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VIRTUDES HUMANAS

Aula 1 - A Ética como Ciência Antropológica

Olá tudo bem ? Eu sou Hugo Mesquita, sou psicólogo e vou ser seu professor da
disciplina de virtudes humanas, beleza?
Então, primeiro lugar eu queria que a gente fizesse algumas perguntas, pra que a
gente pudesse realmente buscar atingir de que nós estamos falando, quando
falamos em virtudes.
Virtudes, certo? Vícios, virtude, hábito, estão entre aquelas palavras que são
muito ultilizadas, e a gente fala muito, o tempo todo, e a gente se acostumou. O
fato de a gente ter se acostumado com essas palavras e com o sentido que a
gente imagina que elas tenham, não quer dizer própriamente esteja atingindo
aquele sentido, portanto eu acho que antes de a gente própriamente começar a
falar as virtudes em particular, eu preciso que a gente tenha uma ideia concisa,
uma ideia verdadeira, uma ideia real de que realidade nós estamos procurando
atingir quando falamos de virtudes. Perfeito?

Nós estamos dentro de uma tradição realista, ou seja, aquilo, as palavras que a
gente busca ultilizar pra fazer um aprendizado, pra poder se aprofundar em um
tema, elas não são méros constructos mentais no sentido de uma ideia que eu
atríbuo a realidade e depois eu vou fazendo uns testes, não! A gente está atrás de
conceito, e um conceito é um resultado de uma apreensão de uma realidade, de
algo que de fato existe, então para que a gente possa cumprir nosso objetivo aqui
com os mero, é preciso que a gente faça esse exercício, mais importante até para
mim você sair daqui com um catálogo de virtudes e suas características, é que
você saia daqui entendendo de fato o que são as virtudes, e a que universo
antropológico elas estão inseridas, perfeito?
Então vamos lá.
O que você realmente quer? O que eu realmente quero? O que o ser humano
realmente quer? Certo?
O que é esse querer, que de uma maneira está por trás de todos os nossos
pequenos quereres? O que condiciona todos esses quereres? Qual a motivação
dos nossos atos? Certo?
O que faz a gente de fato se levantar, agir, vir aqui gravar, você assistir essa aula,
tomar uma cerveja, um café, dar um beijo em uma pessoa, o que faz a gente fazer
essas coisas? Querer fazer essas coisas?
Qual aquela motivação que permanece constante por trás de todas as motivações
particulares que vao ae nascendo e morrendo, e nascendo e morrendo a cada
dia? Qual unidade por trás das motivações que condiciona as ações humanas?
Certo?
Em última instância, qual o objetivo, geral que cada ser humano particular aspira?
Em suma, sem relativismos, qual fim último, a finalidade mesma da vida humana?
Certo?

A psicologia moderna, ela durante boa parte de sua tradição, que não é muito
grande né, se a gente pensar aqui, a tradição da psicologia moderna e
comtemporânea remonta ali do século XIX pra cá. Ela abandonou essas questões,
como se fossem reflexões pré científicas. “A isso remete as ideias tradicionais e
filosóficas de natureza humana... A natureza humana é uma construção social, em
última análise não existe natureza humana, o ser humano ele pode ser o que
quiser, dele pode ser feito o que quiser, ou então por outro lado a natureza
humana ela é uma entidade biológica determinada pelo seus processos
evolutivos...” Certo?
Durante esse tempo, o desenvolvimento da tradição da psicologia
contemporânea, mesmo tentando evitar essas perguntas e dar uma resposta a
elas, mesmo assim de alguma maneira, porque é irrevogável é uma pergunta
fundamental, mesmo assim, mesmo não querendo, algumas respostas foram
elaboradas, eu troxe aqui algumas pra gente discutir juntos, tá?

O Clássico Freud, por exemplo: Depois de suas reflexões, toda psicologia de Freud
de uma maneira tenta entender as motivações do ser humano, de alguma forma,
quando ele está discutindo sobre pulsões, tribe aquilo que te faz sair de uma coisa
pra ir pra outra, é uma discução sobre motivação. E depois de muito tempo
discutindo sobre pulsão de vida, a sexualidade a libído, a vontade de agir sobre o
mundo.
Bom de alguma maneira ele descobre, uma outra maneira de contra pulsão, a
pulsão de morte, entendido em um certo momento como pulsão de
agressividade, pulsão de destruição, hétero e auto-destruição, mas uma certa
compreensão da pulsão de morte, sobre tudo em um momento mais maduro da
obra, ele percebe em última análise é como se a pulsão tivesse uma unidade, e
ela cansasse. “Aí, é canssativo essa coisa de estar sempre desejando, porque eu
vou lá, desejo, e eu provoco uma carga, o Freud ele tinha essa coisa de energia
psíquica quântitativo, uma carga localizada em um órgão e quando aquele órgão
atinge, quando a pulsão atinge o seu meio de satisfação, seu fim, aquela carga
abaixa, mas ela nunca abaixa até o nível zero, e sobe denovo, é como se existisse
na pulsão um desejo de acabar, um desejo de cessação, perfeito?

Ele chamou isso de: O Princípio de Nirvana.


Tomando um nome da tradição budista, seria a quietude das paixões, a cessação
do querer, ele usava uma expressão, o retorno a vida orgânica, perdão, a paz da
vida inorgânica, certo? Uma paz que é própria da vida, uma “paz” entre aspas né,
da vida inorgânica, ou seja um não querer, a cessação, propriamente a morte.
Bom, nem todos consideraram este caminho do Freud, um caminho
própriamente adequado, Alfred Adler, um dos seus discípulos, um dos primeiros a
romper com ele. Bom ele percebe com muita atenção que de uma maneira é
necessário que haja uma finalidade, tá? A ideia que exista um fim último, uma
meta final para a vida humana, é absolutamente necessária para que o ser
humano viva, tá? Mesmo que em última instância isso seja uma mera construção
subjetiva, uma ficção, então em Adler nós temos uma ideia um finalismo ficcional,
existe uma necessidade de uma finalidade para que eu busque a superação, e
uma vez buscando essa superação eu me movo e tudo mais, mesmo que em
última análise esse “fim” que eu almejo não exista de fato.

Victor Frankl, certo? Fundador da logoterapia enfatisa o sentido da vida, o ser


humano tem uma vontade de sentido, uma sede de sentido, uma espécie de
órgão que deseja um sentido, um supra argumento que justifique a minha história
e que dê um porque a cada momento da minha vida, certo? E aí há discussões
entre os logoterapeutas, se esse sentido seria único a todos e que se atualizaria
de uma forma particular em cada vida, ou se seria algo próximo ao que Adler
chama de finalidade ficcional, cada um pode escolher o seu sentido da vida.

Um outro que eu trouxe, é o Martin Seligman, um dos grandes teóricos da


psicologia positiva, certo? Um ramo da psicologia experimental que faz um
recorte temático e predente estudar aquilo que parece funcionar, que parece ser
bom no ser humano, certo? Felicidade, bem estar.
E o Seligman diz: “Olha, mas que a ausência de sofrimento, ausência de dor, o
homem aspira a felicidade, mas não uma felicidade passageira, mas um estado de
vida de plenitude, rico em gratificação e não necessariamente de prazer, há uma
diferença entre gratificação e prazer , e o Seligman se aproxima de maneira até
mais direta e abertamente da tradição, do que a filosofia clássica chamou de
Eudaimonia, que seria esse estado de um homem, de uma mulher que atingiu
uma plenitude na vida, certo? Se aproximou das reflexões de beatitude e tudo
mais.
O que a gente vê portanto?
É que depois de um grave afastamento, a psicologia vem gradativamente se
aproximando, das reflexões de uma disciplina muito antiga, muito antiga que vem
elaborando ao longo dos séculos e milenios, não simplesmente uma resposta a
essa indagação inicial, mas uma espécie de uma disciplina prática de um passo a
passo, de um conjunto de práticas que visam encontrar ferramentas para ultilizar,
para serem ultilizadas na prática, para que o ser humano chegue a esse objetivo
derradeiro. Essa disciplina é a Ética, engraçado né? Porque quando a gente pensa
em ética, a gente pensa por exemplo nos códigos de ética das diferentes
profissões dos órgãos públicos, das empresas que a gente trabalha, a gente pensa
na ética como uma espécie de... Não sei, parece um elemento mais legislativo né,
ou por outro lado se enfatiza a ética no sentido de discussão, sobre o que o não
fazer.
Se faz uma diferença, isso eu acho particularmente divertido, a gente vê uma
diferença sendo estabelecida entre ética e moral, e disse para nós que ética é
uma reflexão racional sobre o que fazer o que não fazer, o que convém fazer, o
que não convém fazer, imoral seria um conjunto de costumes e regras que a
gente obedece de maneira irrefletída, já aviso para vocês, isso é mais apenas um
preconceito bobo da modernidade.

Moral e Ética, são simplesmente palavras que vem de línguas diferentes, mas que
se referem originalmente a mesma coisa, tá?
*Moral vem do Latim e Ética vem do Grego*
Moral é a palavra latina que traduz ética, então filosofia moral e ética são
palavras, expressões que se referem a mesma realidade, seja a natureza da ação
humana, suas consequências, tá? Sem me aprofundar própriamente no que é
essa disciplina.
Também tem ouro problema que é a Ética vista como se fosse uma conduta de
adequação a uma lei estrenssica, uma lei positiva, apresentada em última análise
convencional, certo? Uma lei que é fruto das convenções humanas, perfeito? Ou
seja uma adaptação ao meio, uma ética adaptativa, “A eu me adapto a ética para
última análise para sobreviver.” Ou uma ética ultilitarista, aquilo que eu tenho
que fazer é aquilo que tem um objetivo útil, certo? Só que esses sentidos, apesar
de que talvez guardem, eu dou um braço a torcer de que podem guardar algo do
que é a ética, mas é uma palida sombra do esplendor da disciplina ética, da
filosofia moral, que em última análise é a ciência da felicidade humana,
engraçado né? Em príncipio parece a ciência que me tole a liberdade, mas não, é
um conjunto de reflexões, sólidamente construídas e tem um objetivo de me
ajudara a buscar esse fim último.
“Tá mas o que é esse fim último?”
Acho que a gente já deixou um pouco claro aqui, nenhum ser humano, é capaz de
abrir mão de desejar a felicidade. “Nenhum? Mesmo aquele que dá cabo de sua
vida, o suicída?” É ele não está se suicídando porque a vida dele está feliz e ele
não deseja viver a felicidade, ele se suicída porque sua vida está infeliz, porque
ele não encontra a felicidade, em algum momento não viver parece ao menos,
menos infeliz, é irrevogável o desejo de felicidade.

Santo Agostinho no seu sermão 53, ele diz o seguinte: “Chega ao seu fim o
alimento, chega a seu fim a veste(roupa), o alimento porque se consome ao ser
comido (porque acaba), a veste porque se conclui com tessitura, a roupa fica
pronta, uma e outra coisa chegam a seu fim, mas um fim do alimento implica a
consumação (o fim de no sentido – Acabou não tem mais.) E o outro a veste, a
perfeição (a roupa se perfaz, está pronta)”
Interessante não? É esse fim, este tipo de fim que a gente se refere quando se
trata do fim último, não é o fim do ser humano acabou, não, é fim de ficou
pronto. O fim último é quando você conclui a sua tessitura, deixa ela perfeita,
certo? Perceba, o fim é essa perfeição, mas ela pode se atualizar em diferentes
formas de tessitura, vocês estão vendo os diferentes professores aqui, cada um
com uma roupinha diferente, mas cada roupa em si perfeita, o fim a perfeição é o
que torna entre aspas a roupa “feliz”. Mas as diferentes roupas tem caminhos
distintos, nós somos pessoas certo? Nós somos únicos e irreptiveis, o fim é o
mesmo mas centualizem cada um de nós de uma maneira únicamente particular
certo? Em ética quando se fala em fim último se fala no sentido de perfeição, de
algo feito, construído totalmente, toda essa veste, essa roupa, são as virtudes que
eu vou adquirindo certo? Que elas vão me conduzir ao meu fim último, meu fim
verdadeiro, ou seja a felicidade absoluta, sem nenhum traço de tristeza, isso é o
que todos nós queremos, as virtudes são as ferramentas através das quais eu
busco, vou trilhando meu caminho, eu vou costurando a minha veste para a
felicidade as palavras de Joseph Jaba: “As virtudes são para a felicade.” Perfeito?
Então a ética, parte desta constatação realística de que todos os seres humanos
buscam a felicidade. E a partir desta constatação absolutamente óbvia, certo?
Longamente elaborada por filósofos, como Aristótales, São Tomás de Aquino, foi
desenvolvido uma ciência prática, com ferramentas objetivas que vão nos
conduzir a esse fim. Essa ferramentas são as virtudes, então a ética das virtudes é
a ética realista de que parte da constatação que o homem tem um fim último, a
felicidade, que essa felicidade consiste na perfeição do ser humano, no sentido
perfeição que se concluiu, está pronto, e que a tessitura que constitui essa
perfeição são as virtudes, legal? Então a gente tem uma resposta e um caminho.
A gente vai precisar discurtir algumas noções preliminares, para que a gente
possa de fato ter uma boa compreensão do tema das virtudes, tá legal?
Então primeiro lugar vamos discutir um pouquinho sobre vontade e liberdade, se
a gente tem um fim último e a gente precisa se engajar em um caminho, bom, é
óbvio que eu preciso escolher um caminho, certo? Então a vontade no sentido da
potência, a vontade da alma humana, o apetite intelectivo, aquele desejar das
coisas elevadas, as coisas do alto, em um aspecto a gente já sabe que não é livre.
“Como assim? Você acabou de falar que vai discutir vontade e liberdade...”
Pois é, eu acabei de dizer que o desejo de felicidade é irrevogável, o que eu quero
dizer com isso? A vontade não é capaz de escolher como fim último outra coisa
que não a sua própria felicidade, e o objeto próprio dessa felicidade.
“Então Hugo, quando e onde e em que sentido a vontade é livre?”
A vontade é livre para escolher os meios, pra atingir a felicidade, agora esses
meios podem ser mais ou menos adequados, certo? A gente pode errar, certo?
Então na disciplina da ética das virtudes, bom nós vamos precisar adequar os
meios ao fim que a vontade quer, mas isso é um caminho, tá?

Também vamos falar um pouquinho sobre paixões, no sentido clássico. O


“Paixões” denota o elemento propriamente afetivo do ser humano, afetos,
desejos, sentimentos. E a relação destas com a racionalidade humana, a parte
intectiva do cérebro humano, parte mais elevada da alma humana, e que todas as
outras partes da alma participam dela.
Então a virtude ela não é a razão fria contra os afetos aquela coisa estoica, da
ataraxia, da meta de não sentir de não me afetar, não, dentro da tradição que nós
estamos estudando que tem uma parte pagã e uma parte cristã, uma parte na
filosofia clássica e uma parte na filosofia medieval, não é assim que nós
entendemos, tratasse de uma pedagogia dos afetos da formação do desejo, a
gente quer na verdade não ter uma vida austera, que joga os afetos para
escanteio, e como que a racionalidade apaga os afetos, não, a filosofia realista
parte da realidade da vida humana, tal como ela é de fato e a realidade da vida
humana tem afetos, tem uma dimensão afetiva, essa dimensão afetiva faz parte
do processo e as virtudes tem muito a ver com isso, a gente precisa na verdade
não ficar ali, submetendo atráves da nossa razão austeramente meus afetos,
condenando-nos a viver nos controlando o tempo todo, resistindo, lutando contra
a corrrente, não! O que eu quero é educar as paixões segunda a racionalidade, eu
quero que essa corrente das paixões me sirva para que eu chegue na minha
felicidade e não no fracasso existencial, eu preciso das paixões, eu quero as
paixões, eu quero sentir bons sentimentos ao realizar atos virtuosos, uma pessoa
vituosa não é só uma pessoa que faz as coisas correspondentes ao que parece
virtuoso, não! Uma pessoa virtuosa é a pessoa que se sente bem fazendo atos
virtuosos, mesmo que lhe custe, pode custar! Mas os sentimentos acompanham,
não tem aquela acizão de um lado e sentimento para o outro, certo?

Vale a pena lembrar da oposição que o Mark Selingman faz entre prazer e
gratificação, ele diz que o prazer são simplesmete os prazeres que podem ser
bons ou maus, mas que não me levam em última análise a felicidade, agora
gratificação é precisamente o sentimento o afeto que acompanha a consecção de
um ato que me conduz ao fim último de um ato virtuoso. Sim, essa discução já
está acontecendo na psicologia moderna, com limitações não nego, mas já é um
espaço, nosso objetivo não é que a pessoa simplesmente saiba racionalmente o
que é bom, certo? Mas que os sentimentos da pessoa efetivamente, desejem
aqueles bens, porque sabem que vai levar o sujeito a felicidade.
No sujeito virtuoso as paixões sentem de maneira razoável, eu quero que essas
expressões fiquem dentro do coração de vocês, a gente não está acostumado a
imaginar uma coisa como essa, lembre-se o ser humano tem alma intelectiva, não
é que tenhamos uma alma sensitiva e uma vegetativa e uma intelectiva, nós
temos uma alma intelectiva com partes própriamente intelectivas, própriamente
sensitivas e própriamente vegetativas, mas toda alma do ser humano é racional
por participação, então o que é próprio do ser humano é sentir racionalmente ou
seja, não uma separação entre razão e sentimento.

O que nós queremos com as virtudes é que os desejos se identifiquem com aquilo
que a razão capta como verdadeiramente bom. De modo que eu vou gostar de
realizar as ações que o verdadeiro e o bom, captados pela razão sugerem pelos
afetos, perfeito?
Parece surreal? Mas não, é simplesmente porque nós nos afastamos desta
tradição, mas é bonito não é? Porque saber que nós não precisamos abrir mão
dos nossos afetos, pelo contrário nós queremos que os nossos afetos não sejam
nossos inimigos, se abracem sob a orientação da reta razão, ok?
Uma outra palavra importante é a noção de perfeição, lembra da analogia da
veste de Santo Agostinho? Perfeição é o completar-se de algo, é ser completo,
efetivamente feito, per feito, ok? Feito por completo, então a veste é perfeita
quando completa a tessitura. Então aperfeiçoar, tornar perfeito, as potências e
paixões as potências da alma e paixões da alma humana, certo? Aperfeiçoa-las, o
que significa isso?
Significa dar-lhes o que lhes completa afim de que elas atinjam seus objetivos, os
objetivos que lhe são próprios para que o ser humano atinja a felicidade,
perfeito?
Temos potência da alma, temos paixões da alma, precisamos dar-lhes alguma
coisa que vai lhes completar para que elas funcionem precisamente da maneira
que precisam funcionar, no sentido de atinjir o seus objetos próprios para que o
ser humano seja feliz, essas coisinhas, são o que vamos chamar de hábitos, essas
coisas que vão completar. Hábito não significa costume, alguma coisa que eu
passo a fazer de forma automática, não! No sentido de antropologia e ética
clássicas, hábito é algo que um ente, uma coisa, que uma potência, paixão, um ser
humano adquiri, hábito vem de ter.
Adquiri e se torna uma disposição tão estável que passa a se comportar como se
fosse da natureza mesmo do ente, certo? Uma segunda natureza, como se fosse
um aplicativo que eu instalei, entendeu? E apartir daquele momento meu celular
passa a se comportar com aquele aplicativo, o aplicativo aperfeiçoa meu celular,
do mesmo modo o hábito é algo que eu instalo em uma potência minha que
aperfeiçoa ela, perfeito?

Quando o hábito se adere ao ente no sentido de conduzi-lo a sua perfeição, ou


seja de ajudá-lo a ser efetivamente o que ele é, ajudá-lo a chegar a sua perfeição,
ajudá-lo a chegar a sua meta última, seu fim último, ele é um hábito bom, e
quando é o oposto, seja um hábito que desvie o ente de sua finalidade é uma
hábito mau, imagina um Malware uma coisa ruim que você instala no seu
aparelho sem querer e ele vai corroendo seu celular, seu computador, certo?
É um hábito mau, ele desvia da finalidade, quando falamos das potências e
paixões humanas, elas são os acidentes próprios do homem, a alma substancial
que tem seus acidentes que lhe são próprios ou seja que são deles, são os
acidentes próprios nos quais o homem realiza suas operações.
Então falamos de hábitos operativos nos interessam os hábitos que aderem
nossas paixões e as nossas potências, esses hábitos portanto são operativos
porque as paixões e potências são os princípios das operações do ser humano.
Eles vão facilitar ou dificultar o atingimento da finalidade daquela potência ou
daquela paixão.
Os hábitos operativos bons fazem com que aquela potência ou paixão adquira
conaturalidade com o bem, ou seja que passe a desejar o bem de forma natural,
que passe a agir conforme o bem de forma natural, em outras palavras é como se
a potência ou a paixão, passasse efetivamente a gostar do bem, do verdadeiro
bem que vai levar a pessoa a sua felicidade, não de um bem falso, um bem
aparente que vai ser bom em um bem no sentido que é algo apetessível, mas que
não cumpre o que promete, não vai levar a felicidade.

Pois bem! Os hábitos operativos bons ou seja, esses “aplicativos” que a gente
instala em uma potência ou em uma paixão e que a conduz a sua finalidade a sua
perfeição no sentido de lavá-la o ser humano a felicidade são o que chamamos
de: VIRTUDES.
E é sobre elas que vamos continuar falando na próxima aula.

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