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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.

com

O Pontificado de Francisco

« Pastor com cheiro de ovelha. | Coluna do Padre Élcio: O desvirtuamento dos documentos pontifícios
aproveita aos comunistas. » Oremus pro Pontifice
nostro.

Sobre a questão de um papa herege.


Por Dom Athanasius Schneider | Tradução: José Antonio Ureta

Em toda a tradição católica, a questão de como se comportar com um papa herético ainda não foi tratada, em termos
concretos, de modo a obter algo que se assemelhe a um verdadeiro consenso geral. Até agora, nem um papa nem um concílio
ecumênico formularam declarações doutrinárias relevantes ou emitiram normas canônicas vinculantes sobre como lidar com um
papa herético durante o período de seu mandato.

Leia | Nota da edição:


A mera veiculação de
matérias e entrevistas não
significa, necessariamente,
adesão às idéias nelas
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Dom Anthanasius Scheider e Papa Francisco. explicações. Todo material
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Não há nenhum caso histórico de perda de um pontificado por um papa durante seu mandato devido à heresia ou suposta remeta à sua fonte.
heresia. O Papa Honório I (625-638) foi excomungado postumamente por três concílios ecumênicos (o Terceiro Concílio de
Constantinopla de 681, o Segundo Concílio de Nicéia de 787 e o Quarto Concílio de Constantinopla de 870) porque apoiou a Siga-nos no Twitter!
doutrina herética daqueles que promoveram o Monotelismo, contribuindo assim para espalhar esta heresia. Na carta com a qual
ele confirmou os decretos do Terceiro Concílio de Constantinopla, o Papa São Leão II (682-683) lançou o anátema sobre o Papa
Honório (” anathematizamus Honorium”), afirmando que seu predecessor “não esclareceu esta Igreja apostólica com a doutrina
da tradição apostólica, mas procurou subverter a fé imaculada com uma traição ímpia” (Denzinger-Schönmetzer, 563).

O Liber Diurnus Romanorum Pontificum, uma coleção heterogênea de formas usadas na chancelaria papal até o século 11,
contém o texto do juramento papal, segundo o qual todo novo papa, ao tomar posse, tinha que jurar que “reconhece o Sexto Seguir @FratresInUnum
Concílio Ecumênico que golpeou com eterno anátema os criadores da heresia (monotelita), Sérgio, Pirro etc., juntamente com
Honório” (PL 105, 40-44). Busca:
Search...
Em alguns Breviários até o século XVI e XVIII, o Papa Honório foi mencionado como herege nas lições das Matinas do 28 de
junho, festa de São Leão II: “In synodo Constantinopolitano condemnati sunt Sergius, Ciro, Honório, Pirro, Paulus e Petrus nec Assine nosso blog!
non et Macarius, cum discipulo seu Stephano, sed et Polychronius et Simon, qui unam voluntatem et operationem in Domino
Jesu Christo dixerunt vel praedicaverunt”. A presença desta leitura em alguns Breviários ao longo de muitos séculos mostra que
muitas gerações de católicos não consideraram escandaloso que um papa em particular, e em um caso muito raro, tenha sido
considerado culpado de heresia ou de favorecer a heresia. Naqueles tempos, os fiéis e a hierarquia da Igreja distinguiam

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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
claramente entre a indestrutibilidade da fé católica divinamente garantida pelo Magistério da Sé de Pedro e a infidelidade e
traição de um único papa no exercício concreto de seu ofício magistral.

Dom John Chapman, em seu livro “A Condenação do Papa Honório” (Londres, 1907), explica que o Terceiro Concílio Ecumênico
de Constantinopla, que lançou o anátema sobre o Papa Honório, determinou uma clara distinção entre o erro de um único papa
e a inerrância na fé da Sé Apostólica como tal. Na carta ao papa Agatão (678-681) pedindo-lhe para aprovar as decisões
conciliares, os Padres do Terceiro Concílio Ecumênico de Constantinopla afirmam que Roma tem uma fé infalível, promulgada
com autoridade para toda a Igreja pelos bispos da Sé Apostólica, os sucessores de Pedro. Pode-se perguntar: como foi possível
o Terceiro Concílio Ecumênico de Constantinopla afirmar isso e, ao mesmo tempo, condenar um papa como herege? A resposta
Assine por e-mail!
é bem clara. Papa Honório era falível, ele estava errado, ele era um herege, precisamente porque não reafirmou com
Digite seu email e receba em
autoridade, como devia, a tradição petrina da Igreja Romana. Ele não apelou para essa tradição, mas simplesmente aprovou e sua caixa postal todas as
espalhou uma doutrina incorreta. Mas, uma vez desaprovadas por seus sucessores, as palavras do Papa Honório I tornaram-se nossas atualizações.

inofensivas para a inerrância na fé da Sé Apostólica. Elas foram reduzidas ao seu verdadeiro valor, ou melhor, à mera expressão Insira seu endereço de e
de sua opinião pessoal.
Siga!
O papa Santo Agatão não se deixou confundir e nem abalar pelo comportamento deplorável de seu predecessor Honório I, que
contribuiu para espalhar a heresia, mas manteve sua visão sobrenatural na inerrância da Sé de Pedro ao ensinar a fé, como Comentários
Paulo em E-Book grátis:
escreveu aos imperadores em Constantinopla: “Esta é a regra da verdadeira fé, que esta mãe espiritual do seu pacífico império, “Como o Vaticano II serve
a Igreja Apostólica de Cristo (a Sé de Roma) sempre manteve e defendeu com energia tanto na prosperidade como na à Nova Ordem Mundial” – A
conferência escrita de
adversidade; que, pela graça do Deus Todo-Poderoso, como será demonstrado, ela nunca se desviou do caminho da tradição Mons. Viganò.
apostólica, nem foi ela adulterada cedendo a inovações heréticas, mas desde o princípio recebeu a fé cristã de seus fundadores, Nilo Fujimoto em IPCO:
Urgente apelo para resistir
os príncipes dos Apóstolos de Cristo, e permanecerá inalterada até o final, de acordo com a promessa divina do mesmo Senhor à traição e ruína
Salvador, que anunciou nos Santos Evangelhos ao príncipe dos seus discípulos, dizendo: “Simão, Simão, eis que Satanás vos do Ocidente.
PAULO ROBERTO VIELMO
reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez,
em A pressa gay e a
confirma os teus irmãos.” (Ep. “Considerando mihi” ad Imperatores ). divisão da Igreja.
V. A. Custodio em E-Book
Dom Prosper Guéranger deu uma breve e lúcida explicação teológica e espiritual deste caso concreto de um papa herege, grátis: “Como o Vaticano II
serve à Nova Ordem
dizendo: “Que aplausos nos abismos quando, um dia, o representante d’Aquele que é a luz apareceu como cúmplice do poder Mundial” – A conferência
das trevas para trazer a noite! Uma nuvem pareceu interpor-se entre o céu e os montes onde reside Deus no seu vigário; sem escrita de Mons. Viganò.
Maria em E-Book grátis:
dúvida, o aporte social da intercessão não tinha sido como que devia” (L’Année liturgique, Paris 1911, vol. 3, p. 403).. “Como o Vaticano II serve
à Nova Ordem Mundial” – A
Há também o fato de que por dois mil anos nunca houve um caso em que um papa foi declarado deposto por causa do crime de conferência escrita de
Mons. Viganò.
heresia durante seu pontificado. O papa Honório I foi anatematizado somente após sua morte. O último caso de um papa
herege ou quase herético foi o do Papa João XXII (1316-1334), quando ensinou a teoria segundo a qual os santos desfrutariam Oremos pelo clero.
da visão beatífica somente após o Julgamento Universal, na segunda vinda de Cristo. O caso foi abordado da seguinte maneira:
houve admoestações públicas (da Universidade de Paris e do rei Filipe VI da França), uma refutação das teorias papais por meio
de várias publicações teológicas e uma correção fraterna do cardeal Jacques Fournier, que mais tarde sucedeu João XXII com o
nome de Bento XII (1334-1342).

A Igreja, nos raros casos concretos de um pontífice que incorre em sérios erros teológicos ou heresias, certamente pode
continuar a viver. A prática da Igreja até agora tem sido deixar o julgamento final sobre um papa herético reinante para seus
sucessores ou para um futuro concílio ecumênico, como no caso do papa Honório I. O mesmo provavelmente teria acontecido
com o papa João XXII, se ele não tivesse se retratado de seu erro.

Os pontífices foram depostos várias vezes por poderes seculares ou por grupos criminosos. Isso aconteceu especialmente
durante o “saeculum obscurum”, o chamado século escuro (século X e XI), quando os imperadores alemães depuseram vários
papas indignos, não por causa de heresia, mas por causa de sua escandalosa vida imoral e seus abusos de poder. No entanto,
eles nunca foram depostos por meio de um procedimento canônico, sendo isso impossível por causa da estrutura divina da
Igreja. O papa recebe sua autoridade diretamente de Deus e não da Igreja; portanto, a Igreja não pode depô-lo, por qualquer Deixai, ó Jesus, que em
motivo que seja. vosso Coração Eucarístico,
depositemos as mais
ardentes preces pelo nosso
É um dogma de fé que o papa não pode proclamar uma heresia quando ensina ex cathedra. Esta é a garantia divina de que as clero. Multiplicai as vocações
portas do inferno não prevalecerão contra a cátedra veritatis, que é a Sé Apostólica do Apóstolo São Pedro. Dom John sacerdotais em nossa pátria;
atraí ao vosso altar os filhos
Chapman, especialista na história da condenação do Papa Honório I, escreve: “A infalibilidade é, por assim dizer, o vértice de do nosso Brasil; chamai-os
uma pirâmide. Quanto mais solenes os pronunciamentos da Sé Apostólica, mais podemos ter certeza da sua verdade. Quando com instância ao vosso
ministério!
eles atingem o máximo da solenidade, ou seja, quando eles são ex cathedra em senso estrito, a possibilidade de erro é
Conservai na perfeita
completamente eliminada. A autoridade de um papa, mesmo nas ocasiões em que não é realmente infalível, deve ser obedecida fidelidade ao vosso serviço
e reverenciada. Que possa estar do lado errado é uma contingência que a história e a fé mostram como possível “(The aqueles a quem já
chamastes; afervorai-os,
Condenation of Pope Honourius, Londres, 1907, p. 109). purificai-os, santificai-os, não
permitindo que se afastem
Se um papa espalha erros doutrinários ou heresias, a estrutura divina da Igreja já fornece um antídoto: a suplência ministerial do espírito de vossa Igreja.

dos representantes do episcopado e do indefectível sensus fidei dos fiéis. Nesta matéria, o fator numérico não é decisivo. Basta Não consintais, ó Jesus nós
Vos suplicamos, que debaixo
ter apenas um par de bispos que proclamam a integridade da fé e, assim, corrigem os erros de um papa herege. É suficiente do céu brasileiro sejam, por
mãos indignas, profanados
que os bispos instruam e protejam seu rebanho dos erros de um papa herege e que seus sacerdotes e os pais de famílias
os vossos mistérios de amor.
católicas façam o mesmo. Além disso, como a Igreja é também uma realidade sobrenatural, um mistério, um único organismo Com instância vos pedimos:
deixai que a misericórdia de
sobrenatural, o Corpo Místico de Cristo, os bispos, padres e fiéis leigos – além de correções, apelos, profissões de fé e vosso Coração vença a vossa
resistência pública – devem necessariamente realizar atos de reparação e de expiação à Divina Majestade pelas heresias do justiça divina por aqueles
que se recusaram à honra da
Papa. De acordo com a constituição dogmática Lumen gentium (cf. n° 12) do Concílio Vaticano II, todo o corpo de fiéis não pode vocação sacerdotal, ou
errar na fé, quando desde os bispos até os últimos fiéis leigos compartilham um consenso universal numa matéria de fé e desertaram das fileiras
sagradas.
moral. Mesmo que um papa esteja espalhando erros teológicos e heresias, a Fé da Igreja como um todo permanecerá intacta
Por vossa Mãe, Maria
por causa da promessa de Cristo sobre a assistência especial e a presença permanente do Espírito Santo, o Espírito da verdade, Santíssima, Rainha dos
em sua Igreja (cf. Jo 14,17; 1 Jo 2,27). Sacerdotes, atendei, Jesus, a
esta nossa insistente oração.

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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Quando, por uma permissão inescrutável de Deus, em um determinado momento da história e em um caso muito raro, um Ó Maria, ao vosso coração
confiamos o nosso clero:
papa espalha erros e heresias através de seu magistério ordinário e quotidiano não infalível, a Providência divina desperta ao guiai-o, guardai-o, protegei-
o, salvai-o!
mesmo tempo o testemunho de alguns membros do colégio episcopal e também os fiéis, para compensar as falhas temporárias
Cardeal Leme
do Magistério Pontifício. Deve ser dito que tal situação é muito rara, mas não impossível, como mostra a história da Igreja. A
Igreja é verdadeiramente um único corpo orgânico, e quando há uma enfermidade ou falha na cabeça (o papa), o resto do Blogroll
corpo (os fiéis) ou partes eminentes dele (os bispos) compensam os erros papais temporários. Um dos exemplos mais famosos Missa Gregoriana
e trágicos de tal situação ocorreu durante a crise ariana do século quarto, quando a pureza da fé foi mantida não tanto pela Missa Tridentina no Brasil
ecclesia docens (papa e episcopado), mas pela ecclesia docta (os fiéis), como afirmou o Bem-aventurado John Henry Newman. Romanes.com
WordPress.com
A teoria ou opinião da perda do ministério papal por deposição ou por declaração da perda ipso facto, identifica implicitamente o WordPress.org
papa com toda a Igreja ou manifesta a atitude doentia de um “centrismo papal”, em última análise, de papolatria. Os
Blogs católicos
defensores dessa opinião (especialmente alguns santos) manifestaram um ultramontanismo exagerado ou “centrimo papal”,
A Casa de Sarto
fazendo do pontífice uma espécie de semi-deus, que não pode cometer erros, mesmo em assuntos fora do objeto da Arena da Teologia
infalibilidade papal. Assim, um papa que comete erros doutrinários – o que teórica e logicamente inclui também a possibilidade §|Olhar Católico|§
de cometer o mais grave erro doutrinário, isto é a heresia – é insuportável ou impensável para os seguidores dessa opinião (ou Bénédictins de l’Immaculée
seja, a deposição de um papa e a perda de seu ofício por causa da heresia), mesmo se o papa incorre nesses erros em questões Blog da Fraternidad de
Cristo Sacerdote y Santa
alheias ao objeto da infalibilidade papal. María Reina
Blog do Andrea Tornielli
A teoria ou opinião teológica de que um papa herege pode ser deposto ou vir a perder o cargo era desconhecida no primeiro Blog do Angueth
milênio. Originou-se apenas no início da Idade Média, numa época em que o papo-centrismo atingia o seu auge, quando o papa Blog do Pe. De Tanouarn,
IBP
foi inconscientemente identificado com a Igreja inteira. Isto já prefigurava, em sua raiz, a atitude mundana de um príncipe
Blog do Pe. Demets, FSSP
absolutista segundo o lema: “L’État, c’est moi!” Ou, em termos eclesiásticos: “Eu sou a Igreja!”.
Blog do Pe. Laguerie, IBP
Blogonicus
A opinião de que um papa herege perde seu ofício ipso facto tornou-se comum entre os teólogos desde o início da Idade Média
Canal Maria Santíssima
até o século XX. Continua, porém, sendo uma mera opinião teológica e não um ensinamento da Igreja e, portanto, não pode
Católico Apostólico Romano
reivindicar o título de um verdadeiro ensinamento constante e perene da Igreja, uma vez que nenhum concílio ecumênico e Católicos Alerta!
nenhum papa apoiaram explicitamente essa opinião. De fato, a Igreja condenou um papa herético, mas somente após sua Catholic Cartoon Blog
morte e não durante seu pontificado. Mesmo que alguns doutores sagrados da Igreja (por exemplo, S. Roberto Bellarmino e S. Catholic Church
Conservation
Francisco de Sales) apoiem tal opinião, isso não prova sua certeza ou um consenso doutrinário universal. Até os doutores da
Contos de Ouro
Igreja incorreram em erros; foi, por exemplo, o caso de São Tomás de Aquino sobre a questão da Imaculada Conceição, da Contra Impugnantes
matéria do sacramento da Ordem ou o caráter sacramental da ordenação episcopal. Courrier Sud
Creer en Mexico
Houve um período na Igreja em que, por exemplo, prevaleceu uma opinião teológica comum, objetivamente errada, segundo a Cruzados de Maria
qual a entrega dos instrumentos era a matéria do sacramento da Ordem; uma opinião, no entanto, que não podia invocar Dappled Photos
antiguidade ou universalidade, mesmo que tivesse sido apoiada por um papa (pelo decreto de Eugênio IV) por um tempo Deus lo vult!

limitado ou por livros litúrgicos (também por um curto período). Essa opinião comum foi, no entanto, corrigida por Pio XII em Devoción Católica
Disputationes Theologicae
1947. (Francês)
Disputationes Theologicae
A teoria da deposição de um papa herético ou da perda de seu cargo ipso facto devido à heresia é apenas uma opinião (Italiano)
teológica, que não satisfaz as categorias teológicas necessárias de antiguidade, universalidade e consenso (semper, ubique, ab Excerptos ou Fragmentos
omnibus ). Não houve declarações do Magistério universal ordinário ou do Magistério pontifício em apoio às teorias da deposição Exsurge Domine
Extra Ecclesiam Salus Nulla
de um papa herege ou da perda de seu ofício ipso facto por causa da heresia. Segundo uma tradição canônica medieval,
Família Beatae Mariae
posteriormente coletada no Corpus Juris Canonici (a lei canônica válida na Igreja latina até 1918), um papa poderia ser julgado Virginis
em caso de heresia: “Papa a nemine est iudicandus, nisi deprehendatur a fide devius”, quer dizer, que “o papa não pode ser Fiéis Católicos de Maringá
julgado por ninguém, a menos que seja flagrado desviando-se da fé “(Decretum Graciano, Prima Pars, dist. 40, c. 6, 3. pars). O Fiéis Católicos de Ribeirão
Preto
Código de Direito Canônico de 1917, no entanto, eliminou a norma do Corpus Juris Canonici, que falava de um papa herético. O
Fides et Ratio
Código de Direito Canônico de 1983 também não prevê essa regra. Fora da Igreja não há
Salvação
A Igreja sempre ensinou que até mesmo uma pessoa herética, automaticamente excomungada por causa de heresia formal, Fraternidad de Cristo
pode validamente administrar os sacramentos e que, em um caso extremo, um padre herege ou excomungado também pode Sacerdote y Santa Maria
Reina
exercer um ato de jurisdição dando a um penitente a absolvição sacramental. As regras eleitorais papais, válidas até Paulo VI, Grupo Dom Bosco – Foz do
ele incluído, admitiam que mesmo um cardeal excomungado podia participar da eleição e ser eleito papa: “Nenhum cardeal Iguaçu
Hallowedground
eleitor pode ser excluído da eleição, ativa e passiva, do Sumo Pontífice, por causa ou com o pretexto de excomunhão,
Holy Smoke – Damian
suspensão, interdito ou qualquer outro impedimento eclesiástico; estas censuras devem ser consideradas suspensas, mas Thompson
apenas para os fins dessa eleição” (Paulo VI, Constituição Apostólica Romano Pontifice eligendo , 35). Esse princípio teológico Igreja Una
também deve ser aplicado ao caso de um bispo herege ou de um papa herege, que, apesar de suas heresias, pode validamente Il Magistero di Benedetto
XVI
realizar atos de jurisdição eclesiástica e, portanto, não perde o cargo ipso facto devido à heresia.
In Praelio!
Juventutem Londrina
A teoria teológica ou opinião que permite a deposição de um papa herege ou a perda de seu ofício ipso facto devido à heresia é
Juventutem Michigan
praticamente impraticável. Se fosse aplicada na prática, criaria uma situação semelhante à do Grande Cisma, que a Igreja já
Juventutem Niterói
experimentou desastrosamente no final do século XIV e início do século XV. Na verdade, sempre haverá uma parte do Colégio Khristianós Arte Sacra
Cardinalício e uma parte considerável do episcopado mundial e também dos fiéis que não vai concordar em considerar um erro La Buhardilla de Jerónimo
material (ou erros materiais) do papa como heresia formal (heresias formais), e, portanto, continuará a considerar o papa La cigüeña de la torre
Lavras Resiste!
reinante como o único papa legítimo.
Le Salon Beige
Um cisma formal, com dois ou mais pretendentes ao trono papal – que também será uma consequência inevitável da deposição Livraria Resistência Cultural

canônica de um papa – necessariamente causará mais danos à Igreja como um todo do que um período relativamente curto e Lumen et Dulcedo
Marco Tosatti
muito raro em que um papa espalhe erros doutrinais ou heresias. A situação de um papa herege será sempre relativamente
Música Litúrgica Católica
curta, se comparada aos dois mil anos de existência da Igreja. Neste caso raro e delicado, devemos deixar margem para uma Messa in Latino
intervenção da Divina Providência. Missa aos Domingos.
Missa Tridentina em Belo
A tentativa de depor um papa herege a qualquer custo é sinal de um comportamento demasiadamente humano, o que Horizonte
eventualmente reflete uma relutância em suportar a cruz temporária de um pontífice herético. Talvez reflita também o

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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
sentimento por demais humano da raiva. Em todo caso, oferecerá uma solução excessivamente humana e, como tal, Missa Tridentina em Betim
– MG
semelhante ao comportamento na política. A Igreja e o Papado são realidades que não são puramente humanas, mas também Missa Tridentina em Brasília
divinas. A cruz de um papa herege – mesmo quando de duração limitada – é a maior cruz imaginável para toda a Igreja. Missa Tridentina em
Portugal
Outro erro na intenção ou tentativa de destituir um papa herético consiste na identificação indireta ou subconsciente da Igreja Missa Tridentina em São
Carlos
com o Papa ou em fazer do Papa o ponto focal da vida cotidiana da Igreja. Isso, em última instância, significa ceder
O Cristão Comprometido
subconscientemente a um ultramontanismo doentio, ao papo-centrismo e à papolatria, isto é, ao culto à personalidade papal.
O Fiel Católico
O Possível e O
Na verdade, houve períodos na história da Igreja quando, por um tempo considerável, a Sé de Pedro permaneceu vacante. Por Extraordinário
exemplo, de 29 de novembro de 1268 a 1° de setembro de 1271, não houve papa nem antipapa. Portanto, os católicos não O Segredo do Rosário
devem fazer do pontífice, de suas palavras e de suas ações, o foco diário de sua atenção. O Tradicionalista
O Ultrapapista Atanasiano
Os filhos de uma família podem ser deserdados. No entanto, o pai de uma família não pode ser deserdado, não importa quão Oblatvs
culposamente ou monstruosamente ele se comporte. Esta é a lei da hierarquia que Deus estabeleceu até na criação. O mesmo Olhar Católico
se aplica ao papa, que durante o seu mandato é o pai espiritual de toda a família de Cristo na terra. No caso de um pai Orate Fratres
Orbis Catholicvs
criminoso ou monstruoso, as crianças devem retirar-se dele ou evitar o contato. No entanto, eles não podem dizer: “elegeremos
Osservatore Vaticano
um novo e bom pai para nossa família”. Seria contrário ao senso comum e à natureza. O mesmo princípio deve, portanto, ser
Pacientes na tribulação
aplicável à questão da deposição de um papa herege. O papa não pode ser deposto por ninguém; só Deus pode intervir e irá Padre Demétrio
fazê-lo em seu tempo, já que Ele não comete erros em sua providência (“Deus in sua dispositione non fallitur”). Durante o Palazzo Apostolico – Paolo
Rodari
Concílio Vaticano I, Dom Zinelli, Relator da deputação da Fé, falou nestes termos da possibilidade de um papa herege: “Se Deus
Papa Ratzinger blog
permite um mal tão grande (isto é, um papa herético), não vão faltar os meios para remediar a esta situação “(Mansi 52,
Papa Stronsay Texts
1109). Per fas et per nefas
QG da Imaculada
A deposição de um pontífice herético acabaria por favorecer a heresia do conciliarismo, do sedevacantismo e de uma atitude
Regi Saeculorum
mental semelhante à de uma comunidade puramente humana ou política. Também promoveria uma mentalidade semelhante ao Rinascimento Sacro
separatismo no mundo protestante ou ao autocefalismo no conjunto das igrejas ortodoxas. Rorate-Caeli
Saúde da Alma
A teoria ou opinião que permite a deposição ou a perda do ofício revela-se também em suas raízes mais profundas – ainda que Sal e Luz
de modo inconsciente – uma espécie de “donatismo” aplicado ao ministério papal. A teoria donatista identificava os ministros Sancta Missa – Portugal
sagrados (sacerdotes e bispos) quase com a santidade moral do próprio Cristo, exigindo, portanto, para a validade de seu ofício, Sandro Magister
Santa Iglesia Militante
a ausência de erros morais ou de má conduta em sua vida pública. De maneira similar, a teoria supracitada exclui a
Schola Cantorum Bento
possibilidade de um papa cometer erros doutrinários, isto é, heresias, declarando seu cargo inválido ou vacante por este fato, XVI
assim como faziam os donatistas, que declaravam inválido ou vacante o ofício sacerdotal ou episcopal devido a erros na vida Secretum Meum Mihi
moral. Sherlock's Pipe
SOACO – Militância Anti-
Pode-se imaginar que no futuro a autoridade suprema da Igreja (o Papa ou o Concílio Ecumênico) poderia estabelecer as Comunista
Spem in Alium
seguintes normas canônicas ou vinculantes para o caso de um papa herético ou manifestamente heterodoxo:
St. Conleth's Catholic
Heritage – Irlanda
Um papa não pode ser deposto de qualquer forma ou por qualquer razão, nem mesmo por razões de heresia.
Sublime Verdade
Todo novo papa eleito que toma posse de seu ofício é obrigado, em virtude de seu ministério como Mestre supremo da
Sursum Corda
Igreja, a fazer o juramento de proteger todo o rebanho de Cristo dos perigos das heresias e de evitar aparência de heresia, The hermeneutic of
respeitando sua obrigação de fortalecer todos os pastores e fiéis na fé. continuity – Pe. Finigan
The New Liturgical
Um papa que espalhe erros teológicos óbvios ou heresias ou que contribua para sua difusão com suas ações e omissões Movement
deve ser devidamente corrigido de forma fraternal e privada pelo Decano do Colégio dos Cardeais. Tradi News
Depois de correções privadas sem sucesso, o Decano do Colégio dos Cardeais é obrigado a tornar pública sua correção. Tradição Católica
Tradição Católica em
Juntamente com a correção pública, o decano do Colégio dos Cardeais deve fazer um apelo a rezar pelo Papa, para que ele Vitória-ES
Traditional Vocations blog
possa recuperar a força para confirmar inequivocamente toda a Igreja na Fé.
Traduções Gratuitas
Ao mesmo tempo, o Decano do Colégio Cardinalício deveria publicar uma fórmula de Profissão de Fé, na qual os erros Transalpine Redemptorists
at home
teológicos que o Papa ensina ou tolera (sem necessariamente nomear o Papa) fossem rejeitados.
Tribuna
Se o decano do Colégio dos Cardeais omitir a correção, o apelo à oração e a publicação de uma Profissão de Fé, todo Una Voce Brasil
cardeal, bispo ou grupo de bispos deve fazê-lo; e se cardeais e bispos também deixarem de fazê-lo, qualquer membro dos Vetus Ordo
fiéis católicos ou qualquer grupo de fiéis católicos deve fazê-lo. Via-Veritas-Vita – Pe. Elcio
Murucci
O Decano do Colégio dos Cardeais ou um cardeal, ou um bispo ou um grupo de bispos, ou um fiel católico ou um grupo de
What Does The Prayer
fiéis católicos que fizerem a correção, pedirem orações e publicarem uma Profissão de Fé não podem ser submetidos a Really Say?
sanções canônicas ou acusados de falta de respeito pelo Papa por este motivo. Yves Chiron
Zelo Zelatus Sum – Pe.
No caso extremamente raro de um papa herege, a situação espiritual da Igreja pode ser descrita com as palavras usadas pelo Elcio Murucci

papa São Gregório Magno (590-604), que falou da Igreja de seu tempo como “um velho navio todo quebrado, que faz água por Sites católicos
todos os lados, e cujas tábuas podres, na grande tempestade que o sacode todos os dias, fazem rangidos de naufrágio” A Fé Católica
(Registrum I, 4, Ep. Ioannem episcopum Constantinopolitanum ). Administração Apostólica
São João Maria Vianney
Os episódios evangélicos em que Nosso Senhor acalma o mar tempestuoso e salva Pedro que estava afundando na água nos Associação Civil Santa
Maria das Vitórias –
ensinam que mesmo na situação mais dramática e humanamente desesperada de um papa herege, todos os Pastores da Igreja
Anápolis (GO)
e os fiéis devem acreditar e confiar que Deus, em Sua Providência, intervirá, e que Cristo acalmará a furiosa tempestade e Associação Cultural Santo
devolverá a força aos sucessores de Pedro, seus Vigários na terra, para confirmar todos os Pastores e fiéis na Fé Católica e Tomás
Associação São Pio V
Apostólica.
Bibliothèque Saint Libère
O Papa Santo Agatão (678-681), que teve a difícil tarefa de limitar os danos causados pelo Papa Honório I à integridade da Fé, Canons Regular of St. John
Cantius
deixou palavras vivas num apelo ardente a cada sucessor de Pedro, que deve estar sempre ciente de seu grave dever de Capela Nossa Senhora das
preservar intacta a pureza virginal do Depósito da Fé: “Ai de mim se eu negligenciar a pregar a verdade do meu Senhor, que Alegrias – Vitória/ES
Capela Santo Agostinho
eles [os antecessores] pregaram sinceramente. Ai de mim, se eu cobrir pelo silêncio a verdade que sou obrigado a dar ao meu
Católicos Online
rebanho, isto é, ensinar e convencer o povo cristão. O que direi no futuro julgamento do próprio Cristo, se eu envergonhar-me –
Catholic World News

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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Deus me livre! – de pregar agora a verdade de suas palavras? Que satisfação posso dar por mim, pelas almas que me foram Centre Saint-Paul
Claraval
confiadas, quando Ele pedirá estrita conta do ofício que recebi?” (Ep.”Considerando mihi ”ad Imperatores ).
Comissão Ecclesia Dei

Quando o primeiro Papa, São Pedro estava fisicamente acorrentado, toda a Igreja implorou pela sua libertação: “Pedro estava Da Porta Sant'Anna
DICI – Fraternidade
assim encerrado na prisão, mas a Igreja orava sem cessar por ele a Deus” (Atos 12: 5). Quando um papa espalha erros ou Sacerdotal São Pio X
mesmo heresias, ele está em cadeias espirituais ou em uma prisão espiritual. Portanto, toda a Igreja deve orar incessantemente Editora Sétimo Selo
por sua libertação desta prisão espiritual. Toda a Igreja deve ter uma perseverança sobrenatural em tal oração e uma confiança Escritos de São Francisco
de Sales
sobrenatural no fato de que, no fim das constas, é Deus e não o Papa quem governa Sua Igreja.
Fatima.org
Fora da Igreja não há
Quando o Papa Honório I (625-638) adotou uma atitude ambígua a respeito da propagação da nova heresia do Monotelismo,
Salvação
São Sofrônio, Patriarca de Jerusalém, enviou um bispo da Palestina a Roma, dizendo-lhe: “Vá à Sé Apostólica, onde estão as Fraternidad de Cristo
bases da doutrina sagrada e não deixe de rezar até que a Sé Apostólica condene a nova heresia”. Sacerdote y Santa María
Reina
Ao tratar do trágico caso de um pontífice herege, todos os membros da Igreja, começando pelos bispos, até os simples fiéis, Fraternidade Sacerdotal
São Pio X – Brasil
devem usar todos os meios legítimos, como as correções privadas e públicas ao papa errante, orações constantes e ardentes e Fraternidade São Pedro
profissões públicas da verdade, para que a Sé Apostólica volte a professar claramente as verdades divinas que o Senhor confiou Fraternité Saint-Vincent-
Ferrier
a Pedro e a todos os seus sucessores. “O Espírito Santo foi prometido aos sucessores de Pedro, não de maneira que eles
Grupo São Tomás (Boston
pudessem, por revelação sua, dar a conhecer alguma nova doutrina, mas que, por assistência sua, pudessem guardar – EUA)
santamente e expor fielmente a revelação transmitida pelos Apóstolos, isto é, o depósito da fé” (Concílio Vaticano I, Institut du Bon Pasteur
Constituição Dogmática Pastor aeternus ,cap. 4). Institution l'Angélus – IBP
Instituto Cristo Rei
Cada Papa e todos os membros da Igreja devem lembrar as palavras sábias e atemporais que o Concílio Ecumênico de Kreuz.net
Constança (1414-1418) pronunciou sobre o Papa, considerado como a primeira pessoa na Igreja a ser vinculada pela Fé, cuja La Croix
La Porte Latine
integridade ele deve guardar cuidadosamente: “Visto que o Romano Pontífice exerce um poder tão grande entre os mortais, é
Le Forum Catholique
adequado que ele esteja cada vez mais ligado aos laços incontrovertíveis da fé e aos ritos que devem ser observados com
Lepanto
respeito aos sacramentos da Igreja. Por isso decretamos e ordenamos, para que a plenitude da fé possa brilhar num futuro Livraria Tradição
Pontífice Romano com um esplendor singular desde o primeiro momento de tornar-se papa, que a partir daquele momento em Missa Tridentina em Franca
que será eleito Romano Pontífice faça a seguinte confissão e profissão pública” (Trigésima Nona Sessão de 9 de outubro de Mosteiro de Bellaigue
1417. Mosteiro Santa Maria
(carmelitas tradicionais)
Mosteiro Santo Elias
Na mesma sessão, o Concílio de Constança decretou que todo novo papa eleito deveria fazer um juramento de fé, propondo a
O Magistério do Papa Bento
seguinte fórmula, da qual citamos as passagens mais cruciais: XVI
Obras Raras do Catolicismo
“Eu, N., eleito Papa, com o coração e os lábios confesso e professo ao Deus todo-poderoso, que confessarei firmemente e
Panorama Católico
preservarei a fé católica de acordo com as tradições dos Apóstolos, dos Concílios Gerais e dos outros Santos Padres. Que Internacional
manterei esta fé inalterada até o último iota e que a confirmarei, defenderei e pregarei até a morte e o derramamento de meu Paróquia Santissima Trinità
dei Pellegrini
sangue, e da mesma maneira que seguirei e observarei de todas as maneiras o rito transmitido dos sacramentos eclesiásticos Pe. Michael Rodriguez
da Igreja Católica”. Permanência
Présent
Quão urgente seria pôr em prática o juramento do papa, especialmente em nossos dias! O pontífice não é um monarca QIEN
absoluto, que pode fazer e dizer o que quiser, que pode mudar a discrição a doutrina ou a liturgia. Infelizmente, nos séculos Reflexões Franciscanas
passados – ao contrário da tradição apostólica dos tempos antigos – o comportamento dos papas como monarcas absolutos ou Revue Item – Pe. Aulagnier
semi-deuses tornou-se tão habitualmente aceito que chegou a influenciar as concepções teológicas e espirituais da maioria dos Revue Objections
Sancta Missa
bispos e fiéis, e especialmente das pessoas piedosas. O fato de que o Papa deva ser o primeiro na Igreja a evitar as novidades,
Seminaire Saint Vincent de
obedecendo de maneira exemplar à tradição da Fé e da Liturgia, foi às vezes apagado da consciência dos bispos e dos fiéis por Paul
uma aceitação cega e piedosa de uma espécie de absolutismo papal. Sensus Fidei
Sentinela Católico
O juramento papal de Liber diurnus Romanorum Pontificum considerava como a principal exigência e qualidade distintiva de um Stat Veritas
novo papa a sua fidelidade inabalável a tradição, assim como foi transmitida por todos os seus antecessores: ” Nihil de The Latin Mass Magazine
traditione, quod em probatissimis praedecessoribus Meis servatum reperi, diminu vel vel mutare, aut aliquam novitatem The Latin Mass Society of
England & Wales
admittere; sed ferventer, e verum discipulus et sequipeda, totis viribus meis conatibusque traído conservar ac venerari“(“Nada The Remnant
mudarei da Tradição que recebi, e nada do que encontrei antes de mim, preservado por meus veneráveis predecessores, nem Una Vox
tocarei, alterarei ou permitirei qualquer inovação nela; de fato, reverenciá-la-ei com ardente afeto como verdadeiro e fiel WikkiMissa
discípulo, transmitindo-a com toda a minha força e máximo esforço”). www.chiesa – Sandro
Magister
O mesmo juramento papal definia, em termos concretos, a fidelidade à lex credendi (a regra da fé) e à lex orandi (a regra da
Vaticano
oração). Quanto à lex credendi (a regra da fé), o texto do juramento diz:
L'Osservatore Romano
News.va
“Verae fidei rectitudinem, quam Christo autore tradente, per successori tuos atque discipulos, usque ad exiguitatem meam
Santa Sé
perlatam, in tua sancta Ecclesia reperi, totis conatibus meis, usico ad animam et sanguinem custodire, temporumque
difficultates, cum tuo adjutorio, toleranter sufferre” ( “Prometo manter com todas as minhas forças, até a morte e o Nosso patrono
derramamento de meu sangue, a integridade da verdadeira fé, cujo autor é Cristo, e que, através de seus sucessores e
discípulos, foi transmitida a minha humilde pessoa e que eu encontrei em Sua Igreja. Eu também prometo pacientemente
suportar as dificuldades dos tempos”).

Em relação à lex orandi , o juramento do Papa afirma:

“Disciplinam et ritum Ecclesiae, sicut inveni, et a sanctis praecessoribus meis traditum reperi, illibatum custodire” (“Prometo
manter inviolada a disciplina e a liturgia da Igreja como as encontrei e como elas foram transmitidos por meus santos
predecessores”).

Nos últimos cem anos, houve alguns exemplos espetaculares de absolutismo papal. Quando consideramos a lex orandi, as
mudanças feitas pelos papas Pio X, Pio XII e Paulo VI foram drásticas e radicais e, no que diz respeito à lex credendi, pelo Papa
São João Fisher, mártir –
Francisco. Bispo de Rochester

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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Pio X tornou-se o primeiro papa na história da Igreja Latina a realizar uma reforma tão radical do Salterio (cursus psalmorum), Aborto
que levou à construção de um novo tipo de ofício divino no que diz respeito à distribuição dos salmos. Depois, houve o Papa Pio Administração
XII, que aprovou para o uso litúrgico uma versão latina radicalmente modificada do texto milenar e melodioso do Vulgate Apostólica
Psalter. A nova tradução latina, o chamado “Saltério Piano”, era um texto fabricado artificialmente pelos acadêmicos e, em seu
refinamento, era difícil de pronunciar. Esta nova tradução latina, acertadamente criticada com o ditado “accessit latinitas,
Atualidades
Bastiões da Igreja
recessit pietas”, foi depois rejeitada de fato por toda a Igreja sob o pontificado do papa João XXIII. O Papa Pio XII mudou
Bento XVI Canção
também a liturgia da Semana Santa, um tesouro litúrgico milenar da Igreja, introduzindo parcialmente rituais inventados ex
Nova Cardeal Antonio
novo. Mudanças litúrgicas inauditas foram, porém, levadas a cabo pelo Papa Paulo VI com uma reforma revolucionária do rito Cañizares Llovera
da Missa e dos outros sacramentos, uma reforma litúrgica, que nenhum Papa antes ousou realizar com tanta radicalidade. Cardeal Dario Castrillon
Hoyos Cardeal Levada
Uma mudança teologicamente revolucionária foi feita pelo Papa Francisco na medida em que ele aprovou a prática de algumas Cardeal Odilo Pedro
igrejas locais de admitir à Santa Comunhão “caso por caso” adúlteros sexualmente ativos (aqueles que coabitam nas chamadas Scherer Cardeal
“uniões irregulares”). Mesmo que essas normas locais não representem uma norma geral na Igreja, constituem, no entanto, Raymond Leo
uma negação prática da verdade da absoluta indissolubilidade do matrimónio sacramental rato e consumado. Outra mudança Burke Cardeal Robert
radical nas questões doutrinárias é a modificação da doutrina bíblica e do magistério bimilenar da Igreja quanto ao princípio da Sarah Cardeal
legitimidade da pena de morte. Schönborn Cardeal
Tarcísio Bertone
Neste contexto, destaca-se e nos faz refletir um fato impressionante narrado na vida do Papa Pio IX: diante do pedido de um Cardeal Walter Kasper
grupo de bispos para introduzir uma pequena mudança no Canon da Missa (inserindo o nome de São José), ele respondeu: “Eu
não posso fazer isso . Eu sou apenas o papa!”
CNBB
Congregação
A seguinte oração de Dom Prosper Guéranger, na qual ele elogia o papa São Leão II por sua vigorosa defesa da integridade da
para a Doutrina
Fé depois da crise causada pelo Papa Honório I, deve ser rezada assiduamente por cada papa e por todos os fiéis,
da Fé Congregação
especialmente em nosso tempo:
para o Culto Divino e
“Impedi, ó São Leão, o retorno de situações a tal ponto dolorosas. Mantende o pastor acima da região das névoas malignas que Disciplina dos Sacr
se erguem da terra; mantende no rebanho aquela oração que deve continuamente subir da Igreja a Deus em favor dele (Atos Crise Pós-
12: 5): e Pedro, mesmo se ele estiver sepultado nas mais escuras prisões, não deixará de contemplar o puro esplendor do Sol Conciliar Cúria
da justiça; e todo o corpo da santa Igreja estará na luz. O corpo, de fato — diz Jesus – é iluminado pelo olho: se o olho é Romana
simples, todo o corpo resplandece (Mt 6,22). Instruídos por vós sobre o valor do benefício que o Senhor concedeu ao mundo
Discussões
quando o estabeleceu sobre o ensinamento infalível dos sucessores de Pedro, agora conhecemos a força da rocha que sustenta
Teológicas Diálogo
a Igreja; sabemos que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (ibid. 16, 18). De fato, o esforço desses poderes do
Inter-religioso Dom
abismo nunca foi tão longe como na crise fatal [do Papa Honório] a qual Vós colocastes o termo. ora, seu sucesso, por mais
Antônio de Castro
doloroso que tenha sido, não desmentiu as promessas divinas: não é ao silêncio de Pedro, mas ao seu ensino que foi prometida
Mayer Dom
a assistência indefectível do Espírito da verdade ”(Année liturgique, Paris 1911, vol. 3, pp. 403-404). Athanasius Schneider
O caso extremamente raro de um papa herético ou semi-herético deve, eventualmente, ser suportado e sofrido à luz da fé no Dom Fellay Dom
caráter divino e na indestrutibilidade da Igreja e do ministério petrino. O Papa São Leão Magno formulou essa verdade, dizendo Gerhard Ludwig
que a dignidade de São Pedro não foi diminuída em seus sucessores, por mais indignos que sejam, “Cuius dignitas etiam in Muller Dom João Braz
de Aviz Dom Luiz
indigno haerede non deficit” ( Serm . 3, 4). Gonzaga Bergonzini Dom
Orani João Tempesta Dom
Poderia ocorrer a situação verdadeiramente extravagante de um papa que pratica abuso sexual de menores ou de subordinados
Williamson
no Vaticano. O que a Igreja deve fazer nessa eventualidade? Deveria a Igreja tolerar um predador sexual de menores ou
subordinados? Por quanto tempo a Igreja deveria tolerar tal papa? Ele deveria perder o papado ipso facto por causa desses
Ecclesia Dei
abusos? Nessa situação, poderia surgir uma nova teoria ou opinião canônica ou teológica que permitisse a deposição de um Ecumenismo
Editorial Franciscanos da
papa e a perda de seu cargo devido a crimes morais monstruosos (por exemplo, o abuso sexual de menores ou subordinados
Imaculada FSSP
acima mencionado). Tal opinião seria análoga à opinião de que seria possível a deposição de um papa ou a perda de seu cargo
devido à heresia. No entanto, essa nova teoria ou opinião (deposição de um papa e a perda de seu cargo devido a crimes FSSPX Fátima
sexuais monstruosos) certamente não corresponderia à mente e à prática perenes da Igreja. Hagiografia Hereges e
Hermes
Cismáticos
A tolerância de um papa herético como uma cruz não significa passividade ou aprovação de sua conduta errônea. Tudo deve ser Rodrigues Nery IBP
feito para remediar esta situação. Suportar a cruz de um papa herege, em nenhum caso significa ser passivo ou consentir com
suas heresias. Assim como as pessoas têm que suportar, por exemplo, um regime iníquo ou ateu como uma cruz (muitos Igreja Islamismo
católicos viveram sob tal regime na União Soviética, suportando essa situação como uma cruz, num espírito de expiação), ou Islã Jornada
como os pais devem carregar a cruz de um filho adulto que se tornou um descrente ou imoral, ou como os membros de uma Mundial da
família devem carregar como uma cruz um pai alcoólico. Os pais não podem “depor” o filho descarriado de pertencer à família, Juventude João
assim como as crianças não podem “destituir’ o pai transviado de pertencer à família ou do seu título de “pai”. Paulo II Judaísmo
Legionários de Cristo
Não depor um papa herege é mais seguro e está mais de acordo com uma visão sobrenatural da Igreja. Fazer isso, com todas Leonardo Boff Maçonaria
Medjugorje Missa Nova
as contramedidas práticas e concretas a serem tomadas, em nenhum caso significa passividade ou colaboração com os erros Missa Tradicional
papais, mas um engajamento muito ativo e uma verdadeira compaixão com a Igreja, que, no tempo de um papa herege ou
Modernismo
semi-herege, vive suas horas no Gólgota. Quanto mais um papa dissemina ambiguidades doutrinárias, erros ou mesmo
Mons. Lefebvre
heresias, mais intensamente brilhará na Igreja a fé católica pura dos pequeninos: a Fé de crianças inocentes; de freiras Monsenhor Brunero
religiosas; em particular a fé das gemas ocultas da Igreja: as monjas de clausura; a fé dos fiéis leigos heroicos e virtuosos de Gherardini Monsenhor
Carlo Maria Viganò
todas as condições sociais; a fé de padres e bispos. Esta chama pura da fé católica, muitas vezes alimentada por sacrifícios e
Monsenhor Guido Pozzo
atos de expiação, brilhará mais do que a covardia, a infidelidade, a rigidez espiritual e a cegueira de um papa herético.
Moral Moral
A Igreja tem um caráter tão divino que pode existir e viver por um período limitado de tempo apesar de um papa reinante Católica Novus
herege, precisamente por causa da verdade de que o papa não é sinônimo ou idêntico à Igreja. A Igreja tem um caráter tão
divino que nem mesmo um papa herege é capaz de destruí-la, apesar de prejudicar muito sua vida; porém, sua ação tem Ordo Missae O
Papa
duração limitada. A fé de toda a Igreja é maior e mais forte do que os erros de um papa herege e esta fé não pode ser
derrotada. A constância de toda a Igreja é maior e mais duradoura do que o desastre relativamente breve de um papa Pe. Marcial
Maciel Pe. Michael

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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
herege. A verdadeira rocha sobre a qual reside a indestrutibilidade da Fé e a santidade da Igreja é o próprio Cristo, sendo o Rodriguez Pio XII
papa somente seu instrumento, assim como todo sacerdote ou bispo é apenas um instrumento de Cristo Sumo Sacerdote. Roberto de
A saúde doutrinal e moral da Igreja não depende exclusivamente do Papa, pois, pela lei divina, esta é garantida, na situação
Mattei
extraordinária de um papa herético, pela fidelidade do ensinamento dos bispos e, em última análise, também pela fidelidade de
Sedevacante
todo o corpo dos fiéis leigos, como foi suficientemente demonstrado pelo beato John Henry Newman e pela história. A saúde 2013
doutrinal e moral da Igreja não depende em tal grau dos erros doutrinários de um papa, por um período relativamente curto de Summorum
tempo, como para tornar a Santa Sé vacante. Assim como a Igreja pode ficar um tempo sem o Papa, como já aconteceu na
história por um período de vários anos), assim também a Igreja é tão forte pela sua constituição divina que pode até aturar um
Pontificum
papa herege por um curto prazo. Summorum
O ato de depor um pontífice ou declarar sua sé vacante devido à perda ipso facto do pontificado por causa de heresia seria uma
Pontificum no
novidade revolucionária na vida da Igreja a respeito de uma questão muito importante de sua constituição e vida. Em uma Brasil Sínodo
matéria tão delicada, mesmo quando ela é de natureza prática e não estritamente doutrinal, é preciso seguir a via mais segura Pan-Amazônico
(via tutior), que é aquela do senso perene da Igreja. Apesar de três Conselhos Ecumênicos sucessivos (o Terceiro Concílio de Sínodo sobre a Família
Constantinopla em 681, o Segundo Concílio de Nicéia em 787 e o Quarto Concílio de Constantinopla em 870) e o Papa São - 2014 Sínodo
Leão II em 682 terem excomungado o Papa Honório I por heresia, eles nem sequer implicitamente declararam que Honório sobre a Família -
havia perdido o papado ipso facto por causa da heresia. De fato, o pontificado do Papa Honório foi considerado válido mesmo 2015 Teologia da
depois de ter apoiado a heresia em suas cartas ao Patriarca Sérgio, em 634, enquanto reinou por mais quatro anos até 638. O Libertação
seguinte princípio, formulado pelo Papa Santo Estêvão I (257), ainda que em outro contexto, deveria ser uma diretriz para lidar
com a questão muito delicada e rara de um papa herege: “Nihil innovetur, nisi quod traditum est”, “Não haja nenhuma inovação
Tradição
em relação ao que foi transmitido”. Vaticano II
+ Athanasius Schneider, bispo auxiliar da Arquidiocese de Santa Maria em Astana Santo Afonso Maria de
Ligório

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Dom Schneider pede ao Papa Cardeal Burke e Dom Importante: Dom Athanasius
um novo Syllabus. Athanasius: Um esclarecimento Schneider e bispos do
Em "Atualidades" sobre o significado da fidelidade Cazaquistão lançam 'Profissão
ao Sumo Pontífice. sobre verdades imutáveis a
Em "Atualidades" respeito do sacramento do
Matrimônio".
Em "Atualidades"

Posted on 28 março, 2019 at 9:25 am in Igreja, O Papa | RSS feed «A verdadeira liberdade
consiste em conformar-se
Tags: Dom Athanasius Schneider, O Papa com Cristo, e não em fazer o
que se quer»
Bento XVI, audiência geral de
1º de outubro de 2.008.
32 Comentários to “Sobre a questão de um papa herege.”
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João Bosco de Castro
28 março, 2019 às 9:00 am Fale conosco:
fratresinunum@gmail.com
Este artigo é excelente e nos ajuda como posicionar diante do acontecimento de um papa herege. Ótima
leitura para os cleaners e papólatras que ficam se contorcionando para defender o indefensável papa Quando o sacerdote celebra
Francisco. A Igreja já lidou com estas situações na sua história e no fim permaneceu defendendo a Verdade. a Santa Missa…

Alexandre V
3 abril, 2019 às 9:18 am
Excelente é um adjetivo que não cabe em relação a esse texto…

Salve Maria.

noiteescuradaigreja
28 março, 2019 às 10:04 am
É verdade que a opinião da perda do ofício papal por heresia era considerada pelos teólogos (os bons, de
antes do Vaticano II) como controversa e, em si, não garantida por nenhuma certeza maior. Todavia, algo
que era visto pelos mesmos teólogos como muitíssimo superior a uma simples opinião era a afirmação da
infalibilidade também do magistério ORDINÁRIO do papa, no sentido de que este nunca poderia impor o erro
à Igreja, ainda quando ele pessoalmente se corrompesse – e os papas e bispos (de antes do Vat. II)
aprovaram inúmeras vezes esse ensinamento dos teólogos. honra a Deus, alegra os
anjos, edifica a Igreja, ajuda
Ora, se por um lado não sou obrigado a seguir uma tese controversa, por outro, porém, não posso ser os vivos, proporciona
proibido de seguir uma tese aprovadíssima. E pode suceder que, dessa tese aprovadíssima, quando cotejada descanso aos defuntos e faz-
se participante de todos os
com os fatos, siga-se logicamente a confirmação da outra que, a princípio, era só uma opinião controversa. bens. (Imitação de Cristo,
Livro IV, Cap. V)
O que temos aqui é um movimento cognitivo “a posteriori” (raciocinando dos efeitos para a causa),
concluindo em um movimento “a priori” (da causa para os efeitos): se A é B, então X é impossível; mas X

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 7/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
ocorreu; logo A não é B. Mas A só pode não ser B pela explicação Y; logo a tese Y fica confirmada no fim das Estatísticas do Blog
contas. 23.279.348 visitas

(E só lembrando: o X da questão vem sendo constato sobejamente não apenas agora, mas há algumas
décadas. Portanto…)

Aloísio
28 março, 2019 às 10:56 am
No entanto o próprio Mons. Marcel Lefebvre declarou que, diante de tantos erros e heresias dos papas do
Vaticano II, era possivel que a Sé de Pedro estivesse vacante…
“Sabem, já há algum tempo, muitas pessoas, os sedevacantistas, vêm dizendo: ‘não há mais papa’. Mas
eu penso que, para mim, não era ainda hora de dizer isso, porque eu não tinha certeza, não era
evidente…” (Conferência informal, 30 de março e 18 de abril de 1986, texto publicado em: The Angelus,
julho de 1986)
“…esses atos recentes do Papa e bispos, com protestantes, animistas e judeus, não são participação
ativa em culto acatólico como explicado pelo cônego Naz sobre o Cânon 1258§1? Nesse caso, não vejo
como é possível dizer que o papa não é suspeito de heresia, e se ele continua, ele é herege, herege
público. Esse é o ensinamento da Igreja.” (Conferência informal, 30 de março e 18 de abril, 1986, texto
publicado em: The Angelus, julho de 1986) [Lembramos aqui que o prelado francês não reconhecia o
direito canônico da Nova Igreja do V2]
“Ao passo que estamos certos de que a fé ensinada pela Igreja durante vinte séculos não pode conter
erros, estamos muito longe da certeza absoluta de que o papa é verdadeiramente papa.” (Le Figaro, 4 de
agosto de 1976).
“Agora, alguns padres (mesmo alguns padres na Fraternidade) dizem que nós, católicos, não precisamos
nos preocupar com o que está acontecendo no Vaticano; nós temos os verdadeiros sacramentos, a
verdadeira Missa, a verdadeira doutrina, então para que se preocupar com se o papa é um herege, um
impostor ou seja lá o que for; isso não tem nenhuma importância para nós. Mas eu penso que isso não é
verdade. Se há um homem importante na Igreja, é o Papa.” (Conferência informal, 30 de março e 18 de
abril, 1986, texto publicado em: The Angelus, julho de 1986)
“Roma perdeu a Fé, meus caros amigos. Roma está na apostasia. Essas não são palavras ao vento. É a
verdade. Roma está na apostasia… Eles saíram da Igreja… Isso é certeza, certeza, certeza.” (Conferência
no Retiro, 4 de setembro de 1987, Ecône)

Geraldo
28 março, 2019 às 1:55 pm
Esse artigo é excelente, e creio que irrefutável.
No máximo virão os argumentos ad hominem contra o autor ou contra o blog – algo que já ocorre sempre.

Alexandre V
31 março, 2019 às 4:08 pm
Muito bom dia a todos e

Salve Maria.

Longe desse texto de A. Schneider ser irrefutável, muito pelo contrário, está repleto de erros graves e
algumas contradições.

Tento a seguir sistematizar o que digo em quatro (4) pontos principais identificados por números
romanos ( I, II, III e IV ):

I- contradição de revisão histórica do caso do Papa Honório e sua aplicabilidade hodierna em relação aos
atos de São Pio X e Pio XII, bem como a confusão com aquilo mesmo que A. Schneider chama de
condutas revolucionárias de Montini/ Paulo VI e Bergoglio/ Francisco.

A própria obra de D. J. Chapman, “The condemnation of Pope Honorious”, traz à página 109 (
https://archive.org/details/a620530200chapuoft/page/n111 ) uma observação muito interessante na
forma de um questionamento, a saber: “como poderia um Papa cair em heresia e, ao mesmo tempo,
manter-se preservada a indefectibilidade da Sé Apostólica?”, ao que responde com singeleza, afirmando
que a passagem vacilante de Honório em relação ao monotelismo não teve caráter autoritativo, ou seja,
ele, Honório, agiu como doutor privado, expressando-se no plano opinativo.

Muito diverso é o papel de Montini/ Paulo VI e Bergoglio/ Francisco em relação à “missa nova” e o
verdadeiro indulto à comunhão sacrílega pois, de Fé, um verdadeiro Papa não poderia dar o erro à Igreja,
como vem infalivelmente na “Auctorem fidei”, do Papa Pio VI, sobre a 78.ª proposição do sínodo de
Pistóia: “Como se a Igreja, que é governada pelo Espírito de Deus, pudesse estabelecer uma disciplina
não somente inútil e mais onerosa do que a liberdade cristã pode tolerar, mas que seria ainda perigosa,
nociva, própria a induzir à superstição ou ao materialismo.” – proposição que ele condenou como “falsa,
temerária, escandalosa, perniciosa, ofensiva aos ouvidos pios etc.”

Ao contrário, São Pio X e Pio XII agiram legitimamente a partir da autoridade que gozavam, como está
na Constituição “Pastor Aeternus”, § 7: “Ensinamos, por isso, e declaramos que a Igreja Romana possui,
por disposição do Senhor [ ou seja, faz parte do depósito da Fé ], um primado de poder ordinário sobre
todas as outras e que este poder de Jurisdição do Romano Pontifíce, sendo verdadeiramente episcopal, é

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 8/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
imediato; consequentemente, os pastores de todos os graus e de todos os ritos, assim como os fiéis,
seja individualmente, seja em conjunto, devem subordinação hierárquica e obediência ao Romano
Pontífice, não apenas nas questões que dizem respeito à Fé e aos costumes, mas também naquelas que
relativas à disciplina e ao governo da Igreja difundida sobre toda a Terra.”

II- o menoscabo da autoridade e infalibilidade papais, como se o Papa não fosse infalível ordinariamente
e não fosse soberano em todas as suas decisões concernentes ao exercício de seu múnus justamente
porque é infalível, fazendo uso repetitivo de termos pejorativos como “papocentrismo” e “papolatria”.

Palavras infalíveis de Leão XIII em Sapientiae Christianae, §35, sustentadas por Bonifácio VIII e Pio IX, e
endossadas posteriormente por Pio XII:

“Quanto à determinação dos limites da obediência, não imagine alguém que basta obedecer à autoridade
dos pastores de almas e, sobre todos, do Pontífice Romano, nas matérias de Dogma, cuja rejeição
pertinaz traz consigo o pecado de heresia; nem basta ainda dar sincero e firme assentimento àquelas
doutrinas que, apesar de não definidas ainda com solene julgamento da Igreja, são todavia propostas à
nossa Fé pelo Magistério Ordinário e Universal da mesma como divinamente reveladas e, as quais, por
definição[1] do Concílio Vaticano [ de 1870 ], devem ser cridas com Fé Católica e Divina. Faz-se
necessário, também, que os cristãos contem entre os seus deveres o de se deixarem reger e governar
pela autoridade dos bispos e, principalmente, desta Sé Apostólica. Vê-se facilmente a razoabilidade desta
sujeição pois, efetivamente, das coisas contidas nos divinos oráculos, umas referem-se a Deus e outras
ao mesmo homem e aos meios necessários para chegar à eterna salvação; pois bem, nestas duas ordens
de coisas, isto é, quanto ao que se deve crer e ao que se deve fazer, compete, por Direito Divino à Igreja
e, na Igreja, ao Romano Pontífice determiná-lo[2], e eis a razão do porque compete ao Romano Pontífice
julgar autoritativamente que coisas contenha o assim chamado Depósito da Fé [ a Sagrada Escritura e a
Tradição ] e que doutrinas concordem com ela e quais dela desdigam e, do mesmo modo, determinar o
que é Bem e o que é Mal, o que se deve fazer ou deixar de fazer para conseguir a salvação eterna: se
isso não pudesse fazer, o Papa não seria intérprete infalível da vontade de Deus[3] ou guia seguro da
vida do homem[4]”

[1]Constituição “Dei Filius”, § 18: “Por outro lado, com Fé Divina e Católica, deve-se crer tudo aquilo que
está contido na palavra de Deus, escrita ou transmitida, e que a Igreja propõe para crer como
divinamente revelado, seja por meio de um juízo solene, seja por seu Magistério Ordinário e Universal”

[2]Constituição “Pastor Aeternus”, § 7, já citada acima mas que nunca é demais repetir: “Ensinamos, por
isso, e declaramos que a Igreja Romana possui, por disposição do Senhor um primado de poder ordinário
sobre todas as outras e que este poder de Jurisdição do Romano Pontifíce, sendo verdadeiramente
episcopal, é imediato; consequentemente, os pastores de todos os graus e de todos os ritos, assim como
os fiéis, seja individualmente, seja em conjunto, devem subordinação hierárquica e obediência ao
Romano Pontífice, não apenas nas questões que dizem respeito à Fé e aos costumes, mas também
naquelas que relativas à disciplina e ao governo da Igreja difundida sobre toda a Terra.”

[3] e [4]Pio XII, Encíclica “Mystici Corporis”, §§ 39-40 ( como desenvolvimento posterior da mesma
doutrina ): “Porque Pedro, em força do Primado de Jurisdição não é, senão, Vigário de Cristo e, por isso
mesmo, a Cabeça principal deste Corpo é uma só: Cristo; O qual, sem deixar de governar a Igreja
misteriosamente por Si Mesmo, rege-a também de modo visível por meio daquele que faz as Suas vezes
na Terra e, destarte, a Igreja, depois da gloriosa ascensão de Cristo aos Céus não está edificada só sobre
Ele [ Cristo ], senão também sobre Pedro, entendido como fundamento visível. Que Cristo e Seu Vigário
formam uma só Cabeça ensinou-o solenemente Bonifácio VIII na Carta Apoatólica “Unam Sanctam” e
seus predecessores não cessaram jamais de o repetir. Em erro perigoso estão, pois, aqueles que julgam
poder unir-se a Cristo, Cabeça da Igreja, sem aderirem fielmente ao Seu Vigário na Terra. Suprimida a
cabeça visível [ como fazem os grupos que praticam a “obediência/ desobediência seletiva” ] e rompidos
os vínculos de unidade, obscurecem e deformam de tal maneira o Corpo Místico do Redentor que já não
pode ser visto e nem encontrado o porto da salvação por aqueles que o demandam.”

III- ele confunde com uma mera opinião aquilo que é dito pela Santa Igreja com todo o seu caráter
autoritativo justamente porque se esquece de verdades de Fé óbvias, presentes em catecismos
elementares, o que o leva a analisar a questão da perda de ofício a partir de um prisma totalmente
equivocado e atribuindo aos sedevacantistas aquilo que não dizem, não defendem.

Para se entender a perda do ofício eclesiástico no contexto atual bastam alguns pontos mais elementares
tirados ora do catecismo naquilo que respeita à comunhão dos santos e aos sacramentos, ora do CIC de
1917, ora dos ensinamentos papais.

Catecismo Maior de São Pio X ( reproduzo a resposta somente naquilo que toca ao presente assunto;
ademais, qualquer pessoa bem intencionado pode confirmar a veracidade do que transcrevo ):

“Da Comunhão dos Santos

Q215: Quais são na Igreja os bens comuns internos? R: Os bens comuns internos são a graça que se
recebe nos sacramentos,…

Q217: Nesta comunhão de bens entram todos os filhos da Igreja? R: Na comunhão dos bens internos
entram somente os cristãos que estão na graça de Deus…

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 9/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Q223: Quem são os que na Igreja não participam da Comunhão dos Santos [ e, consequentemente, não
participam dos bens internos ]? R: Aqueles… que estão em pecado mortal ou se encontram fora da
Igreja.

Q224: Quem são os que se encontram fora da verdadeira Igreja? R: Encontram-se fora da verdadeira
Igreja… os hereges…”

Ora, se a Ordem é um sacramento como está na Q811 do mesmo CMSPX, como pode ter parte nela de
maneira verdadeira, íntegra e não-fraudulenta um herege???

Novamente, que fale Leão XIII em Satis cognitum, §§9 e 15:

“A prática da Igreja tem sido sempre a mesma, apoiada pelo juizo unânime dos Santos Padres, que
sempre consideraram como excluídos da comunhão católica e fora da igreja qualquer um que se desvie,
no menor grau que seja, de qualquer ponto de doutrina proposta pelo seu magistério autêntico…
Logo, ninguém, ao menos que em união com Pedro pode partilhar da sua autoridade. É absurdo imaginar
que aquele que está fora possa comandar dentro da Igreja.”

Nesse ponto temos de recorrer ao can.188, nº4, do CIC de 1917 e a Bula “Cum ex Apostolatus Officio”
que, além de infalível por si só, como veremos, foi confirmada infalivelmente pelo próprio magistério da
Igreja através de outra Bula denominada “In Coena Domini”; o ponto específico da Bula “Cum ex”
relacionado a este tema está assim:

“6. Adicionamos, por esta Nossa Constituição, que deve continuar válida pela perpetuidade, que Nós
promulgamos, determinamos, decretamos e definimos: que se em dada altura, acontecesse que um
bispo, inclusive em função de arcebispo, ou de patriarca, ou primaz; ou um cardeal, como já foi
mencionado, qualquer legado, ou até mesmo o Pontífice Romano que antes da sua promoção a cardeal
ou ascensão ao pontificado, houvesse se desviado da fé católica, ou caído em heresia:

A promoção ou ascensão, mesmo se esta tivesse ocorrido com o acordo unânime de todos os cardeais, é
nula, inválida e sem efeito”,

Ou seja, aquilo que em bom direito é conhecido como “efeito ex tunc” e, para esmiuçar esse efeito e
suas relações com o CIC e a supracitada Bula, reproduzo a seguir uma resposta dada às objeções que
me foram postas outrora sobre este mesmo ponto e que são de caráter exemplar:

“Feito esse clareamento prévio e necessário, passemos, então, destrinchar o seu texto e a analisá-lo em
suas palavras, sr. G., naquilo que concerne à Bula “Cum ex apostolatus officio”, a partir de quatro pontos
principais.

1º ponto: você tenta desqualificar o caráter autoritativo da Bula vilipendiando o nome de Paulo IV,
quando registra “Meu caro essa bula não é infalível, bem como ela é impossível de se executar. Dê uma
olhada na história de Paulo IV e verás que ele era totalmente louco.”

Louco?? Louco é um termo pejorativo usado para denotar estado de decrepitude da saúde mental, nada
mais; se você se refere às duras decisões que ele tomou durante o seu Pontificado, não encontrei algo
que o desabonasse enquanto Papa no exercício de seu múnus, mesmo em matéria política; nada que
desabonasse a Verdade da Infalibilidade.

Os hereges do tempo de Paulo IV, esses sim, o detestam: o que, sinceramente, convenhamos, não é
referência para a conduta de alguém…

Você alega, também, que a Bula “Cum ex apostolatus” não é infalível e impossível de se executar.

Ora, se ela não é infalível e impossível de se executar, como explicar que o CIC de 1917 tenha assumido
os ensinamentos da mesma Bula em diversos de seus cânones e parágrafos? Teria o CIC de 1917, pelas
pessoas de Leão XIII, São Pio X e Benedito XV imposto o impossível e inexecutável à Igreja inteira?

Poderíamos começar a aduzir algo em favor do valor autoritativo da Bula “Cum ex apostolatus” a partir
do Bulário Romano de 1638, onde consta que a mesma é uma Constituição Apostólica na forma de Bula,
ou seja, daquela forma que reveste o sumo da autoridade pontifical, obrigatório em consciência a todos
os Católicos dignos deste nome.

Ora, segundo o Concílio Vaticano ( de 1870 ), quais as notas de um ato do Magistério Infalível e
Extraordinário da Igreja? Vejamos um trecho da Constituição “Pastor Aeternus” próprio à questão:

” Por isso Nós, apegando-nos à Tradição recebida desde o início da fé cristã, para a glória de Deus, nosso
Salvador, para exaltação da religião católica, e para a salvação dos povos cristãos, com a aprovação do
Sagrado Concílio, ensinamos e definimos como dogma divinamente revelado que o Romano Pontífice,
quando fala “ex cathedra”, isto é, quando, no desempenho do ministério de pastor e doutor de todos os
cristãos, define com sua suprema autoridade apostólica alguma doutrina referente à fé e à moral para
toda a Igreja, em virtude da assistência divina prometida a ele na pessoa de São Pedro, goza daquela
infalibilidade com a qual Cristo quis munir a sua Igreja quando define alguma doutrina sobre a Fé e a
Moral; e que, portanto, tais declarações do Romano Pontífice são por si mesmas, e não apenas em
virtude do consenso da Igreja, irreformáveis.

Se, porém, alguém ousar contrariar esta nossa definição, o que Deus não permita, – seja excomungado.”

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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Portanto, teríamos de encontrar na Bula “Cum ex apostolatus officio”:

a) O Papa que se pronuncia do alto de Sua Autoridade, como pastor e doutor de todos os cristãos; e
assim reza a Bula, no início de seu Corpo Doutrinal, ao §3º: “…na plenitude de Nossa autoridade
Apostólica, sancionamos, estabelecemos, decretamos e definimos…”

b) O Papa que define um corpo de doutrina, seja em relação à Fé, seja em relação à Moral; e assim reza
a Bula: partindo de um dogma de Fé, qual seja, a Comunhão dos Satos, a verdade de que um herege
não faz parte da Igreja, excluindo a si mesmo do número dos fiéis e que, portanto, tem um defeito
material e subjetivo que lhe impede de ascender às ordens sacras, vemos esse corpo de doutrina
resumida nos caput do §§3º, 5º e 6º, como se vê: “3. Privação ipso facto de todo oficio eclesiástico por
heresia ou cisma.” , “5. Excomunhão ipso facto para os que favorecerem a hereges ou cismáticos.” e “6.
Nulidade de todas as promoções ou elevações de desviados na Fé.”; essas são, portanto, as teses
centrais da Bula.

A título de exemplo, cito a partir do Corpo Doutrinal da Bula, ao §3º: “… [que aqueles indivíduos
tipificados e enumerados até aqui – por Paulo IV – e que ] tiverem sido surpreendidos, ou houverem
confessado, ou estejam convictos de se terem desviado ( da Fé católica ), ou de haver caído em heresia,
ou de haver incorrido em cisma, ou de ter suscitado ou cometido; ou também os que no futuro se
apartarem da Fé católica, ou caírem em heresia, ou incorrerem em cisma, ou os provocarem, ou os
cometerem, ou os que forem surpreendidos ou confessarem ou admitirem haver se desviado da Fé
Católica, ou haver caído em heresia, ou haver incorrido em cisma, ou tê-los provocado ou cometido…
caíram privados também por essa mesma causa, sem necessidade de nenhuma instrução de direito ou
de fato, de suas hierarquias… e ademais de toda voz ativa e passiva, de toda autoridade,… “, e de
maneira semelhante no restante, aos outros §§ constitutivos do Corpo Doutrinal ( §§5º e 6º ).

c) O Papa impõe tal decisão à toda Igreja e d) O Papa claramente condena a doutrina contrária; como se
vê na Bula, os pontos se imiscuem: i) a solenidade e publicidade do ato vêem no §9º ( que estão postas
no sentido de favorecerem a força cogente da Bula mesma ), enquanto que ii) a imposição e condenação
no §10º “10. Ilicitude das ações contrárias e sanção divina: Portanto, a homem algum seja lícito infringir
este texto de Nossa Aprovação, Inovação [ pois ele, de fato, inova na medida em que define ], Sanção,
Estatuto, Derrogação, Vontade, Decreto, ou por temerária ousadia contradizer-lhes. Porém se alguém
pretender atentar, saiba que haverá de incorrer na indignação do Deus Onipotente e de seus Santos
Apóstolos Pedro e Paulo [ ou seja, ele estabelece, com essa sanção e indignação, que o corpo de doutrina
aqui exposto é como que recebido do Apóstolos Pedro e Paulo, como parte do Depósito da Fé, a Sagrada
Escritura e a Tradição ].”

2º ponto: você faz uma afirmação totalmente equivocada e confunde em um único período os termos
recepção, vinculação e derrogação quando afirma “O CDC de 1917 e toda a legislação anterior ao Código
de 1917 vincula apenas na extensão daquilo que ele mesmo recebe como legislação. Dessa forma, “Cum
Ex apostolatus” não foi recebida pelo código na sua integridade”.

A positivação pelo código de 1917 implica na efetiva recepção mas não em uma automática derrogação,
sendo que a regra para tanto é dada pelo cânon 6, omnium, e, pelo mesmo, fica retido e absolutamente
válido o Direito Divino positivo e natural ( vide, por exemplo, os cânos 218 e 948, que hora reproduzem
o Concílio Vaticano de 1870, hora o Concílio de Trento ).

Da mesma maneira a Bula “Cum ex apostolatus officio” que teve toda a sua logicidade funcional retida
pelo CIC de 1917, a saber, no cânon 188, nº4, justamente no “Livro II, Das Pessoas, Parte I – Dos
Clérigos, Capítulo II – Da admissão aos ofícios eclesiásticos” ( esse cânon 188, inclusive, conta com a
citação explícita da Bula “Cum ex apostolatus officio” como instrumento fundante de Direito Divino como
se vê naquelas edições típicas, em latim ); em Direito Romano, Canônico e mesmo Ocidental Positivo do
pós Revolução Francesa, naquilo que concerne à logicidade e funcionalidade previamente citada, aplica-
se ao cânon 188, nº4 aquilo que é conhecido como efeito “ex tunc”: descoberto o defeito material a
posteriori a um ato formal canônico, retroagem-se todos os efeitos dependentes daquele ato, como se vê
no §2º da Bula “Cum ex apostolatus officio”.

Ainda, muitos outros cânons estão fundados sobre a Bula “Cum ex apostolatus officio”, quais sejam: CIC
de 1917, cânons 167 ( §5º da Bula ); 218, §1º ( §1º da Bula ); 373, §4º ( §5º da Bula ); 1435 ( §§ 4º e
6º da Bula ); 1556 ( § 1º da Bula ); 1657, §1º ( §5º da Bula ); 1757, §2º ( §5º da Bula ); 2198 ( §7º da
Bula ); 2207 ( §1º da Bula ); 2209, §7º ( §5º da Bula ); 2264 ( §5º da Bula ); 2294 ( §5º da Bula );
2314, §1º ( §§2º, 3º e 6º da Bula ); 2316 ( §5º da Bula ).”

Até aqui, reprodução da resposta já dada ao sr. G. e que que adequa perfeitamente ao texto de A.
Schneider.

IV- por fim, partindo do pressuposto errado conforme está no item 3, A. Schneider faz uma análise breve
mas absolutamente obstrusa do caráter das eleições papais e de sua legislação específica; destarte,
retomo a explicação dada ao sr. G.:

“3º ponto: você refere de maneira totalmente confusa e equívocada que o CIC de 1917 em seu cânon
2265 § 2º autorizaria a eleição de um herege à Sé Apostólica e cita São Pio X e Pio XII “Tomando um
passo à frente, São Pio X na sua Constituição “Vacante Sede Apostolica” diz: “Pela razão ou pretexto de
qualquer espécie de excomunhão, suspensão, interdição ou qualquer impedimento esclesiástico, nenhum

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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
cardeal será excluído, de maneira alguma, de uma eleição (papal) ativa ou passiva”. Novamente o Papa
Pio XII reafirma seu antecessor em “Vacantis Apostolicae Sedis” (AAS 38 [1946], p. 76).”

Ora, como vimos acima, segundo a sua exposição, se admitido está pelo CIC, resta derrogado e,
destarte, teríamos de admitir que o mero e posterior direito eclesiástico positivado em 1917 derrogou o
Direito Divino, como se pudéssemos dizer: ” vale o que está no CIC, mas Trento não vale mais; vale o
que está no CIC, mas o Vaticano de 1870 não vale mais; vale o que está no CIC, mas Florença não vale
mais”, o que é obviamente falso pois, em primeiro lugar, o direito meramente eclesiástico tem caráter
instrumental e não derroga o Direito Divino, e, em segundo lugar, o Direito Divino é e sempre será a
base de todo real Direito, mesmo humano, positivo e moderno, como já o declarou o santo Papa
Inocêncio III.

A maior prova disso que registro está no próprio cânon que cita, o 2265, mas em seu § 1º, onde se lê
que qualquer excomungado é proibido de eleger, apresentar ou nominar; receber dignidades ou ofícios;
ser promovido às ordens sacras ( da mesma maneira como prescreve a Bula “Cum ex apostolatus officio”
).

Incoerência do CIC de 1917? Não, absolutamente, pois o § 2º do cânon 2265 é tão somente uma
exigência de ordem instrumental, de direito eclesiástico ( aqui, como se fosse uma espécie de exigência
de segurança jurídica ), ao passo que o § 1º trata de um estado patente no sujeito, estado esse de
herético excomungado por Direito Divino; o § 2º modificável segundo os tempos e necessidades, o § 1º
não; o § 2º sempre submisso e sempre condicionado à realidade do § 1º.

Cabe ainda notar que as excomunhões Maiores, ou por heresia, determinadas pela Igreja como de
caráter “ipso facto”, na medida em que constituem filosófica e moralmente um estado subjetivo, que
caracteriza o sujeito, são, juridicamente, de caráter lato, amplo, “latae sententiae”, e, por isso, não
dependem de declaração posterior; essas excomunhões são exemplificadas por Pio XII na encíclica “Ad
Apostolorum Principis”, § 29, de 1958 ( AAS ).

Em outros termos: a Bula “Cum ex apostolatus officio” fala de uma coisa ( Direito Divino ), enquanto que
o cânon citado por você fala de outra; ainda, sua citação do cânon 2265, § 2º, do CIC, também resta
inapropriada na medida em que totalmente inadequada para a eleição pontifical que, conforme o próprio
CIC em seu cânon 160, conta com uma legislação especial.”

Em outros termos, como se vê a partir da resposta dada ao sr. G., a argumentação neste ponto de A.
Schneider é absolutamente errada..

Desde já agradeço pela honestidade intelectual de toda equipe do FIU na publicação deste comentário.
Minha intenção sempre foi trabalhar pelo consenso entre os Católicos a partir do consenso doutrinal, da
Verdade inequívoca.

desculpo-me desde já por qualquer erro de digitação transcrição.

Conforme o exemplo de São José,


Nos SS. Corações de Jesus e Maria,
Alexandre V., alepaideia@gmail.com .

Alexandre V
1 abril, 2019 às 11:04 am
Que cabeça a minha…
Sem querer abusar da paciência da equipe do FIU, devo me desculpar por ter me esquecido do final da
resposta do item IV de minha anterior intervenção; desde já conto com toda vossa Caridade para a
publicação do restante de meu texto pois nesta parte consta a análise da legislação especial sobre as
eleições papais.
Ei-la:
…Em outros termos: a Bula “Cum ex apostolatus officio” fala de uma coisa ( Direito Divino ), enquanto que o
cânon citado por você fala de outra; ainda, sua citação do cânon 2265, § 2º, do CIC, também resta
inapropriada na medida em que totalmente inadequada para a eleição pontifical que, conforme o próprio CIC
em seu cânon 160, conta com uma legislação especial.
Passemos agora a analizar e compreender as palavras de São Pio X na Constituição “Vacante Sede
Apostolica”, nº 30, de 25 de Dezembro de 1904 e reproduzidas por Pio XII na Constituição “Vacantis
Apostolicae Sedis”, nº34 , de 8 de Dezembro de 1945 .
Pelo que até aqui foi exposto, uma pessoa de boa fé poderia se perguntar: “estariam esses Papas
enganados? como Papas infalíveis que foram no exercício de seu múnus poderiam dar o erro à Igreja,
facilitando a eleição de hereges? seria essa uma contradição entre lei geral e lei específica?”
A resposta só pode ser uma: absolutamente, não!
O texto citado em latim é assim:
“Nullus Cardinalium, cuiuslibet excommunicationis, suspensionis, interdicti aut alius ecclesiastici impedimenti
praetextu vel causa a Summi Pontificis electione activa et passiva excludi ullo modo potest; quas quidem
censuras ad effectum huiusmodi electionis tantum, illis alias in suo robore permansuris, suspendimus.”
Traduzido, seria assim:
“Nenhum dos cardeais pode, de forma alguma, nem sob pretexto de qualquer excomunhão, suspensão, ou
interdito que seja, ou de qualquer outro impedimento eclesiástico, ser excluído na eleição activa e passiva

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07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
do Pontífice Supremo. Nós assim suspendemos tais censuras somente para o propósito da dita eleição; em
alturas que não estas, elas permanecem em vigor.”
A chave do entendimento está em “ou de qualquer outro impedimento eclesiástico”, pois, em latim, o termo
“aut alius”, como pronominal latino, estabelece a correlação com os termos anteriores, definindo a
comparação com qualquer outra espécie de impedimento subsequente, ou seja, antes já se estava falando
de impedimentos tão somente eclesiásticos, aqueles cobertos pela excomunhão historicamente conhecida
como menor, excomunhão menor; só assim faz sentido a continuidade do que expõem São Pio X e Pio XII,
ao registrarem “… em alturas que não estas [ ou seja, em níveis superiores a esses, como o do Direito
Divino, como exemplificado pela Bula “Cum ex apostolatus officio” ], elas permanecem em vigor.”
Historicamente, observamos que a Igreja distinguiu as excomunhões em Maior e menor, mas aqui cabe
notar que a Maior dizia respeito aos pecados contra a Fé ( como a heresia e o cisma, como é o caso da Bula
“Cum ex apostolatus officio”, e que encontra correlativo hodierno na excomunhão “latae sententiae” ),
enquanto que a menor a outros pecados, também mortais e que vedavam tão somente à participação
sacramental, como, por exemplo, a venda de relíquias que, por exemplo, foi recepcionada e específicada
pelo CIC em seu cânon 2326 que, ainda que tratando de matéria grave, ainda que “ipso facto”, está
reservada a absolvição ao ordinário.
4º ponto: você cita “Acrescento que para Cardeais e Bispos serem canonicamente declarados hereges, eles
precisam ser declarados hereges pelo Papa somente. (Canon 1557 & 1558)” mas, de maneira reducionista e
infeliz, esquece-se da Teologia Moral, não notando que naquilo que vamos tratando também colhe a
hipótese do pecado de heresia; vejamos a palavra de um santo e providencial Dom Sardá y Salvani em sua
magistral obra “O Liberalismo é pecado”, capítulo XXXVII, aprovado pelo Santo Ofício e, consequentemente,
pela Igreja ( aqui em português às páginas 145-151
http://www.obrascatolicas.com/livros/Filosofia/O%20Liberalismo%20e%20pecado.pdf ), onde se poderá ler:
“XXXVIII.- SI ES O NO ES INDISPENSABLE ACUDIR CADA VEZ AL FALLO CONCRETO DE LA IGLESIA Y DE
SUS PASTORES PARA SABER SI UN ESCRITO O PERSONA DEBEN REPUDIARSE Y COMBATIRSE COMO
LIBERALES.
“Todo lo que acabáis de exponer, dirá alguien al llegar aquí, topa, en la práctica, con una dificultad
gravísima. Habéis hablado de personas y de escritos liberales, y nos habéis recomendado con gran ahínco
huyésemos, como de la paste, de ellos y hasta de su más lejano resabio. ¿Quién, empero, se atreverá, por
si solo, a calificar a tal persona o escrito de liberal, no mediando antes fallo decisivo de la Iglesia docente,
que así lo declare?” He aquí un escrúpulo, o mejor, una tontería, que han puesto muy en boga, de algunos
años acá, los liberales y los resabiados de Liberalismo. Teoría nueva en la Iglesia de Dios, y que hemos vista
con asombro prohijaba por quienes nunca hubiéramos imaginado pudiesen caer en tales aberraciones.
Teoría, además, tan cómoda para el diablo y sus secuaces, que en cuanto un buen católico les ataca o
desenmascara, al punto se les ve acudir a ella y refugiarse en sus trincheras, preguntando con aires de
magistral autoridad: “¿Y quién sois vos para calificarme a mi o a mi periódico de liberales? ¿Quién os ha
hecho maestro en Israel para declarar quién es buen católico y quién no? ¿Es a vos a quien se ha de pedir
patente de Catolicismo?”…
Planteemos antes limpia y escueta la cuestión. Es la siguiente: Para calificar a una persona o un escrito de
liberales, ¿debe aguardarse siempre el fallo concreto de la Iglesia docente sobre tal persona o escrito?
Respondemos resueltamente que de ninguna manera. De ser cierta esta paradoja liberal, fuera ella
indudablemente el medio más eficaz para que en la práctica quedasen sin efecto las condenaciones todas de
la Iglesia, en lo referente así a escritos como a personas. La Iglesia es la única que posee el supremo
magisterio doctrinal de derecho y de hecho, juris et facti, siendo su suprema autoridad, personificada en el
Papa, la única que definitivamente y sin apelación puede calificar doctrinas en abstracto, y declarar que tales
doctrinas las contiene o enseña en concreto el libro de tal o cual persona, Infalibilidad no por ficción legal,
como la que se atribuye a todos los tribunales supremos de la tierra, sino real y efectiva, como emanada de
la continua asistencia del Espíritu Santo, y garantiza por la promesa solemne del Salvador. Infalibilidad que
se ejerce sobre el dogma y sobre el hecho dogmático, y que tiene por tanto toda la extensión necesaria para
dejar perfectamente resuelta, en última instancia, cualquier cuestión. Ahora bien. Esto se refiere al fallo
último y decisivo, al fallo solemne y autorizado, al fallo irreformable e inapelable, al fallo que hemos llamado
en última instancia. Mas no excluye para luz y guía de los fieles otros fallos menos autorizados, pero sí
también muy respetables, que no se pueden despreciar y que pueden hasta obligar en conciencia al fiel
cristiano. Son los siguientes, y suplicamos al lector se fije bien en su gradación: …
5.º El de la simple razón humana debidamente ilustrada. Sí, señor; hasta eso es lugar teológico; como se
dice en teología; es decir, hasta eso es criterio científico en materia de religión. La fe domina a la razón; ésta
debe estarle en todo subordinada. Pero es falso que la razón nada pueda por sí sola, es falso que la luz
inferior encendida por Dios en el entendimiento humano no alumbre nada, aunque no alumbre tanto como la
luz superior. Se le permite, pues, y aun se le manda al fiel discurrir sobre lo que cree, y sacar de ello
consecuencias, y hacer aplicaciones, y deducir paralelismos y analogía. Así puede el simple fiel desconfiar ya
a primera vista de una doctrina nueva que se le presente, según sea mayor o menor el desacuerdo en que la
vea con otra definida. Y puede, si este desacuerdo es evidente combatirla como mala, y llamar malo al libro
que la sostenga. Lo que no puede es definirla ex cathedra; pero tenerla para sí como perversa, Y como tal
señalarla a los otros para su gobierno, y dar la voz de alarma y disparar los primeros tiros, eso puede
hacerlo el fiel seglar; eso lo ha hecho siempre y se lo ha aplaudido siempre la iglesia. Lo cual no es hacerse
pastor del rebaño, ni siquiera humilde zagal de él: es simplemente servirle de perro para avisar con sus
ladridos. Oportet adlatrare canes, recordó a propósito de esto muy oportunamente un gran Obispo español,
digno de los mejores siglos de nuestra historia. ¿Por ventura no lo entienden así los más celosos Prelados,

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 13/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
cuando, en repetidas ocasiones, exhortan a sus fieles a abstenerse de los malos periódicos o de los malos
libros sin indicarles cuáles sean éstos, persuadidos como están de que les bastará su natural criterio
ilustrado por la fe para distinguirlos, aplicando las doctrinas ya conocidas sobre la materia? Y el mismo
Índice ¿contiene acaso los títulos de todos los libros prohibidos? ¿No figuran al frente de él, con el carácter
de Reglas generales del Índice, ciertos principios a los que debe atenerse un buen católico para considerar
como malos muchos impresos que el Índice no designa, pero que, sobre las reglas dadas, quiere que juzgue
y falle por sí propio cada uno de los lectores? Pero vengamos a una consideración más general. ¿De qué
serviría la regla de fe y costumbres, si a cada caso particular no pudiese hacer inmediata aplicación de ella
el simple fiel, sino que debiese andar de continuo consultando al Papa o al Pastor diocesano? Así como la
regla general de costumbres es ley, y sin embargo tiene cada uno dentro de sí una conciencia (dictamen
practicum) en virtud de la cual hace las aplicaciones concretas de dicha regla general, sin perjuicio de ser
corregido, si en eso se extravía; así en la regla general de lo que se ha le creer, que es la autoridad infalible
de la Iglesia, consiente ésta, y ha de consentir, que haga cada cual con su particular criterio las aplicaciones
concretas, sin perjuicio de corregirle, y obligarle a retractación si en eso yerra. Es frustrar la superior regla
de fe, es hacerla absurda e imposible exigir su concreta e inmediata aplicación por la autoridad primera, a
cada caso de cada hora y de cada minuto. Hay aquí un cierto jansenismo feroz y satánico, como el que había
en los discípulos del malhadado Obispo de Iprés al exigir para la recepción de los Santos Sacramentos
disposiciones tales, que los hacían moralmente imposible para los hombres, a cuyo provecho están
destinados. El rigorismo ordenancista que aquí se invoca es tan absurdo como el rigorismo ascético que se
predicaba en Port-Royal, y sería aun de peores y más desastrosos resultados. Y si no, obsérvese un
fenómeno. Los más rigoristas en eso son los más empedernidos sectarios de la escuela liberal. ¿Cómo se
explica esa aparente contradicción? Explícase muy claramente, recordando que nada convendría tanto al
Liberalismo, como esa legal mordaza puesta a la boca y a la pluma de sus más resueltos adversarios. Sería
a la verdad gran triunfo para él lograr que, so pretexto de que nadie puede hablar con voz autoritativa en la
Iglesia, más que el Papa y los Obispos, enmudeciesen de repente los De Maistre, los Valdegamas, los
Veuillot, los Villoslada, los Aparisi, los Tejado, los Orti y Lara, los Nocedal, de que siempre, por la divina
misericordia, ha habido y habrá gloriosos ejemplares en la sociedad cristiana. Eso quisiera él, y que fuese la
Iglesia misma quien le hiciese ese servicio de desarmar a su más ilustres campeones.”
Vê-se, portanto e claramente, que a Bula “Cum ex apostolatus officio” é, no mínimo, moralmente possível e
aplicável e, portanto, a partir da resposta dada ao sr. G., a argumentação neste ponto de A. Schneider é
absolutamente errada.
Desde já agradeço pela honestidade intelectual de toda equipe do FIU na publicação deste comentário.
Minha intenção sempre foi trabalhar pelo consenso entre os Católicos a partir do consenso doutrinal, da
Verdade inequívoca.
desculpo-me desde já por qualquer erro de digitação transcrição.
Conforme o exemplo de São José,
Nos SS. Corações de Jesus e Maria,
Alexandre V., alepaideia@gmail.com .

Victor F.
28 março, 2019 às 2:32 pm
Alguém saberia informar se S. Rev.ma. datou este excelente e muito esclarecedor texto?

lopez
28 março, 2019 às 3:46 pm
Adorei ler este artigo verdadeiramente magistral e elucidativo
Já o imprimi para reler e rever com mais acuidade e cuidado.
Obrigado ao Frates pela partilha.

Alexandre V
3 abril, 2019 às 8:56 am
Caro Lopez,

Leia com acuidade e cuidado e, depois, afaste-se dele pois de magistral e elucidativo nada tem…

Um grande e cordial abraço e


Salve Maria.
Alexandre V.

Ricardo
28 março, 2019 às 9:40 pm
Ao menos reconheceu que o Papa Paulo Vi foi um revolucionário do rito da Missa e dos outros sacramentos,
que fez uma reforma litúrgica, que nenhum Papa antes ousou realizar com tanta radicalidade.

PW
28 março, 2019 às 9:52 pm
Trata-se de um manifesto episcopal, semelhante àqueles que D. Antônio e Mons. Lefebvre endereçaram a
Paulo VI e João Paulo II. Dá-se, porém, que para a igreja-em-saída saída do Vaticano II, esse tipo de
argumentação, digamos, “tradicional”, não possui absolutamente nenhuma relevância.

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 14/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Bento XVI, o último e supremo antiquarista no âmbito da igreja conciliar, talvez se interesse pela
presente exposição.

Em todo, caso, seja dito, primeiro, que o manifesto de S. Excia. demanda uma revisão. Há certa
redundância na exposição.

Há, também, as aporias de sempre, e a multiplicação dos exemplos do passado não resolve a principal
delas: como a jurisdição eclesiástica pode ser (formalmente) mantida por um herege (formal) ?

É claro que um herege investido de alguma jurisdição eclesiástica acaba por exercê-la material e
efetivamente em muitas situações: nomear, destituir, remover, prover, vender etc. Mas, no caso, não se
trata de uso do legítimo segundo a boa norma do direito, mas de abuso.

Um herege formal, como se sabe, pôs-se, proprio iudicio (Pio IX), fora da comunhão da Igreja. É o que
ensina a doutrina, o direito, e as Sagradas Escrituras anteriores ao Vaticano 2.

É isso o que a Igreja sempre ensinou: “Se alguém vier a vós sem trazer esta doutrina, não o recebais em
vossa casa, nem o saudeis. Porque quem o saúda toma parte em suas obras más”. (2Jo 1, 10-11).

Como que alguém, que está FORA da comunhão da Igreja, pois os pecados contra a fé, suapte natura
(Pio XII), privam da comunhão eclesiástica, pode exercer jurisdição sobre os que estão DENTRO? Que
mágica é essa? Quantas vezes a Igreja desligou os fieis da obediência devida a um mau Príncipe, no
passado?

Além disso, se a jurisdição eclesiástica se mantivesse em caso de heresia, então, por exemplo, os
católicos ingleses e alemães, que fizeram frente aos clérigos caídos em heresia no tempo da Pseudo-
Reforma protestante, teriam pecado. Seriam sediciosos, e não mártires e confessores da fé em
muitíssimos casos.

E a pergunta que não quer calar: como Deus, Verdade eterna e imutável, pode reconhecer como chefe
da Igreja quem está fora dela. Que toda a Igreja ou a imensa maioria reconheça, isso é uma coisa. Que
Deus faça o mesmo, é impossível.

Mas o grande ausente da argumentação de D. Athanasius é Paulo IV com a sua “Cum ex apostolatus
officio” (1559).

Que Deus guarde D. Athanasius da fúria dos anticristos: antichristi multi (1 Jo 2, 18).

Ad multos annos!

Gederson Falcometa
31 março, 2019 às 11:53 am
Caro PW,
Na Bula Cum Ex Apostolatus Officio, também pode se ler as seguintes palavras (depois de Papa Paulo IV
falar que o Papa desviado da fé deve ser redarguido):
“e para que não aconteça algum dia que vejamos no Lugar Santo a abominação da desolação, predita
pelo profeta Daniel”.
O que dizer dessas palavras?

Augusto Primo
28 março, 2019 às 11:10 pm
O bacana de dom Athanasius é que ele coloca o dedo na ferida. Sobrou até, por assim dizer, pra São Pio
X e Pio XII.
Dom Athanasius não disse e nem insinuou que foram maus papas, mas com honestidade nos mostrou
que nesse ponto, até um santo e um considerado santo por muitos, fizeram mudanças drásticas e/ou
erradas. Foi muito bom ler esse artigo. Me iluminou em relação a identidade do papado e da Igreja.

Obrigado Dom Athanasius!


Obrigado Fratres!

mendoncacorreia
29 março, 2019 às 1:24 am
Li a versão italiana. É um ensaio desastroso do princípio ao fim!
«La teoria o opinione teologica che consente la deposizione di un papa eretico o la perdita del suo ufficio
“ipso facto” a causa dell’eresia è in pratica inattuabile.» Trata-se duma afirmação impossível de conciliar com
as sapientíssimas disposições da Divina Providência. Não se concebe que Cristo tenha querido deixar o Seu
Corpo Místico à mercê da chefia dum Papa herege, tanto mais que lhe podem suceder outros “ad infinitum”!
Assim, por exemplo, Francisco negou pública e formalmente o Dogma da Imaculada Conceição da
Santíssima Virgem Maria em Roma, no passado dia 21 de Dezembro. Que acontecerá se o(s) seu(s)
sucessor(es) mantiver(em) tal heresia? A determinada altura, tornar-se-á legítimo perguntar se a Imaculada
Conceição da Santíssima Virgem Maria é ou não é afinal um dogma da nossa Fé!
A teoria da deposição dum Papa herege foi defendida por teólogos e canonistas sumamente eminentes,
como Belarmino e Suárez. Ousar dizer que, «[s]e fosse applicata nella pratica, creerebbe una situazione
simile a quella del Grande Scisma, che la Chiesa già sperimentò disastrosamente alla fine del XIV e all’inizio

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 15/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
del XV secolo», é rebaixar-se a usar um argumento “ad terrorem”, indigno de homens da estatura de
Schneider!

Alexandre V
3 abril, 2019 às 9:14 am
Caro Mendonça Correia, muito bom dia e

Salve Maria.

Sapienciais colocações as vossas:

“É um ensaio desastroso do princípio ao fim!” ,

“Trata-se duma afirmação impossível de conciliar com as sapientíssimas disposições da Divina


Providência.” , e, ao final,

“Assim, por exemplo, Francisco negou pública e formalmente o Dogma da Imaculada Conceição da
Santíssima Virgem Maria em Roma, no passado dia 21 de Dezembro. Que acontecerá se o(s) seu(s)
sucessor(es) mantiver(em) tal heresia? A determinada altura, tornar-se-á legítimo perguntar se a
Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria é ou não é afinal um dogma da nossa Fé!”.

Ao que acrescento: então Deus permitiu que se abatesse sobre nós um mal para o qual não haveria
remédio?

Creio ter sido providencial vosso exemplo em relação ao dogma da Imaculada Conceição: conforme
escrevi acima, uma era a situação de Honório, outra a dos “papas” pós conciliábulo e outra
completamente distinta a de são Pio X e Pio XII.

Por fim, destaco outro aspecto desastroso do texto de A. Schneider: “…em nenhum caso significa
passividade ou colaboração com os erros papais, mas um engajamento muito ativo e uma verdadeira
compaixão com a Igreja, que, no tempo de um papa herege ou semi-herege,…”

Senhor dos Céus: o que é um semi-herege?? Teologicamente falando, esse termo não existe!!… ou seria
uma variação para “aqueles que não estão em plena comunhão”?

Do fundo de meu coração: quero ver em A. Schneider uma pessoa de boa-fé, objetivamente, mas ele
precisaria entender que é impossível combater eficazmente a revolução se se aceita os princípios dela…

Aliás, essa revolução que aí está não será combatida com uma revolução em contrário, mas pelo
contrário de tudo aquilo que representa a revolução.

Um grande e cordial abraço,


Alexandre V.

Sandro de Pontes
29 março, 2019 às 8:44 am
Amigos, bom dia a todos.

Uma das coisas que dá uma “preguiça danada” deste tipo de artigo é ver, por exemplo, o autor citando Pio
XII como que corrigindo um erro histórico aprovado universalmente pela Igreja em muitos séculos referente
a entrega dos instrumentos como matéria do sacramento da Ordem. Nos últimos trinta anos já se mostrou
exaustivamente que Pio XII alterou uma lei eclesiástica, o que a Igreja pode fazer, e de fato muitas vezes o
fez.

Ou seja, ao alterar o que alterou, ao dizer que a entrega dos instrumentos não era necessária para a validez
do sacramento, Pio XII ensina simultaneamente que mudava o que poderia ser mudado, e que é isso é
próprio da Igreja, pois a Igreja jamais mudará aquilo que é de direito divino.

Até mesmo padres tradicionalistas europeus que usaram este argumento depois se desculparam
publicamente, e isso há mais de vinte anos! E eis que vemos o mesmo argumento sendo usado,
erroneamente, em 2019.

Além do que a Igreja ensina ser impossível ela, Igreja, aprovar um rito sacramental mau, herético ou
“heretizante”, ela não pode aprovar um rito não condizente com a doutrina católica de jeito nenhum. Tanto
isso é verdade que o Concílio de Trento excomunga quem rejeitar um rito sacramental aprovado pela Igreja.
Confiram, por favor:

“Se alguém disser que as cerimônias, os ornamentos e os sinais exteriores que a Igreja Católica utiliza na
celebração das missas incitam à impiedade, seja anátema” – Concílio de Trento, Sessão XXII, Can. 7

“856. Cân. 13. Se alguém disser que os ritos aceitos e aprovados pela Igreja Católica, que costumam
ser usados na administração solene dos sacramentos, podem ser desprezados ou sem pecado
omitidos a bel-prazer pelos ministros, ou mudados em novos e em outros por qualquer pastor de igrejas —
seja excomungado” – Concílio de Trento

Aí está o nó insolúvel que aqueles que rejeitam a missa nova e reconhecem Paulo VI como papa legítimo
estão amarrados.

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 16/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Sandro de Pontes

Pedro Vale
31 março, 2019 às 8:05 am
Salve Maria, Mãe de Misericórdia! O que o Concílio de Trento excomunga é dizer que os ritos, cerimônias,
etc, aceitos e aprovados *PELA IGREJA CATÓLICA* podem ser rejeitados, omitidos, etc. Ora, nem tudo o
que o clero faz é a Igreja Católica que está fazendo. Se o papa aceitar e aprovar, por exemplo, um rito
que exalte Buda ou Maomé, é evidente que não é a Igreja quem está aprovando, pois *a Igreja é
indefectivelmente santa e, ela sim, não pode ensinar nada de herético nem de heretizante, mas seus
filhos (clérigos, leigos, enfim) esses podem falhar e até pecar* . Logo, a missa nova da igreja conciliar
*não é* um rito aceito e aprovado pela Santa Madre Igreja Católica, ainda que seja aceita por papas.

Pedro Vale
31 março, 2019 às 1:41 pm
E diga-se também algo que eu não falei no último comentário e que retiro do trabalho ‘Missa Nova: Um Caso
de Consciência’: O Concílio de Trento anatematizou os que condenam o rito que
manda dizer em voz baixa as palavras da Consagração (Ses. 22,
cn. 9 – Denz.-Sch. 1759). O novo “Ordo”, ao contrário, afirma
que as palavras da Consagração, por sua própria natureza devem ser ditas em voz clara e audível (Rubrica
N¤91). Ora, se fosse impossível que a Missa Nova fosse herética e/ou heretizante, segundo o sr. Sandro
Pontes, então como é que Paulo VI poderia declarar que algo que São Pio V ordenou SOB PENA DE
EXCOMUNHÃO SE FOSSE DESOBEDECIDO, era errado por causa DA PRÓPRIA NATUREZA das palavras da
consagração, que são A FORMA (QUE É NECESSÁRIA PARA A VALIDEZ) DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO?
Ora, é evidente que Paulo VI, ao ensinar que por causa da própria natureza das palavras da Consagração o
procedimento deveria ser X, estava ensinando algo contrário à Fé, pois séculos antes outro papa
anatematizou quem dissesse que o procedimento deveria ser Y. Das duas uma: Ou São Pio V ordenou algo
que aparentemente não corresponde à própria natureza das palavras da Consagração, segundo Paulo VI, ou
quem errou foi o próprio Paulo VI ao ensinar algo errôneo sobre a natureza de tais palavras. Portanto, fica
evidente que a infalibilidade da Igreja não impede que um papa estabeleça um rito que ensine coisas
contrárias à Fé.

Alexandre V
1 abril, 2019 às 10:28 am
Caro Pedro, muito bom dia e

Salve Maria.

O que diz a seguir é simplesmente absurdo:

“Se o papa aceitar e aprovar, por exemplo, um rito que exalte Buda ou Maomé, é evidente que não é a
Igreja quem está aprovando, pois *a Igreja é indefectivelmente santa e, ela sim, não pode ensinar nada
de herético nem de heretizante, mas seus filhos (clérigos, leigos, enfim) esses podem falhar e até pecar*
. Logo, a missa nova da igreja conciliar *não é* um rito aceito e aprovado pela Santa Madre Igreja
Católica, ainda que seja aceita por papas.”

Primeiramente que, de Fé, a verdadeira Igreja, através de seus verdadeiros pastores no exercício de seu
múnus, ordinaria e extraordinariamente, não pode dar o mal a seus filhos e, secundariamente, que essa
infalibilidade é dada à pessoa que ocupa o cargo; logo é herética a dissociação que registra

“Logo, a missa nova da igreja conciliar *não é* um rito aceito e aprovado pela Santa Madre Igreja
Católica, ainda que seja aceita por papas.”

Como disse acima, em outro post, sempre agradecerei pela honestidade intelectual de toda equipe do
FIU na publicação de meus comentários, ainda mais em matéria tão premente.

Minha intenção sempre foi trabalhar pelo consenso entre os Católicos a partir do consenso doutrinal, da
Verdade inequívoca: de maneira alguma está em minha intenção humilhá-lo, meu caro Pedro.

Um grande e crodial abraço,


Conforme o exemplo de São José,
Nos SS. Corações de Jesus e Maria,
Alexandre V., alepaideia@gmail.com .

Alexandre V
1 abril, 2019 às 11:17 am
Caríssimo Sandro,
Muito bem notado de sua parte:
“Até mesmo padres tradicionalistas europeus que usaram este argumento depois se desculparam
publicamente, e isso há mais de vinte anos! E eis que vemos o mesmo argumento sendo usado,
erroneamente, em 2019.”,
Como pessoas ditas bem intencionadas ainda se valem de argumentos semelhantes??? É realmente
consternante…

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 17/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Um grande abraço, e
Salve Maria.

Pedro Vale
4 abril, 2019 às 12:10 pm
Salve Maria, Sr. Alexandre V! Você diz:

“Primeiramente que, de Fé, a verdadeira Igreja, através de seus verdadeiros pastores no exercício de seu
múnus, ordinaria e extraordinariamente, não pode dar o mal a seus filhos e, secundariamente, que essa
infalibilidade é dada à pessoa que ocupa o cargo; logo é herética a dissociação que registra”.
Resposta: De Fé? Que Fé? Não, herético é o seu pensamento. Você sabia que São Pedro ensinou algo de
errado em matéria de Fé em público, e foi corrigido por São Paulo? Honório e João XXII também
ensinaram erros. A Igreja não pode dar o mal a seus filhos, mas autoridades da Igreja, como papas,
bispos, etc, podem sim ensinar algo de errado e, quando o fazem, é evidente que não é a Igreja que está
ensinando através deles, mas sim eles, puramente. Ora, dizemos que a Igreja é indefectivelmente santa
e que ela, também através de seus filhos, salvou, tratou e cuidou de muitos pobres, órfãos, doentes. Ou
seja, através de seus filhos, era a Igreja quem estava cuidando, tratando, etc. Mas e quanto aos maus
clérigos que eventualmente tenham maltratado injustamente órfãos, doentes, etc? É evidente que não
era a Igreja que estava cometendo maus tratos através de seus maus filhos. E como, para ser
excomungado por heresia, deixando, portanto, de estar em comunhão com a Igreja, é preciso ser um
herege formal e não somente material (caso contrário, uma criança de 3 anos que proferisse uma heresia
sem nem saber que a Igreja condenava tal heresia já estaria excomungada, o que é um absurdo), o
mesmo que eu falei sobre os maus tratos físicos se aplica a eventuais erros doutrinários ensinados por
clérigos, até mesmo papas. Como a Igreja é não só indefectivelmente santa como infalível, não é ela
quem peca quando seus filhos pecam e não é ela quem ensina heresias quando seus filhos ensinam
heresias. Quando à infalibilidade papal, ela só se aplica, como estabeleceu infalivelmente o Concílio
Vaticano I, quando as chamadas Quatro Condições Vaticanas são preenchidas. Fora delas, não há
infalibilidade e, portanto, quando um papa ensina qualquer erro não é a Igreja quem está ensinando
através dele.

Alexandre V
6 abril, 2019 às 9:14 am
Pedro, Pedro, caro Pedro, que lástima…

Como coloquei desde o início, longe de mim está querer humilhar alguém e, muito pelo contrário, trabalho
já há pelo menos oito anos pelo consenso entre os católicos, a partir do consenso doutrinal: ora, se nos
dizemos todos católicos não devemos obediência à Verdade do Magistério infalível da Santa Igreja?

Pedro, meu caro Pedro, você se coloca em uma situação absurda e diante da qual sou como que obrigado a
lhe responder por uma questão de Caridade, Caridade essa tomada em um duplo aspecto: não posso
consentir que um irmão em Cristo permaneça no erro e não posso permitir que alguém, ao lê-lo, Pedro,
presuma que esteja certo…

Infelizmente, em um certo sentido apenas ( pois, se bem entendido, o que escrevo lhe servirá para vosso
engrandecimento espiritual ), repito, infelizmente, você, a partir de agora, terá do que se envergonhar… por
sua própria culpa.

O texto que me deixaste denota de sua parte ora infantilidade, ora má fé intelectual, ora falta de humildade
e preparo… e, novamente, longe de mim está querer humilhá-lo e, muito pelo contrário, dirijo-me a vós em
tom cordial e cavalheiresco, respeitando-o e relevando totalmente vossas palavras grosseiras.

Por que relevo? porque já sou um senhor de mais de 40 anos de idade e envolvido com o tradicionalismo, ao
menos, desde os 18 e que já cometeu erros parecidos com os vossos.

Relevo e, até mais, perdoo-o do fundo de meu coração porque nós, fiéis principalmente, somos todos
vítimas da grande apostasia, ficamos todos ( genericamente falando ) sem verdadeiros e bons pastores que
nos guiassem e, portanto precisamos “começar do zero”… ora, para isso precisamos nos ajudar, não é
mesmo?

Assim ajo.

Responderei-lhe educada e sucintamente.

1) Você escreve: “De Fé? Que Fé? Não, herético é o seu pensamento” e “Quando à infalibilidade papal, ela
só se aplica, como estabeleceu infalivelmente o Concílio Vaticano I, quando as chamadas Quatro Condições
Vaticanas são preenchidas. Fora delas, não há infalibilidade”.

Respondo e evidencio vossa falta de honestidade intelectual: essa objeção que faz já está respondida acima,
em minha primeira intervenção, ou seja, ou você não leu ou não compreendeu o que escrevi e, se não
compreendeu, por que não procurou tirar a(-s) dúvida(-s)?

De Fé? Que Fé? Fé Católica, Apostólica e Romana, como está no Concílio Vaticano, de 1870… que não falou
somente a infalibilidade ex cathedra.

Escrevi acima:

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 18/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
“[1]Constituição “Dei Filius”, § 18: “Por outro lado, com Fé Divina e Católica, deve-se crer tudo aquilo que
está contido na palavra de Deus, escrita ou transmitida, e que a Igreja propõe para crer como divinamente
revelado, seja por meio de um juízo solene, seja por seu Magistério Ordinário e Universal”

“Palavras infalíveis de Leão XIII em Sapientiae Christianae, §35, sustentadas por Bonifácio VIII e Pio IX, e
endossadas posteriormente por Pio XII:

“Quanto à determinação dos limites da obediência, não imagine alguém que basta obedecer à autoridade
dos pastores de almas e, sobre todos, do Pontífice Romano, nas matérias de Dogma, cuja rejeição pertinaz
traz consigo o pecado de heresia; nem basta ainda dar sincero e firme assentimento àquelas doutrinas que,
apesar de não definidas ainda com solene julgamento da Igreja, são todavia propostas à nossa Fé pelo
Magistério Ordinário e Universal da mesma como divinamente reveladas e, as quais, por definição[1] do
Concílio Vaticano [ de 1870 ], devem ser cridas com Fé Católica e Divina. Faz-se necessário, também, que
os cristãos contem entre os seus deveres o de se deixarem reger e governar pela autoridade dos bispos e,
principalmente, desta Sé Apostólica. Vê-se facilmente a razoabilidade desta sujeição pois, efetivamente, das
coisas contidas nos divinos oráculos, umas referem-se a Deus e outras ao mesmo homem e aos meios
necessários para chegar à eterna salvação; pois bem, nestas duas ordens de coisas, isto é, quanto ao que se
deve crer e ao que se deve fazer, compete, por Direito Divino à Igreja e, na Igreja, ao Romano Pontífice
determiná-lo[2], e eis a razão do porque compete ao Romano Pontífice julgar autoritativamente que coisas
contenha o assim chamado Depósito da Fé [ a Sagrada Escritura e a Tradição ] e que doutrinas concordem
com ela e quais dela desdigam e, do mesmo modo, determinar o que é Bem e o que é Mal, o que se deve
fazer ou deixar de fazer para conseguir a salvação eterna: se isso não pudesse fazer, o Papa não seria
intérprete infalível da vontade de Deus[3] ou guia seguro da vida do homem[4]” ”

E perceba, Pedro: o Papa Leão XIII fala infalivelmente que ele julga autoritativamente aquilo que concorda
ou não com o depósito da Fé, define o que se deve fazer ou deixar de fazer ( age aqui no plano moral,
portanto ) pois é intérprete infalível e, por esse mesmo motivo, guia seguro da vida do homem quando no
exercício de seu múnus. ordinaria e extraordinariamente pois, antes, mais acima em seu mesmo parágrafo,
já havia posto ele, Leão XIII, a premissa de sua infalibilidade a definição da mesma infalibilidade ordinária,
já havia posto esse parâmetro ( “…nem basta ainda dar sincero e firme assentimento àquelas doutrinas que,
apesar de não definidas ainda com solene julgamento da Igreja, são todavia propostas à nossa Fé pelo
Magistério Ordinário e Universal da mesma como divinamente reveladas e, as quais, por definição[1] do
Concílio Vaticano [ de 1870 ], devem ser cridas com Fé Católica e Divina. Faz-se necessário, também, que
os cristãos contem entre os seus deveres o de se deixarem reger e governar pela autoridade dos bispos e,
principalmente, desta Sé Apostólica…”).

Veja a explicação de Padre Matteo Liberatore, de 1882, “Duas grandes mentiras sobre a infalibilidade da
Igreja”:

“Há aqueles que, seja por ignorância ou antes por malícia, pretendem que o magistério da Igreja não é
infalível a não ser quando define os dogmas revelados por Deus; dizem eles que a Igreja se desincumbe
desse magistério [infalível] unicamente quando, com um juízo solene, ela define um ponto de fé ou de
moral, quer no seio dos Concílios, quer nos decretos pontifícios. Essas afirmações são, todas duas,
contrárias à verdade.

Para começar, o magistério da Igreja é duplo: um extraordinário, outro ordinário.

O primeiro [o magistério extraordinário] é unicamente aquele que se exerce por juízo solene, quando
surgiram certas dúvidas referentes ao entendimento dos dogmas, ou então ainda em razão de algum erro
pernicioso que ameace a pureza da crença ou dos costumes.

Já o magistério ordinário, porém, é aquele que se exerce, sob a vigilância do Papa, pelos pastores sagrados
espalhados pelo mundo inteiro, quer por meio da palavra escrita ou falada nas pregações e nos catecismos,
quer pelo exercício do culto e dos ritos sacros, quer pela administração dos sacramentos e todas as outras
práticas e manifestações da Igreja.

Esses dois gêneros de magistério são afirmados em termos expressos pelo Concílio do Vaticano: “Somos
obrigados a crer, com fé divina e católica, em tudo o que está contido na palavra de Deus escrita ou
transmitida pela tradição, e que a Igreja, quer com um juízo solene, quer com um ensinamento ordinário e
universal, propõe à nossa crença como revelado por Deus.”

Pretender que o fiel não esteja obrigado a crer a não ser naquelas verdades que tenham sido objeto de
definição solene da Igreja seria redundar em dizer que antes do Concílio de Niceia ele não tinha a obrigação
de crer na divindade do Verbo; nem na presença real de Jesus Cristo na Santa Eucaristia, antes da
condenação de Berengário.

Em segundo lugar, a infalibilidade do magistério extraordinário e do magistério ordinário não se estende


unicamente aos dogmas que Deus revelou, mas também às consequências que neles estão contidas, e em
geral a tudo o que com eles é conexo, a tudo o que é indispensável para conservá-los intactos e protegê-los
contra os ataques e as armadilhas do erro. Sem isso, Deus não teria tomado medidas suficientes para que
os pastores sagrados estivessem em condições de preservar os fiéis contra as fontes envenenadas, Ele não
os teria provido dos meios necessários para garantir eficazmente o depósito da fé que a eles foi confiado.”

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 19/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Em outras palavras: a Santa Igreja não é infalível somente ex cathedra, a Santa Igreja não é infalível
apenas quando se pronuncia solenemente… será que, diante disso, você diria que meu pensamento é
herético?

2) Você escreve: “Você sabia que São Pedro ensinou algo de errado em matéria de Fé em público, e foi
corrigido por São Paulo? Honório e João XXII também ensinaram erros”

Respondo e evidencio vossa falta de honestidade intelectual, de humildade e de conhecimento teológico:


esse é justamente o primeiro ponto de minha primeira intervenção logo acima ( e que você não leu… ); claro
ficará que mais acima não cito explicitamente São Pedro e João XXII mas não ficaria difícil de imaginar, ou
presumir, a coerência de minhas eventuais exposições em relação a essas últimas figuras históricas se
tivesse lido o que deixei acima… ademais, precisamente no tocante a João XXII, já pude falar aqui, em
2015, https://fratresinunum.com/2015/02/03/um-papa-que-caiu-em-heresia-joao-xxii-e-a-visao-beatifica-
dos-justos-depois-da-morte/#comment-103470 , e nossos amigos Sandro e Gederson aqui,
https://fratresinunum.com/2015/12/30/honorio-i-o-caso-controverso-de-um-papa-heretico/#comment-
116135 e https://fratresinunum.com/2015/12/30/honorio-i-o-caso-controverso-de-um-papa-
heretico/#comment-116158 , respectivamente.

Destaco que já em 2015 era refutado D Champman, o mesmo autor citado por A. Schneider: aqui, por
nosso amigo Nelson Sarmento https://fratresinunum.com/2015/12/30/honorio-i-o-caso-controverso-de-um-
papa-heretico/#comment-116143 ; o que serve para denunciar ainda mais o mal uso que ele, A. Schneider
faz das fontes bibliográficas.

Em ouros termos: sua crítica a mim, neste ponto, chega com ao menos quatro anos de atraso…

Sobre São Pedro: a correção feita por São Paulo em Gálatas, II, 11, refere-se a correção fraternal e assim
sempre foi entendida pela Santa Igreja; se não crê no que digo, leia o comentário de Fillion aqui à página
15/ 44 do pdf ( pág. 293 do livro ), nota ao versículo 11, perfeitamente de acordo com a Tradição ( tal coisa
aparece, também, em um ótimo comentário ao Novo Testamento conforme o decreto “Lamentabili sine
exitu” feito pelos Franciscanos da Bahia, de 1909, e de maneira mais extensa e detalhada, mas que não
posso transcrever agora ).

3) Você escreve: “A Igreja não pode dar o mal a seus filhos, mas autoridades da Igreja, como papas, bispos,
etc, podem sim ensinar algo de errado e, quando o fazem, é evidente que não é a Igreja que está ensinando
através deles, mas sim eles, puramente. Ora, dizemos que a Igreja é indefectivelmente santa e que ela,
também através de seus filhos, salvou, tratou e cuidou de muitos pobres, órfãos, doentes. Ou seja, através
de seus filhos, era a Igreja quem estava cuidando, tratando, etc. Mas e quanto aos maus clérigos que
eventualmente tenham maltratado injustamente órfãos, doentes, etc? É evidente que não era a Igreja que
estava cometendo maus tratos através de seus maus filhos.” e “…o mesmo que eu falei sobre os maus tratos
físicos se aplica a eventuais erros doutrinários ensinados por clérigos, até mesmo papas.”

Respondo e evidencio vossa falta de conhecimento teológico ( assim como é comum no ambiente da FSSPX
e afins ): a confusão aqui nasce de um sofisma muito comum em ambientes como o da FSSPX e que é
reproduzido acima por A. Schneider quando ambos falam do mal pai que, por ser tal, não deixaria de o sê-
lo, pai.

Ora, ora, ora, isso é um verdadeiro sofisma pois acusam aos “papas” do pós-conciliábulo de ensinarem o
erro ( área de atuação doutrinal ) mas querem mantê-lo “incólume”, como que ainda legítimo, procurando
uma escusa na esfera moral, abstraindo de responder eles mesmos às objeções que fazem em outra esfera
de atuação!

Esqueceram-se do ensino do Catecismo de Trento ( no que toca a Comunhão dos Santos, pág. 162 na edição
da AEM ) e do concordante, profundo e perfeito ensinamento de Mgr de Ségur, em tudo conforme à
Tradição:

“De même qu’un mauvais prêtre ne cesse pas pour cela d’être prêtre, de sorte que sa messe, ses
absolutions, etc., sont valides; de même un Pape, qui aurait le malheur de n’être pas vertueux et saint, ne
cesserait pas pour cela d’être Pape, et, comme tel, de jouir de tous les privilèges accordés par le bon Dieu à
la Papauté. Quelque mauvais qu’on le suppose, il n’en serait pas moins le Pape, le représentant visible de
Jésus-Christ, le Pasteur et le Docteur infaillible de toute l’Église. Méprisable comme homme, il serait toujours
vénérable comme Pape, et Notre-Seigneur, dont les promesses sont immuables, le rendrait aussi facilement
infaillible que s’il avait affaire à un homme saint et pur.

Dans la longue série des deux cent cinquante-huit papes qui, depuis saint Pierre jusqu’à ce jour, ont
gouverné l’Eglise de Dieu, il y a eu deux Papes qui ont été notoirement indignes de leur sainte mission; et
Dieu a permis que ces deux indignes n’aient eu à définir aucune vérité durant leur Pontificat.
Jamais un Pape ne s’est trompé en enseignant la foi, parce que le bon Dieu y a pourvu, en maintenant son
Vicaire, quel qu’il fût, bon ou mauvais, au-dessus de l’infirmité naturelle de l’intelligence humaine, qui peut
toujours se tromper, qui peut toujours faillir.
Ainsi, au point de vue de l’autorité et de l’infaillibilité, il importe très-peu que le Pape soit bon ou mauvais,
juste ou pécheur.” (Le Pape est infaillible. Opuscule populaire. 1870 dans Comment un mauvais Pape peut
être et est infaillible, tout comme un bon)

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 20/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
“Tout en étant infaillible comme Vicaire de JÉSUS-CHRIST, le Pape ne cesse pas d’être peccable, parce qu’il
ne cesse pas d’être homme. S’il eût été nécessaire au bien de l’Église et au salut du monde que le Chef de
l’Église fût impeccable, qui doute que Dieu ne l’est fait impeccable comme il l’a fait infaillible. Cela n’était pas
nécessaire: il ne l’a pas fait.
Que faut-il, en effet, à l’Église? Qu’elle ait une règle certaine et infaillible en matière de croyance; et elle l’a,
au moyen de l’infaillibilité de son Chef; puis, qu’elle ait une autorité souveraine, indiscutable, certainement
sainte, en matière de direction et de conduite; et cette autorité, elle la trouve dans la suprême autorité, à
laquelle il n’est jamais permis de désobéir. Voilà ce qui est nécessaire à l’Eglise. Mais on ne voit pas à quoi
lui servirait l’impeccabilité de son Chef. Si le Pape était impeccable, cette grâce lui serait certainement très-
précieuse; mais elle ne servirait guère qu’à lui. Pour la conduite de l’Eglise, son infaillibilité et son autorité
souveraine suffisent complètement.” (Le Pape est infaillible. Opuscule populaire. 1870 dans Si le Pape est
impeccable parce qu’il est infaillible)

Em outros um é o erro doutrinal, outro o moral, e o moral não afeta em nada a infalibilidade, mesmo
ordinária ( aliás, essa idéia de que o Papa perde sua legitimidade ou ofício por uma má conduta moral é erro
professado por John Huss e condenado pelo Concílio de Constança, em 1415; não é demais lembrar, aqui,
que os sedevacantistas defendem, em conformidade com a Doutrina da Igreja, a perda do ofício por motivos
doutrinais! ).

Pedro, meu caro Pedro, antes de ter me escrito deveria ter lido o que lhe endereçou o nosso amigo Sandro
quando escreveu em 3 de Abril último, alertando-o sobre o absurdo de vossa dissociação e também
apontada por mim:

“Pedro Vale, bom dia

Quando um papa promulga uma missa ou qualquer rito e obriga toda a Igreja a segui-lo, evidentemente é a
Igreja quem está promulgando esta missa ou este rito. A distinção que você faz nesta questão é
simplesmente absurda e inexistente.

Foi a Igreja Católica, e não propriamente Pio XII, quem reformou o rito da Semana Santa no ano de 1955.
Foi a Igreja Católica, e não propriamente São Pio X, quem promulgou a Pascendi em 1907. Neste sentido, o
homem que ocupa a cátedra aparece somente a título secundário, pois que de Pedro até ao Papa reinante,
seja ele qual for quando da volta de Cristo, o Papado é uno e indivisível.

Tanto isso é verdade que a Igreja condena colocar um Papa do passado contra um Papa do presente e
lembra que aquilo que o Papa aprova deve necessariamente ser observado por todos. Confira o ensinamento
de Pedro, que aqui fala pela boca de Leão XIII…”

4) Você escreve: “E como, para ser excomungado por heresia, deixando, portanto, de estar em comunhão
com a Igreja, é preciso ser um herege formal e não somente material (caso contrário, uma criança de 3
anos que proferisse uma heresia sem nem saber que a Igreja condenava tal heresia já estaria
excomungada, o que é um absurdo)…”.

Respondo e denoto sua infantilidade: você tenta ridicularizar o que digo dando um exemplo obstruso…
criança de três anos, sério mesmo?; conforme a própria Doutrina da Igreja, uma criança de três anos seria
inimputável pois ainda não teria chego à idade da razão… ou você não estudou isso alguma vez na vida? ou
não se lembrou?

Respondo e denoto sua falta de conhecimento teológico: você confunde a formalidade de uma declaração
por heresia que, por sua vez, nominaria o herege, com e após a constatação factual da heresia, ao mesmo
tempo que patenteia desconhecer e não ter lido que escrevi acima sobre a excomunhão ipso facto, distinção
material/ formal, esfera doutrinária/ moral nos itens III e IV de minha primeira intervenção.

Em realidade a excomunhão ipso facto cria uma espécie de “hipótese de incidência”, como se dissesse: “toda
vez que alguém incidir neste tal erro saiba desde já que fica excomungado ( ou seja, tipificado como
criminoso ) sem necessidade de declaração ulterior”, sendo que a Bula “Cum ex apostolatus officio” ainda
reconhece e ordena infalivelmente a aplicação do princípio ex tunc ( tudo isso já está acima, nos pontos que
refiro, há dias… ).

Lembre-se das sábias palavras que nosso amigo Sandro já lhe dirigiu: “Por favor, abra seus olho e o seu
coração. Sofismas não ajudam em nada o catolicismo.”

Desde já me desculpo se em algum momento lhe pareci rude ou cometo algum erro de transcrição,
formatação ou digitação ( mesmo depois de “colar” e corrigir, não sei porque, nunca fica igual ao que
visualizei )…

Sem qualquer espécie de ressentimento,

Um grande abraço e

Conforme o exemplo de São José,

Nos SS Corações de Jesus e Maria,

Alexandre V.

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 21/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
“Tout chrétien est un Christ,
Tout Christ est un Rédempteur
Tout Rédempteur est associé à la Croix du Christ afin de sauver ceux qui Le crucifient.”- Louis Veuillot.

vasco martins
29 março, 2019 às 10:05 am
Tanta esforço(de D Atanasio) de teorizaçao e conversa para argumentar sobre a possibilidade de
aceitação ou destituiçao ou excumunhao de um papa heretico!

Tanto esforço seria muito mais util e necessario se se debruçasse sobre algo muito mais ilogico na
perspectiva de todos esses argumentos !

Que é a possibilidade?! e validaçao?! da abdicaçao de?! Bento XVI

Sendo o Papado Divino e sobrenatural depois de aceite quem é que dá autoridade ao proprio papa para
dele abdicar se foi nomeado por Deus!!

Ai sim está o busilis da questão!!

portanto estar a falar de um papa heretico é completamente descabido neste contexto porque primeiro
teria que se abordar o contexto da validade de uma abdicaçao papal!! Era isso que o D Atanasio devia
começar por fazer!!!

vascomartins
29 março, 2019 às 11:45 am
…Alias D Atanasio acabou de fazer esse exercicio porque todos os seus argumentos vão de encontro a
ilegitimidade da abdicaçao de Bento XVI!!!
portanto Bergoglio não passa de intruso das trevas -profecia de S. Francisco Assis “.. um papa não
canonicamente eleito…” esta tudo dito !!
quando é que todos esses cardeais e bispos inconsequentes vão gritar bem alto “..que o rei vai nu!!” que
bergoglio não é papa coisissima nenhuma!!!
e voltam para o pai de familia Bento XVI pois se é pai também não pode dizer segundo os criterios de D
Atanasio que já não quer ser mais pai e pôr um padrasto no seu lugar!!!

Pe. J. F.
29 março, 2019 às 4:39 pm
Excelente o trabalho de D. Athanasius.
Só não me agrada uma coisa: é deixar implícita a idéia de que a reforma radical do breviário de São Pio
X (breviário que na verdade era um “alongário” porquanto obrigava o padre a rezar diariamente o
extenso salmo 118) e a reforma da Semana Santa de Pio XII e a inaceitável reforma ecumênica do
missal de Paulo VI são obras do mesmo jaez.
Equivale a insinuar que Paulo VI simplesmente seguiu uma longa tradição de reforma constante da
liturgia. O que acarreta o sério inconveniente de arrefecer a crítica ao Novus Ordo, porque as pessoas
passariam a entender que Paulo VI agiu como seus ilustres predecessores.
A reforma de São Pio X era plenamente justa. Um padre não tem de rezar só o breviário, deve também
fazer ao menos meia hora de meditação por dia, deve rezar o rosário etc. O antigo breviário era
inadequado; o de Paulo VI é um relaxo.
A reforma da Semana Santa de Pio XII também tinha razão de ser. A restauração da antiga vigília Pascal
foi uma coisa excelente. As diversas cerimônias ficaram distribuídas mais harmoniosamente e aquilo que
era excessivo foi cortado, como era o caso da longuíssima cerimônia do Domingo de Ramos.
O saltério revisto por Pio XII só não serve para cantar, mas para rezar com maior inteligência é ótimo. Se
não me engano, o saltério da Vulgata (cheio de hebraísmos ininteligíveis) não foi revisto por São
Jerônimo.
No mais, peço ao ilustre bispo Dom Athanasius sua bênção e dou-lhe minhas congratulações.

Domingos
29 março, 2019 às 8:58 pm
Agora qualquer “teólogo ” de internet vai se achar autorizado a corrigir o papa e o Magistério da Igreja.

PW
30 março, 2019 às 9:46 am
Ué?! Vc tem todo o direito de não ler tal “teologia”, se não lhe agrada. Já se perguntou o que é
masoquismo…? Olha que tem gente que gosta de ser cauterizado, esmurrado, queimado com ponta de
cigarro.

Cave.

Maxwell
30 março, 2019 às 12:12 am
O ofício do papa é orientar os fiéis para a salvação de suas almas. Como um papa pode ser papa se o que
ele faz é justamente aquilo que deveria ser o seu dever?

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 22/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com
Temos que continuar reconhecendo a sua autoridade quando ele está enviando diversas pessoas ao Inferno
como, para dar um exemplo, quando deu a declaração de que todas as religiões são caminhos para
salvação?
Ou seja, a autoridade dele é mais importante do que a salvação das almas?

João Paulo S. de Mello


30 março, 2019 às 8:34 pm
Uma coisa que muita se ensinava no seminário era a obediência aos superiores. Obediência essa muita
linda nos livros que contavam a vida dos Santos, mas que na prática só revelava o apego ao “poder” de
alguns superiores. Se formos mais longe, veremos o que levou Nosso Senhor à morte, foi justamente
uma obediência secada por um apego ao poder dos fariseus que curiosamente eram sacerdotes. Sem
dúvida alguma o poder cega, o poder faz aparecer o pior que o homem tem em seu coração.
Infelizmente a maior falta de caridade é empurrar, é deixar uma alma caminhar para o inferno. Nos
últimos pontificados vemos isso tristemente, mas como leigos não tempos o poder de julgar tais atos.
Cabe a nós leigos, levarmos a Cruz que nos foi dada, desta forma rezar pela conversão do clero e pela
nossa salvação, e ainda em hipótese alguma seguir os maus exemplos dos que se dizem “imitadores de
Jesus bonzinho”, mas que na verdade estão mais preocupados me serem bem vistos pelo mundo.

Pedro Vale
30 março, 2019 às 1:08 pm
Salve Maria, Mãe de Misericórdia! O post diz: “Os pontífices foram depostos várias vezes por poderes
seculares ou por grupos criminosos. Isso aconteceu especialmente durante o “saeculum obscurum”, o
chamado século escuro (século X e XI), quando os imperadores alemães depuseram vários papas indignos,
não por causa de heresia, mas por causa de sua escandalosa vida imoral e seus abusos de poder. No
entanto, eles nunca foram depostos por meio de um procedimento canônico, sendo isso impossível por
causa da estrutura divina da Igreja. O papa recebe sua autoridade diretamente de Deus e não da Igreja;
portanto, a Igreja não pode depô-lo, por qualquer motivo que seja.” *Mas se eles não podiam ser depostos
pela Igreja, então por que poderiam ser depostos por imperadores alemães? Não faz sentido* . A Paz de
Nosso Senhor Jesus Cristo!

Sandro de Pontes
3 abril, 2019 às 8:39 am
Pedro Vale, bom dia

Quando um papa promulga uma missa ou qualquer rito e obriga toda a Igreja a segui-lo, evidentemente
é a Igreja quem está promulgando esta missa ou este rito. A distinção que você faz nesta questão é
simplesmente absurda e inexistente.

Foi a Igreja Católica, e não propriamente Pio XII, quem reformou o rito da Semana Santa no ano de
1955. Foi a Igreja Católica, e não propriamente São Pio X, quem promulgou a Pascendi em 1907. Neste
sentido, o homem que ocupa a cátedra aparece somente a título secundário, pois que de Pedro até ao
Papa reinante, seja ele qual for quando da volta de Cristo, o Papado é uno e indivisível.

Tanto isso é verdade que a Igreja condena colocar um Papa do passado contra um Papa do presente e
lembra que aquilo que o Papa aprova deve necessariamente ser observado por todos. Confira o
ensinamento de Pedro, que aqui fala pela boca de Leão XIII:

“(…) é prova de uma submissão pouco sincera estabelecer uma como que oposição entre um
Pontífice e outro. Aqueles que, entre duas direções diversas, repudiam o presente para prender-se ao
passado, não dão prova de obediência à autoridade que tem o direito e o dever de guiá-los: e
sob um certo aspecto se assemelham aos que, condenados, quisessem apelar ao Concílio futuro ou a
um Papa melhor informado.

Sob esse aspecto, o que é necessário fixar é que no governo da Igreja, salvo os deveres essenciais
impostos a todos os Pontífices por seu cargo apostólico, cada um deles pode adotar a atitude que
julgar a melhor, segundo os tempos e outras circunstâncias. Disto é ele o único juiz;
considerando que para isso ele tem não somente luzes especiais, mas ainda o conhecimento de
condições e necessidades de toda a catolicidade a que convém que condescenda sua previdência
apostólica.

É ele que cuida do bem e todos os outros que são submetidos a esta ordem devem secundar a
ação de um diretor supremo e servir ao fim que ele quer atingir. Como a Igreja é uma e um o seu chefe,
assim é uno o governo a que todos devem conformar-se” – Papa Leão XIII – Carta Epístola Tua ao
Cardeal Guibert, 17 de junho de 1885; em Papal Teachings: The Church, p. 263 [em francês: “Lettre de
Sa Sainteté a Son Em Le Cardinal Guibert]”

Clique para acessar o cihm_56618.pdf

Além do que, o Papa é infalível ao aprovar ritos e cerimônias eclesiásticas, ao menos negativamente. Por
favor, abra seus olho e o seu coração. Sofismas não ajudam em nada o catolicismo.

https://fratresinunum.com/2019/03/28/sobre-a-questao-de-um-papa-herege/ 23/24
07/11/2020 Sobre a questão de um papa herege. | Fratres in Unum.com

“Ecce quam bonum et Santo Ezequiel Moreno Nota da edição: Cor Iesu Sacratissimum,
quam jucundum habitare miserere nobis!
fratres in unum” A mera veiculação de matérias e
entrevistas não significa,
necessariamente, adesão às idéias
nelas contidas. Do mesmo modo, os
"Oh, como é bom, como é agradável
links aqui elencados devem ser
para irmãos unidos viverem juntos"
considerados à luz do objetivo
(Salmos, 132, 1).
informativo deste blog, não sendo a
simples indicação garantia da
ortodoxia de seus conteúdos. Os
comentários devem ser respeitosos e
Fale conosco: relacionados estritamente ao assunto
do post; toda polêmica
desnecessária será prontamente
banida. Todos os comentários são de
fratresinunum@gmail.com inteira responsabilidade de seus
autores e não representam, de
maneira alguma, a posição do
blog; o espaço para comentários é Que tenho eu, Senhor Jesus, que não
encerrado automaticamente após me tenhais dado?… Que sei eu que Vós
Esta é a paz da Igreja. quinze dias de publicação do post. Não não me tenhais ensinado?… Que valho
eu se não estou ao vosso lado? Que
serão aprovados os comentários
"... muitos dos que se dizem católicos escritos integralmente em letras mereço eu, se a Vós não estou
ajudam os «revolucionários» . São maiúsculas. A edição deste blog se unido?… Perdoai-me os erros que
"E sim, peçamos a paz, tal como é esses, sempre «moderados», que reserva o direito de excluir contra Vós tenho cometido. Pois me
compreendida e desejada pelos filhos estimam a «tranquilidade pública» qualquer artigo ou comentário que criastes sem que o merecesse… E me
de Deus; uma paz digna deste nome, como o bem supremo. Esses católicos julgar oportuno, sem demais redimistes sem que Vo-lo pedisse…
que a Sagrada Escritura de modo tolerantes, condescendentes, brandos, explicações. Todo material deste site é Muito fizestes ao me criar, muito em
algum separa da Verdade, da Justiça e doces, amáveis ao extremo com os de livre difusão, contanto que um link me redimir, e não sereis menos
da Graça; esta é a paz da Igreja: o maçons e furiosos inimigos de Jesus remeta à sua fonte. generoso em perdoar-me. Pois o muito
tranquilo cumprimento da lei cristã, o Cristo, guardam todo seu mau humor sangue que derramastes e a acerba
pacífico desenvolvimento das obras da para os que gritam «Viva a Religião!» morte que padecestes não foram pelos
Fé e Caridade, a afirmação pública da e a defendem sofrendo contínuas anjos que Vos louvam, senão por mim
verdade e dos preceitos do Evangelho, penalidades e expondo suas vidas. e demais pecadores que Vos ofendem…
a conformidade das leis e instituições Para eles, esses últimos são Se Vos tenho negado, deixai-me
humanas com a doutrina e o «exagerados e imprudentes, que tudo reconhecer-Vos; Se Vos tenho
ensinamento moral de Jesus Cristo, a comprometem com prejuízo dos injuriado, deixai-me louvar-Vos; Se
contínua resistência ao Príncipe das interesses da Igreja» ". Vos tenho ofendido, deixai-me servir-
Trevas e a todos aqueles que Vos. Porque é mais morte que vida, a
propagam as suas perversas máximas" que não empregada em vosso santo
- Dom Giuseppe Melchiorre Sarto, serviço… - Padre Mateo Crawley-
então bispo de Mântua -- futuro Boevey
São Pio X, alocução de 3 de
setembro de 1889.

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