quanta Cura:

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5. Apoiando­se no funestíssimo erro do comunismo e socialismo,
asseguram que “a sociedade doméstica deve toda sua razão de ser somente
ao direito civil e que, por tanto, somente da lei civil se derivam e dependem
todos os direitos dos pais sobre os filhos e, sobretudo, do direito
da instrução e da educação”. Com essas máximas tão ímpias como suas
tentativas, não intentam esses homens tão falazes senão subtrair, por completo,
a saudável doutrina e influência da Igreja à instrução e educação da juventude (…).

6. Por outro lado, renovando os erros, tantas vezes condenados,
dos protestantes, atrevem­se a dizer, sem vergonha nenhuma, que
a suprema autoridade da Igreja e desta Sé Apostólica, que outorgou
Nosso Senhor Jesus Cristo, depende em absoluto da autoridade civil;
negam à própria Sé Apostólica e à Igreja todos os direitos que tem nas
coisas que se referem à ordem exterior. Nem se pejam de afirmar que ”
as leis da Igreja não obrigam a consciência, senão se promulgada pela
autoridade civil; que os documentos e os decretos dos Romanos Pontífices,
até os tocantes à Igreja, necessitam da sanção e aprovação – ou pelo menos
do assentimento­ do poder civil; que as Constituições apostólicas [6] – pelos
que se condenam as sociedades clandestinas ou aquelas em que se exige
o juramento de manter o secreto, e que se excomungam seus adeptos e
fautores­ não têm força nenhuma naqueles países onde vivem toleradas
pela autoridade civil; que a excomunhão lançada pelo Concílio de Trento e
pelos Romanos Pontífices contra os invasores e usurpadores dos direitos e
bens da Igreja, apoia­se numa confusão da ordem espiritual com o civil e político,
e que não tem outra finalidade que promover interesses mundanos;
que a Igreja nada deve mandar que obrigue a as consciências dos
fiéis na ordem ao uso das coisas temporais; que a Igreja não tem
direito de castigar com penas temporais os que violam suas leis;
que é conforme a Sagrada Teologia e aos princípios do Direito público
que a propriedade dos bens possuídos pelas Igrejas, Ordens religiosas e
outros lugares piedosos, há de atribuir­se e vindicar­se para a autoridade civil”.
Não se pejam de confessar aberta e publicamente o herético princípio,
de que nascem tão perversos erros e opiniões, isto é, “que o poder da Igreja
não é por direito divino distinta e independente do poder civil, e que tal distinção
e independência não se podem guardar sem que sejam invadidos e usurpados
pela Igreja os direitos essenciais do poder civil”. Nem podemos passar em silêncio
a audácia de quem, não podendo tolerar os princípios da sã doutrina, pretendem
“que aos juízos e decretos da Sé Apostólica, que têm por objeto o bem geral da
Igreja, e seus direitos e sua disciplina, enquanto não toquem os dogmas da fé
e dos costumes, se pode negar assentimento e obediência, sem pecado e sem
nenhuma violação da fé católica”. Esta pretensão é tão contrária ao dogma
católico do pleno poder divinamente dado pelo próprio Cristo Nosso Senhor
ao Romano Pontífice para apascentar, reger e governar a Igreja, que não
há quem não o veja e entenda clara e abertamente.

Repare, portanto, que a censura de Pio IX no n. 6 tem um público
especifico:

Aqueles que propagam a separação entre Igreja e Estado (particularmente no que
se refere à educação) e que negam poder de Jurisdição à Igreja, sustentando que
esta deve ser regida pela Lei Civil Secular.

Assim, esses indivíduos, baseados em uma mera posição teológica, talvez herética,
arrogavam­se no direito de desobedecer aos “atos gerais,
juízos e disciplinas emanados da Sé Apostólica”, sob a alegação de que,
nesse campo, o Pontífice não estaria assistido pela infalibilidade e de que,
como dito, a Igreja não gozaria de jurisdição própria no plano temporal.

Nesse cenário, Pio IX troveja sobre eles algo bastante óbvio:

A Igreja não só goza de Jurisdição própria, como também todo fiel
católico deve obediência a qualquer ato proveniente da Sé Apostólica,
ainda que não assistido pela infalibilidade,
tendo em vista que o Romano Pontífice é o Chefe da Igreja segundo
poder divinamente conferido pelo próprio Deus.
Esse poder, segundo a Doutrina das Duas Espadas de São Tomás,
alcança tanto a esfera espiritual como a esfera temporal.

Mas para entender melhor a indignação de Pio IX, raciocinemos da seguinte
forma:

Quanto maior a dignidade daquele que ordena, maior será a falta
daquele que lhe desobedecesse, concorda?
Assim, um soldado que desobedece a uma ordem direta de um general
comete uma falta notoriamente pior que aquele que desobedece à ordem
direta de um sargento, por exemplo, não é assim?

E quem desobedece a ordem do Romano Pontífice, ainda
que se trate de uma ordem não assistida pela infalibilidade?

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Não é algo grave?
Por isso Pio IX afirma que nessa desobediência HÁ pecado
e HÁ violação da fé católica.

O próprio Papa ressalta que isso é bastante óbvio:

(…) Esta pretensão é tão contrária ao dogma católico (…)
que não há quem não o veja e entenda clara e abertamente.

Mas então eu pergunto:

Que isso tem a ver com sedevacantismo?

O Papa está falando de obediência às suas ordens
e do Poder de Jurisdição próprio de que goza a Igreja.
Que isso tem a ver com infalibilidade?

Ademais, o Papa está se dirigindo a um público
bastante específico:

Aqueles que
NÃO PODEM TOLERAR OS PRINCÍPIOS DA SàDOUTRINA.

É esse o público­alvo de Pio IX. Isso está claro
em toda a Encíclica e isso está claro
em todo o n. 6.

Alguém que, por um motivo grave, deixa de aplicar
uma ordem ou juízo da Santa Sé, não é alguém que
“não pode tolerar os princípios da sã doutrina”,
mas sim alguém que age em “Estado de Necessidade”,
não é mesmo?

Assim, é realmente estratosférico querer aplicar essa
sentença de Pio IX aos tradicionalistas. É uma verdadeira
subversão do que ali está dito.
Em verdade, com mais razão, esse trovejo de Pio IX poderia
ser aplicado aos próprio sedevacantistas. Afinal, os sedevacantistas,
com base em uma mera
posição teológica, NEGAM, NA PRÁTICA,
Poder de Jurisdição aos últimos Romanos Pontífices,
e se sentem, por conta disso, no direito de os desobedecer
EM TUDO, ainda que se tratando de ordens legitimamente
emanadas de seu Poder Temporal.
Agem mais ou menos como um soldado que desobedece
as todas as ordens de seu general, sustentando­se numa teoria –
bastante questionável – de que ele não é um general.
O que será desses soldados?
Só Deus sabe, porque só Ele é “Prescrutador dos corações”.

Duarte 
5 novembro, 2015 às 12:11 pm
Prezado Sr. Sandro de Pontes,

O sr. acusa os tradicionalistas de distorcerem
a definição de infalibilidade do CVI para atender
a seus próprios propósitos.

Ocorre que a diferença entre os tradicionalistas
e os modernistas é que os primeiros OBEDECEM ao
Sumo Pontífice TANTO QUANTO
PODEM, segundo o nobre exemplo de São Pio de Pietrelcina,
e conforme o basilar princípio de que devemos obedecer
antes a Deus que aos homens. Já os modernistas
(sejam os modernistas do CVI,
sejam os do CVII, sejam aqueles combatidos na Quanto Cura, etc)
DESOBEDECEM ao Papa tanto quanto podem, a fim
de camuflar mais perfeitamente suas heresias.
Para tanto, ambos utilizam como “critério máximo” a
infalibilidade pontifícia, ao passo que apenas os tradicionalistas
conciliam isso com a doutrina milenar da Santa Igreja.

Assim, a distinção é bem substancial, não é verdade?

Mas não são os tradicionalistas que distorcem a infalibilidade
papal. Quem faz isso e vive disso
são justamente os sedevacantistas.

A doutrina da Igreja definiu apenas a Infalibilidade em sentido
estrito (por isso ela é chamada infalibilidade DOUTRINAL ou
POSITIVA), ao passo que a infalibilidade negativa
é mera DECORRÊNCIA da infalibilidade positiva.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 33/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
É precisamente aqui em que reside o grande engodo
da tese sedevacantista. Ela sustenta a existência da infalibilidade
negativa de forma totalmente dissociada da infalibilidade positiva.

Ou seja: Os Papas gozariam de uma espécie de
infalibilidade negativa geral e absoluta, que existe por si mesma.

Mas isso definitivamente não é o que ensina a Santa Igreja.
Por isso os sedevacantistas sempre se vêm obrigados
a recorrer a centenas e mais centenas de citações que
nunca dizem aquilo que eles pretendem que digam.

A infalibilidade negativa do Papa, conforme frequentemente
ensinam os teólogos, restringe­se ao campo dos
Decretos Disciplinares (jurídicos, litúrgicos, de instrução
eclesiástica e de regulação da evangelização), e da
Doutrina. Isso consta de suas próprias citações de
Mons. Fenton, não é mesmo?

Ocorre que, segundo a Teologia,
os Decretos Disciplinares são objetos SECUNDÁRIOS da infalibilidade
e, para que sejam também infalíveis, devem DERIVAR do Magistério
Infalível. Caso contrário, eles não estão assistidos pela infalibilidade.

Sandro de Pontes 
5 novembro, 2015 às 1:25 pm
Prezado Dr. Semedo, salve Maria.

Não é de hoje que encontro comportamentos parecidos com o seu, onde a pessoa deseja, em meio a um
debate onde ela é sequer capaz de se expressar com clareza, diminuir o interlocutor por meio de retóricas,
inferências indevidas ou de diminuições absolutamente desnecessárias que somente demonstram não a
pequenez, mas necessariamente a mediocridade da pessoa. No seu caso para compreender um argumento
o senhor não precisaria raciocinar muito, mas para se expressar com clareza certamente teria que nascer
de novo. Independente disso, já dizia São Bernardo que o demônio, quando não tem argumentos, utiliza de
ironia. Ah, e o demônio é mesmo o pai de quem? Vejamos se o Dr. Semedo prima e preza pela verdade.

Para início de conversa eu nem me dirigi ao senhor em minha primeira mensagem, ela foi uma mensagem
aberta dirigida a todos indistintamente, onde com muita educação e respeito me foi permitido apresentar o
tema a que me propus tratar: infalibilidade negativa! Então, depois de eu apresentar o tema o senhor me
escreveu para me chamar de ignorante e para afirmar que eu errava. Vejamos o que saiu de sua pena:

“(…) você argumenta a partir de uma posição TEOLÓGICA (qual seja: a de que um Papa não pode errar em
matéria grave mesmo em seu magistério ordinário), e, daí, dá um salto estupendo para concluir que os
Papas conciliares e pós­conciliares não podem ser pontífices verdadeiros por terem supostamente ensinado
erros graves (quais sejam, você não diz). Ocorre que a afirmação de infalibilidade negativa NÃO é doutrina
da Igreja; é mera posição teológica”.

Até aqui, Dr. Semedo, que dirigiu­se a mim primeiro. Logo, a sua afirmação merecia uma resposta, já que
eu havia me disposto a provar, nas mensagens anteriores, que a questão da infalibilidade negativa da
Igreja não seria mera “posição teológica”, mas sim doutrina da Igreja. Então, eu passei a abordar
diretamente com o senhor a questão. Realço: foi o senhor quem se dirigiu a mim para me corrigir. Mas
entre muitas idas e vindas, entre muito diz­não­diz, o senhor sempre afirmando que eu era medíocre e
continuava errando, veio a seguinte afirmação em vossa penúltima mensagem:

“(…) Em nenhum momento eu quis adentrar no mérito da tua afirmação acerca desta suposta infalibilidade
negativa dos papas. E a razão é muito simples: eu não conheço este assunto e não sou dado a palpites na
internet. Em outras palavras, você está cobrando de mim uma resposta profunda sobre um tema acerca do
qual eu em nenhum momento sequer me propus (sic) a dar uma que fosse superficial”.

Dr. Semedo, Dr. Semedo…o que acontece com vossa pessoa? Seria o excesso de trabalho? Estafa? Ou seria
propriamente…desonestidade intelectual? Na primeira mensagem dirigida a mim me corrige afirmando
peremptoriamente que “a afirmação de infalibilidade negativa NÃO é doutrina da Igreja; é mera posição
teológica” para depois afirmar, sem sequer ficar vermelho, que “em nenhum momento” desejou “adentrar
no mérito” desta minha afirmação acerca desta “suposta infalibilidade negativa dos papas”.

Mentiu? Ou se equivocou? Eu penso que o senhor se equivocou, esquecendo­se aquilo que anteriormente
afirmara e que foi o ponto de partida para o nosso debate. Qualquer pessoa intelectualmente honesta que
esteja nos lendo, e é também a elas que eu me dirijo quando escrevo ao senhor, verá que em nenhum
momento em me coloquei acima de quem quer que seja. Ao contrário, em todas as vezes que me dirigi ao
senhor ou a quem quer que seja foi com o máximo respeito e educação, não recebendo, nem de perto, o
mesmo tratamento, em especial nesta sua última mensagem, que certamente não foi escrita pelo Dr.
Semedo, este homem que sei que é brilhante, mas talvez por algum espírito que o tenha possuído. Porque
o ódio cega sem que nós percebamos. Mas eu o perdoo, prezado. Não precisa nem pedir perdão: está
perdoado!

Não pretendo que o senhor aprenda a mais elementar doutrina católica com o Sandro de Pontes, que
realmente não é nada. Quem sou eu? Mas eu pretendia que o senhor aprendesse com os documentos
magisteriais da Igreja, com os ensinamentos dos santos padres, dos santos doutores e teólogos aquilo que
a Igreja ensina sobre si mesma no que se refere a infalibilidade negativa. Este é o maior erro, se não
propriamente heresia, cometida pelos tradicionalistas nos dias de hoje. Porém, se nem os gigantes da nossa

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 34/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Igreja, se nem o magistério da Igreja são capazes de enfiarem a verdadeira doutrina e norma de agir diante
dos desviados nesta vossa mente engessada pelo falso respeito humano, o que poderei fazer eu?

Obrigado. Tudo o que acontece entre os católicos nos dias de hoje tem um propósito. Felizmente, no dia do
julgamento tudo ficará as claras. Agora que o senhor manifestamente se declarou incapaz de tratar destas
questões por conta de vossa auto­proclamada mediocridade, continuaremos a trata­las com outras pessoas
interessadas em conhecer a verdade a respeito de todos estas doutrinas que tenham real capacidade de
entendê­las. Desde que tal nos seja permitido pelo moderador do Fratres.

Na próxima mensagem os erros do Duarte e depois a questão do “julgar o papa”.

Sandro de Pontes

Duarte 
5 novembro, 2015 às 1:46 pm
Antes de tecermos comentários sobre o MOU,
poderia dizer o que você entenderia
por Magistério Ordinário Universal,
e como se dá sua infalibilidade?

Alexandre Semedo 
5 novembro, 2015 às 3:28 pm
Caro Sandro,

Que bom que você reconhece que não é nada. Assim como eu também reconheço o mesmo acerca da
minha pessoa. Nisto, estamos juntos.

Em nenhum momento eu quis te diminuir. Se você reler minhas postagens de “cabeça fria’ verá isto muito
bem. Espero que não tenha ficado ofendido, pois, sinceramente, não foi minha intenção.

Sou, contudo, obrigado a dizer que você se perdeu completamente no que está dizendo. Você parece
hipnotizado por aquilo que julga ser o “debate” e mostra­se incapaz de perceber o que verdadeiramente
está sendo “debatido”. Quantas vezes eu terei de afirmar que NÃO ESTOU DEBATENDO a tua afirmação
acerca da infalibilidade negativa dos Papas?

Meu ponto era outro.

Continua sendo.

Por mais que você insista.

Até agora nada veio da tua parte demonstrando que o erro metodológico mencionado não ocorreu. Para se
socorrer de citações invocadas para comprovar um ponto sem que o comprovassem em absoluto, você saca
outras afirmações, que igualmente nada provam, tomando posições teológicas por doutrina.

Sinceramente, não sei mais o que dizer para te convencer. E, sinceramente, acho que nem devo tentar,
pois, às escâncaras, você está levando o caso para o lado pessoal.

Assim, dou por encerrada esta troca de ideias, que, a bem da verdade, não chegou a ser um “debate”
verdadeiro visto que em nenhum momento você sequer percebeu o que estava em discussão.

No mais, que Maria Santíssima te abençoe, rogando que, apesar de tudo, você me tenha como um amigo.

Alexandre.

Sandro de Pontes 
5 novembro, 2015 às 5:52 pm
Dr. Semedo, salve Maria.

Somente faltou o senhor comentar diretamente o fato de

a) ter dito na primeira mensagem que dirigiu a mim que eu errava metodologicamente por afirmar que a
questão da infalibilidade negativa era doutrina magisterial quando na verdade era mera posição teológica

quando passados alguns dias o senhor afirmou ontem que

b) em nenhum momento desejou adentrar no mérito desta minha afirmação acerca desta suposta
infalibilidade negativa dos papas;

Se insisto que o senhor comente diretamente estas duas colocações colocadas por vossa pessoa, é por justiça.
Penso que não peço muito.

Aguardando,

Sandro de Pontes

Alexandre Semedo de Oliveira 
5 novembro, 2015 às 6:37 pm
Sandro,

Eu havia dito que minha participação estava encerrada por caridade com o pobre do Ferretti, que já deve
estar cansado com esta tua insistência absolutamente surreal. Mas, por caridade a você, entendo por bem
dizer uma coisinha mais.

Eu NÃO disse que você “errava metodologicamente por afirmar que a questão da infalibilidade negativa ERA
doutrina magisterial quando na verdade era mera posição teológica”.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 35/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Isto não seria erro de método. Nem eu afirmei que fosse.

O que eu afirmei é que o teu erro (e o erro de uma parcela enorme dos argumentos dos sedevacantistas)
está em TOMAR uma POSIÇÃO TEOLÓGICA como prova de uma POSIÇÃO DOUTRINAL, erro este que no
fundo, demonstra uma confusão arraigada entre doutrina e teologia.

Está vendo como “bo non ta compronde nada kiko mi ta papiando?

Está vendo que você não entendeu patavinas de coisa alguma?

Está percebendo como você não se mostra sequer capaz de entender o ponto em debate, e que – ainda
que você entenda a afirmação seguinte como ataque pessoal, sou obrigado a dizê­lo – isto te desqualifica
para debater o restante?

Bem, agora sim, estas são minhas últimas palavras.

Se você não sair da hipnose em que voluntariamente se colocou, todo e qualquer debate (ou mesma uma
reles troca de ideias) está fadada ao fracasso.

Como, infelizmente, fracassou esta nossa.

Lamento ter tomado tanto o teu tempo quanto o do Ferretti..

Sem ironias, agradeço o tempo que você tomou para me convencer de teus pontos de vista, o que
demonstra um espírito de caridade.

Despeço­me prometendo que, diga o que você vier a dizer, eu mesmo nada mais direi sobre o assunto.

Te vejo num próximo post do Fratres.

Abs,

Alexandre.

Ricardo Gomes 
6 novembro, 2015 às 11:02 am
Sr Pontes,

São Pedro negou a Cristo e de maneira pública. Claro que o ser humano tem fraquezas enormes, o Papa
também, é claro, e isto teria sido apenas uma demonstração de fraqueza e não uma demonstração contra a
doutrina que poderia ter cheiro de heresia. São Pedro no entanto, confiava em Cristo como poucos Papas
confiariam depois dele, afinal, ele presenciou a ação de Cristo na Terra, seus milagres, esteve ao lado do Próprio
Deus Vivo. E mesmo assim temeu a sociedade. Aquele “não” que São Pedro disse quando lhe foi perguntado se
conhecia Cristo, foi um “não” da fraqueza, um “não” social e ecumênico. Até hoje os Cristão ao lerem esta
passagem das Sagradas Escrituras se veêm numa situação incomoda. O Chefe da Igreja disse: “Desculpe…não
sei quem é esse homem aí, não!”, tudo isso para ficar “bem na fita” dos homens que queria crucificar a Cristo.

Levando em conta a diferença de centenas e centenas de anos da sociedade daquela época e a de hoje, não
seria possível que os Papas, diante de fraqueza espiritual, buscando um “não” social e ecumenico, no mesmo
sentido do “não petrino”, eles acabem por querem abrandar, diminuir e quase até negar alguns ensinamentos
de Cristo apenas para se manterem “bem socialmente” ? Todos os outros papas foram fortes, resistentes e
virgorosos…mas chegou o momento em que os Papas não aguentaram mais sustentar a posição tão oposto
aos do mundo moderno e acabaram enfraquecendo. Esta possibilidade bem simples, não pode ser factivel?
Momento em que todos passaram a odiar Cristo como nunca antes, passaram a odiar a Igreja como nunca
antes e o sucessor de Pedro acabou dizendo: “Desculpa, não sei que é este Cristo que sempre falaram por
aí….não sei que Igreja tenebrosa e medieval é esta não…vamos fazer um Concilio para mostrar pra voces qual
é a Igreja nova e vibrante…” Tudo isso para ficar “bem na fita” dos modernistas que estavam querendo
crucificar a Igreja.

PS: Não defendo os erros terriveis do Papa Francisco e dos outros Papas pos concilares…é apenas uma reflexão
da qual espero seus comentários.

att

Sandro de Pontes 
6 novembro, 2015 às 2:53 pm
Dr. Semedo, salve Maria.

O senhor escreve que o meu erro “está em TOMAR uma POSIÇÃO TEOLÓGICA como prova de uma
POSIÇÃO DOUTRINAL, erro este que no fundo, demonstra uma confusão arraigada entre doutrina e
teologia”.

Ok. Vamos, então, debater a partir de agora para saber se eu realmente tomo uma posição teológica como
prova de uma posição doutrinal? Vamos? Vamos então esquecer tudo o que foi dito lá atrás e começar
deste novo ponto de partida? O senhor tem esta caridade para dispensar para a minha pessoa, tão
incapacitada? Então, ao final veremos se sou eu quem erra pelo que o senhor aponta ou é o senhor quem
erra por ter por posição teológica uma doutrina católica definida pela Igreja, como de fato é a doutrina
referente a infalibilidade negativa (esta doutrina, afirmo, pertence ao Magistério Ordinário e Universal).
Aliás, vamos ver o que significa Magistério Ordinário e Universal?

Então, é isso que proponho: começarmos do começo. O senhor teria esta grandeza?

Cordialmente,

Sandro de Pontes

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 36/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Obs.: não se preocupe com o Ferreti, penso que ele deseja também a verdade, como todo católico

Duarte 
6 novembro, 2015 às 4:59 pm
“Em erro perigoso estão, pois, aqueles que julgam poder unir­se a Cristo,
Cabeça da Igreja, sem aderirem fielmente ao Seu Vigário na Terra.
Suprimida a cabeça visível e rompidos os vínculos de unidade,
obscurecem e deformam de tal maneira o Corpo Místico do Redentor
que já não pode ser visto e nem encontrado o porto da salvação por
aqueles que o demandam”.

Quem “julga poder unir­se a Cristo SEM ADERIR fielmente
AO SEU VIGÁRIO NA TERRA”, suprimindo, assim,
a cabeça visível da Igreja, não são os tradicionalistas,
mas sim OS PRÓPRIOS SEDEVACANTISTAS.

É uma verdadeira cacetada que Pio XII lhes
dá sobre a cabeça com essa sentença.

No mais, já explorei a tal “obediência seletiva” diversas
vezes aqui sem qualquer refutação válida,
então vou apenas trazer um último exemplo:

Se um Rei manda para o soldado:
– Vá para a esquerda!
E, naquele mesmo momento, um general lhe diz:
– Vá para a direita!
O soldado deverá obedecer a quem, o rei ou o general?
Por obedecer ao Rei ao invés do General,
será que erra o soldado?

E é precisamente amparados nessa citação
de Pio XII que os “tradiciolanistas”
deveriam continuar obedecendo ao Papa
apenas naquilo que não contraria à própria
Cabeça da Igreja, que é Deus.

E se os srs chamam a isso de
“obediência seletiva”, podemos chamar
ao sedevacantismo de “FILIAÇÃO SELETIVA”.
Ou seja, os srs julgam privadamente
o Vigário de Cristo e decidem, por si mesmos,
se ele é, ou não, vosso Pai espiritual.

“(…) compete ao Romano Pontífice julgar autoritativamente
que coisas contenha o assim chamado Depósito da Fé
e que doutrinas concordem com ela e quais dela desdigam; e,
do mesmo modo, determinar o que é Bem e o que é Mal; o que se
deve fazer ou deixar de fazer para conseguir a salvação eterna e,
se isso não pudesse fazer, o Papa não seria intérprete infalível
da vontade de Deus ou guia seguro da vida do homem”.

Graças a Deus que isso tudo compete ao Romano Pontífice,
sobre pena da perda da unidade na Igreja.
Mas para entender de que modo o Papa é “intérprete infalível da
vontade de Deus”, é preciso entender corretamente
o significado e o alcance da infalibilidade positiva e da negativa.
É precisamente isso que tem sido comentado aqui desde o início.
E para entender como deve o católico receber os diferentes
ensinamentos de um Pontífice, é preciso conhecer a diferença
nos conceitos de (1) obediência, (2) assentimento religioso
e (3) “crer com fé divina e católica”. Os srs poderiam
nos trazer essa diferença?

Por fim, antes de tecer comentários
sobre o Magistério Ordinário Universal
(já mencionado aqui por duas vezes),
aguardo que os srs tragam uma definição
do que exatamente entendem por MOU, pois sem isso a
comunicação não fluirá.

Sandro de Pontes 
6 novembro, 2015 às 7:11 pm
Prezado Ricardo, boa noite.

O cerne da argumentação é a seguinte: o Papa quando se pronuncia por meio do Magistério, seja qual for
este Magistério, não pode errar gravemente, a ponto de desviar os fiéis, ainda que este Papa seja herege
(concedendo que um herege não decaia de seu cargo). Esta é a posição defendida, por exemplo, pelo Pe.
Laymann, neste trabalho traduzido acima pelo Dr. Semedo:

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 37/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
“(…) É mais provável que o Sumo Pontífice, como uma pessoa, seja capaz de cair em heresia, e até mesmo
em heresia notória, razão pela qual mereceria ser deposto pela Igreja, ou melhor, ser declarado como
separado dela. (…) Observe­se, no entanto, que, apesar de eu afirmar que o Sumo Pontífice, como uma
PESSOA PRIVADA, é capaz de se tornar um herege e, portanto, deixar de ser um verdadeiro membro da
Igreja, (…) ainda assim, enquanto ele for tolerado pela Igreja, e reconhecido publicamente como pastor
universal, ele realmente DESFRUTARÁ DO PODER PONTIFÍCIO, de tal forma que TODOS OS SEUS
DECRETOS NÃO TERÃO MENOS FORÇA e AUTORIDADE do que teriam se ele fosse um verdadeiro fiel”.

O Manual de Teologia Dogmática de J.M. ensina que o Papa pode ensinar heresia enquanto doutor privado:

“Tendo em conta que, COMO UMA PESSOA PRIVADA o Pontífice pode realmente se tornar um herege
público, notório e obstinado … só um Concílio terá o direito de declarar sua Sé vacante de forma que os
eleitores habituais poderão proceder com segurança a uma eleição”.

Houve meia duzia de teólogos que defenderam que um Papa herege continua sendo Papa. Ora, o
embasamento destes teólogos para justificar esta posição é justamente a doutrina da infalibilidade negativa
da Igreja. Estes teólogos raciocinaram assim: como um Papa não pode errar gravemente em seu Magistério
a ponto de desviar os fiéis da verdade, então mesmo que ele se torne herege os fiéis estarão seguros! E
isso se dá assim porque tudo o que vier deste Papa herege será verdadeiramente santo, bom e verdadeiro,
de modo que um Papa só pode ser herege enquanto doutor privado, e jamais agindo como Pontífice.
Compreende, Ricardo? É isso o que ensina, por exemplo, Bouix quando trata do tema, e também os outros
teólogos partidários desta posição teológica adotada por João de São Tomás e Pe. Laymann. Desta maneira,
por incrível que possa parecer, a argumentação destes teólogos que afirmam que o Papa herege continua
sendo Papa é uma argumentação, sob este aspecto, pró­sedevacantismo, e não contrário a ele. Será que
aqueles que citam estes teólogos para justificar que um Papa herege continua sendo Papa irão obedecer o
que estes teólogos dizem, aplicando a Francisco?

Note que foi afirmando que o Magistério Ordinário não é infalível e pode errar que os modernistas fizeram o
Vaticano II: a doutrina da liberdade religiosa, de imprensa e de consciência, a condenação ao ecumenismo e
as falsas religiões teriam sido feitas magisterialmente e seriam doutrinas errôneas ou condicionadas aos
seus tempos e por isso puderam serem descartadas. É a isso o que leva a negativa da doutrina católica de
que quando o Papa ensina magisterialmente, mesmo fora do MOU, ele não pode errar gravemente.

Assim, desviando um pouco da sua questão e voltando­me para a questão do Papa herege, convém
esclarecer que houve em dois mil anos de história da Igreja pouquíssimos teólogos que defenderam que um
herege continua sendo Papa, ao passo que houveram pelo menos 150 ou 200 gigantes da fé afirmando o
contrário, e por isso mesmo o peso da autoridade esta maciçamente do lado daqueles que ensinaram que o
Papa herege deixa de ser Papa “ipso facto”. Porém, é verdade que a tese da queda por heresia constitui­se
sim, neste caso, posição teológica, e é necessário admitir que muitos sedevacantistas, neste caso, erram ao
adotar posição teológica como doutrina definida. Porque a verdade é que a Igreja permitiu o debate por
séculos a respeito deste tema, o que é prova suficiente que a questão verdadeiramente não é definida, o
que não significa que não podemos contatar a verdade e nem o real ensinamento da Igreja a respeito deste
assunto (por exemplo, antes da definição do dogma da imaculada conceição ou da assunção de Maria os
católicos já tinham como conhecer estas verdades, ainda que a Igreja permitisse o debate e ainda que
alguns teólogos não acreditassem nestas doutrinas).

Porém, a infalibilidade negativa da Igreja é doutrina pertencente ao MOU, e não pode ser negada por
nenhum católico. Alguém que considere esta questão como mera posição teológica não está capacitado
para debater um tema não tão difícil de ser compreendido. E mesmo que esta doutrina não pertencesse ao
MOU ela teria que ser aceita necessariamente apenas por pertencer ao magistério ordinários.

Abraços,

Sandro de Pontes

Renato 
7 novembro, 2015 às 9:57 pm
Sandro de Pontes, tá sumido. Por onde você anda rapaz?

Por que acabou com o seu blog?

Duarte 
8 novembro, 2015 às 4:16 am
Em tempo, parece­me oportuno
registrar aqui alguns pequenos
esclarecimentos, já que o curto espaço
de tempo que tive disponível acabou
por deixar certas afirmações
pouco claras
(peço a paciência do caro leitor):

1) Em que pese nem todos os teólogos
coloquem isso de maneira inequívoca,
entendemos que a infalibilidade
negativa decorre daquele “consenso dos
teólogos” a que grandes mestres da Teologia
chamam de INFALÍVEIS. Portanto,
penso que a infalibilidade
negativa é definição robusta
e mesmo infalível.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 38/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
2) Talvez esse primeiro ponto
não tenha ficado claro anteriormente,
por isso destaco que:

a) Desde o início, quis dizer que
os sedevacantistas, sim,
sustetam uma MERA POSIÇÃO TEOLÓGICA
na Igreja.

b) A infalibilidade negativa corretamente
interpretada não se confunde com a
posição teológica dos sedevacantistas.

c) Entendemos que a correta interpretação da
infalibilidade negativa é aquela registrada
em meu comentário no dia 05/nov, às 12h11,
linhas 22 e seguintes.

d) A posição teológica sedevacantista
é equívoca e temerária, por contrariar,
em vários pontos, o ensinamento magisterial.

e) Em nenhum momento quis dizer se esse ou aquele
sedevacantista age temerariamente.

3) Sempre que fiz uso do termo “doutrina”
em meus comentários, fi­lo em sentido estrito.

Ao sr. Pontes, digo que:

i) Tenho a impressão que o sr. mudou
de posição em relação ao ponto 2.a) supra,
de modo que agora nós concordamos quanto a isso.

ii) Em vista disso, fico contente que o sr.
tenha reconhecido que a posição sedevacantista
é mera posição teológica, e não doutrina vinculativa.
É isso que tenho tentado demonstrar desde o início.
Por isso eu disse, num primeiro momento, que:
“A posição que sustenta parece­me uma questão
de interpretação (…)”
Vejo frequentemente muitos sedevacantistas
terem a ousadia de chamar aos tradiciolanistas
de hereges. Creio que o sr., uma vez que
reconhece sustentar mera posição teológica,
não incorrerá nesse crime, ao menos doravante,
não é?

iii) Um Papa pode errar gravemente em
seu Magistério Ordinário?
NÃO, desde que assistido pela infalibilidade negativa ou
pela infalibilidade doutrinal (positiva).
Não fosse assim, não haveria a necessidade de se definir
conceitos e limites à infalibilidade papal, não é mesmo?

iv) É impossível conciliar os ensinamentos
do CVII com o conceito de infalibilidade negativa?
NÃO, desde que se considere adequadamente
o nível de autoridade que esse Concílio
CONFERIU A SI MESMO, e o fato
de que os objetos secundários da infalibilidade
magisterial possuem uma infalibilidade DECORRENTE
e NECESSÁRIA da infalibilidade positiva.
Assim, a infalibilidade negativa não é principal (ela é acessória),
e nem geral (ela é específica).

v) Caso tencione tentar refutar algum
de meus apontamentos, peço a gentileza de que
traga­nos seu entendimento sobre aqueles conceitos
que mencionei anteriormente, sem o que penso que
nossa comunicação não fluirá adequadamente.

Sandro de Pontes 
8 novembro, 2015 às 6:30 pm
uarte, salve Maria.

Muitas coisas podem ser ditas sobre suas colocações desacertadas. A interpretação que você dá a respeito das
palavras de Pio VI sobre o Sínodo de Pistóia é “qualquer coisa de louco”. Acho que você acerta quando diz que
devemos trazer aqui o que realmente é o MOU, e o que realmente é magistério ordinário autêntico, embora eu
deva salientar que em uma pesquisa simples no Google você achará inúmeros sites católicos trazendo as
melhores definições destes conceitos de acordo com os maiores teólogos da história. De qualquer forma,

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 39/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
trataremos desta questão aqui também, se for possível (apenas me preocupo com o fato dos comentários dos
posts do Fratres serem fechados automaticamente depois de 15 dias da publicação do texto, de forma que não
sei se seremos forçados a parar o debate de forma abrupta, como já aconteceu no passado).

Por isso neste momento vou destacar aquilo que vejo de mais importante no que se refere aos seus escritos e
que é o erro elementar também cometido pelo Dr. Semedo. Em teologia nós leigos, quando vamos defender
algo, devemos sempre fazê­lo apresentando especialistas tratando “ex professo” da questão. Por exemplo, em
sua primeira mensagem você fez aquilo que comumente se chama de “inferência indevida”, ou seja: você
pega um ensinamento de determinado especialista que eu trouxe afirmando a infalibilidade negativa e por
conta de palavra “x” ou “y” que ele usou você formula sua própria doutrina que contraria, certamente, aquilo
que o especialista citado acredita. Foi por isso que durante todo o debate eu pedi para o Dr. Semedo apresentar
UM ÚNICO especialista, Santos Doutor ou Papa afirmando que um Papa pode errar gravemente quando se
pronuncia por meio do magistério autêntico da Igreja, ou que pelo menos ele dissesse que esta é uma questão
meramente disputada, fora da doutrina católica. Claro que ele não pôde fazer isso, e nem você poderá fazê­lo.
Aliás, foi por ficar sem argumentos nesta questão que ele passou a me atacar: eu não teria sequer
compreendido o argumento que ele trouxe a tona…coitado, passou vergonha com a evasiva!

Continuando, citar alguém para provar uma tese sem que este alguém esteja tratando “ex professo” da
questão beira a impiedade. É justamente isso que Santo Afonso de Ligório condena quando trata dos hereges
conciliaristas que formularam a doutrina de que o concílio é superior ao papa. Estes hereges pegaram
ensinamentos do Papa Inocêncio e de outros e a partir de determinadas frases destacadas fora de seu contexto
eles inferiam e “provavam” suas doutrinas absolutamente anti­católicas. Santo Afonso então diz que eles não
podem ser tão insensatos a ponto de formular doutrinas por meio de inferências. Ou seja: quer defender uma
questão? Coloque especialistas tratando diretamente desta questão. É o que fizemos com sobras neste debate.
demonstrando por “a” + “b” que a questão da infalibilidade negativa é ensinamento magisterial no mínimo
autêntico, ensinamento magisterial constante. Eu tenho certeza que é ensinamento que faz parte do MOU,
porque afirmando por inúmeras encíclicas e outros documentos ao longo dos séculos. Não é mera posição
teológica debatida livremente entre teólogos. E se alguém assim sustenta, deve provar por meio de citações, e
não por meio de ataques pessoais.

O mais importante para você e para todos os que nos leem é constatar a que ponto chega a ojeriza pelo
sedevacantismo: a ponto de NEGAR a doutrina católica somente pelo fato dela ser ensinada por
sedevacantistas. Compreende? A doutrina da infalibilidade negativa foi ensinada em vários documentos, nós
trouxemos encíclicas de Leão XIII, Pio XI, Pio XI e Pio XII ensinando de forma inequívoca que quando o papa se
pronuncia por meio de seu magistério autêntico ele possui assistência do Espírito Santo, e não pode errar
gravemente. Aquela citação de São Pio X que você tentou impugnar diz claramente que ninguém pode negar
uma ordem papal sobre o argumento que esta ordem não parte diretamente dele, mas das congregações
romanas que o cercam….

Portanto, saiba isso: via de regra em um debate só use uma citação para provar sua tese quando o autor
citado estiver tratando “ex­professo” da questão que você pretende provar. E saiba disso: um papa não pode
errar gravemente quando ensina por meio de seu magistério, nem pode compor um rito ou uma disciplina que
não esteja de acordo com a verdadeira fé. Aceite isso como doutrina católica.

Abraços,

Sandro de Pontes

Duarte 
9 novembro, 2015 às 4:53 pm
Resposta nº I
(Vou numerar minhas respostas, de agora
em diante, para facilitar futuras remissões,
ok?)

Prezado Sr. Pontes,

Imaginei que você pudesse querer
“fugir pela tangente” em sua resposta,
não abordando os temas centrais do debate
para tentar – por um subterfúgio? – desviar
nossa atenção para aspectos secundários da discussão.

Por isso me antecipei e redigi aquela “nota de esclarecimento”
acima, que, de antemão, serve para refutar suas acusações
de que os “tradicionalistas” “negam a infalibilidade
negativa”, bem como serve para registrar quais
são os temas centrais da discussão (nº 2 e itens
iii, iv e v). Note que você não abordou
qualquer dos temas centrais do debate em sua resposta.

Assim, parece­me que você tem tentando desviar a questão
central da discussão.
Parece tentar esconder os absurdos e estratosféricos
“furos” da tese sedevacantista acusando­me das mesmíssimas
coisas que você tem feito ao longo de todo o debate.

Desde o primeiro momento minha intenção
foi a de demonstrar que o sedevacantismo
é mera questão de interpretação, e não

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 40/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
doutrina vinculante da Igreja.
Se não fiz nenhuma citação específica
para isso, foi porque as citações por você
trazidas eram suficientes para demonstrar
o tamanho do engodo dessa tese.
Inclusive, está escancarado
que qualquer das citações utilizadas pelos
sedevacantistas jamais servem para defender
essa tese de maneira explícita.

No mais, querer confundir a POSIÇÃO TEOLÓGICA
SEDEVACANTISTA com a validade da infalibilidade negativa
foi mera articulação sua, a qual eu considero,
inclusive, bastante censurável e que beira o desonesto.
Mas você insiste em dizer que estou “negando a infalibilidade
negativa”, quando eu já disse, VÁRIAS VEZES,
que a CORRETA INTERPRETAÇÃO DA INFALIBLIDADE
NEGATIVA NÃO SE CONFUNDE COM A POSIÇÃO TEOLÓGICA
SEDEVACANTISTA, e creio que esse deveria ser
o tema central de qualquer refutação que você
tencione fazer.

Devo dizer, então, que você muito nos depeciona
ao me acusar das coisas que você mesmo
tem feito desde o início do debate.
Devo lembrá­lo que isso é estratagema típico
de comunistas:

1) Utilizar­se de citações que nunca
dizem o que você pretende que elas digam:
Provei que você faz isso ao comentar suas
próprias citações de do Magistério e de teólogos,
demonstrando, por exemplo, que Mons. Fenton
defende que a infaliblidade negativa restringe­se
aos campos DOUTRINÁRIO e DISCIPLINAR.
Esse deveria ser outro ponto
central de sua resposta, mas nada…

2) Quanto ao ponto a), cabe um esclarecimento:
Num primeiro momento, quando comentei suas
primeiras citações, imaginei que se estivesse
defendendo uma infaliblidade negativa tal qual
entenderiam os sedevacantistas – afinal,
era de se esperar que sua citação tivesse algo a ver
com sedevacantismo, não é?
Mas só depois percebi que se tratava de Mons. Fenton,
teólogo anterior ao CVII, e que ele estava defendendo
a infaliblidade negativa tal qual a Igreja
sempre ensinou. Daí em diante, deixei claro
que a infaliblidade negativa, CORRETAMENTE
INTERPRETADA, não se confunde com a tese
sedevacantista. Está claro?

3) Disse e repito: o tema central de nossa
discussão deveria ser o nº 2 e os itens
ii), iii), iv) e v). Querer desviar a discussão
desses pontos é querer fugir à discussão.
No que se refere à definição de MOU,
eu conheço a definição tradicional,
assim como também conheço a definição
tradicional da infalibilidade negativa,
mas, preciso saber como o entendem os sedevacantistas
(já que, por exemplo, os srs entendem
a infaliblidade negativa de uma maneira bem peculiar).

4) Minha interpretação da Auctorem Fidei
apenas afirmou que a censura de Pio VI
deve ser interpretada conforme seu contexto,
sem dar­lhe uma abstração maior que ele
mesmo pretendeu dar. Se isso para você
é “qualquer coisa de louco”, resta claro
que os sedevacantistas incorrem
em grave erro interpretativo para
defender suas teses.

5) “um papa não pode errar gravemente quando ensina por
meio de seu magistério, nem pode compor um rito ou uma disciplina
que não esteja de acordo com a verdadeira fé”.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 41/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Eu tratei desses pontos nos itens iii) e iv)
de minha nota de esclarecimento.
Com efeito, o que você está dizendo é verdade,
mas existem limites e condições para que isso aconteça,
e é justamente a esses limites e condições
que você desobedece ou finge ignorar.
Pergunto: Porque não trouxe nenhuma nova citação confirmando
essa sua tese?
Será que você constatou que, se trouxesse qualquer citação
do Magistério autêntico, seria possível perceber que há
restrições a essa infalibilidade e, por consequência, ficaria
ainda mais escancarado o erro sedevacantista?

6) Finalmente, por que eu deveria trazer­lhe qualquer
outra citação nova, se nenhuma das citações que você traz
sustenta validamente (nem intencionalmente) o
sedevacantismo?

7) “via de regra em um debate só use uma citação para provar
sua tese quando o autor citado estiver tratando “ex­professo” da
questão que você pretende provar”. Ocorre que eu não crirei
tese nenhuma nesse debate, apenas demonstrei que:
a) A tese sedevacantista é falha e teologicamente insustentável.
b) Nenhuma de suas citações pode ser aplicada
contra os “tradicionalistas”.

Para isso, era estritamente necessário fazer
uso de suas mesmas citações.

8) E como você insistiu em relação à Auctorem Fidei,
vou estender­me um pouco mais naquele
texto, para demonstrar que ela não traz nada divergente
daquilo que temos falado desde o início:

a) Primeiramente, o Sínodo de Pistória diz que:

­> Deve ser feita, na Disciplina da Igreja, uma distinção
do que é necessário ou útil para manter os fiéis no espírito
do que é desnecessário e que tende a impor nos fieís um fardo
que não é conveniente para a liberdade dos filhos da nova aliança;
bem como seria necessário distingir (na mesma disciplina)
muito do que é perigoso ou nocivo, induzindo à superstição e ao
materialismo.

Ou seja, o Sínodo de Pistóia acolhe, com certa atenuação,
a tese protestante sobre a Disciplina da Igreja,
de que essa seria demasiadamente “dura” e mesmo
supersticiosa e materialista.
(daí porque eu falei que aquela situação era precisamente O CONTRÁRIO
daquela que vivemos hoje).

Vale lembrar que, naquele tempo, Pio VI defendia
a Disciplina de sempre, aquela que fora reafirmada em Trento.
Em vista disso, e como Trento foi um Concílio expressamente
dogmático, podemos dizer, com a Sacrae Theologiae Summa
(Suma de Sagrada Teologia) que a disciplina defendida
por Pio VI derivava do Magistério Infalível da Igreja e que,
por consequência, ele defendia uma disciplina indubitavelmente
assistida pela infaliblidade negativa.
Perceba a diferença?
Com o CVII, temos uma disciplina “EXPERIMENTAL”, derivada de um
Concílio que se autodefiniu “PASTORAL” – não Dogmático, etc.
(daí porque eu falei em “colocar as coisas em seu devido contexto”).

Mas, seguindo em frente. Pio VI responde a Pistória
com as seguintes palavras:

LXXVIII. Na medida em que, em razão dos termos gerais utilizados,
ela inclui e submete ao exame prescrito mesmo a disciplina estabelecida
e aprovada pela Igreja, como se a Igreja, que é regida pelo Espírito de
Deus, pudesse constituir uma disciplina não somente inútil e mais
onerosa do que a liberdade cristã é capaz de tolerar, mas ainda por
cima perigosa, nociva, conducente à superstição e ao materialismo;

“[Essa proposição é] falsa, temerária, escandalosa, perniciosa, ofensiva
a ouvidos pios, injuriosa à Igreja e ao Espírito de Deus que a conduz;
NO MÍNIMO ERRÔNEA”.

Assim, para Pio VI, a proposição do nº 78 de Pistóia é falsa, temerária,
etc.; ou, NO MÍNIMO, ERRÔNEA.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 42/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Os sedevacantistas, como quem tem algo a esconder, normalmente
não reproduzem esse parágrafo até o final, para omitir o fato de que
Pio VI coloca duas hipóteses:
i) Essa proposição é falsa, temerária, escandalosa, perniciosa, ofensiva
a ouvidos pios, injuriosa à Igreja e ao Espírito de Deus que a conduz;
ii) Essa proposição é, no mínimo, ERRONÊA.

Por que será que Pio VI atenua sua censura dizendo ao final:
“No mínimo, errônea”?
Seria porque, num primeiro momento, ele se refere ao caso particular
de Pistóia e, num segundo momento, ele se refere à tese em si mesma
e diz: “no mínimo errônea”?

E por que errônea, e não herética?

Será que Pio VI escolheu esses termos por acaso?

E quanto ao termo “Disciplina”, ele o escolheu por acaso?
Ou será que ele estava se referindo à Disciplina
assistida pela infalibilidade negativa (“Decretos Disciplinares”)?

Percebe que, em todo e qualquer contexto em que
o Magistério se refira à infalibilidade, devemos entendê­la
SEGUNDO OS CONCEITOS E LIMITES DA
INFALIBLIDADE NEGATIVA E POSITIVA?

A tese de que a Igreja poderia falhar ao estabelecer
uma disciplina seria, no mínimo, ERRÔNEA, porque
ela essa disciplina ser PRESUMIDA perfeita e infalível, a não ser
que razões graves possam dizer o contrário.
Daí porque os Decretos Disciplinares
exigem um “assentimento religioso”, e não que se os receba
com “Fé Divina e Católica” (por isso lhe pedi a definição
desses conceitos anteriormente – para demonstrar que HÁ DIFERENÇA).

Quando alguém nega assentimento a certa disciplina eclesiástica,
ele poderá estar movido por:

a) Porque tem uma razão grave para tal (ficaremos com a própria
citação de Mons. Fenton).
b) Porque nega uma ou mais VERDADES REVELADAS.
c) Por ignorância.
d) etc.

Concorda comigo?
preciso lhe trazer citações para provar isso,
ou parece­lhe uma questão de bom senso?

a) Pois bem, se alguém tem um motivo GRAVÍSSIMO para negar
assentimento religioso a uma Disciplina da Igreja,
nós NÃO TERÍAMOS uma proposição FALSA, TEMERÁRIA,
ESCANDALOSA, etc, ou teríamos?

b) Se alguém nega uma ou mais verdades reveladas,
o problema é de HERESIA, então temos, aqui sim, escândalo
e perniciosidade, concorda?

c) Se alguém nega algo por ignorância, ele está,
NO MÍNIMO, ERRADO, não é verdade? Mas não se trata,
a princípio, de um herege, não é mesmo?

Enfim, trouxe essas reflexões
apenas para demonstrar que a escrita de Pio VI –
como qualquer outra definição magisterial –
sempre estará atrelada aos conceitos de infalibilidade
negativa e infalibilidade positiva.
Sem atender adequadamente esses conceitos,
os sedevacantistas continuarão trazendo citações
fora de contexto e que nunca dizem aquilo que eles
querem que digam.

Por isso, proponho que nossa discussão gire
em torno do conceito da infalibilidade negativa e demais
definições relacionadas (como eu disse anteriormente).

Num próximo momento, vou trazer as citações que
comprovam aquilo que eu chamei de
“correta interpretação da infalibilidade negativa”,
tudo bem?

Salve Maria.

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com

Sandro de Pontes 
9 novembro, 2015 às 7:56 pm
Prezado Duarte, salve Maria.

Não existe doutrina sedevacantista, o que existe é doutrina magisterial católica que muitos dos tradicionalistas
recusam, colocando seus mestres acima da própria Igreja. Você, inclusive, diz que o Vaticano II sequer obriga,
por ser pastoral, e que os papas conciliares nunca quiseram pretender que ele obrigasse, etc. Vejamos, então,
se isto corresponde a verdade. Primeiro, foi o próprio Paulo VI quem disse que o Vaticano II obrigava:

“(…) No necessário, unidade; no duvidoso, liberdade; em tudo, caridade. Primeiro que tudo, a unidade É
NECESSÁRIA EM GUARDAR RELIGIOSAMENTE TODA A DOUTRINA TRANSMITIDA PELO CONCÍLIO. A qual,
estando aprovada pela autoridade de um Sínodo Ecumênico, pertence já ao magistério da Igreja; e, ademais,
no que diz respeito à fé e à moral, ela constitui uma REGRA PRÓXIMA E UNIVERSAL DA VERDADE, da qual
NUNCA É PERMITIDO AOS TEÓLOGOS DIVERGIR no prosseguimento de seus estudos. Quanto à avaliação e a
interpretação dessa doutrina, há que cuidar­se de não dissociá­la do restante do patrimônio sagrado da
doutrina da Igreja, como se pudesse haver qualquer diferença ou oposição entre os dois. Pelo contrário, tudo o
que é ensinado pelo Concílio Vaticano II forma um todo fortemente ligado com o magistério eclesiástico de
antes, do qual ele representa a continuação, a explicação e o desenvolvimento” (PAULO VI, “Carta Cum Iam
[ao Cardeal Pizzardo], com ocasião do Congresso Internacional de Teologia do Concílio Vaticano II”, 21 de
setembro de 1966, trad. br., o mais literal, do original em latim publicado em: AAS 58 (1966), 879 e, mais
recentemente, em:

http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/letters/1966/documents/hf_p­vi_let_19660921_cum­iam_lt.html

Compreende, prezado Duarte, que o enganaram com esta balela que os papas conciliares dizem que o Vaticano
II não obriga? Aliás, na própria explanação em que Paulo VI afirma que o Concílio não definiu dogmas ele
salienta justamente isso: que o Vaticano II se exprimiu como magistério “supremo” da Igreja. Veja:

“(…) dado o caráter pastoral do Concílio, evitou este proclamar em forma extraordinária dogmas dotados da
nota de infalibilidade. Todavia, conferiu a seus ensinamentos a autoridade do SUPREMO MAGISTÉRIO
ORDINÁRIO”.

Certamente Paulo VI nestas duas afirmações acima colocadas tinha em mente o ensinamento de Pio XII a
respeito do tema, onde ele diz na Humani Generis, sintetizando a doutrina de vários papas predecessores que
ensinaram a mesmíssima coisa por meio de documentos magisteriais constantes:

17. E embora este Sagrado Magistério deva ser para qualquer teólogo a NORMA PRÓXIMA E UNIVERSAL DE
VERDADE em matéria de fé e de moral (pois Cristo Senhor Nosso lhe confiou TODO o depósito da fé – Sagrada
Escritura e tradição divina – para guardá­lo, defendê­lo, interpretá­lo), contudo por vezes é ignorado como se
não existisse o DEVER que têm os fiéis de fugir também daqueles erros que em maior ou menor medida se
aproximam da heresia, DEVER PORTANTO DE “OBSERVAR as CONSTITUIÇÕES e DECRETOS com os quais
essas falsas opiniões foram proscritas e proibidas pela Santa Sé” (…) 19. NEM SE DEVE CRER que os
ensinamentos das Encíclicas NÃO EXIJAM PER SE O ASSENTIMENTO, sob o pretexto de que os Pontífices não
exercem nelas o poder de seu SUPREMO MAGISTÉRIO. Tais ensinamentos fazem parte do MAGISTÉRIO
ORDINÁRIO, para o qual TAMBÉM VALEM as palavras: “Quem vos ouve, a mim ouve” (Lc 10,16), além do que,
quanto vem proposto e inculcado nas Encíclicas pertence já, o mais das vezes, por outros títulos, ao patrimônio
da doutrina católica.

Ou seja, Paulo VI usa aqui a Humani Generis, sem citá­la, para dizer que o Vaticano II é obrigatório, que
ninguém pode divergir dele que ele, na verdade, constitui­se “norma próxima e universal de verdade”, o que é
muito mais do que se pode dizer de ensinamentos feitos pelo magistério ordinário meramente autêntico. Tanto
é verdade que neste debate recente onde o Guilherme Chenta estraçalhou a Montfort­Zuchi ele demonstrou,
com muitos argumentos, que Bento XVI condicionou o reconhecimento da FSSPX a aceitação do Vaticano II.
Ora, é amplamente conhecido o fato de que em 2012 Bento XVI enviou uma carta a Dom Fellay em que ele
esclareceu que a aceitação do Vaticano II como parte integrante da Tradição da Igreja era condição necessária
para a regularização da FSSPX. Confira o que disse nosso amigo “emérito”:

“(…) A Declaração doutrinal em questão, preparada pela Congregação para a Doutrina da Fé, assim como pela
Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, e aprovada explicitamente por mim antes de lhe ser entregue, integra os
ELEMENTOS JULGADOS INDISPENSÁVEIS para serem, da mesma forma que pronunciar a Profissão de fé e o
Juramento de fidelidade para assumir um cargo exercido em nome da Igreja, garantes da plena comunhão
eclesial. Esses elementos são essencialmente a aceitação:

Do Magistério como intérprete autêntico da Tradição apostólica;
Do Concílio Vaticano II como parte integrante dessa Tradição, permanecendo aberta a possibilidade de uma
discussão legítima sobre a formulação de pontos particulares dos documentos conciliares;
Da validade e da LICITUDE do Novus Ordo Missae.

No momento em que começa o Capítulo Geral de sua Fraternidade, eu não posso senão encorajar essa
assembleia a aceitar esses pontos como sendo algo necessário para uma reconciliação no seio da comunhão da
Igreja una, santa, católica e apostólica”.

http://guilhermechenta.com/2012/06/30/bento­xvi­a­dom­fellay­para­que­a­fsspx­seja­regularizada­ela­
precisa­aceitar­a­licitude­da­missa­nova­e­o­concilio­vaticano­ii­como­parte­integrante­da­tradicao­catolica­2/

E ainda muitos outros argumentos e citações poderiam ser usados para demonstrar que o Vaticano II é, na
mente dos papas conciliares, obrigatório aos fiéis, que não podem recusá­lo. Compreende que enganaram você
também neste sentido, prezado Duarte?

O restante, vamos respondendo aos poucos, porque são muitas as questões que você apresenta de forma
simultânea. Mas uma coisa me alegrou: parece­me que você afirmou que a questão da infalibilidade negativa é

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
sim doutrina católica. Isso é algo que me alegrou bastante.

Abraços,

Sandro de Pontes

Duarte 
11 novembro, 2015 às 2:01 pm
Resposta nº II

Prezado Sr. Pontes,

Primeiramente, eu não disse que “os papas
conciliares nunca quiseram pretender que
[o CVII] obrigasse”.

Eu falei apenas do Concílio, e falei
em ‘obrigar inequivocamente’.

Não há nada de surpreende na fala de Paulo VI,
tal como não há nada de surpreende na posição
de Bento XVI. Vou explicar­lhe o que eu quis
dizer ao afirmar que o CVII não obriga inequivocamente.

Antes disso, porém, é importante entendermos,
de forma bem sucinta, como se dá a autoridade
de um Concílio:

Segundo a Suma Teológica da Sagrada Teologia
Escolástica (doravante, minhas citações se referirão
a esse documento, a não ser que diga expressamente
ser outra a fonte):

“Os bispos, sucessores dos Apóstolos, são infalíveis quando
impõe aos fiéis, estando de acordo e sob a autoridade do
Romano Pontífice uma doutrina que deve ser aceita
DEFINITIVAMENTE*, seja impondo esta doutrina em Concílio,
bem como fora de um Concílio”.

*Atenção a isso: DOUTRINA DEFINITIVA

Mais à frente (nº 543):

“Os bispos ensinam uma doutrina que deve ser aceita
definitivamente, quando obrigam os fiéis a um ASSENTIMENTO
IRREVOGÁVEL com o grau supremo de sua autoridade”.

Essa suprema autoridade dos bispos pode ser exercida de forma
Ordinária e de forma Extraordinária.

O Concílio Ecumênico (que é aquele que acontece sob
a autoridade do Papa) é o Concílio por excelência, e é nele
que se manifesta o Magistério EXTRAORDINÁRIO INFALÍVEL
dos Bispos.

Já o MAGISTÉRIO ORDINÁRIO E UNIVERSAL corresponde à
infalibilidade do MAGISTÉRIO ORDINÁRIO dos bispos,
e se dá quando os bispos em todo mundo
propõe a todos os fiéis alguma doutrina que deve ser aceita
ABSOLUTAMENTE, ou seja, a doutrina é proposta (pelos bispos)
como REVELADA POR DEUS. Por isso, o Concílio Vaticano I
assim fala do MOU (D 1792):

“Deve­se, pois, CRER COM FÉ DIVINA E CATÓLICA* tudo o que está
contido na palavra divina escrita ou transmitida pela Tradição,
bem como tudo o que a Igreja, quer em declaração solene, quer
pelo Magistério ordinário e universal, nos propõe a crer
COMO REVELADO POR DEUS*”.

Acaso isso aconteceu após o CVII? Alguém, em sã consciência,
diria que o MOU propôs os ensinamentos CVII para que os fiéis
cressem com fé divina e católica?
Creio que não, certo?
Então está refutada sua objeção relativa ao MOU.

Ademais, a definição tradicional de MOU é aquele de São
Vicente de Lérins, que o define como:

QUOD UBIQUE, QUOD SEMPER, QUOD AB OMNIBUS.

[“o que [foi admitido] por todos, em toda a parte e sempre”]

Creio que a inaplicabilidade dessa definição a qualquer
novidade doutrinária é evidente, não é mesmo?

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 45/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Então retornemos ao MAGISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO dos Bispos:

“550. A infalibilidade dos bispos em Concílio Ecumênico está
definida:

a) Implicitamente, pelo fato de que os Concílios mesmo impõem
com autoridade suprema a todos os fiéis a doutrina que deve
ser aceita ou crida e instam esta obrigação condenando com
anátema aqueles que pensarem ou crerem de outro modo (…)*”.

*Por acaso o CVII fez isso? Impôs uma doutrina com autoridade
suprema e condenou, com anátema, aqueles que pensam ou creem
de outro modo?

Adiante, a Suma também apresenta aquelas QUATRO CONDIÇÕES de
infalibilidade dos Concílios Ecumênicos (nº 558):

a) Os bispos devem ensinar unanimemente e de mútuo acordo.

b) Devem estar sob a autoridade do Sumo Pontífice.

c) Definir Doutrina, dar Decretos DEFINITIVOS, com os quais se
estabelece a doutrina que deve ser aceita e crida pelos fiéis,
e condenar, mediante anátema, a aqueles que sustentam ou creem
contrariamente.

d) Imporem Doutrina que deve ser aceita, posto que o Concílio,
com seus decretos, obrigaria a todos os fiéis a um
assentimento totalmente firme e irrevogável, e certamente se
tratando da salvação eterna, segundo se preveria
EXPLICITAMENTE NOS PRÓPRIOS DECRETOS do Concílio Ecumênico.

e) ENSINEM A TODOS OS FIÉIS, posto que o Concílio, enquanto
Universal e Ecumênico, representa a toda a Igreja Docente e
dirigiria seus decretos a todo o rebanho dos fiéis.

Parece­me que o CVII não atende aos quesitos c) e d) acima
(e, no caso de alguns Decretos, nem ao item e), como nos
parece ser o caso da Sacrosanctum Concilium, conforme
citamos abaixo).
Deste modo, NÃO se pode, do ponto de vista teológico,
concluir que qualquer de seus documentos esteja assistido pela
infalibilidade. Não é mesmo?

Repare, ademais, que O PRÓPRIO CVII, enquanto
MAGISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DOS BISPOS, não atendeu
a todos os quesitos da infalibilidade
(ainda não mencionamos as condições de infalibilidade
papal).

Dito isso, retornemos à sua objeção:

1) Note, primeiramente, que nenhuma das duas ocasiões por você
citadas (Paulo VI e Bento XVI), os Pontífices estariam
assistidos pela infalibilidade.

2) É natural que esses pontífices peçam ASSENTIMENTO RELIGIOSO
ao CVII. No entanto, eles mesmos registram que o CVII NÃO É
UM CONCÍLIO DOGMÁTICO, NEM TAMPOUCO INFALÍVEL.

No caso de Bento XVI, como ele poderia, por exemplo, tolerar
que permanecesse “aberta a possiblidade de uma discussão
legítima sobre a formulação de pontos particulares dos
documentos conciliares” se este os entendesse infalíveis?
Ademais, e quanto a todas as críticas que o próprio
Bento XVI fez a várias aplicações correntes do CVII?

No caso de Paulo VI, você não deve confundir ASSENTIMENTO
INTERNO OU RELIGIOSO com infalibilidade. Já comentamos sobre
isso anteriormente.

Por fim, e mais importante, devemos buscar entender o que o
Concílio fala sobre si mesmo (ou seja: A AUTORIDADE QUE O CVII
CONFERE A SI MESMO, como eu disse em minha nota de
esclarecimento, item iv, e conforme consta do item d) das
CONDIÇÕES DE INFALIBLIDADE dos Concílios):

SACROSANCTUM CONCILIUM:

PROÉMIO

Fim do Concílio e sua relação com a reforma litúrgica

“1. O sagrado Concílio propõe­se fomentar a vida cristã entre
os fiéis, ADAPTAR MELHOR ÀS NECESSIDADES DO NOSSO TEMPO as

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instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode
ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o
que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja.
Julga, por isso, dever também interessar­se de modo particular
pela reforma e incremento da Liturgia”.

(…)
—­
Ademais, leia os números 21 e 37 a 40 da mesma Constituição

CONSTITUIÇÃO PASTORAL
GAUDIUM ET SPES
SOBRE A IGREJA NO MUNDO ACTUAL

Notas

Proémio – Introdução

“1. A Constituição pastoral ‘A Igreja no mundo actual’, formada por
duas partes, constitui um todo unitário. E chamada ‘pastoral’,
porque, apoiando­se em princípios doutrinais, pretende expor as
relações da Igreja com o mundo e os homens de hoje. Assim, nem
à primeira parte falta a intenção pastoral, nem à segunda a doutrinal.
Na primeira parte, a Igreja expõe a sua própria doutrina acerca do
homem, do mundo no qual o homem está integrado e da sua relação para
com eles. Na segunda, considera mais expressamente vários aspectos da
vida e da sociedade contemporâneas, e sobretudo as questões e os
problemas que, nesses domínios, padecem hoje de maior urgência.
Daqui resulta que, nesta segunda parte, a matéria, tratada à
luz dos princípios doutrinais, não compreende apenas elementos
imutáveis, mas também transitórios. A Constituição deve, pois,
ser interpretada segundo as normas teológicas gerais, tendo em conta,
especialmente na segunda parte, as circunstâncias mutáveis com que
estão intrinsecamente ligados os assuntos em questão”.

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
DEI VERBUM
SOBRE A REVELAÇÃO DIVINA

—> Intenção do Concílio

“1. O sagrado Concilio, ouvindo religiosamente a Palavra de Deus
proclamando­a com confiança, faz suas as palavras de S. João:
‘anunciamo­vos a vida eterna, que estava junto do Pai e nos apareceu:
anunciamo­vos o que vimos e ouvimos, para que também vós vivais em
comunhão connosco, e a nossa comunhão seja com o Pai e
com o seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo. 1, 2­3). Por isso,
segundo os Concílios Tridentino e Vaticano I, ENTENDE PROPOR* a
genuína doutrina sobre a Revelação divina e a sua transmissão,
para que o mundo inteiro, ouvindo, acredite na mensagem da salvação,
acreditando espere, e esperando ame”.

—–
*Para mim, “entende propor” é diferente de “definir
para sempre..”. O que acha?

DECLARAÇÃO
GRAVISSIMUM EDUCATIONIS
SOBRE A EDUCAÇÃO CRISTÃ

(…)
Visto que a santa Mãe Igreja, para realizar o mandato recebido do
seu fundador, de anunciar o mistério da salvação a todos os homens
e de tudo restaurar em Cristo, deve cuidar de toda a vida do homem,
mesmo da terrena enquanto está relacionada com a vocação celeste,
tem a sua parte no progresso e ampliação da educação. Por isso,
o sagrado Concílio enuncia alguns princípios fundamentais sobre ,
a educação cristã mormente nas escolas, princípios que serão
depois desenvolvidos por uma Comissão especial e aplicada nos diversos
lugares pelas Conferências episcopais.

DECLARAÇÃO
NOSTRA AETATE
SOBRE A IGREJA
E AS RELIGIÕES NÃO­CRISTÃS

“(…) Consequentemente, o sagrado Concílio, seguindo os
exemplos dos santos Apóstolos Pedro e Paulo, PEDE ARDENTEMENTE*
aos cristãos que, «observando uma boa conduta no meio dos homens.
(1 Ped. 2,12), se ‚ possível, tenham paz com todos os homens (14),
quanto deles depende, de modo que sejam na verdade filhos do Pai

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que está nos céus”.
——­
*Pedir ardentemente seria o mesmo que definir perpetuamente?

DECLARAÇÃO
DIGNITATIS HUMANAE
SOBRE A LIBERDADE RELIGIOSA

1. OS HOMENS DE HOJE* tornam­se cada vez mais conscientes da
dignidade da pessoa humana e (1), cada vez em maior número,
reivindicam a capacidade de agir segundo a própria convicção
e com liberdade responsável, não forçados por coacção mas
levados pela consciência do dever. (…) Esta exigência de
liberdade na sociedade humana diz respeito principalmente
ao que é próprio do espírito, e, antes de mais, ao que se
refere ao livre exercício da religião na sociedade.
Considerando atentamente estas aspirações, e propondo­se
declarar quanto são conformes à verdade e à justiça, este
Concílio Vaticano investiga a sagrada tradição e doutrina da
Igreja, das quais tira novos ensinamentos, sempre
concordantes com os antigos.
—­
*Alguma definição para sempre aqui?

Esses são apenas as Constituições e Declarações do CVII.
Caso queira, leia em cada um de seus Decretos
a autoridade que eles mesmos se conferem.
Em seguida, diga­nos: algum desses documentos
i) define expressamente alguma doutrina PARA SEMPRE?
ii) ANATEMIZA a tese contrária?
iii) Preenche todas as CONDIÇÕES colocadas acima?

Mas convém registrar que uma análise minuciosa de
cada aspecto do CVII seria extremamente complexa. Creio eu
que isso somente será feito – e com autoridade – quando
passada a atual crise na Igreja e no mundo. Apenas a
título de exemplo:

Sabemos que o CVII foi expressamente influenciado,
dentre outras coisas, pelo suposto avanço
do estudo das Ciências Sociais (“inculturação”) e do estudo
da História (“arqueologismo litúrco”), concorda comigo?

Note, contudo, que o próprio Bento XVI (mais recentemente)
chegou a CONDENAR o “arqueologismo litúrgico” e
a “inculturação”. Isso parece­nos em franca
contradição com algumas passagens da própria
Sacrosanctum Concilium.

Logo, é possível que, em certos aspectos,
o CVII tenha admitido como primícias certas verdades
de valor relativo (ou seja: conclusões das Ciências
Naturais não definitivamente certas). E se isso
de fato aconteceu, ela entraria naquilo que
a Suma Teológica expõe em seu n. 736
(retornei a esse assunto futuramente,
se nos for possível).

Assim, sou da opinião de que, futuramente,
o CVII será analisado – por aqueles que detêm autoridade
para tal – sob vários aspectos, a fim de se identificar
nele o que poderia ser oriundo, por exemplo, de uma concepção
equivocada ou ultrapassada das Ciências, ao passo
que outros de seus elementos poderiam advir de uma ambiguidade
que, embora possa ser interpretada de maneira ortodoxa, seja
demasiadamente vaga, bem como outra parte de seus textos
poderia ser vista como um ensinamento pastoral expressamente
temporário, que, por se autodefinir passageiro, estaria
evidentemente passível a reservas por parte dos fiéis.
Isso sem mencionar a hipótese de verdadeiro ANÁTEMA de
“certas formulações e pontos particulares dos documentos
conciliares”.

Enfim, disse tudo isso apenas para demonstrar que
não há qualquer incompatibilidade entre a mera existência
do CVII com o conceito de infalibilidade.

Finalmente, o “engando” aqui parece ter sido você,
meu caro, e DUPLAMENTE:

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
1º Pelos modernistas, que lhe convenceram que o CVII
deve ser admitido como uma espécie de “Superdogma”.

2º Pelos sedevacantistas, que lhe conveceram que o
CVII se autodefiniu infalível e, como isso não se
observasse na prática, então o Papa não é Papa.

É uma pena. Espero que se aperceba
dos descabimentos dessas duas proposições,
e retorne ao tradicionalismo.

Adiante, teceremos alguns comentários especificamente
sobre a infalibilidade negativa.

Salve Maria.

Sandro de Pontes 
11 novembro, 2015 às 4:07 pm
Duarte, salve Maria.

Você compreende que os papas conciliares dizem que você deve obedecer ao Vaticano II porque a doutrina ali
contida é “regra próxima e universal da verdade, da qual nunca é permitido aos teólogos divergirem”, mas
ainda assim você irá continuar desobedecendo ao Vaticano II. Graças a Deus que você irá continuar
desobedecendo ao Vaticano II, mas as peripécias acrobáticas tomadas para justificar esta atitude beiram o
delírio. Esqueça estas piruetas que você aprendeu com o professor Orlando, e pense e aja por você mesmo,
meu caro. Aliás, novamente você faz inferência indevida, ao pegar uma frase de Bento XVI onde ele quer dizer
“x” para então você concluir “y”, indo contra o pensamento do autor e a vontade expressa dele, que naquele
momento agiu como papa da Igreja Católica (concedendo que ele seja papa legítimo).

A verdade é que você se aferra tanto aos seus mestres tradicionalistas que, empedernido, irá passar por cima
de qualquer doutrina católica para justificar sua posição mais do que errônea. Felizmente, no mundo inteiro
uma legião de católicos começa a se levantar porque já não aceita esta argumentação pífia. E muitos deles
nem são sedevacantistas. Basta ver o Padre Calderon, que sem ser sedevacantista concorda com aquilo que
dizemos neste ponto. Mas ao invés dele reconhecer que os documentos conciliares não obrigam porque aquele
que os promulgou carece de autoridade ele irá dizer que Paulo VI abriu mão de usar sua autoridade, tão
contaminado estava com o modernismo que o afetava a ponta dele não exercer suas prerrogativas papais.
Porém, como vimos, isso também é falso: os papas conciliares, todos eles, obrigaram os fiéis a aceitar o
Vaticano II. Inclusive, quando João Paulo II excomungou Dom Lefebvre ele disse que o bispo da FSSPX
rejeitava Magistério Universal da Igreja. Leia lá.

Dito isso, vou tecer outro comentário a respeito de um trecho de sua missiva, que é o seguinte:

“(…) o Concílio Vaticano I assim fala do MOU (D 1792): “Deve­se, pois, CRER COM FÉ DIVINA E CATÓLICA*
tudo o que está contido na palavra divina escrita ou transmitida pela Tradição, bem como tudo o que a Igreja,
quer em declaração solene, quer pelo Magistério ordinário e universal, nos propõe a crer COMO REVELADO POR
DEUS*”.

Acaso isso aconteceu após o CVII? Alguém, em sã consciência, diria que o MOU propôs os ensinamentos CVII
para que os fiéis cressem com fé divina e católica? Creio que não, certo?”.

Pena que você não colocou a citação inteira, porque na sequencia é dito que os fiéis devem subordinação
hierárquica e obediência ao Romano Pontífica não apenas nas questões que dizem respeito à Fé e aos
costumes, mas também naquelas que relativas à disciplina e ao governo da Igreja difundida sobre toda a
Terra”. Portanto, teve gente por aí que andou dizendo que eu somente citava “magistério ordinário falível”
para provar a “tese” da infalibilidade negativa da Igreja..ora, esta é uma passagem claríssima contida em um
documento ex­catedra decretando infalivelmente a doutrina católica referente a infalibilidade negativa…

Mas veja que interessante aquilo que a Deputação da Fé explicou a respeito desta questão durante o Vaticano
I. Eles esclareceram o seguinte a respeito da infalibilidade pontifícia:

“(…) Pois, mesmo que se tratasse daquela submissão que deve ser prestada com ato de fé divina, NÃO SE
PODERIA LIMITÁ­LA, porém, às verdades definidas por decretos expressos dos concílios ecumênicos ou dos
Romanos Pontífices desta Sé Apostólica, mas seria necessário ESTENDÊ­LA TAMBÉM àquilo que é transmitido
como DIVINAMENTE REVELADO pelo magistério ordinário de toda a Igreja espalhada pela terra e, portanto,
com universal e comum consentimento são consideradas pelos teólogos católicos como pertencentes à fé”
Carta Apostólica Tuas Libenter – Papa Pio IX (1863), DZ 1683.

Ora, será que o Vaticano II, que seria magistério ordinário, apontou alguma doutrina conciliar como
divinamente revelada? Sim, ele fez isso na Dignitatis Humanae, que reza:

2. (…) o direito à liberdade religiosa SE FUNDA REALMENTE na própria dignidade da pessoa humana, como a
PALAVRA REVELADA DE DEUS a própria razão a dão a conhecer.

Compreende? Eis aí uma passagem do Vaticano II que seria infalível porque pertencente ao MOU. Aceita você
que a liberdade religiosa se funda realmente na palavra revelada de Deus, sendo, portanto, uma doutrina
divinamente revelada? Creio que não…

Por isso a nós, católicos, não resta nos socorremos em subterfúgios. Não nos cabe a nós inventar doutrina,
nem afirmar que determinada doutrina magisterial é mera posição teológica, como se o papa escrevesse como
doutor privado, com grande autoridade, mas nada mais do que isso. Cabe a nós compreender que o Vaticano II
foi promulgado por alguém que não possuía a assistência divina prometida a Igreja por Nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo.

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Abraços,

Sandro de Pontes

Duarte 
11 novembro, 2015 às 9:02 pm
Resposta nº III

Prezado Sr. Pontes,

Lembro­lhe que estamos
discutindo a tese sedevacantista
do ponto de vista teológico.

Mas nem tudo na Teologia é tão fácil
quanto desejaríamos.

Por ora, respondamos pontualmente
apenas à sua última objeção:

“2. (…) o direito à liberdade religiosa SE FUNDA
REALMENTE na própria dignidade da pessoa humana,
como a PALAVRA REVELADA DE DEUS e a própria razão a dão
a conhecer” (Dignitatis Humanae).

Parece­me que você comete uma sucessão de erros
nessa conclusão sobre a DH.
Compreendo que lhe deva faltar tempo
(o meu também tem sido escasso), para
uma demonstração mais acurada de como
a liberdade religiosa pertenceria ao MOU.

Mas eu me limitarei a apontar dois dos
erros que você parece cometer aqui
(dentre outros que poderiam ser apontados):

1º) Novamente, parece ignorar o próprio conceito
de MOU para lhe dar uma aplicação prática.

Não por acaso, eu acrescentei o conceito de MOU
em minha reposta nº II, retirado da pena
de São Vicente de Lérins.

Repare, quanto a isso, que o CVI NÃO CONCEITUOU
MOU, mas determinou como os seus ensinamentos
(os do MOU) devem ser acolhidos pelos fiéis.

Tudo bem até aqui?

E qual o conceito de MOU?

Quod ubique, quod SEMPER*, qudo Ab omnibus.

Mas antes de progredir nessa demonstração,
pergunto­lhe:
Você tem conhecimento que existe
uma doutrina tradicional da Liberdade Religiosa,
certo?
Ocorre que essa doutrina tradicional não
se confunde com aquela trazida pelo CVII,
e para melhor distingui­la e defini­la, nós a chamamos
de “Tolerância Religiosa”.

No entanto, se fôssemos admitir que o CVII
procurou aplicar o MOU nessa definição,
seria forçoso entender, segundo
O PRÓPRIO CONCETIO DE MOU
(aquilo que foi crido por todos, em toda parte e SEMPRE),
que essa “Liberdade Religiosa” como aquela que a Igreja
sempre ensinou, sem confundi­la com qualquer inovação
que o próprio CVII poderia ter empregado.

Mas toda essa interpretação que coloquei acima
foi apenas para demonstrar que você desconsidera
a própria definição de MOU ao fazer sua afirmação.
E isso seria um grande erro.

2º) De outra forma, não penso que essa declaração da
Dignitatis Humanae esteja assistida pela infaliblidade
pelo seguinte motivo:

i) Essa Declaração NÃO TEVE A INTENÇÃO de DEFINIR
UMA DOUTRINA PARA SEMPRE (vimos que isso era pré­requisito

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 50/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
da infalibilidade do MOU). E demonstro o que falei,
segundo a própria DH:

“1. OS HOMENS DE HOJE tornam­se cada vez mais conscientes da
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA e, cada vez em maior número,
reivindicam a capacidade de agir segundo a própria convicção e
com liberdade responsável, não forçados por coação mas
levados pela consciência do dever.
—­

Temos então na Dignitatis Humanae uma doutrina que expressamente
se destina AOS HOMENS DE HOJE.
E é justamente isso que devemos entender por um “Concílio
Pastoral”: Trata­se de um Concílio que traz ensinamentos
“para os homens de hoje”, temporários em essência, e NÃO
DEFINIÇÕES DOUTRINÁRIAS E PARA SEMPRE.

ii) Sobre o fim pastoral do Concílio (e sua interpretação), veja
o que se diz na LUMEN GENTIUM (notificações):

“NOTIFICAÇÕES FEITAS PELO EX.MO SECRETÁRIO GERAL
DO SAGRADO CONCÍLIO, NA CONGREGAÇÃO GERAL CXXIII,
NO DIA 16 DE NOVEMBRO DE 1964

LUMEN GENTIUM:

Notificações: valor teológico das proposições

Foi perguntado qual deve ser a qualificação teológica da
doutrina exposta no esquema De Ecclesia que se propõe à votação.
A Comissão Doutrinal respondeu à pergunta ao examinar os Modos
referentes ao capítulo terceiro do esquema De Ecclesia,
com estas palavras:

‘Como é evidente, o texto conciliar deve sempre ser interpretado
segundo as regras gerais, de todos conhecidas’.
A Comissão Doutrinal, nesta ocasião, remete para a sua Declaração
do dia 6 de Março de 1964, cujo texto se transcreve aqui:

‘Tendo em conta a PRAXE CONCILIAR E O FIM PASTORAL do presente
Concilio, este sagrado Concilio só define aquelas coisas relativas à fé
e aos costumes que abertamente declarar como de fé.

Tudo o mais que o sagrado Concílio propõe, como doutrina do
supremo Magistério da Igreja, devem­no os fiéis receber e abraçar
SEGUNDO A MENTE DO MESMO SAGRADO CONCÍLIO, a qual se
deduz quer do assunto em questão, quer do modo de dizer,
SEGUNDO AS NORMAS DE INTERPRETAÇÃO TEOLÓGICA.

(…)”.
—­

Ficou evidente o “fim Pastoral”?
E o que seria “Pastoral”?

O próprio Concílio pode responder:

“GAUDIUM ET SPES

Notas

Proémio – Introdução

1. A Constituição pastoral ‘A Igreja no mundo actual’, formada por
duas partes, constitui um todo unitário. É CHAMADA ‘PASTORAL’
PORQUE, APOIANDO­SE EM PRINCÍPIOS DOUTRINAIS,
PRETENDE EXPOR AS RELAÇÕES DA IGREJA COM
O MUNDO E OS HOMENS DE HOJE*** (…)
—­

Percebeu o que significa ser “Pastoral”?
Percebe por que a definição de “”ensinamento Pastoral” exclui,
por si mesmo, qualquer DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA PARA SEMPRE?

Isso lhe parece de pouca monta?
Ou é você quem está “passando por cima” da teologia católica,
ao ignorar VOLUNTARIAMENTE as CONDIÇÕES BÁSICAS da infalibilidade
que deveria existir in caso?

Mas ainda haveria mais o que demonstrar.
E isso é o mais essencial.

No número 9 da Dignitatis Humanae está dito:

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 51/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
“9. O que este Concilio Vaticano declara acerca do direito do
homem à liberdade religiosa FUNDA­SE NA DIGNIDADE DO HOMEM,
CUJAS EXIGÊNCIAS FORAM APARECENDO MAIS PLENAMENTE À
RAZÃO HUMANA com a experiência dos séculos”.

Percebe que aqui está bem expresso aquilo que eu falei
em minha resposta número II (ao final), sobre a influência
das Ciências Naturais, Humanas e Sociais sobre o Concílio?
Isso não está claro?

Temos um Concílio que se autodenominou PRAGMÁTICO E TEMPORÁRIO,
voltado ao HOMEM DE HOJE, e que se fundou na “RAZÃO HUMANA
aprimorada com a experiência dos séculos” (Ciências Naturais)
e você vem me dizer que ele se pretendeu INFALÍVEL?

Vê o quão cego você está tendo que ficar para
sustentar essas teses sedevacantistas?

Se retornamos agora à sua citação da DH, verificaremos que
aquela sentença está expressamente
FUNDADA NA DIGNIDADE HUMANA, e NÃO NA REVELAÇÃO.
Assim, o que ela está dizendo é que
A DIGNIDADE HUMANA é fundada na REVELAÇÃO DIVINA,
ao passo que a LIBERDADE RELIGIOSA, derivada das
“exigências dos nossos tempos e conforme a
“experiência dos séculos”, seria um desdobramento
dessa DIGNIDADE HUMANA.

É essa segunda afirmação (de que a LIBERDADE RELIGIOSA
ensinada pelo CVII é DECORRÊNCIA NECESSÁRIA da
Dignidade Humana) que poderíamos contestar,
já que fundada na RAZÃO HUMANA segundo
a “experiência dos séculos” (ou seja: trata­se de uma verdade
natural de VALOR RELATIVO).

E eu provo tudo o que estou dizendo com a própria
DH (nº 9, segunda parte):

“Com efeito, EMBORA A REVELAÇÃO NÃO AFIRME
expressamente o direito à imunidade de coacção externa
em matéria religiosa, no entanto ELA MANIFESTA EM TODA
A SUA AMPLIDÃO A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA”.
—­

Assim, sintetizando o que eu disse, temos
(segundo a DH):

REVELAÇÃO –> DIGNIDADE HUMANA –> LIBERDADE RELIGIOSA.

Perceba então que, segundo a DH, a Liberdade Religiosa
estaria conectada à Revelação APENAS DE FORMA INDIRETA,
de modo que um equívoco (científico) ou qualquer
modificação em relação ao conceito de
DIGNIDADE HUMANA colocaria em cheque TODO o ensinamento do
CVII sobre a Liberdade Religiosa
(Daí porque eles quiserem se dirigir apenas ao “homem de hoje”).

Essa questão é tão essencial, que poderia explicar
vários dos “problemas do CVII”.
Mas deixaremos isso para uma futura ocasião,
se Deus permitir.

Percebeu, no entanto, que há um novo erro interpretativo
dos sedevacantistas aqui?

Se João Paulo II disse isso eu não sei,
mas sei que Bento XVI declarou
aquele decreto de excomunhão “sem efeitos jurídicos”,
razão pela qual esse seu argumento parece­me inócuo.

No mais, eu não fiz nenhuma “inferência indevida” relativa a
Bento XVI. Foram várias as ocasiões em que ele demonstrou
não acreditar que o CVII tenha nota da infalibilidade
(inclusive, cheguei a citar um outro exemplo,
no mesmo contexto).

Ademais, eu não “aprendi nada disso com o Professor Orlando”.
Inclusive, nem tenho conhecimento de ele ter tratado dessas
questões. Talvez o tenha.
De minha parte, estou lhe citando uma fonte primária que é a
Suma Teológica Escolástica.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 52/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Talvez você devesse entende­la também.
Isso lhe pouparia de muitos erros (como a mim poupou).

Por fim, não sei de onde tirou essa ideia de que eu
tenha qualquer “mestre tradicionalista”.
Mas não transformemos isso em querela
pessoal, pois, como dizem:
“Quem perde a razão (no sentido de exaltado),
perde sempre a razão (na discussão)”.

Salve Maria.

Vitor José Faria de Oliveira 
12 novembro, 2015 às 6:38 am
Prezado Sandro de Pontes, saudações de elevada estima!

Não sou sedevacantista, mas concordo com sua lógica e coerência metodológica que o levaram a abraçar o
sedevacantismo. Diria eu que o “objeto formal” utilizado está correto.

Considero o que você chama de “infalibilidade negativa” como sendo doutrina católica. Porém, não utilizo estes
termos, a saber: Infalibilidade Negativa e Infalibilidade Positiva. Utilizo, ao invés, os termos: Conservar o
Depósito da Fé e Transmitir o Depósito da Fé – que me são suficientes para comunicar minha opinião.

Se você me permitir, apesar de eu não ser um católico, ou podendo ser considerado modernista ou ímpio,
gostaria de conversar, pelo menos um pouco com você, a partir de sua posição sedevacantista. Não para te
converter, porque minha religião não aceita trabalhos missionários, mas apenas para que eu possa
compreender um pouco mais de sua lógica. Se você me conceder esta oportunidade, já te agradeço, senão,
paciência, porque ninguém é obrigado a fazer minha vontade.

Para começar, sem ainda receber o seu sinal, gostaria de lhe dizer:

{
{
1) Dúvida 1: Não compreendi ainda com base em que você compara o Magistério Pré Vaticano II com o
Magistério Pós Vaticano II. Com base em que? Documentos do Magistério, Encíclicas, Dogmas, Decretos?
}

{
–> Se Dúvida 1 for por meio de: Encíclicas, Dogmas, Decretos… –> Então,

2) Dúvida 2: Não compreendi ainda com base em que você dogmatiza uma Linguagem Teológica e excomunga
outras, como se somente uma linguagem pudesse ser utilizada para comunicar os Ensinamentos da Igreja.
}

.
.
.

{
3) Dúvida 3: Solicito a você o Anátema das outras linguagens.

–> Se Dúvida 3 for existe anátema de linguagens, –> Então,

4) Dúvida 4: Como você vê a realidade da diversidade da Linguagem Bíblica?

.
.
.

5) Afirmativa A: A Bíblia é Infalível em si mesma.
}

.
.
.

{
6) Afirmativa B: Álgebra != (é diferente de) Linguagem Verbal. Matemática é Matemática, Português etc é
outra linguagem. Latim não é Matemática.
}

.
.
.

{
7) Afirmativa C: Palavra é uma coisa, Realidade é outra. Não sou como Aristóteles que, segundo dizem,
afirmava que os surdos eram incapazes de pensar por não terem a Linguagem Verbal.

.
.
.

8) Afirmativa D: Existem diversas linguagens para se comunicar uma determinada Realidade.
}

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12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
.
.
.

{
9) Dúvida 5: Você se considera apto para dizer que Ensinamentos de “Papas” pré Vaticano II são contrários a
Ensinamentos de “Papas” pós Vaticano II? Qual é sua competência para fazer esta análise de forma
acertativa?
}

.
.
.

{
–> Se a Igreja Católica está obrigada ou condenada a utilizar somente uma Linguagem ou Terminologia para
comunicar o que deseja comunicar, –> Então,

10) Dúvida 6: Quem a obrigou ou a condenou?
}

.
.
.

{
–> Se não entendi o que você quis dizer, –> Então, é só deletar este comentário…
}
}

——————————————————————————–

Parece­me que existe um Rigorismo Terminológico nos meios Tradicionalistas, porque desde quando comecei a
frequentar igreja, a ir às aulas de Catecismo, aos meus 6 anos de idade, deparo­me com esta situação, até os
dias de hoje. É impressionante!!! Não sou adepto deste sistema. Acho uma coisa vergonhosa!

Talvez aí está a causa de se ver as heresias e apostasia do Vaticano II etc etc.

Também é impressionante, como uma igreja que pretende ser missionária adota uma Terminologia ou
Linguagem com exclusividade em condenação de outras!!!

———————————————————————————­

Att,

Vitor José
e­mail: vitorjosefaria@yahoo.com.br

Vitor José Faria de Oliveira 
12 novembro, 2015 às 11:57 am
Eu sempre digo: “Fora da Igreja há salvação”, porque não vejo isso contrariar o Dogma: “Fora da Igreja
não há salvação”.

# Princípio da Relatividade dos Anátemas:

Sim, os anátemas são relativos a circunstâncias e casos precisos.

Se você pronuncia uma sentença, verbalmente incorredora a um Anátema, então esta sentença não
necessariamente é anatematizada, mas pode ser uma maneira simples, coloquial, informal, porém válida e
lógica, de se expressar, ou de tentar expressar uma Realidade.

# Princípio da Estabilidade dos Dogmas:

Os dogmas não evoluem, mas permanecem os mesmos.

# Princípio da Evolução da Compreensão dos Dogmas:

A compreensão dos Dogmas evolui com o tempo.

# Princípio da distinção entre Dogma e Palavra:

O dogma é um ser distinto da palavra que o descreve.

# Princípio do ser da Palavra Dogmática:

As palavras, expressões ou sentenças utilizadas para expressarem os dogmas são meros meios artificiais
inventados pelo homem para tentar descrever o ser que é o dogma.

# Princípio da Limitação da Palavra Dogmática:

A palavra dogmática jamais consegue descrever ou expor a totalidade do dogma, visto ser impossível ao
homem conhecer toda a verdade, mas apenas parte dela.

————————————————

Aplicando estes Princípios ao Vaticano II:

Visto que a Linguagem utilizada pelo Vaticano II é diferente da Linguagem dos Anátemas, então não existe
Anátema contra Anátema na relação Vaticano II e Magistério anterior.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 54/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com

Isto já seria o suficiente para que não se tentasse anatematizar o Vaticano II.

———————————————–

Para os sedevacantistas que preferem a Linguagem dos Anátemas, lá vai um pra eles:

“Se, portanto, alguém disser não ser por instituição do próprio Cristo, ou seja, de direito divino, que o bem­
aventurado Pedro tem perpétuos sucessores no primado sobre a Igreja universal; ou que o Romano
Pontífice não é o sucessor do bem­aventurado Pedro no mesmo primado: seja anátema.” (Pastor Aeternus,
cap. 2).

“Decerto, “ninguém duvida, pois é um fato notório em todos os séculos, que o santo e beatíssimo Pedro,
príncipe e chefe dos Apóstolos, recebeu de nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador e Redentor do gênero
humano, as chaves do reino; e ele, até agora e sempre, em seus sucessores”, os bispos da santa Sé de
Roma, por ele fundada e consagrada com seu sangue, “vive” e preside e “exerce o juízo”.” (Pastor
Aeternus, cap. 2).

COMENTÁRIO:

São Pedro tem perpétuos sucessores no Primado da Igreja; São Pedro até agora e sempre, nos seus
sucessores, vive, preside e exerce o juízo; então, a Sé de Roma jamais fica vacante. Por isso, dizer que a Sé
de Roma está, esteve ou ficará vacante, é uma maneira simples, coloquial e informal, porém lógica e válida
de se expressar.

Obviamente, isto não incorre no Anátema do Cânon, da mesma forma como pode não incorrer em
Anátemas as expressões variadas do Vaticano II.

Agora, se um sedevacantista tem uma lógica rigorosa a ser aplicada ao Vaticano II, também o
sedevacantista deveria ter o mesmo nível de lógica para aplicá­la a si próprio.

————————————————­

Aberto a objeções e no aguardo de respostas… Dado meu endereço de e­mail acima.

Att,

Sandro de Pontes 
12 novembro, 2015 às 4:59 pm
Prezado Duarte, salve Maria

Você não admite, mas a verdade é esta; Paulo VI ao dizer que a liberdade religiosa conciliar é algo derivado da
revelação divina está afirmando que então este ensinamento conciliar é infalível.

A sua definição de MOU está totalmente equivocada. O que diz São Vicente de Lerins não é essencial para que
uma doutrina seja MOU. O raciocínio correto é o seguinte: se uma doutrina sempre foi crida em todo lugar e
em toda parte, ela faz parte do MOU, mas não é preciso ter sido sempre crida em todo lugar e em toda parte
para que realmente seja MOU. Uma doutrina pode não ter sido crida em todo lugar e em toda parte e hoje
pertencer ao MOU. Compreende?

Um Papa pode passar a ensinar uma doutrina em determinado momento e a partir de então tal doutrina pode
passar a ser aceita universalmente, tal doutrina pode passar a seu MOU, sendo que antes ela não era.
Inclusive, a meu ver, é o caso da doutrina da infalibilidade negativa: após tantos papas e tantos documentos
afirmá­la, hoje ela seria MOU, mas um dia não foi, em especial nos primórdios.

Abraços,

Sandro de Pontes

Vitor José Faria de Oliveira 
12 novembro, 2015 às 9:48 pm
Bem, dado o exposto, encerro neste momento a minha participação.

Duarte 
13 novembro, 2015 às 12:01 pm
Resposta nº IV

“Um Papa pode passar a ensinar uma doutrina em determinado
momento e a partir de então tal doutrina pode passar a ser
aceita universalmente, tal doutrina pode passar a seu MOU,
sendo que antes ela não era”.

Ocorre que existe uma série de condições para que essa sua
frase esteja correta e não descambe em negação da Doutrina.
Vou colocar aqui pelo menos a mais evidente dessas condições,
em que pese creio que os sedevacantistas – parece – não
sejam muito dados a considerar “condições”, não é mesmo?

A condição indispensável seria:

–> Essa nova doutrina teria que ser imposta DEFINITIVAMENTE
E PARA SEMPRE
(E definir algo destinado “aos homens de hoje” não preenche
esse quesito).

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 55/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Note que essa condição é tão essencial que ela
exste em qualquer “tipo” de infalibilidade:
seja do Magistério Ordinário, seja do Extraordinário,
seja do Papa, seja dos Bispos.

É nesse sentido que o “SEMPER” na definição de
São Vicente de Lérins pode se referir tanto ao passado
quanto ao futuro.
E o conceito dele é, sim, uma perfeita expressão do MOU.
(repare que, para defender o sedevacantismo,
você chega a chamar a mais tradicional definição de MOU,
elaborada pelo Santo de Lérins, de “não essencial”,
fazendo justamente aquilo que você acusa os tradicionalistas
de fazer: “passar em cima da doutrina”).

E eu lhe provo que essa condição é extremamente essencial
com um exemplo:

Admiti­se que os apóstolos acreditavam que a Segunda Vinda
do Senhor estava bem próxima. Alguns teólogos afirmam,
inclusive, que eles acreditavam que ela era bem iminente.

Então alguém poderia objetar que nesse ponto os apóstolos
se equivocaram (não foram infalíveis), e em matéria de FÉ.

E a resposta Teológica para isso é justamente o fato
de que os apóstolos jamais tiveram a intenção de estabelecer
UMA DOUTRINA DEFINITIVA nesse aspecto.
Entende? Vê que o erro sedevacantista
poderia colocá­lo em apuros diante de questões
bastante basilares?

No mais, eu lhe demonstrei (no item 2º da Resposta anterior),
que a DH NÃO DISSE que a Liberdade Religiosa
seja objeto da Revelação Divina, ela faz essa afirmação
quanto à DIGNIDADE HUMANA.
(percebe que o nome do documento, não por acaso,
chama­se “Dignitatis Humanae”, ou seja:
Dignidade Humana?). Ademais, isso está claramente expresso
no n. 9 daquela própria Declaração.

Em que pese sua “cegueira” nesse ponto me pareça
voluntária, vou demonstrar novamente o que diz a DH:

No nº 1 ela assim fala da “Liberdade Religiosa”:

“(…) capacidade de agir segundo a própria convicção e
com liberdade responsável, NÃO FORÇADOS POR COACÇÃO
mas levados pela consciência do dever”.

E lá no nº 9, retoma­se esse conceito de liberdade
religiosa, com as seguintes palavras:

(…) Com efeito, embora a REVELÇÃO NÃO AFIRME
expressamente o direito à IMUNIDADE DE COACÇÃO EXTERNA
em matéria religiosa, no entanto ela manifesta em toda
a sua amplidão a dignidade da pessoa humana (…).

Repare, portanto, que (no conceito da DH):
“Imunidade de coacção externa” = Liberdade Religiosa

Portanto, o que está sendo dito no nº 9 é justamente
que A REVELAÇÃO NÃO AFIRMA EXPRESSAMENTE O DIREITO
À ‘LIBERDADE RELIGIOSA’, no entanto (…).

Percebe? Creio que isso esteja de todo claro
(e na própria DH)…

Mas, infelizmente, talvez você prefira negar esse fato,
e contra toda a evidência.

Duarte 
13 novembro, 2015 às 1:19 pm
Errata:
Onde está: “Admiti­se”,
Ler: Admite­se.

Duarte 
13 novembro, 2015 às 10:58 pm
Resposta nº V

Prezado Sr. Pontes,

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 56/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Como disse anteriormente,
comentaremos agora, sucintamente,
sobre a infalibilidade.

Sabemos que a “ASSISTÊNCIA DA INFALIBILIDADE é
a preservação do erro, ou seja, é a vigilância
de Deus que dirige, ‘per se’ o homem a partir ‘de fora’,
para que o homem, como causa principal, proponha – sem erro –
a Palavra de Deus, tanto Revelada como Inspirada.
REVELAÇÃO é a palavra dirigida a por Deus ao homem.
INSPIRAÇÃO é a manifestação de Deus feita através de um homem.
ASSISTÊNCIA é a proteção dada por Deus para a palavra de um homem”.

Podemos entender essa infaliblidade
principalmente sob dois aspectos:

a) De acordo com o SUJEITO do Magistério Infalível

b) De acordo com o OBEJTO do Magistério Infalível

Segundo a primeira classificação (conforme o SUJEITO),
teremos o Magistério Infalível dos Bispos (Sucessores
dos Apóstolos) e o Magistério Infalível do Papa.

Em ambos os casos (Bispos e Papa) esse Magistério
tanto pode ser ORDINÁRIO como também EXTRAORDINÁRIO.

i) Ao Magistério ORDINÁRIO INFALÍVEL dos Bispos chamamos
Magistério Ordinário e Universal (MOU)

ii) Ao Magistério EXTRAORDINÁRIO INFALÍVEL dos Bispos,
chamamos Concílio (mas isso varia de acordo com o TIPO
de Concílio de que se está falando. Não trataremos
dessa questão aqui para não nos estendermos demais).

O Papa também goza de infaliblidade tanto em seu
Magistério Ordinário como em seu Magistério Extraordinário.

iii) Ao Magistério ORDINÁRIO INFALÍVEL do Papa também
podemos chamar MOU (no entanto, ele o exerce de modo
singular).

iv) O Magistério EXTRAORDINÁRIO INFALÍVEL do Papa
são as definições “Ex­Cathedra”.

E qual dessas seria a chamada “Infaliblidade Negativa”?

Responderíamos:

NENHUMA. Não devemos confundir a “Infalibilidade Negativa”
com Magistério Ordinário Infalível (MOU),
como parecem fazer os sedevacantistas.

Como dissemos no início, existe uma outra forma
de classificarmos a infaliblidade, que é segundo
seu OBJETO. E segundo o Objeto, podemos classificar
a infaliblidade em:

i) PRIMÁRIA, que são as Verdades Reveladas de ‘per se’

ii) SECUNDÁRIA (Indireta ou Negativa), que são as
chamadas “Verdades Virtualmente Reveladas”.

Portanto, é aqui nesse segundo grupo que
encontramos a chamada “Infalibilidade Negativa”
(conforme se percebe, o termo mais adequado seria
“Infalibilidade Secundária”, “Infaliblidade Indireta”
ou, penso eu, até mesmo “Infaliblidade Decorrente ou Derivada”).

E por que dizemos tudo isso?
Apenas para demonstrar que, novamente,
os sedevacantistas (no caso, você)
equivocam­se já na própria definição de “Infaliblidade
Negativa”.

Repare que nem mesmo podemos dizer que
o Concílio Vaticano I previu expressamente
a “infaliblidade negativa” (genericamente falando).
Nesse ponto, novamente você erra, Sr. Pontes, pois o CVI apenas
fez referência norminal ao MOU (Papa ou Bispos) e ao “Magistério
Ex­Cathedra” do Papa. Em ambos os casos, ele tratou apenas da
dita INFALIBLIDADE POSITIVA.

E isso porque, em ambos os casos, ele se referiu
àquilo que a Igreja propõe como de “REVELAÇÃO DIVINA”.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 57/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Ocorre que a infaliblidade indireta (ou negativa)
NÃO TEM POR OBJETO a “Revelação de Divina” em si mesma,
mas sim verdades DERIVADAS da Revelação.
Em outras palavras, o OBJETO SECUNDÁRIO DA INFALIBLIDADE
são as verdades que estão NECESSARIAMENTEA conectadas
com as Verdades Reveladas.

Em suma, seria da seguinte maneira:

i) REVELAÇÃO DIVINA Infaliblidade Positiva

ii) Verdades Conectadas Infalibilidade Indireta (Negativa)
com a Revelação Divina

E quais seriam essas “Verdades contectadas com a Revelação Divina?

Seriam aquelas verdades às quais, se as negarmos, negaríamos
também a própria VERDADE DIVINAMENTE REVELADA.

Por exemplo:

Nos primeiros séculos de Evangelização, os Sucessores dos Apóstolos
saíram por todo o mundo pregando a “Boa Nova” (MOU), incluindo
a Morte e Ressurreição de Cristo.
Ocorre que, para que alguém possa crer que Cristo morreu na Cruz
(Infalibilidade Positiva do MOU),
é preciso tomar como pressuposto uma verdade histórica:

A de que os romanos praticavam a Crucificação.

E se alguém negasse esse fato histórico (de que os romanos
praticaram a crucifixão)?
Então ele poderia estar negando, ainda que indiretamente,
a própria Morte e Ressurreição, sendo que esta
goza da infalibilidade POSITIVA do MOU,
posto que é objeto direto da própria REVELAÇÃO DIVINA.
Por isso, esse fato histórico (relativo à crucificação
pelos romanos) poderia ser considerada
uma “Verdade conectada com a Revelação Divina”.

Em vista disso, poderíamos dizer que a prática de crucificação pelos
romanos é uma verdade historicamente certa que poderia gozar
de infaliblidade indireta ou negativa (mas isso dependeria,
obviamente, de um juízo solene da Santa Sé), compreende?

E isso porque não podemos negá­la (essa verdade histórica)
sem prejuízo um dos elementos da Revelação (de que Cristo
foi Cruficicado).

Percebe que o conceito sedevacantista de infaliblidade
negativa é extremamente generalista, e está bem distante
do conceito Teológico?
—­

Mas, retornando ao CVI, eu havia citado o D 1792, que fala
da INFALIBLIDADE POSITIVA DO MOU (propor algo como DIVINAMENTE
REVELADO).

Comentando essa citação, você afirma: “Pena que você não colocou
a citação inteira, porque na sequencia é dito que
os fiéis devem subordinação hierárquica e obediência ao
Romano Pontífice não apenas nas questões que dizem
respeito à Fé e aos costumes, mas também naquelas que relativas à
disciplina e ao governo da Igreja difundida sobre toda a Terra”.

Ocorre que essa citação que você trouxe consta do D 1827
(ainda bem que eu não trouxe uma “citação completa” do D 1792
até o D 1827, não é?), que assim dispõe:

“1827. Ensinamos, pois, e declaramos que a Igreja Romana,
por disposição divina, tem o primado do poder ordinário sobre
as outras Igrejas, e que este poder de jurisdição do Romano
Pontífice, poder verdadeiramente episcopal, é imediato.
E a ela [à Igreja Romana] devem­se sujeitar, por dever de
SUBORDINAÇÃO HIERÁRQUICA E VERDADEIRA OBEDIÊNCIA,
os pastores e os fiéis de qualquer rito e dignidade,
tanto cada um em particular, como todos em conjunto, não só nas coisas
referentes à FÉ E AOS COSTUMES, mas também nas que se referem à
DISCIPLINA e ao regime da Igreja, espalhada por todo o mundo, de tal
forma que, guardada a unidade de comunhão e de fé com o Romano Pontífice,
a Igreja de Cristo seja um só redil com um só pastor.

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 58/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Esta é a doutrina católica, da qual ninguém pode se
desviar, sob pena de perder a fé e a salvação”.

Ocorre que essa citação não está se referindo à infaliblidade,
nem positiva, nem negativa. Ela está falando de OBEDIÊNCIA,
e eu creio já ter explicado essa distinção mais de uma vez.

E mesmo que se possa dizer que há menção indireta à infaliblidade,
só poderíamos encontrar:

a) Infalibilidade Positiva = “coisas referentes à Fé e aos Costumes”

b) Infaliblidade Indireta ­> “Disciplina” = Decretos Disciplinares*

(*Decretos Disciplinares são um SUBTIPO da Infaliblidade Indireta,
como demonstraremos à frente).

Assim, não há absolutamente nada nessa citação que contrarie
o que eu tenho dito. Não entendo sua insistência aqui.
Ou melhor, creio que entendo:
O problema é esse conceito sedevacantista TOTALMENTE EQUIVOCADO
a respeito da INFALIBLIDADE INDIRETA. Para os srs,
tudo que não é infalibilidade positva, é infaliblidade indireta.
Ou seja, tudo que vem do Magistério Ordinário seria
sempre infalível.

No mais, vocês ainda acabam achando que infaliblidade negativa
é sinônimo de MOU. Que obediência é sinônimo de infaliblidade negativa.
E que “disciplina” refere­se a qualquer definição magisterial…

Lamento dizer, mas os srs só fazem é criar um grande imbróglio
em torno desses conceitos. Então não é de se admirar que
as pessoas fiquem confusas ao debater esses temas com sedevacantistas.
No mais, devo lhe informar que não é isso que ensina a Teologia.
Para esta, todos esses conceitos são bem claros e definidos,
bem como têm CONDIÇÕES E LIMITES
(e essas condições e limites não podem ser livremente
ignorados pelos srs, como se lá elas estivessem apenas
para enfeite…).

Ainda, por falar em Teologia, você novamente se equivoca
ao afirmar, insistentemente, que a “infaliblidade negativa
foi definida pelo Magistério aqui e acolá”.

Podemos admitir que, por uma interpretação pessoal sua
(ou dos sedevacantistas), a infaliblidade indireta COMO UM TODO
esteja TOTALMENTE EXPRESSA na doutrina magisterial.
Mas, do ponto de vista teológico, você faz aqui mais uma
GENERALIZAÇÃO inadequada.

Explico:

A INFALIBLIDADE INDIRETA (ou NEGATIVA) se divide da
seguinte maneira (conforme o nº 701 da Suma):

a) Verdades Especulativas conectadas com as verdades reveladas

b) Fatos Dogmáticos (que também podem ser Históricos)

c) Decretos dispositivos conectados, quanto à finalidade,
com as verdades reveladas. Estes se subdividem em:

c.1. Decretos Disciplinares em Geral
c.2. Canonizações dos Santos
c.3. Aprovações das Ordens Religiosas

De todos esses elementos (da Infaliblidade Indireta) que citei,
APENAS quanto aos itens a) e c.1. podemos dizer, com o consenso
geral dos teólogos, estar amparado EXPRESSAMENTE no
Magistério da Igreja.

No caso dos “Decretos Disciplinares” (c.1), segundo os teólogos,
está previsto justamente na Auctorem Fidei (LXXVIII),
conforme havíamos comentando anteriormente
[Resposta nº I, item 8].

Nos demais casos (itens b); c.2 e c.3), podemos dizer que são
doutrinas ao menos TEOLOGICAMENTE CERTAS (veja, assim pensam
os teólogos, independemente de possíveis interpretações
pessoais suas. Não vou explorar as características e
condições peculiares de cada um desses itens para
não me delongar demais).

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 59/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Repare, contudo, que NÃO ESTOU trazendo isso para negar
validade a qualquer desses subtipos de infalibilidade indireta.
Estou dizendo isso apenas que fique atento com as
generalizações, bem como para provar o que eu havia dito
anterioremente (de que a interpretação correta de infalibilidade
negativa não se confunde com a posição teológica dos
sedevacantistas).

Ademais, diferentemente do que possam dizer os sedevacantistas,
a infaliblidade indireta NÃO ESTÁ amparada no MOU naquele
sentido a que se refere o CVI (D 1792),
a não ser que algum Papa (ou a universalidade dos Bispos,
sob a autoridade do Papa) digam que a infaliblidade negativa
seja objeto de REVELAÇÃO DIVINA, de modo que se deva aceitá­la com
ASSENTIMENTO ABSOLUTO (n.s 615, 645 e 648 da Suma).

Na verdade, como demonstramos, a Infalibilidade Indireta
seria UM DOS objetos do Magistério Ordinário.
Mas o MOU NÃO SE CONFUNDE com a infaliblidade
indireta.

Melhor explicando:

Quando um Papa ou Bispos propõem algo para a Universalidade
dos fiéis, algo que deve ser aceito como por
REVELAÇÃO DIVINA (o que exige um assentimento ABSOLUTO
dos fiéis), temos o MOU.

No entanto, existem situações em que o Papa não pretenderá
impor algo para a Universalidade dos fiéis como oriundo
da REVELAÇÃO DIVINA, mas se tratará de uma situação solene em
que ele pretenderá fazer uso da assistência
infalível do Espírito Santo (Poder das Chaves).
Um exemplo disso seria quando ele pretende aprovar a
DEFINITIVAMENTE uma Ordem Religiosa (isso NÃO se trataria
de objeto DIRETO da Revelação Divina).
Mas mesmo assim o Papa poderia fazer uso do Poder das Chaves
(definir infalivelmente) e, nesse caso, estaríamos falando da
INFALIBLIDADE INDIRETA, e não especificamente de MOU.

Nas demais hipóteses (que não se trate da infaliblidade positiva
e nem de infaliblidade indireta), teremos Magistério Ordinário
NÃO­INFALÍVEL. Seria o caso, por exemplo, de uma homilia
de um Bispo ou do próprio Papa, bem como quando um Papa
redige uma Encíclica sobre “Economia Moderna”, por exemplo.

Nessas hipóteses, o Papa NÃO ESTARIA ASSISTIDO
PELA INFALIBLIDADE. Compreende?

Ou seja: A infaliblidade Indireta é UM DOS OBJETOS DO MOU,
mas com ele não se confunde (já que o MOU também poderá fazer uso
da Infalibilidade Positiva, como prevê expressamente o D 1792
do CVI). Ademais:

i) Nem tudo que vem do Papa e dos Bispos é MOU;
ii) Nem tudo que vem do Papa e dos Bispos está assistido
pela infaliblidade (positiva ou negativa);
iii) Em qualquer outra hipótese que não se refira
à infaliblidade positiva (Revelação Divina) e nem
à infaliblidade negativa (itens a), b) e c) anteriores),
teremos Magistério Ordinário NÃO­INFALÍVEL.

Por fim, podemos esclarecer alguns pontos de nossa
discussão da seguinte forma:

1) A Auctorem Fidei refere­se expressamente
apenas aos “DECRETOS DISCIPLINARES”, que é um subtipo
dentro da Infaliblidade Indireta.
2) Não devemos confundir os conceitos de MOU com Infaliblidade
Negativa.
3) Não devemos fazer confusão entre obediência devida ao Magistério
nos temas em geral com infaliblidade negativa (que se refere
a temas específicos), já que, como vimos, não há qualquer
amparo teológico para isso.
4) Quando o Papa não está assistido pela infalibilidade
(nem negativa, nem positiva), ele exerce Magistério Ordinário
NÃO­INFALÍVEL.

Creio que concordamos ao menos em 1) e 2), certo?

https://fratresinunum.com/2015/10/30/a­igreja­pode­depor­um­papa­herege/ 60/61
12/01/2017 A Igreja pode depor um Papa herege? | Fratres in Unum.com
Penso que logo perceberá que também há equívoco em sua posição
quanto ao item 3). E esse seria um avanço fulminante
em desfavor da tese sedevacantista.
Finalmente, o ponto 4) é a própria negação do sedevacantismo.

Se nos for possível,
comentaremos ainda as distintas formas de acepção do
Magistério segundo a Teologia.
Isso tornaria ainda mais claro o equívoco
sedevacantista quanto ao ponto 3).

No mais, acredito ter abordado sucintamente todos os pontos
que propus que discutíssemos naquela “nota de esclarecimento”:

Número 2) =====> Resposta nº V

Item 3.ii) =====> Resposta nº I e comentários anteriores

Item 3.iii) ===> Resposta nº V

Item 3.iv) ====> Respostas ns II, III e IV

Item 3.v) =====> Respostas ns II e V

Assim, por ora
agradeço­lhe pela frutuosa discussão sobre
temas de tão elevado valor.

Espero que, nesses tristes tempos em que vivemos,
possamos continuar sempre na busca sincera pela posição
que possa ser a mais agradável a Deus.

Salve Maria.

    

“Ecce quam bonum et Santo Ezequiel Moreno Nota da edição: Cor Iesu Sacratissimum,


quam jucundum habitare miserere nobis!
fratres in unum” A  mera  veiculação  de  matérias  e
entrevistas  não  significa,
necessariamente,  adesão  às  idéias
nelas contidas.  Do  mesmo  modo,  os
"Oh,  como  é  bom,  como  é  agradável
links  aqui  elencados  devem  ser
para  irmãos  unidos  viverem  juntos"
considerados  à  luz  do  objetivo
(Salmos, 132, 1).
informativo  deste  blog,  não  sendo  a
simples  indicação  garantia  da
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encerrado  automaticamente  após me  tenhais  dado?…  Que  sei  eu  que
Esta é a paz da Igreja. quinze dias de publicação do post. Não Vós  não  me  tenhais  ensinado?…  Que
valho  eu  se  não  estou  ao  vosso  lado?
serão  aprovados  os  comentários
"...  muitos  dos  que  se  dizem  católicos escritos  integralmente  em  letras Que  mereço  eu,  se  a  Vós  não  estou
ajudam  os  «revolucionários»  .  São maiúsculas.  A  edição  deste  blog  se unido?…  Perdoai­me  os  erros  que
"E  sim,  peçamos  a  paz,  tal  como  é esses,  sempre  «moderados»,  que reserva  o  direito  de  excluir contra  Vós  tenho  cometido.  Pois  me
compreendida  e  desejada  pelos  filhos estimam  a  «tranquilidade  pública» qualquer artigo ou comentário  que criastes  sem  que  o  merecesse…  E  me
de  Deus;  uma  paz  digna  deste  nome, como  o  bem  supremo.  Esses  católicos julgar  oportuno,  sem  demais redimistes  sem  que  Vo­lo  pedisse…
que  a  Sagrada  Escritura  de  modo tolerantes,  condescendentes,  brandos, explicações. Todo material deste site é Muito  fizestes  ao  me  criar,  muito  em
algum separa da Verdade, da Justiça e doces,  amáveis  ao  extremo  com  os de livre difusão, contanto que um link me  redimir,  e  não  sereis  menos
da  Graça;  esta  é  a  paz  da  Igreja:  o maçons  e  furiosos  inimigos  de  Jesus remeta à sua fonte. generoso  em  perdoar­me.  Pois  o
tranquilo  cumprimento  da  lei  cristã,  o Cristo,  guardam  todo  seu  mau  humor muito  sangue  que  derramastes  e  a
pacífico  desenvolvimento  das  obras  da para  os  que  gritam  «Viva  a  Religião!» acerba  morte  que  padecestes  não
Fé  e  Caridade,  a  afirmação  pública  da e  a  defendem  sofrendo  contínuas foram  pelos  anjos  que  Vos  louvam,
verdade  e  dos  preceitos  do  Evangelho, penalidades  e  expondo  suas  vidas. senão  por  mim  e  demais  pecadores
a  conformidade  das  leis  e  instituições Para  eles,  esses  últimos  são que  Vos  ofendem…  Se  Vos  tenho
humanas  com  a  doutrina  e  o «exagerados  e  imprudentes,  que  tudo negado, deixai­me reconhecer­Vos; Se
ensinamento  moral  de  Jesus  Cristo,  a comprometem  com  prejuízo  dos Vos tenho injuriado, deixai­me louvar­
contínua  resistência  ao  Príncipe  das interesses da Igreja» ". Vos;  Se  Vos  tenho  ofendido,  deixai­
Trevas  e  a  todos  aqueles  que me  servir­Vos.  Porque  é  mais  morte
propagam as suas perversas máximas" que  vida,  a  que  não  empregada  em
­  Dom  Giuseppe  Melchiorre  Sarto, vosso  santo  serviço…  ­  Padre Mateo
então  bispo  de  Mântua  ­­  futuro Crawley­Boevey
São  Pio  X,  alocução  de  3  de
setembro de 1889.

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