A arte pré cabalina: o naturalismo brasileiro antes de Cabral Em todo continente americano, antes da chegada dos europeus, haviam povos indígenas que o habitavam e manifestaram sua cultura e crenças. No Brasil não foi diferente. Antes da chegada de Portugal, havia no Brasil uma cultura indígena que se destacou em sua produção cultural: Os Marajoaras. Povo Marajoara: uma cultura indígena que se destacou em sua produção artística e cultural. O povo marajoara viveu como o nome indica, na Ilha de Marajó, que pertence ao estado do Pará. Esse povo ou civilização indígena brasileira, viveu durante o período de 400 a 1400. Por isso é chamado de arte pré cabalina, ou seja: uma arte que já existia aqui no Brasil antes da chegada de Pedro Alvares Cabral. Sua produção artística e artesanal, consiste basicamente em artefatos de cerâmica. A arte pré cabalina dos Marajoaras é considerada uma das manifestações artísticas mais antigas das américas e conhecê-la é muito importante para nós, pois nos ajuda a compreender o nível estético e cultural do Brasil que já existia antes do período colonial. Povo Marajoara: uma cultura indígena que se destacou em sua produção artística e cultural. A origem da população marajoara ainda é objeto de estudo dos historiadores. Alguns afirmam que eles imigraram da região dos Andes e outros defendem que são originários da própria Ilha. Mas o que podemos conhecer de sua cultura e compreensão do mundo, do dia a dia e da vida espiritual, através da arte desse povo indígena? Seus artefatos revelam um cuidado com a beleza dos utensílio domésticos, objetos de arte para rituais funerários e uma atenção e dedicação muito especial com a geometria e simetria, característica principal de suas obras. A geometria é uma característica marcante na arte e no artesanato indígena e dos povos antigos. Como eles não tinham nenhuma outra referência estética além da fauna e flora local, toda sua observação e apreensão visual eram ba- seadas nos elementos naturais do meio em que viviam. Esse aspecto primitivo também aparece em seus dialetos, maneira de se vestir, sua cultura alimentar etc. O desenvolvimento humano, estético e cultural está intimamente ligado ao desenvolvimento intelectual e espiritual. Por isso a cultura europeia predominava sobre outras culturas, pois ela alcançou um altíssimo nível no desenvolvimento humano e religioso, fazendo com que todos os símbolos signos e mitos de todas as culturas ganhassem um verdadeiro sentido humano e espiritual. E a arte marajoara foi ápice da produção cultural e artística que o Brasil, antes da chegada do cristianismo através de Portugal, atingiu. E ela nos mostra que, apesar da ausência do refinamento estético do cristianismo, nossos índios conseguiram alcançar uma estética muito elevada. Mas em 1600 as coisas começaram a mudar com a chegada de um certo Frei Beneditino. Frei Agostinho da Piedade Pai da Arte Sacra brasileira Frei Agostinho da Piedade: Pai da Arte Sacra brasileira "O barro moldado por frei Agostinho da Piedade foi ao forno de cozer pão gerando obras de arte religiosa que alimentam nossa alma. O barro cozido é, neste sentido, a matéria das matérias." Dra. Vanessa Brasil Campos Rodríguez Muito pouco se sabe sobre a vida e obra desse grande Frei e artista. Nasceu em 1580 em Portugal e migrou para a terra brasilis muito novo, onde ingressou no Mosteiro de São Bento, na Bahia. São atribuidas ao Frei cerca de 40 esculturas de Santos feitas em barro cozido (terracota). Lá por meados de 1630, o Frei Agostinho andou pelas bandas do estado de São Paulo e por lá fundou a primeira escola de artes do Brasil. O legado artístico do Frei merece toda atenção que pudermos dar. Cada detalhe de seu trabalho, desde a matéria prima até os elementos de finalização e acabamento, são carregados de simbolismo e uma profunda veneração e respeito à fé católica. Nossa Senhora de Montesserrate: a principal obra do Frei Agostinho da Piedade
A imagem de Nossa Senhora de Montesserrate constitui um
marco na imaginária baiana e brasileira. É a peça que vai conduzir toda uma investigação sobre seu autor. Por outro lado, trata-se da representação da grande padroeira dos mosteiros de São Bento na Península Ibérica e tornou-se a protetora de diversas igrejas beneditinas do Brasil. "Montesserrate. Mãe-serrat. Mãe-terra. Mãe-matéria. Não é por acaso que as duas palavras “mãe” e “matéria” possuem a mesma origem etimológica: mater. A matriz primordial. Nos atrevemos então a classificar a imaginária em terracota de Frei Agostinho da Piedade como uma das grandes expressões artísticas do período colonial brasileiro tanto por sua riqueza na forma, quanto por sua estrutura simbólica profunda, enquanto elemento que estabelece a união do divino com o humano, do invisível com o visível." Dra. Vanessa Brasil Campos Rodríguez