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20/05/2021

O Nascimento do Trágico: livro sobre estética que fala também sobre Hegel e da filosofia da
época. Qual seria a conexão entre o trágico e o nosso curso? O Roberto Machado nesse livro
baseia-se no Peter Szondi, que discute temas importantes da teoria literária. Aristóteles,
Poética, tragédia grega, fala do ponto de vista da substância. A partir do Kant a tragédia
passou a ser considerada do ponto de vista do sujeito, da Filosofia do Trágico. (Filosofia do
Trágico vs Poética da Tragédia).

Lenin: "como posso estudar Hegel? Leia a Estética". Lá está cheio das explicações da
filosofia de Hegel.

Esse livro serve como uma boa introdução a estética, passando sobre uma série de autores
que compõem o quadro da época.

Enciclopédia das Ciências Filosóficas

A ideia dessa aula é fazer essa passagem da Fenomenologia à Enciclopédia. Momento de


consolidação do pensamento Hegeliano.

retomada de questões da introdução à Fenomenologia do Espírito. Introdução do Sistema do


Saber. Na Fenomenologia, Hegel lança a ideia do sistema (movimento dialético, dialética do
sistema, modo de lidar com a filosofia, percurso da consciência natural em-si e para-si, como
isso se dá e como ocorre o saber através do filósofo, aprendendo aquilo que ocorre por detrás
da consciência). Temos o desenvolvimento das figuras do saber. Já na Introdução a
Enciclopédia, Hegel coloca tudo isso sob o ponto de vista do Saber absoluto, último estágio
da fenomenologia que agora é o primeiro.

§1 o caminho da ciência é também ciência. Ela não pode pressupor seus métodos como já
foram dados imediatamente. [De onde veio deus? ele não estava presente na introdução e no
prefácio da fenomenologia. No processo da fenomenologia do espírito, a religião é a
antepenúltima figura do desenvolvimento do espírito. O Deus aqui não deve ser pensado
como um Deus religioso. Ele está diretamente relacionado com o processo da consciência].
Existem semelhanças entre a religião e a fenomenologia. Ambos tratam da verdade. A
filosofia precisa estar junto do absoluto, ela já tem que se colocar no campo da aparência, e
esse é o seu único pressuposto. E é a partir daí que temos o movimento da consciência.
No segundo parágrafo do primeiro, Hegel discute a abordagem que devemos dar à dedicação
absoluta. Não podemos previamente dizer algo, em relação ao absoluto. É preciso percorrer
um processo, não ficar em uma imediatez. Isso é muito semelhante aos parágrafos §3 e §4 da
introdução e do começo do prefácio. Não adianta somente ter uma familiaridade, é preciso
trabalhar com essa familiaridade, deixando que a consciência trabalhe. Esse é o problema do
começo da filosofia. Ela não pode pressupor algo. Para o saber ser gerado, ele precisa
participar de um processo. Por isso que ele não pode ser pressuposto.

§2 "Inicialmente, a filosofia pode determinar-se, em geral, como consideração pensante dos


objetos ``. (muito semelhante ao §85 da introdução). Esse seria o trabalho da filosofia diante
da consciência. A consciência mesma se examina. Ela é a própria crítica de si, não devemos
introduzir um padrão de fora, pois ela possui os próprios padrões para avaliar-se. O filósofo
olha, vê como a consciência percebe. Esse observar pode ser entendido como o "trabalho do
conceito". Mas há uma diferença entre o trabalho do conceito e da observação pura,
relação ser humano ou animais: o ser humano se distingue dos animais por meio do pensar.
Só o ser humano é em-si e para-si. Os animais são em-si. Eles não tem história. Não tem o
processo de continuar. O gato do Werle não sabe nem quem são os pais deles. Eles são
natureza. Eles tem sentimento, da mesma forma como nós temos. Mas não há o que pensar, o
momento do para-si, a cisão do em-si. Essa é a marca do ser humano. Em algum momento da
história o ser humano poderia ser um em-si. Há povos que pararam no em-si. Não dá para
saber exatamente quando o ser humano se diferenciou dos animais, sendo essa uma questão
que vai além da filosofia. A Fenomenologia do Espírito parte do pressuposto do ser humano
já no em-si para-si, tanto que sua primeira figura já tem presente esse duplo movimento.
Se há uma diferença entre o ser humano e o animal, sendo essa diferença o pensamento,
dentro do pensamento também há uma diferença, entre um pensamento que menos pensa e
um pensamento que pensa mais: um pensar ativo e um pensar filosófico. Há um tipo de
pensamento humano que é o sentimento (há uma diferença entre sentimento e sensação.
Animais possuem sentimentos que são sensações, os humanos possuem sentimentos como
pensamento). As pessoas normais todo mundo tem isso. Esse seria o pensar ativo, um pensar
que sente. Só que existe uma diferença, uma diversidade entre o pensamento imediato/ativo e
um pensamento filosófico. Esse pensamento filosófico é o pensamento ativo que faz o
trabalho.
Ataque a ideia de que o primeiro pensar, sentir, é diferente do pensar. Eles são o mesmo. Há
um preconceito que separa o sentir religioso do pensamento, como se este quiser "perverter" a
religião. Eles são dois pensamentos e são um dialético, contraditório. A consciência é assim,
ela é em-si e para-si, contraditória em-si). A época do Iluminismo cravou a razão da crença.
Isso para Hegel é um preconceito, pois no sentir já existe o pensar, e no pensar já existe o
sentir.
A religião é uma necessidade da consciência. A partir do momento que a consciência é em-si
e para-si, ela já é religiosa, divina. Deus dá a ideia de fechamento. É uma necessidade
humana. Ele é uma coisa profundamente humana. Por conta disso, apenas o humano é
religioso. O animal não tem religião. A religião é um fenômeno humano.
É diferente pensar algo e ter pensamentos sobre esses pensamentos. Esses são dois níveis. O
segundo é apreendido pela reflexão. A reflexão é um "pensar que vem depois", um pensar
segundo, que vêm após um pensar primeiro. De início Hegel coloca a reflexão como
negativa, mas ele muda para positiva. Hegel rejeita a ideia de que "antes nadar (ação) é
preciso aprender a nadar (teoricamente)". Ou seja, Hegel rejeita essa ideia aplicada à reflexão,
que para entender algo A reflexão é o pensar do pensar. Ela é a base da filosofia. Ela é o
momento do para-si sobre o em-si. Mas isso não quer dizer que isso exija uma ideia de
separação entre o primeiro e o segundo pensamento. A reflexão precisa ser entendida como
ela é. O que Hegel critica nesse parágrafo é a ideia de reflexão como sendo caminho único,
excluindo o primeiro pensar, como o segundo pensamento fosse apenas o essencial, SENDO
QUE ELE DEPENDE DO PRIMEIRO. O pensamento reflexivo é o pensamento filosófico, é
o momento do para-nós e ele se distingue do pensamento ativo, que é o sentimento, intuição,
representação. Entretanto, como já dito, esses dois pensamentos são o mesmo. No movimento
do em-si e para-si temos o mesmo se movendo. Da mesma forma, funciona a reflexão
filosófica e o pensamento ativo. Eles têm o mesmo pensamento.
consideração pensante (puro observar §85 fenomenologia) x refletir (§2 enciclopédia)

§3 representações ou conceitos
a determinidade é único na consciência "é um só e o mesmo". Afinal, só existe um pensar,
que possui diferentes formas: imagens, intuições, sentimentos. Ele pode estar misturado, puro
(lógica). Nessas diferentes formas, o conteúdo é objeto da consciência".
"A filosofia põe, no lugar das representações, pensamentos, categorias e, mais precisamente,
conceitos". A filosofia transforma as representações em categorias, conceitos. A filosofia está
no campo da lógica, ela fala uma outra linguagem da realidade. Uma coisa é representação
(sentimentos, intuições, etc...), outra coisa são conceitos. A representação vai para o conceito,
e o conceito vai para a representação (é o caminho da fenomenologia para a lógica e da lógica
para a fenomenologia). Uma coisa é misturar representações com pensamentos. A
consciência ordinária faz isso quando trata dos assuntos cotidianos ("isso é verde"). Outra
coisa é tratar o objeto puro, o pensamento longe das representações, sendo esse o campo da
lógica.
crítica àqueles que querem acesso direto ao saber no plano das representações. Existem esses
dois níveis: representação e conceito.Há pessoas que querem misturar esses dois níveis. A
consciência tem uma certa resistência à linguagem pura, longe das representações. Ela se
sente perdida, que está fora do mundo. Quando ela começa a seguir o caminho do conceito,
ela fica perdida, chegando no caminho do desespero. Em um sentido existem duas
linguagens: a linguagem da representação e a linguagem do conceito. A rigor, o conceito só
pode ser aprendido como conceito. "Nada há mais que pensar do que o conceito". Entretanto
há uma saudade na consciência, de algo bem definido e imediato, uma certa saudade da
certeza que a representação traz. Por conta disso nós apegamos as figuras físicas, aos
escritores, pregadores e oradores".

§4 a quem pense que a filosofia tem que provar os objetos da religião. Mas são campos
diferentes: existe a consciência comum e a filosófica. Se esse é o caso, não tem como a
filosofia despertar a consciência comum e provar para ela que ela pode fazer inteligível os
mesmos objetos da religião. Isso é desnecessário, pois os modos são diferentes.

§5 a reflexão extrai pensamentos de representações. O refletir é extrair o que há de verdadeiro


nos objetos. Hegel apesar de apoiar-se em um preconceito acerca da reflexão, ele aceita essa
ideia.
Crítica da ideia do saber imediato, da ideia de que é possível fazer filosofia através da
consciência ordinária, através das representações, de que não é preciso refletir pois todos já
possuem a capacidade para a filosofia, como se não fosse necessário apreender as técnicas
filosóficas, etc... É como se na filosofia tudo o que precisávamos fosse de uma boa mente,
como se ela não precisasse ser treinada, adquirir técnicas e ferramentas.
§6 A filosofia não é apenas reflexão, ela é realidade. Todo conteúdo que ela tem é
originariamente produzido no espírito vivo. Ou seja, o conteúdo da filosofia é a realidade, a
efetividade. A ciência busca a concordância entre a efetividade e a razão consciente de si. A
efetividade supera a divisão entre a coisa ordinária e a coisa separada. Hegel comenta a
polêmica do dever-ser, da filosofia edificante. Hegel na Filosofia do Direito dialoga com
Kant. O dever-ser vai contra a efetividade. Hegel se opõe a essa maneira de filosofar de que
"o mundo devia ser da maneira como eu quero". Isso seria antecipar algo. Ele não respeita a
efetividade. Ele é semelhante com aquilo que ele discute no começo da Fenomenologia sobre
a filosofia edificante.

Considerações gerais:

É possível ver que o movimento dialético sempre está presente nas obras do Hegel, do em-si
para-si que depois vira em-si-para-si. Isso se manifesta no Direito, na História e na Estética.
O núcleo sempre é o mesmo.

A prova será feita durante o tempo de aula, 3 ou 4 páginas, manda pelo email o word para o
professor. Isso será feito nas próximas duas aulas.

O em-si e para-si é sempre um mesmo movimento, pois apesar do em-si vir primeiro, ele já
contém o para-si. É um movimento duplo. O para-si percebe seu para-si no em-si, e é a partir
daí que ela consegue realizar esse movimento. Se ela não fosse capaz de se enxergar no em-
si, ela não seria diferente dos animais.

Hegel fala sobre o pensamento pois estamos no último momento do saber filosófico, estamos
na Enciclopédia, estamos falando de tudo que pode ser aprendido. Bourgeois. A enciclopédia
é um círculo. Há essa ideia circular do em-si e para-si que forma essa ideia da ciência
filosófica.
A história não é um capricho humano, ele é uma necessidade humana. Há uma necessidade
de resolver uma contradição interna humana. E resolver essa contradição significa fazer
história. Essa é a distinção significativa entre os animais e os humanos, e é por isso que temos
histórico e os animais não.

Sentimentos, intuições, representações, são pensamentos. Mas não são pensamentos que se
pensam. Eles possuem uma forma diferenciada. Uma coisa seria pensar sobre formas, outra
coisa é caminhar para essa forma da consciência.

determinação x determinidade = determinidade = uma potencial determinação

ser em si = potentia, potência


ser por si = actus, ato
remete a termos aristóteles

dentro do em si há o para si. Dentro do ato há a potência. Na natureza isso não se distingue.
Mas no ser humano existem esses dois movimentos. Ele é um e duplo. Ato e potência são a
mesma coisa. Para o indivíduo, não existe ato sem potência. Eu não consigo fazer um ato sem
uma potência. Eu não posso ter uma potência se eu não tiver realizado pelo menos uma vez o
ato. Há uma inter-relação entre a potência e o ato, entre o em-si e o para-si.

Por trás das representações existem categorias lógicas. As representações são metáforas para
essas categorias lógicas. Por conta disso, existe uma diferença na linguagem ordinária, das
representações, e da linguagem lógica, que trata as categorias, dos puros conceitos.

"reflexão no seio do absoluto por meio da consciência natural que percorre um caminho rumo
ao saber"

temos que nos atentar os conceitos:


- consideração pensante
- reflexão
- representações
- conceitos
- efetividade
Isso tudo é um percurso, feito em um plano duplo, da consciência e da filosofia, ou seja, do
pensar, do pensar imediato e do pensar sobre o pensar.

diferença entre Wirklichkeit e Realitat. Um é produzido, outro está produzindo-se. Um é em-


si e para-si. É um conteúdo na relação com o objeto. O real é o ser-aí exterior, como
fenômeno.

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