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HISTÓRIA DA

FENOMENOLOGIA
EDMUND HUSSERL (1859-1938)

PROFA. DRA. MARIA CELESTE DE SOUSA


A) RELAÇÃO FILOSOFIA E CIÊNCIA

FINAL DO SÉCULO XIX:


Crítica à filosofia hegeliana; Declínio da filosofia
de Schoupenhauer; Desconhecimento das filosofias
de Marx, Freud, Nieztsche e Kierkegaard.

• A Ciência ocupa o espaço vazio da Filosofia


Especulativa e, sobre o seu fundamento o
positivismo: Matemática e Psicologia.

• Crítica à Ciência: suas leis são universais? O que


dizer do sujeito concreto em sua vida psíquica
imediata e em seu engajamento histórico que o
pensamento objetivo não consegue explicar?
B) FRANZ BRENTANO (1838- 1917)
• FILÓSOFO E PSICÓLOGO: Estuda Aristóteles e
a Escolástica. Cria uma Psicologia autônoma.
• Obras: Psicologia do ponto de vista empírico
(1874), psicologia descritiva (1905).
• Procura reatar o vínculo positivo entre
Filosofia com a Ciência.
• Critica ao Psicologismo e relativismo e
adere ao realismo.
• Do seu método psicológico surge o movimento
fenomenólogo: a ciência da Filosofia não é
uma questão de originalidade, mas de
verdade.
C) EDMUNDO HUSSERL
• LÓGICO, MATEMÁTICO E FILÓSOFO: é possível
resolver o problema entre Ciência e Filosofia?

• Influência de Brentano quanto:


1- a formação de uma Filosofia científica em
contraposição ao Idealismo e ao Materialismo.

2- diálogo entre Filosofia e o método


psicológico, sem se reduzir à descrição de
eventos psíquicos, mas relacionando-se com a
ontologia, a lógica e a semântica.
Influência de Brentano
• Diferença entre os fenômenos psíquicos
(comportam uma Intencionalidade – a visada de
um objeto) dos fenômenos físicos (voltados para
a análise física).

• Os fenômenos psíquicos são percebidos, e a


forma original da percepção que o sujeito tem
deles constitui o seu conhecimento fundamental.

• “ Ninguém pode duvidar que o estado psíquico


que em si mesmo percebe não existe e não
existe tal como o percebe.”
PERCEPÇÃO DE HUSSERL:
• A descrição do fenômeno tal qual ele é,
obedece às exigências do positivismo que
exclui todo conhecimento que não venha da
experiência;
• Por outro lado, ele acede ao concreto e à vida
que a ciência tinha a tendência de esquecer.
• A Filosofia deve explorar o campo da
consciência e dos modos desta relação com o
objeto.
• Este é o campo de análise da Fenomenologia
de Husserl.
D) EVOLUÇÃO NO PENSAMENTO DE
HUSSERL:
• 1- Momento Psicológico- (1900) - Investigações
Lógicas I - Refutação ao Psicologismo na Lógica.
Pensamento e conhecimento não se funda na
Psicologia.

• 2- Momento Formal-Lógico - (1901)- Descrição


dos Atos básicos para a edificação do
conhecimento, supunha uma psicologia. Nem
lógica? E nem psicologia?

• 3- Momento constitutivo transcendental – (1907)


– A Ideia da Fenomenologia - crise existencial:
tarefa de ser um filósofo.
4. Momento de metafísica da consciência (1913):
Ideias para uma Fenomenologia pura e uma
fenomenologia fenomenológica
• A Fenomenologia é a ciência básica da Filosofia
Pura ou transcendental.
• Transcendental: tem como ponto de partida a
subjetividade do sujeito que conhece, age e
valora.
• Subjetividade e transcendental: modernidade-
mas com uma determinação mais originária e
universal através da Fenomenologia.
• Fenomenologia: descrição das vivências da
consciência- na exploração da estrutura dos
Atos de Vivência explorando os objetos
vivenciados nos Atos sob o ponto de vista de
sua objetividade.
5) Momento histórico-crítico: (1935) Filosofia na
Crise da Humanidade

• 1936: A crise das Ciências filosóficas e a Fenomenologia


Transcendental: uma introdução à Filosofia Fenomenológica.
• A Ciência é uma parte integrante da origem e do destino da
humanidade europeia.
• Não é uma crise epistemológica, mas espiritual e existencial-
pela europeização- crise da humanidade universal.
• É preciso Escolher e Decidir: qual o sentido? Qual a ideia de
ciência? Qual a ideia de ciência como razão filosófica?
• É uma autorreflexão sobre o êxito galopante das ciências
positivas. As ciências perderam rapidamente o seu
fundamento de sentido. Qual o sentido da história?
• A Fenomenologia Transcendental: quer fornecer os meios para
uma reflexão e uma responsabilidade integrais pelo
significado da humanidade que domina e usa a técnica.
02- HUSSERL E A IDEIA DE
FENOMENOLOGIA
• a) Etimologia: estudo ou ciência do fenômeno. Como
tudo o que aparece é fenômeno, seu campo é ilimitado.
• b) História: A história do termo limita-lhe o sentido e
configura um momento na história da filosofia.
• 1- J. H.Lambert (1764) “Novo Órganon”)-teoria da ilusão
sobre as suas diferentes formas.
• 2- Kant “Crítica da Razão Pura” (1791) - Estética
Transcendental – fala de fenomenologia geral
propedêutica à metafísica. Ela está presente na
investigação da estrutura do sujeito e das funções do
espírito e se dá por tarefa circunscrever o domínio do
aparecer ou “fenômeno”.
• O conhecimento não pode conhecer o Ser ou o
Absoluto.
Hegel- “fenomenologia do Espírito (1807)
• Relações entre Ser e Fenômeno. O absoluto
cognoscível qualifica-se como SI ou como Espírito,
a fenomenologia é uma fenomenologia do Espírito.
• O absoluto não está fora da história humana, mas
se faz presente nas experiências religiosa,
estética, jurídica, política ou prática.
• O Trágico, o Negativo é o motor do movimento da
história, e o Espírito se enriquece com suas
figuras ou manifestações.
• A fenomenologia é uma propedêutica à ontologia e
revela o material ao filósofo que deve pensar sua
ordem oculta e dizer sua significação absoluta.
A FENOMENOLOGIA DE HUSSERL
• O Fenômeno é Ser (Ontologia).

• Fenomenologia é ciência do Ser. Daí o seu


rigor. Ela tem uma perspectiva filosófica.
• Não basta descrever um objeto qualquer.
• É uma Ideia de Fenomenologia inovadora.

• Como pensar segundo a sua natureza e em


cada uma de suas nuanças e, portanto, sem
jamais ultrapassá-los, os dados da experiência
em sua totalidade?
UMA VIA MÉDIA:
• Todo o Fenômeno e nada mais que o Fenômeno.
• O fenômeno está penetrado no pensamento, de
logos e portanto o logos se expõe e só se expõe
no Fenômeno.
•  Se o Fenômeno não é construído, mas
acessível a todos, o pensamento racional, o
Logos, deve sê-lo também.
• Filosofia Nova: uma filosofia rigorosa, não
pautada nas opiniões dos filósofos, mas na
Realidade. nasce de um solo de uma
experiência comum.
• 
RECOMEÇO E RETORNO ÀS “COISAS
MESMAS”

• Entre o discurso especulativo da metafísica e


o raciocínio das ciências positivas,
• uma terceira via: antes de todo raciocínio, nos
coloca no mesmo plano da realidade – COISAS
MESMAS!
• Descartes inicia esta reflexão colocando o EU
PENSO como fundamento. Intuição originária.
• Mas as outras intuições são duvidosas e ele
recorre a Deus para garantir a sua verdade.
“AS COISAS MESMAS!”

• A intuição é a fonte de direito para o


conhecimento.
• Voltar à “Coisas mesmas!” é o princípio dos
princípios!
• Isto não significa afundar-se nas impressões
sensíveis como Hume, pois se é verdade que os
fenômenos se dão a nós por intermédio dos
sentidos, ele se dá sempre como dotados de
um sentido ou de uma essência.
• Para além dos sentidos, a intuição da essência.
A INTUIÇÃO DAS ESSÊNCIAS:
• o Fenômeno é logos.
• Visão das essências não é contemplação mística, mas
ressaltar que o sentido do fenômeno lhe é imanente e
pode ser percebido.
• O fenômeno não é simples função de fato, nele sempre
é visado um sentido. Ex: a Nona sinfonia.
• A sua essência permanece independente das
partituras, do regente e dos músicos, como pura
possibilidade que me permite distingui-la de outra
sinfonia.
• A intuição da essência difere da percepção de fato, ela
é a visão do sentido ideal que atribuímos ao fato
materialmente percebido e que nos permite identifica-lo.
• Intuição das possibilidades puras.
HÁ UMA ESSÊNCIA DE CADA OBJETO
• Na árvore, mesa, casa, etc. e nas qualidades que
atribuímos a estes objetos verde, rugoso, confortável,
• A essência não é a coisa ou a qualidade, mas o SER da
coisa ou da qualidade, isto é, um puro sensível. Poderá
haver tantas essências quantas significações nosso
espírito é capaz de produzir.
• Isto é tantos e quantos objetos nossa percepção, nossa
memória, nossa imaginação, nosso pensamento podem
se dar.
• As essências constituem como que a armadura
inteligível do ser, tendo sua estrutura e suas leis
próprias.
• Elas são a racionalidade imanente do ser, o sentido a
priori no qual se deve entrar todo mundo real e possível.
TAREFA DA FENOMENOLOGIA

• Elucidar esse puro reino das essências,


segundo os diversos domínios ou regiões:
• “Natureza” – fenômenos reais ou possíveis.
“Consciência” compreendendo todos os atos
da consciência – sem os quais, como teremos a
dizer, nenhum acesso nos teria dado às outras
regiões
• “Espírito” – compreendendo os fenômenos que
tratam as ciências humanas.

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