Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
HUSSERL E A EPOCHE
O “Epoché” de Husserl que suspende o mundo no tempo e no espaço, permite a quem
medita conhecer-se a si próprio e tomar consciência da sua própria essência, e a
autoconsciência adquirida desta forma é o “eu puro” de Husserl (ou o “eu
transcendental”).
Se para Husserl a fenomenologia é a ciência que descreve como as coisas se dão a ver,
para Heidegger as coisas se dão a ver historicamente, ou seja, somos constituídos por
historicidade, em outras palavras, a fenomenologia de Husserl visa deixar que as coisas
“falem por elas mesmas”, como elas mesmas se mostram. A fenomenologia de Husserl
é uma
fenomenologia da consciência que ocorre de modo reflexivo. De outra forma, a
fenomenologia de Heidegger é interpretativa (Auslegend), é fenomenologia
hermenêutica. Ela interpreta o ser do ser-aí (fenomenologia do ser) e o ser dos entes em
geral, por uma
compreensão hermenêutica da historicidade do ser-aí (Casanova, 2017).
Senso comum
-Apego a vivências pessoais (nos apegamos porque somos humanos),
conhecimento ambíguo e duvidoso, conhecimento adquirido do que se observa (a partir
do que vemos, fazemos generalizações).
Conhecimento científico
-O ser humano enquanto passivo e previsível (podemos estudar), trata-se de
um fenômeno fechado possibilitando a criar leis universais (previsíveis a partir da
caracterização dada pela ciência, radicaliza quando agimos a partir de suas
teorias) e separação entre mente e corpo e atribuições causais (causa e efeito).
-Heidegger: se precisamos buscar a origem das coisas para entender o sentido das coisas.
-Propôs a compreensão do ser humano.
-O homem em busca de si mesmo: nós nos buscando na vida.
-Como colocar algum questionamento sujeito a investigação? Para não ser tendencioso.
-Como formular perguntas? Perguntas abertas para chegar à essência. Evitar tendência.
-Ente: humano, indivíduo.
-Ser: sentido, maneira de viver, tom que damos para a vida. Dá o tom para o ente.
-Unindo Ser e Ente, teremos um Ente seguido de um Ser-aí (que se relaciona com o
mundo). A ciência ficou muito no Ente (mais acessível). A Fenomenologia propõe se
aproximar do Ser.
-Ontologia: ciência que estuda o Ser (busca a essência, origem e olha para dentro). Não
faz generalizações, não faz das suas hipóteses e teses generalizações porque cada um é
um.
-Modo de ser (como o ente é) e conhecer (como é o tom dele).
Metafísica
-O ser está separado do ente.
-Ele é a essência, é patente, visível a partir da ideia que se tem dele.
-O conceito dele nos aproxima da permanência.
-Visão naturalista.
-Metafísica se distancia da essência.
Fenomenologia
-O ser e o ente não estão separados.
-O ser é o que aparece, o que se manifesta.
-O ser não é permanente (ele aparece e desaparece).
-A aparência é o estado de vir-a-ser da existência.
-Se o ser e o ente não estão separados, devo buscar o sentido (no ser).
-Aparência: o que vem, o estado da pessoa, que tem a ver com a existência dela.
-O que representa então o olhar fenomenológico? É estar livre para abrirmos para o outro
(cliente). Abertura esta que pressupõe conhecermos quem somos (psicólogos) e como
somos, nossos valores, crenças e nosso posicionamento diante do mundo, nossos
preconceitos... assim teremos uma atitude de abertura ao outro.
-O modo de pensar atua sobre o modo de ser do ente. A forma como somos, nossos
valores, nossos paradigmas atuais influenciam nosso modo de ser.
-Ocidente: hábitos, maneiras de conduzir a vida. O ocidente interfere no nosso modo de
ser (pode aumentar angústias pelas manipulações da cultura). Faz um movimento
contrário à saúde e, se não seguir, será cobrado. Não vamos negá-lo, e sim entendê-lo.
-Fenomenologia opõe-se a negação buscando apontar o ser no mundo à abandonar os
vícios do olhar pois o sentido de tudo pode mudar (necessário ter uma abertura para ouvir
o cliente, o que tenho certeza agora, pode fazer repensar outros conceitos).
-“O ser das coisas (...) está no lidar dos homens com as coisas, no falar, entre si, dessas
coisas e no modo de lidar com elas...”.
-O que Heidegger vem propor: rompimento com olhar que busca a relação entre sujeito e
objeto do conhecimento, redefinindo compreender para o ser; Interpretar o que está menos
aparente para o próprio ser a partir da experiência.
-Heidegger propõe sujeito-sujeito (e não sujeito-sujeito). Com um movimento de
abertura, duas pessoas irão se encontrar, irão se conhecer juntas. Deixa o psicólogo
vulnerável e com receio de se perder, pela proximidade. Relação entre sujeito e objeto
envolve uma relação hierárquica (um que conhece e outro que será conhecido).
-A Fenomenologia não exclui as teorias do comportamento humano. Estando aberto,
saberá que o fenômeno é maior do que pareceria se estivesse fechado (não só o que
observo, mas tudo que emerge quando falamos, sentimos, percebemos, pensamos).
O que representa Ser para a Fenomenologia?
-Não exclui o que já existe mas da Essência ampliando olhar as diferentes fenômenos;
-Afasta o olhar para as explicações já existentes, mas uma prática investigativa, curiosa e
cuidadosa dos fatos;
-Causa insegurança por que não oferece uma análise que conduza a procedimentos e ao
mesmo tempo parece ser mais livre, o que pode gerar uma ausência de cuidado;
-Evita-se a antecipação diagnóstica dos fatos, buscamos o diferencial e o significado para
aquela pessoa;
-O presente está relacionado ao passado e futuro.
-Ente: ser (pessoa, sujeito, indivíduo). Ele é o significado da expressão. Nos ajuda a ter
acesso aos sentidos.
-Dasein: Ser-aí (Ser-no-mundo). Ser, o que nos causa interesse, o que está em questão.
Mundo é o onde é o como as coisas são para o ser. O ser dá sentido à expressão. Ente com
a sua essência. Causa interesse para a Fenomenologia porque traz a essência, os sentidos
e como cada um vivencia suas experiências.
-Mundo: onde os fatos estão acontecendo. O Ser se relaciona com essas coisas a partir do
sentido dele (sentido a expressão, ao vivido, ao que é de fato).
-O ser é a própria existência: “...nós não apenas somos, mas percebemos que somos. E
nunca estamos acabados, como algo presente, não podemos rodear a nós mesmos, mas
em todos os pontos estamos abertos para o futuro (...) estamos entregues a nós mesmos.
Somos aquilo que nos tornamos”.
-Há relação íntima entre o ser e o tempo. O que nos torna vulneráveis, angustiados.
-A angústia leva a pergunta, a experiência do sentido do ser, do sentido do seu ser.
-A angústia desnuda o ser, tornando-o livre para escolher-a-si-mesmo e apreender-a-si-
mesmo.
-Diante da vulnerabilidade, vem a angústia. Mas também é propulsora de mudanças.
-Diante da angústia, ficamos aflitos por perceber que não temos controle de tudo e
ficamos livres para decidir (ser livres).
-O mundo cria angústias para o sujeito.
-Angústia da liberdade: decisão do sujeito em participar ou não. Como reagir a angústia
do mundo?
-“...Não se deve falar sobre o fenômeno, mas é preciso escolher uma postura que permita
ao fenômeno mostrar-se”. A postura é mais importante que o fenômeno.
-“À maneira fenomenológica, ele (Heidegger) se indagara que postura devo escolher para
que a vida humana possa se mostrar em toda sua singularidade...”.
Princípios da hermenêutica
-Hermenêutica: ciência voltada para a interpretação (como ela se dá?).
-Princípio da experiência: é temporal e refere-se à própria atitude que temos com a vida
que vivemos. Acompanha o momento vivido, sofre influências e está ligada a como
vivencia. Tudo parte da experiência de cada um e da vivência de cada um sobre essa
experiência.
-Princípio da expressão: de vida, o que não significa dizer que seja o símbolo
(sentimento) do que vivemos, mas o espelho da marca da vida no interior do homem. São
sentidos que damos para diferentes coisas, o que não representa necessariamente nossos
sentidos. Somos o que nós sentimos, vivemos.
-A emoção é biológica. O sentimento é a interpretação dada ao que ocorre internamente.
A afetividade é o processo que envolve a relação com o outro.
-Princípio da acessibilidade: fazer a existência ser acessível a ela mesma (o ser-no-
mundo para si mesmo). Formular perguntas que o ajudem a chegar a ele, e não às
respostas que esperamos.
-Cuidado para não ficar focado na queixa e na necessidade de responder ao outro o que
ele veio buscar. Devemos estar abertos para suspender a queixa e entender quem é o ser-
aí e o sentido que estão atribuindo às situações.
-No ser-em, falamos do mundo interno (relação com nós mesmos) e externo (relação com
as pessoas).
-A angústia provoca medos.
-Temos que ter um respeito muito grande a respeito de como a pessoa age em relação a
angústia. Reconhecer o caminho percorrido.
-Na insegurança do ser poderia ser transporta a segurança do saber.
-Ser-no-mundo como homens é habitar está e nesta inospitalidade, que se lhe apresenta
em forma de mundo. O mundo nos coloca em situações de vulnerabilidade, portanto é
sempre inóspito.
-Da angústia a descoberta do ser-para-o-fim! A possibilidade e impossibilidade da própria
existência. Ao descobrir a mim mesmo, me deparo com uma possibilidade ou
impossibilidade de mudança, cada um lida da sua forma.
-Encontro consigo mesmo / com a própria finitude do ser.
Sartre
-O homem está condenado a ser livre, por isso carrega nos ombros o mundo inteiro.
-Tudo é feito pelo homem.
-Cada pessoa é uma escolha absoluta.
-O homem se encontra só (mesmo compartilhando nossos sentimentos com o outro). Só
diante das escolhas, da responsabilidade. As pessoas não substituem nossa relação com
nós mesmos. Não adianta conviver com os outros sem uma relação consigo mesmo
(necessário ter valores, personalidade).
-Olhar para o paciente requer reconhecer os seus movimentos de propriedade (dar conta,
chegar onde almejo ser melhor) e impropriedade (momentos de instabilidade).
-É preciso considerar os caracteres fundamentais do Dasein: compreensão (abertura para
a própria experiência e estar aberto a sentimentos, sensações e sentidos que irão emergir
dela e estar aberto ao que acontece em nós e tomar decisões), afinação (alinhar nossos
sentidos e experiências com o mundo, mas como fazer isso com as demandas da vida?),
temporalidade (pressão do tempo), espacialidade (atividade que definimos para fazer, o
quanto tenho de reserva para aguentar determinada situação), corporeidade (corpo é o
maior instrumento para lidar com tudo isso), ser-com (expectativas com os outros), o
cuidado (nascemos com a preocupação de cuidarmos de nós mesmos, por isso sentimos
culpa), a queda (escolhas que fazemos da vida, que nem sempre dão certo), o ser-mortal
(somos finitos).
Nosso desafio
-Conhecer o ser que aparece e desaparece (as vezes nos vemos e outras vezes não).
-Questões que podem ser feitas: a partir do que está dizendo agora, o que mais pode estar
implicando? Que modo de Ser-no-mundo é esse que possibilita que tal coisa exista nele?
Em que chão isso se assenta? Para onde isso aponta? Junto a que outros significados isso
que ele diz faz sentido? Que manifestação corporal acompanha sua fala?
-A dinâmica da compreensão envolve noção de tempo (tudo acaba, limite do “até onde?”
– com os outros).
-Aumento do poder: abertura: o Dasein se revela na possibilidade de fazer escolhas. O
Ser-aí se torna visível a partir do momento que temos que fazer escolhas, entramos em
contato com o existir.
-Quanto maior os limites do poder, mais complicada a responsabilidade.
-Até onde com os outros, nos fala da distância nossa em relação ao outro e do outro em
relação a nós.
-Até onde revela a possibilidade de poder ser ou da própria perda.
-A morte impõe sobre o ser humano a impotência. Ela convence o homem da finitude da
vida. Porém na memória do tempo nada acaba. Tudo o que foi é. Nós passamos, mas
nosso ato fica.
-O sofrimento é condição humana. Não há como viver sem ele. O que importa é a atitude
que temos diante dele.
-Culpa: nos perdemos diante desse sentimento; nos culpamos pelo que cometemos e
também pelo que deixamos de ter feito.
-O outro nos apresenta a nós mesmos através do espelho (me descubro porque o outro me
vê).
-Somos seres que nos constituímos na e a partir da relação com os outros.
-Questionar: que tipo de relações são estabelecidas? Como nós colocamos nessas
relações? Quais as formas de comunicação estabelecidas?
-Qual o papel do outro na figura do terapeuta?
-Sentido: o que me move? Como nós organizamos, regate da história pessoal (quando me
organizo, olho minha rotina, olhamos a vida pessoal por inteiro), o que busco quando faço
as coisas que faço? Retomada da questão: qual é o sentido da vida?
-Olhamos para a vida para fazer uma escolha agora.
-Quem sou eu? Quais necessidades, como me sinto, o que gosto ou não? A pergunta
incomoda, vem angústia e cobrança (será que sou quem queria? Fiz isso, fiz aquilo).
-Qual o sentido da minha vida? Sentido no mundo, sentido dos outros na minha vida.
-Que sentido tenho nessa vida? Relevância nossa para o mundo.
-Descobrir o que quero fazer daqui para frente.
-Condição do Dasein: ser em busca do seu eu, relacionado ao vivido.
Trajetória da autora
-Filosofia: se deparou com questionamento da própria vida; questionou os cuidados com
a própria existência, quais recursos utilizava para cuidar de si e das pessoas.
-Heidegger: exercício do próprio pensamento (compreender o próprio pensamento, sem
ignorá-lo, libere o pensamento para você mesmo para ter acesso a quem você é).
-Arendt: a partir do depoimento dos alunos repensar o sentido da ação (o que pensa a
respeito da dúvida do aluno, promovia uma auto reflexão que modificava sua ação).
-Ambos podem levar a uma mudança de atitude.
-Reflexão: retorno ao já visto (reformulação do vivido – ação). Olhar para o que já foi
visto e vivido, não é superficial (demanda um certo tempo). Demanda reformulações.
-Primeiro movimento do pensar: “desenvolvimento da essência ou das verdades
primeiras” – não há compromisso prático. Olho para o que conduzo, sem ter antes parado
para refletir. Todo movimento de reflexão envolve primeiro o ato de pensar.
-Segundo movimento do pensar (conhecimento): busca da verdade, da explicação através
da consciência.
-Terceiro movimento do pensar (reflexão): entender o sentido de algo. Para ter acesso aos
nossos sentidos, passamos por essas etapas.
-Surge o sofrimento: algo inesperado, que foge do nosso comum conosco ou algo
compartilhado com o outro, nos levando a nos afastar do habitual, sem compreender, sem
possuir repertório para “sustentar”, apoiar essa nova compreensão.
-Sofrimento: ruptura consigo mesmo (importante para retomar depois cada parte de si
mesmo) e dificuldade para compartilhar (o outro mostra, muitas vezes, nós mesmos).
Nossa ideia: tudo o que é real é compartilhado (quando estou mal, não consigo me
comunicar comigo ou com o outro). Somos ontologicamente sociais (em muitos
momentos, para falar com nós, precisamos falar com o outro), mas a existência é vivida
na primeira pessoa (a decisão continua sendo por conta de si mesmo, não pelo outro).
Portanto, preciso compreender para me tornar possível a mim mesmo (quanto mais
dificuldade de falar consigo mesmo, menos terá acesso a quem realmente é).
Compreender pressupõe
-Situar historicamente: saber como foi a trajetória, o que aconteceu comigo. Movimento
pode ser até mais recente (vou no tempo que é necessário ir).
-Pressupõe referência: como foi no início, como é e onde quero chegar (passado, presente
e futuro).
-Linguagem é o veículo: desenhando, falando, escrevendo. Na linguagem, temos acesso
ao real, aos outros e a nós mesmos.
-A linguagem está interligada a ação: quando falamos, fazemos (não da para separar –
ação que houve ou que vai acontecer). Ambos juntos são atribuídos de sentido através das
consequências. Na troca, através da linguagem, o outro me vê e começo a olhar para mim
(a forma como ele me vê me faz olhar para mim).
-A ação se confirma como sentido através da palavra que vai traçar os sentidos dado a
ela. Aquilo que falo repercute sobre o que faço? Toda vez que falamos sobre algo, nossa
ação é afetada por isso.
-Daí a necessidade de terapia, pois não só descreveremos os atos, mas os sentidos
descritos através da fala. O que isso que eu falo quer dizer?
-Nossa fala nos garante nossa confirmação e autoria. Eu posso fazer diferente ou não. Sou
autor.
-Sem ela, seremos o que os outros nos veem. Não falar pode ser uma forma de omitir.
-Daí o conflito: abandonamos a nós mesmos na narrativa dos outros. Somos o que o outro
quer.
Existência
-1° nível do processo terapêutico: sermos agentes dos próprios atos e falar deles na
terapia.
-2° nível do processo terapêutico: ser expectador da própria ação.
-3° nível do processo terapêutico: narrar (me ouvir).
-4° nível do processo terapêutico: narrar para me levar à consequência.
-5° nível do processo terapêutico: julgamento (que nos prepara para a continuidade ou
não de nossas ações – consciência) para sermos autores de nossas vidas.
(http://psicounip14.blogspot.com/2016/04/resumao-psicologia-fenomenologica.html)
Resumo de Psicologia Fenomenológica – NP2
Origem das ideias de Boss
-O objeto de estudo não está na busca do passado como conteúdo de sustentação das
resistências (crítica a Freud), mas o que continua a motivar (motivação interna, repetição
é consequência) a permanência e não o que determina.
-Movimento de escutar, refletir e impor limites para a pessoa. Se sabe que o movimento
não é bom, porque continua sem perceber? Resistência a dor, a rejeição, a frustração:
vulnerabilidade.
-A ironia é uma das formas mais covardes de expressar o que se sente.
-“...Todos os sintomas patológicos corporais e os chamados psíquicos são sempre
privações (de algo que nos é importante) e podem ser compreendidos como reduções de
possibilidade de entender uma coisa em toda a sua amplitude e riqueza de conteúdo...”.
-Quando encontro uma resposta, explicação, ficamos em paz. O psicólogo deve ter
paciência para as dúvidas, para as respostas não obtidas.
-Critica: cuidado com o olhar simplista que faz analogia com o somático.
-Portanto, não limita explicações de ordem causal e origem, mas o esclarecimento da
natureza existencial.
Boss
-“É porque nós, seres humanos, existimos de tal modo que nosso presente se encontra
sempre comprometido com nosso passado (o que aconteceu vai se repetir? Ao falar sobre
o que aconteceu comigo, eu ressignifico); somos também por natureza dirigidos àquilo
que se aproxima do futuro e movendo-nos em sua direção (saber como será a vida),
precisamos abrir-lhe nosso ser. A maneira como vemos o que foi e o que é agora está
sempre relacionado com o modo como estamos dirigidos ao futuro” (o que faço agora é
sempre voltado ao que vai acontecer depois).
-A citação faz relação entre presente, passado e futuro.
-O futuro nos aponta o norte do que já vivemos e estamos vivendo. O que está
acontecendo, vai passar. O que foi vivido, não vai continuar acontecendo.
-As pessoas buscam ajuda e querem respostas rápidas. Alguns terapeutas se perdem nessa
necessidade de ajuda e acabam “levando o cliente pra casa”.
-Estender a mão é uma parceria onde a própria pessoa fará as descobertas, nós apontamos
os riscos e a decisão é dela. Se dermos o caminho, tiramos a condição humana de pensar
sobre si. O processo terapêutico gera uma dependência temporária, pois a pessoa descobre
alguém que o escuta, e depois os laços se estendem quando a pessoa se torna responsável
pelo que faz.
Nosso desafio
-Dedicar-se na compreensão e estudo da teoria.
-Colocar-se aberto a própria experiência de estudar a Fenomenologia: “ser junto...
Permanecer junto”. Não basta só ler, tenho que estar junto da leitura e ter tempo para
refletir.
-Um compartilhar de experiências. Cuidados com os exemplos pessoais para não se
perder nisso.
-O desenvolvimento de uma prática.
-Uma mudança de paradigmas utilizados na prática do aprendizado: aplicar a partir de
uma referência. Não podemos entrar em uma ação terapêutica sem saber que teoria está
usando.
-Adotar uma concepção própria do conhecimento e não encaixá-la em algo já aprendido.
Em algum momento do processo, temos que refletir o que pensamos sobre as coisas, não
basta apenas reproduzir autores e sim usar a intuição.
Compreender a ação e ação modulada por uma compreensão (cuidados sobre como
fazer, saber o que falar, baseado em procedimentos científicos)
-Ajudar o paciente a ganhar sua própria liberdade de pensar, sentir e agir (vai fazer o que
é bom para ele, arcando com as consequências).
-Caminhar lado a lado.
-Possibilitar a ação e o discurso de caminharem juntos para que o sentido possa se revelar
(está dentro do paciente).
-Adotar uma postura que possa se “pensar o caminho da dor” do paciente, para que a dor
fale por si mesma.
-A repetição pode representar a necessidade de se estar atento ao sentido que sustenta a
repetição. A cada experimentação a pessoa traz algo novo, no ritmo dela.
-Disposição: abertura, quanto estou para mim mesmo e para o mundo.
-Os tons afetivos nos abrem para o mundo.
-Quando sentimos algo, reagimos de alguma maneira.
-Emoção é uma vinculação corporal forte. Só pensamos na emoção após o corpo falar.
-Precisamos dos tons afetivos para afinar as situações da vida.
-“São as tonalidades afetivas situações-limite que abrem mundo, horizontes, de modo...”
-É na angústia que o homem toma consciência de sua liberdade (somos livres para tomar
decisões).
-Quando a angústia vem, a condição de poder de decisão se configura. Ela serve para nós
falar algo sobre nós e que somos livres para decidir.
-Ôntico: localizado, objetivo, como nos localizamos, como nos situamos nessa
condição. Ontologia: ciência que estuda o ser. Ontológico: nós nos angustiarmos. Ôntico:
fugir, escapar porque é difícil. O escapar pode ser uma maneira de lidar, mas pode ser
fuga para não lidar com.
-As tonalidades afetivas: angústia, tédio profundo, êxtase, terror, horror, retenção, pudor
e admiração.
-O tédio é a raiz de todos os males porque envolve o desânimo da gente em relação a algo.
Em excesso, pode levar a depressão. “Algo nos obriga a interromper o ritmo do tempo
cotidiano “, não quero minha rotina, meus planos impedidos. Nosso tempo de vida era
esperado de maneira diferente. A repetição torna as coisas sem sentido.
-O temor nos leva ao receio da perda de controle. O temor pode configurar o rompimento
com o valor que se legítima. Gera desconforto e a sensação de aniquilamento, e de perda
do controle, ameaça à própria existência. Há momentos que é negativo e há momentos
que é importante para proteção.
-Tédio: o que está acontecendo? O homem se perde na poeira dos possíveis. Perde o
interesse por si mesmo (desânimo, preguiça).
-A modernidade nos abre caminho ao acesso as coisas de maneira muito rápida, porém
faz falta um contato pessoalmente.
-O homem absorvido pela era da técnica automatiza seus atos. Não tem uma relação de
troca.
-O tempo se torna um desafio no modo de ser do homem: ele não pode parar e nem
diminuir a velocidade...
-Tenho que me distrair... Fugir do encontro comigo mesmo: trabalho em excesso ou
encontrar diferentes formas de se distrair.
-O que nos resta? A depressão, a doença. Na doença, no tratamento o recurso, a condição
para se evitar o possível, a transformação e a mudança.
-O diagnóstico nos ajuda a evitar a ação e exploração dos sentidos.
-Consequências do tédio quando damos um peso diferente: fugir dele.
-Há um medo de expor a fragilidade e afastar os outros.
-A Fenomenologia descreve o movimento da pessoa, e não o conceito fechado.
O temor
-O temor é uma disposição diante do mundo. O que temo? Para que temo? Como temo?
Heidegger: “tememos o que pode destruir o que supostamente somos...”.
-O foco deve ser no que se traz como preocupação do que muitas vezes na situação trazida
propriamente dita como queixa.
-Explora enquanto terapeutas o como ele conduz seus sentidos. Não devemos ficar
fechados em apenas um ponto, mas ver aquilo relacionado com a vida.
-As vezes é necessário recuar (terapeuta) para poder avançar, respeitando o ritmo do
paciente.
-A intervenção é boa quando propicia ao paciente caminhar com as próprias pernas.
-O que está em jogo diante do medo? “O olhar... O olhar do outro sobre mim...”.
-Mas também o outro pode tirar o sofrimento em que me encontro.
A não-liberdade
-Condição originária do fracasso, da dificuldade de enfrentamento: a condição de não-ser
(impedido do uso da liberdade).
-A partir do momento que slmos impedidos de fazer algo, ocorre a não-liberdade.
--“Não é livre para projetar um futuro e realizar um presente “. Sensação de impotência,
inadequação quanto ao futuro.
-O passado lhe impediu o presente.
-O passado lhe impediu em seus objetivos.
-Mas, temos liberdade diante da escolha e a negamos.
-Não importa o que fizeram com você, importa o que você faz com o que fizeram com
você.
-Como diz o paciente: “não quero assumir o fracasso”.
A angústia
-Nos coloca diante da nossa vulnerabilidade, porque ficamos uma situação que não
queríamos estar.
-O ser cotidiano busca a fuga de sua falta de apropriação de sua existência.
-Buscamos a alienação do que nos é próprio: a morte um dia. A vulnerabilidade, fuga é
uma maneira de lidarmos com o que não conseguimos evitar (morte).
-No poder-ser temos a morte como certa.
-Ao escondermos temos o encontro também com o fato: a morte existe e eu a temo.
-“A relação própria do homem com a morte abre espaço para que ele se conquiste na sua
totalidade”.
A terapia
-Inicia-se com as tonalidades afetivas do desabrigo do paciente e do ser lançado do
terapeuta. O terapeuta também é lançado numa condição de vulnerabilidade por não saber
com quem está ligado, como vai ocorrer, tudo é indeterminado. Cabe o preparo de estude,
ficar atento as dicas do supervisor, não tentar se proteger com determinações e
diagnósticos.
Noção de tempo
-Nos criamos o tempo que o tempo é. Ele nos coloca em situação de vulnerabilidade.
-O tempo é extensão e criação da realidade humana: criamos o tempo, mas não o
determinamos.
-Ao mesmo tempo em que é noção condição, nos coloca em condição de impermanência,
de impropriedade.
-O tempo representa a construção do homem, diante da impropriedade, diante da
impotência, diante do limite, diante da morte.
-Nossa tendência: negar o tempo, querer controlar a impermanência.
-Quando olhamos o que perdemos, pensamos nos possíveis tempos futuros. Se negamos
a perda, podemos fazer as mesmas escolhas e seguir os mesmos caminhos.
O tempo
-Qual o sentido do tempo?
-Superar a morte.
-Redimir o sofrimento.
-O grupo social da sentido à noção de tempo para garantir de alguma forma a sua
existência: os grupos podem fazer uma pressão grande e dar um sentido existencial ao
que chamamos de tempo.
-Toda história é carregada de lendas em valores do grupo.
-Temos pressa e queremos objetividade. Tudo é substituído por algo mais rápido, mais
moderno. Quem não acompanha, é visto como estranho.
-Queremos controle do tempo.
-Olhar para a natureza é a transformar (achamos que podemos transformar tudo).
-A técnica vem como um instrumento “que mantém o homem adequado àquilo que lhe é
proposto nesta época: ser aquele que diante da natureza, diante de tudo o mais que ele
encontra, deve extrair dali algo que diga respeito à produção de algo. E para que se sinta
bem a técnica produz e vende as informações que o tornam ciente da importância do
descanso, do lazer, do aprimoramento”. A midia passa a ideia de descanso e de atividades
para fazer rapidamente para ter mais tempo, qualidade de vida e projeção de futuro.
Vende-se uma ideia, que se não for bem canalizada, pode ser ilusória.
-Acredita que tem auto estima, que é dono de si mesmo, e está cada vez mais jogado na
impessoalidade... “ele é “todo mundo”. Ele é absorvido pela vontade autônoma da técnica.
Se está conectado, é parte do grupo. Se não, está fora.
-Para que serve a técnica?
-Temos a necessidade de ter o controle das coisas. Muitas vezes usamos a tecnologia
como utopia em relação a como lidar com as frustrações.
-Busca-se a precisão, exatidão, segurança, certeza. Precisamos de algo que nos impeça de
errar.
-O tédio está aumentando em nossas vidas, nos sentimos isolados, solitários, por falta do
contato pessoal com o outro.
-O terapeuta tem as respostas para aquilo que não funciona como deveria, ou seja: aquele
que soluciona através de um diagnóstico preciso, o que causa desconforto, descontrole
(sem tirar a autonomia da pessoa de perceber e lidar com as próprias questões); ele pode
evitar os efeitos colaterais, ajudando a controlar o mal estar (as pessoas querem garantias
do psicólogo para que aquilo não aconteça mais); aumento da busca por medicamentos
(para responder às necessidades rapidamente).
Alguns pressupostos
-O presente é o momento de ação imediata. Está conectado ao que já fomos e ao que
seremos.
-Não há separação entre passado e presente.
-O futuro se relaciona com o passado e presente.
-O que dá realmente movimento à temporalidade do ser é sentido da trajetória atribuída,
o quanto aquilo faz sentido e é importante para nós.
-Como fica a substituição do sentido: “tempo é a morte!” por “tempo é dinheiro! “? Sei
que não tenho controle, que tudo é limitado, ideia de finitude.
-Como se relaciona essa mudança de movimento à condição ser jovem e velho? Os jovens
são muito mais procurados, e os mais velhos são descartados (e a experiência?).
-O que o homem atual teme então em relação ao tempo? Que aspectos de sua vida são
afetados por essa aflição? Teme que não tenha tempo e afeta toda sua vida.
Solução:
-Abraçar o problema, familiarizar-se com ele, ouvir a si mesmo na dor, no desconforto
(processo terapêutico).
-O que essa situação me diz a respeito de mim mesmo?
-Mais perguntas sobre o como acontece do que o que isto quer dizer. Isso para trazer à
tona a situação e os sentimentos, quais as escolhas feitas em detrimento de outras.
-No encontro eis que se torna possível se aproximar de si mesmo e de sua própria história.
A clínica infantil
-Como assumir uma atitude fenomenológica em uma clínica infantil, suspendendo
qualquer teoria de Psicologia? Queremos dar nome as coisas, mas temos que descobrir o
sentido das coisas através do vivido.
-Como atender com crianças à máxima da análise existencial de deixar o outro livre para
si mesma?
-Como é possível, no caso da criança, junto ao outro dar um passo atrás e deixar que este
outro assuma a responsabilidade ou tutela pelas suas próprias escolhas? Como dar esse
espaço à criança, acreditando que ela não sabe nada? Temos que aprender a construir com
a criança o próprio destino dela.
-Podemos falar de responsabilidade na criança já que esta, em sua fragilidade e
vulnerabilidade, não pode tutelar a si mesmo? Temos que propiciar momentos em que ela
pode tutelar a si mesma, de acordo com sua idade e seu desenvolvimento.
Nossa meta
-Resgatar, conhecer o fenômeno é sua singularidade.
-Evitar a profecia autorealizadora: a criança acreditar que não cabe a ela a
responsabilidade de sua existência (tira a responsabilidade da criança de dizer quem é).
-Evitar a promoção do medo é solidão (se fizer isso, vai acontecer aquilo).
-Possibilitar à criança a sua entrega a si mesma, permanecendo o mais longo possível em
sua condição, voltada para si mesma.
http://psicounip14.blogspot.com/2016/05/resumo-da-aula-de-pf-2305.html
O tempo
-Qual o sentido do tempo?
-Superar a morte.
-Redimir o sofrimento.
-O grupo social da sentido à noção de tempo para garantir de alguma forma a sua
existência: os grupos podem fazer uma pressão grande e dar um sentido existencial ao
que chamamos de tempo.
-Toda história é carregada de lendas em valores do grupo.
-Temos pressa e queremos objetividade. Tudo é substituído por algo mais rápido, mais
moderno. Quem não acompanha, é visto como estranho.
-Queremos controle do tempo.
-Olhar para a natureza é a transformar (achamos que podemos transformar tudo).
-A técnica vem como um instrumento “que mantém o homem adequado àquilo que lhe é
proposto nesta época: ser aquele que diante da natureza, diante de tudo o mais que ele
encontra, deve extrair dali algo que diga respeito à produção de algo. E para que se sinta
bem a técnica produz e vende as informações que o tornam ciente da importância do
descanso, do lazer, do aprimoramento”. A midia passa a ideia de descanso e de atividades
para fazer rapidamente para ter mais tempo, qualidade de vida e projeção de futuro.
Vende-se uma ideia, que se não for bem canalizada, pode ser ilusória.
-Acredita que tem auto estima, que é dono de si mesmo, e está cada vez mais jogado na
impessoalidade... “ele é “todo mundo”. Ele é absorvido pela vontade autônoma da técnica.
Se está conectado, é parte do grupo. Se não, está fora.
-Para que serve a técnica?
-Temos a necessidade de ter o controle das coisas. Muitas vezes usamos a tecnologia
como utopia em relação a como lidar com as frustrações.
-Busca-se a precisão, exatidão, segurança, certeza. Precisamos de algo que nos impeça de
errar.
-O tédio está aumentando em nossas vidas, nos sentimos isolados, solitários, por falta do
contato pessoal com o outro.
-O terapeuta tem as respostas para aquilo que não funciona como deveria, ou seja: aquele
que soluciona através de um diagnóstico preciso, o que causa desconforto, descontrole
(sem tirar a autonomia da pessoa de perceber e lidar com as próprias questões); ele pode
evitar os efeitos colaterais, ajudando a controlar o mal estar (as pessoas querem garantias
do psicólogo para que aquilo não aconteça mais); aumento da busca por medicamentos
(para responder às necessidades rapidamente).
Alguns pressupostos
-O presente é o momento de ação imediata. Está conectado ao que já fomos e ao que
seremos.
-Não há separação entre passado e presente.
-O futuro se relaciona com o passado e presente.
-O que dá realmente movimento à temporalidade do ser é sentido da trajetória atribuída,
o quanto aquilo faz sentido e é importante para nós.
-Como fica a substituição do sentido: “tempo é a morte!” por “tempo é dinheiro! “? Sei
que não tenho controle, que tudo é limitado, ideia de finitude.
-Como se relaciona essa mudança de movimento à condição ser jovem e velho? Os jovens
são muito mais procurados, e os mais velhos são descartados (e a experiência?).
-O que o homem atual teme então em relação ao tempo? Que aspectos de sua vida são
afetados por essa aflição? Teme que não tenha tempo e afeta toda sua vida.
Solução:
-Abraçar o problema, familiarizar-se com ele, ouvir a si mesmo na dor, no desconforto
(processo terapêutico).
-O que essa situação me diz a respeito de mim mesmo?
-Mais perguntas sobre o como acontece do que o que isto quer dizer. Isso para trazer à
tona a situação e os sentimentos, quais as escolhas feitas em detrimento de outras.
-No encontro eis que se torna possível se aproximar de si mesmo e de sua própria história.
A clínica infantil
-Como assumir uma atitude fenomenológica em uma clínica infantil, suspendendo
qualquer teoria de Psicologia? Queremos dar nome as coisas, mas temos que descobrir o
sentido das coisas através do vivido.
-Como atender com crianças à máxima da análise existencial de deixar o outro livre para
si mesma?
-Como é possível, no caso da criança, junto ao outro dar um passo atrás e deixar que este
outro assuma a responsabilidade ou tutela pelas suas próprias escolhas? Como dar esse
espaço à criança, acreditando que ela não sabe nada? Temos que aprender a construir com
a criança o próprio destino dela.
-Podemos falar de responsabilidade na criança já que esta, em sua fragilidade e
vulnerabilidade, não pode tutelar a si mesmo? Temos que propiciar momentos em que ela
pode tutelar a si mesma, de acordo com sua idade e seu desenvolvimento.
Nossa meta
-Resgatar, conhecer o fenômeno é sua singularidade.
-Evitar a profecia autorealizadora: a criança acreditar que não cabe a ela a
responsabilidade de sua existência (tira a responsabilidade da criança de dizer quem é).
-Evitar a promoção do medo é solidão (se fizer isso, vai acontecer aquilo).
-Possibilitar à criança a sua entrega a si mesma, permanecendo o mais longo possível em
sua condição, voltada para si mesma.
O temor
-O temor é uma disposição diante do mundo. O que temo? Para que temo? Como temo?
Heidegger: “tememos o que pode destruir o que supostamente somos...”.
-O foco deve ser no que se traz como preocupação do que muitas vezes na situação trazida
propriamente dita como queixa.
-Explora enquanto terapeutas o como ele conduz seus sentidos. Não devemos ficar
fechados em apenas um ponto, mas ver aquilo relacionado com a vida.
-As vezes é necessário recuar (terapeuta) para poder avançar, respeitando o ritmo do
paciente.
-A intervenção é boa quando propicia ao paciente caminhar com as próprias pernas.
-O que está em jogo diante do medo? “O olhar... O olhar do outro sobre mim...”.
-Mas também o outro pode tirar o sofrimento em que me encontro.
A não-liberdade
-Condição originária do fracasso, da dificuldade de enfrentamento: a condição de não-ser
(impedido do uso da liberdade).
-A partir do momento que slmos impedidos de fazer algo, ocorre a não-liberdade.
--“Não é livre para projetar um futuro e realizar um presente “. Sensação de impotência,
inadequação quanto ao futuro.
-O passado lhe impediu o presente.
-O passado lhe impediu em seus objetivos.
-Mas, temos liberdade diante da escolha e a negamos.
-Não importa o que fizeram com você, importa o que você faz com o que fizeram com
você.
-Como diz o paciente: “não quero assumir o fracasso”.
A angústia
-Nos coloca diante da nossa vulnerabilidade, porque ficamos uma situação que não
queríamos estar.
-O ser cotidiano busca a fuga de sua falta de apropriação de sua existência.
-Buscamos a alienação do que nos é próprio: a morte um dia. A vulnerabilidade, fuga é
uma maneira de lidarmos com o que não conseguimos evitar (morte).
-No poder-ser temos a morte como certa.
-Ao escondermos temos o encontro também com o fato: a morte existe e eu a temo.
-“A relação própria do homem com a morte abre espaço para que ele se conquiste na sua
totalidade”.
A terapia
-Inicia-se com as tonalidades afetivas do desabrigo do paciente e do ser lançado do
terapeuta. O terapeuta também é lançado numa condição de vulnerabilidade por não saber
com quem está ligado, como vai ocorrer, tudo é indeterminado. Cabe o preparo de estude,
ficar atento as dicas do supervisor, não tentar se proteger com determinações e
diagnósticos.
Noção de tempo
-Nos criamos o tempo que o tempo é. Ele nos coloca em situação de vulnerabilidade.
-O tempo é extensão e criação da realidade humana: criamos o tempo, mas não o
determinamos.
-Ao mesmo tempo em que é noção condição, nos coloca em condição de impermanência,
de impropriedade.
-O tempo representa a construção do homem, diante da impropriedade, diante da
impotência, diante do limite, diante da morte.
-Nossa tendência: negar o tempo, querer controlar a impermanência.
-Quando olhamos o que perdemos, pensamos nos possíveis tempos futuros. Se negamos
a perda, podemos fazer as mesmas escolhas e seguir os mesmos caminhos.
http://psicounip14.blogspot.com/2016/05/resumo-da-aula-de-pf-1605.html
Boss
-“É porque nós, seres humanos, existimos de tal modo que nosso presente se encontra
sempre comprometido com nosso passado (o que aconteceu vai se repetir? Ao falar sobre
o que aconteceu comigo, eu ressignifico); somos também por natureza dirigidos àquilo
que se aproxima do futuro e movendo-nos em sua direção (saber como será a vida),
precisamos abrir-lhe nosso ser. A maneira como vemos o que foi e o que é agora está
sempre relacionado com o modo como estamos dirigidos ao futuro” (o que faço agora é
sempre voltado ao que vai acontecer depois).
-A citação faz relação entre presente, passado e futuro.
-O futuro nos aponta o norte do que já vivemos e estamos vivendo. O que está
acontecendo, vai passar. O que foi vivido, não vai continuar acontecendo.
-As pessoas buscam ajuda e querem respostas rápidas. Alguns terapeutas se perdem nessa
necessidade de ajuda e acabam “levando o cliente pra casa”.
-Estender a mão é uma parceria onde a própria pessoa fará as descobertas, nós apontamos
os riscos e a decisão é dela. Se dermos o caminho, tiramos a condição humana de pensar
sobre si. O processo terapêutico gera uma dependência temporária, pois a pessoa descobre
alguém que o escuta, e depois os laços se estendem quando a pessoa se torna responsável
pelo que faz.
Nosso desafio
-Dedicar-se na compreensão e estudo da teoria.
-Colocar-se aberto a própria experiência de estudar a Fenomenologia: “ser junto...
Permanecer junto”. Não basta só ler, tenho que estar junto da leitura e ter tempo para
refletir.
-Um compartilhar de experiências. Cuidados com os exemplos pessoais para não se
perder nisso.
-O desenvolvimento de uma prática.
-Uma mudança de paradigmas utilizados na prática do aprendizado: aplicar a partir de
uma referência. Não podemos entrar em uma ação terapêutica sem saber que teoria está
usando.
-Adotar uma concepção própria do conhecimento e não encaixá-la em algo já aprendido.
Em algum momento do processo, temos que refletir o que pensamos sobre as coisas, não
basta apenas reproduzir autores e sim usar a intuição.
Compreender a ação e ação modulada por uma compreensão (cuidados sobre como
fazer, saber o que falar, baseado em procedimentos científicos)
-Ajudar o paciente a ganhar sua própria liberdade de pensar, sentir e agir (vai fazer o que
é bom para ele, arcando com as consequências).
-Caminhar lado a lado.
-Possibilitar a ação e o discurso de caminharem juntos para que o sentido possa se revelar
(está dentro do paciente).
-Adotar uma postura que possa se “pensar o caminho da dor” do paciente, para que a dor
fale por si mesma.
-“Os motivos e aquilo em direção ao qual eles são dirigidos são determinados pela tarefa
iminente, que é reconhecida e aceita pelo homem de alguma maneira. Estar dirigido a
uma tarefa apresenta uma antecipação do futuro e revela-se pelos significados. Mas não
é o homem que atribui os significados a tudo o que está a sua volta, nem é o mundo que
determina os significados de tudo (é o homem em uma relação de troca com o mundo e o
percebendo e o mundo estabelecendo pressão sobre o homem – assim estabelece sentidos
sobre si mesmo). Os significados lhes são revelados conforme sua abertura perceptiva...”.
-Significados e projeções de futuro (onde vou chegar? Como será? O que vou ganhar? Irá
dar certo?).
http://psicounip14.blogspot.com/2016/05/resumo-da-aula-de-pf-0205.html