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Fundamentos

Filosóficos:Fenomenologia

Priscila Lima
Histórico
Fenomenologia
Edmund Husserl (1859-1938)
Método para estudar a experiência consciente
Karl Jaspers (1883-1969)
Metódo Fenomenológico na Clínica Médica
Psicopatologia Geral (1913-2000)
Histórico
Fenomenologia
Martin Heidegger ( 1889- 1976)
“O ser e o tempo” (1927)
Analítica da Existência
Merleau Ponty (1908-1961)
Fenomenologia da Percepção (1945)
Histórico e Contextualização: da
Filosofia a Psicologia
• Fenomenologia = estudo ou ciência do
fenômeno.
• Fenômeno = tudo que aparece, descrever
aparências.
Fenomenologia Banal Fenomenologia Rigorosa

Descrição de um objeto Considera o Ser como


de um ponto de vista fundo de onde emerge a
qualquer descrição.
Histórico e Contextualização: da
Filosofia a Psicologia
Séc. XX (1901, 1907,1911)
Husserl deu um conteúdo novo a uma palavra já
antiga: o sentido do ser e do fenômeno não
podem ser dissociados.
Ideal Positivista
Sujeito puro que asseguraria a objetividade e a
coerência dos diferentes domínios do
conhecimento objetivo.
A Fenomenologia nasce de uma crise:
Da filosofia, das ciências humanas, e das ciências
naturais.
Histórico e Contextualização: da
Filosofia a Psicologia
• Husserl censura a psicologia ter tomado os métodos
das Ciências Naturais e aplicá-los sem discernir que
seu objetivo é diferente.

Influência de Brentano:
fenômenos psíquicos (intencionalidade)
fenômenos físicos

• A vida psíquica é um dado imediato, não exige


reconstrução, mas somente descrição.

“Nós explicamos a natureza, compreendemos a vida


psíquica” (Dilthey).
Retorno às “Coisas Mesmas” e a
intencionalidade
• As coisas mesmas como ponto de partida do
conhecimento.
• “Coisa mesma” entendida por Husserl não
como realidade existindo em si, mas como
fenômeno.
Retorno às “Coisas Mesmas” e a
intencionalidade
• Fenômeno integra a consciência e o objeto,
unidos no próprio ato de significação.
Princípio da intencionalidade
A consciência é sempre “consciência de alguma
coisa”, só é consciência dirigida a um objeto.
O objeto é sempre definido em sua relação à
consciência, ele é sempre objeto-para-um-sujeito.
Intencionalidade
Ato de atribuir sentido.
• O mundo não é pura exterioridade.
• O sujeito não é pura interioridade, mas a saída de
si para um mundo que tem significação para ele.
Estrutura Fenomenal = ser-no-mundo
Fenomenologia

O ser humano tem intencionalidade.


FENOMENOLOGIA

INTENCIONALIDADE

CONSCIÊNCIA MUNDO
subjetivo
VERDADE objetivo
Realidade Objetiva?
O mundo que interessa à fenomenologia é o
mundo como é percebido pela consciência de
cada pessoa, o mundo fora da consciência não é
negado, mas é considerado sem significado para
a filosofia, para a ciência, uma vez que não há
acesso a ele.

O mundo deixa de ser existente para ser fenômeno


da existência, isto é, um mundo que não é
absoluto, mas, filtrado pela sua consciência.
Consciência
• Os fenômenos precisam ser compreendidos
como são, sem serem retirados do mundo
para o lugar de objetos, mas inseridos no
mundo onde estão presentes, em sua relação
com ele, pois é desta relação que emergem
seus significados.
Consciência
• É importante discernir que "consciência" para
Husserl não é somente "razão", "consciência"
são todos os atos psíquicos ou vivências
intencionais.
• A consciência deixa de ser entendida como
substância ou conteúdo, passando a ser
descrita como fluxo, tensão, agente, abertura
ao mundo (Husserl,1913/2006).
FENOMENOLOGIA

Tudo que podemos saber do mundo


resume-se a esses fenômenos, ou
seja, a forma como nossa consciência
apreende o mundo.

Edmund Husserl ( 1859-1938)


Visão de Ser Humano
Ser humano como atualidade e presença
criadora de sentido.
(Amatuzzi)
Psicologia Humanista:
Concepção de homem

SER-NO-MUNDO
Redução fenomenológica
• Recurso para chegar à essência.
• Mudança da atitude natural para a fenomenológica
Atitude Natural
Ignora a consciência com doadora de sentido.
Atitude fenomenológica
Suspendemos a crença na existência do mundo em si
e todo os preconceitos e teorias da ciência da
natureza delas decorrentes; e a crença na
consciência independente do mundo.

Mudança nos permite visualizar o mundo e sujeito,


como fenômenos, como constituintes de uma
totalidade, que se revelam reciprocamente.
Intersubjetividade
• Os seres humanos, embora tenham suas
peculiaridades, existem todos no mundo,
constituindo-o e constituindo-se,
simultaneamente.
Encontro
O mundo recebe seu sentido, não apenas a
partir das constituições de um sujeito
solitário, mas do intercâmbio entre a
pluralidade de constituições dos vários
sujeitos existentes no mundo.
Ciência e Método
Método Experimental
Método Científico por excelência
 Pressuposto: Cientista e objeto de estudo são
independentes.
 Método importado das ciências da natureza para
Psicologia.
Método Experimental na Psicologia
 Ser humano como um objeto entre outros
objetos da natureza.
 Governado por leis que determinam os eventos
psicológicos.
 Restringir o objeto de estudo aos aspectos
externamente observáveis do psiquismo.
Ciência e Método
Método Experimental e Observação Externa
 A vivência ou experiência vivida só pode ser alcançada
diretamente pelo próprio sujeito.
 O comportamento revela, externamente, aspectos da
experiência de forma indireta que pode levar a
enganos.
Ex: Criança e a minhoca.
As situações que uma pessoa vivencia não possuem
apenas um significado em si mesmo, mas adquirem
um sentido para quem as experiencia, que se
encontra relacionado à sua própria maneira de existir.
O Problema da existência do mundo
Reduzido à pergunta:

Em-si
Quanto dele existe para o indivíduo?
Conhecimento Insondado
Indireto – Apito de Mundo absoluto
Galton Mundo da Ciência
COMUM

Neurótico

Meios de percepção
Inibições sociais e
estáveis + interesses
neuróticas
A vivência e seu sentido
Fazendeiro Agrônomo

Piloto Comerciante

Pintor Namorados

Realidade objetiva – porção de terreno na qual um


cereal é cultivado.
Realidade subjetiva ?
A vivência e seu sentido
O Sentido
É uma experiência íntima que geralmente
escapa à observação do psicólogo , pois o ser
humano não é transparente.
A investigação da vivência
Desafio para o método experimental que está
voltado para a observação de fatos e o
significado destes, considerando-os em si
mesmos.
O Método Fenomenológico
Redução Fenomenológica - - "epoche"
Retornar a experiência vivida e sobre ela fazer uma
profunda reflexão, o modo como o conhecimento se
constitui no próprio existir humano.
O método fenomenológico
Filosofia
Tem como objetivo chegar à essência do próprio
conhecimento.
Psicologia
Busca captar o sentido ou o significado da vivência
para a pessoa em determinadas situações,
experienciadas em seu existir cotidiano.
O Psicólogo e a Redução
Fenomenológica
O pesquisador deve iniciar o seu trabalho
voltando-se para a sua própria vivência a fim
de refletir sobre ela para captar o significado
da mesma em sua existência.
Redução Fenomenológica e
Profissionais de Saúde

Crenças Pessoais
Interferem completamente no
modo operante do trabalho
clínico.
Há possibilidade de uma redução ser
completa?
Reflexão profunda sobre preconceitos em nós
estabelecidos, transformando-os em
condicionamentos conscientes, sem jamais
negar a sua existência (Merleau- Ponty,
1973).
Redução Fenomenológica e Psicoterapia

Apesar da peculiaridades dos modos de


existência, também somos seres humanos
semelhantes existindo num mesmo mundo, é
esta estrutura comum que nos possibilita
compreendermo-nos e conhecermo-nos uns
aos outros.

• O sujeito volta a sua própria vivência no seio


da relação intersubjetiva.
O Método Fenomenológico e Pesquisa
Qualitativa
• A pesquisa em Ciências Humanas é do tipo
sujeito-sujeito, subjetividade-subjetividade,
ou seja, intersubjetiva.
• Ao invés de fatos temos fenômenos.
• Fenômenos são vividos.
O fato humano
É um conjunto de significados.
Redução Fenomenológica no campo
da Psicologia
Yolanda Forghieri (2004)
Envolvimento Existencial
Distanciamento Reflexivo
Redução Fenomenológica no campo
da Psicologia
Envolvimento Existencial
 Abertura a vivência a ser investigada, colocando
fora de ação os conhecimentos adquiridos sobre
ela.
 Penetrar na vivência de modo espontâneo e
experiencial.
 Sair de uma atitude intelectualizada para se
soltar ao fluir de sua própria vivência.
Compreensão Pré-reflexiva
 Deixar surgir intuição, percepção, sentimentos e
sensações que brotam numa totalidade,
proporcionando-lhe uma compreensão global.
Redução Fenomenológica no campo
da Psicologia
Distanciamento reflexivo
• Há um distanciamento da vivência para
refletir sobre essa sua compreensão.
• Tentativa de captar e enunciar
descritivamente o significado daquela
vivência em seu existir.
• O distanciamento não chega a ser completo e
deve manter sempre um elo de ligação com a
vivência.
Redução Fenomenológica no campo
da Psicologia
Na prática não há separação entre o
Envolvimento Existencial e o Distanciamento
Reflexivo, mas apenas predominância, ora de
um, ora de outro.
Método fenomenológica e Diagnóstico
• Pesquisa orientada para descoberta.
• Resgate de significações do sujeito-vivente.
Suspender temporariamente as minhas
pressuposições não constitui garantia, mas
aumenta a possibilidade de estar mais
disponível para os meus clientes num nível
mais profundo.
• O terapeuta deve se manter presente para
cada momento fértil de cada sessão a cada
momento.
O terapeuta deve fazer a redução
fenomenológica para “encontrar com o
cliente nele, com ele, através dele”.
(Ribeiro, 1985, p. 44).

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