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Aula 3 - A Prudência
Bom, agora nós vamos propriamente estudar cada uma das 4 virtudes cardeais e
não poderia ser diferente. Vamos começar pela condutora das virtudes, a
prudência.
Como nós falamos.
A prudência, ela é propriamente dita uma virtude racional, uma virtude
intelectual.
Certo? Bom, racional, toda virtude é, mas vocês entenderam, na virtude
intelectual, mas ela também é uma virtude moral, certo?
Então, o que que nós precisamos primeiro, em primeiríssimo lugar, fazer? A gente
precisa desfazer uma confusão generalizada que se criou aí, com o tempo, a
respeito da prudência. Bom, normalmente a gente se refere à prudência como se
fosse a mesma coisa, que cautela ela passou a ser um sinônimo de cautela, né?
Geralmente a gente usa a expressão prudência quando a gente quer dizer que
talvez não seria bom fazer alguma coisa.
Talvez não seria bom agir. “Ah, não, não vamos fazer isso.” Certo?
Do tipo é, Temos uma certa possibilidade de fazer alguma coisa, algo que se
apresenta diante de mim e eu penso; “Não, não vou fazer não, não, não, espera
aí, você tem que ser prudente!” É como se prudência fosse aquele cuidado,
aquele; “Não cuidado...” Sabe?
Prudência se tornou quase como uma covardia existencial.
Que fracasso, né? Que destino ruim pra uma virtude tão elevada.
Mais necessária para as virtudes Morais, certo? O estereótipo do prudente hoje
vê se não é assim, é daquele sujeito que pensa muito antes de agir e, na maioria
das vezes, não age. Em última análise, ele não faz, ou seja, a reta razão não agir se
tornou a torta razão em não agir, ou seja, não tem mais nada mais distante do
que a prudência do que esse estereótipo que se criou hoje.
Tá, nada poderia estar mais distante disso.
A virtude intelectual que modera, e veja a virtude moral e intelectual, que ordena
que modera as ações humanas segundo a reta razão visando ao fim último do
homem, certo?
Ela não pode ser um simplesmente um cuidadinho que você tem com a vida e
geralmente repleto de temores burgueses, né? Não tem nada a ver com isso.
Ela tem por objeto.
Não propriamente o fim último, ou seja, ela considera o fim último.
Certo? Se a razão conhece esse fim último a vontade já deseja de padrão, mas ela
se destina a os meios necessários para atingi-lo, tá? Ela Visa ao fim último porém,
tendo como objetos próprios os meios necessários e adequados para atingi-lo.
OK?
Então a prudência é aquela que faz isso aqui, né? Lembra. A vontade não é livre
para escolher o fim último mas é livre para eleger os meios. Isso pode se desviar
ou não, a prudência ela tenta fazer isso aqui; Ordenar.
Encontrar os meios adequados para chegar no fim último. Perfeito?
Todas as virtudes dependem da prudência, certo? Hominisvirus Morales, débet s
prudentes. Ou seja, toda virtude é necessariamente prudente, prudência de certa
maneira é a virtude em cada virtude.
Ela é a forma da virtude.
Ela é a reta razão no agir e todas as outras virtudes Morais vão ser a reta razão no
agir em certas especialidades, por assim dizer.
Determinadas pelas potências e paixões que elas aperfeiçoou.
Pois bem, ela é a medida das outras virtudes. Ela é a que dá a medida certa, não
no sentido quantitativo, mas na própria qualidade da coisa. E quando eu digo ela
é a forma, ela dá a forma a todas as virtudes. É como se ela fosse, entende? O
esqueleto para padrão que vai ser preenchido das diferentes ações humanas. Em
última análise, todas deverão ser prudentes, ou seja, a justiça ela é justiça, porque
é prudente.
A temperança é temperança, porque é prudente. A Fortaleza é Fortaleza, porque
é prudente. Perfeito?
Prudente, não é cauteloso, prudente é ordenado ao bem na ação, a ação,
ordenada ao bem guiado pela reta razão. Perfeito?
A virtude moral, as outras virtudes Morais elas são a modelação do querer, olha
só que coisa interessante.
Modelação do querer, modelação, daqueles quereres, do desejo.
Modelação, perdão.
Do querer e do realizar.
O plano da motivação da intenção e o plano da ação concreta por meio da
prudência, a prudência atua em todas as virtudes e todas as virtudes participam
da prudência, na medida em que são virtudes, senão não a seriam.
Então nós podemos dizer que todas as virtudes Morais são particularizações da
prudência, são como que a prudência aplicada em circunstâncias específicas.
Perfeito?
Como que particularizadas mas as principais ações nas principais operações das
principais potências e paixões, OK?
Lembre-se, potência e paixões humanas, estamos dentro de uma antropologia
realista.
São para a realidade, não é? Seja só existem uma potência, porque existe uma
realidade a qual ela se refere.
Então vamos lá. A prudência em geral, então o progresso do homem em relação
ao seu bem essencial, lembra o bem essencial.
Reside no fato de que a razão se aperfeiçoa no conhecimento da verdade
modelar.
Certo?
A verdade modelar é aquela que vai informar interiormente o meu querer e a
minha ação. Lembre-se, lá atrás a gente falou da pedagogia da virtude. O primeiro
passo é essa adequação da razão.
Através desse conhecimento da verdade.
Se já a educação dá razão, por assim dizer, seja a retificação da razão é o primeiro
passo. Isso se dá no elemento da da prudência, no processo da prudência. Ou
seja, nesse sentido, no sentido aqui. Clássico, né? É razão, a racionalidade. Ela é a
visão da realidade. A receptividade do real, a verdade, é a descoberta e a
revelação da realidade. Ou seja, verdade ela é a adequação da minha razão com a
realidade.
Esse elemento é fundamental aqui para os atos de prudência, o padrão da
prudência é a própria realidade. A gente fala muito de instalação na realidade,
estrutura da realidade, tudo isso tem a ver com prudência, com uma razão que
conhece a verdade, conhece a realidade ontológica objetiva.
E modela em forma, interiormente, a os meus quereres e as minhas ações. De
acordo com a realidade, ou seja, existe uma primazia da realidade objetiva, certo?
O professor Olavo de Carvalho tinha um dizer clássico, que era, a realidade é
soberana, ou seja, só há vida propriamente de busca pela verdade. Na medida em
que há vida de busca, de adequação à realidade, não há luta contra a realidade.
Certo, quando você pega um instrumento musical.
Independente de você saber tocar ou não, existe algo chamado Harmonia, existe
uma combinação possível de pressões em cordas ou toques em teclas que vão
produzir sons que, ao se combinar, vão formar acordes.
Que vão combinar outros acordes vão gerar uma estrutura que vai ser harmônica
ou desarmônica, mas a Harmonia ela tá lá. Ninguém precisou inventar Harmonia
faz parte da estrutura da realidade, então a prudência tem a ver, de certa
maneira, com a harmonização, aprender a tocar esse instrumento que é a razão
que tem que estar de acordo com a Bela Harmonia da realidade externa.
Lembrem-se no livro, CEO Marillion que reproduz uma narrativa de criação.
Iluvatar, o pai de todos, toca regi uma orquestra composta pelos Anjos, e um anjo
ele resolve se rebelar, tocando uma outra melodia dissonante.
E o que Iluvatar faz?
Simplesmente conduz a orquestra.
Considerando aquela Harmonia, aquele elemento dissonante e criando ainda uma
mais Bela música.
Bom, isso foi a estrutura da realidade. Eu posso fazer o que eu quiser com uma
guitarra, um violão. Eu posso tocar de qualquer jeito, fazer um barulho esquisito
qualquer. Eu não destruí a Harmonia, sou eu que me destruí, eu me torno menor.
Na medida em que eu não correspondo à estrutura da realidade, a realidade
antológica objetiva ao ser extramental. Então existe uma primazia da realidade.
Este é o sentido próprio da expressão instalação da realidade. Vamos dizer ai
como que eu faço para mim instalar na realidade? Olha, cara pálida, seja
prudente, desenvolva a virtude da prudência.
É Ela que vai te instalar na realidade e o passo primordial é o conhecimento da
verdade das coisas, o conhecimento da realidade objetiva sobre a realidade ou de
fora o mundo sobre mim, sobre eu, sobre vocês, entendeu? Existe conhecer a
Harmonia da vida, a Harmonia da realidade.
Isso é o primeiro passo para tal da instalação na realidade, OK?
Pois bem, lembre-se, apesar da prudência, vamos lá, primeiro passo, né? É esse
conhecimento, né? Que e vai estar sempre lá.
A prudência leva em consideração este conhecimento.
Ela leva em consideração o conhecimento do fim último, mas ela tem como
aplicação mais direta, ou seja, ela visa mais diretamente, não ao fim último, mas
aos meios. Os caminhos que visam a conduzir ao fim último.
O caráter próprio da prudência é esse comprometimento no campo dos meios e
dos caminhos e no campo da realidade concreta.
Certo? Instalação na realidade, meios, caminhos, fim último.
Fim último conhecimento do fim último conhecimento das possibilidades
existenciais para atingir esse fim último, educação do querer para querer estes
meios que vão me conduzir ao fim último, seja, a prudência é a ciência, a virtude
que Visa me instalar propriamente na realidade, de maneira a me conduzir
gradativamente a perfeição e a Felicidade.
A prudência trabalha na lógica da consciência circunstancial.
A consciência circunstancial é um conceito ética clássica aqui de maneira
interessante, nós podemos recuperar como princípios da filosofia clássica, a
expressão orteguiana a máxima de Ortega y gasset que reza, né? Eu sou eu e
minha circunstância, se não a salvo, não a salvo a mim, só que aqui,
completamente entendida como um ditame da filosofia moral prática, certo?
Como um princípio que conduz o ser humano à vida plena e feliz, ou seja, a
consciência circunstancial ela promove uma adequação, uma adaptação do
conhecimento desses princípios, dessas noções gerais do conhecimento que eu
tenho da realidade da adequação.
Da minha razão, a realidade externa das coisas a cada momento a cada
circunstância, a cada situação prática, aquela frase que se que São Tomás de
Aquino diz; “Ora a lei moral ela é sempre geral.” Ou seja, o que eu devo fazer é
sempre um princípio geral, mas as situações são sempre circunstanciais, são
sempre singulares, sempre particulares. A sabedoria está justamente na
adequação.
Essa adequação se dá pela prudência, ou seja, é a prudência que faz essa
instalação. A prudência que faz esse translado entre o princípio geral e a
circunstância prática, por isso que nós dizemos que essa ética clássica, ela não é
uma ética do tipo de uma legislação casuística, né? “Oque fazer nessa tripla
situação, o que fazer naquela situação?” E eu vou tentando criar aqui um catálogo
de situações e uma resposta prévia, não! A ética clássica ela visa, ela precisa para
que você seja feliz para que você chegue ao a sua perfeição a fim último através
dos ditames da ética clássica, né?
Você veio daorientação da ética clássica, ela precisa do que se chama formação
da consciência, a formação da consciência moral ela leva, ela Visa a desenvolver,
sobretudo, esse conhecimento geral da estrutura, da realidade e saber exercer na
prática, a ação que corresponde àquele conhecimento. Isso é um são obviamente,
atos próprios da prudência perfeito. Então queremos chegar a vida plena e feliz.
Para isso. Eu preciso dessa consciência circunstancial, certo que é a lógica que a
prudência trabalha.
Porém.
Pela perspectiva da solésia, ela é aquela capacidade que ele teria de saber ali, o
bem propriamente dito. E olha, eu quero salvar minha família em primeiro lugar e
eu vou ter uma atitude inteligente diante dessa situação de crise.
O filósofo Joseph Piper, ele diz uma coisa interessante. O Ítalo fala muito de seja
forte, né?
O Joseph Piper fala também. Ele diz que para a soléscia é importante o
desenvolvimento da vitalidade, do vigor físico e psíquico, físico e psíquico. Porque
eu preciso saber que em determinadas situações eu vou precisar ter uma
disposição para correr, para segurar, né? Para aguentar ali a dor, preciso ser forte.
Olha que interessante. Então a providência ela lida com essa inquietação.
Essa dúvida em relação ao futuro e as respostas que eu vou dando para tentar dá
conta disso agora. Precaver, entendeu?
Então eu espero que nós tenhamos feito bem o nosso trabalho de apresentar
prudência. Ela vai ser fundamental para que nós compreendamos cada uma das
próximas virtudes, que é o que nós vamos fazer agora nas próximas aulas.