Você está na página 1de 1

!

Campo Harmônico –
Aprenda a tocar em
todas as tonalidades sem
o auxílio de cifras

Você já parou para pensar porque


determinados acordes parecem ser uma
combinação sonora perfeita enquanto outros
não soam tão bem? Ou porque às vezes
conseguimos prever o que virá a seguir em
uma música que nunca escutamos antes?
Neste post falaremos sobre Campo
Harmônico, ele é a resposta para ambas as
perguntas!

Introdução

Em 20 anos de experiência como professor


de guitarra, já fui procurado por diversos
tipos de alunos com diferentes objetivos.
Muitos deles me procuram com um objetivo
em comum: Aprender a acompanhar
músicas sem o auxílio de cifras.

Muitos de nós músicos já vivemos situações


do tipo: “Amigo, me dê um Sol maior”. Aí você
toca um Sol maior, a pessoa começa a cantar
e você não faz idéias de como continuar a
música.

Uma boa parte desse problema é resolvida


quando dominamos os Campos Harmônicos.

A Música Tonal

Tocar todas as tonalidades em um único


instrumento tornou-se uma possibilidade
desde o advento do Temperamento igual*.
Esse fato popularizou ainda mais o sistema
musical Tonal.

Nesse sistema, temos uma nota que é a base


de uma música (a nota mais forte e
importante) conhecida como Tônica e todas
as outras notas terão uma relação primária
com ela.

*Sistema popularizado no século XVIII, onde


a oitava é dividida em 12 partes iguais,
formando a Escala Cromática.

– Leia nosso post sobre Escala Cromática

As 24 tonalidades

Na música ocidental, usamos basicamente 12


notas. Essas notas formam a Escala
Cromática:

Cada nota da escala cromática pode ser a


tônica (a nota mais forte) de duas
tonalidades, uma maior e uma menor. Por
exemplo, a nota Dó é a tônica tanto da
tonalidade de C (Dó maior) quanto de Cm (Dó
menor).

Em resumo, na música tonal teremos 24


tonalidades, e é importante sabermos tocar o
campo harmônico de cada uma delas:

(Os tons que têm a mesma tônica são


chamados “Homônimos”. Por exemplo, D é
homônimo de Dm).

As Escalas Diatônicas

Para compreender a formação do Campo


Harmônico, primeiro precisamos conhecer
as escalas diatônicas. Aqui falamos no plural
pois estamos nos referindo a escala diatônica
maior e a escala diatônica menor.

Formação da escala
diatônica maior

Para construir a escala maior, tomamos


como modelo a sequência Dó Ré Mi Fá Sol Lá
Si, que é um exemplo de escala diatônica
maior e é a única que não possui nenhum
acidente musical.

Ao analisarmos sua estrutura intervalar,


obtemos a seguinte “fórmula”:

Se aplicarmos essa estrutura partindo de


outra nota, obteremos sua respectiva Escala
Diatônica Maior:

Exemplo:

Teremos assim as 12 escalas maiores:

Formação da escala
diatônica menor

A escala diatônica menor tem como modelo


a de Am, pois das menores é a única que não
tem nenhum acidente: Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol.

Analisando sua estrutura intervalar teremos:

Aplicando-as a outras tônicas, teremos 12


escalas menores:

Os graus de uma escala

As notas de uma escala são classificadas


como graus, que são escritos com numerais
romanos:

Escala de Dó maior

Escala de Lá menor

Definido isso, podemos dizer que o quinto


grau de Dó é Sol, o quarto grau de La é Ré,
assim por diante.

A Formação do Campo
Harmônico Maior

Para sabermos quais acordes podemos tocar


em uma tonalidade, partimos de sua escala
correspondente. Nesse exemplo, utilizaremos
a escala de Dó maior para construir o Campo
Harmônico de Dó maior.

Todos os acordes possíveis de serem


formados com as notas Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá
e Si, poderão ser usados em música que tem a
tonalidade de Dó maior. Porém existe um
processo que nos permite encontrar
primeiramente suas tríades e tétrades.

– Confira em nosso curso de guitarra, uma


aula completa sobre tríades e tétrades.

Campo Harmônico por


tríades

Empilhamento ou sobreposição de terças

Dada uma escala,

Iremos empilhar duas terças sobre cada nota


da escala.

* (repare que todas as notas estão dentro da


escala)

Cada grau da escala agora tem uma tríade.


Analisando essas tríades, perceberemos que:

O primeiro grau gerou uma tríade maior


O segundo grau gerou uma tríade menor
O terceiro grau gerou uma tríade menor
O quarto grau gerou uma tríade maior
O quinto grau gerou uma tríade maior
O sexto grau gerou uma tríade menor
O sétimo grau gerou uma tríade diminuta

Esse será uma padrão para todos os Campos


Harmônicos Maiores. Veja na tabela abaixo:

Campo Harmônico por


tétrades

Ao empilharmos duas terças, encontramos


as Tríades do campo harmônico. Porém,
podemos empilhar mais uma terça sobre
cada acorde alcançando assim as sétimas de
cada acorde e por consequência encontrando
as Tétrades.

Ao analisarmos as sétimas em relação às


tônicas de cada acorde, constataremos que
algumas sétimas são maiores e outras são
menores.

– Você pode aprender mais sobre intervalos


no nosso curso completo de guitarra

Teremos o intervalo de sétima maior (7M) no


primeiro e quarto graus (I,IV), e o intervalo de
sétima menor no segundo, terceiro, quinto,
sexto e sétimo graus (II, III, V, VI, VII).

Veja a tabela dos Campos Harmônicos


Maiores em tétrades:

*(Nas tabelas os campos harmônicos foram


dispostos em intervalos de quintas,
respeitando a ordem dos sustenidos).

Curtindo o post?
Temos muito mais!
Junte-se aos mais de 8 mil músicos
que recebem nossos conteúdos

Primeiro Nome

Seu melhor email

Cadastrar

Campo Harmônico
menor

O campo harmônico menor é construído no


mesmo processo do maior, através do
empilhamento de terças:

Veja abaixo a tabela dos campos harmônicos


menores por tríades:

E por tétrades:

Tonalidade relativas

Para cada tom maior, existe Tom Relativo


menor. Por relativo, entendemos como tons
que se utilizam das mesmas notas. Por
exemplo, a escala de Dó Maior tem as
mesmas notas que a de Lá menor, porém em
ordem diferente.

Isso não quer dizer que C é igual a Am, pois


além de um ser maior e o outro menor, eles
têm tônicas distintas, o que os torna
tonalidades diferentes.

A tonalidade relativa de um tom maior é o


seu VI grau.

A tonalidade relativa de um tom menor é seu


III grau.

Veja abaixo uma tabela das tonalidades


relativas:

Os tons relativos têm os mesmos acordes,


porém em ordem diferente.

Cadências

Cadências são sequências de acordes. Uma


vez aprendido um campo harmônico,
podemos explorá-las de diversas maneiras.

Num primeiro momento, podemos tocar os


acordes na ordem em que aparecem. Veja o
exemplo em Sol maior:

|| G7+ | Am7 | Bm7 | C7+ | D7 | Em7 | F#m7b5 ||

Após um tempo estudando essa sequência


em todos os tons, podemos partir para outras
aplicações do Campo Harmônico.

Ciclos intervalares

A partir daqui, podemos experimentar ciclos


intervalares. Esses ciclos consistem em
obedecer um padrão de intervalo constante.
Encare isso como um exercício e com
bastante prática, suas mãos e ouvidos
começarão a se habituar com esses “saltos”.

Nos exemplos, utilizaremos o campo


harmônico de sol maior:

Ciclo de 3ªs

|| G7+ | Bm7 | D7 | F#m7b5 | Am7 | C7+ | Em7 |


G7+ ||

Ciclo de 4ªs

II V
I*

|| G7+ | C7+ | F#m7b5 | Bm7 | Em7 | Am7 | D7 |


G7+ ||

*perceba aqui uma das cadências mais


comuns na música tonal, o II V I

Ciclo de 5ªs

|| G7+ | D7 | Am7 | Em7 | Bm7 | F#m7b5 | C7+ ||

Ciclo de 6ªs

|| G7+ | Em7 | C7+ | Am7 | F#m7b5 | D7 | Bm7 ||

O ciclo de 2ªs é equivalente a tocar os acordes


do campo na ordem original. O ciclo de 7ªs
equivale a tocar o campo harmônico de
maneira descendente.

Ouça um exemplo de utilização do ciclo de


4ªs no Standard do jazz “Autumn Leaves”

Autumn Leaves - Jazz guitar…

Você também pode gostar