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MÁRIO SASSI

3ª Edição revista e aumentada

Editora Vale do Amanhecer – Ordem Espiritualista Cristã


APRESENTAÇÃO

Como um dos responsáveis pela impressão e divulgação desta obra, fomos


convencidos da necessidade de precedê-la de uma apresentação, destinada
àqueles que pouco ou nada conhecem sobre o Vale do Amanhecer.
Trata-se de uma pequena aldeia, localizada a 5 km de Planaltina, DF, onde
vive uma comunidade espiritualista de cerca de 150 médiuns, acompanhados de
suas famílias e ainda abrigando e educando mais de 200 crianças pobres ou
abandonadas, todos congregados sob a denominação de “OBRAS SOCIAIS DA
ORDEM ESPRITUALISTA CRISTÔ.
A Ordem possui ainda 7.000 médiuns não-residentes, espécie de membros
externos, que se obrigam a comparecer, no mínimo, uma vez por mês, mas que
dificilmente deixam de fazê-lo uma ou mais vezes por semana. São pessoas, na
maioria pobres, que vindos dos mais distantes pontos do Distrito Federal, do
Estado de Goiás e até do Rio de Janeiro, abandonam seus afazeres, sacrificam
suas horas de lazer para, enfrentando toda sorte de dificuldades, vir prestar ajuda
espiritual e dar um pouco de conforto moral aos mais necessitados.
Os médiuns-residentes, por sua vez, levam a vida de autênticos
missionários, sempre prontos, a qualquer hora do dia ou da noite, a atender aos
que, pobres ou ricos, miseráveis ou importantes, ali vão bater em busca de lenitivo
para seus males físicos, morais ou espirituais. Sempre com o mesmo carinho e
desprendimento, recusando com dignidade as ofertas, mas ajudando com comida
e até roupas aos mais pobres. De que vivem? Do próprio trabalho e da
contribuição voluntária de seus membros.

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A coluna mestra desta obra, o farol que a todos ilumina é a Médium
Clarividente NEIVA CHAVES ZELAYA, a TIA NEIVA, como é carinhosamente
chamada por seus seguidores. Nascida a 30 de outubro de 1925, em Propriá,
Sergipe, filha de um topógrafo, acompanhou a família nas andanças profissionais
do pai, por vários Estados do Brasil, casando-se em CERES, GO, em 1943. esse
casamento lhe deu quatro filhos e, ao enviuvar, em 1949, com a idade de 24 anos,
não teve dúvida em enfrentar, para sobreviver e criar os filhos, a profissão de
motorista de caminhão e de lotação.
Repentinamente, em 1958, manifestam-se nela os primeiros fenômenos
mediúnicos. Manifestações violentas e bizarras, que os psicanalistas e exorcistas
não conseguem superar, para desilusão de uma criatura de tradição católica e
pouca instrução. Por fim, com a ajuda de um pequeno grupo espírita Kardecista,
ela começa a compreender sua situação; inicia-se o trabalho espiritual que
culminou com a eclosão de sua Clarividência e a aceitação total da missão.
Incansável, verdadeiro fenômeno biológico e espiritual, IRMÃ NEIVA
trabalha 14 a 18 horas por dia e permite a existência do Vale do Amanhecer, do
qual é a figura central.
O Secretário da Ordem e líder cultural da comunidade é o antigo Assessor
de Relações Públicas da Universidade de Brasília, MARIO SASSI. Paulista de
nascimento, de origem humilde, tornou-se líder da antiga JOC e conseguiu realizar
os cursos ginasial e científico em cursos de madureza. Daí em diante fez dezenas
de cursos, inclusive Filosofia, Psicologia, Relações Públicas, Jornalismo,
Anatomia. Mais preocupado em saber que em conhecer, deixou a maioria sem
concluir e, abandonando tudo, recolheu-se ao Vale do Amanhecer, onde leva uma
vida de asceta, segregado, mas não isolado do mundo, ajudando, aconselhando e
orientando aos membros da comunidade e as 8.000 pessoas que semanalmente
procuram a Ordem.
É ele, Mário Sassi, o autor terreno do livro, que, previsto inicialmente para
uso apenas dos médiuns foi, por insistência de amigos da Ordem e autorização
dos Mentores, impresso para distribuição aos interessados em conhecer a mais
perfeita síntese que já vimos sobre aspectos práticos e objetivos do Espiritismo.
Finalmente, queremos dar uma idéia sobre o ambiente no Vale do
Amanhecer. O que mais impressiona o visitante, em meio ao cenário rural de
casas de madeira em torno ao grande Templo elíptico, é o forte sentimento de
amor ao próximo. Amor puro, desinteressado, constante e prático, traduzido em
carinho sem pieguismo, alegria contagiante, liberdade total fora do ritual,
compreensão ilimitada e auxílio objetivo. Ali se respira o verdadeiro AMOR
CRÍSTICO.
Estes os esclarecimentos que julgamos necessários à melhor avaliação do
livro e que deviam ser escritos por alguém que, no Vale do Amanhecer, se
considera apenas, mas, sobretudo... UM AMIGO.

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INTRODUÇÃO À 1ª EDIÇÃO

Caro leitor:

As páginas deste pequeno manual são destiladas da experiência, vivida


quotidianamente no trato com as outras dimensões, com os chamados mundos
dos espíritos.
São, também, o resultado de quinze anos de convivência com a angústia
humana, em todas suas manifestações, do plano físico da moléstia ao plano
escorregadio da mente abstrata.
Destinam-se, portanto, àqueles que continuam na luta de trazer um pouco
de luz à escuridão dominante deste triste fim de Era Cósmica, àqueles que
abraçaram o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Todo supérfluo foi eliminado, toda a análise deixada para os que se
interessam em apreender os fenômenos da vida. Destina-se o livro, portanto, a
todas as mentes abertas a realidades sem nome, sem rótulo e sem preconceito.
Se há nomes e conceitos, são apenas marcos didáticos para referência no
relativo.
Este livro emergiu de uma comunidade mediúnica sui generis uma
organização dos “gurus”, dos mestres tibetanos e hindus, plantada num vaso
Kardecista. Mas seu principal intento é trazer o Espiritismo para fora do
Espiritismo. Espiritismo, como todas as doutrinas e religiões, são apenas meios de
se chegar a um fim e esse fim, leitor, é Você.
Pouco importa quem seja Você. Importa despertar-lhe a consciência de si
mesmo, para que Você possa prosseguir na sua trajetória milenar. Prosseguir,
porém, mais consciente, mais equilibrado, mais senhor de suas próprias forças,
mais feliz.
Esta obra não tem “autor” no sentido da palavra. Apenas um médium
Doutrinador Receptivo captou as instruções dos Mentores trazidas pela
Clarividente Neiva e sintetizou-as em palavras. Traz, porém, a chancela da
Corrente Indiana do Espaço, cuja organização na Terra é a “Ordem Espiritualista
Cristã”, no Vale do Amanhecer.
É, também, incompleto. Um momentum didático num trecho do caminho
iniciático. Quando necessário, novos ensinamentos virão, outras formas gráficas,
novas sínteses e talvez, algumas análises.
As possíveis irreverências à Ciência existem, apenas, porque a obra se
destina a todos e, além da Ciência, existe um conceito de ciência dos que não são
cientistas. Que os cientistas nos relevem a ousadia.
A forma direta e a linguagem íntima se devem ao fato de que esse trabalho
se destinava apenas à distribuição interna, entre nossos Médiuns. Foi impresso
para distribuição mais ampla porque foi decidido que assim seria mais útil.

Vale do Amanhecer, Maio de 1972

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INTRODUÇÃO À PRESENTE EDIÇÃO

A primeira edição deste livro foi feita em 1970. Os exemplares eram


mimeografados. Em 1972, foi impresso sob o título de “Manual de Instruções”.
Esgotados todos os exemplares, achamos por bem lançar nova edição, melhor
adaptada a um público mais numeroso.
Os primeiros dois capítulos, que descrevem a Ordem e seus rituais, e o
último capítulo da edição anterior (Hinos do Vale do Amanhecer), foram
eliminados, pois nossos hinos foram editados em “long-play” e os rituais descritos
em folhetos.
Nesta Edição foram acrescentadas algumas sínteses resultantes da
experiência atual e também uma visão mais ampla do Mediunismo. Isso fará com
que o leitor fique melhor situado no problema e se beneficie mais de nosso
trabalho.

Os autores

Brasília, 1974

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CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DO MEDIUNISMO

1 O Ser Humano e os Seres de Outra Natureza


O Universo é infinito, fora da nossa capacidade conceptual. Concebemos
apenas galáxias e sistemas, mediante alguma verificação e muita imaginação.
Nossa Terra pertence a uma galáxia e a um sistema. No dimensionamento
relativo, ela está para a Galáxia como um grão de areia está para uma praia. No
Sistema, ela é um dos menores Planetas.
Em nosso Planeta existe um processo biológico com base em partículas
diminutas. Essas partículas se organizam em formas de vida que denominamos
“minerais”, “vegetais” ou “animais”.
Dentre as muitas formas, a mais aperfeiçoada é o animal chamado
“homem” ou “ser humano”. O Homem se caracteriza pela consciência que tem de
si mesmo.
O ser humano como espécie não sabe sua origem e nem qual será o seu
fim. Tem, porém, a capacidade de especular sobre ambos. É, portanto, uma reta
entre dois pontos desconhecidos, do menos infinito ao mais infinito.
O sistema de verificação no Planeta Terra é feito através dos sentidos. Os
fatos são armazenados num processo chamado memória e transmitidos, de
geração para geração, por meios variados e variáveis.
Os sentidos são adequados a uma determinada faixa vivencial e limitados
no tempo e no espaço. Para cada forma de vida existem sentidos apropriados. O
sistema de memória permite a continuação das espécies. Ela existe na intimidade
das partículas e nos arquivos complexos da Humanidade. A escolha de um
conjunto de memórias proporciona a existência, por tempo determinado, de um
tipo humano ou uma espécie.
Além dos seres verificáveis pelos sentidos há outros seres, outras formas
de vida, cuja existência é admitida pelos efeitos na vida. Deles o Homem tem
menor consciência, dada sua própria natureza.
Mas esses seres agem e interagem e seus efeitos só são percebidos
quando se fazem sentir no âmbito dos sentidos, no chamado “plano físico e plano
psíquico”.
Esses seres fazem parte da biologia e integram a vida.

2 Espírito, Alma e Corpo


Os sentidos humanos registram no Homem um aspecto palpável: o corpo; e
um aspecto sensível, mas impalpável, a “psique” ou “manifestações psicológicas”.
O físico e o psíquico conjugados formam a personalidade – o ser humano
diferenciado, característico e único.
O corpo é formado pelo sistema de “memória física” ou seja, a herança
atávica transmitida pelos “genes”, partículas submicroscópicas da intimidade
celular.

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A psiquê, ou alma é gerada pela convergência da memória física e do
aprendizado recebido do meio ambiente. Ambos se originam de outros indivíduos,
outras personalidades.
Além das atividades Psicofísicas, o indivíduo apresenta outro tipo de
manifestação, cujas origens não são do corpo ou da psiquê. Essas pertencem a
outra ordem de “memórias”, a que chamamos “espírito".
Portanto, o Homem é levado à ação mediante três tipos distintos de
estímulos: o físico, o psíquico e o espiritual.
A memória física, impropriamente chamada “instinto”, é regida, na sua
reação, pelo condicionamento do mundo físico, do meio ambiente. Reage através
do sistema nervoso do grande simpático ou neurovegetativo.
A memória psicológica, ou da “psique”, interage por processos seletivos,
que proporcionam a ação consciente, a cada momento. A percepção consciente
dos sentidos se faz paralelamente à percepção inconsciente, ou subliminar. O
processo seletivo escolhe imagens, formando as idéias e estas associadas
formam o pensamento.
A memória espiritual existe e funciona num plano adimensional, num
organismo paralelo ao conjunto psicofísico, que denominamos “espírito”. A
herança do espírito transcende o tempo, pois representa o acervo de muitas vidas.
Como conseqüência das três faixas vibratórias, a física, a psíquica e a
espiritual, todas agindo no mesmo veículo, o ser humano apresenta variações de
comportamento a cada momento. A hegemonia de uma ou outra faixa determina a
tônica que caracteriza uma pessoa. Ela é predominantemente animalizada,
psíquica ou espiritualizada. Essa tônica varia conforme as circunstâncias,
principalmente em função da idade.

3 O Mundo e as Dimensões
O Universo é um todo contínuo e em perpétuo movimento. Ele é concebido
pelo Homem conforme o conjunto instrumental aplicado na observação: sentidos
físicos, psicológicos ou espirituais. A imagem resultante varia conforme o indivíduo
e seu dimensionamento. Existe, pois, um universo físico, um psicológico e outro
espiritual. Visto pelos sentidos, ainda que ampliado pelos instrumentos, ele se
apresenta composto de corpos celestes e fenômenos conhecidos, relativamente,
até onde alcança esse tipo de verificação. Visto pela psiquê, em termos
interpretativos e de abstração, é intuído, deduzido ou induzido. Forma-se assim,
um pensamento, ou interpretação, que varia com o tempo e as circunstâncias.
Já a interpretação espiritual do Universo é feita pelo sentido religioso, uma
percepção indefinida de fatos que escapam à racionalização, tanto física como
psicológica. Classifica-se, pois, de “mundo espiritual” tudo o que escapa ao
sistema indutivo ou dedutivo.
Cada um dos planos ou universos se caracteriza por faixas vibratórias,
movimentos, cujos limites são perceptíveis. Isso pode ser verificado na
experiência quotidiana de qualquer ser humano. O Homem pode saber qual o
estímulo que ocupa seu campo consciencional, a cada momento, bastando para
isso o senso comum da observação.

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Existem uma dimensão física, uma psicológica e outra espiritual. As três
coexistem simultâneas e ocupam espaços de acordo com seu grau de
vibratilidade. A vibração de cada um determina a organização das partículas
componentes.
Assim, o mundo físico tem uma organização molecular de densidade
variável, mas de limites definidos, caracterizados na estequiometria dos corpos
simples. O mundo psicológico movimenta corpúsculos que se caracterizam na sua
organização pela extremada velocidade. A percepção desses movimentos exige
receptores de alta gama vibratória. Sua ação se traduz pelo som, calor e pela luz
em suas múltiplas manifestações, que escapam aos sentidos comuns, mas cuja
existência é incontestável.
A organização do Mundo Espiritual embora situada em termos
corpusculares é de difícil conceituação, pois sua movimentação escapa
completamente à sensibilidade sensorial. Sua percepção é feita por processos
que, embora verificáveis nos efeitos, são imponderáveis na estrutura e na
mecânica.
O campo consciencional – a sede dessas percepções, é chamado o “eu”,
uma abstração definida, uma quarta dimensão nitidamente separada das outras
três.
“Eu” sinto o meu corpo, percebo a minha psiquê e sou obrigado a admitir a
presença do meu espírito – simultaneamente. Mas sou sempre o “eu”, algo
separado do meu corpo, da minha alma e do meu espírito, pois registro a todos
eles.

4 A Relação Interdimensional
Na continuidade universal, o mais vibrátil de um plano se liga ao menos
vibrátil de outro plano. Forma-se, assim, um campo neutro, uma zona
intermediária que possibilita a homogeneização, a comunicação de um plano para
outro. Podemos fazer uma analogia: uma pedra jogada para o alto ao perder o
impulso, começar a cair. No momento intermediário, quando pára de subir e
começa a cair, ela é regida por força diferente das duas outras a que a fez subir e
a que faz cair.
Existe, pois, uma lei, um regime que governa as relações entre as
diferentes dimensões, algo entre dois planos. Esse algo é um “meio”, ou usando a
expressão latina, um “médium”. Essa é a origem do neologismo brasileiro
“médium”.
Toda ação no Universo é feita por algo intermediário e isso pode ser
facilmente observado pelo senso comum. Quanto mais complexo é o organismo,
maior é sua ação intermediária. O Homem, o ser humano, é um “médium” por
excelência. Ele recebe energias e as transforma adequando-as a cada setor do
universo que o cerca. Ele é mais importante por ser portador de um espírito, um
espírito para cada conjunto psicofísico. Por isso, ele é diferenciado dos outros
seres. Os outros, qualquer que seja sua natureza, são portadores apenas de
corpos e psiquês ou almas, o princípio organizador e mantenedor da vida. A alma
é maior ou menor, segundo a complexidade do organismo que anima. Ela mantém

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vivo, dá a vida, dirige o organismo em suas relações com o meio. Esse meio é
limitado - tem um sentido horizontal; não cria, apenas transforma. Só o espírito
traz uma finalidade, um rumo, um objetivo. Só ele tem um sentido vertical, mais
amplo, ilimitado em relação à natureza. O momento, isto é, o ato de fazer um
contato entre dois campos vibracionais, dois planos, é que estabelece a
individualidade. Ele diferencia o estado intermediário, o campo de encontro,
porque esse “momento” não pertence nem a um nem a outro dos planos que se
encontram.
Esse “ponto morto” de dois campos gravitacionais é semelhante ao
conceito de morte – à passagem de um plano para outro. Talvez, seja a isso que
Jesus se referia quando disse que “é preciso morrer para ter a vida”, isto é, nascer
de novo. Sem a exaustão do percurso de um campo vibratório não se pode
penetrar em outro campo, noutra dimensão.
Esse é o sentido profundo, mas exato, verificável, de fácil percepção das
relações interplanos.

5 Definição de “Médium”
Abordamos o sentido generalizado de "médium": o ser humano como
intermediário – recepção e emissão – de muitas forças.
O espiritismo tradicional, ou mais precisamente, o kardecismo, conceituou o
Médium como o ser humano excepcional, portador de poderes psíquicos que
possibilitam o contato com os chamados espíritos. A conceituação kardecista de
espírito é ampla e abrange muitas categorias. Mas, o sentido desenvolvido na
prática foi o do contato com espíritos que já tenham tido corpos, isto é, já tenham
sido seres humanos. Essa preocupação reduziu a grandiosidade do kardecismo e
o espiritismo arcou como ônus de ser a doutrina dos mortos - o que o kardecismo
não é realmente.
Mais de 100 anos depois, talvez sob a inspiração do próprio Kardec,
verifica-se que não existem poderes psíquicos especiais, mas apenas emissão de
forcas, energias naturais comuns a todos os seres humanos. Vê-se também que
todos os seres humanos usam essas energias, pois, sendo elas naturais e
integrantes do processo biológico normal, ser-lhes-ia impossível deixar de usá-las.
Outro fato tranqüilo é o relacionamento interplanos, o contato entre as
dimensões, a osmose universal. Esse fato só permanece obscuro porque se
convencionou que contato é o que se faz pelos sentidos, convenção essa fácil de
ser derrubada no moderno pensamento científico.
Se admitirmos, pois, a existência de espíritos, seres atômicos, moleculares
cujo “habitat” é outra dimensão vibracional, somos obrigados, por definição, a
admitir a relação desses espíritos com os seres físicos naturalmente.
O contato se faz com mais precisão pelo ser humano por ser este portador
de um ou mais espíritos. Um ou mais, porque, no caso das obsessões, mais de
um espírito habita o mesmo corpo, formando a base das esquizofrenias.
A conscientização do mecanismo desse contato, que é feito à nossa revelia
– é que diferencia o “médium” natural do Médium no sentido espírita da palavra.
O desenvolvimento da técnica de contato conscientemente, permite ao

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Médium ir além do relacionamento com seu próprio espírito e controlar o
fenômeno, também natural, de relações com outros espíritos.
“Médium” é, pois um ser humano normal que utiliza conscientemente suas
faculdades mediúnicas. Mediunismo é o conceito organizado desse processo.

6 Mediunidade e mediunismo
Mediunidade é a faculdade, a maneira como essa energia se manifesta no
ser, seja ele humano ou não. É uma energia que emana do corpo físico e se
conjuga, na sua manifestação, com o mecanismo Psicofísico. Basicamente, ela é
igual em todos os seres, porém, varia em teor, quantidade e forma, de um para
outro. Não existem dois Médiuns iguais, como não existem dois seres humanos
iguais. Mas todos são Médiuns na sua condição de seres humanos.
Mediunismo é o conjunto técnico-doutrinário que estabelece as maneiras de
manipulação da mediunidade. Suas bases repousam nas mais profundas raízes
da Humanidade, uma vez que sempre existiu como parte integrante dela. É um
pouco ciência, arte, religião e bom senso.

7 Mediunismo e Parapsicologia
Charles Richet analisou os fenômenos, considerados paranormais, pelo
método da observação científica, e é considerado o “pai da Parapsicologia”.
Allan Kardec, observando os mesmos fenômenos, classificou-os por
métodos diferentes, e é considerado o “pai do Espiritismo”.
O primeiro reduziu o fenômeno ao âmbito do conjunto psicofísico e ignorou
a presença do fator “espírito”. O segundo considerou o fator espírito e
dimensionou o fenômeno em termos religiosos.
Se os dois métodos de observação, ambos válidos e perfeitamente
aceitáveis, continuassem em paralelo, a Parapsicologia se tornaria Espiritismo e
este se tornaria Parapsicologia. Se ambos caminhassem para um denominador
comum, ambos se tornariam “Mediunismo”.
Assim se apresenta o fenômeno nos dias atuais. A Ciência procura
determinar a existência do espírito no laboratório e o espiritismo procura uma
ciência do espírito. Ambos permanecem ainda inconclusos.
O fenômeno, porém sempre existiu e não depende de métodos ou
conceituações para existir. É, pois um contra-senso querer eliminar um em
benefício do outro. A Parapsicologia é tão válida quanto o Espiritismo e vice-versa.
Se o fenômeno que ambos observam é o mesmo, ele acabará por se evidenciar,
graças exatamente às experiências cada vez mais intensas em torno dele.
Sempre que um parapsicólogo provoca um fenômeno dessa natureza, ele
põe em funcionamento os mesmos mecanismos que um espírita poria. O primeiro
atribuirá os resultados aos poderes ocultos do ser humano; o segundo os
considerará como poder dos espíritos.
Conclui-se daí que as posições assumidas são apenas de conceituação
filosófica, o que absolutamente não afeta o fenômeno. O Mediunismo como
perspectiva ampla irá atenuar essa luta inócua.

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8 A Organização Crística
No seio das inúmeras civilizações, que já existiram neste Planeta, sempre
houve sistemas de relacionamento interplanos. Se observarmos para a medição
do tempo, não importa qual seja o Calendário, verificaremos o registro de cicios
relativamente iguais em períodos diversos. Dentre eles, o mais simples para nossa
observação é o de 2.000 anos. Nesses cicios observa-se certa regularidade nos
acontecimentos que os caracterizam. Talvez quando a História for mais científica
isso possa ser verificado com maior acuidade.
Assim é que vemos o Cristianismo. A vinda de Jesus ao Planeta, não só foi
precedida por uma série de fatos inusitados, mas também seguida por eventos
cuja trajetória pode ser traçada com nitidez.
Tais fatos observados em conjunto nos dão a idéia clara de organicidade e
dinâmica, apesar do seu registro se fazer sempre em relação a outros movimentos
da História.
Se olharmos com isenção podemos detectar claramente a Organização
Crística.
A resistência do Evangelho a todas deformações e as muitas práticas em
nome de Jesus demonstram claramente a existência de um sistema, uma
organização fundamental que resiste a todas as interpretações.
Dentre as muitas coisas sugeridas no Evangelho, emerge com clareza a
organização mediúnica. O apostolado e toda a gama de missionarismo nos dão
idéia clara do sistema intermediário entre o Céu e a Terra. Assim nasceram as
religiões e as idéias do ser neutro nem da Terra nem do Céu, os “pontos mortos
do alto” da lei física.
Hoje, pode-se falar claramente em termos de “plataformas espaciais”, que
são as casas transitórias do espiritismo, mundos organizados como pontos
intermediários entre duas dimensões vibracionais. Se observarmos o Evangelho
sem preconceitos, encontraremos um tratado técnico de mediunismo.
Entretanto, é preciso lembrar que o mediunismo é uma das facetas do
Evangelho e do ser humano. A mediunidade é, apenas, o elemento de ligação
entre as atividades sutis do espírito e a trajetória do Homem na Terra.

9 Mediunismo e Religião
Religião é um conjunto de conceitos que procura estabelecer uma ligação
entre dois pontos desconhecidos – o principio e o fim das coisas.
Por ultrapassar os limites do verificável pelos sentidos, ela estabelece a fé,
a crença, como norma de aceitação. Como esses conceitos variam no tempo e no
espaço, formam-se religiões características em determinados momentos sociais.
Basicamente, consiste numa forma padrão de comportamento que
estimula, além do conjunto psicofísico, o mecanismo espiritual. A prática religiosa
procura despertar as forças latentes dos seres humanos no sentido de “servir a
Deus”, em detrimento da tendência natural de “servir ao Diabo”, Deus e Diabo
representando forças opostas e extremadas. Em todas as religiões, as duas
figuras emergem com nomes e representações as mais variadas.
Como a religião considera o espírito fator fundamental, ela manipula com

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toda naturalidade as forças naturais de ligação, os pontos intermediários – o
Mediunismo.
Concluímos, pois, que a Mediunidade é a força básica e instrumental de
todas as religiões e o principal fator da atitude religiosa. O estudo do mecanismo
das religiões leva-nos a distinguir facilmente as práticas mediúnicas.
A não aceitação desse fator torna a religião motivo de angústia e
sofrimento, quando deveria ser exatamente o contrário. Cada ser humano traz
consigo sua programação própria, sua maneira de servir o destino. Traz também
as forças necessárias, as armas próprias para a ação.
A tentativa de padronização do comportamento produz a angústia. É
desumano viver-se sob o peso do medo, pecando não contra a consciência, mas
contra um conjunto de textos.

10 Mediunismo e Ciência
A Ciência é uma religião às avessas.
No tempo de Pasteur chegava-se a ridicularizar a idéia da existência dos
micróbios. Como conseqüência, matava-se “cientificamente” por falta de assepsia.
O mesmo aconteceu aqui no Brasil com relação à febre amarela. Os jornais da
época estão cheios de “charges” que ridicularizavam Oswaldo Cruz e a vacina.
AlIan Kardec foi o Pasteur do mundo invisível do espírito. Só que o tempo
ainda não foi suficiente para sua valorização universal.
Entretanto, a fenomenologia deste fim de Cicio, irá trazer à luz os
fenômenos espirituais com tal evidência, que a Ciência terá que se voltar para eles
e colocá-los no lugar devido.
Além do processo reencarnatório o Mediunismo evidencia a existência do
ectoplasma e, com base nesses dois fatores, a Ciência ira encontrar elementos
que se coadunem com a atitude científica.
Segundo literatura recente, dão-nos conta de que na Inglaterra, os
cientistas conseguiram registrar um tipo de energia batizado de “fator L”. Em São
Paulo o cientista Hernani de Guimarães Andrade escreveu um ensaio denominado
“Teoria Corpuscular do Espírito”. Em todo o Mundo se estuda o sistema de
fotografia chamado Efeito Kirlian. Poderíamos citar ainda inúmeros exemplos do
interesse da Ciência pelo mundo invisível do espírito. Mas nos preocupa o fato de
tais estudos estarem ainda no nascedouro e, enquanto isso, milhares de seres
humanos estão perdendo sua oportunidade neste planeta,
O Mediunismo com toda sua simplicidade poderá apressar o processo
científico e oficializar os meios de reequilíbrio humano, tanto no campo físico como
psicológico.
Não existe conflito entre a atitude científica e a manipulação mediúnica. Ao
contrário ambos podem se beneficiar se tomarem caminhos convergentes.

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CAPÍTULO II
A VIDA FORA DO MUNDO FÍSICO

1 A Encarnação
“Na casa de meu Pai existem muitas moradas”. A expressão evangélica é o
paradigma de referência para a crença na habitabilidade de outros mundos. Mas,
pouco ou nada sabemos como os espíritos moram nessas paragens, como são
seus corpos ou sua vida social. Admitindo a reencarnação teremos que acreditar
que o espírito vem de algum lugar organizado e no âmbito de um planejamento
encarnatório. A literatura espírita nos traz algumas revelações, as quais,
devidamente escoimadas do formalismo humano, se coadunam perfeitamente aos
objetivos desta doutrina.
Assim, podemos aceitar que o espírito vem de um sono hibernal e que traz
no âmago do seu ser a memória sintética das experiências anteriores. Ele vem
para a Terra a fim de completar o ciclo dessas experiências, retificar erros de sua
trajetória ou retomar alguma tarefa interrompida em encarnação anterior.
Além da razão do espírito vir para a Terra, existem muitas perguntas em
torno das finalidades da existência humana. Cremos, porém, que as respostas
serão sempre aleatórias, pois, se trata de especulação da Mente Divina, fora da
nossa capacidade psicológica.
Mas, se o espírito traz consigo sua memória, de atividades anteriores,
temos que aceitar ser a atual a resultante dessas experiências, desse
condicionamento. O equilíbrio do homem consiste justamente em harmonizar suas
três faixas vibratórias com o mapa desse roteiro. O ser humano só é equilibrado
quando vive em paz consigo mesmo, com os caminhos que escolheu
anteriormente, com a trajetória de seu próprio espírito.
O processo encarnatório é a morte às avessas, a exaustão da vivência em
determinada faixa e o início em outra faixa – o espírito deixa um mundo e penetra
em outro. O sistema gestatório é a forma mais perfeita para essa transferência. As
vibrações sutis que presidem a fecundação e a formação do ser tem justamente
as condições estáticas do “ponto morto” da Física.
O anseio que preside a alma de retorno às origens, a imensa saudade das
condições pré-natais, tem sua origem nesses momentos de “não ser” que vão
desde o ato do amor até o nascimento, quando cessa o “não ser”, não existir, e se
chora por se tornar um ser que passa a existir. É o mistério do amor, da criação.

2 Guias e Mentores
No vasto planejamento sideral, o ser tem sua reentrada no Planeta bem
delineada.
Como acervo, ele traz consigo as conquistas de sua trajetória anterior, de
todos os recantos do Universo onde haja passado.

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Embora seja único, na complexidade do seu vir-a-ser constante, sua
existência é sempre relacionada com outros seres que também fazem suas
trajetórias.
O ser percorre trechos diversos, com seres variados, porém, sempre
ligados entre si no caminho maior. Assim, núcleos, átomos, moléculas, células,
falanges de espíritos afins, em gigantesco concerto, percorrem universos,
formando hierarquias infinitas.
Uns são instrutores de outros, alguns num plano, outros, noutro – alguns
descendo para o vértice involutivo, outros subindo para a meta evolutiva.
Guias e Mentores são os espíritos responsáveis pela etapa terrena de
outros espíritos.
O Mentor é o espírito zelador do programa que o espírito delineou para si
na presente encarnação.
Como o engenheiro, que acompanha a obra em andamento, ele assiste o
espírito na sua personalidade transitória. Obrigado a respeitar o livre arbítrio do
seu tutelado, ele usa de todos os meios possíveis para que ele obedeça à planta
da obra, sem arranhar sua liberdade.
Um espírito pode ser o Mentor de vários espíritos, embora se apresente a
cada um deles com uma “roupagem” diferente.
Guias são os espíritos amigos do encarnado que o ajudam na realização de
sua missão. O Mentor é o responsável pelo destino cármico e pelo êxito de uma
existência.
A vida na Terra é como um curso universitário. O aluno escolhe as
matérias, faz o vestibular, as provas e sai diplomado ou não, conforme tenha sido
bom ou mau aluno. O Mentor equivale ao Reitor e os Guias são como os
professores.
Como na escola a vida terrena é livre e depende do livre arbítrio do
Homem.
No Mediunismo, o Mentor é o espírito que assiste o Médium na sua vida e
com ele trabalha em suas linhas mestras. Os Guias são os espíritos que
trabalham com os Médiuns na execução de suas mediunidades.
Assim como os professores da Terra têm muitos alunos, os Mentores
celestiais também têm muitos tutelados, e os Guias muitos alunos.

3 A Receptividade dos Seres Humanos


O aparelho humano é o mais complexo e sensível receptor e transmissor da
natureza. Outros animais têm alguns sentidos, mais apurados, como o cão ou a
borboleta, porém sempre no rumo de especialização ou finalidade restrita, afeitos
ao plano denso da organização física. Há muitos mistérios no mundo animal,
vegetal e mineral que ainda não foram decifrados pelo Homem. Mas, verifica-se
que as ações são sempre relacionadas com a sobrevivência física do indivíduo e
da espécie. A Ciência nos mostra isso cada vez com maior acuidade e clareza.
As deficiências do Homem são apenas aparentes. Ele não consegue
perceber o som tão bem como o cão, mas sua capacidade seletiva lhe permite
registrar mais que o cão. Verifica-se então que a natureza tomou cuidados

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especiais em preservar a tônica humana, para a gama sensorial estritamente
indispensável para a vivência física. Só assim o Homem pode usar suas energias
em outras formas de sensibilidade. Aldous Huxley, em sua obra “As portas da
percepção”, nos mostra como a função enzimática é redutora dos sentidos.
O hábito de se fechar os olhos para se concentrar em algo especial
evidencia isso com muita propriedade. Procedemos assim, para eliminar os
estímulos visuais do exterior e com isso nos tornamos mais sensíveis aos
estímulos da memória. Para sermos mais receptivos ao nosso mundo psicológico,
diminuímos o máximo a recepção aos processos físicos.
Somos senhores da técnica seletiva e atendemos ao mundo físico ou ao
mundo psicológico, conforme nossos interesses. Este trabalho pretende mostrar o
que fazemos para a recepção às emissões de nosso mundo espiritual e como
melhorar essa técnica seletiva.

4 A Receptividade Mediúnica
Mediunidade é uma forma de energia, partículas em movimento e, portanto,
condutora. Sua vibração supera as do mundo físico e do psicológico. As coisas
que acontecem pelo processo mediúnico são muito mais rápidas que as que
acontecem no físico ou no psíquico. Um homem está vivendo, isto é, digerindo,
movimentando, etc., seu cérebro está pensando e os processos são
interdependentes com certa sintonia. Mas o campo vibratório do seu pensamento
é sempre mais rápido que o de sua vivência física. Ele pensa ou faz de acordo
com seu interesse do momento. Seu campo consciencional está focalizando numa
ou noutra forma de ação (pensar ou fazer são apenas formas de ação).
Enquanto pensamos ou agimos, nosso espírito também age através do
processo mediúnico. Sua ação é semelhante a do mágico, que tira a toalha da
mesa sem entornar os copos e as garrafas.
Decidimos, com base nos processos lógicos, porém, por trás de todas as
decisões está o substrato de nosso espírito que, às vezes, nos leva a caminhos
inesperados.
Cada campo vibratório é pleno de agentes relacionados entre si. Assim é
que fazemos nossos contatos particulares, nosso ambiente. Existe, pois, com toda
naturalidade, um ambiente físico, um psicológico e um espiritual.
Com isso, pode-se colocar tranqüilamente o Mediunismo junto à Fisiologia e
à Psicologia.
Para a Ciência do Homem se tornar mais completa falta apenas admitir o
fator espírito-mediunidade e a psicossomática se tornar espírito-psicossomática
ou, simplificando, Somática.
Há, pois, muita objetividade, muita clareza no relacionamento do Homem
com seu espírito, desde que admitamos como natural a existência autônoma do
espírito. Como conseqüência lógica, teremos que admitir o relacionamento do
Homem com outros espíritos sem alma e sem corpo.
Embora devamos ter certa cautela na classificação, poderemos dizer que
uma pedra, um pedaço de madeira, uma célula ou um cadáver seriam simples
corpos. Um ser humano possui um corpo, uma alma e um espírito. Um espírito

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desencarnado é um ser humano que tem uma alma e um espírito, mas não tem
um corpo físico. Um espírito puro não tem alma nem corpo.

5 O Desencarne
Terminado o curso na escola da Terra, o espírito deixa o corpo e penetra
em outras dimensões. Como bagagem, ele leva consigo sua alma e a conserva
enquanto está a caminho. Para que a alma subsista ao desencarne, ela separa do
corpo físico parte do sistema nervoso, a “estação central”, onde todo o sistema da
personalidade está concentrado.
Enquanto o espírito está ligado à alma, ele é obrigado a permanecer no
campo vibratório de ta e fica sujeito às leis que regem esse plano.
Da mesma forma que a alma se alimenta, no ser vivo, das energias sutis
produzidas pelo corpo, ela continua se alimentando depois do desencarne. Como
não tem um corpo para seu sustento, ela passa a se alimentar de outros corpos e
isso estabelece o relacionamento inevitável entre vivos e mortos.
Isso explica toda uma série de fatos estranhos que acontecem na Terra e
que devem ser examinados com simplicidade se quisermos nos equilibrar em
relação ao todo.
O desencarne é simples e difícil ao mesmo tempo, e exige assistência tanto
no plano espiritual como em nosso plano. Se o paciente é bem ou mal assistido
isso depende da maneira como viveu.
O processo dura cerca de 24 horas, no desencarne considerado “normal”,
isto é, que se dá por moléstia. Depois do “último suspiro”, ou seja – a cessação do
processo metabólico, o espírito deixa o corpo e se coloca pouco acima dele em
posição inversa em relação à cabeça, se o paciente estiver deitado em decúbito
dorsal.
A partir desse momento, começa a absorção do acervo da personalidade
que acaba de morrer. Na medida que o espírito vai recebendo os fluídos e
emanações, ele vai formando um novo corpo e este vai se distanciando do
cadáver. Terminado o processo o novo habitante do mundo invisível se afasta e o
corpo inanimado entra em decomposição.
Nesse mundo, o espírito, com toda a bagagem, entra no estado semelhante
ao indivíduo que acabou de falecer. Ele ainda é considerado um cadáver, até que
o destino tomado lhe dê condição de “vivente” do plano em que se encontra.
Essa é uma idéia generalizada sobre o desencarne. É preciso, porém, não
esquecer que cada ser humano tem sua própria maneira de morrer, assim como
teve de viver.
Nesse processo, o sistema nervoso desempenha um papel importante.
Como um “esquema de memória”, ele representa a base material onde se agrega
o acervo recebido. Isso explica certas moléstias cármicas, que têm origem na
existência anterior.
Se o desencarne se der por outros meios que não a moléstia, digamos,
num desastre, o mecanismo é mais ou menos o mesmo. A diferença é que o
desencarne se processa antes do ato traumático. A pessoa que dirige um carro

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que irá chocar-se dali a alguns instantes (ou mesmo horas), já tem o seu
desencarne feito.
Livre do envoltório físico, o espírito é encaminhado a um lugar do espaço
que, em nossa Corrente, é chamado de “Pedra Branca”. Nesse lugar dimensional
ele fica entregue a si mesmo durante certo tempo, o equivalente a sete dias da
Terra. Ali ele chora, maldiz, rejubila-se, alegra-se ou se entristece, na medida em
que vai tomando conhecimento do que lhe aconteceu. Seu despertar é o momento
solene do exame de consciência sem as distorções do mundo sensorial e
dinâmico.
Após esse período, em se tratando de uma criatura comum, o Mentor o
apanha na saída, e o traz para a superfície, em busca do fluído necessário, para a
viagem ao destino merecido.
Esse é o momento crítico do recém-desencarnado.
Se cumpriu seu destino e exauriu seu carma, ele abandona o plano físico e
é levado para uma estação intermediária do etéreo, conforme a falange ou família
espiritual a que pertence. Nessas casas transitórias, ele se prepara para voltar ao
Planeta de origem, onde estava antes de vir à Terra.
Devido às condições difíceis desse período, o espírito é chamado de
“sofredor”. Esse estado pode durar apenas alguns dias ou séculos. Isso depende
somente dele. Se o Mentor não consegue encaminhá-lo logo após a volta da
“Pedra Branca” ele o deixa entregue ao próprio destino, pois terminou sua missão
junto àquele espírito. Este se torna assim um espírito errante, que vai aos poucos
perdendo a identidade, atraído por outros espíritos nas mesmas condições, nas
macumbas e ambientes semelhantes.
Há, pois, duas maneiras básicas de um espírito cumprir seu destino na
Terra. A normal é a luta como ser vivo, com suas tramas, conflitos, reajustes,
vitórias e derrotas, até a exaustão de todos os compromissos. A outra é a da fuga,
do suicídio lento e ausência do aproveitamento das oportunidades evolutivas. Isso
leva ao parasitismo e a dependência do meio ambiente, que resulta no
desencarne com dívidas ainda por saldar.
Nessas condições, o desencarnado é obrigado a permanecer na Terra e se
torna um sofredor. Mas a misericórdia divina, ainda assim, lhe dá novas
oportunidades, pois, ninguém é abandonado neste Mundo de Deus.
Com os fluídos emanados do plexo solar dos Médiuns de Incorporação e
com a doutrina fluídica dos Médiuns Doutrinadores, ele consegue sua redenção,
completa sua trajetória e vai se preparar para novas encarnações.

5 Espíritos Sofredores
Sofredor é, portanto, o espírito desencarnado, que permanece no plano da
Terra, nos submundos que circundam a superfície. Chama-se também espírito
errante, alma do outro mundo e outros nomes que as superstições e as crendices
os denominam. Sua situação é análoga a de uma pessoa marginalizada, sem
endereço ou emprego fixo.

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No plano em que vive, não existe a luz solar, o som e outras formas
energéticas do plano físico. Aí ele se liga a outros espíritos, nas mesmas
condições, e forma com eles falanges e até legiões.
O tempo de permanência nessa situação varia conforme o destino de cada
um, até a exaustão de seus compromissos ou resgate no sistema Crístico, nas
suas múltiplas manifestações mediúnicas. Ele se alimentadas energias sutis e
fluídicas dos seres humanos, do ectoplasma colhido de plantas, animais, trabalhos
de macumbas e outras fontes desconhecidas dos humanos.
Possui um peso molecular variável com sua densidade. Quando doutrinado
e fluidificado a um ponto ideal, adquire leveza suficiente para ser magneticamente
levado para os postos de socorro espiritual.
Ele se liga ao ser humano pela gradação vibracional e só encontra acesso
quando a vibração do encarnado desce até à sua. Normalmente, sua influência é
neutralizada pelo mecanismo biológico em seu contexto psicofísico. Essa relação
é análoga aos fatores simbiônticos do ser físico: respiramos micróbios e
impurezas e os neutralizamos com nosso mecanismo de defesa. Se esse
mecanismo se enfraquece, ficamos doentes.
Da mesma forma, se nosso padrão vibratório é baixo, nós somos tomados,
“carregados”, “espiritados”, etc. Esse mecanismo determina a posição voluntária
de cada ser humano. Ele é responsável pelo seu padrão, e, por conseqüência, da
companhia em que vive a cada momento de sua vida.
O Evangelho é um manancial de lições a esse respeito, pois encontramos
nele inúmeras citações de problemas de passagem e redenção de sofredores. A
mais notável é aquela em que Jesus dá passagem a uma legião de espíritos
através de uma manada de porcos. Naquele tempo, haviam tantos espíritos
desencarnados, ainda na Terra, que era comum um Homem ser portador de mais
de um espírito, havendo casos em que muitos espíritos habitavam o mesmo
corpo, como no caso acima.
O Sistema Crístico, adequado aos dois mil anos que se sucederiam ao
Nascimento de Jesus, incluiu a organização das casas transitórias e, já no tempo
do Mestre, elas entraram em funcionamento.
De muita flexibilidade e previsto para as mais variadas situações, o Sistema
foi se espalhando pelo Planeta tomando as aparências mais diversas, conforme as
épocas e lugares. Assim nasceram mitos, religiões, doutrinas e práticas
esotéricas, em cujas raízes; se encontra sempre a base do sistema mediúnico.
No Brasil de hoje, o Sistema se chama “sessão espírita”, “trabalho de
sofredores”, “passagem”, “sessão de doutrina”, etc. É preciso que se note,
entretanto, que o mediunismo independe, no seu mecanismo básico, de um
trabalho organizado. Os Socorristas espirituais se aproveitam de qualquer
circunstância humana, principalmente reuniões de pessoas para fazerem a
passagem dos espíritos sob sua responsabilidade. Nesse caso, qualquer ser
humano atua como Médium, mesmo sem o saber.
Mas, o esquema só funciona em sua plenitude quando sob os auspícios do
Evangelho. A “técnica” da passagem é acessível a qualquer um, porém, a moral e
as razões mais profundas somente são do domínio de pessoas evangelizadas. É,

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também natural que, em épocas de transição, como é a nossa, a necessidade de
trabalho seja maior.
Cumpre notar que se torna muito difícil senão impossível, qualquer doutrina
religiosa evoluir sem a preocupação com os sofredores. Esses asfixiam os grupos
pelo simples fato de seus componentes serem humanos e possuírem, gostem ou
não, seus plexos epigástricos.

7 Exus e Obsessores
Exu é um nome muito generalizado, que dá a certos espíritos
desencarnados e que atuam como líderes do plano invisível da Terra. Geralmente,
são seres humanos cultos e inteligentes, que desencarnam sem terem
compreendido e aceito o Cristianismo.
Eles aceitam Deus à sua maneira e manipulam as energias mediúnicas em
consonância com suas próprias maneiras de ser, isto é, sem submissão aos
planos da lei do amor e do perdão. Eles fazem suas próprias leis.
O Doutrinador deve ter certa cautela na utilização da palavra Exu, pois é um
pouco vaga e quer dizer muitas coisas. Um simples sofredor, incorporado num
Médium mal desenvolvido pode parecer um exu.
Na verdade, eles incorporam de preferência nos seus “cavalos”, Médiuns
afinados com suas finalidades, que variam, conforme o tipo de exu e o meio
ambiente onde opera. Seus fins são sempre dirigidos para o enredo normal da
vida humana e falta, na sua “caridade”, a sublimação evangélica.
Eles se agrupam em falanges, como quaisquer outros espíritos e formam
“linhas”, conforme suas especialidades. Certos tipos de exus pertencem a
“escolas” e “universidades” e manipulam tremendas forças invisíveis.
Dessas bases, eles comandam sua ação junto aos seres humanos, sempre
segundo sua maneira de ver e conceituar, como os seres humanos deveriam ser
ou fazer. São eles os inspiradores de doutrinas estranhas, de guerras e
demandas, sempre, porém, pautadas pela não aceitação da Lei do Perdão.
Obsessor é um espírito que mantém um relacionamento direto com um ser
humano encarnado, por afinidade. Esta afinidade em geral é decorrente de um
relacionamento estabelecido quando ambos habitavam o mesmo plano.
“Obsediar” significa perseguir, assediar, manter o cerco. O obsessor é um
espírito que persegue, assedia uni encarnado, para cobrar uma dívida que se
acha credor, num sentimento de ódio ou amor mal interpretado.
A categoria do obsessor varia ao infinito e cada caso deve sei examinado à
parte. O mecanismo da obsessão e sempre o mesmo: troca de energias entre o
obsessor e o obsediado, de forma mais ou menos constante. Um sofredor ou
vários podem passar pela nossa vida sem serem obsessores, pelo simples fato de
não termos relações pessoais com eles.
O obsessor é sempre um “inimigo” pessoal. Um sofredor pode ser afastado
com um simples trabalho mediúnico, às vezes até sem ele. Mas para que haja o
afastamento de um obsessor é necessário que a razão do assédio seja resolvida,
a dívida saldada. Afastamentos feitos sem as devidas cautelas resultam pior do
que a própria obsessão.

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8 Espíritos de Luz
A partir da concentração molecular da matéria densa, podemos conceituar
a vida, no âmbito do mediunismo, em termos de vibração. Nesse sentido, a
matéria sólida, os líquidos, os gases, o som, a luz, etc. são estados vibracionais.
Conforme o tipo do corpo de que o espírito é revestido, ele está sujeito
àquela gama vibratória. Um espírito encarnado age através do corpo físico, um
desencarnado do etérico, do astral ou do mental, de acordo com as vibrações
desses planos. Ao atingir determinado grau evolutivo, sem compromissos nesses
planos, o espírito adquire uma vibratilidade, cujo conceito mais apropriado, em
termos de sentidos humanos, é a luz. Costumamos dizer, então, que o espírito “é
pura luz”. A partir daí, conceituamos os Mentores e Guias, que assistem os
terráqueos, em termos de espíritos de luz.
Espíritos de luz seriam, então, os que já superaram a faixa reencarnatória
em termos pessoais. Quando há encarnações desses espíritos na Terra é,
provavelmente, para o exercício de missões a serviço dos planos Divinos e não
em funções cármicas.
Naturalmente, os conceitos desses espíritos estão fora do alcance humano
e sua ação na Terra deve obedecer a planos incompreensíveis, para nos,
encarnados.
Isso é relativamente fácil de verificar, no contato com esses espíritos,
qualquer que seja a modalidade de comunicação. Em nenhuma hipótese, eles
invadem o campo de nosso livre arbítrio, ou nos levam a alguma decisão que
contrariem nosso destino transcendental. Suas ações são inexoravelmente em
termos de nossa evolução, da abertura para o espírito. Embora respeitem nossos
valores, jamais criticando as coisas de nossas vidas, ou da vida em geral, eles
procuram mostrar o caminho da realização através desses mesmos valores. Eles
respeitam a nossa condição de espíritos encarnados. Castigos, punições, lições
de moral, estão fora completamente das atitudes de um espírito de luz.
Ao contrário, um espírito da Terra, ainda que muito evoluído, pauta sempre
sua ação em termos de aconselhamento, de vida moral, de formas de
comportamento. Eles fazem questão de demonstrar seus poderes ou sua eficácia
e acabam quase sempre se tornando patronos. Os grupos dirigidos por espíritos
da Terra acabam sempre por se preocupar com problemas sociais, dão
demasiada ênfase à caridade material e à correção das injustiças sociais.
Com isso, a vida mediúnica se horizontaliza, se impregna do transformismo
da personalidade. O grupo assim orientado se preocupa com as bases materiais
da obra, com os resultados palpáveis, com estudos e conceituações doutrinárias.
Em resumo, ele se humaniza em vez de se divinizar.
Nesse caso, as ações e a orientação refletem o nível social do grupo. A
justiça praticada pode chegar até mesmo aos termos de punição, vingança e
corrigendas de comportamento.
Nesses grupos o ectoplasma circulante é impregnado dos fluídos do plano
Invisível resultando daí uma divisão de forças, uma homogeneização em termos
diluentes. O mundo invisível não produz energias, mas, ao contrário, se abastece

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de energia no plano físico. É por isso que o Médium desses grupos se cansa,
desanima e desiste.
Ao contrário, quando o grupo mediúnico sintoniza com os espíritos de luz,
ele recebe forcas do outro plano e com isso não gasta suas energias fluídicas ou
nervosas. Um Médium, bem sintonizado com seu Mentor, pode operar horas a fio
e voltar a si em melhores condições físicas e psicológicas do que quando
começou a trabalhar.
Para melhor compreensão dessas afirmações, é preciso se entender a
diferença entre plano invisível e plano espiritual, objeto do capítulo seguinte.

9 Mundo Invisível e Mundo Espiritual


É mais fácil a comprovação da existência de planos vibracionais diferentes,
na experiência pessoal e individualizada de um ser humano. Tomando por base a
experiência individual, podemos esquematizar esses planos, com auxílio das
revelações iniciáticas e um pouco de bom senso.
Sob esse prisma, temos um plano físico, um psicológico, um espiritual, ou
seja: do corpo, da alma e do espírito.
Os grupos iniciáticos fazem a divisão em sete planos que seriam: o físico, o
etérico, o astral, o mental e os três planos crísticos ou búdicos (pai, filho, espírito,
Deus, Verbo e Universo), variando essas' descrições de acordo com cada grupo.
Todos, porém, mantêm o numero sete como base. Mas, para nossa compreensão
do Mediunismo bastam os três planos.
O importante é saber que o mundo invisível não é necessariamente o
mundo espiritual, da mesma forma que o mundo dos micróbios não é o mundo da
alma, embora ambos sejam invisíveis aos nossos olhos.
O mundo invisível, que nos cerca, faz parte da Terra, é molecular e tem,
portanto, uma organização, leis que o regem. Sua forma é tal que ele não ocupa
espaços físicos como um sólido. Uma construção desse mundo pode
tranqüilamente ser feita no mesmo lugar onde haja uma construção sólida. Ele
ocupa os espaços intermoleculares do plano físico e pode coexistir
simultaneamente.
Um corpo físico, sólido, pode ser transformado, na sua organização
molecular, num corpo invisível, ser transportado através de sólidos e reintegrado
em seu estado anterior. O mesmo pode acontecer a um corpo do mundo invisível.
Esse é o fenômeno básico das materializações espíritas. Esse mundo é
intensamente habitado por espíritos que passaram pela Terra e ainda não
retornaram aos planos espirituais. Pertencendo à Terra, eles são obrigados a viver
das energias produzidas nela. Eles manipulam essas energias, não a produzem.
Isso é muito importante e fundamental de se saber. O espírito encarnado, o ser
humano, absorve energias da terra física pelo alimento, respiração etc. O espírito
desencarnado não tem as condições do encarnado que põe em funcionamento os
mecanismos de produção. Não tendo possibilidades de produzir as energias que
precisa, ele as absorve do encarnado. Mas, para que isso aconteça é necessário
que essa energia tenha o teor adequado e isso é feito peia Mediunidade. Num

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certo sentido, é uma vida parasitária em que nada se cria e nem tudo se
transforma.
Há algumas coisas básicas desse mundo que devem ser tomadas em
consideração se quisermos ter uma posição correta em relação a ele.
1 – Não há possibilidade de um espírito nessas condições encarnar, isto é,
nascer na Terra física; a forma que eles “encarnam” é pela obsessão, ou seja,
sintonizam com um encarnado e ocupam parcialmente seu corpo.
2 – O mundo invisível não reflete a luz, o calor e o som do mundo físico.
Como uma das conseqüências, eles não têm noção do tempo, da cronologia da
Terra. Os fatos que alimentam suas mentes são em menor quantidade que os
percebidos por um encarnado. Eles não têm a noção espacial que lhes permita
concepções superiores às concepções humanas.
3 – Eles precisam de nós, mas nós não precisamos deles, a não ser como
instrumentos de nossa evolução, do exercício de nossa mediunidade.
4 – Para nos manter em condições de bons fornecedores, eles procuram
nos induzir a formar correntes mediúnicas, sintonizadas com eles. Com isso, eles
são a maior fonte de ilusões da mente dos encarnados e tudo fazem para nos
apresentar o seu mundo como o mundo espiritual. Uma boa parte dos atuais seres
e máquinas, pretensamente oriundos de outros planetas, vem desse mundo. A
plasticidade molecular do mundo invisível é tal que eles podem fazer aparelhos
que tenham todas as aparências de artefatos imaginados pelos seres humanos,
como interplanetários.
5 – Conforme o ectoplasma que absorvem, eles são capazes de se
materializar no mundo físico e não o fazem com maior constância em face do
enorme dispêndio de ectoplasma que o fenômeno exige.
6 – A principal fonte de enganos dos seres humanos, ao lidar com esses
espíritos, é que eles usam a palavra “Deus”, com muita facilidade. Mas, em raras
hipóteses, eles mencionam Jesus ou o Cristo, a não ser para combatê-los. Isso é
natural, pois, a impossibilidade da concepção de Deus por quem quer que seja na
Terra não impede que se fale em Seu nome. O mesmo não pode ser feito com o
Cristo Jesus.
O mundo espiritual só pode ser entendido e concebido de acordo com a
experiência individual. Mas, dificilmente pode ser descrito ou explicado de maneira
a se formar conceitos. As tentativas nesse sentido são inteiramente
antropomórficas e, portanto, sem validade. Uma delas estabelece a conceituação
de “Céu” para se referir a esse mundo. Essa premissa nasceu das páginas do
Evangelho; porem, é difícil separar-se essa idéia do conceito de um estado íntimo
do ser humano, de serenidade, de paz, etc.
Em nosso livro “2.000 - Conjunção de Dois Planos” há uma série de
revelações, feitas através da Clarividente Neiva, de informações do contato com
seres de um Planeta Matriz da Terra que nos dão uma idéia aproximada do que
seria a vida nos planos espirituais.
Fora das revelações, feitas por espíritos amigos, achamos muito difícil
estabelecer hipóteses ou premissas em torno das condições de vida nos mundos
extraterrestres.

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10 Missão
Todo espírito que encarna na Terra tem um programa a cumprir, mas nem
todos os espíritos têm missão.
Na hierarquia sideral, existem todas as categorias de espíritos e infinitos
graus de evolução. A Terra é uma complexa Universidade, com toda categoria de
alunos. Uns vêm apenas completar o curso, outros vem para um aperfeiçoamento,
outros para fazer um curso completo.
A missão se relaciona diretamente com o tipo de programa que o espírito
tem de cumprir. Se ele se atém somente ao seu âmbito, seus problemas pessoais,
sua faixa é essencialmente cármica. Mas, se além da sua faixa cármica, ele se
compromete a evoluir, cuidar, ajudar outros espíritos, nesse caso ele tem missão a
cumprir.
Quanto maior é a missão, assim é a faixa cármica do espírito. Esse fato
suscita uma questão de magna importância: então porque os missionários sofrem
tanto: Porque Jesus sofreu? E os apóstolos, os seguidores de Jesus, os mártires,
porque são sempre ligados a uma idéia de sofrimento?
A resposta a essa questão reside em dois pontos básicos: a diferença entre
dor e sofrimento, em primeiro lugar; e as diferenças da tônica magnética dos seres
humanos, em termos de corpo, alma e espírito.
A Fisiologia e a Psicologia nos dão uma idéia nítida com referência à dor.
Ela é registrada no sistema nervoso consciente, existindo, portanto uma
consciência da dor. Quando se anestesia um paciente para uma operação, o
medicamento paralisa os nervos receptores da região a ser operada (ou o
conjunto numa anestesia geral), na proporção direta da dor a ser sentida. Esta,
porém, varia de paciente a paciente e o médico procura sempre evitar o excesso
de anestésico. Esse fato pode ser observado com mais simplicidade no dentista.
Ele aplica certa quantidade de anestésico e começa a extração. Se o paciente
reclama, ele aplica mais anestésico. Isso prova maior ou menor sensibilidade à
dor e esse fato é, na maioria das vezes, psicológico. Pessoas existem que
chegam a dispensar o analgésico, embora isso raramente aconteça.
Existe então um estado psicológico de sentir mais ou menos dor, facilmente
comprovável na hipnose médica. Uns sofrem mais e outros sofrem menos com a
mesma dor.
Os missionários têm tantas dores ou mais do que os que não têm missão a
cumprir, porém, sofrem menos. Isso porque seu campo consciencional está mais
ocupado com os objetivos de sua missão, ele não tem tempo para dimensionar
sua dor.
A dor psicológica, a chamada dor moral segue a mesma fisiologia.
Isso se prende ao segundo fator, à tônica predominante no ser encarnado.
Se ele não tem missão a cumprir, sua consciência está sempre ocupada com os
problemas do seu corpo ou da sua alma. Mas se ele tem missão a voz do seu
espírito é mais forte e ele não tem tempo de se ocupar da sua personalidade, do
seu ego. Daí resulta que podemos situar a questão em termos de maior ou menor
egoísmo.

23
Para uma pessoa conservar um corpo atlético, em boa forma muscular
permanente, ela é obrigada a exercícios e cuidados que ocupam boa parte do seu
mecanismo consciente. Sua preocupação com o corpo, assim constante, dá a ele
uma tônica física.
Um intelectual, um erudito, um cientista ou pessoa que dependa do
intelecto para sua trajetória planetária, tem sua consciência predominante no fator
intelectual. O seu campo consciencional é sempre ocupado com os problemas
psicológicos. Sua tônica é a psíquica, sua vida é centralizada na sua alma.
Um missionário, um ser humano cujo espírito se comprometeu a fazer algo
por alguém, vive preocupado em sintonizar seu espírito. Seu campo
consciencional se expande em termos espaciais, em captar as nuances de sua
missão e os percalços da vivência, geralmente contraditória, com as coisas mais
simples da vida. Corpo, alma e espírito, cada um demandando do “eu” a
satisfação de suas necessidades, exigem decisões a cada momento, que são
tomadas conforme a tônica predominante, naquela vida.
O símbolo mais antigo da Humanidade é a cruz e ela exprime com
fidelidade os três estados. A haste inferior é o Homem físico, com todo atavismo, o
suporte material da vida; os braços horizontais representam a alma, os
mecanismos psicológicos, o negativo e o positivo, o branco e o preto, o eterno
dualismo em que se debate a mente concreta; a haste superior representa o
espírito, a antena do transcendente.
Antes da consolidação do ser humano no Planeta, quando o Céu se
confundia com a Terra, talvez nos tempos da Lemúria, a cruz tinha quatro braços
iguais e simétricos. Quem tem olhos para ver...
Missão, pois, é viver em função do espírito e com os olhos no
transcendente. É “amar ao próximo como a si mesmo...”.

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CAPÍTULO III
PREPARAÇÃO DOS MÉDIUNS

1 Fisiologia do Médium
Biologicamente, a base física da Mediunidade é uma energia sutil comum a
todos os seres humanos, verificável também em animais e vegetais.
Ela tem uma correlação íntima com a circulação e o sistema nervoso.
Basicamente, indica uma produção molecular do sangue, ativa no organismo que
se transforma em energia. Flui através dos plexos nervosos e extravasa pelas
aberturas do corpo, inclusive poros. Ao ser registrada como substância foi
denominada por Richet e outros de “Ectoplasma”. Como linguagem comum do
espiritismo é chamada simplesmente de “fluído”.
Esse fluído atua como veículo de ligação entre as três gamas vibratórias do
ser humano, os órgãos, os plexos e os “chacras”. Os chacras equivalem
basicamente aos plexos e são como centros nervosos do corpo invisível também
chamado fluídico e etérico.
Os estímulos Psicofísicos se fazem entre o sistema nervoso vegetativo e o
cérebro-espinhal. Os estímulos espirituais são recebidos através dos chacras e
transmitidos aos plexos que atuam como redistribuidores e vice-versa.
Esse fato tem muitas implicações, mas podemos afirmar que o
desenvolvimento mediúnico é, em última análise, a conscientização, na mente
cerebral, do funcionamento dos chacras e seu controle volitivo.

Conforme o chacra que se comunica, será o tipo de fenômeno mediúnico


que se realiza. Chacras correspondem a plexos e estes a órgãos. As posições
desses órgãos no corpo físico determinam o tipo de mediunidade.
O chacra frontal, p. ex., corresponde ao plexo cardíaco, cavernoso e outros.
Estes energizam o sistema glandular da cabeça, dos olhos, dos ouvidos, do nariz,
etc. As mediunidades que daí resultam são a vidência, a audiência, a olfativação,
etc.

2 O Carma
Carma (ou karma) é palavra sânscrita e bramânica que significa “atos
praticados em outras encarnações, que produziram certos efeitos na encarnação
atual”.
Pelo aspecto espiritual, tem a mediunidade uma relação direta com a faixa
cármica dos seres humanos. Como conseqüência, pela manifestação medânica
pode se determinar, em linhas gerais, o carma de um indivíduo em extensão e
profundidade. Essa correlação, porém, só é verificável na especificação da
exteriorização mediúnica.
Logo, a mediunidade é uma arma individual que o ser traz consigo ao
nascer, que lhe servirá para a defesa nos momentos difíceis de sua vida. Da
eficácia da mediunidade é que depende o sucesso ou insucesso de uma

25
existência. Há, por conseguinte, uma relação intima entre o carma, a
personalidade e a mediunidade.

3 O Espírito e a Mediunidade
O espírito ao reeencarnar traz consigo um programa de ressarcimento e de
retificação que deverá realizar através da personalidade que terá na Terra.
Traz, ainda, sua missão como individualidade, ou seja, como ser
transcendental que irá contribuir para o progresso humano. Na realização dessa
missão, a mediunidade é sublimada e se espiritualiza.
Há, pois, dois aspectos da mediunidade: o cármico, em que ela atua como
fator de equilíbrio dos conflitos da personalidade; e o espiritual, em que ela é a
manifestação da obra do espírito.
Dizemos, então, que na mediunidade do espírito, ou seja, o espírito agindo
na qualidade de intermediário da ação Crística na Terra, como um missionário, e
um colaborador da obra divina.
E difícil, mas não impossível, distinguir-se as duas formas de mediunidade.
A observação desse fato é feita na prática do mediunismo quando se acompanha
a evolução do Médium. No princípio ele manifesta transes angustiados nos quais
mal se distinguem as presenças da Terra ou do Céu. Passado algum tempo, na
proporção em que a faixa cármica vai se extinguindo, os transes vão se tornando
mais suaves, mais nítidos e positivos. A partir daí, os fenômenos que ele se torna
portador vão revelando a sua missão, se espiritualizam.
Isso mostra que a mediunidade cármica tende a ser transitória e se
identifica com a personalidade. Com o revelar da missão o espírito começa a
predominar e a personalidade se retrai. Enquanto esta sofre, morre um pouco
todos os dias, o espírito desperta, torna-se marcante e executa sua parcela do
planejamento sideral.

4 Tipos de Mediunidade
Por ser comum a todos os seres e ter sua manifestação individualizada,
pode se dizer que existem tantas mediunidades quantos são os seres.
Nessa visão ampla, a mediunidade existe e funciona em todos à revelia de
qualquer prática doutrinária ou religiosa.
No âmbito doutrinário, o fenômeno pode ser relativamente delimitado.
Teremos assim “tipos” de mediunidade, formas mais comuns de
exteriorização que podem ser classificadas segundo um critério espírita. Mas é
preciso notar que o espiritismo popular tem confundido a mediunidade com o
fenômeno da incorporação, que é apenas uma das manifestações do fenômeno.
Nesse caso mediunidade e incorporação seriam a mesma coisa.
Por ser mais prático, no desenvolvimento inicial da mediunidade, a Corrente
Indiana do Espaço estabeleceu, no Templo do Amanhecer, duas mediunidades
básicas: incorporação e doutrina.
Assim, são chamados Médiuns de Incorporação aqueles que recebem a
influência dos espíritos, sejam de luz ou não, diretamente no seu corpo, na região
do plexo solar; chamam-se Médiuns Doutrinadores os que recebem essa

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influência na região da cabeça. No primeiro caso, o Médium perde parte da sua
consciência e no segundo, ao contrario, ele se torna mais alerta.
Objetivamente: sempre que um Médium, ao manifestar, cerceia ou tem
cerceado algum dos sentidos biopsicológicos normais, ele é de incorporação;
quando se manifesta, sem prejuízo de nenhum desses sentidos, ele é de doutrina.

5 O Médium Doutrinador
É o Médium cujo ectoplasma se acumula na parte superior do corpo, do
peito para cima, predominando na cabeça. Quando ele se mediuniza, isto é,
estabelece sintonia entre seu sistema psicológico e seus chacras, seus sentidos
se ativam acima do normal. Como conseqüência imediata sua percepção fica mais
apurada, mais alerta. Com a tônica circulatória, predominando na cabeça, os
órgãos inferiores diminuem a atividade, principalmente na área do sistema
neurovegetativo.
A partir daí, ele começa a emitir uma onda fluídica com a parte superior do
corpo, principalmente pela boca e narinas.
Essa onda estabelece um canal fluídico entre os plexos superiores e os
chacras correspondentes. Seu sistema psicológico passa a receber as influências
dos chacras, que por sua vez são ativados pelo plano vibratório do mundo
espiritual. O Doutrinador se torna então receptivo aos espíritos de sua sintonia.
Essas emanações são filtradas pelo sistema cerebral e o Doutrinador
“emite” sua doutrina, isto é, fala, pensa, escreve, cura, consola e executa sua
tarefa mediúnica.
Esse é o sentido amplo da “doutrina”. Ela não é apenas um conjunto de
palavras bem articuladas e com boa construção literária. Também não é simples
pensamento bem elaborado, representando idéias precisas. É, essencialmente,
emissão de energia positiva que tanto pode se manifestar por palavras como pela
aplicação das mãos, pelo olhar e até pelo simples pensamento dirigido.
Essa realidade do Doutrinador tem algumas implicações que não podem
passar desapercebidas:
1º - O fenômeno existe e funciona, mesmo que o doutrinador nato não
saiba disso;
2º - A emissão fluídica tanto pode ser positiva como negativa, na
dependência do campo de sintonia do doutrinador. Nos estados de ira, de cólera,
de angústia, de medo ou de ansiedade a polarização das forças é essencialmente
dos plexos nervosos. Nesse caso, os chacras “se fecham“ e a pessoa entra em
“curto-circuito”, que pode produzir resultados funestos. O sangue que aflui ao
cérebro se carrega de partículas tóxicas e produz descargas em todo o organismo.
O Médium Doutrinador não desenvolvido é um candidato natural às apoplexias,
enfartes e derrames.
Pelas razões expostas acima, o Doutrinador é o Médium por excelência, o
intermediário entre os planos e o responsável pelo fenômeno mediúnico. Sem a
presença de seu ectoplasma é difícil a realização do processo, no qual ele atua
como catalisador.

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A manifestação de sua mediunidade é feita através de sua “psique” normal
e esse fato inspira confiança, em virtude da plena responsabilidade em quaisquer
circunstâncias. O Doutrinador não sente arrepios, perdas de consciência, nem tem
descontroles emocionais, comuns em outros Médiuns.
O desconhecimento desse tipo de mediunidade leva a considerar o
Doutrinador como um ser humano que não tivesse mediunidade, atitude essa que
tem tirado a oportunidade de realização a muitos.
Por outro lado, a tentativa de desenvolvimento da mediunidade, de um
doutrinador nato, pelos plexos inferiores leva a complicações de conseqüências
imprevisíveis.
A memória transcendental estabelece para o ser humano o momento para
cada etapa fundamental de sua trajetória. O exercício da mediunidade tem um
tempo certo para começar. Quando essa cronologia não é observada a natureza
põe em funcionamento os sinais de alarme. Estes aumentam de intensidade na
proporção em que não são atendidos.
Nesse ponto, torna-se necessário lembrar ao leitor que o exercício da
mediunidade não é feito apenas no Espiritismo. Se assim fosse o mundo seria
habitado somente por desequilibrados. Mas, por outro lado, apenas a vida comum,
o mundo da personalidade transitória, não satisfaz às demandas mediúnicas. Isso
explica, 'em parte, a busca eterna de realização religiosa, política ou idealista. O
ser humano sempre precisa de algo além da sua simples sobrevivência. O
Mediunismo se apresenta atualmente como a solução mais objetiva.
O Doutrinador potencial quando se apresenta ao grupo mediúnico
demonstra, em geral, ter a vida desequilibrada e dominado pela angústia, pela
descrença, agressividade ou passividade excessiva.
Fisicamente, queixa-se ele dores de cabeça, distúrbios digestivos e
incômodos cardíacos. De modo geral esses incômodos já foram objetos de
cuidados médicos e desanimaram o clínico pela falta de causas definidas.
Submete-se então o paciente a um trabalho mediúnico, em que haja
absorção do ectoplasma excedente no organismo. A melhora quase instantânea é
a melhor prova de que estamos na presença de um Doutrinador.
Depois dessa experiência, se ele aceitar a idéia de trabalhar
espiritualmente, deve ser submetido ao exercício de sua mediunidade, a começar
pelos processos físicos. Durante um período mínimo de três meses, ele deve
trabalhar uma ou duas vezes por semana, doutrinando espíritos incorporados,
ministrando passes magnéticos e conversando com pacientes que procuram o
tratamento espiritual.
Por tendência natural, o Doutrinador tem interesse na cultura intelectual.
Tenha escolaridade ou não, ele absorve sempre os aspectos intelectivos do meio
em que vive.
Sua apresentação, pois, é cheia de justificativas, explicações e
demonstrações de conhecimentos. No seu arrazoado, predomina a análise com
tendências ao cerebralismo. Nisso ele revela certo bloqueio à recepção espiritual.
O racionalismo excessivo impede o contato com o transcendente.

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A alimentação do intelecto, nesse caso, é somente horizontal, isto é, nutrida
apenas pelas idéias elaboradas por outros, remodeladas num transformismo
contínuo que nada cria. É uma psiquê saturada.
Paralelamente, à desassimilação ectoplasmática, o Médium deve ser
submetido a uma confortável desassimilação intelectual. Durante algum tempo, ele
deve abster-se de leituras, experiências e pesquisas mais sérias, isso irá aguçar
sua curiosidade, mas descançará sua mente. Esta, sem o bombardeio das
informações formais, começará a sintonizar as antenas com o mundo chácrico e,
mais além, com o mundo espiritual.
Nesse período, ele deve receber apenas as informações essenciais à
técnica da mediunização, um sutil fenômeno da natureza, mas de fácil alcance. Na
vida comum, ele pode ser verificado nos momentos dramáticos, quando os
acontecimentos superam o senso comum e o ser humano apela automaticamente
para o transcendente.
O Mediunismo provê a mediunização por meio de chaves, “mantras” e o
ritual em geral. Em última análise, é um problema de disponibilidade de
ectoplasma e de focalização da consciência.
Sem dúvida, o sucesso de um Doutrinador depende de sua capacidade de
mediunizar-se. Pela sua própria natureza, ele é um impaciente e tudo que
acontece em torno o incomoda. Tem tendência para dar ordens e organizar as
coisas.Gosta de falar, mas não de ouvir, provocando com isso reações
desfavoráveis à sua atividade.
No estado normal, sob o domínio da personalidade, ele manifesta seu
temperamento, sua cultura e seus preconceitos, nem sempre agradando.
Ao mediunizar-se, porém, ele entra em sintonia com seu espírito, portador
de experiência milenar e o plano em que se acha. Seus Guias encontram acesso
à sua psiquê e, através dela, trazem suas vibrações benéficas ao ambiente, no
verdadeiro exercício da mediunidade.
Como vimos até aqui, a mediunidade de doutrina revela as maiores
possibilidades do ser humano, podendo sem medo se atribuir a ela as grandes
conquistas da Humanidade.
Se pensarmos em termos da iluminação intelectual, mediante o processo
mediúnico, chegaremos à conclusão que a revelação mística não é antagônica ao
processo científico e tem sido a base da evolução humana. Com essa reflexão
simples, colocaremos as religiões no lugar que lhes compete e partiremos mais
tranqüilos ao encontro de nosso futuro.
Qualquer ser humano, por modesto que seja em seu mecanismo intelectual,
pode ser o portador da experiência transcendente. Basta para isso que se
disponha a servir o seu próximo nas normas evangélicas e conheça as técnicas do
Mediunismo.

6 O Médium de Incorporação
É o Médium cuja tônica ectoplasmática é maior no plexo solar, na região
umbilical. Esse plexo nervoso é a maior concentração de nervos do corpo
humano, um intrincado cruzamento com ligações por todo o organismo. Pertence

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ao sistema autônomo, também chamado neurovegetativo, ou seja, que faz
funcionar os órgãos sem a vontade, sem que se tenha consciência disso. Assim
funciona a maioria dos órgãos internos e parcialmente outros órgãos.
O ectoplasma, ativando o plexo solar acima da tônica normal, produz toda
uma série de fenômenos que resultam na chamada incorporação. Tais fenômenos
são opostos aos da mediunidade de doutrina.
O sangue afluindo com maior pressão nessa região empobrece a irrigação
cerebral e, com isso, amortece os principais sentidos. A força do plexo solar é
transmitida aos plexos vizinhos, proporcionando um espectro amplo de ligação
com os chacras.
A emissão fluídica resultante reflete o processo nervoso da região,
relativamente alheia ao processo psicológico. Nela entra muito menos a vontade
do Médium do que na emissão do Doutrinador.
Isso esclarece a questão da incorporação. Tanto no Doutrinador como no
Incorporador, o fenômeno básico é o mesmo, ou seja, a presença de energia
ectoplasmática e a ligação com os chacras. A diferença existe apenas na
exteriorização, na manifestação do fenômeno.
Se o Médium recebe a influência na cabeça, ele age pelo processo
psicológico; se essa influência se faz no meio do corpo, ele age pelo processo
fisiológico.
A partir desse fenômeno, podemos classificar as mediunidades com o
relativo isolamento de cada uma. Mas, não podemos esquecer que o que
acontece numa parte do corpo reflete automaticamente em todo o corpo. Se
acendermos uma lâmpada num aposento de uma casa é muito difícil que os
outros compartimentos permaneçam completamente escuros.
Por estar mais próxima das funções básicas do corpo físico, a mediunidade
de incorporação é de assimilação mais imediata, sendo por isso do domínio de
maior número de pessoas.
Por outro lado, ela abrange uma faixa mais ampla de manifestações, que
vão desde a simples incorporação de espíritos sofredores até as mais complexas
formas de comunicação espiritual. Talvez pelo teor emocional, a incorporação é
mais freqüente no Médium feminino. Já o Médium Doutrinador se inclina para o
racionalismo, sendo esse o provável motivo de se encontrar maior número de
doutrinadores entre os homens.
A incorporação tem um sentido mais horizontal que a doutrina, pois esta se
expande em sentido espacial.
Por essa razão, o desenvolvimento do Médium de Incorporação obedece a
um esquema diferente do doutrinador.
Quando chega ao Mediunismo, o Incorporador nato apresenta incômodos
na parte inferior do corpo, principalmente no aparelho digestivo, rins, bexiga e
outros órgãos energizados pelo plexo solar e circunvizinhos.
É muito comum também apresentarem incômodos da coluna.
Como conseqüência direta desses males, ele sofre cronicamente de dores
de cabeça, tonturas e sintomas semelhantes.

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Psicologicamente, os sintomas são de fobias, alucinações,
insegurança, irritabilidade, emotividade exagerada e até histeria.
A primeira medida no seu desenvolvimento é fazê-lo sintonizar o seu
Mentor. (No Capítulo II, Item 2, explicamos qual o papel do Mentor). Ele é a
garantia do equilíbrio do Médium.
Convida-se o candidato a se concentrar de olhos fechados, de pé, e a
respirar profundamente. Mediante a aplicação das mãos, da cabeça para baixo,
sem o tocar, o doutrinador magnetiza o aparelho.
Esse trabalho deve ser acompanhado de leve hipnose, através de palavras
repetidas. Pede-se ao Médium que imagine seu Mentor e vai se sugerindo sua
presença, mediante chaves próprias.
Na maioria dos casos, o Médium incorpora na segunda ou terceira
tentativas. Se ele apresentar sintomas de angústia, deverá ser submetido a uma
enfermagem, na mesa mediúnica, e voltar ao processo.
Assim que o Médium se habituar a incorporar o seu Mentor, sempre que for
solicitado e na presença de um Doutrinador, ele deve ser encaminhado à mesa e
ali incorporar sofredores, assistido pelos doutrinadores.

7 Funções Mediúnicas
Conforme seu tipo básico de manifestação mediúnica – incorporação ou
doutrina – cada médium inclina-se a uma função, de acordo com suas
possibilidades, personalidade, cultura e dedicação ao trabalho.
Há coisas que só podem ser feitas por um Doutrinador e outras mais
adequadas ao Incorporador. Outras, ainda, podem ser feitas por ambos.
Um aspecto importante do trabalho mediúnico é ser ele essencialmente
coletivo. No mínimo ele deve ser executado por dois Médiuns, um de doutrina e
outro de incorporação. Principalmente, a incorporação nunca deve ser feita sem a
presença de um Doutrinador devido à perda parcial de consciência do
incorporador.
O Doutrinador jamais incorpora e nunca perde a consciência no trabalho
mediúnico. Inclina-se com isso aos trabalhos em que é necessário tomar decisões,
interpretar situações e manipular as forcas mentais.
São funções próprias do Doutrinador:
1º - Apreender, interpretar e conceituar a Doutrina praticada pelo seu grupo
mediúnico, bem como a missão a ele confiada;
2º - Organizar, administrar e desenvolver os Médiuns;
3º - Abrir e fechar os trabalhos;
4º - Assistir e controlar todo e qualquer trabalho de incorporação;
5º - Interpretar as situações dos Médiuns quando incorporados. Se for o
Mentor ou Guia, atendê-lo respeitosamente. Se for sofredor doutriná-lo e fazer sua
entrega aos planos espirituais;
6º - Ministrar passes magnéticos de equilíbrio aos Médiuns de
incorporação, sempre que estes terminam uma incorporação; estes passes podem
ser ministrados a qualquer pessoa e mesmo a outro Doutrinador, quando revelar
desequilíbrio;

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7º - Controlar com sua mente qualquer situação anormal de pessoas ou
grupos, mantendo sempre seu equilíbrio pessoal. O Doutrinador, que conhece seu
potencial mediúnico, pode controlar um ambiente sem externar qualquer gesto.
O Doutrinador deve evitar o desenvolvimento de outras mediunidades,
embora as tenha em potencial. Em casos específicos, que justifiquem outros
desenvolvimentos, ele deve ater-se apenas a mediunidades dos plexos e chacras
superiores como psicografia (automática e semi-automática), vidência (com todas
as restrições que essa mediunidade suscita), olfação, audição. Mas sempre que
um Doutrinador desenvolver alguma dessas mediunidades, ele deve ser mantido
sob observação dos companheiros, pois essas funções podem prejudicar a
acuidade do seu julgamento e sua objetividade.
No sentido oposto, o Médium de Incorporação nunca trabalha sem
incorporar, isto é, sem a perda parcial de sua consciência. Nestas condições, ele
tem duas funções básicas: a incorporação de espíritos de Luz, Mentores ou Guias
e a incorporação de espíritos que ainda não alcançaram os planos espirituais, ou
sejam, sofredores.
O Mentor incorpora para o equilíbrio do Médium, mantendo seu aparelho
nas melhores condições possíveis. Os Guias incorporam para o exercício de
funções específicas. Um Guia incorpora quando o Médium é chamado a fazer uma
cura de doença física; outro vem para uma comunicação, outro para um trabalho
de passes, etc. Às vezes eles se alternam nas funções e outras o próprio Mentor
atua como Guia.
Com essa visão, poderemos classificar as funções do Incorporador:
1º - passagem de sofredores;
2º - cura de doenças;
3º - comunicações;
4º - passes;
5º - desobsessão;
6º - psicografia automática;
7º - materialização.
Há ainda duas funções específicas que devem ser confiadas apenas aos
Médiuns de Incorporação: o transporte e o desdobramento, este último podendo
ser desenvolvido com fonia.

8 Evangelização
O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo é o mais completo manual da
vida. Nele qualquer espírito em trânsito na Terra poderá encontrar todas as
condições para o melhor aproveitamento de sua estadia no Planeta.
Mas, é preciso que se distinga com muita clareza o Evangelho escrito, isto
é, os livros que contêm a Doutrina de Jesus, escritos por outros, transcritos,
copiados, interpretados, escoimados, escamoteados e traduzidos, e o Evangelho
Vivo, isto é, a orientação Crística que é ministrada a todos os seres humanos da
Terra e que não depende exclusivamente da transmissão pelos sentidos, seja ela
falada ou escrita.

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O Evangelho Vivo é uma Luz potencial que reside, faz parte intrínseca do
organismo de todos os espíritos, que habitam o Sistema Solar e, talvez, de outros
sistemas.
Na conceituação iniciática, os seres humanos, isto é, os espíritos
encarnados na Terra, possuem essa luz sob a forma de uma partícula atômica, o
Átomo Crístico. O Mestre Jesus teve e tem em si toda a força Crística. É, pois, a
emanação de Jesus que desperta no ser humano a partícula Crística.
Esta se expande e impregna o ser da sua intimidade para fora,
traduzindo-se em conceitos, atos, atitudes e maneira de viver.
Para cada quadrante do Universo, o estímulo de Jesus age de forma
dinâmica e adequada e absolutamente não depende dos textos escritos. Por
miríades de formas, em todas as línguas e em todos os gestos, a Mensagem de
Jesus “fala” diretamente ao íntimo dos seres humanos. Sua linguagem está escrita
na vida de cada dia, nos seres humanos que cercam outros seres humanos, no
viver de cada momento. Talvez, seja até mais fácil encontrar uma pessoa, que
viva com intensidade os ensinamentos de Jesus, entre os que nunca tiveram
oportunidade de ler um texto do Evangelho, do que entre eruditos.
Embora esse fato não invalide todas as formas de pregações, doutrinas e
religiões, é preciso lembrar que todas se transmitem pelos sentidos, se destinam à
personalidade, à parte transitória do ser humano. Mas a personalidade é, apenas,
o instrumento, através do qual o espírito realiza um curso, uma experiência. Os
ensinamentos de Jesus não se destinam somente a ela, mas ao espírito que
habita nela.
É importante que se vejam as duas coisas separadamente, para que se
possa entender o fenômeno. O melhor campo para se percebê-lo é o mediúnico.
Toda vez que praticamos alguma ação fora da rotina de nossa vida, um
gesto de generosidade ou uma atitude caridosa, automaticamente nos lembramos
de Deus, de religião, da bondade, da moral, etc...
Da mesma forma, cada vez que fazemos um gesto negativo, entramos em
debate íntimo no qual entram as justificativas, o medo, a angústia, etc. Sempre,
porém, nossa elaboração mental fica ligada a um aspecto mais transcendente da
vida, sintonizamos com nosso espírito.
O próprio fato de nos interessarmos e procurarmos exercer alguma função
mediúnica já nos liga a esse mundo transcendental.
Nesse processo, nos ligamos a alguma coisa fora do circuito de nossas
experiências, do nosso quotidiano e percebemos com mais clareza a imagem de
nossa personalidade, contrastando com a imagem de nosso espírito.
A partir do momento que começamos nossa mediunização, a partícula
Crística encontra acesso em nossa mente e seus raios começam a impregnar os
nossos atos. Assim, apreendemos, por um processo natural, o Evangelho. A partir
daí, sobem à nossa consciência os fragmentos do aprendizado que tenhamos tido
em termos de religião, cultura religiosa, crendices, superstições, rituais, etc.,
seguidos da inspiração espiritual profunda.

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É por isso que, em condições anormais, de acontecimentos,
involuntariamente nós soltamos exclamações como “Deus do Céu!”, “Mãe do
Céu!”, “Virgem!”, ou, então, tomamos uma aparência reverente, solene.
E, por estarmos no limiar do Terceiro Milênio, não falta, qualquer que seja
nossa ambientação, a manifestação Evangélica, a palavra do Mestre Jesus, em
forma verbal ou escrita, para formalizar nosso aprendizado.
Concluímos, pois, que a evangelização no Mediunismo se faz,
objetivamente, adequada a cada grau evolutivo e estado em que o ser humano se
apresenta para o exercício de sua missão, de sua tarefa no Planeta.

9 A Aculturação do Médium
A palavra “cultura” tem dois sentidos, um geral e outro particular. De modo
geral cultura é o aprendizado que uma pessoa faz no seu meio ambiente, sua
maneira de viver. De modo particular a cultura é o aprendizado de um conjunto de
idéias específicas, como por exemplo, cultura física, cultura filosófica, etc. Nesse
sentido existe, portanto, uma “cultura espírita”, ou seja, o conjunto de idéias,
normas, técnicas e práticas que regem Espiritismo.
Essa cultura, entretanto, é complexa e variável conforme a época, o lugar e
o grupo. O que há de mais aproximado para uma “cultura espírita” é a obra de
Allan Kardec e seus divulgadores. A Codificação Kardecista é ampla e preenche
perfeitamente a mais exigente necessidade de aculturação espírita.
Mas, a própria evolução do Espiritismo e a tendência natural para o
sectarismo nos leva ao conceito de Mediunismo, totalmente abrangente, pois se
refere a coisas básicas do ser humano, portanto, livre de qualquer injunção. O
Médium no sentido popular é uma figura humana de dons excepcionais. O
Médium no conceito do Mediunismo é um ser humano comum, ou seja: todos os
seres humanos são Médiuns.
Para uma aculturação Kardecista é necessário, de modo geral, haver
um mínimo de escolaridade, pelo menos saber ler. E muito difícil conceber-se um
grupo mediúnico Kardecista sem a leitura. Já na Umbanda, a transmissão
doutrinária é predominantemente oral, formando com isso uma cultura mais
particularizada. Ambas, naturalmente, são reflexos de grupos sociais e obedecem
às leis sociológicas. Como grupos, eles têm, logicamente, certo exclusivismo que,
em termos doutrinários, significa sectarismo.
No conceito amplo de Mediunismo, podemos citar ainda os grupos mais
fechados, embora tais grupos não aceitem a mediunidade como aconselhável. O
problema aí entra em termos de “cultura intelectual”, o que o torna mais exclusivo,
etc. Falemos, portanto, em termos de “aculturação mediúnica” que irá tornar o
problema bem mais simples.
Mediunidade, sendo algo natural, inerente ao ser humano, tem,
logicamente, meios naturais de aprendizado. Decorre, daí, que a aculturação
mediúnica é apenas aculturação geral, quer dizer, as coisas do Mediunismo fazem
parte do quotidiano, como correr, vestir, estudar, etc., coisas que tanto podem ser
feitas por pessoas cultas como incultas.

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Cabe aqui um parêntesis: a experiência da Humanidade em termos de
aculturações específicas em massa têm sido sempre desastrosa. Basta para isso
que se olhe o calendário das guerras e das lutas sociais para se ter uma idéia.
A oportunidade só existe para todos se a cada um for dado o que pode
absorver e não uma cultura padrão, geralmente mal assimilada.
Duas coisas são fundamentais no desenvolvimento do Médium: a técnica
da mediunização e o conhecimento sensato da vida fora da matéria.

10 As Correntes
Corrente mediúnica é o conjunto de espíritos empenhados numa tarefa
específica, uma missão comum que os identifica.
Parte desses espíritos estão situados nas esferas superiores e outros estão
encarnados. Como conjuntos, eles se reúnem em falanges, quer dizer, se afinam
em grupos de sete espíritos, formando hierarquias, cujo número é sempre um
múltiplo de sete.
Cada corrente é conhecida, na Terra, pelo tipo de trabalho que executa
através dos Médiuns a ela filiados. Para que haja a filiação é necessário que o
Médium se afine, isto é, que sua sintonia se ajuste ao padrão vibratório do grupo.
A atração do Médium, para um tipo de corrente determinada, se faz por
laços cujas raízes são anteriores à presente encarnação. Quando esses laços não
existem o Médium dificilmente se ajusta ao trabalho.
Não é, pois o exame objetivo, segundo critérios humanos, que determina a
junção. Todos os grupos são bons para aqueles que se afinam com eles. Não há
grupos melhores ou piores, mas apenas grupos. A crítica aos conjuntos, sejam
doutrinários ou religiosos ou a idéia que um tem a verdade e outro não,
absolutamente não procede em termos do transcendente. A verdade está no ser
humano, no íntimo do seu espírito e é inexprimível por um conjunto dogmático ou
mesmo doutrinário.
Talvez, se falarmos da verdade, em termos de realidade, possamos dizer
que um grupo doutrinário, ou melhor, uma doutrina, corresponde em determinado
momento a realidades do conjunto humano e se adaptem melhor as necessidades
do momento.
É assim que as correntes fazem sentido. Exemplifiquemos:
Em dado momento de nossa época, certos espíritos dos planos superiores,
preocuparam-se com os rumos tomados nos processos de cura na Terra, em
termos do Mediunismo. As superstições medravam mais do que as ervas usadas
nas curas, afastando cada vez mais a medicina científica das possibilidades
mediúnicas.
Com essa preocupação, eles foram ao Cristo e pediram permissão de
concertar essa situação na Terra. Essa falange era composta de espíritos, cuja
maioria já havia sido encarnada na Europa, principalmente na Alemanha, e
haviam exercido a Medicina.
Recebida a autorização eles começaram a incorporar em Médiuns de
efeitos físicos e fazer curas, predominando no Brasil. A partir daí, começaram a
aparecer curadores tipo Zé Arigó e outros. Formou-se então uma corrente cuja

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evolução vem sendo notável. Do sensacionalismo das curas, feito talvez com a
idéia de despertar atenção, a mediunidade de cura está ingressando num quadro
mais harmônico de entrosamento com a Medicina da Terra. Isso explica também o
porquê dos espíritos curadores se apresentarem como “Dr. Fritz”, diminutivo de
Francisco, em alemão. Simples problema didático visando capitalizar o prestígio
dos médicos alemães. Assim, temos correntes especializadas em todos os ramos
da vida na Terra, de cura, de desobsessão, de vida intelectual, científica, etc.

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CAPÍTULO IV
A CURA ESPIRITUAL

1 Origem das Doenças


Doença é um estado de anormalidade física ou psíquica. A ciência que trata
das doenças é a Patologia. Um dos ramos da patologia chama-se Etiologia ou
“ciência das causas”. A etiologia considera a origem das doenças nos agentes
biológicos, nas profissões, na insalubridade e outros fatores desconhecidos.
Fora da ciência, na observação comum, qualquer pessoa pode perceber,
que os estados psicológicos também produzem doenças. Por sua vez, as
alterações psicológicas tanto podem ter sua origem num fato expresso
concientizado, como num fato inconsciente ou subliminar.
O inconsciente é o mundo desconhecido do ser humano, o vasto repositório
dos mistérios da vida. A ciência médica ou a psiquiatria não têm condições, ainda,
de explicar esses mistérios. Enquanto isso não acontece, teremos que aceitar o
pragmatismo mediúnico.
Para o Mediunismo, todas as doenças têm sua origem no plano invisível, na
dimensão envolvente do plano físico. O espírito não tem doenças mas pode ser o
portador delas. Ao reencarnar, ele traz, na sua “memória”, o esquema de outras
encarnações e se liga, pelos corpos invisíveis, aos deficits energéticos de sua
“cota” e procura fazer o ressarcimento.
Vista por esse prisma, a doença tem um sentido educativo, faz parte do
mecanismo cármico e é coerente com a posição atual do Planeta.
A neogenética é uma ciência relativamente nova, que estuda os problemas
dos genes. Estes corpúsculos se situam no íntimo das células e determinam as
características dos indivíduos, suas doenças, enfim, a vida física de uma pessoa.
Uma das coisas que intriga os geneticistas é o fato que uma célula,
possuidora de um geri causador de uma determinada lesão, ou doença de um
organismo, ficar dormente durante muitos anos, e só entrar em atividade num
tempo certo, como um ator que só entra no palco no momento de representar a
sua parte.
Isso dá a entender que o organismo tem uma programação, um esquema
no qual cada coisa acontece na hora determinada. Mas, assim como o fato
genético pode ser modificado, por razões do próprio organismo ou por
interferências externas, assim são as vidas das pessoas nos outros planos.
Existe uma gênese do corpo, uma da alma e uma do espírito.
Mas existe também o livre arbítrio.
Um espírito programa uma encarnação em função do seu débito para com
a Terra. Para que ele salde esse débito, é preciso que emita energias, se coloque
em posição de produtividade espiritual. É necessário que sua força se evidencie
no plano da Terra e com isso outros espíritos, talvez seus próprios credores, se
beneficiem dessas forças. Ele escolhe, então, uma vida em que a dor anule, até
certo ponto, a tônica da alma e do corpo para que se evidencie a do espírito.

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Ele programa um corpo e para ele certas doenças. Para isso são feitas
miríades de combinações, impossíveis de serem entendidas ou concebidas em
nossa mente humana. Os genes são manipulados, a partir dos pais ou, talvez, dos
avós. Não esqueçamos que o tempo do plano espiritual não é o mesmo que o
nosso. Não esqueçamos, também, que os espíritos programam suas encarnações
em funções de outros espíritos e que famílias inteiras se relacionam por acordo
mútuo “muito antes” do encontro.
Chegado o momento propício, a doença aparece ou não, na dependência
da maneira que esse espírito tenha vivido até esse ponto. Mesmo encarnado, o
espírito sabe o que programou. Mas sua alma, sua psique, apenas pressente. O
corpo nada sabe: é apenas o executivo, a base material. A luta se passa no “eu”,
no campo consciencional, entre a alma e o espírito. Uma boa alma pode pagar o
débito energético de um espírito, sem precisar da dor. Mas, isso só pode
acontecer no ser humano adulto, quando a alma tem capacidade de decisão.
Disso, podemos tirar inúmeras conclusões. Por exemplo, a doença de uma
criança causa mais dor aos pais que a ela mesma. Os adultos têm mais
consciência da dor que as crianças. A morte de uma criança em nada afeta seu
espírito, mas atinge muito o espírito dos pais.
O ser humano, enquanto não se torna adulto, não tem vida mediúnica da
mesma forma que não tem autonomia sócio-econômica. Deduz-se daí que o
aspecto cármico das doenças, embora tenha nas crianças um instrumento, se
refere mais aos adultos. Só eles têm seu livre arbítrio em condições de viver uma
dor ou evitar essa dor pelo trabalho espiritual.
O trabalho mediúnico, qualquer que seja sua modalidade, no âmbito
doutrinário ou não, pode evitar uma doença, nos adultos ou nas crianças da sua
dependência. Isso tanto pode acontecer antes ou depois de a doença se
manifestar. Portanto, as doenças cármicas são as programadas.
Mas, não existem apenas doenças cármicas. Os desatinos, tanto no plano
físico como no psíquico, causam, talvez, mais doenças que os carmas. Também a
doença pode ser apenas um fato correlato com o carma de uma pessoa. Há
miríades de possibilidades de um ser humano apanhar doenças apenas como
decorrência de outros fatores cármicos, como, por exemplo, viver numa região
insalubre ou trabalhar em condições que provoquem doenças.
Deve-se por conseguinte, distinguir os fatos que são parte integrante da
natureza, em que o fator cármico é natural, sendo a Terra um Planeta de
retificação dos espíritos, e os destinos particulares de cada espírito.
Conclui-se que cada caso deve ser examinado de por si não se podendo
estabelecer generalizações em torno das doenças. A mesma terapêutica aplicada
em indivíduos diferentes produz resultados diferentes.

2 Diagnose Mediúnica
A medicina, antes de se tornar uma ciência, era um culto. Antes da ciência
de Hipócrates existia o culto de Esculápio. Antes da existência do hospital havia o
templo. A patologia tem 2.500 anos, o culto do espírito se perde nos cálculos de
tempo.

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Natural pois, que no revisionismo atual se procure novas luzes para ciência
(ou arte?) de curar. O mediunismo é uma dessas luzes.
Entre os enigmas da medicina, o maior, é, talvez, o da diagnose. E o
grande problema da diagnose é a interpretação correta das causas. É difícil,
senão impossível, interpretar-se corretamente uma situação em que não temos
todos os dados do problema.
Vimos no capítulo anterior que além das origens conceituadas na medicina
existem outras fontes onde se poderá buscar as causas das doenças. As fontes
porém são inacessíveis ao médico convencional, preso à ortodoxia científica.
Entretanto são inúmeros os relatos de médicos que localizaram a causa de
distúrbios em certos pacientes, de forma completamente alheia aos métodos
habituais. Muitas estórias desse tipo são contadas de médicos de zonas rurais,
habitualmente enfrentando toda sorte de problemas humanos e contando com
menos recursos que os médicos de cidades.
Mesmo com os recursos da patologia atual, ainda é o médico que faz o
diagnóstico e isso depende mais da sua personalidade que dos aparelhos que o
cercam. Partindo desse ponto, podemos apontar os caminhos em que a
mediunidade pode ajudar o médico.
O primeiro deles é a semelhança entre o processo mediúnico e o
computador com seu sistema de memórias.
A diagnose médica atual joga com dois tipos de incertezas: o estado
psicofísico, do diagnosticador e a sintomatologia do diagnosticado.
No primeiro caso a experiência pessoal do médico aflora ao seu campo
consciencional conforme seu estado no momento da diagnose; no segundo, o
doente manifesta os sintomas conforme seus momentos psicofísicos.
Essa variação não existe no indivíduo mediunizado, ou melhor, existem
apenas duas variáveis: o indivíduo está sintonizado numa faixa horizontal ou numa
vertical. Ele está bem ou mal assistido mas distingue com facilidade as duas
coisas. Para que esse processo possa ser entendido é apenas necessário que se
admita as origens dos estímulos, que são do campo físico, psíquico ou espiritual.
Lembremo-nos apenas que “mediunizar-se”, isto é, colocar-se em estado
receptivo às emanações vibratórias de campos de forças diferentes, não é
privilégio exclusivo de alguns. Qualquer ser humano pode fazê-lo, principalmente
o médico. Percebida a causa fundamental do incômodo do paciente o problema se
resume na interpretação correta dos dados fornecidos.

3 Distúrbios Mediúnicos
O mecanismo de produção, emissão e absorção ectoplasmática é tão
simples e natural como do alimento físico. Existe um metabolismo do plano físico,
do psicológico e do espiritual, um influindo sobre o outro.
Em cada ser existe um estado ideei de equilíbrio dinâmico a cada momento
da sua vida. Fora desse “ótimo” é que se apresentam os distúrbios, resultantes da
atividade celular descompassada.
A produção da energia mediúnica é involuntária, relacionada com a corrente
sanguínea e o sistema neurovegetativo. Se essa energia encontra meios de

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aproveitamento, no relacionamento mediúnico favorável à pessoa, ela é normal e
saudável. Se ao contrário, não existirem meios de escoamento, o acúmulo de
fluido magnético provoca um tipo de pressão nos plexos nervosos, tornando-os
hipersensíveis.
Essa sensibilização provoca sintomas de anormalidade nos órgãos de
influência desses plexos e, na medida da persistência do fenômeno, se
transformam em distúrbios físicos.
O fenômeno provoca também certa descompensação energética, uma
perda constante de energia vital. Até certo ponto esse quadro é normal, manifesto
em pequenos incômodos aos quais não damos importância. Tomamos um
comprimido ou um remédio caseiro e continuamos cumprindo nossas obrigações.
Chega o dia porém, que esses incômodos se tornam mais agudos e tratamos de
procurar o médico.
Este intervém mediante a análise dos sintomas e a visão do quadro geral
apresentado pelo próprio paciente. Em hipótese alguma os fatores aqui
mencionados entram na cogitação do médico ou do paciente.
Naturalmente na medida em que os incômodos aumentam vai se tornando
evidente o dano celular e o paciente entra nas classificações tradicionais do
equacionamento clínico. O problema começa para o leigo em mediunismo, seja
ele o médico ou o paciente, quando as intervenções clínicas consagradas pela
experiência não produzem o resultado esperado.
Se tomarmos em conta o problema que representa para a sociedade atual a
oferta de serviços médicos em face da procura seria de bom alvitre a medicina
volver os olhos para esse fator.
A manipulação mediúnica pode resolver em questão de minutos certos
problemas médicos que de outra forma representariam muito dispêndio e
sofrimento.
O problema é conjugar as duas visões, a psicoespiritual e a física e
empregar a terapêutica certa.
Na psiquiatria isso se torna mais fácil. As anormalidades da psiquê
oferecem maior campo de observação dos fatores mediúnicos. Os distúrbios da
mente são atribuídos a fatores generalizados, dificilmente especificados na feitura
de um diagnóstico. Tanto neste como na terapêutica, o clínico está envolvido nas
dificuldades da definição das causas.
A mediunidade pode aliviar muito essa situação, pois se a pressão
mediúnica tem a propriedade de alterar as condições orgânicas do ser humano,
ela altera com muito mais facilidade as condições psíquicas.

4 Licantropia - Câncer
A licantropia é a capacidade do espírito desencarnado de moldar seu corpo
etérico conforme as deformações de sua mente. Essa palavra deriva da lenda
universal do “lobisomem”, o homem que se transforma em lobo.
Traumatizado pelo ódio ele vai se deformando e concentrando a ponto de
ficar com o tamanho aproximado de uma cabeça de macaco, onde predominam os
olhos grandes e com os braços e pernas atrofiados e colados ao corpo.

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Na corrente indiana do espaço esses espíritos se chamam “elítrios”.
na fixação de seu ódio ele permanece, nos planos invisíveis,
aguardando a oportunidade de vingança e assim pode ficar até milênios. Chegado
o momento do reajuste, do acerto de contas com o espírito que o levou a essa
condição, ele vem para o plano físico e começa a exercer sua ação deletéria. Na
maioria das vezes “nasce” com o espírito de quem vai cobrar a dívida. Enquanto o
recém nascido vai se formando como ser humano ele permanece incubado,
dormente. Assim que as condições físicas do paciente se apresentam favoráveis
ele começa a absorver as energias vitais.
Cada caso aparece com características próprias da situação em que a
dívida se formou. Esse mecanismo é obscuro e de difícil penetração. Sua
presença é verificada, no trabalho mediúnico, nos casos de doenças rebeldes a
tratamentos médicos, principalmente as consideradas incuráveis.
A doença causada pelos elítrios pode estar situada em qualquer parte do
corpo. Também pode ser verificada a presença de mais de um elítrio no mesmo
paciente.
A forma sutil de sua atuação faz com que os sintomas sejam imperceptíveis
a princípio. O elítrio vai firmando seus tentáculos e quando chega o momento
começa a sucção. A partir daí os sintomas são alarmantes e o paciente é levado
ao médico já sem recursos.
A aderência de um elítrio tanto pode ser em termos musculares como em
centros nervosos e medulares. Sua ação entretanto se faz sentir em todo o
organismo, pois absorve as energias sutis do paciente.
O câncer, em algumas modalidades que se apresenta, tem essas
características. Muitas doenças consideradas curáveis pela medicina não são
resolvidas quando o paciente tem elítrios. Só o mediunismo pode detectá-los e
atingi-los. Falaremos disso no capítulo dedicado à cura espiritual.

5 Cura Médica e Cura Espiritual


A Organização Mundial da Saúde considera doente o cidadão que
apresenta desequilíbrio num dos três aspectos: físico, mental ou social.
O Mediunismo considera, além desses três, o fator transcendental. Para ele
o paciente é um ser reencarnado, isto é, que já existia antes do nascimento,
continuará existindo depois da morte e mantém contínua relação com as outras
dimensões.
Portanto, a ausência da saúde pode ter sua origem no corpo, na mente, nas
condições sociais e nos fatores transcendentais. A missão do Mediunismo é cuidar
apenas do fator transcendente, embora os problemas resultantes se manifestem
no plano físico, mental ou social, isto é, distúrbios de ordem física, mental ou
social podem ter sua origem no plano espiritual.
A medicina está perfeitamente aparelhada para sua missão de curar e
compete ao Mediunismo apenas fazer a enfermagem espiritual. O trabalho
mediúnico deve encaminhar aos médicos os pacientes livres dos elítrios e das
pressões ectoplasmáticas.

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Mas, para que os dois processos funcionem em sintonia se torna
necessário a admissão, no conceito médico, da existência desses fatores
invisíveis da doença. A ciência médica e a ciência espiritual se completam
perfeitamente.
É preciso que se saiba com toda clareza que a cura de um paciente,
qualquer que seja sua moléstia, está relacionada com seu destino transcendente.
Tanto a morte prematura como a vida de saúde precária são, às vezes, condições
que o espírito estabeleceu para sua própria evolução. Casos Como esses é que
dão motivos de desânimo aos facultativos, pois são rebeldes às mais severas
intervenções. São os pacientes que inconscientemente não querem ser curados.
Alias, a atividade médica, se olhada sem distorções românticas, é a luta perene
contra o suicídio. O ser humano considerado normal “suicida-se” todos os dias um
pouco na insensatez da vida moderna.
Só o mediunismo tem condições de erguer uma pessoa da sua miséria
intima e incutir-lhe a vontade de viver. O despertamento dos fatores
transcendentais explica o Mundo e mostra ao Homem qual sua posição nele.

6 Mediunidade de Efeitos Físicos


Certas pessoas emitem um ectoplasma que tem a propriedade de intervir
na matéria física, exterior ao seu corpo. Com esse fluido uma pessoa ou um
espírito pode materializar ou desmaterializar, mudar padrões vibratórios ou
magnéticos, transportar objetos, produzir ruídos, etc.
O fenômeno é muito amplo e vem sendo estudado na época moderna
desde o Século XIX e apresentado como a base da comunicação com os
espíritos. Na verdade ele é muito mais amplo e a prova disso está justamente na
cura espiritual, cuja base é a desmaterialização.
A maioria das doenças consideradas incuráveis é produzida por elítrios.
Estes são espíritos concentrados a tal ponto que interferem na matéria física.
Quando o paciente portador de elítrios é submetido ao trabalho mediúnico o elítrio
recebe a aplicação de fluido do Médium de efeitos físicos. Esse ectoplasma
produz o alargamento dos espaços intermoleculares do elítrio, fazendo com que
ele cresça, se torne menos sólido, perca sua concentração.
Mediante sucessivas aplicações ele chega a atingir a estatura normal de um
ser humano. Nesse ponto ele está tão leve e sutil que não tem possibilidade de
aderência, podendo então ser encaminhado ao seu plano.

7 Médiuns Curadores
Com base no que verificamos até aqui, a respeito de doenças e doentes, a
cura não se faz apenas na desmaterialização dos elítrios ou outros fatores da
doença. Nela entra em jogo a verificação dos antecedentes espirituais do
paciente, o quadro clínico, os diagnósticos, tratamentos, internamentos, idade, etc.
De acordo com o quadro obtido no contato com o doente ou seus
acompanhantes é que irá se processar a eventual cura. Para cada um desses
aspectos é usada uma função mediúnica diferente e se chega a conclusão de que
todas as mediunidades se aplicam à cura.

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Se quisermos porém, considerar a cura apenas quanto aos sintomas
patológicos, o curador por excelência é o Médium de efeitos físicos. É preciso
considerar porém que o ectoplasma de efeitos físicos não é exclusivo de um único
tipo de Médium, ou. seja, não existe um Médium cuja função mediúnica seja
unicamente a de efeitos físicos. Qualquer Médium pode ter esse fluido, embora
nem todos os Médiuns o tenham.
Poderíamos então caracterizar o Médium curador como aquele que se
dedica a essa missão especificamente, e seja portador do fluido necessário. O
afastamento dessa realidade leva a superstições e conceitos que prejudicam mais
do que ajudam a Humanidade tão carente de um Mediunismo sadio.

8 Cirurgia Invisível
A cura mediúnica ou cura espiritual é feita exclusivamente através do corpo
sutil do paciente. Não há, portanto, necessidade alguma de contato físico entre os
Médiuns curadores e o doente. Não é o Médium que faz a cura mas os espíritos
que a fazem por intermédio do Médium. Para maior facilidade, para que haja
ambiente, concentração de forças mediúnicas e auxílios de ordem psicológica, é
melhor que o paciente esteja próximo aos Médiuns que irão curá-lo. Mas
absolutamente não é necessário que o Médium toque no paciente ou faça
qualquer ato de ordem física. Uma cura mediúnica pode se processar em qualquer
distância física entre os Médiuns; e o paciente, dependendo do tipo de corrente
mediúnica que a pratica.
O significado profundo desse fato é que qualquer imitação dos processos
da Medicina na cura mediúnica é fraude ou ignorância da realidade. Quando isso
acontece é porque os espíritos que estão intervindo na moléstia do paciente são
espíritos da Terra e não espíritos do Céu.
Espíritos da Terra são de pessoas que morreram mas ainda não
alcançaram os planos superiores, estando portanto presos à faixa cármica e
reencarnatória. Seus critérios são prejudicados pelo simples fato de que vivem
num plano intermediário, numa zona de conceitos indefinidos.
Espíritos do Céu são redimidos do carma, são os chamados espíritos de
Luz cuja posição é nítida e definida na Organização Crística, nos critérios
transcendentais.
Há portanto duas formas claras de se encarar o problema de um doente: o
da ciência médica, com base na razão e no bom senso, usando-se a inteligência
humana lastreada nos fatos sensoriais e o da ciência espiritual tomado em
consideração o fato transcendental, o destino mais amplo da criatura humana que
se quer curar.
No primeiro caso a única autoridade é o Médico, o profissional da cura, o
responsável pela saúde humana. No segundo caso a autoridade é o Espírito
Superior que preside os Médiuns que eventualmente irão intervir num caso de
cura.
Espíritos do plano invisível da Terra, por melhor que sejam suas qualidades
ou suas intenções, não têm capacidade de julgamento, nem autoridade para

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interferir num destino humano, pelo simples fato de que eles ainda não definiram
seu próprio destino.
Essa posição é suficiente clara e uma operação só aparece no plano
material, sensorial, com cheiros de éter, assepsias, curativos, incisões, bisturis,
esparadrapos, sangue, tumores em vidros, e etc., por motivos humanos de uma
suposta origem espiritual.
Os espíritos superiores absolutamente não precisam dessa parafernália
para efetuar uma cura, quando é justa no destino transcendente do paciente.
Também não fazem dispêndio de energias em atos físicos para os quais existem
seres humanos preparados e treinados, os médicos. Esses exercem uma
profissão das mais nobres e respeitadas no Plano Espiritual, tanto que todo
médico recebe proteção espiritual, qualquer que seja sua posição doutrinária.

9 A Medicina e o Mediunismo
A principal finalidade da Medicina é preservara vida humana na Terra. A
principal finalidade do Mediunismo é preservar o destino de um espírito em tráfego
encarnatório na Terra. A medicina se preocupa com o destino transitório de uma
encarnação do corpo físico que um espírito está usando para o seu programa
atual. O Mediunismo se preocupa com a conservação do corpo físico em função
das finalidades do espírito que o utiliza.
Ambas as ciências têm sua razão de ser e suas finalidades bem definidas.
Uma trata do plano psicofísico e a outra trata do plano espiritual. Remédios se
usam para o corpo e são problemas de química e de fisiologia. Um espírito
receitar um remédio é o mesmo que um médico querer recartilhar um carma. Um
espírito fazer um diagnóstico clínico é o mesmo que um médico querer definir a
posição de um espírito. Se o paciente precisa de um diagnóstico ele vai ao médico
e o seu Mentor junto com o Mentor do médico inspiram a este o quadro certo. Se o
diagnóstico não for certo, provavelmente será porque o espírito daquele paciente
não quer que ele seja curado ou porque não convém que ele seja curado. Não se
pode generalizar esse assunto, pela simples razão que cada ser humano
apresenta um problema único e original. Não esqueçamos porém que todos os
seres humanos são objeto da misericórdia divina.

10 As Doenças do Futuro
No Universo em expansão, a Terra sofre periodicamente transformações
impossíveis de serem previstas e registradas pelo pro cesso científico.
Tais processos se manifestam em termos de cicios que são imperceptíveis
no começo e mais sensíveis no fim. Tomando-se por base os cicios de 2.000
anos, definidos em termos astronômicos, pode-se registrar modificações biofísicas
palpáveis.
Mas o fenômeno não se traduz apenas em termos geológicos, mas também
de uma ecologia ampla. Por exemplo, as viagens espaciais de artefatos, sejam
tripulados ou não, terão que trazer alguma modificação à Terra, pois apenas parte
dos fenômenos envolvidos são previsíveis e conhecidos. Por outro lado, quantos

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fenômenos de ordem psicológica, social ou econômica essas viagens já
produziram?
O assunto é aparentemente vago uma vez que não existe uma
autoconsciência coletiva e seja, talvez, objeto de cuidados secretos dos cientistas.
Por enquanto o que existe de público são as profecias antigas e novas, do mundo
espiritual.
Nessas profecias são previstas alterações na intimidade biológica e dentre
elas novas doenças que irão se manifestar nos próximos 10 ou 20 anos. A única
razão de registro desse fato neste manual é que o princípio dessas doenças está
justamente no aumento em termos de profundidade e extensão do fenômeno
“elitriano”.
Seria então de bom alvitre que a ciência começasse a volver os olhos para
o fenômeno mediúnico, única forma em que poderia registrar os fatos estranhos à
lógica científica. Assim, talvez possibilitasse a formação dos “técnicos” que iriam
enfrentar o problema de saúde quando sair fora da lógica atual.

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CAPÍTULO V
AS OBSESSÕES

1 O Fenômeno
Diz-se que uma pessoa é obsediada quando tem uma idéia fixa, ama ou
odeia descontroladamente alguém ou algo e é assediada por essa idéia, pessoa
ou coisa. Isso na linguagem comum é uma obsessão, um defeito da
personalidade, uma anormalidade de comportamento. Caracterizadas no
indivíduo, sob a forma de vícios, hábitos estranhos, marginalização social,
revoltas, etc., são resultantes do conflito natural da gama vibratória psicofísica, e,
até certo ponto, faz parte da vida normal.
Ao ser registrado no âmbito do Mediunismo o fenômeno adquire outra
dimensão, primeiro pela admissão do paciente da existência de fatos estranhos na
sua vida e segundo porque o diagnóstico abrange os fatores transcendentais da
anormalidade.
O mediunismo situa sempre o problema em termos de presença de
espíritos e a maior ou menor influência no fenômeno obsessivo. Mas considera
obsessão somente quando o indivíduo perde a liberdade, total ou parcial, para
outro espírito.
Entretanto, para se compreender o fenômeno em toda sua extensão é
preciso que se tenha em mente o processo reencarnatório.
O espírito, ao encarnar, ocupa um corpo submisso às leis físicas. Nesse
corpo atuam todas as leis naturais, do mineral, do vegetal e da química do
carbono. Este por sua vez é comandado pela alma, que obedece às leis
Psicossociais que regem o meio onde vive.
O espírito é regido por leis de outra dimensão, de aspecto transcendente.
Ao encarnar ele subordina-se às leis que regem o organismo que ocupa e visa
com isso obter determinado fim. Esse objetivo é inteiramente particular da mesma
forma que o organismo ocupado é inteiramente seu, de sua escolha.
Temos assim, uma certa dualidade, o corpo e a psique compromissados
corri seu ambiente e o espírito com suas obrigações transcendentais. A luta entre
os dois, personalidade e espírito, cada qual procurando atender as demandas de
seu ambiente, forma a eterna dualidade que se reproduz em todos os Homens. A
personalidade repugna toda interferência e para isso dispõe do seu mecanismo de
defesa. O espírito, a fim de atender os compromissos anteriores, liga-se e permite
que outros espíritos interfiram na vida da pessoa. Para o espírito o corpo tem
apenas uma utilidade transitória, - o período necessário para atingir os fins a que
ele se propõe, é apenas um meio, um veículo. O corpo pode se desagregar e
acabará por desaparecer. O espírito permanece neste ou em outros planos.
Essa ligação e a subordinação a leis mais amplas é que explica o
mecanismo da obsessão. Pelo seu caráter negativo ela é o reflexo das lutas entre
espíritos, cuja arena é o plano físico. Não é, portanto, um fenômeno exclusivo dos
encarnados, mas é principalmente dos espíritos.

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Nessa perspectiva ampla a obsessão é uni fenômeno próprio da vida neste
Planeta, onde o espírito encontra condições de equacionar seus problemas,
criados nele em tempos diferentes, em encarnações diversas.
A personalidade, regida por leis relativamente estáveis, procura a
tranqüilidade, a satisfação de suas necessidades básicas e o melhor
aproveitamento do ambiente. O espírito, regido por leis mais dinâmicas, com outro
conceito de tempo, procura o conflito, o ajuste de contas e a cobrança ou
pagamento de seus débitos. '
A ligação de um espírito com outro, qualquer que seja sua natureza, produz
alterações no meio psicofísico, na forma de ação da personalidade. Quando essas
ligações são de caráter negativo produzem-se as obsessões.
A interferência pode ser de ordem intelectual, no plano da mente física, no
sistema nervoso ativo, como pode ser de ordem física, no sistema vegetativo,
como é o caso das doenças licantrópicas.
Existem, pois, mais obsessões do que se considera habitualmente como tal,
por se notar esse fenômeno apenas quando se manifesta em termos de
convulsões, manifestações de loucura ou ações criminosas.

2 Obsessão por Desencarnado


É a obsessão mais comum. O espírito encarna e traz programada uma
série de reajustes com outros espíritos desencarnados. A maioria desses
reajustes se fazem na vida quotidiana do indivíduo, nas mil e uma maneiras que a
vida diária proporciona. Os espíritos cobradores se aproximam da área invisível da
pessoa e provocam situações embaraçosas.
Com isso provocam a dor e esta libera as energias que eles se acham
credores. Satisfeitos e vingados eles se afastam. Assim são nossos
aborrecimentos e nossos desastres quotidianos. Sempre tem alguém se
aproveitando de nossas amarguras e se libertando de nosso espírito.
Essa energia sutil, da qual os espíritos são ávidos é produzida de duas
maneiras básicas: pela dor ou pelo trabalho espiritual, considerando trabalho
espiritual toda atitude humana condizente com os princípios Crísticos. A forma
mais lucrativa de trabalho espiritual é a mediúnica.
A obsessão começa a existir quando as condições de cobrança são
desequilibradas. Ou o espírito cobrado não tem dor o suficiente intensa para
satisfazer o cobrador vingativo ou não consegue outra forma da produção da
energia necessária para satisfazê-lo.
Nesse caso o obsessor toma conta da personalidade, na proporção em que
consegue romper suas resistências e a pessoa entra em desequilíbrio. Esse
fenômeno pode durar' de alguns minutos a uma existência. Até certo ponto de sua
duração a intervenção é possível no mecanismo da Lei do Perdão e do Amor
Crístico. Ultrapassado esse ponto o indivíduo se torna um esquizofrênico ou um
louco total e acaba por desencarnar nessas condições. O que se passa depois
está fora do domínio humano.
É importante saber que o ajuste de uma situação obsessiva não consiste
apenas em afastar o obsessor. A intervenção indevida apenas transfere o

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problema para situações futuras, provavelmente piores. É necessário dar ao
obsediado condições de pagamento de suas dívidas e proporcionar com isso a
libertação de ambos, obsediado e obsessor.

3 Obsessão por Falanges


Falanges são agrupamentos de espíritos afins, geralmente em número de
sete ou seus múltiplos. Todos os espíritos pertencem a alguma falange. Como nos
grupos sociais a constituição de uma falange pode se dar por um motivo único e
transitório, como por razoes mais duradouras e transcendentes.
A obsessão por uma falange se dá quando esses espíritos efetuam uma
cobrança de algo que lhes foi feito coletivamente por um único indivíduo.
Natural mente as energias necessárias, para atendimento desse tipo de
cobrança são muito maiores. O obsediado por uma falange geralmente é,
enquanto dura o assédio, um anormal psicofísico. Pode acontecer de o obsediado
produzir, na sua atividade humana normal, mais energias que um indivíduo
comum. Para que se caracterize essa obsessão é necessário que o obsediado
tenha poderes energéticos ou sociais que de alguma forma atendam os interesses
da falange.
Mesmo assim o problema se apresenta semelhante, tanto na obsessão de
uma personalidade atuante na vida social,como de um ser humano comum, sem
expressão.
Mas é necessário não se deixar enganar pelas aparências. Um pobre
alcoólatra que perambula pelas estradas, assediado por uma falange em busca do
magnético animal pesado, apresenta, muitas vezes, um quadro de reajustes
semelhante ao de um político ou cientista, bem colocado na vida social, que
atende obsessivamente a espíritos de gabarito.

4 Obsessão Licantrópíca
É tipicamente a presença dos elítrios, espíritos condensados no ódio, já
descritos no capítulo das curas espirituais. Geralmente o elítrio já vem na
bagagem do espírito quando encarna.
Um espírito leva muito tempo para se tornar um elítrio. Só algo terrível, em
termos de crueldade humana pode provocar essa situação. O espírito desencarna
sob torturas físicas ou morais e seu ódio se concentra numa ou mais pessoas
que.causaram sua desdita. Uma vez no plano invisível, sem a alimentação
relacional que poderia fazê-lo esquecer, ele vai deformando seu corpo etérico,
num processe inverso do feto humano.
Todo espírito ao desencarnar leva consigo sua alma e a reveste de um
novo corpo no plano invisível. No princípio esse corpo é semelhante ao que deixou
no plano físico. Ele tem as mesmas características, os mesmos hábitos, usa as
mesmas roupas, os mesmos óculos, etc. Esse corpo e esses hábitos vão, a partir
do desencarne, se modificando de acordo com rumos que o espírito toma, com a
síntese mental que forma da existência que acaba de deixar. Se essa síntese é o
ódio caracterizado num agrupamento de fatos, ele se torna um elítrio.

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Atingida essa condição ele permanece hibernando até que chegue o
momento de retomar o caminho. Isso pode durar anos, séculos ou milênios,
contados em termos da Terra.
Assim que o espírito ofensor atinge o grau de evolução suficiente, às vezes
através de várias encarnações, para ter condições de suportar a cobrança, ele
programa a encarnação em que vai pagar a dívida para com os elítrios que ajudou
a formar.
O espírito geralmente encarna, no ventre materno, quando o corpo gerado
atinge o terceiro mês. Nessa altura ele é colocado nesse corpo e se torna um ser
humano que irá nascer, provavelmente, daí a seis meses.
Junto com esse espírito os responsáveis por essa encarnação colocam
também os elítrios. A posição desses espíritos em relação ao organismo que vai
se formando Obedece a razões acima do nosso entendimento. De um modo geral
sabemos que, na qualidade de futura doença, eles se preparam para causar ao
paciente, dores semelhantes àquelas que lhes foram causadas no inicio do drama.
O processo de descongelamento do elítrio vai se fazendo de acordo com as
etapas de crescimento do ser cobrado. Eles tanto podem causar um mal congênito
como permanecer dormentes e aparecer subitamente em idade avançada. Cada
caso é um caso específico e dificilmente aparecem dois iguais.
Qualquer doença pode ter sua origem num elítrio, porém nem todas são
causadas por eles. A de maior incidência com essa origem é o câncer em algumas
das suas modalidades. Por essa razão e que existem doenças que são curáveis
nuns indivíduos e incuráveis em 2 outros. E por essa mesma razão indivíduos
portadores da mesma doença, uns são curados no Mediunismo e outros não, A
cura mediúnica é possível quando se trata de obsessão, quer dizer, doença
causada por uma dívida espiritual e o paciente apresente condições que permitam
arranjos na contabilidade sideral.
O indivíduo pode ter um ou mais elítrios e certos elítrios podem causar
efeitos em mais de uma pessoa de intimidade, como o caso de marido e mulher,
mãe e filho, etc.

5 Obsessão Epilética
A epilepsia tanto pode ter sua origem num ou mais elítrios, como em outras
causas. EIa é obsessiva quando existe a presença de elítrios junto ao cérebro do
paciente. Nesse caso os sintomas são mais localizados pelos órgãos, pois, que
entram em convulsão; pode-se eventualmente determinar a região do cérebro que
está sendo afetada (pequeno mal).
Há, porém, outras causas espirituais que produzem a epilepsia. Um espírito
endividado com, muitos espíritos, não teria condições de sobrevivência na Terra,
se todos o cobrassem na obsessão comum. Os Mentores os conservam em seus
mundos invisíveis e o devedor encarnado recebe a cobrança indireta.
Estabelece-se então uma ligação vibracional entre esses espíritos e o
devedor encarnado, em parte diluída pela distância. A onda vibratória é detectada
pelo cérebro do paciente. A intensidade de cada onda é diferente, e atuam nas
células cerebrais, produzindo a convulsão e outros sintomas típicos da epilepsia.

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Nessa relação, complexa e variável, cada paciente apresenta condições
diferentes. Os fatores comuns da epilepsia são as fases típicas, os estágios da
moléstia e a tendência dos ataques em horários mais ou menos certos. A
ionização dos raios solares interfere nas comunicações interplanos, num processo
semelhante ao que afeta as ondas hertzianas.
Também nesse caso o desenvolvimento mediúnico pode ajudar o paciente
a diminuir ou minimizar as crises, se conjugar esse trabalho com medicação
apropriada. Deve-se considerar que o epiléptico pode ter, paralelamente,
obsessões comuns e outros sintomas de mediunidade angustiada.
Um epilético que consiga condições mediúnicas de equilíbrio, pode viver
plenamente e se realizar como qualquer pessoa. Os fatores de influência social
estabelecem um ritmo de produção mental constante que reforçam os
mecanismos de defesa. A literatura nos dá notícias de epiléticos geniais que muito
contribuíram para o progresso humano.

6 Obsessão Possessiva
A obsessão possessiva ou “possessão” difere da obsessão pela forma
como se dá o fenômeno.
Na obsessão o espírito se liga ao indivíduo pela afinidade vibracional,
usando os plexos nervosos como pontos de contato. Na possessão o ser obsessor
desdobra uma parte de si mesmo e penetra na metade do corpo do paciente.
Devido a essa forma de assédio a possessão se dá muito entre vivos. Uma
pessoa ama ou odeia outra continuadamente, atribuindo a ela as razões de seu
sofrimento ou a culpa dos males que lhe acontecem. Com isso permanece num
estado quase contínuo de depressão psíquica, estado esse que estabelece
condições de transe mediúnico meio sonambúlico. Seu ectoplasma se destaca do
corpo e, carregado dos sentimentos, dores e incômodos se transforma quase num
ser à parte, uma pequena alma que se movimenta.
Esse meio-ser penetra no objeto de sua desdita e ocupa, por razões
obscuras, metade do corpo do sujeito visado, quase sempre o lado esquerdo. O
ectoplasma assim constituído invade a medula da perna e do braço e irradia por
todo o corpo.
O primeiro sintoma de possessão é a sensação de desconforto físico e
dores indefinidas na perna. O corpo se descontrola e as sensações depressivas
se alternam com atitudes de reação. Na medida em que a possessão se firma o
paciente começa a sentir as mesmas sensações do possuidor. Sente culpas,
arrependimentos, revoltas e passa a detestar as coisas do seu próprio mundo. Ele
assimila o estado psíquico do possessor.
A intensidade da possessão varia conforme os estados do possessor e
tende a aumentar à noite, quando ambos dormem. O corpo ectoplasmático entra e
sai produzindo no paciente, estados alternados de depressão e normalidade.
O maior problema que apresenta o fenômeno da possessão é a sua
verificação. Há certa dificuldade em se distinguir estados depressivos comuns de
outros que sejam possessivos. O sintoma mais característico é o incômodo físico
num dos lados apenas do corpo.

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Também não existem métodos seguros de afastamento da possessão no
âmbito do Mediunismo. A neutralização de uma possessão exige o emprego de
forças mais sutis da alta magia. Isso equivale a dizer que para se afastar uma
possessão é necessário uma atitude Crística elevada, um estado de amor, de
perdão e de humildade. Talvez por essa mesma razão a possessão é mais
comum em pessoas de elevado gabarito moral e religioso. Qualquer brecha na
sua atitude dá oportunidade aos seus desafetos.
A possessão por espíritos se dá por processo semelhante, partindo de
espíritos recém-desencarnados ou muito saturados de fluido magnético animal.
A melhor solução para um problema de possessão é conseguir o auxílio de
um Guia Espiritual incorporado num Médium bem desenvolvido.

7 Obsessão do Próprio Espírito


Trata-se de uma forma obsessiva na qual o agente obsessor é o próprio
espírito do paciente.
Dominado por quadros do passado e influências de outros espíritos,
estabelece-se uma desassociação extremada entre a atual personalidade e o
espírito da pessoa, produzindo angústia constante.
Esse tipo de obsessão é mais comum em pessoas, aculturadas
intelectualmente que se adaptam a uma linha unilateral de pensamento. Seu
espírito se filia a uma corrente de idéias do plano invisível e essa tônica dominante
contrasta quotidianamente com as idéias que a própria personalidade entra em
contato. A fonte do seu espírito é única enquanto que as fontes da personalidade
variam formando um contraste extremado, teimoso.
O espírito desse tipo de obsediado tanto pode estar sob o domínio de uma
revolta contra a sociedade como contra uma pessoa ou grupo de pessoas a quem
atribui as causas dos seus males.
Esse quadro, quando atinge o limiar da esquizofrenia, provoca no paciente
crises de violência e convulsões. Ela se revela ao Doutrinador um detalhe de
suma importância:no decorrer de uma crise, pronunciando-se o nome do paciente
ela aumenta. Num obsediado por outro espírito, o mesmo processo faz com que
volte ao normal.

8 Obsessão Religiosa
E a escravidão espiritual em suas várias modalidades de expressão, a
prova mais contundente do antropoformismo aplicado às coisas do espírito. Deus
feito à imagem e semelhança do Homem. São os conceitos de bem e mal, o bom
e o mau, o positivo e o negativo, particulares da Terra com um aval forçado do
Deus Universal, o Inconcebível.
Esse tipo de obsessão se origina em geral da educação religiosa,
divorciada da educação comum para as coisas da vida. Fenômeno tão antigo
quanto a Humanidade, porém mais notável no Cicio atual, formou uma poderosa
falange de espíritos desencarnados, que habitam uma região do plano etérico da
“Terra”, conhecido nos meios iniciáticos como o Vale das Sombras.

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Para esse poderoso exército afluem, todos os dias, espíritos de pessoas
que desencarnam sem ter compreendido o Sistema Crístico. Em sua maioria são
cientistas, intelectuais, líderes religiosos e políticos que nunca aceitaram as leis do
perdão, do amor e da humildade. Sua principal argumentação é falar em nome de
Deus, porém não aceitam, em hipótese alguma, a palavra Cristo.
São eles os mestres da dialética do conhecimento e atuam sutilmente na
mente fechada aos ditames do próprio espírito do paciente.
A pessoa que cai sob o domínio desses espíritos é intransigente e
inabalável na sua posição religiosa, qualquer que seja ela e chega ao fanatismo
extremado. O mesmo fenômeno pode acontecer a uma pessoa nessas condições
que seja anti-religiosa, que espose um credo político ou científico. Qualquer
conjunto de idéias pode servir para um obsediado desse tipo. Quando ele atinge a
esquizofrenia repete com monotonia as idéias e frases estereotipadas da sua
religião ou credo.

9 Obsessão Alcoólica
É tipicamente a obsessão que poderia ser chamada de obsessão química.
O ectoplasma natural do alcoólatra vai se impregnando dos resíduos
extremamente voláteis do álcool e com isso estabelece um contato regular com o
mundo invisível que o cerca.
Paralelamente, a repetida agressão que sofrem as células nervosas
cerebrais, amortecem suas reações e o alcoólatra vai perdendo a consciência do
mundo psicofísico em termos de normalidade de percepção.
E uma condição mediúnica constante e angustiada. Os espíritos
desencarnados, que vivem naturalmente em torno dos seres humanos encontram
no ectoplasma do alcoólatra um alimento fácil e acessível. Na medida das
afinidades que estabelecem com o paciente vão se apoderando de sua vontade e
acabam por se tornar obsessores. Como se vê, a iniciativa é do indivíduo e não do
espírito desencarnado. É uma obsessão que se origina na educação, nos hábitos
sociais e nos traumas psíquicos.
O mesmo fenômeno se passa em relação a outras drogas e sua
generalização se dá devido aos momentos fugazes de prazer que proporciona. A
ativação dos sentidos, além da gama normal que a embriaguez provoca, é
semelhante à percepção mediúnica, porém nada tem de igual. Nunca se deve
confundir a excitação sensorial com a sensibilidade espiritual.

10 A Desobsessão
A desobesessão é o trabalho fundamental do Mediunismo. Compreendida
em seu sentido amplo a obsessão é uma condição generalizada em que se acham
os seres humanos no presente Ciclo do Planeta. A maioria das pessoas sofre as
influências dos espíritos, numa ou outra modalidade obsessiva.
No sentido comum da palavra ela só é reconhecida quando o paciente
apresenta sinais visíveis de anormalidade, como convulsões, crises de
agressividade ou prostrações repentinas.

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Como resultante existem duas terapêuticas aplicáveis: uma de emergência
e outra a longo prazo. Para que não haja decepções tanto dos socorristas como
das pessoas que procuram o Mediunismo numa crise, é preciso que haja certa
cautela na verificação do paciente. Se ele já entrou no quadro clínico da
esquizofrenia ou da loucura, isto é, se foi tratado como louco, tendo recebido
choques químicos ou medicação psicotrópica prolongada e profunda, nesse caso
o Mediunismo já não lhe adianta. Fazer um trabalho mediúnico para um paciente
nessas condições é arriscar os Médiuns, cansá-los inutilmente e não obter
resultados.
A terapêutica mediúnica é a restauração do equilíbrio da pessoa. Se ela
não apresenta condições básicas de recuperação, se o seu sistema nervoso já foi
danificado, o veículo físico não tem condições de restauração; nesse caso o
problema já ultrapassou a faixa puramente mediúnica. Sem dúvida alguma a
misericórdia divina sempre pode acudir uma pessoa nessas condições. Às vezes a
medicação adequada, combinada com a intervenção mediúnica, produz
extraordinários fenômenos de recuperação.
A base da desobesessão é a Doutrina, desde que não se entenda por
“doutrina” a simples persuasão. Embora se use a palavra em quase todas as fases
da desobesessão, elas só se tornam inteligíveis, tanto para o obsediado como o
obsessor, se estiverem em condições de entender, racionalizar as coisas. Isso
significa que ambos evoluíram a ponto de se libertarem mutuamente. A principal
função da palavra em mediunismo é servir de condutora de fluido, de ectoplasma.

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CAPÍTULO VI
A PRÁTICA DO MEDIUNISMO

1 Infra-Estrutura Crística
“Onde houver duas ou mais pessoas reunidas em meu nome, eu estarei
entre elas em espírito e verdade” (Mateus 18/2O).
Essa promessa do Mestre Jesus, repetida antes de qualquer trabalho
mediúnico, é a melhor forma de garantir para ele a assistência dos espíritos
superiores. Essa frase evangélica pode ser repetida em todos os quadrantes do
Globo, em qualquer língua pois dificilmente o seu sentido pode ser deturpado.
O Mestre Jesus representa, no atual Cicio de Peixes, o Cristo atuante, a
manifestação sensível de Deus aos seres humanos. Pouco importa se a
apresentação se faz em termos de Budismo, Hinduísmo, Catolicismo ou outras
roupagens religiosas. A presença Crística se evidencia através de fatores que são
comuns e inconfundíveis a todo espírito, encarnado na Terra ou em outras
condições nas suas imediações.
Toda religião, doutrina, iniciação, ciência oculta, conhecida ou não da atual
humanidade, esotérica ou exotérica, se caracterizará como Crística, se a atitude
fundamental que sugerir puder se resumir em três palavras: Amor, Humildade e
Tolerância.
Para se compreender amplamente esse fato deve-se notar, que a presença
Crística não é manifesta apenas em termos de doutrina verbalizada ou escrita,
mas, sim, na determinação de uma atitude básica de comportamento global, que
envolve todos os aspectos da vivência humana.
O Mestre Jesus foi o executor de um plano sistemático, que envolveu toda
uma etapa evolutiva da Humanidade, compreendendo um período de 2.000 anos.
Esse sistema abrange todos os aspectos concebíveis ser humano e visa dar,
essencialmente a cada espírito, mais oportunidade evolutiva.
O Cicio de Peixes é do Carma e seu símbolo máximo é a estrela de seis
pontas, dois triângulos eqüiláteros sobrepostos em posição inversa, que
representam a evolução e a involução.
Carma significa o pagamento de dívidas anteriores, liquidação de débitos.
Por isso a figura de Jesus aparece como o Redentor, o Salvador, o amigo que
ajuda a pagar nossas dívidas. Com essa premissa o sistema se apresenta como
algo intermediário entre duas situações.
Esse é o fato básico do Mediunismo, o ser humano colocado na posição de
intermediário entre as forças superiores e os que o cercam (amor ao próximo),
submetendo-se às determinações do mundo espiritual (humildade diante de Deus)
e aceitando os ditames da sua posição cármica (tolerância).
Conclui-se que a base prática do Mediunismo é a manipulação do
fenômeno mediúnico em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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2 A Motivação
A mais sã motivação, para que um grupo de pessoas se reúna na prática do
Mediunismo, é a admissão honesta da existência do fenômeno.
A vida humana é o constante equacionamento de problemas físicos,
psicológicos e espirituais, desde que se evidencie que problemas espirituais não
são necessariamente problemas religiosos.
Essa sutil distinção entre as inquietações do espírito, e o fato puramente
psicológico de pertencer ou não a uma religião, deve ser buscada em termos
individuais.
Religião é um modelo de comportamento, e o fato de um indivíduo não se
ajustar a um padrão determinado, não é problema espiritual mas apenas social,
psicológico. Religiões representam épocas, latitudes e longitudes de maior ou
menor extensão e profundidade, variando portanto no tempo e no espaço; o ser
humano é basicamente sempre o mesmo.
Inquietações espirituais são os estímulos desconhecidos da personalidade,
os fatos estranhos ao previsível de cada um, os anseios desconhecidos, os
sonhos secretos, as dores inconsoláveis, as sensações de abandono, coisas
essas que só o indivíduo pode saber de si mesmo.
Ao chegar o momento em que essas coisas se tornam prementes, a ponto
de alterarem o comportamento físico ou psicológico, o indivíduo está pronto para o
mediunismo.
Sem dúvida existem outras motivações para o ingresso num grupo
mediúnico ou a procura de organizar outro. Mas a pessoa só permanece ou o
grupo obtém sucesso quando os motivos são fortes. A pesquisa ou a curiosidade
não são suficientes pois são puramente psicológicos. Também não adiantam as
provas e os testes porque são sempre exteriores ao indivíduo.
Para que uma pessoa procure o Mediunismo ou pense em organizar um
grupo mediúnico é preciso que ela tenha sentido o fenômeno em si mesma, o
admita por experiência própria, individual. E quem neste mundo já não teve
alguma experiência nesse sentido?

3 O Grupo Social
A Mediunidade é uma manifestação essencialmente individualizada, porém,
com características comuns a todos os seres humanos. Essa exteriorização
comum, permite que quaisquer pessoas possam se reunir para formar um grupo
mediúnico, independente da aculturação social ou intelectual.
Um conjunto mediúnico ideal é o que se compõe de pessoas com
aspirações espirituais comuns e não por motivações sociais. A padronização de
um corpo mediúnico se faz em termos de ideais transcendentes mas não
personalísticos.
Compreensão espiritual não é o mesmo que compreensão social. Isso
porque um espírito evoluído pode habitar um ser humano qualquer que seja sua
posição social e o mesmo pode acontecer com um espírito involuído, atrasado.
Posição social nada tem a ver com posição espiritual.

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Embora seja natural a aglutinação das pessoas de interesses comuns, em
termos de posicionamento social, formando grupos harmônicos culturalmente, isso
pouco benefício traz para o exercício evangélico.
Ao contrário, o perfeito entendimento psicológico, e a concordância de
todos em torno de tudo, reforçam as relações horizontais e provocam uma
constante transformação na forma. Isso não dá lugar à alimentação vertical que
vem do espírito, não traz criatividade, nada acontece de original. Como
decorrência normal dessa situação nasce a exclusão e o sectarismo.
Conclui-se daí que a escolha dos que irão se constituir em grupo mediúnico
deve ser feita em termos de mediunidade e não de personalidade. A figura do
Médium deve excluir completamente a da pessoa. Pouco importa se a pessoa é
boa ou má, bonita ou feia, pobre ou rica. Importa isso sim se ela manifestar sua
mediunidade e o exercício dessa qualidade produzir o efeito desejado, se ela cura,
alivia e consola enquanto está mediunizada.
O comportamento só deve ser preconizado para o Médium como
participante do conjunto. O que ele faz ou deixa de fazer fora do trabalho
mediúnico é de sua alçada e o grupo nada tem a ver com isso.
Ninguém se torna melhor ou pior porque se ache que assim deva ser,
ninguém modifica ninguém. Mas, no exercício constante da mediunidade, no
contato regular que o Médium tem com seu próprio espírito ele se modifica
efetivamente, de dentro para fora. Nenhuma pessoa se torna boa Médium porque
é boa. Quase sempre essas pessoas se tornam bons organizadores, solícitos e
serviçais, mas raramente bons Médiuns.
De modo geral o candidato a bom Médium é aquele sofrido, maltratado pela
vida e que já experimentou os altos e baixos de sua existência. Esse está em
melhor condição de perceber a autenticidade e de se realizar através da
mediunidade. A heterogeneidade do grupo proporciona muito mais oportunidades
aos participantes, de exercer sua tolerância, sua humildade e seu amor.

4 Identificação da Missão
Todo ser humano está ligado a dois tipos de família: a família da presente
encarnação, geralmente ligada pelos laços cármicos, feita por acordo mútuo antes
desta encarnação, e a família espiritual formada por espíritos afinados na sua
origem remota e transcendente.
Durante a encarnação os espíritos ficam submissos às personalidades e se
ajustam por elas. A família é uma luta de personalidades na qual as pessoas se
amam ou se odeiam de acordo com os reajustes que elas mesmas programaram.
Quando porém o ser humano começa a exercer conscientemente a sua
Mediunidade, os estímulos de seu espírito vão superando os da sua personalidade
e isso ameniza os reajustes, diminuindo os choques.
Na proporção que isso acontece diminuem os atritos e o espírito liberto da
luta procura sintonizar-se com suas tarefas, geralmente fora da família atual.
Assim vão se encontrando os velhos companheiros de luta que se aglutinam em
torno de seus ideais, de seus hábitos, de suas especializações transcendentais.
Aos poucos o grupo assim formado, mesmo que socialmente haja as maiores

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diferenças, vai identificando a missão, sabendo tranqüilamente o que tem a fazer.
Só esse encontro produz a originalidade na obra realizadora. Quando os espíritos
de um grupo mediúnico não são afinados transcendentalmente, a missão se torna
indefinida e insegura.
Naturalmente é quase impossível um grupo ser composto apenas por
espíritos afinados, mesmo porque esse fato só é verificado depois de certo tempo
de convivência. Mas essa preocupação se torna válida quando se observa no
mesmo grupo a formação de subgrupos que se afinam mais. Nesse caso podem
surgir missões diferentes no mesmo programa, da mesma forma que falanges
diferentes de espíritos trabalham na mesma humanidade. Mas sempre é
conveniente a definição da missão, em termos de especializações mediúnicas ou
vocacionais, que possam caracterizar aquela falange de médiuns.

5 Posição Sócio-Econômica
Essa é a fronteira e linha demarcatória entre o Mediunismo e as práticas
anímicas, as religiões formais e entre o que é humano e o que é divino. A força
mediúnica só é criativa e benéfica para o progresso do espírito integrante do
Sistema Crístico, sob a égide do Evangelho.
A vida humana, em termos físicos e psicológicos, funciona em torno de
produção e dispêndio de energias que, em última análise se traduz em sistemas
econômicos. A vida mediúnica não depende de energias físicas ou psicológicas.
Ao contrário, o mecanismo mediúnico equilibrado é uma fonte de energias. Mesmo
a produção do ectoplasma humano, que é um processo fisiológico, é tão sutil em
relação ao mundo físico, que as energias dispendidas quase não afetam o
equilíbrio normal do organismo.
Como atividade, trabalho-hora, dificilmente existe uma tarefa mediúnica que
possa prejudicar o ganha pão normal de uma pessoa. O ambiente físico e o pouco
necessário para o ritualismo mediúnico raramente são de monta a afetar a
economia. Conclui-se então que o exercício da mediunidade nada custa a
ninguém.
Não há portanto razão alguma para que haja qualquer tipo de cobrança em
torno da vida mediúnica. Não há custo, não há dispêndio e, por essas razões, o
Mediunismo não exclui pessoa alguma por motivos de ordem sócio-econômica.
Quanto mais humilde e simples for o grupo, melhores serão os resultados. Com
isso observado estaremos mais enquadrados nas palavras de Jesus – “Dai de
graça o que de graça recebestes”.

6 O Preparo dos Médiuns


Os conhecimentos básicos do Mediunismo, a disposição para agir nos
princípios Crísticos e a necessidade de realização são as condições necessárias
para o trabalho mediúnico. a que for melhor em termos de posicionamento
sócio-cultural deve ocupar a liderança. Mas deve-se atentar para dois fatores
importantes: o “melhor” é aquele que dispõe servir desinteressadamente e o
padrão de referência tem que ser local, de acordo com o meio aonde o trabalho irá
se realizar.

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O escolhido deverá examinar os problemas da comunidade e fazer uma
síntese dos mais constantes e característicos. De acordo com esse exame inicial é
que pode ser orientado o tipo de trabalho a ser realizado.
Depois começa o desenvolvimento dos Médiuns, Não é preciso procurar
aqueles que já tenham experiência mediúnica. É preferível que os próprios
candidatos revelem suas mediunidades. Se observadas as coisas fundamentais
do mediunismo as vocações se revelam logo. O principal cuidado que o
responsável deve ter, é com as comunicações mediúnicas que irão surgir
inevitavelmente. É preciso sempre ser lembrado que a comunicação nunca é
isenta da personalidade do Médium. A direção dos trabalhos deve ser sempre de
um Doutrinador e compete a ele julgar as comunicações, aproveitando as que
correspondam objetivamente ao trabalho.
Deixem que os Médiuns se revelem e se desenvolvam com certa liberdade.
Procurem somente prestar-lhes assistência dando uniformidade na forma,
principalmente aos que incorporam. Aprendam a distinguir o Doutrinador do
Incorporador, a fim de que não haja desenvolvimentos errados.
Depois de certo tempo de experiência com o grupo, faça pequenas
reuniões informais em que todos possam ser ouvidos. Quando o grupo se sentir
seguro comece o atendimento de pacientes.

7 O Ambiente e o Ritual
Os fatores mediúnicos estão sempre presentes em todos os ambientes,
onde haja pessoas reunidas. Para um trabalho deliberado qualquer aposento
serve, desde que fique reservado para esse fim, devido a impregnação. Uma
mesa e algumas cadeiras são o suficiente. Com o desenvolvimento e o aumento
natural dos participantes o aposento dará lugar ao templo, de acordo com o meio
social e o conhecimento iniciático do grupo.
Cada falange de espíritos tem o seu próprio sistema, por isso deve ser
evitada a imposição de um determinado ritual. Deixem que os Mentores o
determinem. Procurem apenas simplificar o problema evitando agregar hábitos
doutrinários ou religiosos de outros grupos. Também não se preocupem se o ritual
que irá nascer se parece com de outros grupos. Existe um ritual básico do
Cristianismo que é comum a qualquer grupo. Por exemplo, a estrela de seis
pontas e um símbolo iniciático universal do carma. A cruz sempre representou o
ser humano encarnado. A água sempre foi o veículo da cura. O defumador não
pertence a religião alguma em particular. E assim por diante, desde os cantos,
música ambiente, cores, uniformes e etc...

8 A Liderança
Esse é o ponto crítico do trabalho mediúnico. Ele só irá inspirar confiança
se a liderança for exercida por um Doutrinador secundado por outros
Doutrinadores.
Entendemos aqui por liderança toda a orientação do grupo mediúnico nos
aspectos fundamentais, a saber:
a) Doutrina ou conjunto doutrinário;

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b) Finalidade específica do grupo; e
c) A filosofia do comportamento.
A doutrina básica do Mediunismo é a Reencarnação. A partir dessa
premissa o líder seleciona os aspectos que mais se apropriem às finalidades
específicas do grupo, de acordo com a média do padrão cultural ambiente. Na
medida do possível, esse conjunto doutrinário deve ser do conhecimento de todos
os Médiuns, principalmente os Doutrinadores.
A finalidade básica de um trabalho mediúnico é o reequilíbrio de seres
humanos. Os médiuns que formam o grupo irão se reequilibrar pela mediunidade;
os clientes, pelo atendimento dos Médiuns. Reequilibrar significa ajustar uma
pessoa à sua faixa cármica, de acordo com o grau de evolução alcançado pelo
seu espírito.
O líder deve estabelecer a filosofia a ser seguida pelo grupo cuja base é
considerar o participante pela sua mediunidade e o cliente pela sua necessidade.
O respeito ao livre arbítrio é a única atitude compatível com o Sistema Crístico.
Não julgar para não ser julgado é a melhor forma de dar oportunidade a todos
indistintamente.
O cliente ou Médium em potencial deverá ser sempre atendido, qualquer
que seja sua posição social. Por pior que seja sua moral, depois de atendido ele
não fica devendo nada ao grupo. Ninguém assume obrigação alguma com o
grupo, nem mesmo doutrinária. O grupo porém sempre tem obrigação com as
pessoas.

9 Alimentação Doutrinária
Esse e o maior problema com o qual o corpo mediúnico irá se deparar.
Quem trará a Doutrina a ser seguida? Os videntes? os médiuns de incorporação?
os psicógrafos?
A vidência é mediunidade interpretativa; o que o vidente vê, ele é obrigado
a “traduzir” em imagens e palavras compreensíveis aos de fora da sua vidência.
Não há portanto, maneira alguma de ser comprovado. O Incorporador comunica a
mensagem impregnada de seu próprio ponto de vista, a não ser em condições
excepcionais de inconsciência. O psicógrafo escreve mensagens mas ninguém
pode comprovar quem seja o mensageiro, a não ser também em condições
excepcionais como é o caso de Chico Xavier. Quem então terá condições de
interpretar uma orientação espiritual com autenticidade?
A resposta é única: o Doutrinador. Somente esse Médium tem condições de
interpretação correta de uma mensagem, pelo simples fato de que seu raciocínio
normal é iluminado pela sua mediunidade.
O Doutrinador ouve, lê, compara e sintetiza com muito maior possibilidade
de isenção.
O fundamento na interpretação de mensagens que o Doutrinador deve ter é
a seguinte: só os.espíritos superiores, que já alcançaram o plano espiritual, que
estão fora da faixa cármica e cujo “habitat” é fora da Terra, têm condições de
alimentar doutrinariamente e dar socorro a espíritos encarnados. A mensagem
desses espíritos é completamente isenta pois seu padrão de referência é o destino

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transcendental dos que eles assistem, de acordo com o Sistema Crístico. Esses
espíritos jamais interferem no livre arbítrio dos encarnados. Eles nunca decidem
as questões pelas pessoas mas se resumem em ajudá-las a decidir por si
mesmas. Só esses espíritos têm a capacidade de trazer energias siderais e
produzir modificações efetivas na trajetória cármica dos encarnados. Só eles têm
acesso aos registros transcendentais e podem fazer um recartilhamento, sem fugir
as metas cármicas, individuais ou coletivas.
Fora dessa premissa, qualquer comunicação, não importa os meios, é de
espíritos que ainda habitam o Planeta Terra, nos seus vários planos e até mesmo
na sua superfície física. Esses espíritos por melhor que sejam, se baseiam em
motivos e opiniões humanas e como tal interferem no livre arbítrio, tomam partido
nas situações, sendo, portanto, incapazes da observância rigorosa das premissas
evangélicas.
É fácil, pois, ao Doutrinador, saber como agir em face das informações que
recebe. A maioria das vezes ele tem que decidir sozinho, embora na realidade
esteja sempre assistido pelo seu Mentor, quando está agindo na qualidade de
líder.
E preciso não se esquecer que a Doutrina, em suas linhas principais, já
existe na mente e no coração dos Homens e que são preciso poucas mensagens
para dirigir um grupo. O que queremos realmente dos espíritos superiores é a
cura, a remoção de nossas angústias, a aberturas de nossas esperanças no dia
de amanhã. Essas coisas porém não vêm em formas de mensagens escritas ou
faladas, mas sim de realidades verificáveis. Pouco adianta a uma pessoa ouvir
bonitas palavras se com elas não forem removidas as cargas magnéticas e as
correntes negativas que a assediam. O que precisamos efetivamente são as
forças do Céu. Compete a nós mobilizar as forças da Terra através das nossas
possibilidades humanas.
Concluindo: um trabalho mediúnico só é autêntico e está enquadrado no
Sistema Crístico quando é dirigido pelos espíritos superiores, e qualquer outra
classe de espírito seja apenas cliente. Que se acautelem pois todos aqueles que
queiram cumprir seu dever mediúnico: só os espíritos superiores podem nos
orientar e só eles sabem não só de nossos destinos particulares como o destino
do nosso Mundo e dos mundos que nos cercam.

10 No limiar do Terceiro Milênio


Faltam apenas 25 anos para o ano 2000. Já se passaram portanto 1974
anos desde que Jesus iniciou, com sua vinda ao Planeta, o sistema Crístico deste
Cicio. Daqui mais 1/4 de Século estaremos no Terceiro Milênio que irá ser, talvez,
o Primeiro Milênio de um outro Sistema, a Era de Aquário.
Para as almas e para os corpos restam provavelmente apenas esses 25
anos. Para os Espíritos que habitam essas almas e esses corpos, haverá novos
caminhos a percorrer, novos corpos e novas almas.
Se tomarmos por base o começo e fim de Cicios anteriores, podemos
prever transformações dolorosas, drásticas, e o nascimento de novas formas
civilizatórias, novos conceitos de vida. Nada indica que continuaremos na atual

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linha de vida, os fatos reais evidenciam isso. A demografia nos apavora corri os
dados do crescimento populacional. Os ecologistas nos dão notícias sombrias da
destruição da natureza. A poluição aumenta drasticamente e em pouco tempo
começaremos a sentir os efeitos da poluição atômica.
Os sistemas políticos e econômicos se tornam cada dia menos eficientes. O
Homem se padroniza e perde sua individual idade. A liberdade é apenas aparente,
Cada vez mais as almas se enclausuram P se concentram nas neuroses, nas
psicoses e nos vícios autodestruidores. Periodicamente as neuroses eclodem
coletivas em guerras e doutrinas extremadas.
A conseqüência direta da desagregação da alma aumenta a ansiedade pela
tranqüilidade do espírito. Essa atitude explica a atual busca mística e religiosa. As
religiões tentam ir ao encontro dessa demanda mas sua própria infra-estrutura
apenas humana, psicológica, constitui obstáculo. Falta o caminho mais seguro que
corresponda à realidade humana, que sirva de farol às mentes obscurecidas e
abra caminho para o espírito.
Essa situação foi prevista pelo Mestre Jesus em seus principais aspectos
numa das poucas profecias que fez: segundo um dos seus doze apóstolos,
Mateus, que também se chamou Levi, Jesus havia terminado um longo debate no
Tempo de Jerusalém e fora ter cora seus discípulos. Sentaram-se então no Monte
das Oliveiras e os discípulos chamaram sua atenção para o belo edifício do
Templo que dominava a paisagem. Disse-lhes Jesus:
“Vedes tudo isto! Em verdade vos digo que não ficará aí pedra sobre pedra:
será tudo arrasado. Tornai cuidado que ninguém vos engane! Porque aparecerão
muitos em meu nome dizendo: eu sou o Cristo! E a muitos hão de enganar.
Ouvireis falar de guerras e boatos de guerras. Ficai alerta e não vos perturbeis
com isto. É necessário que assim aconteça, mas ainda não é fim. Porque se
levantará nação contra nação, e reino contra reino: haverá fome, peste e
terremotos, por toda parte. Mas tudo isto será apenas o princípio das dores. Então
vos hão de entregar a atribulação e a morte: e por causa do meu nome sereis
odiados de todos os povos. Muitos hão de perder a fé, atraiçoar-se e odiar-se uns
aos outros. Surgirão falsos profetas em grande número, iludindo a muitos. E com o
excesso de impiedade há de a caridade arrefecer no coração de muitos. Mas
quem perseverar até o fim será salvo. Será este Evangelho do reino pregado no
mundo inteiro, em testemunho a todos os povos: só depois disto virá o fim.
Quando, pois, virdes reinar no lugar santo os horrores da desolação, ele
que falou o profeta Daniel - atenda a isto o leitor! então fujam para os montes os
que estiverem na Judéia; e quem se achar no telhado não desça para buscar
alguma coisa em casa: e quem estiver no campo não volte para buscar o seu
manto. Ai das mulheres que naqueles dias andarem grávidas, ou com filhinho ao
peito! Orai para que vossa fuga não incida no inverno nem em dia de sábado.
Então sobrevirá uma atribulação tão grande como não tem havido igual desde o
princípio do mundo até agora, nem haverá igual jamais. Se aqueles dias não
fossem abreviados, não se salvaria pessoa alguma: mas aqueles dias serão
abreviados em atenção aos escolhidos.

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Quando então alguém vos disser: Eis aqui está o Cristo! ei-lo acolá! – não
acrediteis; porque aparecerão falsos Cristos e falsos profetas, que farão grandes
sinais e prodígios a ponto de enganarem possivelmente , até os escolhidos. Eis
que vos ponho de sobreaviso! Quando, pois, disserem: Eis que está no deserto! –
não saias: eis que está no interior da casa não lhe deis crédito. Pois, assim como
o relâmpago que rompe no oriente fuzila até ao ocidente, assim há de ser também
na vinda do Filho do Homem. Onde houver carniça aí se juntam as águias.
Logo depois da atribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua dará
sua claridade; as estrelas cairão do céu, e serão abaladas as energias do
firmamento. Então aparecerá no céu o sinal do filho do homem; lamentar-se-ão
todos os povos da terra, e verão o filho do homem vindo sobre as nuvens do céu,
com grande poder e majestade. Enviará os seus anjos, ao som vibrante da
trombeta e ajuntarão os seus escolhidos dos quatro pontos cardeais, de uma
extremidade do céu até a outra.
Aprendei isto por uma semelhança tirada da figueira: quando os seus ramos
se vão enchendo de seivas e brotando folhas, sabeis que está próximo o verão.
Do mesmo modo, quando presenciardes tudo isto, sabei que está à porta. Em
verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. O
céu e a terra passarão mas não hão de passar as minhas palavras. Aquele dia,
porém, e aquela hora ninguém os conhece, nem mesmo os anjos do céu; mas tão
somente o Pa i.
Como foi nos tempos de Noé, assim há de ser quando vier o filho do
homem. Nos dias que precederam o dilúvio, a gente comia e bebia, casava e dava
em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; e não atinaram até que veio
o dilúvio e os arrebatou a todos. Bem assim há de ser por ocasião do advento do
filho do homem. De dois que se acharem no campo, um será admitido, e o outro
deixado de parte; de duas mulheres que estiverem moendo no moinho uma será
admitida e a outra deixada de parte. Alerta pois, porque não conheceis o dia em
que virá vosso senhor. Atendeis a isto: se o pai de família soubesse em que hora
da noite havia de vir o ladrão, decerto vigiaria e não o deixaria penetrar em sua
casa. Ficais pois alerta também vós; porque o filho do homem virá numa hora em
que não o esperais”. (Mateus, 24-2/44).
A pequena diferença na forma, como essa profecia nos é relatada por
Lucas e Marcos, a confirma em sua essência. Destaca-se nela a menção de um
Cicio anterior cujo símbolo foi a arca de Noé. A palavra “geração” evidentemente
se referia ao sistema do Cicio atual, e assim por diante. Com um pouco de cautela
no problema da semântica e das traduções, poderemos tirar dessa advertência de
Jesus, um quadro acurado da realidade atual.
Qual seria a intenção de Jesus ao traçar um quadro tão sombrio?
A resposta poderá ser encontrada por cada pessoa, ria dependência da
perspectiva como olha as coisas do mundo. Um fato se evidencia no Evangelho:
“O meu reino não é deste mundo”. O “reino” mencionado pelo Mestre Jesus, as
vezes substituído pela palavra “céu” se refere à tranqüilidade do espírito, a “paz
verdadeira”, que pode ser obtida pelo ser humano qualquer que seja a situação
que o cerque.

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Sempre que a vibração do espírito predomina, a psiquê e o corpo se tornam
secundários. Como conseqüência direta dessa afirmativa, qualquer ser humano
pode ser feliz e tranqüilo, mesmo que o mundo esteja se desmoronando em torno.
Mas, para que isso possa ser obtido, é necessário que haja o método, o
sistema, as setas indicativas do caminho. É por isso, talvez, que surge a
expressão “Sistema Crístico”, pois “sistema” é um corpo de doutrinas cujas partes
são todas dirigidas para o mesmo fim. Tem portanto, o aspecto dinâmico que se
adapta a cada etapa do fim a que se destina.
O Mediunismo é apenas um dos componentes do Sistema Crístico. Ele não
invalida os aspectos anteriores, as religiões, as Iniciações e as doutrinas. Apenas
estabelece uma nova perspectiva, melhor adaptada ao quadro atual. O homem de
hoje não se satisfaz apenas com a forma. As religiões são excessivamente
formais, estratificadas. O Mediunismo desce às essências e pouco se preocupa
com a forma. O que interessa nele é que o ser humano possa se encontrar,
individualmente, e tenha um bom instrumental para equacionar sua vida, que é
sempre única e inimitável.
Penetremos seguros no limiar do Terceiro Milênio!

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