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GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL (1770, Stuttgart – 1831, Berlim)

FILOSOFIA ESPECULATIVA
IDEALISMO ALEMÃO
J. G. FICHTE (1762-1814) / Fr. H. JACOBI (1743-1819) / K. L. REINHOLD (1757 – 1823).
Colegas de seminário (Stift): Seminário (Stift) da Universidade de Tübingen (1788-1793):
G. W. Fr. HEGEL (1770 – 1831) 2 anos de filosofia e 3 anos de teologia. (Razão e Liberdade)
➢ Platão, Aristóteles, Spinoza e Kant
Fr. W. J. von SCHELLING (1775-1854) ➢ Revolução francesa (1789) / Igreja invisível
Fr. HÖLDERLIN (1770 – 1843) ➢ Sturm und Drang (1745-1790) – “Tempestade e ímpeto”
Arthur SCHOPENHAUER (1788 – 1860) Frankfurt
Universidade de Tübingen, fundada em 1477. Com a reforma protestante (1534), a Universidade assume a ortodoxia
luterana; um seminário para formação de pastores luteranos, denominado Stift, se vincula à Universidade em 1536.

SILVA, Fernando M. F. Correspondência Schelling-Hegel-Hölderlin (1794-1796). Con-Textos kantianos. International Journal of


Philosophy, Madrid, n. 11, p. 423-456, jun. 2020. Disponível em: <https://www.con-
textoskantianos.net/index.php/revista/article/view/506/817>. Último acesso: 01 abr. 2023.
BUTLER, Judith. Sentire ciò che nell'altro è vivente. L'amore nel giovane Hegel. Nocera Inferiore: Orthotes, 2014.
CAPUTO, Renato. Hegel a Tubinga (1788-93). In: La città futura. Disponível em: https://www.lacittafutura.it/unigramsci/hegel-a-
tubinga-1788-93

1788-1790 – Curso de Filosofia


1790-1793 – Curso de Teologia (23 anos). Terminado o curso, torna-se preceptor
1795 – A vida de Jesus e Fragmentos sobre a religião popular e cristinaismo
1796 – A positividade da religião cristã
1797 – Frankfurt (posto de preceptor)
1798 - Sobre as mais recentes controvérsias internas de Württemberg em especial sobre a deplorável
situação da magistratura (lamenta a crise interna da sua pátria e propõe eleições diretas de magistrados)
1800 – Fragmento de Sistema (esboços da dialética).
1801 – Cidade de Jena a convite de Schelling. Escreve Diferença entre o Sistema filosófico de Ficht e
de Schelling. Consegue a livre-docência na Universidade de Jena: Dissertatio philisophica de orbitiis
planetarum
1802-1803 – Jornal crítico da filosofia (com Scheling); Costituição da Alemanha; Sistema da eticidade
1807 – Fenomenologia do espírito (37 anos). Nasce o seu filho Ludwig. Distancia-se de Schelling.
1808 – Torna-se director e professor em ginásio de Nuremberga.
1811 – Casa-se com Marie von Tucher. Dois filhos: Karl e Immanuel.
1812 a 1816 – Ciência da lógica
1816 – Ensina filosofia na Universidade de Heidelberg (em 2022 foram encontrados, na biblioteca da
Arquidiocese de Mônaco, 4.000 páginas com aulas de Hegel desse período, em especial, sobre estética)
1817 – Escrito anônimo: Avaliação dos atos da assenbleia dos estados territoriais do reino de
Württemberg nos anos 1815 e 1816.
1817 (1830) – Enciclopedia das ciências filosóficas em compêndio
1818 – Nomeado como professor de filosofia na Universidade de Berlim.
1820/21 – Elementos de filosofia do direito
1829 – Reitor da Universidade de Berlim.
1831 – Morre em Berlim.
- Logo após a sua morte de Hegel, quatro Cursos universitários (Berlim) publicados: Lições de Filosofia da religião (1832),
Lições de Filosofia da história (1836), Lições de História da filosofia (1837), Lições de Estética (1838).

Máxima do idealismo hegeliano: “O que é racional é real, o que é real é racional”


(Was vernünftig ist, das ist wirklich, und was wirklich ist, das ist vernünftig).

- De PLATÃO: melhor modelo de dialética está no Parmênides.


- De ARISTÓTELES: energeia (e0ne/rgeia) e pensamento de pensamento (no/hsij noh/sewj no/hsij) –
vinculação mediada entre sujeito/objeto. Mediação (o mediato) é o próprio acontecer do devir
Metafísica antiga e medieval Metafísica moderna (Bacon, Metafísica especulativa (Hegel)
(Adaequatio mens et rei) Descartes, Look, Leibniz, Spinoza, Kant...) (Visão unitária e “ideal” do ser)
Relação imediata entre sujeito e Relação problemática entre Relação mediata entre sujeito e
objeto sujeito e objeto objeto

Prof. Ibraim Vitor de Oliveira – METAFÍSICA II – Curso de Filosofia (PUC Minas)


Ponto de partida: Reviravolta da teoria do conhecimento de Kant (1724 – 1804) e diálogo com
“idealismos” da história da filosofia, tais como, Platão (428/427 - 348/347 a.C.), Plotino (203/205 –
270), Leibniz (1646 – 1716), Spinoza (1632 – 1677), Vico (1668 – 1744), Berkeley (1685 – 1753).

QUESTÕES CRÍTICAS COM RELAÇÃO À FILOSOFIA DE KANT:


o Relação fenômeno X noumenon – para Kant, será possível algum acesso à “coisa-em-si”, já que o
fenômeno, mesmo constituído pelas formas a priori da sensibilidade (intuição), não teria qualquer aparição se não
existissem “coisas em si”. Para Hegel, o real (Wirklich) é racional (vernünftig), o racional é real.
o Eu penso kantiano – refere-se ao esquematismo de Kant na atividade interna do conhecimento, na imaginação:
há sempre um “eu” como agente do processo. Segundo Kant, “eu não me transformo nas coisas que conheço”, contra
a metafísica clássica. Para Hegel, trata-se da consciência de que a atividade cognoscitiva está sendo
realizada por um “eu” que se dá conta desse processo no seu próprio acontecer (autoconsciência).
o Liberdade, condição para o imperativo categórico e para o “selbst, du selbst” (ação realizada
sem qualquer interesse, vontade boa). Para Hegel, liberdade é a própria essência do saber absoluto,
logo, do efetivar-se de tudo o que é (“Nada de grande se faz sem paixão”).
o Lógica e o a priori da razão. Para Hegel, a lógica não é um a priori, mas a própria ontologia
o Natureza – noumenon em Kant. Para Hegel, é o dar-se da dialética – A realidade é, em essência,
devir, mudança entre opostos. Processo de Aufhebung (suprassunção) é negação de negação.
TOMÁS DE AQUINO – Ia q. 75, a. 5: “omne quod recipitur in aliquo, recipitur in eo per modum recipientes”; q. 79, a. 6:
“Quod enim recipitur in aliquo, recipitur in eo secundum modum recipientes”; Ia q. 79 a. 2: “intelligere nostrum est pati”; Ia
q. 79, a. 7: “eo quod intellectus possibilis est quo est aminia fieri”; Ia q. 80, a. 1: “sicut sensus recipit species omnium
sensibilium, et intellectus omnium intelligibilium, ut sic anima hominis sit omnia quodammodo secundum sensum et
intellectum”. (Assim como o sentido recebe as espécies de todos os sensíveis, e o intelecto as de todos os inteligíveis, a alma
humana se torna de certo modo todas as coisas pelo sentido e pelo intelecto”)

LÓGICA É ONTOLOGIA, É METAFÍSICA


Enciclopédia das ciências filosóficas, § 23 – “No pensar reside imediatamente a liberdade, por ser a atividade do
universal, [e] nisso um ‘relacionar-se-consigo’ abstrato, um ‘ser-junto-a-di’ sem determinação segundo a subjetividade”
Enciclopédia das ciências filosóficas, § 24 – “[...] os pensamentos podem ser chamados objetivos. Entre eles há que
contar-se também as formas que primeiro são estudadas na Lógica ordinária e costumam ser tomadas unicamente por formas
do pensar consciente. A lógica coincide pois com a metafísica, com a ciência das coisas postas em
pensamentos, os quais por isso foram assumidos como aptos para exprimir as essências das coisas”.
➢ É como dizer com os antigos “que o nou=j rege o mundo; ou quando nós dizemos que há razão no mundo, e
com isso entendemos que a razão é a alma do mundo, nele habita, é seu [ser] imanente, sua mais própria e mais
íntima natureza, seu universo” (p. 78).
➢ Os animais e as coisas em geral “têm uma natureza permanente interior, e um ser-aí (Dasein) exterior. Vivem
e morrem, nascem e perecem: sua essencialidade, sua universalidade, é o gênero; e esse não deve ser apreendido
simplesmente como algo [que lhes é] comum”.
➢ “O pensar constitui assim a substância das coisas exteriores, é também a universal
substância do espiritual. [...] Se considerarmos o pensar como o verdadeiramente universal
de todo [ser] natural e também de todo espiritual, então o pensar estende-se sobre todos
eles, e é fundamento de todos”.
➢ “O homem é pensante e é [um] universal; porém só é pensante enquanto o universal é para ele. O animal também é
em si [um] universal, mas o universal não é, enquanto tal, para ele, mas [para ele] é o singular, somente e sempre.
O animal vê algo singular; por exemplo, seu alimento, um homem etc.[...] só o homem se duplica de modo
a ser o universal para o universal. [...] Quando digo Eu, então eu me viso como esta pessoa
singular inteiramente determinada. Entretanto, de fato, assim nada de particular enuncio
sobre mim. [...] O animal não pode falar ‘eu’, mas só o homem, porque ele é o pensar”.

Lógica (metafísica) Filosofia da natureza Filosofia do espírito


(ideia, estrutura original do mundo) (momento do não-eu, do nada) (autocriação e autoprodução)
Ciência da ideia pura, no Ciência da ideia no seu Ciência da ideia que, a partir do
elemento abstrato do pensamento alienar-se de si seu alienar-se, retorna em si
Estudos
Doutrina do ser Mecânica Espírito subjetivo (homem)
Doutrina da essência Física Espírito objetivo (o estado)
Doutrina do conceito e da ideia Orgânica Ideia

Prof. Ibraim Vitor de Oliveira – METAFÍSICA II – Curso de Filosofia (PUC Minas)


Esquema da ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS LÓGICAS – METAFÍSICA ESPECULATIVA
Ser (§ 86)
Qualidade Ser-aí (§ 89)
Doutrina Ser-para-si (§ 96)
do Quantidade pura (§ 99)

ser Quantidade O quanto (§ 101)


O grau (§ 103)
Medida (§ 107)
LÓGICA ou IDEIA Determinações da reflexão (§ 115)
Fundamento da existência Existência (§ 123)
A coisa (§ 125)
Doutrina Mundo do fenômeno (§ 132)
da Fenômeno (aparição) Conteúdo e forma (§ 133)
Relação (§ 135)
essência
Substancialidade (§ 150)
Realidade em ato (efetividade) Causalidade (§ 153)
Ação recíproca (§ 155)
Conceito como tal (§ 163)
Conceito subjetivo O juízo (§ 166)
O silogismo (§ 181)
Doutrina Mecanismo (§ 195)
do Conceito objetivo Quimismo (§ 200)
Teleologia (§ 204)
conceito A vida (§ 216)
Ideia Conhecimento (§ 223)
Ideia absoluta (§ 236)
Espaço (§ 254)
Spaço e tempo Tempo (§ 257)
Lugar e movimento (§ 260)
FILOSOFIA da NATUREZA

Mecânica Matéria inerte (§ 263)


Matéria e movimento Colisão (§ 265)
Queda (§ 267)
Mecânica absoluta (§ 269)
Corpos físicos livres (§ 275)
Individualidade universal Os elementos (§ 281)
Processo elementar (§ 286)
Peso específico (§ 293)
Física Individualidade particolar Coesão (§ 295)
Som (§ 300) e calor (§ 303)
A figura (§ 310)
Individualidade total Particularização do corpo (§ 316)
Processo químico (§ 326)
Natureza geológica (§ 338)

Orgânica Natureza vegetal (§ 343)


A figura (§ 353)
Natureza animal Assimilação (§ 357)
Processo do gênero (§ 367)
Alma natural (§ 391)
Antropologia Alma que-sente / sensiente (§ 403)
Alma real / efetiva (§ 411)
Consciência como tal (§ 418)
Espírito Fenomenologia do espírito Consciência de si (§ 424)
subjetivo
FILOSOFIA do ESPÍRITO

Razão (§ 438)
Espírito teórico (§ 445)
Psicologia Espírito prático (§ 469)
Espírito livre (§ 481)
Direito à propriedade (§ 488)
Direito Direito contratual (§ 493)
Direito penal (contra o não-direito) (§ 496)
Propósito (§ 504)
Espírito Moral Intenção e bem-estar (§ 505)
objetivo Bem e mal (§ 507)
Família (§ 518)
Eticidade Sociedade civil (§ 523)
Estado (§ 535)
Arte simbólica

Espírito Arte (§ 556-563) Arte clássica


Arte romântica
absoluto Religião natural
Religião revelada
(Ideia) Religião Di Trapasso
(§ 564-571) Religião absoluta
Filosofia (§ 572-577) Autoconsciência
Prof. Ibraim Vitor de Oliveira – METAFÍSICA II – Curso de Filosofia (PUC Minas)
DIALÉTICA - Aufhebung
§ 81 – “O momento dialético é o próprio suprassumir-se de determinações finitas e seu ultrapassar para opostas”.
“Em sua peculiaridade, a dialética [...] a própria e verdadeira natureza das determinações intelectuais,
das coisas e do finito em geral. [...] (considerando que todo finito propriamente suprime a si mesmo) a
dialética é pois a alma motora do progresso científico”.
➢ “A dialética, em geral, é o princípio de todo o movimento, de toda a vida, e de toda a atividade
na efetividade. Igualmente, a dialética é também a alma de todo o conhecer verdadeiramente
científico”. (p. 163)

A FILOSOFIA DO ESPÍRITO
Espírito subjetivo Espírito objetivo Espírito Absoluto
(individual, particular) (coletivo, social) (sabe de si e conhece a si mesmo)
Espírito individual considerado no seu Manifesta-se em instituições sociais É o momento em que a Ideia alcança a
lento emergir da natureza: das formas concretas como um conjunto de plena consciência da sua infinitude e
mais elementares de vida psíquica às determinações sociais do estado de compreende que tudo é espírito e não
atividades cognoscitivas e práticas. direito exista nada fora dele.
Antropologia / Fenomenologia Direito abstrato / Moral / Arte / Religião / Filosofia
/ Psicologia Eticidade

➢ O direito abstrato ou formal, que coincide com o direito privado e com uma parte do direito
penal, diz respeito à existência externa da liberdade das pessoas. O direito nasce quando nasce a
propriedade, primeira realização da pessoa se dá com uma “coisa externa”. Essa propriedade
depende de ser reconhecida pelas pessoas através de um contrato. A existência desse direito torna
possível a existência do seu contrário, o errado, o delito. Daí a exigência de uma pena para se
resgatar o direito violado: é o direito penal.
➢ Moralidade é o agir humano que, enquanto tal, adquire conotação moral quando determinado
por um propósito que, por provir de um ser “pensante”, se denomina intenção. O fim
intencionado é o bem-estar, relação entre bem e mal. Porém, há aqui uma dicotomia entre a
subjetividade do bem-estar e a objetividade do bem que se deve realizar.
➢ Eticidade é a moralidade social (não mais de uma intenção subjetiva, interior e privada) a um
só tempo subjetiva e objetiva na realização do bem mediante instituições (família, sociedade civil
e Estado).

O Espírito absoluto passa pela arte, religião e filosofia que não se diferenciam pelo conteúdo, mas pela
forma com a qual apresentam o Absoluto, Deus: a arte conhece o Absoluto como intuição sensível
(beleza); a religião como representação (oração); a filosofia como puro conceito.

Prof. Ibraim Vitor de Oliveira – METAFÍSICA II – Curso de Filosofia (PUC Minas)

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