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Curso Gratuito Arteterapia


Carga horária: 40 horas
Conteúdo programático:

Introdução
O que é Arte?
A Arteterapia
A Profissão de Arteterapeuta
O que é Terapia?
A Terapia na Arteterapia
Como funciona uma sessão
Utilizações e Abordagens Psicoterapêuticas
Noções de Psicopatologia
Materiais Expressivos e Técnicas
Atividades de Arteterapia para Adultos
Atividades de Arteterapia para Crianças
Introdução

Arteterapia é uma disciplina híbrida baseada principalmente nas áreas das artes e da
psicologia. Ela possui história e teorias próprias e é aplicada por profissionais habilitados
por cursos de especialização e/ou mestrado em arteterapia. Na prática, a arteterapia
consiste no uso de recursos artísticos/visuais ou expressivos como elemento
terapêutico. A arte criada em arterapia pode ser explorada com fim em si (arteterapia -
foco no processo criativo, no fazer) ou na análise/investigação de sua simbologia (arte
como terapia).
Durante a sessão de arteterapia a pessoa é convidada a explorar aspectos do seu
consciente ou inconsciente por meio da expressão artística (pintura, desenho,
modelagem, escultura, poesia, dança etc.). Variados autores definiram a Arteterapia,
todos com conceitos semelhantes no que diz respeito à autoexpressão. Segundo a
Associação Brasileira de Arteterapia, é um modo de trabalhar utilizando a linguagem
artística como base da comunicação cliente-profissional. Sua essência é a criação
estética e a elaboração artística em prol da saúde.
Em arteterapia o próprio artista/paciente/cliente é quem faz a interpretação de suas
criações. Cabendo ao arteterapeuta apenas instigar esta investigação. Diferente das
terapias tradicionais, que consiste principalmente das projeções que ocorrem entre
terapeuta e paciente, em arteterapia existe uma relação triangular: o arteterapeuta, o
paciente, e a arte (criada em terapia).

O que é Arte?

O termo Arte deriva do latim Ars, ou Artis, cujo significado é


Habilidade. Arte, em palavras simples, é o ato de fazer, produzir
ou criar algo. A arte é mutável, ou seja, cada sociedade, cultura e
época produz estilos artes diferentes. Apesar do conceito atual de
arte nos remeter a algo que serve para ser apreciado ou decorar,
seu sentido é muito mais amplo e antigo, pois a habilidade de criar
objetos e ferramentas de sobrevivência que o Homem primitivo
possuía também é arte! Desde uma faca confeccionada com osso
até os desenhos encontrados nas paredes das cavernas.
A arte é também multifuncional: ela pode ter um sentido sagrado,
quando religiosa. Pode ser uma crítica a algo. Pode ser
simplesmente decorativa também. Ela expõe as ideias e
pensamentos de seu criador fazendo uso de estilos e estéticas
distintas. O Estilo é a sua forma e a Estética é o seu fundamento.
Cada movimento artístico ou escola literária representa a
interpretação dos cenários, objetos, cotidiano e visão de mundo de
determinada sociedade ou grupo.

Dentre os inúmeros movimentos de arte, podemos citar o Arcadismo, a Arte Bizantina,


a Arte Cristã Primitiva, a Arte Egípcia, a Arte Grega, a Arte Romana, o Expressionismo,
o Movimento Barroco, o Minimalismo, a Art Déco, a Art Nouveau, o Movimento
Renascentista, o Romantismo, o Futurismo, o Dadaísmo, o Cubismo e o Tropicalismo,
dentre muitos outros.
A arte pode se manifestar através da simbologia dos objetos e esculturas, através de
uma performance artística, através da música, através dos sinais e de muitas outras
maneiras. É possível criar pontes que conectam as diversas manifestações artísticas.
Os aspectos de um povo podem ser conhecidos por nós através da arte, e por isso a
sua preservação é de extrema importância. Ela revela a pluralidade da humanidade
através da multivisão dela. A arte não possui início e nem fim, pois ela é o meio.
Expressando suas emoções, contando suas histórias e demonstrando os seus valores,
o ser humano, através da arte, foi moldando a sociedade. A arte evoluiu a tal ponto que
hoje ela se faz presente em muitas coisas do nosso cotidiano que nós não nos damos
conta! Os filmes que vemos na televisão – a própria televisão também, de certa maneira
– os shows teatrais, os espetáculos musicais, as esculturas, a jardinagem, as
arquiteturas das construções, as roupas que nos vestem, as diversas gastronomias dos
povos, tudo isso é arte expressa, cada coisa tem um valor específico, um significado,
um propósito. Quando estamos tristes podemos escutar uma música ou ler um poema.
Podemos assistir ao filme que nos agrada no cinema ou em casa. Se queremos nos
emocionar também! Podemos nos expressar escrevendo, compondo uma música,
atuando.

História da Arte Brasileira


Para que possamos conhecer a história da arte brasileira é preciso que a gente
compreenda como se deu a relação entre os europeus, ao chegarem no Brasil, e os
povos indígenas. Estes últimos detinham conhecimentos milenares, como a arte
plumária, a arte cestaria, a arte musical e a arte de pintura corporal.

A arte indígena é a continuação das pinturas e demais


manifestações da arte rupestre, ou seja, pré-histórica. Os índios
ornamentavam seus corpos à base de 3 cores principais: a
vermelha, feita com sementes de urucum, a preta, extraída do
jenipapo e a branca, extraída da tabatinga. Essas pinturas
permitiam que cada membro da tribo pudesse ser identificado de
acordo com o grupo social que ele pertencia. Portanto, o "povo
comum", os guerreiros e os nobres tinham suas respectivas
pinturas.
Os povos indígenas procuravam se diferenciar dos animais,
modificam parte da natureza para criarem suas próprias culturas e
crenças. Os signos e padrões geométricos das pinturas, a
cerâmica utilizada no dia-a-dia, as estátuas, as maracas e os
enfeites de plumas não cumpriam o mesmo papel e conceito que
temos de arte, meramente decorativo. Para os índios, tudo havia
um motivo, toda a arte cumpria seu papel ritualístico sagrado.
Os colonizadores não enxergavam o que os índios faziam como arte, devido à diferença
entre as visões dos povos. Para os europeus a arte indígena não era muito importante,
quanto menos valorizada, ao contrário de hoje em dia. O Brasil era uma terra
desconhecida para os colonizadores, servindo como um lugar onde os degredados eram
trazidos como forma de sofrerem uma punição. O território foi explorado por aventureiros
e colonizadores que queriam obter lucros através da extração de pedras preciosas,
plantas e novas terras.
Algo que influenciou a civilização brasileira foi também o contato entre os jesuítas e os
índios. Os colégios foram as primeiras escolas brasileiras de belas artes. A arte dos
jesuítas, dotada de um espírito religioso profundo, contava com afrescos em paredes, a
pintura têmpera e a tinta à base de óleo. Esse tipo de arte recebia influência direta dos
estilos artísticos europeus, como o Barroco. Os desenhos, gravuras, estampas e
pinturas dos artistas quase sempre autodidatas feitos no Brasil dependiam dos
religiosos que traziam as obras e os estilos de arte da Europa.
No ano de 1637, durante a Missão Holandesa, as terras brasileiras receberam Maurício
de Nassau, cuja intenção de sua vinda era a de trazer melhorias para o ambiente cultural
do Brasil. Maurício de Nassau trouxe homens cultos e protestantes assim como ele era
com a motivação de retratarem a colônia portuguesa, ganhando a antipatia dos jesuítas.
Muitos holandeses se fixaram na região do Nordeste. As obras geralmente retratavam
os nativos, a flora, a fauna e as regiões rurais do Brasil.

Barroco
Muitas das construções realizadas nos países da América
pertencem à arte barroca. No Brasil, o Barroco se desenvolveu
especialmente em Minas Gerais e no Nordeste. Suas principais
produções foram a Arquitetura e a escultura sacra. O Barroco
também se manifestou na literatura, na música e no teatro do
Brasil. Em algumas cidades brasileiras, ainda se encontram essas
magníficas edificações, como em Ouro Preto, Minas Gerais. Na
Bahia, há enormes igrejas cuja construção foi influenciada pela
arte barroca.
O Barroco chegou ao Brasil por meio dos colonizadores,
particularmente os missionários católicos, que vieram ao país no
século XVII. O desenvolvimento pleno do Barroco no Brasil ocorreu
no século XVIII, após seu surgimento na Europa. O Barroco se
estendeu até as duas primeiras décadas do século XIX.
A Igreja desempenhou o importante papel de mecenas na arte
colonial. O Barroco no Brasil está, portanto, muito associado ao
catolicismo. Já que a Igreja financiava a Arte e já que a religião
fazia parte do cotidiano, a maioria do legado barroco se deve à
Igreja. Na literatura, destacaram-se Gregório de Matos e Padre
Antônio Vieira, e, nas artes plásticas, Aleijadinho e Mestre Ataíde.
Em 1670, ouro foi descoberto em Minas Gerais. A partir de então,
o Barroco ganhou todo o esplendor, desenvolvendo-se
plenamente na região onde foi extraída a maior quantidade de ouro
de todos os tempos: Vila Rica ou Ouro Preto. Nas régios
beneficiadas pela mineração, encontram-se igrejas com trabalhos
em relevo feitos em madeira – as talhas – recobertas por finas
camadas de ouro e com janelas, cornijas e portas decoradas com
detalhados trabalhos de escultura. A descoberta do ouro em Minas
Gerais resultou na construção de igrejas de estilo barroco ao longo
do século XVIII. A versão do Barroco que se desenvolveu em
Minas Gerais é denominada barroco mineiro.
Nas regiões onde não havia açúcar ou ouro, as igrejas apesentam
talhas modestas. Os trabalhos foram realizados por artistas menos
experientes e famosos do que os que vivam em regiões mais ricas.

Obras de Aleijadinho
O ápice da integração entre arquitetura, escultura, talha e pintura
se manifestou em Minas Gerais por meio dos trabalhos de Antônio
Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Aleijadinho é considerado o mais
importante artista plástico do barroco mineiro. Suas esculturas e
as igrejas que ele projetou e decorou se encontram nas cidades
histórias de Ouro Preto, São João del Rei, Congonhas (então
denominada Congonhas do Campo), Sabará e localidades
mineiras. Uma das suas obras de Arquitetura mais renomadas é a
primorosa fachada da Igreja de São Francisco de Assis, localizada
em Ouro Preto.
Aleijadinho não foi apenas um extraordinário arquiteto e decorador
de igrejas. Ele foi também um incomparável escultor. Suas
esculturas, conhecidas por seus olhos penetrantes, caracterizam-
se por sua expressividade e dramaticidade. No Santuário do Bom
Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, encontram-se
suas esculturas dos 12 profetas bíblicos esculpidas em pedra-
sabão: Isaías, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oseias, Jonas,
Joel, Abdias, Habakuk, Amos e Nahum – e 66 imagens de madeira
que constituem uma via-sacra. Cada um dos profetas foi esculpido
em tamanho natural, em uma posição diferente, executando
gestos que se coordenam. Dessa forma, Aleijadinho conseguiu
fazer algo extraordinário: sugere ao observador que as figuras de
pedra estão se movimento. Os gestos possuem equilíbrio e
harmonia expressiva. A elaboração dessas esculturas levou cerca
de cinco anos.
Apesar de ter produzido grandes obras de arte, Aleijadinho morreu
pobre e doente e sua obra permaneceu esquecida por muitos
anos.
Neoclassicismo
No início do século XIX, os exércitos de Napoleão Bonaparte
invadiram Portugal. Isso obrigou o rei de Portugal, D. João VI, a
fugir, com sua família e corte, para o Brasil. A vinda da família real
ao Brasil mudou a história da Arte do nosso país. A Corte se
estabeleceu no Rio de Janeiro. Durante o século XIX, o Rio de
Janeiro foi a capital, tanto política como cultural, do império
português. O rei D. João governou o Brasil até 1822, quando o país
se tornou independente. O Brasil foi a única monarquia nas
Américas.
D. João VI criou no Brasil órgãos administrativos, uma Escola de
Medicina, o Banco do Brasil, a Academia Real de Belas Artes, a
Biblioteca Real, a Imprensa Régia e o Teatro Real de São João. A
Academia Real de Belas Artes, que mudou de nome diversas
vezes desde que foi criada, foi a primeira instituição brasileira
dedicada ao ensino da Arte.
Obra deJean-Baptiste Debret

Em 1816, veio ao Brasil a Missão Artística Francesa – um grupo


de artistas franceses. A missão trazia, entre outros artistas, Jean-
Baptiste Debret, Nicolas-Antoine Taunay, Félix-Émile Taunay,
Auguste Taunay e Le Breton. Esses artistas buscavam retratar o
cotidiano da colônia de forma romântica ao idealizar a figura do
indígena e ressaltar o nacionalismo e as paisagens naturais.
Pintaram retratos da família real e imagens dos indígenas. Jean-
Baptiste Debret (1768-1848), denominado "a alma da Missão
Francesa", retratou os costumes brasileiros. Desenhista,
aquarelista, pintor cenográfico, decorador e professor de pintura,
ele organizou a primeira exposição de Arte no Brasil, em 1829. A
Missão Artística Francesa foi contratada por D. João VI para
instituir o ensino oficial das Artes no Brasil.
A chegada da Missão Artística Francesa ao Brasil deu início ao
neoclassicismo movimento que defende o retorno aos ideais
clássicos. O neoclassicismo passou a ser ensinado de forma
acadêmica na Academia Real de Belas Artes.
Com o Neoclassicismo, ressurgiu a simplicidade, que foi uma das
principais características do movimento, em oposição aos
exageros do Barroco. O Neoclassicismo se baseou no
renascimento do clássico, isto é, nos estilos artísticos de Grécia e
Roma antigas.
Com o surgimento do Neoclassicismo, a população começou a
imitar ainda mais a cultura europeia.
Romantismo, Realismo, Naturalismo e Simbolismo
De 1850 a 1920, predominaram as manifestações artísticas
centradas na Academia Real de Belas Artes. A academia
transmitia as principais tendências de arte europeia nesse período:
o Romantismo, o Realismo, o Naturalismo e o Simbolismo.
Expressionismo
Nesse período, dois artistas expressionistas se destacaram: Lasar
Segall e Anita Malfatti. Lasar Segall realizou sua primeira
exposição em São Paulo, em 1913: sua pintura era cheia de cores
tropicais e repleta de cenas da realidade do Brasil. Anita Malfatti
chocou a sociedade tradicional com suas obras expressionistas,
como O Homem Amarelo e O Japonês. Sua exposição polêmica,
em 1917, foi um marco para a renovação das artes plásticas no
Brasil.
Lasar Segall e Anita Malfatti introduziram a arte moderna para os
brasileiros.
Modernismo
O termo Modernismo é empregado para designar as
manifestações artísticas que, acompanhando as rápidas
mudanças no final do século XIX e início do XX, tentaram traduzir
a nova realidade e os novos anseios que se impunham ao "homem
moderno" e à sociedade.
A Semana de Arte Moderna, ocorrida em 1922, foi o marco inicial do Modernismo no
Brasil: influenciou principalmente a Literatura e as Artes Plásticas.
Os organizadores da Semana de Arte Moderna lançaram um manifesto modernista.
Este defendia a liberdade de expressão e a adoção das "mais modernas formas de
expressão do estrangeiro". O objetivo não era copiá-las, e sim, recriá-las de maneira
própria. Essa expressão artística brasileira conteria elementos diferentes –
característicos das diversas regiões, ambientes e épocas do Brasil – tanto o rural como
o urbano, tanto o antigo como o moderno.
Após a Semana de Arte Moderna, vários artistas passaram a desenvolver um estilo
próprio de pintura, que passou a ser mais valorizada no Brasil.

Arte Brasileira Atual


Meu Limão – obra de Beatriz Milhazes

Em 1951, foi fundada, em São Paulo, a Bienal. Na década de 1960 e 1970, a arte
brasileira passou a ser exibida internacionalmente. Hoje, a arte de artistas brasileiros é
exibida nas principais feiras de artes e bienais internacionais.

A Arteterapia

A arte está presente na vida das pessoas desde tempos


imemoriais. mas de maneira mais focada no seu aspecto
terapêutico desde o século XIX.
Na segunda metade do século XIX a expressão artística chama a
atenção de médicos como Max Simon, Morselli dentre outros, que
focavam o aspecto patológico das produções artísticas de pessoas
em sofrimento psíquico.
Entretanto, foi Mohr, em 1906, que fez um importante estudo
comparando os trabalhos dos doentes mentais com os das
pessoas saudáveis e dos grandes artistas e percebeu a
manifestação de histórias de vida e de conflitos pessoais nestas
criações. Tal estudo influenciou, mais tarde, o desenvolvimento de
testes utilizados pela psicologia, como o Rorschach e TAT
(Murray).
À luz da teoria psicanalítica nascente, no início do século XX Freud
se interessou pela arte e postulou que o inconsciente se manifesta
através de imagens, que transmitem significados mais diretamente
do que as palavras. Observou que o artista pode simbolizar
concretamente o inconsciente na produção artística, retratando
conteúdo do psiquismo que, para ele, é uma forma de catarse.
Para Freud a obra de arte é sublimação de desejos sexuais,
impulsos instintivos que não podem ser satisfeitos na realidade e
são, portanto, desviados para a produção de algo aceito por estar
sendo uma comunicação simbólica com função catártica. A
transformação do impulso antissocial primitivo em um ato
socialmente produtivo causa um pouco da gratificação que a
realização do impulso original teria proporcionado. Ele observou
que o inconsciente se manifesta através de imagens, transmitindo
mais diretamente seus significados porque escapam mais
facilmente da censura da mente do que as palavras.
Porém, foi Jung o primeiro a utilizar a expressão artística em
consultório. Para ele, a simbolização do inconsciente individual e
do coletivo ocorre na arte. Na década de 20, do século passado
recorreu à linguagem expressiva como forma de tratamento e, para
tanto, pedia aos clientes que fizessem desenhos livres, imagens
de sentimentos, de sonhos, de situações conflituosas ou outras.
Priorizava a expressão artística e a verbal como componentes de
cura.

Jung afirmou que a criatividade tem uma função psíquica natural, estruturante. Segundo
Jung a energia psíquica não muda de objeto enquanto não se transforma. A atividade
plástica e a criatividade, para Jung, são funções psíquicas inatas que contribuem com
a evolução da personalidade e com a estruturação do pensamento.

Nise da Silveira
Mas não foram apenas Freud e Jung que muito contribuíram para
a fundamentação da Arteterapia, dois grandes psiquiatras
brasileiros também o fizeram: Osório César e Nise da Silveira.
Osório César, em 1923, trabalhou com arte no hospital do Juqueri
(Franco da Rocha – SP), sob a influência da psicanálise freudiana
publicou "A arte primitiva nos alienados". Em 1927 publica
"Contribuição para o estudo do simbolismo místico nos alienados",
"Sobre dois casos de estereotipia gráfica com simbolismo sexual".
"A expressão artística nos alienados" é publicada em 1929. Trocou
experiências com Freud, fez vários estudos, mas, infelizmente,
muitos se perderam.

Emydgio de Barros, paciente da dra. Nise, pinta no jardim do hospital


No entanto, a Arteterapia transcendeu os estudos psiquiátricos.
Margaret Naumburg empregou-a em seu consultório, seguindo os
princípios da psicanálise, denominou seu trabalho como
"Arteterapia de orientação dinâmica". Em 1968, ministra cursos de
extensão em Arteterapia.
Em 1953, Hanna Yaka Kitkowska em Maryland, inicia um trabalho
de arteterapia com grupos e famílias.
Já em 1958, Edith Kramer, que nasceu em Viena (1915) também
aplicando a arteterapia seguindo a psicanálise freudiana, passou
a dar mais importância ao processo do que ao produto final.
Priorizando a observação do comportamento durante a execução
sem a necessidade de verbalização, acredita que a ênfase no
trabalho está na relação transferencial.
A lacaniana, Françoise Douto, em 1972, utiliza a arte como meio de comunicação com
crianças.
Através de gestos, mímica, desenho, escultura etc., interage com crianças, até mesmo
com as que não falam, procurando desta forma ajudar também no desenvolvimento
motor, no raciocínio e no relacionamento afetivo.

Utilizando-se dos princípios da Gestalt – Terapia, Janie Rhyne


descreve sua experiência e transformações de seus clientes com
a aplicação de suas técnicas de fazer arte. Escreve o livro "The
Gestal Art Experience" que relata a possibilidade de promover o
contato, com os conflitos e reorganizar as próprias percepções
através da arte.
Natalie Rogers, filha de Carl Rogers, em 1974 aplica os princípios
da teoria centrada na pessoa junto ao trabalho expressivo; pintura,
modelagem, expressão corporal, teatro, dança, música, poesia e
mímica. Postula que a expressão deve ser verbalizada e
compreendida pelo próprio cliente, e não interpretada pelo
terapeuta. Denomina este trabalho de Conexão Criativa.
Outras teorias mais recentes vêm fundamentando a área, tais
como a Gestalt de Perls, o Psicodrama de Moreno, as linhas
humanista, sistêmica e transpessoal.
A arteterapia, que é o uso da arte como base de um processo
terapêutico, propicia resultados em um breve espaço de tempo.
Visa estimular o crescimento interior, abrir novos horizontes e
ampliar a consciência do indivíduo sobre si e sobre sua existência.
Utiliza a expressão simbólica, de forma espontânea, sem
preocupar-se com a estética, através de modalidades expressivas
como: pintura; modelagem; colagem; desenho; tecelagem;
expressão corporal; sons; músicas; criação de personagens,
dentre outras, mas utiliza fundamentalmente as artes visuais.
Enquanto a Arte Educação ensina arte, a arteterapia possui a
finalidade de propiciar mudanças psíquicas, assim como a
expansão da consciência, a reconciliação de conflitos emocionais,
o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal. A arteterapia
tem também o objetivo de facilitar a resolução de conflitos
interiores e o desenvolvimento da personalidade.
Por ser bastante transformadora, pode ser praticada por crianças,
adolescentes, adultos, idosos, por pessoas com necessidades
especiais, enfermas ou saudáveis. Hoje, é exercida em ateliês e
instituições com atendimentos individuais ou em grupos.
No entanto, para ser um arteterapeuta, é necessária uma formação
específica, uma vez que a disciplina fica na interface entre a arte e
a terapia. Portanto é fundamental aprofundamento e treinamento
prático nessas áreas. Para que o profissional seja reconhecido
como arteterapeuta pela associação do estado em que reside, é
necessário que curse uma formação ou especialização que possua
o currículo mínimo e a carga horária mínima estabelecida pela
União Brasileira de Arteterapia (UBAAT). Os cursos de arteterapia
são ministrados para profissionais de diversas áreas, psicologia,
pedagogia, psiquiatria, fonoaudiologia, arte-educação,
enfermagem etc., onde cada um insere a arteterapia em sua área
de habilitação profissional.
A Arteterapia foi sistematizada pela americana Margareth
Naumburg em 1941 e em 1969 foi fundada a Associação
Americana de Arteterapia (American Association of Art Therapy).
Em vários países existem Associações de Arteterapia, e no Brasil
são bastante atuantes as Associações nos diversos Estados,
promovendo Congressos científicos, Fóruns, Simpósios, onde os
profissionais são atualizados e podem apresentar o resultado de
suas pesquisas.
A Arteterapia, bem como a bibliografia específica da área, tem
crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas.

A Profissão de Arteterapeuta
Arteterapeutas são profissionais com treinamento tanto em arte
como em terapia. Têm conhecimento sobre o desenvolvimento
humano e criatividade, teorias psicológicas, práticas clínicas, e
sobre o potencial curativo da arte. Utilizam a arte em tratamentos,
avaliações e pesquisas, oferecendo consultoria a profissionais de
áreas afins. Arteterapeutas trabalham com pessoas de todas as
idades, indivíduos, casais, famílias, grupos e comunidades.
Oferecem seus serviços individualmente e como parte de equipes
profissionais em contextos que incluem saúde mental, reabilitação
instituições médicas, legais, centros de recuperação, programas
comunitários, escolas, instituições sociais, empresas, ateliês e
prática privada.
Assim, a Arteterapia proporciona o fazer artístico no contexto de
uma relação profissional por pessoas que experienciam doenças,
traumas ou dificuldades na vida, assim como por pessoas que
buscam desenvolvimento pessoal. Por meio do criar em arte e do
refletir sobre os processos e trabalhos artísticos resultantes, as
pessoas podem ampliar o conhecimento de si e dos outros,
aumentar sua autoestima, lidar melhor com sintomas, estresse, e
experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos,
emocionais e desfrutar do prazer vitalizador de expressarem-se
criativamente.
A Arteterapia observa e analisa a produção expressiva, plástica e
criativa, buscando a prevenção, a recuperação e a redução de
efeitos do estresse, favorecendo transformações benéficas nas
condições em que se encontra o indivíduo, possibilitando o
reencontrar-se, reconhecer-se, reavaliar-se e reinventar-se no
modo de desenvolver suas atividades e participação na sociedade.
Os fundamentos teóricos e práticos da Arteterapia são
multidisciplinares, multiculturais e transdisciplinares. Sua base
estrutural origina-se nas áreas do conhecimento da Psicologia,
Arte, Criatividade, Educação, Filosofia, Antropologia e Sociologia,
inserindo-se, portanto, na área das Ciências Humanas.
O Arteterapeuta é um profissional que atua na prevenção, na
promoção e na reabilitação da saúde. Utilizando teorias e
modalidades expressivas que ativam e facilitam a expressão criativa
e o processo de autoconhecimento mediado pelas artes.

Utilizando métodos e técnicas próprias da Arteterapia, o arteterapeuta prioriza a


produção simbólica, imagética e a comunicação criativa não verbal, para promover
mudanças através do reconhecimento da própria subjetividade e identidade.
A Arteterapia é um processo terapêutico de ampla elegibilidade, e deste modo, a
inserção do arteterapeuta é de muita produtividade no acompanhamento e no
tratamento, seja individual ou em grupo, de faixas etárias diversas da criança ao idoso,
bem como sua integração nas equipes multidisciplinares. Sua formação propicia
habilidades e competências para que atue em equipes multidisciplinares. A adequação
de sua postura profissional é regida pelo Código de Ética Profissional do Arteterapeuta.
Para exercer a atividade de Arteterapeuta é necessário ter curso superior e
especialização em Arteterapia, que oferece treinamento em arte e em terapia,
especialmente com foco nas abordagens psicológicas junguianas, Gestalt-terapia e
transpessoal. Os cursos de pós-graduação em Arteterapia têm mais de 520 horas,
incluindo estágio supervisionado e Trabalho de Conclusão de Curso. Faz parte da área
de humanas e da saúde como Psicologia, Medicina, Fisioterapia, Terapia Ocupacional,
Fonoaudiologia, Assistência Social, Artes, Educação e Arte-educação. O curso deve ser
validado pela União Brasileira de Arteterapia (UBAAT) e, uma vez concluído, o
Arteterapeuta se cadastra na Associação de Arteterapia do seu Estado para trabalhar
como tal.
Em várias cidades já são usados os Concursos Públicos para contratar arteterapeutas.

Parâmetros Curriculares de Formação e normas para Contratação:


Para tornar-se um profissional Arteterapeuta é necessário ter o terceiro grau completo,
cursar uma especialização ou formação em Arteterapia que siga os parâmetros
curriculares estabelecidos pela UBAAT - e posteriormente obter o registro profissional
através da Associação Regional ou Estadual de Arteterapia.
Considerando que o Ministério do trabalho (2013) inseriu a ocupação de Arteterapeuta,
na família 2263: Profissionais das terapias criativas, descritos como: profissionais que
realizam atendimento terapêutico utilizando programas, métodos e técnicas específicas
de Arteterapia. Os arteterapeutas desenvolvem programas de Arteterapia, para a
prevenção, promoção de saúde e qualidade de vida. Exercem atividades técnico-
científicas através da realização de pesquisas, trabalhos específicos, organização e
participação em eventos científicos. E, considerando que desde o dia 27 de março de
2017 a Arteterapia está incluída oficialmente, através da portaria 849, nas Práticas
Integrativas de Saúde no Sistema Único de Saúde – SUS.

A União Brasileira de Associações de Arteterapia – UBAAT (Resolução n.001/2013 e


n.002/2013) torna pública a todas as instituições públicas e privadas, municipais,
estaduais e federais, incluindo faculdades e universidades, que o contratante deverá
requisitar o certificado de conclusão do curso de Especialização ou Formação em
Arteterapia, em conformidade aos parâmetros curriculares estabelecidos (resolução
n001/2013 e n.002/2013), bem como solicitar a comprovação atualizada da filiação em
Associação Regional de Arteterapia localizada e seu estado, ou região próxima.
Assegurando-se desta forma de estar contratando um profissional qualificado, e
devidamente credenciado a desenvolver as funções específicas conforme previsto no
CBO.

O que é Terapia?

A palavra terapia, basicamente, refere-se ao tratamento de alguma


doença. No caso da Arteterapia, falamos de uma forma de
tratamento psicológico, que utiliza a arte como ferramenta ou
abordagem para o tratamento. Sendo assim, na Arteterapia são
também utilizados conhecimentos de psicoterapia. Nesta lição,
vamos entender melhor do que se trata a psicoterapia.
A psicoterapia (do grego psykhē - mente, e therapeuein - curar;
primeira referência ca. 1890), é um tipo de terapia cuja finalidade
é tratar os problemas psicológicos, tais como depressão,
ansiedade, dificuldades de relacionamento, entre outros
problemas de saúde mental. É um processo dialético efetuado
entre um profissional, o psicoterapeuta, que pode ser um psicólogo
ou psicanalista, e o paciente ou cliente.
Por ser uma área da saúde mental, a psicoterapia é a principal
linha de tratamento para qualquer assunto referente ao psiquismo.
Para isso, propõe intervenções psicológicas, cujos objetivos
centrais são:
- restabelecer o funcionamento psíquico ótimo do paciente;
- permitir que o paciente compreenda as causas do que lhe
acomete, para que possa encontrar recursos psíquicos para lidar
com suas dificuldades, problemas etc.;
- desenvolver meios de agir no mundo, redefinindo seus traços de
personalidade;
- solucionar problemas pontuais, que o afligem, bem como
observar questões de cunho mais existencial.

Em linguagem técnica, o termo "psicologia" refere-se à ciência e "psicoterapia" ao uso


clínico do conhecimento obtido por ela. Da mesma forma, costuma haver confusão entre
os termos "psicoterapia" e "psicanálise": enquanto psicoterapia refere-se ao trabalho
psicoterapêutico baseado no corpo teórico da ciência da psicologia como um todo,
psicanálise refere-se exclusivamente ao trabalho baseado nas teorias oriundas do
trabalho de Sigmund Freud; "psicoterapia" é, assim, um termo mais abrangente,
englobando todas as linhas teóricas-científicas (com métodos e resultados) da
psicologia moderna.
Como funciona o processo terapêutico: entre o terapeuta e o paciente (em determinadas
escolas, chamado cliente), cada um dos quais possuindo determinadas características
profissionais e de personalidade, se fecha um contrato terapêutico, que define as regras
do trabalho terapêutico para ambas as partes. Dois elementos, a técnica terapêutica e
o relacionamento terapêutico, representam a base de trabalho e são ambas
influenciadas por atributos tanto do terapeuta como do paciente. O trabalho técnico do
terapeuta, por outro lado, só poderá dar frutos se o paciente mostrar abertura a esse
trabalho. Os efeitos da terapia se apresentam em diferentes níveis, tanto em relação
aos padrões de funcionamento do indivíduo quanto em relação a seus relacionamentos
interpessoais.

Fases da terapia
A terapia em si pode se desenvolver em fases, cada qual com objetivos próprios:

1- Definição do diagnóstico, quando feita por médico ou psicólogo


(ambos têm habilitação para isto), decisão que define a prescrição
terapêutica a ser desenvolvida (medicamentosa, que é exclusiva
do psiquiatra no Brasil; sendo que o psicodiagnóstico é exclusivo
do psicólogo no Brasil);
2- Estabelecimento de um contrato de trabalho verbal: promoção
de um relacionamento terapêutico e trabalho de clarificação do
problema. A estruturação dos papéis (terapeuta e paciente),
desenvolvimento de uma expectativa de sucesso, promoção do
relacionamento entre paciente e terapeuta, transmissão de um
modelo etiológico do problema;
3- Desenvolvimento do trabalho psicoterapêutico: no que se refere
às abordagens teóricas: aquisição de novas competências (terapia
cognitivo-comportamental), análise e experiência de padrões de
relacionamento (psicanálise), reestruturação da autoimagem
(terapia centrada na pessoa), mas é preciso observar que,
particularmente na psicologia, existem as especialidades
psicológicas, que se sobrepõem às abordagens, como psicologia
do organizacional ou do trabalho, psicologia do trânsito (inclui porte
de armas), psicologia clínica, neuropsicologia, emergência e
urgência psicológicas (ainda não reconhecida pelo Conselho
Federal de Psicologia, mas plenamente operante no Brasil),
psicologia hospitalar etc.;
4- Avaliação: verificação do atingimento dos objetivos propostos,
estabilização dos resultados alcançados, fim formal da terapia e da
relação paciente-terapeuta.
As decisões tomadas na fase 1 não devem necessariamente
permanecer imutáveis até o fim da terapia. Pelo contrário, o
terapeuta deve estar atento a mudanças no paciente, a fim de
adaptar seus métodos e suas decisões de trabalho à situação do
paciente, que nem sempre é clara no começo da terapia. A isso,
se dá o nome de indicação adaptável.
Lembrando que quando se trata de psicoterapia em sua expressão mais genérica não
há que se falar em definição de diagnóstico na fase inicial, ou até em nenhuma fase,
uma vez que muitas vezes o foco do tratamento pode ser simplesmente mitigar um
sofrimento ou um sentimento, autoconhecimento, desenvolver habilidades para se
superar um problema, ou outros, de modo que não se fala em diagnóstico, muito menos
em cura.

Efeitos da psicoterapia

Ainda sob um ponto de vista geral, ou seja, comum a todas as escolas


psicoterapêuticas, os efeitos da psicoterapia podem ser analisados sob dois aspectos:
O aspecto processual, isto é, que se refere ao trabalho terapêutico em si. Aqui, podem
se observar os seguintes efeitos: o fortalecimento do relacionamento terapêutico, a
intensificação da expectativa de sucesso do paciente, sensibilização do paciente a
fatores que ameaçam sua estabilidade psíquica, um mais profundo conhecimento de si
mesmo (autoexploração) e a possibilidade de novas experiências pessoais.
O aspecto final, isto é, que se refere às consequências da terapia na vida do paciente.
Aqui, se diferenciam os microefeitos dos macroefeitos. Os microefeitos referem-se aos
pequenos progressos que acontecem durante a terapia, entre as sessões: o paciente
experimenta novas situações, emoções, novas facetas de si, novas formas de
comportamento. Já os macroefeitos dizem respeito às consequências a longo prazo e
às mudanças mais profundas, relacionadas às estruturas mais centrais da
personalidade e do funcionamento psíquico: a pessoa adquire novas posturas em
relação a si mesma e aos demais, adquire novas capacidades e competências.
Sobretudo, uma terapia realizada com sucesso conduz a um aumento da autoeficácia
(self-efficacy), ou seja, da convicção do paciente de ser capaz de lidar com os problemas
que o faziam sofrer, o que leva a um aumento da autoestima. Outros efeitos são ainda
uma compreensão maior dos problemas que afligem o paciente e da história de vida,
que conduziu a eles.

Tanto os micros como os macroefeitos se podem dar em três níveis:

(1) melhora do bem-estar,


(2) modificação dos sintomas e
(3) modificação da estrutura da personalidade.
Mudanças na estrutura da personalidade só são possíveis depois de uma melhora do
bem-estar e dos sintomas.

A Terapia na Arteterapia
Partindo do princípio de que muitas vezes não se consegue falar a
respeito de conflitos pessoais, a Arteterapia propõe recursos
artísticos para que sejam projetados e analisados todos esses
processos, obtendo-se uma melhor compreensão de si mesmo, e
podendo ser trabalhados no intuito de uma libertação emocional.
A Arteterapia baseia-se na crença de que o processo criativo
envolvido na atividade artística é terapêutico e enriquecedor da
qualidade de vida das pessoas. Por meio do criar em arte e do
refletir sobre os processos e os trabalhos artísticos resultantes, as
pessoas podem ampliar o conhecimento de si e dos outros,
aumentar a autoestima, lidar melhor com sintomas, stress e
experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos,
emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico.
As linguagens plásticas, poéticas e musicais, dentre outras, podem
ser mais adequadas à expressão e elaboração do que é apenas
vislumbrado, ou seja, esta complexidade implica na apreensão
simultânea de vários aspectos da realidade. Esta é a qualidade do
que ocorre na intimidade psíquica: um mundo de constantes
percepções e sensações, pensamentos, fantasias, sonhos e
visões, sem a ordenação moral da comunicação verbal do
cotidiano.
Uma obra de arte consegue, por si só, transmitir sentimentos como
alegria, desespero, angústia e felicidade, de maneira única e
pessoal, relacionadas ao estado espiritual em que se encontra o
autor no momento da criação.
A utilização de recursos artísticos (pincéis, cores, papéis, argila,
cola, figuras, desenhos, recortes etc.) tem como finalidade a mais
pura expressão do verdadeiro self, não se preocupando com a
estética, e sim com o conteúdo pessoal implícito em cada criação
e explícito como resultado final. Contudo, as técnicas de utilização
dos materiais, acima citados, são para simples manuseio deles, e
não para profissionalização ou comercialização.

A Arteterapia tem como principal objetivo atuar como um catalisador, favorecendo o


processo terapêutico, de forma que o indivíduo entre em contato com conteúdo internos
e muitas vezes inconscientes, normalmente barrados por algum motivo, assim
expressando sentimentos e atitudes até então desconhecidos. Arteterapia é benéfico
para pessoas de qualquer idade, sendo utilizado tanto para o autoconhecimento e
autoexpressão, como também nos casos de doenças mentais.
A Arteterapia resgata o potencial criativo do homem, procurando a psique saudável e
estimulando a autonomia e transformação interna para reestruturação do ser. Propõe-
se então, a estruturação da ordenação lógica e temporal da linguagem verbal de
indivíduos que preferem ou de outros que só conseguem expressões simbólicas. A
busca da terapia da arte é uma maneira simples e criativa para resolução de conflitos
internos, é a possibilidade da catarse emocional de forma direta e não intencional.
A prática da Arteterapia pode ser baseada em diferentes referenciais teóricos, como a
Psicanálise, a Psicologia Analítica, a Gestalt-terapia, dentre outras abordagens
advindas especialmente do campo da Psicologia, que considera fundamental a
compreensão do arteterapeuta acerca do ser humano. Desta forma, os conceitos em
Arteterapia diferenciam-se amplamente conforme a abordagem seguida pelo
arteterapeuta.

Como Funciona uma Sessão


Rituais de cura
Desenhos são símbolos. E ao longo da história, em todas as
culturas, muitas manifestações artísticas dança, música,
esculturas, pinturas corporais ou na areia etc. têm sido usadas
pelo homem em seus rituais de cura. A explicação para isso é que
todas essas atividades possibilitam a decodificação das
sensações.
Em uma sessão de Arteterapia, esse ritual se repete. A criação
acontece de forma espontânea, sem preocupação com padrões
estéticos. Entre os instrumentos utilizados estão pintura, colagem,
modelagem, fotografia, tecelagem, expressão corporal, teatro,
sons, músicas ou criação de personagens. Os resultados são
muitos, rápidos e profundos, pois a arte possibilita a cura por meio
da expressão das emoções e da ampliação da percepção do
mundo subjetivo (consciência). Observando a própria obra, o
paciente tem a oportunidade de comentar o que vê e percebe, além
de identificar o que pode ser reformulado em sua vida. Valéria
Gestivo, consultora de Arteterapia do departamento de Saúde
Mental da Secretaria da Saúde de Palermo, e integrante do corpo
docente da Arte Terapeuti Associati, com sede em Milão (Itália, fala
que a arte, em si, representa "um veículo de liberação das
angústias e do desconforto. Ela expressa a potencialidade e a
realidade humana, mas também é um instrumento para
compreender a si mesmo e até resolver algumas dificuldades".
Essas formas de vivenciar as feridas emocionais permitem
vislumbrar novas perspectivas. "A imagem em um pedaço de papel
é uma mensagem de você para você mesmo. Como a arte é uma
metáfora, ela proporciona a descoberta de possibilidades", afirma
Selma Ciornai, psicóloga e psicoterapeuta, supervisora e
coordenadora acadêmica do curso de Especialização em Arterapia
do Instituto Sedes Sapientiae, em SP.
Sob orientação

Para usufruir dos benefícios dessa terapia, não basta a prática de alguma atividade
criativa. Segundo as especialistas, esse tipo de exercício é sempre relaxante e
saudável, mas não significa que funcionará como Arteterapia. "Para que essa atividade
cumpra seus fins, ela deve ser praticada sob o olhar cuidadoso de um profissional. É
essa presença ativa do terapeuta que facilitará o processo de perceber e lidar com os
próprios problemas e recursos", diz Selma. "A proposta é trabalhar com o indivíduo de
forma holística. Por isso, o que se espera dos terapeutas é que eles sejam hábeis na
comunicação das palavras e das imagens", acrescenta Valéria. "No final do tratamento,
o paciente deve ser capaz de ver as coisas belas que produziu como algo vindo do 'seu
eu profundo', nascido dele, e com o qual poderá abrir sua própria janela para o mundo",
completa. E não se trata, apenas, da necessidade de uma orientação técnica que guie
o paciente na reflexão sobre os problemas e na busca da superação das dificuldades.
Para Selma, "a arte é a linguagem da alma, por excelência. Porém, o que existe de mais
terapêutico é a presença amorosa do outro, que ajuda a identificar as áreas complexas
que dificultam o caminhar. O poder da relação é que é extremamente curador – porque,
na companhia do outro, é mais fácil transcender a dor".

Para o corpo e a alma


Indicada para pessoas de todas as idades, esse tipo de terapia não
possui contraindicações. As sessões têm duração variável (1, 2,
ou até 4 horas) e podem ser eficazes no trabalho individual, entre
casais, famílias ou em grupo. Útil para combater os males
psicológicos e psiquiátricos, ela é, também, coadjuvante do
tratamento de disfunções cerebrais. Escolas, centros de
reabilitação e de idosos, hospitais e institutos correcionais são
alguns dos exemplos onde a Arteterapia pode ser aplicada com
sucesso. Em São Paulo, a Associação de Assistência à Criança
Deficiente (AACD) mantém um ateliê de arte-reabilitação,
coordenado pela Arteterapeuta Ana Alice Francisquetti.
A união entre arte e reabilitação tem como objetivo promover a
melhora da saúde de portadores de paralisia cerebral, acidente
vascular cerebral (AVC), traumatismo cranioencefálico etc. Para
esse grupo, a Arteterapia é a porta de entrada para o convívio
familiar e social, o desenvolvimento motor, psíquico, emocional e
cognitivo, auxiliando na reorganização funcional do cérebro. E não
é só. Um recente estudo realizado pela psiquiatra Hanne Stubbe
Teglbaerg, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade
de Aarhus (Dinamarca), confirmou que a Arteterapia reduz a
ansiedade e eleva a capacidade da pessoa de resolver problemas.
Entretanto, o maior benefício para os praticantes é o fortalecimento
do ego. Segundo a pesquisa, o envolvimento pessoal no processo
artístico e suas reflexões estéticas estimulam o aprimoramento das
competências sociais, permitindo o relacionamento com outras
pessoas. Esses resultados garantiram notável melhora na
qualidade de vida de pessoas com esquizofrenia que participaram
do estudo.
Criatividade e inconsciente
Como as artes plásticas são a base da Arterapia, algumas pessoas podem sentir
inaptas. Mas as especialistas lembram que é natural cada um possa suas preferências
e, felizmente, há várias opções para escolher: música, dança, escrita criativa etc. "Seja
lá qual for a preferência, o que importa é que o processo criativo é terapêutico. Ele
representa a possibilidade de desafiar o velho, permitindo a crença de que criar algo, na
vida, é possível. E a arte é esse objeto intermediário", fala Selma Ciornai. E mesmo que
alguém esteja impossibilitado de desenhar ou pintar, a observação das obras de arte
também pode ser estimulante. "A arte tem poder. E ela pode mover as pessoas de várias
formas, desde que aconteça uma conexão de ordem pessoal", diz Neil Springham, chefe
do departamento de Arteterapia do Serviço Nacional de Saúde (SNH) DA Grã-Bretanha.

Utilizações e Abordagens Psicoterapêuticas

A arteterapia é utilizada:
- em crianças e adolescentes com déficit de atenção, dificuldades
de aprendizagem, hiperatividade;

- em pessoas de qualquer idade com dificuldades emocionais,


problemas psicológicos, doenças mentais;

- em hospitais (com crianças e adultos internados);

- em recursos humanos.

A Arteterapia é assim utilizada porque desperta as potencialidades


do ser humano, e este, vira reconhecer através de símbolos, os
conteúdos inconscientes que podem ser integrados pela
consciência.
A Arteterapia:
- Visa o desenvolvimento do homem, tornando-o indivíduo único e
inteiro,

- auxilia no processo de terapia, na busca e no reaprendizado


emocional,

- utiliza diversas técnicas, como meio de expressão das imagens


simbólicas inerentes ao ser humano, acrescenta uma qualidade de
ser, viver, e fundamentalmente, de aprender. Trata-se de uma
alternativa que tem sido cada vez mais procurada por diversas
pessoas de várias idades em todo o mundo. Quem experimenta a
Arteterapia pode ressignificar sua vida e sua aprendizagem.

O Arteterapeuta: para que seja utilizada como processo


significativo, a arteterapia requer ao terapeuta um profissional
especializado que tem condições de orientar o outro em sua
jornada, acolhendo-o e possibilitando-lhe ao outro descobrir-se,
expandindo sua criatividade através do uso de vários materiais.
O trabalho integrado da Arteterapia e da Psicoterapia:
- propicia redescobrir na arte a própria essência do aprender para
a vida, apostando no homem enquanto alguém com força interna
para crescer e construir o seu mundo de símbolos, palavras,
pensamentos e ações.

- objetiva ajudar as pessoas a desenvolverem a saúde mental e


emocional, ou seja, a capacidade de organizar os conhecimentos
e habilidades humanas na resolução de um problema. É através
desse trabalho integrado, que leva o indivíduo, a saber, utilizar as
próprias estratégias para realizar uma escolha consciente e
voluntária para alcançar uma meta.

Abordagens em Arteterapia

Abordagem baseada em Jung


Os conceitos de Jung podem ser aplicados no dia-a-dia, nos problemas e nos
relacionamentos.
Na década de 1920, Carl Gustav Jung começou a usar a linguagem artística como parte
do tratamento psicoterápico. Para ele a criatividade é uma função natural da mente
humana, nada tendo a ver com os desejos sexuais como havia dito Freud.

Uma boa maneira de aproximar-se de Jung é imaginar-se diante de uma pintura ou


escultura. O olhar passeia pelas linhas, cores e formas, construindo uma perspectiva
geral. Você pode sentir e perceber muitas coisas, mas não forma um único conceito
lógico. O movimento diante da obra convida a participar das sensações e emoções do
artista. Envolver, perceber, lembrar, registrar e interagir são atos importantes no trabalho
com a abordagem Junguiana.
O objetivo da arteterapia, na visão junguiana, é o de apoiar e o de gerar instrumentos
apropriados, para que a energia psíquica forme símbolos em variadas produções, o que
ativa a comunicação entre o inconsciente e o consciente. (Philippini, 2000).
Conforme Jung, citado por GRINBERG (2003) vivemos apenas no mundo das imagens
e não se trata de essas imagens serem ou não verdadeiras, mas, sim, da importância
que elas possuem para o indivíduo e a sociedade, do ponto de vista puramente
psicológico.

Abordagem baseada em Gestalt

A Gestalt Terapia foi criada pelos judeus alemães Friedrich


Salomon Perls e Lore Posner Perls. É uma terapia que busca
refletir sobre a existência e foi planejada na Alemanha na década
de 20, mas nascida em 1951 em Nova York.

Os conceitos da Gestalt estão presentes no dia-a-dia do ser humano.


A psicologia da Gestalt originou-se como uma teoria da percepção que incluía as inter-
relações entre a forma do objeto e os processos da percepção (teoria da forma).
Sendo o homem responsável pelas suas próprias escolhas, a Gestalt Terapia destaca
o autoconhecimento, a satisfação e crescimento pessoal. O ser humano passa de
"personagem" a "autor" da sua própria história, sendo livre a cada momento para trilhar
outro caminho.
Mas esse homem não é um ser individual e só pode ser compreendido na relação com
o outro, dentro de um ambiente, em que tudo é contato, mesmo que seja dele com ele
mesmo.

O Objetivo da Gestalt Terapia é ampliar a sensibilidade, defendendo a teoria de que "eu


só posso mudar quando me torno aquilo que sou, e não quando tento ser algo que não
faz parte de mim".
A Gestalt Terapia trabalha com experiências imediatas, o aqui e agora, que estabelece
a porta de entrada para a realidade. A existência só se dá no presente, mas este
momento presente carrega as lembranças do passado, as fantasias e as expectativas
para o futuro. Uma terapia que busca entender o significado das situações vivenciadas
no dia a dia.
O gestalt terapeuta descreve, não interpreta o que está acontecendo. Ele procura
destacar o que acontece e como acontece, ajudando o paciente a compreender a
intenção do seu comportamento. Para o gestalt terapeuta, cada paciente é único e cada
momento é único, portanto, o trabalho terapêutico é organizado para que a sensibilidade
do paciente ocorra em um crescente, no seu próprio ritmo.
Nas sessões de terapia, o gestalt terapeuta utiliza diversos experimentos, um convite
para o paciente se autoconhecer, usando técnicas como "cadeira vazia e inversão de
papéis", em que o paciente senta em uma cadeira e, de olhos vendados, conversa com
uma cadeira vazia colocada na sua frente, imaginando ser uma pessoa ou um órgão do
seu corpo que o incomoda. Depois o paciente troca de cadeira e muda de papel, se
pondo no lugar da pessoa ou do órgão imaginado.
Na verdade, o gestalt terapeuta trabalha com todas as linguagens, buscando o que pode
facilitar a expressão do paciente a cada momento. Praticar a gestalt terapia é muito mais
uma questão de postura do que uma técnica. Um terapeuta deve, antes de qualquer
coisa, ser uma pessoa disponível para o outro como ser humano, para então capacitar-
se na abordagem.

A Arteterapia Gestáltica utiliza os conceitos derivados dos estudos sobre percepção


visual formulados pelos psicólogos da Gestalt como analogia para fenômenos psíquicos
e também no sentido original em que foram criados, ou seja, literalmente como
referentes a fenômenos da percepção visual. Fala-se sobre os fenômenos no próprio
ato de perceber e tomar consciência do que obviamente "está ali".

Abordagem baseada em Psicanálise


Freud contribuiu largamente para a prática psicoterápica. A psicanálise contribui para o
estudo dos componentes psicológicos envolvidos nos processos criativos.
Sigmund Freud se dedicava a escrever sobre as obras produzidas por diversos artistas.
Observou, assim, que a mente se manifesta por meio de imagens, sendo uma
comunicação simbólica com função catártica, ou seja, um processo de limpeza da alma.
Para Freud a criação artística é resultado de um processo de sublimação, ou purificação,
dos desejos sexuais não possíveis de serem realizados na realidade.

Uma das contribuições da psicanálise para a Arteterapia está no trabalho com


Psicodrama. O Psicodrama se baseou no teatro espontâneo, onde tudo era improvisado
e criado no momento.
Cada ator que improvisa é, de fato o criador de seu personagem e o produtor da
improvisação... deve sintetizar os processos de cada personagem em uma nova
totalidade. Geralmente ocorrem catarses, iluminações e insights durante as
representações improvisadas das situações de vida na criação e na troca de papéis.

Atuação
A Arteterapia pode atuar em instituições de reabilitação física e mental, nos hospitais
psiquiátricos e em clínica geral. Auxilia doenças degenerativas como câncer, esclerose
múltipla, Alzheimer, AIDS e pacientes que passam por hemodiálise.
Geralmente a sala de atendimento é chamada de "Ateliê de Arteterapia", onde o cliente
tem contato com tinta, cola, papéis, revistas, argila e tudo o que for necessário para a
expressão criativa. As atividades podem ser realizadas individualmente, em grupo ou
até mesmo com a família.
A Arteterapia pode atuar também nos treinamentos empresariais, e na educação de
modo geral, proporcionando uma melhoria das relações interpessoais e no
desenvolvimento do potencial inventivo das pessoas.
Normalmente o trabalho é iniciado com entrevistas para estabelecer uma interação com
o cliente. É feito também um contrato em que se define: dia e horário de atendimento,
honorários, faltas, atrasos, e tudo o que for importante para uma boa relação entre
paciente e arteterapeuta. Além, é claro, do compromisso de sigilo profissional no que
diz respeito a todo o processo.

No caso de crianças, adolescentes, ou pessoas que não se responsabilizam pelo


tratamento, as entrevistas iniciais deverão ser feitas com os responsáveis.

O material a ser usado pode ser escolhido pelo paciente, ou sugerido pelo arterapeuta,
dependendo da necessidade ou do objetivo do tratamento, pois cada material cumpre
uma finalidade no processo terapêutico.
Após e durante a produção da atividade, o paciente pode e deve realizar comentários
sobre a criação. O arteterapeuta também pode fazer intervenções, mas sempre
encorajando ou descrevendo o que percebe, mas nunca apresentando soluções ao
paciente.
O arteterapeuta pode trabalhar com artes plásticas ou pode incentivar o paciente a
desenvolver qualquer outra forma de expressão artística utilizando o corpo, a voz, a
dramatização ou a literatura. O trabalho de corpo é mais uma via de acesso às
profundezas da mente humana, principalmente por meio da respiração.
O arteterapeuta não é crítico de arte, é um profissional capaz de interpretar os trabalhos
e associá-los aos transtornos sofridos pelo paciente. O arteterapeuta deve estar atento
durante todo o processo de criação, pois o paciente se expressará por meio da escolha
da técnica, da forma que constrói, das expressões do corpo enquanto constrói, da fala
e dos sentimentos expressos durante e depois da criação.
Noções de Psicopatologia

A psicopatologia está ligada a diversas vertentes, porém é foco de


muitos estudos nas disciplinas de psicologia, psiquiatria e corpo
teórico psicanalítico. Na Psicologia faz parte da Psicologia Clínica,
Psicologia Geral e Psicologia ligada às neurociências entre outros.
Ou seja, pode ser caracterizada como o estudo descritivos dos
fenômenos psíquicos "anormais', estudando gestos,
comportamentos, expressões e relatos autodescritivos do
enfermo. A palavra Psicopatologia é composta por três palavras
gregas:
psique - alma ou mente

pathos – paixã, sofrimento ou doença

logo - lógica ou o conhecimento.

Essa junção de palavras resulta então na significação de que o


paciente, passivo, acometido pela paixão (paixão aqui significando
dependência do outro) adoece de uma causa que ele mesmo
desconhece e que faz com que reaja na maioria das vezes de
forma imprevista. Psicopatologia então pode ser definida como a
disciplina que estuda o sofrimento da mente, ou seja, o estudo a
respeito de doenças psíquicas.
Essa área do conhecimento, busca estudar os estados psíquicos
relacionados ao sofrimento mental do indivíduo. É um estudo que
pode ser compreendido por vários vieses, com diferentes
objetivos, métodos e questões, pois além de ter como base
disciplinas como a biologia e a neurociências, ainda se constitui de
outras áreas de conhecimento como psicologia, antropologia,
sociologia, filosofia, linguística e história. Portanto, o sofrimento
mental é compreendido pela combinação desses saberes.
O termo psicopatologia marcou o rompimento com a psiquiatria e
foi primeiro utilizado por Emming Naus em 1878 como sinônimo do
termo psiquiatria clínica e adquiriu seu significado atual em 1913
por meio de Karl Jaspers pela sua obra Psicopatologia Geral
Psychopatologie) na qual tenta desenvolver uma teoria geral das
doenças psíquicas. Atualmente o termo psicopatologia é
associada a diversas disciplinas que se interessam pelo sofrimento
psíquico. A utilização desse termo em diferentes visões trouxe
problemas tanto entre o diálogo intercientifico como no confronto
de suas abordagens, reduzindo o fenômeno psíquico a uma única
forma discursiva. Ou seja, muitas vezes na área da saúde mental
o confronto das diferentes visões clínico-teoricas das patologias
podem trazer tanto na clínica privada, quanto em instituições e
hospitais resultados negativos ou até mesmo catastróficos.
Por meio dessa necessidade de integração das ciências no estudo
das patologias mentais, muitas outras disciplinas se mostraram de
fundamental importância tanto no estudo quanto tratamento
dessas. Um exemplo é a psicofarmacologia que reforça a visão da
origem biológica desses transtornos. Alguns estudiosos ainda
acreditam que, em um futuro não muito distante, os transtornos
psíquicos serão tratados sem a ajuda da psicopatologia em suas
diferentes vertentes, ou seja, sem conhecimento dos aspectos
subjetivos do sujeito, seus conflitos interiores e experiências
psíquicas, mas sim será suficiente compreender o funcionamento
das moléculas químicas do indivíduo.

Os Transtornos Psicológicos (Mentais/Comportamentais)

Os principais tipos de transtornos mentais são os transtornos emocionais, como a


ansiedade e depressão; transtornos externalizantes e psicoses.
Os transtornos emocionais são os transtornos mentais mais
frequentemente encontrados, sendo representados por medo,
ansiedade, depressão e sintomas somáticos, ainda transtorno de
stress pós-traumático, transtornos somatoformes (que provocam
sintomas físicos), síndrome do pânico, fobias, estados obsessivos,
entre outros.
Lembrando que a depressão, a ansiedade e os sintomas dos
transtornos somatoformes muitas vezes se manifestam em
conjunto e com os mesmos sinais e sintomas.
Os transtornos externalizantes incluem a dependência de
substâncias como álcool e drogas, transtorno de personalidade
antissocial e transtorno de conduta.
Nas psicoses, a pessoa apresenta uma dificuldade em discernir o que é e o que não é
realidade. Como por exemplo os quadros de esquizofrenia. Trata-se de um dos
transtornos de maior dificuldade em realizar um diagnóstico.
Neste curso, analisaremos de forma básica apenas os principais transtornos.

Depressão
É o transtorno mental mais comum, juntamente com a ansiedade. A depressão
caracteriza-se por uma tristeza muito forte, profunda e persistente, que pode ser
paralisante nos casos mais graves.

A pessoa apresenta falta de interesse e perde o prazer em fazer


as coisas, mesmo que sejam atividades que goste de fazer.
A apatia, a sensação de vazio, o desânimo, a falta de energia e
esperança, além dos pensamentos negativos e do pessimismo,
também são sintomas frequentes desse tipo de transtorno
mental.
O tratamento da depressão inclui o uso de medicamentos antidepressivos,
psicoterapia e mudanças no estilo de vida.

Síndrome do pânico
A síndrome do pânico é um tipo de transtorno psicológico que se caracteriza por crises
agudas de ansiedade. A pessoa tem a sensação de que vai lhe acontecer algo trágico
a qualquer momento, o que desencadeia os ataques.

Os sinais e sintomas de um ataque de pânico podem se manifestar


pelo aumento dos batimentos cardíacos (algumas pessoas chegar
a pensar que vão mesmo ter um infarto), respiração ofegante, falta
de ar, aumento da transpiração, boca seca, náuseas, vômitos,
tonturas, medo de morrer ou de que uma catástrofe está prestes a
acontecer, desespero, desmaios, entre outros sintomas físicos e
psicológicos.
Um ataque de pânico ocorre repentinamente, geralmente com
duração de 15 a 30 minutos.
O tratamento da síndrome do pânico inclui o uso de antidepressivos e ansiolíticos, além
de psicoterapia. O método de terapia mais utilizado para tratar esse transtorno
psicológico é a terapia comportamental.

Transtorno da ansiedade generalizada


O transtorno da ansiedade generalizada está entre os tipos de transtorno psicológico
mais comuns, ao lado da depressão. A ansiedade e a preocupação sentidas por essas
pessoas são intensas e difíceis de serem controladas. Contudo, trata-se de uma
ansiedade excessiva e que não condiz com a realidade, o que provoca um intenso
sofrimento emocional.

Esse transtorno psicológico pode se manifestar através de


sintomas físicos e emocionais, como respiração ofegante, falta de
ar, aceleração dos batimentos cardíacos, transpiração excessiva,
medo, angústia, irritabilidade, entre outros.
O tratamento do transtorno da ansiedade generalizada é feito com a combinação de
medicamentos ansiolíticos e antidepressivos, juntamente com psicoterapia.

Depressão x Ansiedade
A depressão e a ansiedade são transtornos mentais que muitas vezes surgem juntos,
mas que apresentam diferenças marcantes, com características diferentes entre eles,
embora alguns sintomas possam surgir tanto na ansiedade como na depressão.

O que é depressão?
A depressão é um distúrbio de humor que se caracteriza por
sentimentos de tristeza, perda, raiva ou frustração, que interferem
na vida diária da pessoa. A duração dos sintomas pode ser de
algumas semanas, meses ou anos.
O que é ansiedade?
A ansiedade é um distúrbio mental que deixa a pessoa
excessivamente preocupada e apreensiva com muitas coisas. A
preocupação e a tensão nesses casos são desproporcional à
situação em si e a pessoa sente muita dificuldade em controlar a
ansiedade. Para ser considerada uma doença, os sintomas da
ansiedade devem durar por mais de 6 meses.
Qual a diferença entre ansiedade e depressão?
A melhor forma de identificar as diferenças entre ansiedade e
depressão é analisar os sintomas de cada um dos transtornos.
Quais são os sintomas de depressão?

Os sintomas de depressão incluem:


• Humor irritável ou deprimido;
• Dificuldade para adormecer ou excesso de sono;
• Grandes mudanças no apetite, geralmente com ganho ou perda de peso;
• Cansaço e falta de energia;
• Sentimentos de inutilidade, auto-aversão e culpa;
• Dificuldade de concentração;
• Movimentos mais lentos que o normal;
• Inatividade e desinteresse por atividades habituais;
• Sentimentos de desesperança e abandono;
• Pensamentos repetitivos de morte ou suicídio;
• Perda de interesse em atividades que antes despertavam prazer e satisfação.
• No caso das crianças, os sintomas podem ser diferentes dos adultos. Nesses casos,
deve-se observar sobretudo as mudanças no desempenho escolar, no sono e no
comportamento.

Quais são os sintomas de ansiedade?


O principal sintoma do transtorno de ansiedade é a presença
constante de preocupação ou apreensão por pelo menos 6 meses,
mesmo quando não há uma causa aparente ou ela é pouco
relevante. As preocupações parecem flutuar de um problema para
outro, podendo incluir problemas que envolvem família,
relacionamentos interpessoais, trabalho, dinheiro e saúde.
Outros sintomas do transtorno de ansiedade incluem:
• Dificuldade de concentração;
• Fadiga;
• Irritabilidade;
• Dificuldade para adormecer e permanecer dormindo ou ter um sono pouco tranquilo e
reparador;
• Inquietação ao acordar.
• A ansiedade também pode causar sintomas físicos, como tensão muscular, problemas
estomacais, transpiração e falta de ar.

Quais as causas de depressão e ansiedade?


A depressão é causada por uma combinação de fatores psíquicos,
sociais e biológicos. Pode ser desencadeada por situações
adversas e estressantes no decorrer da vida como desemprego,
luto, trauma psicológico.
Outros fatores como alcoolismo, dependência de drogas e
isolamento social também podem contribuir para o aparecimento
de um quadro depressivo. Também há uma associação familiar
seja por causas genéticas ou sociais, por exemplo, filhos de pais
que apresentam depressão tem maior risco de também
desenvolverem o transtorno.
As causas do transtorno de ansiedade também se relacionam a fatores biológicos,
psicológicos e relacionados a eventos ou experiências de vida. É possível que os
distúrbios ansiosos tenham influência genética, no entanto, eventos traumáticos,
estresse crônico e outras circunstâncias relacionados a história pessoal também
contribuem para o aparecimento dos transtornos ansiosos.

Psicoses
Psicoses são transtornos psicológicos que têm como características a perda do contato
com a realidade, como a esquizofrenia, por exemplo. Os sintomas podem incluir delírios,
alucinações, atitudes e comportamentos bizarros, amnésia, confusão mental, entre
outros.
Indivíduos com esse tipo de transtorno mental perdem a noção da
realidade, tirando conclusões incorretas sobre o mundo que os
rodeia, mesmo que as suas ideias estejam contra todas as
evidências. Além disso, a pessoa não reconhece os seus delírios
e alucinações, o que evidencia a psicose instalada.
O tratamento das psicoses varia de acordo com a gravidade do caso, podendo incluir o
uso de medicamentos, psicoterapia, orientação e terapia familiar e internamento.

Estresse pós-traumático
O estresse pós-traumático é um transtorno psicológico desencadeado por eventos
extremamente traumáticos e violentos nos quais a vida da pessoa ou de outras pessoas
estiveram em risco.
Por se tratar de um tipo de transtorno de ansiedade, os seus
sintomas são os mesmos que ocorrem nesse transtorno, conforme
descrito anteriormente.
No entanto, a grande diferença é que os sintomas do estresse pós-
traumático tendem a se manifestar em situações que fazem o
paciente relembrar ou reviver o trauma.
O tratamento é difícil e inclui medicamentos psiquiátricos,
principalmente antidepressivos e ansiolíticos, e psicoterapia.
O diagnóstico e tratamento dos transtornos psicológicos de maior gravidade são feitos
pelo psiquiatra. Transtornos mais leves podem ser acompanhados pelo médico de
família ou clínico geral. Em muitos casos é essencial o tratamento com psicólogos,
eventualmente o acompanhamento apenas com psicólogo pode ser suficiente para o
tratamento dos sintomas.

Transtorno Bipolar
O transtorno de humor bipolar caracteriza-se por variações extremas de humor,
alternando episódios de euforia (mania) e depressão. Na fase maníaca, a pessoa fica
eufórica, com aumento das atividades física e mental. Já na fase depressiva, estão
presentes sintomas como tristeza e lentidão para ter e concretizar planos.
As crises do transtorno de humor bipolar muitas vezes ocorrem de
2 em 2 anos quando a pessoa não está tomando os
medicamentos.
Pessoas com bipolaridade podem tentar o suicídio, principalmente
na fase da depressão. As tentativas de suicídio podem ocorrer em
até 24% dos casos nos transtornos bipolares mais graves.
O transtorno bipolar normalmente surge entre os 18 e os 22 anos de idade.

Materiais Expressivos e Técnicas

O estudo detalhado do material é muito importante em Arteterapia.


Cada um em particular, tem propriedades que mobilizam emoções
e sentimentos de maneiras diversificadas a cada indivíduo.
É necessário que o terapeuta analise o valor terapêutico do
material para cada cliente, pois podem penetrar de maneira mais
rápida e em particular nos conflitos internos e inconscientes do
indivíduo.
Desenho
Podem ser utilizados o giz de cera, pastel a óleo, pastel seco, lápis
de cor, lápis de cor aquarelado, hidrocor, carvão e lápis grafite.
Todos tem significado terapêuticos semelhantes.
No desenho, a coordenação motora fina é bastante trabalhada,
portanto o controle é essencial, não só o motor, mas
principalmente o intelectual. A atenção, a concentração e o contato
com a realidade são explorados.
O desenho de cópia, enfoca a atenção na realidade exterior, e é
indicado em pessoas que fantasiam, sonham, obrigando-as a
perceber e reproduzir a realidade tal como ela é. A imensa
dificuldade que encontram em reproduzir, não é só o medo de
errar, é a própria dificuldade de dar direcionamento em sua vida. É
indicado para pessoas dispersas, sonhadoras, confusas e
adolescentes.
No desenho livre, as pessoas entram em contato com sua
realidade interna, deixando fluir conteúdos que estejam ao ponto
de emergir.
Nos desenhos dirigidos, aqueles feitos a partir de um tema que o
Arteterapeuta escolhe, os indivíduos entram em contato com sua
realidade, mobilizando emoções bloqueadas que precisam vir à
tona. Indicados para pessoas deprimidas, com tônus vital
rebaixado.
Quando preferimos os desenhos monocromáticos, trabalhamos
com emoções superficiais, a nível periférico; e quando utilizamos
o colorido, lidamos com os profundos.
Não é necessária análise do desenho, e sim a análise da
interpretação do indivíduo com relação ao feito.
Pintura
Quando a pintura flui, fluem ali, emoções e sentimentos,
expressados. A esfera afetivo emocional está mais abrangente,
pois as pinceladas lembram o fluxo respiratório, a vida. As tintas
geralmente utilizadas são: guache, aquarela, anilina, óleo, acrílica
e nanquim.
A tinta guache exige maior controle de movimentos, libera
emoções e incentiva a imaginação. Quanto mais densa, mas
controle dependerá.
A aquarela, devido a sua leveza, e o uso obrigatório da água,
mobiliza ainda mais o lado afetivo. Indicada para pessoas muito
racionais e com dificuldade afetiva. Contraindicada para
deprimidos.
Devido à dificuldade de fazer figuras por ser muito aguda, a anilina
é ótima para pessoas que tem medo de perder o controle das
coisas. Exige mais controle dos braços no traçado.
A tinta óleo, é recomendada para pessoas com depressão, pois
possibilita maior equilíbrio da situação.
O nanquim, quando puro é de fácil controle, mas exige agilidade e
sensibilidade. Quando usado com água, é mais fluída, exigindo
muito mais habilidade, atenção e concentração.
Quanto mais expressão, mais autoconhecimento e mais
autoconfiança. A pintura, assim como o desenho, pode ser livre,
de cópia, ou dirigida.
Com a pintura, trabalha-se a estruturação e a área afetiva
emocional, chegando ao equilíbrio das emoções. E quanto mais
diluída for a tinta, mais emocional é o resultado.
Modelagem
A modelagem pode ser feita com massa caseira, argila, biscuit,
cera de abelha, plasticina, papel machê e massa de modelar.
O efeito da modelagem atua nas sensações físicas (leva ao
relaxamento) e viscerais, como também no sentimento e cognição.
A técnica exige uma canalização de energia adequada, por partir
do nada para a criação de algo podendo ser livre ou dirigida.
Pessoas rígidas ou ansiosas, tem ganhos muito grandes.
A sensação de estar em contato com o barro, pode ser muito
gratificante ou não. A argila age como transformadora, de um
estado de desencontro para um estado de equilíbrio, podendo
trazer à tona conflitos internos indesejáveis. Por ser moldável,
integra o ser com o mundo exterior, mostrando-o que pode
adaptar-se às situações, sendo fluida, recebe projeções e é
dominada, favorecendo ao manipulador, a libertação das tensões,
fadigas e depressões, pois é um material vivo e de ação calmante.
No físico, trabalha questões ligadas a estruturação e coordenação
motora. No emocional mobiliza sentimentos e emoções primitivas,
para que possam ser conhecidas e trabalhadas.
Nos casos de negação e resistência à argila, oferta-se o papel
machê ou a massa de farinha de trigo, pois de início não devemos
forçar, e com a adaptação a estes recursos, aos poucos inclui-se
o barro.
O papel machê é um material frio e viscoso, mas que também nos
oferece retornos, pois podemos moldá-lo e criar, não chegando
aos efeitos da argila, por não ser um produto natural primitivo.
A massa de farinha de trigo e sal, é feita pelo próprio terapeuta,
com ou sem ajuda do paciente, variando cores. E ao contrário do
papel machê, é utilizada estando morna, para melhor manuseio.
Em termos terapêuticos, pode levar os adultos, a recordações
maternas, ou da infância. Proporciona também a capacidade
criadora, autoestima, catarse emocional, autoconfiança e auto
domínio.
Construção
É a mais complexa, pois apresente diversos materiais expressivos,
diferentes energias sendo disponibilizadas, disponibilizando uma
elaboração cognitiva maior para estruturá-lo. Só é indicada na
terapia depois que o cliente já experimentos outros materiais.
Uma diferença importante entre as outras é que esta é
tridimensional, trabalhando diversas noções entre peso, tamanho,
forma, posição e espaço. No tamanho podemos perceber
profundidade, comprimento, largura e volume; nas relações
espaciais temos vertical, horizontal e o transversal; suas texturas
são foscas, polidas, chapiscadas, ásperas, lisas, enfim a um
universo de coisas a serem percebidas. A construção pode ser
vista de diversos ângulos e distancias, dependendo do tamanho
como se apresenta.
Verificamos o eixo de EQUILÍBRIO do cliente na confecção da
construção sermos os facilitadores para que este perceba sua
estrutura emocional, diante de seus erros e acertos, pois a
materialidade neste caso apontará suas dificuldades, não só
externas do manuseio, mas de conteúdo internos. Estruturar sua
construção é reorganizar, se conscientizar, poder mudar o que
está dentro, buscando harmonia não só fora, mas principalmente
dentro.
É um processo de autoconhecimento que envolve edificação,
integração, composição, coordenação, equilíbrio, construção,
reconstrução e agregação dos materiais reunidos.
Cabe ao arteterapeuta prestar bastante atenção na construção de
seu cliente: de onde começou, como juntou as partes, se precisou
da ajuda do terapeuta, se fez ou desfez uma parte do processo,
qual parte junta que está mais presa, qual é mais fácil de se
desfazer, descolar... enfim não são só aquelas questões que
vemos com os outros materiais.
Sucata
O trabalho com a sucata estimula a reconstrução, a criatividade,
as percepções, a atenção, a construção, a transformação, o
concreto e a mudança.
É um material transformador, pois dá-se uma nova utilidade ao que
antes era lixo. É a mudança através do concreto, é a busca de
possibilidades de transformação e do reaproveitamento.
Por poder aliá-lo a pintura, a colagem e a modelagem, é uma
atividade rica e complexa, que mobiliza o conteúdo interno, e já o
transforma, reaproveitando-o de forma benéfica. O terapeuta deve
ficar atento, para que nenhum detalhe escape, pois é um trabalho
de muita sutileza.
Materiais diversos devem ser utilizados (plásticos, vidros, papéis,
madeira, tecidos) de forma livre ou dirigida.
Colagem
"A colagem propicia um campo simbólico de infinitas possibilidades
de estruturação, integração, organização espacial e descoberta de
novas configurações. É instigante como um mapa do tesouro, pois
as informações estão ali desde o princípio, embora, num primeiro
momento, nem sempre consigamos decifrar os códigos em que
estes mapas estão cifrados" (Philippini, 2009, p. 24)
É uma atividade estruturante que pode ser realizada com materiais
diversos: recortes de revistas, jornais, pedaços de papéis
coloridos, diversos grãos, serragem, cortiça, purpurina, tecidos...
Nesta atividade, o cliente busca nos materiais, ideias que possam
expressar e comunicar seus sentimentos, emoções e ideias em
relação ao tema. O planejamento, o direcionamento, e a atenção
do paciente, ajudam na estruturação de sua vida. É um recurso
rico, pois o indivíduo planeja, analisa, fica atento, concentrado,
organizado e paciente.
A colagem propicia estruturação, integração, organizações e
descobertas de novas configurações. Além de ser bem grande os
inúmeros materiais que podem ser usados, estão em questão as
imagens, a relação entre as figuras e como se relacionam entre si,
pela presença de polaridades cromáticas, a posição e ocupação
sobre o suporte e o movimento.
FOTOGRAFIA (FOTO = LUZ + GRAFIA = ESCRITA)
Fotografia (congelamento do tempo) é uma imagem arquetípica da
persona e a posse da imagem é o ato simbólico de apreciação do
próprio ser, o que vale a pena olhar. Manifestação do sagrado.
Recurso expressivo do qual pode ser ampliado ou transformado
por outros materiais, podendo ser acompanhado de pintura e
colagem, por exemplo, para mais clareza do campo simbólico
sobre algo registrado pela luz.
Uma outra forma de trabalhar com fotos e de forma bem lúdica é a
criação e dramatização de personagens para serem fotografados.
Forma de inundação dos conteúdos inconscientes através de
figurinos e adereços. Resgatando a auto imagem, resgatando a
própria identidade, a autoestima.
A emoção cristalizada na fotografia é uma pista de dados sobre "o
ontem, tão hoje", pois se traz no presente é porque aquela emoção
de alguma forma ainda está ali presente, ainda que o cliente não
tenha consciência muitas vezes, imaginando que o já, não é mais.
É importante é o relato do fato, o que suscita na mente e no
coração de cada observador. Quem tirou? Por que tirou? Onde e
quando foi feita? O que significa? Que questões e sentimentos
suscitam?
Trabalho para expressar e reviver afetos, através da memória
afetiva resgatando uma via eficaz de comunicação, recuperando
percursos cronológicos e existenciais.

Atividades de Arteterapia para Adultos

Abaixo, explicaremos 6 exercícios simples de arteterapia que você


pode começar a praticar em seu dia a dia. Não deixe de incluí-los
na rotina para obter todos os seus benefícios.
1. Colorir
Enfrentar uma folha em branco é complicado. No começo, pode
até se tornar estressante se tivermos a nossa parte criativa mais
adormecida. As ideias não aparecem e isso também nos frustra.
Portanto, um livro de desenhos para colorir pode ser aquele lugar
muito necessário para ordenar as ideias e sair do bloqueio. Pode
ajudar a liberar a ansiedade, despertar a nossa criatividade e, com
isso, viajar além dos nossos pensamentos cotidianos.
A pintura oferece aos adultos a oportunidade de se sentirem crianças novamente,
porque permite que você brinque com os desenhos e com a recreação dos sentidos em
uma atividade que evoca os estágios anteriores da sua infância. É uma maneira de
voltar no tempo, quando os problemas podiam ser relativizados ainda mais.
A pintura não faz com que os problemas desapareçam, mas nos
ajuda a aliviar o estresse que eles nos causam. Além disso, nos
conforta e liberta a mente das exigências do dia a dia.
2. Desenhar ao ar livre e na natureza
Todos nós temos uma parte criativa no nosso interior, mas às
vezes é difícil encontrar o tempo e o espaço necessários para que
ela aflore. Para superar essa falta de relaxamento interior,
precisamos fazer um pequeno exercício de vontade e usar
estímulos para nós ajudem.
É por isso que desenhar ao ar livre pode nos dar essa oportunidade
para a paz. Estar em contato com a natureza, respirar
profundamente, encher de ar os nossos pulmões e nos libertarmos
através do desenho. Podemos escolher entre desenhar uma
lembrança, uma imagem ou algo que temos diante dos nossos
olhos e que queremos capturar em uma folha de papel. Vale tudo.
Este é um dos exercícios de arteterapia para adultos que oferece
mais benefícios. Com a chegada do verão, podemos fazê-lo em
um parque, no campo, nas montanhas ou na praia. O importante é
se deixar levar por esse momento e pelas sensações de liberdade
e criatividade.
3. Escrever um poema
Se, em vez de desenhar ou pintar, você se sentir mais confortável
escrevendo, deixe a sua imaginação voar e faça um poema. Pegue
papel e caneta e expresse os seus sentimentos, pensamentos,
emoções, desejos ou sonhos. Deixe-os sair, tanto os bons, que lhe
darão um sorriso, quanto os ruins, que o libertarão.
Uma variante é criar esses versos a partir de palavras recortadas de jornais e revistas.
Coloque-as em um pote ou uma caixa e vá tirando uma por uma. As palavras virão até
você, mas é a sua criatividade que acabará formando o poema. Parece divertido, não é
mesmo?

4. Criar com o seu nome


Certamente muitas vezes, seja no escritório, na sala de aula ou no telefone, você já
passou o tempo escrevendo o seu nome em uma pequena folha de papel. Às vezes isso
o ajudava a se distrair e, outras vezes, a focar na explicação do professor ou no que lhe
diziam do outro lado da linha. Portanto, devido à sua sintonia com a nossa dinâmica,
este é um dos exercícios de arteterapia mais interessantes.
Escreva o seu nome em um pedaço de papel e, a partir dele,
comece a criar algo. Deixe-se levar, use cores diferentes, formas,
decore com detalhes, crie sombras... Procure a melhor expressão
de você mesmo. Às vezes essa parte tão difícil de perceber é
precisamente aquela da qual mais nos orgulhamos.
5. Pintar na sua pele
Existem tintas especiais projetadas especialmente para serem
aplicadas na nossa pele. É por isso que, se você nunca pensou
nisso e gostaria de tentar, vá em frente! Se você pudesse tatuar
algo na pele por algumas horas, o que seria? Este tipo de pintura
realista é uma conexão consigo mesmo, com o seu interior e que
se reflete no seu exterior.
Além de promover a concentração e a criatividade, ajuda a
relativizar os maus momentos da vida. Lembre-se de que as
tempestades que vivemos durante a nossa vida acabam se
cicatrizando pouco a pouco, assim como a pintura vai
desaparecendo da nossa pele. É um momento de conexão, de
autoaceitação e harmonia com o seu interior que irá ajudá-lo no
seu crescimento pessoal.
Pintar a pele é um dos exercícios de arteterapia para adultos que
facilita a conexão consigo mesmo.
6. Desenhar na areia
Quando crianças, adorávamos fazer figuras na areia da praia: pegar um balde, encher
de areia e construir um castelo ou uma casa. Bom, agora como adultos, a areia também
pode se tornar um brinquedo para nós. Ela nos convida a desenvolver a nossa
imaginação, a experimentar o que nos rodeia e a recordar aquelas pequenas
lembranças da infância.
Como em um jardim zen, você pode optar por fazer vários desenhos, formas ou
palavras. Isso mostrará o que temos interiormente, irá funcionar como uma lupa para a
análise das ações que realizamos automaticamente. Além disso, será uma ferramenta
muito útil para evitar a censura interna à qual estamos frequentemente sujeitos.
Esses exercícios de arteterapia são uma expressão livre para canalizar as nossas
emoções, aprimorar as nossas habilidades e incentivar a nossa criatividade.
Aprenderemos a manifestar os nossos desejos, alegrias e medos através das diferentes
técnicas apresentadas. Assim, nos conectaremos com o nosso mundo interior e
geraremos um terreno fértil para o nosso crescimento.

Outras possibilidades da arteterapia para lidar com as emoções


como raiva e tristeza:
1. Desenhar ou pintar suas emoções. Neste exercício, você vai se
concentrar inteiramente em pintar o que você está sentindo. Sem a
preocupação com o certo, belo...
2. Criar uma roda de emoção. Usando cores, nesta atividade terá que
pensar criticamente sobre as suas emoções. Use cores para
expressar suas emoções.

3. Projete um cartão postal que você nunca irá enviar. Você ainda
está com raiva ou chateado com alguém em sua vida? Crie um cartão
postal que expressa isto, mas que você não irá enviar.

4. Criar uma escultura de sua raiva. Para esta atividade, você vai
fazer uma manifestação física da raiva em sua vida. Sugestão:
Modelagem com argila.
5. Pinte uma montanha e um vale. A montanha pode representar um
momento onde você estava feliz, o vale, quando você estava triste.
Adicionar elementos que refletem eventos específicos também.
Atividades de Arteterapia para Crianças

Por meio da arteterapia, como já vimos nas lições anteriores, pode-


se criar expressões do mundo interior. Ainda, se aprende a se
expressar e o mais importante é sua contribuição para resolver os
problemas emocionais e psicológicos. É importante saber que a
técnica pode ser aplicada em crianças, adolescentes e adultos.
Trata-se de uma tendência criativa muito benéfica para todas as idades. Mas, se
aplicada na infância, pode potencializar as capacidades intelectuais das crianças.
Vamos a algumas sugestões de atividades para crianças:

1. Recreação ao ar livre. Recomenda-se praticar esta atividade em parques, se houver


algum próximo, no quintal de casa ou no jardim, ou em qualquer outro lugar que permita
uma conexão com a natureza e o ar livre. Você vai precisar de uma tela, uma folha,
tintas para pintar com os dedos, alguns lápis de cor etc.

2. Interaja com a natureza e seja criativo. A natureza também nos provê de certas
ferramentas necessárias para poder praticar a arteterapia. Tudo se encontra nela, as
possibilidades são enormes. Desde pedras, paus, areia, folhas, tudo o que é preciso
você vai encontrar lá fora. Pode criar figuras, mas lembre-se que é importante se
conectar com a natureza.

3. Você pinta e eu te pinto. O próprio corpo é usado como ferramenta. Esta será a tela
sobre a qual criaremos um mundo colorido.

4. Luzes e sombras. Coloque vários objetos sobre uma folha, criando sombras, e pinte
o reflexo dessas sombras.

5. Desenhos na areia. Coloque os dedos sobre a areia para formar figuras. Você pode
fazer um esboço, apagar e começar de novo.

6. Desenhar seu rosto. A técnica consiste em pintar com os dedos e usando uma peça
de acrílico ou plástico sobre seu rosto.
7. Pintar a natureza. Quando fizer passeios para praias, montanhas e parques, pegue
tudo o que considerar importante para desenvolver um trabalho bonito. Podem ser:
paus, conchas, caracóis, pedras, folhas.

8. Pintar com os pés. Isso é muito interessante e divertido. Além disso, é um verdadeiro
desafio. Embora seja recomendada a supervisão dos adultos para evitar desastres em
casa.

9. Costurar pedras. Bordando com um fio especial, pode-se fazer figuras usando uma
agulha.

10. Mandala de fio de lã. Para realizar uma mandala gigante toda a família precisa
colaborar, é preciso participar massivamente e assim desfrutar do processo de criação.

11. Fazer esculturas com material reciclável. Pode-se utilizar todos os materiais à
nossa volta, assim podemos expressar nossos sentimentos. Em vez de jogá-los no lixo,
você pode resgatá-los e usá-los para tirar um bom proveito deles. Faça uma obra de
arte em casa expressando o que sente em relação a algo que aconteceu no passado.
Dentre os materiais mais usados que você pode conseguir em casa estão as garrafas
de plástico, os rolos de papel de cozinha, as caixas de ovos etc.

12. Desenhar no escuro. Você já teve curiosidade de ouvir música e desenhar no


escuro, só ouvindo a música que mais te agrada e que de alguma forma te lembre algo
positivo ou negativo? A única coisa que você precisa fazer é deixar sua imaginação fluir
no papel, com as luzes apagadas.
Sempre que for trabalhar com estes exercícios de arteterapia para crianças é importante
contar com uma pessoa responsável para que guie o processo e ajude, se for
necessário. Porém, é preciso saber aproveitar, já que existem muitas possibilidades
dentro destas atividades criativas.

Benefícios dos exercícios de arteterapia para as crianças:

• Diversão.
• Desenvolvimento da inteligência.
• Bem-estar emocional.
• Aumento da criatividade e da capacidade de inventar.

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