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Custódio Matos da Costa


aluno n.º21

ANTIGO TESTAMENTO

Unidade Didáctica I

Exercício 1
Defina os seguintes termos utilizando expressões pessoais e dando alguma citação
concreta onde apareçam.

- Tradição sacerdotal
Nome por que é conhecido o estilo redaccional na sequência da nova reflexão do Povo
de Israel sobre o seu passado salvífico, feita na sequência do exílio babilónico e após o
regresso, caracterizado pela afirmação dos elementos identificadores do verdadeiro hebreu
face aos demais povos – o sábado, a circuncisão e a lei – salientando-se a elaboração do
complexo corpus iuris religioso e civil do Povo, que o hagiógrafo retroprojectou sobre o
Sinai, e de que é expressão Ex 20-23; 35-31; 35-40 e o Levítico.
- História Patriarcal
A história dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacob, articulada em duas vertentes: uma
biográfica– as vicissitudes históricas de uma migração ocorrida numa época de instabilidade
social, política e económica, produzidas pela tensão produzida pelo bipolarismo das super-
potências ao tempo – e outra teológica, na qual se revela a acção e a revelação de Deus,
manifestada por termos como: promessa, aliança, bênção, descendência, terra. (Gn 12 ss.)
- “Debarim”
Título hebreu – “Palavras” – do livro da Torá a que a tradução grega da Bíblia deu o
nome de “Deuteronómio” (segunda lei), que foi “encontrado” no Templo e no qual o rei
Josias se apoiou para efectuar a reforma religiosa. (2 Rs 22). Mais que um código de leis,
o”Debarim” é uma colecção de homilias centradas no amor e na lei divina que estimula o
crente a renovar a sua adesão à aliança que o liga a Deus.
- Lei de santidade
Uma das quatro leis em que se articula o Levítico, o “livro dos sacerdotes”, pela qual o
povo escolhido se haverá de separar de tudo o que é profano ou impuro, a fim de entrar na
intimidade de Deus, que é santo (= puro). (Lv 17-26).
- Decálogo
Tradução grega das “dez palavras” que constituem a página fundamental da aliança
sinaítica, aliança firmada entre Deus e o Povo hebreu, ao jeito dos tratados de vassalagem
entre o soberano e os príncipes, no Oriente: o soberano (Deus) oferece ao seu povo um dom,
requerendo deste uma resposta. Nas “dez palavras” constam os direitos e deveres, as bênçãos
e maldições: eu sou o teu Deus, e tu serás o meu povo, pelo que não terás outros deuses, e não
farás… (Ex 20 e Dt 5).
- “Shemá Israel”
Escuta Israel: Javé é o único Deus; ama a Javé com todo o teu coração, toda a tua
alma, todas as tuas forças…
É a oração quotidiana do judeu, quiçá a mais importante, de cujo cumprimento deriva
o cumprimento do mais da Lei. Era escrita em filactérias, colocadas na fronte (sede do
pensamento e da decisão), na mão (sede da acção) e na ombreira da porta (símbolo da vida
social), como forma de cumprimento literal, material e ritual da exortação do Shemá.(Dt 6, 4-
9).
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Exercício 2
Leia atentamente os relatos da criação: Gn 1,1-2,4.ª e 2, 4b-25. Determine a que
tradição pertence cada um e assinale, baseando-se nestes textos, as características destas
tradições.

Gn 1, 1-2,4.ª - Tradição sacerdotal (P), mais abstracta e teológica que a tradição


Javista. Pretende afirmar a existência de um Deus único, transcendente e criador do mundo
(Gn 1, 1-2), seguindo o plano de uma semana que termina com o descanso sabático (Gn 2, 1-
3). Os seres são trazidos à existência segundo uma ordem crescente de dignidade (Gn 1, 3-
25), até ao homem, imagem de Deus (Gn 1, 26-27) e rei da criação (Gn 1, 28.29).
Gn 2, 4b-25 – Tradição Javista (J), em que o relato é mais vivo, e Deus é representado
ao modo humano (antropomorfismos) – Deus oleiro, faz o homem a partir do barro (Gn 2, 7)
ou Deus cirurgião que faz a mulher a partir da costela do homem (Gn 2, 21-22). É uma
narrativa da criação do homem, distinta da criação do mundo, e que só fica completa com a
criação da mulher e o primeiro casal humano (Gn 2, 23-25). O homem é superior a todos os
animais – dá-lhes o nome – mas só é verdadeiramente homem quando em presença com outro
ser humano – não encontrou a auxiliar que lhe correspondesse (Gn 2, 20). No plano da
criação, o casal é criado com a mesma dignidade e igualdade – osso de meus ossos e carne de
minha carne (Gn 2, 23), no estado de inocência – estavam nus, sem se envergonharem (Gn 2,
23).

Exercício 3
O Deuteronómio inspira-se nos tratados de vassalagem para formular a aliança entre
Deus e Israel.
Indique a estrutura destes tratados citando os capítulos do Dt que correspondam a
cada parte.

O tratado (de aliança) efectuado entre Deus e Israel compreende três segmentos:
- um prólogo, no qual Deus se apresenta como o grande rei que concede o dom ao
vassalo: “eu sou Javé teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa da escravidão” (Dt
5,6) – evocação teológica dos benefícios oferecidos por Deus ao povo – cc 1-11;
- código dos deveres do súbdito para obter a protecção do rei, desenvolvido ao longo
dos cc 12-16.
- as bênçãos e maldições, que selam o acto em caso de fidelidade ou infidelidade, cc
17-30.

Exercício 4
O decálogo apresenta-se-nos na Bíblia em dois textos: Ex 20, 1-17 e Dt 5, 6-21.
Assinale as diferenças que encontre entre uma e outra formulação.

A formulação de Ex está ligada à tradição Eloísta, mais primitiva, enquanto a


formulação de Dt está ligada à tradição deuteronomista, mais evoluída.
Em Ex a formulação está como que no discurso directo – é o próprio Deus que fala:
“Deus pronunciou todas estas palavras dizendo…”;
Enquanto em Dt é Moisés que, em recensão, relata em discurso ao povo o que Deus
disse, o que se torna particularmente notório em “Honra teu pai e tua mãe, conforme te
ordenou Jahveh teu Deus, …”.
A maior diferença, porém, está na formulação do preceito do sábado, quanto à sua
justificação.
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Em Ex, a tónica assenta na relação homem/Deus: guarda o sábado, porque esse é o dia
que Jahweh santificou e abençoou.
Em Dt, a tónica está na libertação do homem do trabalho servil – descansas tu, e o teu
escravo poderá repousar como tu – e na alegria do povo pela libertação da escravatura –
recorda que também tu foste escravo no Egipto.

Exercício 5
Com expressões pessoais e de forma breve explique a importância do deserto na
história religiosa de Israel
.
Um elemento estruturante de Israel é a sua separação dos demais povos: Israel é um
povo diferente, distinto, porque é o único que tem a Jahweh como Deus, e Jahweh é o único
Deus verdadeiro.
Manter essa identidade no meio de povos politeístas não é fácil, tanto mais que Israel é
um pequeno povo que facilmente se dilui no meio dos outros. A consciência disso encontra-
se, entre outras, na passagem de Dt 7, 1-6: “Não farás aliança com as outras nações…não
contrairás matrimónio com elas…pois deste modo teu filho se afastaria de mim para servir a
outros deuses…” -
Ora, no deserto, o povo fica como que protegido contra todos esses perigos, pois que é
mínimo, senão nulo, o contacto com outros povos.
Acresce que no deserto, a vida (sobrevivência) não é fácil, em face das circunstâncias
adversas da natureza. O povo sente mais a sua fragilidade, tem verdadeira consciência de
quanto é frágil e, por tudo isso, interioriza mais a protecção de Deus, pois em tal ambiente, só
com a protecção divina é possível sobreviver.
O deserto é, assim, o lugar do encontro de Israel consigo próprio e com Deus, e o
tempo da consolidação da sua identidade como povo escolhido por Jahweh para através dele
manifestar à humanidade o Seu plano salvífico. Sem a prova do deserto Israel não teria sido o
que foi, e disso tem ele plena consciência com a reflexão que o hagiógrafo fez exarar em Dt 8,
1-6.

UIDADE DIDÁCICA 2

Exercício 1
Defina os seguintes conceitos utilizando expressões pessoais. Se a sua definição faz
referência a um texto Bíblico, indique a citação correcta.

- Historiografia deuteronomista
Forma de historiar a vida do Povo de Israel em que os acontecimentos são valorados
segundo uma perspectiva teológica, onde tudo é visto como dom divino, marcado pelo ritmo
pecado/castigo/arrependimento/salvação. Os acontecimentos são relevantes não pelo que
objectivamente são em si, mas sim segundo realizam ou não a promessa feita por Jahweh a
Abraão – uma descendência, uma terra (um povo, um reino livre) – e segundo revelam ou não
o cumprimento do Pacto da Aliança por parte do povo.
- Profeta
O homem da palavra divina, enviado por Deus a anunciar a Palavra de Deus aos
homens. Inserido na sua comunidade, tem por missão “descobrir os sinais dos tempos”, ou
seja, fazendo memória do passado, avaliar o presente e lançar as bases do futuro: denunciar a
ruptura da aliança por parte do povo – desvios ao culto a Deus e injustiça social – ao mesmo
tempo que anuncia a Sua misericórdia e fidelidade perpétua à aliança firmada com o povo.
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- “Lo rú amah/ Ru amaah


Nome da filha que Oseias teve de sua mulher Gomer, nome que significa “não
amada”.
A autobiografia de Oseias que ama loucamente uma mulher que lhe é infiel, evoca o
amor louco de Deus pelo seu povo, não obstante as suas contínuas infidelidades (idolatria) à
Aliança. A partir da sua situação conjugal, Oseias soube intuir o amor fiel de Deus ao Seu
povo, comparando simbolicamente a história da idolatria (infidelidade) de Israel à
infidelidade da mulher de quem houve três filhos a que pôs nomes alegóricos denunciadores
das acusações contra a infidelidade de Israel.
- Teoria da retribuição
Perspectiva teológica que tem subjacente um optimismo de fundo que vê a conduta
humana à luz do binómio delito/castigo, justiça/prémio: o povo (o homem) porta-se bem, as
coisas correm bem; porta-se mal, cai-lhe o castigo em cima, sem se dar conta da contradição
de tal perspectiva, pois que não é isso o que se constata na realidade da existência humana: o
justo sofre e o pecador prospera.
- Oráculo
Forma literária utilizada pelos profetas para denunciar os erros e anunciar as
consequências, tendo como referência o plano salvífico de Deus. O oráculo é apresentado
como “Palavra de Deus” dirigida ao profeta para este proclamar e endereçar ao seu
destinatário: as nações, o rei, os sacerdotes do Templo, o povo...

Exercício 2
Leia atentamente 2 Sam 7, 1-17 e responda, dando as citações concretas, às seguintes
questões:

A) – Porquê Deus recusa a construção de uma “casa”?


David quer construir uma casa material para a morada de Deus, mas a morada de Deus
entre o seu povo não depende disso: “ Construirias tu uma casa em que eu venha habitar?(ou
seja, serias tu capaz de tal? - v. 5) Em casa nenhuma habitei desde o dia…, nem exigi que me
construíssem casa alguma” – v. 6-8.
Deus não mora em habitação material, pelo que jamais David poderia construir uma
casa para Deus, pelo contrário, será Deus que lhe construirá uma casa (uma dinastia) – v. 11.
B) – Que significado tem a “casa” que o Senhor anuncia?
A casa que o Senhor anuncia a David é a dinastia de David, de cuja linhagem haveria
de nascer o Messias: “Estabelecerei para sempre o seu trono – v.13 – A tua casa e a tua
realeza subsistirão para sempre diante de mim e o teu trono se estabelecerá para sempre”- v.
16.
Em termos objectivos e imediatos, a profecia de Natan foi entendida por David (e
Salomão), como puramente terrena – a sobrevivência da dinastia de David no trono de Israel –
e como incumbência de Salomão construir o Templo que David quis e não conseguiu
construir: “farei permanecer a tua linhagem após ti, firmarei a sua realeza. Será ela que
construirá uma casa para o meu nome”- v.12/13.
C) – A profecia de Natan encontra eco no Salmo 132?
O salmo 132 canta a transladação da Arca da Aliança (que até aí repousava numa
tenda) para o Templo construído por Salomão, em conformidade com a profecia de Natan a
David, e a generosidade de David em querer construir uma casa para o Senhor – “Jehweh,
lembra-te do juramento de David…não descansarei até que encontre um lugar para Jahweh –
generosidade que foi retribuída com o juramento de Jahweh de “colocar no seu trono um fruto
do teu ventre” – v.11 – agora confirmado no v. 17 “Ali farei brotar uma linhagem a David, e
prepararei uma lâmpada ao meu Messias”.
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Exercício 3
Leia o livro do profeta Amós e responda às seguintes questões dando as citações
concretas em cada uma das respostas.

1.ª parte
Capítulos que ocupa
CC. 1 e 2 – Oráculos contra as nações vizinhas e contra o próprio Israel
Fórmula dos oráculos
Fórmula do enviado: “assim diz Jahweh”
Assinale a razão do castigo a cada nação
Contra Damasco: porque aniquilou Galaad, depois de vencida -1, 3;
Contra Gaza e Filisteia: porque deportaram populações inteiras entregando-as aos
Edomitas, inimigos de Israel – 1, 6;
Contra Tiro e Fenícia: porque entregaram populações inteiras de cativos aos Edomitas,
e não se lembraram das boas relações que havia entre Tiro e Israel, desde Salomão – 1, 9;
Contra Edom: eterno inimigo de Israel (conservou seu furor eternamente) não
obstante ser “irmão” – 1, 11;
Contra Amon: pela violência e genocídio contra Galaaad (abriram as entranhas das
mulheres grávidas) – 1, 13;
Contra Moab: pelo abominável (para o semita) crime de incineração, não obstante não
ter sido cometido contra Israel – 2, 1;
Contra Judá: porque se voltaram para os ídolos de seus antepassados (desprezaram a
lei de Jahweh) – 2, 4;
Contra Israel: pela injustiça social (vendem o justo por prata e o pobre por um par de
sandálias) – 2, 6; ofensa da dignidade humana (a jovem, objecto de prazer de pai e filho – 2,
7; subversão do culto (estendem-se sobre vestes penhorados) – 2, 8.
2.ª parte
Capítulos que ocupa
CC. 3 a 6
Fórmula dos oráculos
Advertências: ouvi esta palavra que Jahweh proferiu contra vós
Indique os motivos das advertências
Numerosas desordens, violências, opressão, falta de rectidão – 3, 9-10;
A vida de prazer das mulheres de Samaria (vacas de Basã) – 4, 1;
O culto idolátrico nos santuários de Betel – 4, 4-5;
Falsidade do culto externo (odeio as vossas festas) – 5, 21-24;
Luxo e vida despreocupada em que vivem os governantes, indiferentes às carências do
povo – 6, 1. 4-6;
3.ª parte
Capítulos que ocupa
CC. 7 a 9
Fórmula dos oráculos
Visões: “Assim me fez ver o Senhor Jahweh”
Realize uma síntese de cada visão
Gafanhotos: perspectivava-se uma praga de gafanhotos, que destruiria as colheitas,
pondo em causa a sobrevivência de Israel, mas que Jahweh afastou mediante a intercepção do
profeta – 7, 1-3;
Seca: o Senhor pretendia castigar o povo com a seca, mas parou-a pela intercepção do
profeta – 7, 4-6;
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Fio de prumo: Israel endurece no seu pecado, pelo que o Senhor não o tornará a
perdoar – 7, 8; o poder instalado não quer aceitar o profeta – 7, 12-13 – mas este não deixa de
anunciar o oráculo do Senhor: Israel será deportado para longe da sua terra.
Cesto de frutos maduros: a ganância dos comerciantes atingiu o limite da iniquidade,
chegou o fim de Israel, a festa dará lugar ao luto, numerosos serão os cadáveres – 8, 1-10
Queda do Santuário: o templo (de Betel) será destruído e a sua queda arrastará a queda
de Israel. O reino pecador será suprimido mas a casa de Jacob não será totalmente suprimida –
9, 8: naquele dia levantarei a tenda desmoronada de David – 9, 11 – e não serão mais
arrancados da sua terra que lhes dei – 9, 15.

Exercício 4
Enumere as características do Profeta

O Profeta é o homem enviado por Deus, para anunciar ao povo a Palavra de Deus:
anúncio da Aliança e denúncia da infidelidade do povo.
Partindo da situação concreta do presente, faz memória do passado (recorda o que
Jahweh fez pelo povo), denuncia os erros do presente (as infidelidades à Aliança), e lança as
bases do futuro (reafirma a fidelidade de Deus à Aliança e anuncia os Seus planos salvíficos).

Exercício 5
Leia atentamente Jr 7, 1-15 e responda às perguntas seguintes dando as citações
concretas.

A) – Como deve ser a conduta do homem para que o Senhor santifique com sua
presença o Templo.
Não basta ter o Templo de Yahwéh para que Israel viva na e possua a terra que foi
dada aos seus antepassados, é necessário “melhorar os vossos caminhos e as vossas obras; se
realmente praticardes o direito, se…, se… então eu vos farei habitar neste lugar…” - v. 5-7.
Tal como o templo de Silo, onde outrora habitara o nome de Yahwéh, foi destruído,
“por causa da maldade do povo”, assim sucederá ao Templo de Jerusalém. Este só tem sentido
e significado se for a expressão da rectidão interior. Se esta não existir, também o Templo
deixará de existir.
B) – Motivos pelos quais o Senhor “se afastará de sua presença”.
“Visto que praticastes todos estes actos (roubar, matar, cometer adultério, jurar falso,
queimar incenso a baal e depois vir ao Templo e dizer “estamos salvos”, para continuar
cometendo estas abominações), visto que não escutastes quando vos falava e não respondestes
aos meus apelos”, então vou tratar o Templo como tratei Silo e vos expulsarei da minha
presença.

UNIDADE DIDÁCTICA 3

Exercício 1
Assinale os traços mais característicos das seguintes personagens Bíblicas e indique
em que livro ou livros da Bíblia aparecem.

Ciro
Como personagem Bíblico, Ciro é o “instrumento de Jahweh” para o novo êxodo, pelo
qual se põe fim à nova situação de escravidão a que o Povo Eleito esteve submetido com o
desterro babilónico. Israel viveu com tanta emoção a intervenção de Ciro, que o promoveu a
“Messias”, o ungido de Jahweh – Is 45, 1.
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Antíoco IV Epífanes
O maior obreiro da helenização forçado de Israel – 175-164 a.C. – após a ocupação
levada a cabo por Alexandre Magno, para a qual recorreu a meios opressivos e ofensivos para
o judaísmo: abolição de circuncisão, a Tora deixa de ser lei do Estado, o Templo é dedicado a
Zeus, o que deu motivo à revolta do povo chefiada pelos Macabeus, acontecimentos que
ficaram relatados em I e II Mac.
Noemi
Personagem do livro de Rut que, pela boa relação que manteve com a nora, a moabita
Rute, foi o instrumento de Yahwéh na vinda desta para Judá, de cuja descendência haveria de
nascer o Messias. Ao regressar a Belém vinda dos campos de Moab para onde havia emigrado
por causa da fome que se abatera em Judá, trouxe consigo a nora. Esta acaba por casar com
Booz, parente de Noemi, casamento de que nasceu Obeb que foi pai de Jessé, pai de David.
Rafael
Anjo do Senhor que, disfarçado do jovem Azarias, foi enviado para curar o cego
Tobit, pai piedoso de Tobias, acompanhar este na sua perigosa viagem a Ecbátana, onde
Tobias encontra Sara com quem vem a casar, após ser libertada da magia negra do demónio
Asmoneu que lhe havia morto os sete anteriores maridos – Tob 3, 16 – “É a ti que ela deve
ser dada segundo a sentença da lei de Moisés, e o Céu decreta que ela te seja dada” – 7, 11.
Servo de Jahweh
Personagem de traços messiânicos, em substituição do Messias rei que o afundamento
da monarquia havia superado, cujo rosto vem descrito nos “quatro cantos do servo de
Jahweh”, cc.42 a 52 de Is (2.º Isaías), e que os cristãos identificam com Cristo

Exercício 2
Leia atentamente os dois primeiros cantos do servo de Jahweh: Is 42, 1-7 e Is 49, 1-6.
Assinale os traços e a missão do servo em cada texto.

- 1.º canto: o servo é apresentado como profeta (eis o meu eleito, em quem tenho
prazer e em quem pus o meu espírito) – tema repetido no Baptismo de Jesus – e é indicada a
sua missão: ensinar a terra inteira, com discrição (não clamará, não levantará a voz…) e com
firmeza (não vacilará nem descorçoará); porém a sua missão é superior aos demais profetas
pois que ele próprio é aliança e luz e executa uma tarefa de libertação e salvação (eu te pus
como aliança do povo e luz das nações, a fim de abrir os olhos aos cegos…)
- 2.º canto:
O servo fala na 1.ª pessoa (Ilhas, ouvi-me) e retoma o tema do 1.ºcanto mas realçando
certos aspectos da missão: realça a sua predestinação (Jahweh chamou-me desde o seio
materno) bem como a sua missão, que tem como objecto não apenas Israel mas todas as
nações: estabelecido como luz das nações a fim de que a sua salvação chegue até aos confins
da terra – v. 6.
A sua pregação será contundente (fez de minha boca uma espada cortante, fez de mim
uma seta afiada - v. 2), e a sua força está exclusivamente em Jahweh (em vão me afadiguei –
v. 4 – Jahweh será a minha força – v. 5 – e ao aparente insucesso, sucederá um triunfo final
(àquele cuja alma é desprezada e vilipendiada, reis e príncipes o verão e se prostrarão – v.7.

Exercício 3
A Tora constitui o centro da vida judia. No capítulo 8 do livro de Nehmias, Esdras
proclama, com grande solenidade, o livro da Lei.
Leia, Ne 8 e responda às seguintes questões:

A – Quais são os ritos essenciais desta proclamação?


B – Como responde o povo?
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1 - O escriba/sacerdote Esdras, assessorado por representantes do povo, apresenta à


assembleia o livro da Lei;
2 - abre o livro à vista de toda a gente, e o povo põe-se de pé.
3 - Esdras bendiz a Jahweh, e o povo com as mãos erguidas responde “Ámen, Ámen”.
4 - De seguida, inclinam-se e prostram-se com o rosto por terra.
5 - De pé, o povo ouve atentamente a leitura do livro, que lhes é traduzido e explicado
por Esdras auxiliado por levitas.

Exercício 4
Realize um resumo dos temas principais que aparecem no livro de Rute.
A boa relação entre sogra e nora fez com que Rute (estrangeira moabita) viesse parar
às terras de Judá. Aqui, caiu nas boas graças de Booz, um parente de Noemi, sogra de Rute.
Booz tomou-a por esposa, e dela nasceu Obed que foi pai de Jessé, pai de David. É esta a
trama do livro que, jogando com o direito e costumes daquele povo, introduz uma estrangeira
na ascendência de Cristo.
Os pobres – como era o caso de Rute – tinham o direito, segundo a lei, de “respigar”
(colher as espigas caídas na ceifa) no campo dos proprietários abastados, dependendo o seu
exercício da boa vontade do proprietário.
A atitude favorável de Booz consentindo que Rute respigasse no seu campo, foi o
instrumento que lhe permitiu conhecê-la, e ficar enamorado das suas virtudes.
Pela lei do levirato, o parente da viúva sem descendência tem o direito de resgate
desta, casando com ela, a fim de dar descendência ao falecido. Valendo-se desse direito, e
tendo o parente mais próximo renunciado ao seu direito, Booz casa com Rute. Com o filho
desta união, Obed, ficou assegurada a descendência do primeiro marido, Maalon, e da sogra,
Noemi, que é assim premiada pela boa relação familiar que tivera com a nora.

INIDADE DIDÁCTICA 4

Exercício 1
Defina com expressões pessoais os seguintes termos:

- A sabedoria de Israel
O fruto da reflexão milenar que os sábios de Israel, ao longo da sua história, e partindo
da memória da sua história, foram condensando em vários livros, nos quais, partindo da
existência quotidiana, nos deixaram a sua visão do mundo, da vida e destino do homem, lida à
luz da Revelação.
- “hebel”
Palvra hebraica que abre e fecha o livro do Eclesiastes, ou Cohelet: vaidade das
vaidades, tudo é vaidade. O termo faz referência ao vazio e inconsistência que se verifica no
ser e na história, no homem e nas coisas, em suma, nas limitações do homem, que,
insuficientes para o realizar, acabam por projectá-lo para a plenitude de Deus.
- Provérbio
Reflexões e intuições de carácter poético, em forma de sentenças morais ou religiosas,
universalizadas em formas lapidares, tomadas da experiência concreta, que abordam a
presença de Deus na vida quotidiana.
- Saltério
Colecção de 150 orações e hinos, compostos ao longo de cerca de um milénio, como
resposta do homem que bendiz a Deus libertador, em que manifesta a sua alegria e dor, a
profissão de fé, as súplicas, o agradecimento e confiança no Senhor.
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- Sirácida
Ou livro de Ben Sirá (de Sirac, pai de Jesus, o autor do livro), também conhecido por
“Eclesiástico”, na Vulgata, em virtude da utilização catequética por parte da comunidade
eclesial cristã. Livro deuterocanónico, que não consta do cânon judaico, é uma colecção de
provérbios, reflexões e meditações estruturados em quatro hinos, que reflectem a sabedoria
ortodoxa tradicional, mas já com reflexos da preocupação de adaptação às novas culturas,
identificando a Sabedoria à Lei.

Exercício 2
Indique a estrutura dos salmos de súplica.
Escolha um destes salmos e assinale os elementos da dita estrutura.

A – estrutura
O salmo de súplica tem a estrutura de um drama representado por três personagens:
Deus, o orante e o inimigo, que tanto pode ser uma doença grave ou uma tragédia nacional,
como uma potência demoníaca ou mesmo o pecado (inimigo interior) que separa o crente de
Deus.
Vem articulado em três actos: súplica angustiante a Deus, descrição de sofrimento em
que se está mergulhado e, resultado da intervenção libertadora de Deus que escutou a súplica,
a esperança no futuro com o propósito de testemunhar o amor libertador de Deus.
B – escolha de salmo
Escolho o Salmo 51, salmo Miserere, com as três personagens do drama:
- Deus, a quem se dirige a súplica
- o orante, David, após o seu pecado com Bersabéia;
- o inimigo (interior), o pecado que o atormenta.
Os actos do drama:
- Súplica angustiante: “Tem piedade de mim, Senhor, segundo a vossa misericórdia;
apagai os meus pecados, lavai-me, purificai-me…” - vv. 3-4.
- Descrição do sofrimento em que se está mergulhado: “Reconheço a minha culpa, o
meu pecado está sempre diante mim, pequei, pratiquei o mal”- vv. 4-5
- Esperança no futuro: “Então ensinarei aos iníquos os Vossos caminhos, a minha
alma cantará a Vossa providência, a minha boca anunciará as Vossas grandezas, e em vez de
um holocausto, ofereço o meu coração contrito e humilhado” – vv. 15-17.

Exercício 3
O salmo 119 é um extenso elogio da Torá. Leia os vv. 97-104 e expresse como o amor
à Lei transforma a vida do orante.

Com a meditação diária da Lei – v. 97 – o orante é capaz de discernir e detestar os


maus caminhos – v. 104 – melhor do que os seus inimigos, os seus mestres ou os anciãos –
vv. 98-100 – porquanto quem ensina é o Senhor através dela – v. 102.
E assim, para obedecer à palavra do Senhor contida na Lei, o orante desvia seus pés de
todo o mau caminho – v. 101.
Resumindo: discernido o mau caminho, o amor à Lei leva-o a desviar-se dele, ou seja,
o amor à Lei transforma a sua vida.

Exercício 4
Leia atentamente o livro de Job.
Responda às seguintes questões:
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A) – Os cc. 23 e 24 parecem expressar o distanciamento de Deus. Indique, em sua


opinião, os vv. mais significativos.
C. 23, 3: Oxalá soubesse como encontrá-lo, como chegar à sua morada;
C. 23, 8-9: Mas se for ao oriente, não está ali; ao ocidente, não o encontro. Se o
procuro ao norte não o vejo; se me volto para o sul, não o descubro.
B) – No c. 31 Job fala em sua defesa. Indique se encontra na conduta de Job o
cumprimento do decálgo. Se é assim, assinale os vv.
As várias “Palavras” do decálogo são a especificação de duas ideias-força – Deus e o
próximo – pelas quais o homem orientará a sua vida, quer sob o aspecto religioso, quer social.
Job, na defesa que de si faz no c. 31, quer realçar que orienta a sua vida por essas duas
ideias-força: “Se pus no ouro a minha confiança, se me comprazi com minhas grandes
riquezas, se olhei para o sol ou para a lua e lhes enviei um beijo (culto aos astros e gesto de
adoração, segundo a cultura do tempo) – vv. 24-27 – é a forma de dizer que cumpre a
“Palavra” do decálogo no que respeita à relação do homem com Deus – “Não terás outros
deuses diante de mim…não te prostrarás diante deles…- Dt 5, 7-14.
Na relação do homem com o seu próximo, Job quer dizer também que cumpre nessa
parte o que está prescrito no decálogo:
v. 1.9: Eu fiz um pacto com meus olhos, para não olhar para uma virgem; se o meu
coração se deixou seduzir por mulher e estive à espreita à porta do vizinho… – Não cometerás
adultério, não cobiçarás a mulher do teu próximo (Dt 5, 18.21).
v. 5: Caminhei com a mentira, acertei passo com a falsidade? – Não apresentarás falso
testemunho contra o teu próximo (Dt 5, 20).
v. 13.16.17.19.38.39: se violei o direito do meu servo…; acaso recusei aos pobres
aquilo que pediam ou defraudei a esperança da viúva?; ou comi sozinho o meu pedaço de pão
sem dar ao órfão a sua parte?; se não fiz caso do miserável que não tinha roupa…; se a terra
clamou contra mim, se comi os seus frutos sem pagar o preço…; tudo formas de expressar
que cumpre o preceito de “Não roubarás” (Dt 5,19), ao qual Job dá a máxima amplitude: não
só o que se tira ao próximo, como ainda quando se lhe nega o que lhe pertence por direito
natural (a compaixão e a solidariedade).
C) – No final do livro Job faz uma profissão de fé. Enuncie o texto.
c. 42: “Sei que podes tudo e nada Te é impossível; falei indiscretamente de maravilhas
que superam o meu saber; conhecia-Te de “ouvir dizer”, agora conheço-Te porque Te vi. Por
isso, retrato-me e faço penitência”.

Terminada a leitura do livro, realize uma breve síntese de sua opinião pessoal.

No binómio pecado/castigo, justiça/prémio, em que assenta a “teoria da retribuição”, o


homem tem ao seu alcance a chave do seu destino: porta-se bem, as coisas correm bem; se
correm mal é porque não se portou bem – é assim que pensam os amigos de Job.
Só que a realidade da vida se encarrega de desmentir tal teoria: o justo e o inocente
sofrem, e o malvado prospera.
Perante esta realidade, onde está Deus e a Justiça? Que justificação e sentido tem o
sofrimento do inocente?
Para muitos, a boa relação com Deus tem uma função utilitária: para que as coisas
corram bem!
E quando correm mal?
Zangam-se com Deus, porque afinal de nada lhes valeu a sua boa relação. “Toca-lhe
nos seus bens, na sua pessoa, e eu te garanto que te lançará maldições em rosto” – é o repto
de Satanás.
11

Job pretende demonstrar que uma fé sólida resiste ao infortúnio deste mundo; que a
“teoria de retribuição” está errada, pois que o inocente está sob a alçada do sofrimento; por
detrás do sofrimento está um sentido que ele, naquela etapa de Revelação, não consegue
vislumbrar e que o ultrapassa, mas que acaba por aproximá-lo de Deus: até aí, conhecia Deus
“só de ouvido”; agora “os seus olhos viram-no”.
O drama de Job – porquê o sofrimento do inocente, qual o seu sentido – só obterá
resposta com o consumatum est de Jesus Cristo no Calvário, e a explicitação de S. Paulo em
Cl 1,24: “Completo em minha carne o que falta às tribulações de Cristo em favor do Seu
Corpo, que é a Igreja”.

Sabugosa, 7 de Agosto de 2003-08-06


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(Custódio Matos Costa)

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