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Aula 1 06/03
Parte 1
Apresentação do curso e introdução da noção de percepção
Partes do curso:
1. sensação
2. introdução à noção de corpo
discussão com a psicopatologia, medicina (já no primeiro livro, de 1938).
membro-fantasma: corpo e temporalidade.
3. seremos conduzidos, então, à noção de ser-no-mundo (Heidegger)
4. o modo como o corpo é compreendido pela psicologia clássica
5. noção de esquema corporal: intencionalidade (Husserl)
6. função simbólica
7. motricidade: tempo e intencionalidade; unificação do corpo, síntese perceptiva etc.
8. hábito (aquisição que o corpo faz estruturalmente)
9. relação do corpo como síntese com a arte
10. sexualidade
11. afonia (patologia)
12. expressão (noção unificadora: tem um caráter constituinte do que é o corpo)
13. corpo e linguagem: o enfoque será a fala
Alguns comentadores: divisão entre a primeira fase e o período dos anos 50 (linguística); Alex
não trabalha com esse corte: há diferenças, mas não uma ruptura.
Fenomenologia da Percepção
Discutiremos um trecho hoje: sobre a noção de sensação, início da introdução, p. 23.
MP introduz a discussão sobre o estatuto da sensação. Parte da noção principal mobilizada para
se compreender a percepção (de certo intelectualismo e de certo empirismo, este reconhecido
sobretudo nas ciências, uma visão cientificista). Discussão sobre a ciência: pós-século 18. De
um lado, há uma atitude cientificistas (atividade no objeto), de outro, intelectualista (atividade
sobretudo na consciência).
Num caso, a qualidade objetiva no objeto age sobre a consciência/o sujeito, o que determina a
sensação; noutro, tenho a sensação de alguma coisa porque sou uma consciência que projeta
um sentido; não há qualidade, é uma tábula rasa (hipótese reflexiva, analítica pós-cartesiana).
A consciência projeta sobre o objeto, que em si mesmo é destituído de sentido, conferindo-lhe
a significação “verde”, p. ex.
Como o verde para mim é o mesmo verde para você? (MP o pensará, recusando a consciência
transcendental universalizável). Trata-se de uma generalização histórica dessas linhas de
pensamento, não de uma crítica há autores específicos: é assim porque há entre eles um certo
pressuposto comum de que eu posso operar no interior de uma cisão entre sujeito e objeto. O
que importa para ele é a matriz ontológica dualista. MP NÃO É MONISTA: a diferença entre
a coisa e o sujeito não desaparece, ou não haveria mais percepção.
p. 23-...
A sensação é aparentemente uma noção mais óbvia e clara, mas inviabilizou, na base das
hipóteses clássicas, a compreensão da percepção.
Perceber: há uma certa qualidade que reflete em mim um estado; a sensação é um "choque"
instantâneo, indiferenciado e pontual, isto é ser afetado. MP recusará.
MP: mas eu nunca percebo um ponto: a percepção é sempre relacional.
Explica-se a percepção por impressões (julgar, lembrar, associar), mas impressões são pontuais!
MP: como uma impressão se transforma em sentido?
Dificuldade nessa teoria: tudo dependeria sempre de uma experiência anterior.
MP: O que faz com que a percepção seja orientada para a lousa verde? Há algo no próprio
percebido que evoca a sua referência: a associação pressupõe o que quer explicar – haveria
uma indeterminação absoluta (uma regressão). MP: O corpo configura o estímulo, e o estímulo
configura o corpo. A percepção evoca o corpo, mas, para que essa estrutura possa ser percebida
pelo corpo, o corpo dá forma a ela. A lousa não é um verde-objeto fechado, é uma matriz que
se oferece de vários modos, sem deixar de ser o que ela é. Não cairá no relativismo porque a
própria coisa é múltipla, de estrutura plástica, flexível.
Para a próxima aula: pp. 23-30 (o que vimos hoje); pp. 103-110