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Do zero a tocando

Capítulo 9

O campo harmônico é um dos pilares fundamentais da teoria musical,


proporcionando uma compreensão mais profunda sobre como combinar e
organizar os sons de forma musicalmente significativa. É um tema que está
intrinsecamente ligado à harmonia, que por sua vez está relacionada à beleza,
proporção e ordem na música.

Enquanto a melodia se refere aos sons ouvidos sucessivamente, a harmonia diz


respeito à relação entre sons ouvidos simultaneamente. Portanto, ao
estudarmos o campo harmônico, estamos nos aproximando da teoria musical
avançada e abrindo caminho para a prática criativa. Aprender sobre harmonia nos
convida a explorar o vasto território da estética musical, aprimorar nossa
percepção e desenvolver habilidades criativas e sensoriais.

O campo harmônico é formado por uma sequência de acordes que são


construídos a partir das notas de uma determinada escala. Logo cada nota da
escala vai se tornar o centro tonal de um acorde do campo harmônico, e se uma
escala tem 7 notas, logo teremos 7 acordes em cada campo, e todos esses
acordes harmonizam bem com a escala de onde foram originados.

Quando falamos de campo harmônico estamos falando também de tonalidade,


por isso quando afirmamos que uma música está em determinado
tom/tonalidade, isso significa que a mesma, esta estruturada neste determinado
campo harmônico.

Assim como na escala maior natural, existe uma lógica para que possamos
identificar os acordes de um campo harmônico, e essa lógica pode ser aplicada a
todas as notas.

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Para que possamos montar os acordes pertencentes ao campo harmônico,


primeiro iremos relembrar a estrutura da escala maior natural.

A partir desta escala vamos usar a lógica das sobreposições de terças, para
formar as tríades: fundamental, terça e quinta, diferenciando as estruturas de
acordo com os intervalos: menores, maiores e diminutos. Para isso iremos isolar
uma nota sim e outra não da escala maior natural. Fazendo isso vamos ter a
seguinte estrutura, usando como exemplo o acorde de Dó maior. Vamos isolar o
dó (fundamental), pularemos o ré (segunda maior), e isolaremos o mi (terça
maior), pularemos o fá (quarta justa), e isolaremos o sol (terça menor do mi e
quinta justa do dó), formando assim o acorde de dó maior dentro da escala
natural de dó.

Partindo da nota fundamental da escala (I), teremos um acorde maior, que no


caso da escala de Dó, será o acorde de Dó maior. E se aplicarmos a mesma lógica
para os demais graus da escala, iremos encontrar todos os acordes que compõem
o campo harmônico de dó maior. Acompanhe abaixo.

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A partir do segundo grau da escala, se forma um acorde menor (IIm).

A partir do terceiro grau da escala, se forma também, um acorde menor (IIIm).

A partir do quarto grau da escala, se forma um acorde maior (IV).

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A partir do quinto grau da escala, se forma também, um acorde maior (V).

A partir do terceiro grau da escala, se forma um acorde menor (VIm).

A partir do terceiro grau da escala, se forma um acorde menor com quinta


diminuta (VIIm5-).

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Agora que aplicamos em todos os graus, vamos ter o campo harmônico de Dó


maior:

Campo harmônico de Dó maior natural


C Dm Em F G Am Bm5- C
I IIm IIIm IV V Vim VIIm5- I

Nessa tabela podemos observar os acordes que compõe o campo harmônico de


dó, e logo abaixo em forma de algarismos romanos, a “fórmula” para definir os
graus e a estrutura das tríades (maior, menor, diminuto), desta forma podemos
aplicá-la para encontrar o campo harmônico de qualquer tonalidade.

1. O primeiro grau formará um acorde maior.


2. O segundo grau formará um acorde menor.
3. O terceiro grau formará um acorde menor.
4. O quarto grau formará um acorde maior.
5. O quinto grau formará um acorde maior.
6. O sexto grau formará um acorde menor.
7. O sétimo grau formará um acorde menor com quinta diminuta.

Agora vamos aplicar no tom de Sol maior natural. Primeiro vamos encontrar e a
escala de Sol maior:

Escala de Sol maior natural


G A B C D E F# G

TOM TOM Semitom TOM TOM TOM Semitom

E agora vamos aplicar a fórmula do campo harmônico na escala.

Fórmula do Campo Harmônico


I IIm IIIm IV V VIm VIIm5- I

E vamos ter os seguintes acordes no campo harmônico de Sol maior:

Campo harmônico de Sol maior natural


G Am Bm C D Em F#m5- G

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Como já vimos anteriormente, um acorde é composto por três notas, e a ordem


pouco influencia, mas o que faz esse acorde ser reconhecido é a sua nota mais
grave, logo o acorde de C maior por exemplo, pode ser composto por três notas
E, 2 notas G, e duas notas C, mas para essa harmonia ser reconhecida como C
maior, é necessário que a nota mais grave seja a nota C.

Sabendo disso, como representamos quando um acorde muda sua ordem? Será
que ele muda de nome? Muda composição? Não necessariamente, as inversões
servem para trazer uma nova sonoridade aos acordes, e agora vamos estudar os
dois tipos de inversões que aparecem bastante na música gospel.

Inversão de 3ª

Essa inversão é chamada de primeira inversão, pois consiste em utilizar a


primeira nota após a tônica, como a nota mais grave do acorde. Vamos usar o
acorde de C maior como exemplo:

Tríade de C maior: C E G

Cifra: C

1ª Inversão de C maior: E G C

Cifra: C/E lê-se Dó com baixo em Mi.

Inversão de 5ª

Essa inversão é chamada de segunda inversão, pois consiste em utilizar a


segunda nota após a tônica, como a nota mais grave do acorde. Vamos utilizar o
acorde de D maior como exemplo:

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Tríade de D maior: D F# A

Cifra: D

1ª Inversão de D maior: A D F#

Cifra: D/A lê-se Ré com baixo em Lá.

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