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Olá, alunos e alunas!

Gostaria de fazer uma recapitulação do conteúdo que estamos vendo


nas últimas aulas.

Antes de tudo, é importante que lembremo-nos que o campo harmônico


se trata dos acordes pertencentes a um determinado tom. Estamos vendo o
campo harmônico maior a partir da tonalidade de dó maior, pelo fato de que
esta não possui nenhum acidente – sustenido ou bemol – na armadura.

Façamos primeiro a escala de dó maior. Se quiserem, podem fazer no


caderno. É bom escrever para assim ter uma melhor prática e uma melhor
memorização do conteúdo. Escrevam uma escala de dó, partindo de um dó
para outro (uma oitava acima):

Sei que não havia comentado nas últimas aulas a respeito da distância de tons
e semitons – embora, quem foi aluno do módulo 1 tenha visto isto, é bom
relembrar – repassarei um pouco por aqui e passarei em aula a respeito deste
conteúdo.

Na escala maior, praticamente entre todos os graus há uma distância


de 1 tom, com exceção de entre o III e IV graus e entre o VII-I. Abaixo está a
figura que apresenta de uma forma mais clara:

Por ora, veremos os graus com numerais romanos maiúsculos, porém, assim
que trabalharmos no campo harmônico propriamente dito (e isto será ainda
neste e-mail), abordaremos a presença dos numerais romanos menores como
forma de cifrar.

Antes de adentrarmos no campo harmônico, precisamos conversar


sobre o acorde em si. Sabemos que o acorde é formado pela própria
fundamental do acorde (que dá o nome ao acorde), a sua terça e a sua quinta.
De forma ainda mais ilustrada, pegue uma nota isolada, como “dó” e ponha a
sua terça e quinta.
Recordando que a diferença entre um acorde maior e menor se encontra da
distância da terça em relação à fundamental do acorde. Se a distância é maior,
logo o acorde é maior. E o mesmo sucede com o menor. E um acorde é
formado pela terça (maior ou menor) e sempre uma quinta (nos acordes
assimétricos, a quinta é sempre justa; nos acordes simétricos, a quinta pode
ser aumentada ou diminuta).

Os acordes maiores e menores são assimétricos. Como assim? A distância


entre a fundamental e a terça, nos acordes maiores, é maior – como foi
sobredito. Agora no mesmo acorde, a distância entre a terça do mesmo e a
quinta é menor. Percebe-se uma assimetria. Pois se fosse simétrico, seriam
todos ou maiores ou menores. O acorde menor sucede ao contrário do maior,
entre a fundamental e a terça é de intervalo menor, enquanto a distância
intervalar entre a terça e a quinta é maior. Observem o exemplo abaixo:

Se forem tocar estes acordes no piano, perceberam que no acorde maior, a


terça, tocada pelo dedo médio, é mais distante da fundamental do que no
acorde menor que é mais próxima.

Já os acordes simétricos possuem a mesma distância intervalar. O diminuto é


um acorde encolhido, em outras palavras, todos os seus intervalos de terças
são menores. Enquanto o acorde aumentado possui todas as suas terças são
maiores. Abaixo estão está um exemplo respectivo de tríades diminuta e
aumentada.

Poderei abordar em outro momento com mais ênfases a respeito dos acordes
simétricos. Apenas eu os comentei para servir de introdução para o campo
harmônico maior.

Recordando a escala de dó maior presente no início do e-mail. Após a


escrevermos, coloquemos as suas terças e quintas. Por ora, deixarei revelado
os acordes maiores e menores. Se observarem, elas estão seguindo as
notas da escala. Sendo dó maior, não há presença de sustenidos e
bemóis. O único acorde que pode apresentar uma diferença no campo
harmônico é o diminuto (VII grau, porque na música tonal, o diminuto
completo possui uma sétima diminuta: a sensível do campo harmônico de dó é:
si-ré-fá-láb. Láb não está presente em dó maior, porém é colocada para ser
deveras um diminuto por completo, e no campo harmônico maior na música
tonal, o VII grau completo possui esta sétima diminuta, como foi sobredito (ver
em KOELLREUTER, H. J. Harmonia Funcional: Introdução à teoria das funções
harmônicas. 3ª ed. São Paulo, SP: Ricordi Brasileira S.A, 2008. p. 10) e a
dominante antirrelativa que se encontra também no VII grau, porém, este
sofre alterações em prol do campo harmônico da dominante (retomaremos este
conteúdo para deixar de ficar confuso, quando abordarmos novamente
sobre harmonia funcional. Para mais detalhes ver em KOELLREUTER, 2008,
p. 27).

Retomando a escala maior com seu campo harmônico:

O grau da sensível, que é o VII grau, pode ser escrito de duas maneiras. Se o
acorde diminuto por uma tríade (tendo apenas a fundamental – terça – quinta)
pode ser cifrado como Xm (5b). O X aqui serve de incógnita para qualquer
acorde. Lembrem, um acorde menor, como Bm, possui a sua terça entre a
fundamental e esta maior, enquanto a distância intervalar entre a terça e a
quinta é maior, sendo assim um acorde assimétrico. Porém, sabemos que o
diminuto é um acorde simétrico, cuja formação é de empilhamento de terças
menores. Logo, a terça maior entre a terça e a quinta do acorde menor, para
ser um diminuto, precisa ser abaixada, para assim ser um acorde
verdadeiramente diminuto, como demonstra o exemplo abaixo:

A forma de cifrar o diminuto enquanto tríade, de forma específica, é desta


forma sobredita: um acorde menor com a quinta abaixada: Xm (5b) ou Xm
(b5) (este é mais usado). Porém, pode-se cifrar também como X° ou Xdim.
Porém, ao grafar desta maneira, pode abrir espaço para o intérprete colocar a
sétima diminuta. Então, se o compositor deseja que o intérprete toque APENAS
uma tríade diminuta, sem ser o diminuto completo com sua sétima diminuta, o
ideal e mais recomendado é grafar, como já foi supracitado, de acorde menor
com quinta abaixada.

Há três tipos de cifra:

- Cordal: o seu nome lembra muito a acordes. Esta cifragem que é a que
geralmente utilizamos de forma padrão: C, Dm, etc. Podendo ser com a cifragem
anglossaxônica (C, Dm, Em, F, G, Am, B°), ou latina (Dó, Rém, Mim, Fá, Sol,
Lám, Si°) ou germânica (C, Dm, Em, F, G, A, H° ou B (se for si bemol)). Sua
notação é feita acima da pauta. Esta cifragem surgiu de forma muito presente,
sobretudo, no século XX e continua aí até hoje.

- Gradual: seu nome lembra a grau. Esta se dá por notação com números
romanos. Quando o acorde é maior ou aumentado, o numeral romano é
maiúsculo. Quando o mesmo é menor ou diminuto, o numeral romano é
minúsculo. Sua notação é feita abaixo da pauta. Esta forma de cifra pode servir
ao músico de algumas maneiras: como meio para transposição de tons e
também para o conhecimento de execução de peças com baixo contínuo.
Importante destacar que a cifragem gradual era utilizada pelos músicos até o
século XIX, principalmente.

- Funcional: a harmonia funcional trabalha qual é a propriedade do acorde em


relação aos demais. Tal acorde gera sensação de repouso? De movimento? Se
de movimento é de afastamento ou de uma tensão ou saudade do repouso? A
cifragem funcional tem como base três principais funções: tônica, subdominante
(IV grau) e dominante (V). Os demais graus ou são relativos ou antirrelativos de
alguns destes, com exceção do último grau, que é a sensível diminuta. A sua
notação também é feita embaixo. Esta cifragem surgiu no século XIX, como meio
de auxiliar na interpretação afetiva dos acordes e da harmonia, para uma melhor
compreensão da música do período romântico (com uma carga muito emocional.
Ortega-Gasset chega a dizer, em sua “Desumanização da Arte”, que os
compositores românticos começaram a tratar a música como uma espécie de
arte-confissão, da qual expunham o lado mais profundo da alma, com suas
afetividades e sentimentos, na própria música) e uma melhor interpretação das
músicas tonais, de modo geral.

A cifragem cordal, gradual e funcional (abaixo só se demonstrará o das três


funções principais, por ora) no campo harmônico:

IMPORTANTE: no campo harmônico maior, os acordes das três funções


principais (tônica, subdominante e dominante) são sempre MAIORES. Os
demais são menores, com exceção do último que, sendo um acorde sensível, é
diminuto.

Agora gostaria de trabalhar com vocês na recapitulação do conteúdo de


transposição. Um meio prático de um utilizar a cifra cordal e gradual.

Todo o campo harmônico maior possui essa sequência: I ii iii IV V vi vii°.

Como se faz uma transposição de um tom para o outro sem precisar de


Cifraclub?

PRIMEIRO: tenha-se noção de qual é o tom de origem e qual é o tom que


farás. Exemplo: a música é em Dó maior, mas quero transcrever em Ré maior.

Qual é o campo harmônico do tom de origem? Neste caso Dó maior?

C – D – Em – F – G – Am – B°
I - ii - iii - IV - V – vi - vii°

Qual é o campo harmônico do tom desejado? Aqui se trata de Ré maior.

D – Em – F#m – G – A – Bm – C#°

I - ii - iii - IV - V – vi – vii°

Percebem que a cifra gradual é A MESMA EM AMBOS TONS. Sim! São tons
diferentes, mas como se trata do mesmo campo harmônico, ambos são tons
maiores, temos os graus em comum.

Sabendo o campo harmônico do tom de origem e do tom a ser transposto,


incluindo a cifra gradual. Podemos ir para os próximos passos:

SEGUNDO PASSO:

Quais são os acordes?

Supomos que os acordes, advindos do tom de origem, sejam:

C – Em – Dm – F – G – C

Como fica no tom de ré maior isso?

Veja os campos harmônicos:

C – D – Em – F – G – Am – B°

I - ii - iii - IV - V – vi - vii°

D – Em – F#m – G – A – Bm – C#°

I - ii - iii - IV - V – vi – vii°

Tendo noção dos acordes a serem transpostos, peguem cada acorde, fazendo
as seguintes perguntas, respondendo uma, responde-se a outra logo após:

1 – Qual é o grau deste acorde no campo harmônico de origem?

Que grau do campo harmônico de dó maior é Em (segundo acorde do


exercício)? Ah, é o iii grau de Dó maior (tom de origem). Legal! Descobrimos
qual é o grau deste acorde. Partamos para a próxima questão.

2 – Descobrindo o grau do acorde, que acorde é este no tom a ser


transposto?
Sabemos que se trata do iii grau. Correto? Certo, qual é o acorde de iii grau no
tom desejado.

O iii grau de Ré maior é... F#m. Legal! É este mesmo! Já descobriu o acorde do
tom desejado. É assim que sucede a transposição, utilizando-se das cifragens
cordais e graduais.

Claro que isto se torna mais fácil quando os tons são mais simples. Por
enquanto, focaremos nos tons que não possuam muitos acidentes como
sustenidos e bemóis, para pouco a pouco, trabalharmos nestes tons mais
complexos.

EXERCÍCIO

Abaixo estão os acordes de trecho da música “Canto de um povo de um lugar”


do Caetano Veloso:

C G/B Am

Todo di___a o Sol levanta

Em F

E a gente canta

G C

O sol de todo dia

Quais são os acordes (sem as inversões, por enquanto)?

C G Am Em F G C

Legal! Quero que vocês transcrevam esta sequência de acordes para Fá maior.

Primeiro ponto: qual é o campo harmônico do tom de origem – Dó Maior?

C – D – Em – F – G – Am – B°

I - ii - iii - IV - V – vi - vii°

Qual é o campo harmônico do tom desejado – Fá maior?

F – Gm – Am – Bb – C– Dm – E°

I - ii - iii - IV - V – vi - vii°
Agora peguem acorde por acorde e transcrevam. Darei uma cola. O primeiro
acorde é C. Qual é o grau de C no campo harmônico? I grau. Certo, qual é o
acorde de I grau no tom desejado? Em Fá maior, o I grau é Fá maior. Logo, o
primeiro acorde é F.

A sequência resumida é a seguinte:

Qual é o tom de origem e qual é o tom desejado? à Campo harmônico de


ambos tons à Qual é o grau deste acorde? à Qual o acorde, no tom
desejado, que este grau corresponde?

Como já dei a cola de um dos acordes, agora fica ao trabalho de vocês


descobrirem quais são os demais acordes em Fá maior, tom desejado.

Tom de origem: C G Am Em F G C

Graus: I – X – x – x – X – X – X

Tom desejado: F – X – x – x- X – X – X

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