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A TRISTEZA QUE PRECEDE O AVIVAMENTO

Êxodo 33:1-11

INTRODUÇÃO:

 Todo período que antecede o avivamento é marcado por


afastamento de Deus, intensidade da idolatria, religiosidade nominal e
angustia espiritual.
 Na história de Israel não foi diferente, em Êxodo 14, Deus abre o mar
vermelho mostrando a sua soberania, majestade e graciosidade em
libertar o povo contemplado por Ele com um pacto, uma aliança
(tema central do livro do Êxodo) e mesmo assim o povo comete
idolatria.
 No capítulo 32 o povo vendo que Moisés demorava a voltar do monte
incentiva a adoração a um bezerro de ouro violando a aliança com
Deus. Esta atitude tem consequências severas no relacionamento do
povo do deserto com o Deus da aliança.

DOUTRINA

O avivamento é precedido por um período de sequidão espiritual no


meio do povo de Deus, o povo da aliança. Nós podemos aprender duas
lições deste período de seca espiritual.

I. A TRISTEZA QUE PRECEDE O AVIVAMENTO É MARCADA PELA


VIOLAÇÃO DO PACTO E DA ALIANÇA QUE DEUS FEZ COM SEU POVO
(1-6)

O tema central do livro do Êxodo é que Deus pactuou com um povo


escolhido soberanamente (Reino) e graciosamente fazendo uma aliança
com este povo, lhe enviando um mediador, a saber, Moisés.

A Confissão de Fé Batista de 1689 disserta no capítulo 7 parágrafo 1 o


pacto de Deus:

“1. A distância entre Deus e a criatura é tão grande que, embora as


criaturas racionais lhe devam obediência, por ser Ele o criador, elas jamais
poderiam alcançar o Dom da vida, senão por alguma condescendência
voluntária da parte de Deus.1 E isto Ele se agradou em expressar por meio
de um pacto com o homem.”

1. A violação do pacto tem conseqüências no relacionamento do


povo com Deus (vs 1-3):

Por causa da imputação do pecado de Adão a toda humanidade,


pois Adão era o representante e o cabeça legal da humanidade no Éden,
a humanidade se encontra separada de Deus (Rm 3:23). A aliança ou
pacto é a demonstração do amor de Deus para escolher um povo para
adora-Lo e glorifica-Lo e este povo recebe uma ordem da parte Dele.

No verso 1, Deus lembra a promessa (aliança) feita com Abraão,


Isaque e Jacó. Esta aliança vem desde Noé, renovada com Davi e tem seu
cumprimento em plenitude na pessoa e na obra de Jesus Cristo. A promessa
é confirmada no verso 2 com a destruição dos inimigos de Israel.

No verso 3 vemos uma conseqüência do pecado, que é a obstinação,


a teimosia, o ser “cabeça dura” com as coisas de Deus que é uma
tendência, uma inclinação inerente a nossa natureza pecaminosa. Deus se
revela irado com esta atitude do povo. A obstinação foi a causa da
violação do pacto.

2. - A violação do pacto faz com que Deus discipline seu povo (vs 4-6):

A disciplina de Deus trás lamentação e tristeza ao povo (vs 4).

Deus disciplina quem ama. (Pv 3:11-12 e Hb 12:5-6). Deus revela a sua
misericórdia (não dar aquilo que o povo merece, termo intercambiável com
graça ; que significa favor imerecido, dar aquilo que o povo não merece)
em não destruir aquele povo porém o disciplina (5-6).

APLICAÇÃO:

1 - Em Jesus Cristo, mediador da nova aliança nós caminhamos rumo


à terra prometida - a nova criação de Deus - a restauração da criação, o
descer dos novos céus e nova terra quando o Senhor Jesus voltar em glória
e majestade.

2. - Enquanto não chegamos, continuamos a lidar com nossa


natureza adâmica e pecaminosa sendo obstinados, teimosos e
desagradamos a Deus com os nossos ídolos tanto como vidas individuais
quanto igreja e comunidade do Senhor Jesus. “O coração humano é uma
fabrica de ídolos” João Calvino.
3. - Devemos nos submeter a disciplina de Deus com alegria, porque é
sinal de que Ele nos ama e por isso nós não somos consumidos (Lm. 3:22-23).

4. - O nosso pecado como indivíduos e igreja coletiva deve causar


quebrantamento, lamentação e tristeza em nós. Não devemos deixar que o
pecado seja cauterizado em nós entristecendo a pessoa do Espírito Santo
(Ef 4:30). A consequência do pecado está no próximo ponto:

II. A TRISTEZA QUE PRECEDE O AVIVAMENTO É MARCADA POR UM


AFASTAMENTO DA PARTE DE DEUS PARA COM O SEU POVO (7-11)

Por isso a tenda do encontro (7), “fora do acampamento” quer dizer


que Deus não era com eles.

2.1 - Mesmo Deus entristecido com o povo, ainda sim na sua


misericórdia e graça se revelava a Moisés, o mediador da aliança (Vs 8-9):

Deus usou meios extraordinários para falar com seu servo e com seu
povo para revelar a sua vontade.

2.2 - Mesmo em tempo de seca espiritual da parte do povo, Moisés


mantinha a sua intimidade com Deus (10-11):

Deus lhe falava como um amigo, “face-a-face” Deus sendo invisível


tomou forma (antropomorfia) para se revelar ao seu servo.

Interessante a atitude do povo de reverenciar e adorar de pé


enquanto Moisés estava na tenda.

APLICAÇÃO:

1 - Há períodos em que Deus retira a sua boa mão de uma igreja ou


de um povo tendo em vista a quantidade de pecado e idolatria.

2 - Creio que Deus ainda use meios extraordinários para falar ao seu
povo, mas esses meios são e devem ser confirmados pela revelação bíblica.
A profecia no AT era infalível pois Deus se revelava de forma direta ao
mediador. Na era neo-testamentária por causa da progressão da revelação
escrita, os dons extraordinários são falíveis. Devem ser confirmados pela
Bíblia, regulados pela Bíblia. Devemos ter cuidado com “profetadas” e
extremo exagero no uso dos dons extraordinários no evangelicalismo
brasileiro. Eu acredito que eles existem biblicamente. Mas há muitos
exageros.

O puritano Benjamim Keach, mentor da Confissão Batista de 1689,


estava no leito doente junto à um amigo Hanserd Knollys. Knollys virou para
Keach dizendo que morreria e Keach viveria mais 15 anos. E de fato a
história registra que isso aconteceu. Knollys morreu ali mesmo e Keach
morreu 15 anos depois.

3 - Independente dos meios que Deus usa conosco devemos buscar


intimidade com Ele e ouvir a sua voz. Oração e uso da Palavra de Deus são
os meios usados pelo Senhor e pela pessoa do Espírito Santo para nos
conduzir a um crescimento espiritual em nossa união com Cristo.

Todos são sacerdotes hoje e Cristo é o mediador e cabeça da igreja.


Porém o NT regula a igreja na questão dos oficiais, dos presbíteros, dos
pastores. Orem para que Deus encha o pastor desta igreja da Sua unção
para proclamar a Palavra e para continuar a desenvolver com intensidade
a comunhão com Deus em oração e a intercessão por vocês povo de Deus
reunidos aqui e por toda igreja espalhada pela face da terra.

4 - Todo servo de Deus mentoreia alguém. Moisés treinou Josué filho


de Num para a continuidade desta obra. Nós batistas temos resgatado o
modelo de presbitério, colegiado e divisão de tarefas conforme revelado na
Palavra refletindo de melhor forma a glória de Deus (Cf. Refletindo a glória
de Deus, Mark Dever, Editora Fiel).

CONCLUSÃO:

Aprendemos que um sentimento de tristeza coletivo por causa do


pecado e da idolatria toma conta do povo antes da visitação do Senhor no
meio do seu povo. Foi e está sendo assim no desenrolar da história da
salvação (história de Israel, Igreja primitiva e na história da igreja).

Orem por avivamento! Clamem por avivamento! Intercedam por


avivamento! Peçam pela presença de Deus, pela visitação Dele neste lugar.
Deus visita o seu Povo! Veremos isso no sermão de terça-feira no retiro na
continuidade deste texto quando Moisés roga a presença de Deus se
depara com a glória Dele. A Deus seja toda a Glória. Deus vos abençoe.

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