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Fato: aquilo que se intui, que se percebe, que se localiza no tempo e no espaço, que tem existência (existir é estar no

tempo e no espaço);

Fatos materiais: intuídos indiretamente, por meio dos sentidos


Fatos imateriais (estados da alma): intuídos diretamente

Conceito: aquilo que se pensa, série indefinida de fatos que parecem idênticos e que coexistem. O conceito é formado
por meio da abstração do fato. Representa o intrumento pelo qual o homem consegue colocar alguma ordem na realidade
caótica que se lhe apresenta. O conceito é uma essência inteligível e universal. Exemplo:

Cadeira: a palavra escrita é o enunciado do conceito de cadeira;

Conceito de cadeira: a ideia de cadeira, que é despojada de inúmeras características, como cor, formato do assento, tipo de
material de que é construída; reunindo apenas os elementos essenciais de uma cadeira, como assento, pernas e encosto.

A matéria-prima do conceito é o fato. Só pode haver conceito se houver fato. O conceito é o resultado de uma abstração e,
portanto, não existe no tempo e no espaço, mas apenas no pensamento.

Abstração: é o processo da inteligência que extrai das realidades sensíveis, materiais, sua essência inteligível e universal.
Contudo, comete grave erro quem se refere ao abstrato como coisa despregada do fato, que é concreto. Esse abstrato é o
cerne do fato concreto. Por exemplo: tenho, na realidade, algumas coisas que apresentam os seguintes fatos: galhos finos,
galhos grossos, galhos retos, galhos tortos, folhas verdes, folhas amarelas, folhas pequenas, folhas grandes, frutos azedos,
frutos doces, frutos pequenos etc... Captei essas características com meus sentidos, especificamente meus olhos. Para que eu
possa dar ordem a esses fatos, devo procurar o que existe de mais essencial neles. Assim, eu os separo e procuro neles uma
unidade. Eis o processo de abstração: procurar a essência inteligível de determinados fatos. Como resultado tenho o conceito
enunciado pela palavra árvore: um fato que possui tronco, galho, folhas e raízes. Desse ponto de vista, o conceito também
pode ser entendido por definição.

O conceito também é uma forma de reduzir a realidade, captando dela senão o essencial.

Em termos comunicacionais, o conceito permite-nos comunicar-nos. Uma conversa seria impossível se, diante do desejo de
mencionar uma árvore, eu tivesse que descrevê-la integralmente. Isso nem seria possível!

Esquema

Captado pelos sentidos Abstração: unificação, a estabilização e a distinção

Fatos Razão Conceito

O homem está diante do mundo, que se apresenta na forma de animais ferozes, e insetos traiçoeiros;
tempestades e secas; fome e sede; inveja, desprezo e orgulho; e tudo misturado e recoberto com o
misterioso manto da morte. Mas, como dizia Pascal, o homem é um caniço pensante. E é por isso, pela
união da necessidade de sobrevivência com uma inclinação natural do espírito, que é o pensar, que ele
procura colocar ordem no mundo, para poder entendê-lo e, então, superá-lo. Eis o instrumento pelo
qual o homem vence o mundo: o conceito, esse ponto de partida que dá ao homem a certeza de estar
no caminho correto.
A comparação é a forma usada pela mente humana para elaborar o conceito. No entanto, apesar de alguns
filósofos dizerem o contrário, as noções de semelhança e de diferença já estão presentes no homem, e elas é que possibilitam
à mente operar uma comparação. Se não existisse no homem a noção de diferença, ele, diante de dois fatos da realidade,
veria uma unidade, e não haveria o que comparar. Uma das primeiras apreensões dos sentidos é a diferença espacial,
condição essencial para que haja comparação. Há, logo, contemporaneidade entre a noção de diferente e de semelhante, pois
o primeiro só é patenteado pela presença do segundo, e vice-versa.

Uma objeção poderia ser feita: mas, diante de coisas idênticas, ou seja, coisas que não apresentam diferença, o desejo de
comparação também surge no homem. Ou ainda: mas o homem não compara coisas que são mais idênticas que outras?

Eis que se apresenta o problema da identidade. Segundo Leibniz, a o princípio da identidade só existe em relação ao
Absoluto. Não existe a diferença pura, nem a pura semelhança, senão quando se trata da mesma coisa. A árvore x só é
idêntica a ela própria. Portanto, o semelhante não é um grau, uma categoria do idêntico.

Fala-se em identidade quantitativa e qualitativa, mas essas noções pertencem apenas às matemática. Na realidade das coisas,
não fatos idênticos, apenas semelhantes e diferentes.

Logo, pode-se dizer que os sentidos recebem as diferenças, funcionam com os diferentes, e a razão, a mente humana, por
meio da abstração, procura o semelhante, procura o parecido. O homem, devido a essa característica do seu espírito, tende
para o semelhante, e depois para a identidade.

Abstração: separar, do verbo latino abstrahere.

Juízos: declaração, afirmação, sentença que se faz a respeito de um fato. Na frase “Este copo é bonito”, declarei algo
sobre o fato “copo”. Afirmei algo sobre o fato “copo”. Fiz uma sentença sobre o fato “copo”. Atribui ao sujeito, ao fato um
predicado. Ou “Este copo não é bonito”, e no caso eu estaria rejeitando o predicado ao sujeito, ao fato. Portanto, há:

Universais - todos

Afirmativos Particulares – alguns, uns, este, aquele etc.

Juízos

Negativos Universais - todos

Particulares - alguns, uns, este, aquele etc.

Conceitos: mais gerais: gênero


mais especiais: espécie.

Os gênero contém a espécie; a espécie está contida, incluída no gênero.


Implicado: termo da Filosofia que quer dizer que algo está oculto em outro, que está embrulhado em outro, no caso,
conceitos. Os conceitos estão implicados em outros.

Implicância: características de os conceitos estarem implicados em outros. Portanto, em um conceito universal, expresso
pela palavra “todos”, pode-se tirar “alguns” e “um”, por exemplo, que estão implicados em “todos”.

Dedução e Indução
Dedução: do latim ducere, conduzir, e duce, guia, condutor. Logo, quando deduzo, eu tiro. Logo: dedução é a atividade do
espírito que extrai um juízo particular de um juízo universal;

Indução: do latim duce in, conduzir para. Logo, indução é a operação mental que chega a um juízo universal a partir de
juízos particulares.

Os métodos

Meth’odos: palavra que significa bom caminho, caminho verdadeiro: bom caminho para chegar a alguma coisa.

São dois os métodos:

Dedutivo: que parte do geral para o particular;


Indutivo: que parte do particular para o geral.
A Filosofia é, em geral, dedutiva, extraindo juízos particulares dos juízos gerais. Há quem diga que a filosofia é
apenas dedutiva. Outros, porém, afirmam que ela é dedutiva-indutiva e indutiva-dedutiva.
A Ciência é mais indutiva, partindo de juízos particulares para chegar a juízos universais, e daí retirar outros
juízos particulare. Por isso a denominação de método indutivo-dedutivo.

Definição

Um juízo declara algo sobre algum fato. Por exemplo: quando digo que “isto é um copo”, estou atribuindo o predicado “é
um copo” ao sujeito “Isto”. O predicado atribuído também pode ser entendido como um conteúdo. Pois bem, daí teremos:

Se, de fato, aquilo para o qual aponto está ali, tenho uma verdade de fato. Ali há, definitivamente, um copo. E se o conceito
copo adequa-se perfeitamente a isto, ou seja, se isto é um tipo de vaso para beber, sem alças, e não outra coisa, tenho uma
verdade lógica.

Definir é, portanto, dizer a essência de determinado fato. A palavra “copo” enuncia um determinado conceito, de natureza
mental, que é “vaso para beber, sem alças”. Logo, a definição será a delimitação do conceito por meio da apresentação do
gênero a que pertence e também daquilo que o torna o que é, e não outra coisa. Assim, teremos: a palavra copo, que enuncia
o conceito copo, a essência
Definição de estojo: caixa que recebe objetos (caixa: gênero; objetos: o que o distingui).

Ordem
Ordem é a relação entre as partes de um todo, deste com as partes e destas entre si.

Esta garrafa é um todo, uma totalidade: ela é formada de partes (pequenas partes de plástico, tinta, entre outros) que se
relacionam entre si, e também de relações entre cada parte com o todo.

Há dois tipos de ordem: aquela em que as partes se conexionam interna e rigorosamente; e aquela em que as partes se
relacionam sem nexo rigoroso, formando um todo, acidentalmente;

Coordenadas: ordens que se ordenam. Exemplo: uma árvore possui todas as suas partes servindo ao todo, portanto,
pertencente ao primeiro tipo de ordem. No entanto, ela também precisa de fatores externos para florescer. Logo, sua ordem
será ordenada com a ordem climática, por exemplo, e aí teremos uma coordenada, uma coordenação, uma dupla ordenação.
Coordenadas que fatoram, ou seja, que fazem, que permitam com que ela se torne o que é.

Além disso, a árvore está conexionada com todas as outras ordens que formam o nosso planeta: a ordem terrena, a ordem
espacial, a ordem das galáxias etc...

Potência
Potência é a possibilidade de algo vir-a-ser. Há dois tipos de potência:

1) Potência ativa: possibilidade de fazer;


2) Potência passiva: possibilidade de sofrer.

Ato

O ato é a possibilidade realizada, a potência realizada. Todo ato tem potência, porque revela a possibilidade do fato. O ato
copo revela a potência copo.

A passagem da potência para o ato é que se conhece por devir.

Se existe o devir é porque existe o ato, ou seja, a potência atoalizada, transformada naquilo que pode vir a ser. Ora, este ato
não poderia vir do nada, pois, do nada, nada pode vir. Se alguma coisa vir do nada, é porque esse nada é alguma coisa, visto
que o que é só pode vir do que é e não do que não é. Se, portanto, empreendermos uma investigação a respeito de um ato,
por exemplo, um cinzeiro, perceberemos que ele vem de alguma coisa, neste caso, do vidro, se de vidro for composto o
cinzeiro. A pergunta imediata seria, então: e de onde veio o vidro? Responderemos que veio da areia. Outra pergunta impor-
se-á: e a areia, de onde vem? Digamos, por exemplo, que ela é resultado do resfriamento da crosta terrestre e das sucessivas
ações da atmosfera. Prosseguindo, questionaremos: e a crosta, ela tem de ter vindo de algum lugar? Ao que falaremos: ela é
um dos resultados da explosão que damos o nome de Big Bang, o início de tudo. Neste ponto, não poderemos nos furtar a
perguntar: e o que gerou o Big Bang? A única resposta possível é que um ato primordial gerou-o. Caso haja alguma
intervenção dizendo que pode haver um ato anterior a este, podemos responder que sim, que há, mas, em determinado
momento, termos que aceitar a existência de um ato que contém todas as possibilidades: as que se atoalizaram, as que se
atoalizam neste momento e as que hão de se atoalizar. E esse ato não pode ser o nada, ele tem de ser alguma coisa, porque,
do nada, nada vem.

Lei da Causalidade

Relação de causa e feito. A causa é o ato que dá origem a outro ato, atualizando a sua potência, que já detinha a capacidade
de ser este novo ato.
Não existe ato puro, a não ser Deus. Porque para ser puro, um ato não pode ser a atualização de uma potência; se for, será
preciso admitir a existência de outro ato, e de outro, e de outro.

Vemos, assim, a presença de duas ordens:

1) a ordem interna na semente, que se exteriorizará na pereira;

2) a ordem das coordenadas (fatores externos que se ordenam aos internos, “co” concamitantemente, simultaneamente),
necessárias para que a semente se torne pereira.

A primeira causa vem da semente da pereira, vem margem, à tona, emerge da semente. Chama-se por isso causa emergente.

A segunda é dada pela disposição das coordenadas que pre-param o ambiente e os elementos necessários para que a semente
se torne pereira, isto é, pre-dispõe. Chamam- se causas predisponentes.
A realidade, portanto, é a conexão que existe entre todos os fatos do mundo, uma vez que todos eles precisam de causas
predisponentes para vir-a-ser e ser.

A idéia para Hegel ( Georg Wilhelm Friedrich Hegel — filósofo idealista alemão — 1771-1830)
O filósofo alemão fazia a seguinte distinção:

1) A ideia como representação subjetiva (apresentação de imagens mentadas pelo homem);


2) A idéia concreta, que é o fato associado ao conceito.

Para Hegel, portanto, só tem concreção as idéias que são consideradas com suas coordenadas, ou seja, com as causas
predisponentes que a permitem ser o que é.

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