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Custódio Matos Costa


Aluno n.º 21

Transcrição, em letra de forma, dos “manuscritos” da PAD

FACTO RELIGIOSO

UNIDADE DIDÁCTICA 1

Exercício 1
Assinale os factores que determinam o facto religioso e defina-os, utilizando
expressões pessoais.

São três os factores determinantes da experiência religiosa: o sagrado, o Mistério e as


hierofanias.
1. o sagrado: é a dimensão da realidade natural enquanto projectada e mergulhada no
transcendente, como origem e razão de ser do mundo profano.
2. o Mistério: o sagrado remete para uma realidade invisível que está para além, e
antes, do visível; que existe por si e não em função de outro ser; insusceptível de ser captado
por observação directa ou imediata; em suma, que é fundamento e sentido de tudo.
3. hierofanias: conjunto de realidades do mundo – mediações (céu, astros, terra,
acontecimentos, a pessoa humana...) – que levam o homem a tomar consciência dessa
realidade invisível – o Mistério – e a fazê-la presente no mundo.

Exercício 2
Descreva de forma clara a tarefa própria do facto religioso.

A todo o homem, quer expressamente o reconheça ou não, se lhe põe necessariamente


a questão do sentido da sua vida: por que existe e para quê, a morte é o fim do homem, ou há
algo para além da morte?
Este é, verdadeiramente, o problema do homem, que é tão antigo quanto o é o próprio
homem, e não há homem algum que não o enfrente mesmo que o negue, pois ao não querer
enfrentá-lo, já o está a enfrentar, embora pela negativa.
Perante a finitude e imperfeição das coisas deste mundo, a começar pela próprio vida,
só a experiência do transcendente dá um sentido pleno à vida humana individual e colectiva:
um novo céu e uma nova terra onde não exista a carga negativa deste mundo – injustiça, dor,
sofrimento, morte – estão indelevelmente inscritos no mais profundo de cada ser humano.
Enquanto ele não vir serem-lhe franqueadas as portas desse mundo novo, ou seja,
enquanto não encontrar o sentido da sua vida, o homem, concluindo que, afinal, não passa de
“uma paixão inútil”, acaba por sentir-se a mais desgraçada das criaturas.
O facto religioso – a religião – é a realidade que vem dar a única resposta global e
plena a esse angustiante problema do homem: afinal, o homem é uma “paixão” do Seu
Criador, que o quis por si próprio, que vale pelo que é, e o mundo novo perfeito e infinito a
que ele aspira é, efectivamente, mais que uma tão só projecção do seu psiquismo.
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Exercício 3
Explique de modo sintético o que se quer dizer quando se afirma que:

a) – o sagrado é prévio aos aspectos subjectivos e objectivos:


- Não é o homem que “cria” o sagrado, ou seja, o sagrado não deriva da sua
religiosidade, mas sim os aspectos subjectivos e objectivos da sua experiência religiosa estão
previamente englobados no sagrado.
b) – O sagrado não modifica a aparência das coisas:
- O sagrado não é uma realidade distinta da realidade profana, mas sim a mesma
realidade natural enquanto remete para a Transcendência. A realidade natural está imersa no
âmbito do sagrado, e não muda por isso a sua natureza, propriedades ou aparência externa.
c) – O mistério é transcendente e imanente:
- O mistério está para além de tudo o conhecido ou desconhecido deste mundo, não há
neste mundo algo que possa ter-se como referência para o explicar ou controlar; não obstante,
é imanente a tudo, está presente no mais íntimo do homem.
d) – Sem a mediação hierofânica, seria impossível a presença do mistério na ordem
mundana.
- O homem capta a realidade exterior através dos sentidos: o som, a luz, o aroma,
através do ouvido, da vista, do olfacto, sem os quais o homem não teria noção dessas
realidades. As hierofanias (realidades do mundo) são os “sentidos” pelos quais ele “capta” a
transcendência do sagrado que conduz ao e faz presente o Mistério.

UNIDADE DIDÁCTICA 2

Exercício 1
Defina os conceitos seguintes, utilizando expressões pessoais

* Mito
Expressão básica de experiência religiosa, que se manifesta de forma poética e
narrativa, fruto de reflexão impessoal e milenária, pela qual o homem procura um sentido
global da existência, procurando compreender-se melhor a si mesmo e os laços que o unem
aos demais.

* Rito
Conjunto de sinais sensíveis (palavras, gestos, objectos, vestimentas...), pelos quais se
manifesta e celebra a presença do Mistério.

*Ética
O reflexo da atitude religiosa no quotidiano da vida do crente. A relação entre o divino
e o homem religioso assume um caracter totalizador, pelo que a religião impregna toda a sua
conduta, conferindo-lhe unidade e sentido.

*Festa
Acontecimento jubiloso, que rompe o ritmo do quotidiano e do habitual, para celebrar
o que a vida tem de mais belo, com que se manifesta, perante o negativo da vida, o desejo de
um mundo novo que ainda não se alcançou, mas que já vai estando presente.
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*Instituição religiosa
A dimensão religiosa do homem liga-o ao Mistério e liga-o também ao seu semelhante
(re+ligare, ligar duas vezes) pois este está, também ele, ligado ao Mistério. Assim, a religião
tem, ontologicamente, uma dimensão social. A instituição religiosa é a estrutura organizativa
que dá suporte estável ao exercício das funções religiosas pelos membros da mesma
comunidade religiosa.

Exercício 2
Enumere e sintetize as expressões da linguagem religiosa.

1. O homem sente-se invadido pelo Mistério, e perante a evidência da superioridade


absoluta, a convicção da íntima dependência, a consciência da própria limitação perante a sua
grandeza e a segurança de nela encontrar a salvação, a primeira expressão de linguagem
religiosa é a exclamação que se traduz em adoração, esperança e confiança: o homem deixa
Deus falar-lhe.
2. Após este momento, constatando a sua situação, ousa dirigir-Lhe uma palavra de
invocação, de súplica, de petição, de auxílio: o homem fala a Deus
3. A experiência deste encontro com Deus leva o homem a reinterpretar a vida e o
mundo a partir desta experiência: o homem fala do mundo e da história a partir de Deus.
4. Feito este trajecto, o homem descobre a sua relação com Deus, e agora passa a falar
de Deus a partir dessa relação: o homem, usando uma linguagem teológica, fala de Deus.

Exercício 3
Escreva de forma sintética a análise e as conclusões do exercício n.º 3, página 46 do
texto “O facto religioso”.

Na paróquia de onde sou natural – Barreiro de Besteiros, Tondela – celebra-se


anualmente, no último Domingo de Julho, a “Festa do Bodo”, cujas origens se perdem na
memória dos tempos. Vejamos, antes de mais, o tempo, o lugar e a “essência” dessa festa, que
é tida como única no País.
O local: um vale fértil, com um ribeiro de águas abundantes, onde as culturas, mesmo
nos anos mais secos, nunca secaram por falta de água. Os antepassados acharam por bem
erigir aí uma capela, escolhendo esse local para a festa de agradecimento pela fertilidade da
natureza.
O tempo: finais de Julho. Já se fizeram as colheitas da cevada, do centeio, do trigo; as
demais culturas estão em bom ritmo para a colheita: a vinha já mostra o seu fruto (pelo S.
Tiago – fins de Julho – pinta o bago); o milho, cultura ali abundante e promissora pela
abundância de água, “caminha” para a maturação. Por sua vez, o trabalho árduo do campo –
sementeiras, cultivo... – “pede” e permite então uma pequena pausa para descanso.
A “essência” da festa: uma população rural que na sua totalidade dependia da
produção da terra, sente-se naturalmente grata a Deus, “Criador de tudo quanto existe”, pela
abundância dos frutos da terra, de que depende a vida: a abundância de pão significa
abundância de vida.
Como agradecer?
- Repartindo pelos que não têm.
Aí está a “Festa do Bodo”: junto à capela, um grande recinto com árvores de sombra e
fiadas e fiadas de mesas em pedra de lousa – a pedra da região – onde as várias famílias da
paróquia vão colocando os cestos com os manjares; finda a primeira parte da Festa – Missa
“cantada”, com sermão por pregador vindo de fora, e procissão – segue-se então a segunda
parte de Festa: o “Bodo” aos pobres.
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Vindos de tudo quanto é sítio das redondezas, uma multidão de “famintos” senta-se à
mesa e come enquanto lho consentir a capacidade do estômago . No fim, leva no alforge as
sobras, que bom proveito irão fazer nos dias seguintes.
Vejamos agora os elementos da “Festa”, que é uma “resposta” ao Mistério:
Acontecimento – que rompe o ritmo do quotidiano, do trabalho habitual e é esperada
ansiosamente:
- pelos agricultores, que querem ter fortes motivos para fazer “Festa”, ou seja, que a
natureza seja pródiga na dádiva de colheitas abundantes;
- pelos “pobres”, que ao menos num dia do ano “tiram a barriga de misérias”;
- na parte religiosa, por sua vez, “Missa cantada, com pregador (afamado), vindo de
fora”.
Utupia – o mundo novo que está dentro de cada um, é o mundo onde não há fome,
porque a Caridade leva à partilha com os que não têm. Ao menos um dia no ano, que se viva
esse mundo novo que há-de vir, onde não há pobres nem ricos, mas todos irmãos, mas que se
sente ser já possível neste mundo!
Gratuitidade – o que se dá, dá-se com gosto e alegria, sem outra compensação que
ver os irmãos saciados com a partilha.
E no próximo ano “de novo, no Bodo”. Assim se despediam os que participavam na
Festa.
As alterações sócio-económicas, no entanto, foram introduzindo inevitáveis
“variantes” que, em certo sentido, desvirtuaram a festa, e as imagens que a minha infância
gravou no meu imaginário já não se repetem com a pureza original. Mas no essencial, ainda
se mantém o espírito inicial de celebração, acção de graças e partilha pelos dons da natureza.
As circunstâncias introduziram adaptações na “Festa”, mas o homem contemporâneo continua
a sentir necessidade de festejar. Afinal, “nada mudou sob o Sol”.

UNIDADE DIDÁCTICA 3

Exercício 1
Defina os seguintes conceitos utilizando expressões pessoais:

* Sentido da vida
Finalidade última da vida: por que existo e para que existo?
Se este mundo é finito e imperfeito, qual o significado da aspiração do homem à
perfeição e infinitude?
Cada um encontra a resposta a estas questões conforme o “sentido da vida” que
encontrar.

* Experiência “experimental”
A experiência do cientista que conduz ao conhecimento “neutro” da realidade, que se
aprende, regista e se pode transmitir a outrem. A pessoa não se compromete com tal
experiência nem o conhecimento adquirido traz implicações ao modo de viver.

* Experiência “experiencial”
O saber vital, que se adquire vivendo. É pessoal e intransmissível, e implica a
totalidade da existência humana. É desse saber, adquirido experiencialmente e que se
repercute no modo de vida, que se deduz o sentido da vida de cada um.
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Exercício 2
Exponha brevemente a resposta que a religião confere ao sentido da vida.

A resposta que a religião confere ao sentido da vida está na transcendência do mundo


e da própria vida humana. O crente sabe que a finitude e relatividade deste mundo anuncia o
absoluto em que toda a realidade está mergulhada, e que só um novo mundo em que ele crê e
espera, dá uma resposta capaz à sede de infinito e absoluto que todo o ser humano sente no
mais profundo de si mesmo.
Mas nem só para os problemas do além a religião é resposta, pois já neste mundo, nas
diversas conjunturas que integram a vida humana, ela dá um sentido congruente com o
projecto original do homem na sua subjectividade (ser em si), intersubjectividade (ser com os
outros) e objectividade (ser no mundo), sendo fonte motivadora de condutas coerentes em
todos os sectores da vida

Exercício 3
Transcreva as conclusões do exercício 3 da página 67 do texto “O facto religioso”

A pessoa que atingiu a maturidade religiosa integrou a sua conduta religiosa na


dimensão da sua personalidade. A sua vivência está plenamente em conformidade com o
sentido que deu à sua vida e tanto a sua conduta como os acontecimentos à sua volta são
trespassados pelo sentido do transcendente. Na sua finitude e fraqueza, ele sente-se imerso no
Mistério, e sabe que fora dEle nada tem sentido. Então ele entrega-se confiante nas “mãos” do
Mistério, sem que isso signifique desconhecimento dos limites do que é terreno e, como tal,
sob a compreensão do homem, e do que não o é, e que, como tal, lhe escapa. Assim, a sua
vida “respira” serenidade, paz, alegria, mesmo nos contratempos da vida, que emergem da
convicção profunda de estar imerso no Mistério.
Não assim a pessoa religiosamente imatura. O seu comportamento dissocia-se da sua
religiosidade, ou seja, esta acaba por não influenciar o seu comportamento, e a insegurança,
dúvidas e angústia de quem não encontra o sentido dos acontecimentos instala-se e domina a
pessoa.
Por exemplo, e para referir uma das situações tão frequentes na nossa comunidade
cristã, perante acontecimentos que escapam ao controle humano – doença incurável, azares
e/ou infortúnios da vida... – a pessoa religiosamente imatura, desiludido com a ineficácia das
promessas feitas ao santo da sua devoção, e “porque Deus já não me ouve”, tenta ultrapassá-
los mediante o recurso a bruxarias, rezas e quejandos. A religiosidade está dissociada da
transcendência, e é usada na medida em que é ou pode ser útil no âmbito do que, afinal, não é
transcendente.
Causas: falta de cultura, mas principalmente falta de catequese adequada, feita por
catequista com suficiente maturidade religiosa, principalmente na idade adulta, quando os
conhecimentos adquiridos na infância são manifestamente insuficientes para dar uma resposta
capaz ao problema do homem.
A sua superação passa por aí mesmo: eliminação das causas, ou seja, proporcionar
ensino bastante por agentes capazes.
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UNIDADE DIDÁCTICA 4

Exercício 1
Defina os seguintes conceitos utilizando expressões pessoais:

* Religiões místicas
Religiões do Extremo Oriente, tidas como herdeiras da religião estática dos povos
sedentários, cuja característica é o valor absoluto que atribuem à experiência interior de união
com o Absoluto – reincarnações sucessivas, até à integração no Absoluto – e que actualmente
encontram a sua manifestação no Hinduísmo e Budismo.

* O atman
Consciência que o indivíduo tem de si próprio, da sua individualidade que, na
progressiva caminhada para o Absoluto, se vai apagando até ficar totalmente integrado no
Absoluto impessoal.

* O nirvana
Segundo a doutrina budista, é um estado de felicidade a que se chega após o
desaparecimento ou superação da dor, o que se consegue pelo aniquilamento do desejo, que é
a fonte do sofrimento humano.

* O brahman
Segundo o Hinduísmo, é o Absoluto impessoal, que está na base do todas as coisas,
para o qual tudo tende, no qual as almas encontrarão a sua libertação total, quando nele se
integrarem, após sucessivas reincarnações.

Exercício 2
Enumere e descreva as principais verdades sagradas do budismo.

O budismo rejeita as duas ideias centrais do pensamento brahâmico: a identificação da


alma individual com a alma universal e a transmigração ou reincarnação das almas,
considerando que o que verdadeiramente importa é encontrar o caminho para a libertação da
reincarnação, libertar-se do constante renascer e morrer, ou seja, um caminho concreto de
salvação.
A vida é um mal, é sofrimento, e a salvação está em libertar-se dele. Para se alcançar
tal objectivo, o budismo adopta quatro atitudes vitais, as suas quatro verdades sagradas:
1. O conhecimento do sofrimento: na vida, nada permanece, tudo é fugaz, e essa
fugacidade causa sofrimento;
2. A origem do sofrimento: a dor surge do desejo de renascer, da sede de existência,
acompanhado do apego ao prazer, que é uma sede inextinguível
3. Extinção do sofrimento: o sofrimento só se extingue com o aniquilamento desse
desejo, fonte de tortura e dor, desterrando-o do nosso espírito pela renúncia a ele.
4. O caminho a percorrer para se alcançar o aniquilamento do desejo: rectidão da vida
moral, esforço mental e recta consciência.
Feito este percurso, alcança-se o total apagamento dos desejos e já não há mais dor –
entra-se no “nirvana”, no estado de felicidade, a meta da salvação.
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Exercício 3
Compare o budismo com o cristianismo.

* Em que coincidem e em que se diferenciam?


Diferenças:
- desde logo, tudo quanto é verdade revelada sobre Deus, e o Seu plano de salvação do
homem, à qual não se chega pela mera inteligência.
- a reincarnação
Semelhanças:
- o homem não se confina a este mundo limitado, imperfeito; há outra realidade, há o
transcendente, onde não tem cabimento nem a finitude nem o sofrimento, onde, em suma, se
vive a felicidade absoluta.
- o caminho concreto para alcançar essa felicidade:
Renuncie cada um a si mesmo e assuma diariamente a sua cruz: o caminho proposto
ao budista (a quarta verdade sagrada do budismo) para alcançar o “nirvana” – a meta da
salvação onde não há sofrimento – e que em tradução bíblica poderíamos traduzir por
“Paraíso”, anda muito próximo do caminho proposto no cristianismo para a salvação.
Haverá, isso sim, algumas variantes de conteúdos da vida moral e recta consciência
apontados pelo budismo e a forma de os realizar, mas esse é o caminho que, enquanto não
conhecerem o cristianismo, Deus lhes propõe para alcançarem a salvação eterna.

* Porquê parte da juventude procura a “sabedoria oriental”?


O encontro de religiões e o respeito pela opção religiosa dos que professam religião
diferente da nossa, é uma realidade do nosso tempo. Daí que haja mais conhecimento das
grandes religiões do oriente, inclusive da parte de verdade que elas contêm.
Para quem nunca aprofundou as verdades do cristianismo, não capta o “absoluto” que
nele existe, e facilmente cai na tentação de o ver como mais uma religião, ao mesmo nível
das demais, e logo se deixa fascinar pelo exotismo das culturas orientais, porque é diferente, é
novidade e, no fundo, pode ser que dêem a resposta ao problema do homem, que a
superficialidade e sem sentido da vida que caracterizam o mundo ocidental não lhes
proporciona. Enfim, quem em sua casa (julga que) não tem o que necessita, vai procurá-lo
fora.

* Escreva de maneira sintética as conclusões a que chegou.


Perante a finitude deste mundo, com tudo o que isso acarreta de imperfeição e
sofrimento, todo o homem tem consciência de que há algo que o transcende, e é indelével a
aspiração a viver uma realidade sem estas limitações.
Na medida das suas capacidades intelectuais, o homem vai procurando desvendar esse
mundo transcendente, e o caminho para o alcançar.
A religião é a via pela qual o homem atinge esse mundo. Todas as grandes
manifestações históricas da religião deram e dão, em maior ou menor dimensão, o seu
contributo para que o homem alcance esse mundo a que, no mais fundo de si, se sente atraído.
Porém, a plenitude da resposta ao problema do homem, é dada pelo cristianismo, que
indica ao homem o caminho mais directo, mais seguro e globalmente mais completo, pois que
a validade da resposta ao seu problema começa a surtir efeito já para este mundo.
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UNIDADE DIDÁCTICA 5

Exercício 1
Defina os seguintes conceitos, utilizando expressões pessoais.

* Descrença
Vem entendendo-se por “descrença” a perda generalizada da religiosidade, a ausência
da experiência do Mistério, em termos de a vida pessoal e social ter deixado de ser marcada a
partir do transcendente, para ser assumida em função do imediato.

* Agnosticismo
Corrente filosófico/religiosa que defende que não é possível afirmar ou negar a
existência de Deus pois, ultrapassando isso os limites do verificável, não se lhe tem acesso
pela razão. Na prática, é uma espécie de ateísmo barato e envergonhado, sem necessidade de
se dar ao trabalho de “fundamentar” a inexistência de Deus, e sem a coragem de se afirmarem
ateus, vivendo instalados na finitude deste mundo.

* Idolatria
Uma das formas de descrença revestidas de religiosidade: substitui-se Deus por um
ídolo – que pode ser a absolutização de certos valores humanos – que ocupa no coração do
homem o lugar que só a Deus pertence.

Exercício 2
Enumere e descreva as distintas formas de descrença

1. descrença sob a forma de indiferença


Na prática, é um ateísmo de facto. São pessoas a-crentes, a quem não se coloca sequer
a questão do transcendente. Vive-se o dia a dia, procura-se a satisfação imediata das
necessidade da vida, e a questão religiosa nem sequer se coloca. Em nada se nota a falta de
Deus. Manifesta-se com algumas variantes: intranscendência, indiferentismo e agnosticismo e
será, eventualmente, a pior forma de descrença, quer pela quantidade de “seguidores”, quer
pela dificuldade de a combater.
2. descrença positivamente afirmada – ateísmo.
É a descrença dos “intelectuais”, que não só negam convictos o transcendente, como
entendem que a sua negação é a condição do verdadeiro humanismo que liberta o homem
moderno da ignorância e obscurantismo e manifesta-se sob várias cambiantes de humanismos:
- científico (Deus é fruto da ignorância, e desaparecerá com a ciência);
- antropológico (Deus é a projecção do psiquismo, e a religião é auto-adoração do
homem - Feuerbach);
- marxista (Deus é a projecção do homem alienado, e a religião é o ópio do povo);
- psicoanalítico (Deus é uma ilusão infantil, e a religião é alívio de conflitos psíquicos
– Freud);
- vitalista (nihilismo de Nietzsche – Deus está morto, e o super-homem é o substituto
do homem religioso);
- existencialista (Sartre – o homem é liberdade absoluta e Deus impede-a; assim, ou
existe um ou o outro)
3. descrença revestida de religiosidade, que se manifesta sob as formas de:
- superstição – substituição da confiança religiosa e utilização a seu favor dos poderes
divinos;
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- idolatria – substituição de Deus por um ídolo (absolutização de certos valores


humanos) que passam a ocupar o Seu lugar no coração do homem;
- magia – fazer reagir as forças divinas por meio de determinados actos.

Exercício 3
Leia detidamente os n.ºs 19-21 da constituição GS do Vat. II.

* Enumere as formas e causas do ateísmo contemporâneo


1. formas:
A GS, no n.º 19 e 20, refere vários formas e causas de ateísmo:
- Alguns negam expressamente a Deus, com especial relevância para o ateísmo
sistemático, com a defesa da autonomia do homem a ponto de o considerarem o seu próprio
fim e autor único da história, e o marxismo, que aposta na libertação do homem através da
libertação económica;
- outros pensam que o homem não pode afirmar seja o que for a seu respeito;
- outros tratam o problema de Deus de tal maneira que ele parece não ter significado;
- muitos pretendem explicar tudo com recurso à ciência, ou então não admitem
nenhuma verdade absoluta;
- alguns exaltam de tal modo o homem que a fé em Deus perde toda a força;
- outros, concebem Deus de tal modo errado, que o que rejeitam não é o Deus do
Evangelho;
- outros, nem sequer abordam o problema de Deus, parecem alheios a qualquer
inquietação religiosa.
2. causas:
- protesto violento contra o mal que existe no mundo;
- ter-se atribuído indevidamente o caracter de absoluto a certos valores humanos que
passam a ocupar o lugar de Deus;
- a grande ligação desta civilização às realidades terrestres;
- reacção crítica contra as religiões, em especial a cristã;
- negligências dos crentes na educação da fé e deficiências da sua vida religiosa, moral
e social, com o que mais esconderam do que revelaram o rosto de Deus e da religião.

* Assinale as atitudes sugeridas aos cristãos nestes textos.


- procurar descobrir no espírito dos ateus as causas da sua negação de Deus, e expor-
lhes convenientemente a doutrina e a vida íntegra da Igreja e dos seus membros;
- testemunhar uma fé viva e adulta, como o fizeram inúmeros mártires, que manifeste
a sua fecundidade, penetrando a vida dos fiéis, mesmo no profano, levando-os à justiça e ao
amor, sobretudo para com os necessitados;
- manifestar a presença de Deus através da caridade fraterna dos fiéis, como sinal de
unidade.

Exercício complexo
Leia a declaração Nostra Aetate do Vat. II sobre as relações da Igreja com as
religiões não cristãs, sublinhando todas as afirmações que pareçam importantes.

* Enuncie as diversas características e a posição dos católicos ante cada uma delas,
segundo a declaração.
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Os homens constituem uma só comunidade, com a mesma origem e fim último:


importa assim considerar o que têm de comum e os leva à convivência.
Nas religiões procuram resposta para os enigmas da condição humana, pelo que a
Igreja Católica nada rejeita do que nas religiões não cristãs, e designadamente no Hinduísmo e
Budismo (as duas grandes religiões não reveladas) existe de verdadeiro e santo:
- no Hinduísmo, os homens perscrutam o mistério divino, buscando a libertação das
angústias pelo ascetismo, meditação e refúgio em Deus.
- no Budismo, o homem reconhece a insuficiência deste mundo e procura alcançar o
estado de libertação perfeita ou atingir a suprema iluminação.
Perante esta religiões, propõe-se aos cristãos diálogo e colaboração, testemunho de
vida e fé cristãs, reconhecimento, conservação e promoção dos bens espirituais e morais e dos
valores sócio culturais que entre eles existem.
Quanto ao Islão, adoram o Deus único, que falou aos homens e a Ele se submetem
como se submeteu Abraão, cuja fé invocam. Não o reconhecendo como Deus, veneram Jesus
como profeta e honram sua mãe. Prestam culto a Deus com a oração, a esmola e o jejum.
Aos cristãos se exorta que esqueçam os conflitos do passado e se exercitem na
compreensão mútua e juntos defendam e promovam a justiça social, os bens morais, a paz e
liberdade para todos.
Quanto aos judeus, povo ainda muito amado por Deus, com o qual os cristãos
partilham grande património espiritual comum, no seio do qual nasceu a Igreja, os Apóstolos
e os primeiros cristãos. Aos cristãos se recomenda que fomentem o mútuo reconhecimento e
estima, e se evite tudo quanto está contra a verdade evangélica, designadamente o ódio,
perseguições e manifestações de antisemitismo.

* Assinale algumas razões para afirmar que o cristianismo é a religião verdadeira,


segundo a declaração conciliar.
Todos os cristãos, filhos de Abraão segundo a fé, estão incluídos na vocação deste
patriarca, pois Jesus Cristo reconciliou na cruz os judeus e gentios, de ambos fazendo um só
povo, em si mesmo. É em Cristo que todos os homens encontram a plenitude da vida
religiosa, pois foi nEle, que sofreu a Sua paixão e morte para que todos os homens alcancem a
salvação, que Deus reconciliou consigo todas as coisas.

* Proponha, finalmente, alguma proposta operativa para o diálogo entre as diferentes


religiões.
Quem sou eu, para propor seja o que for para além do que a Igreja Católica vem
propondo, concretamente neste documento conciliar Nostra Aetate, no âmbito de cujo espírito
vêm sendo efectuados encontros entre aderentes das várias religiões, quer da iniciativa do
Papa (os encontros de Assis), quer da iniciativa e patrocínio de outras entidades?

Aveiro, 2 de Maio de 2002


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(Custódio Matos Costa)
aluno n.º 21

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