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FENOMENOLOGIA

E PSICOLOGIA
Overview
- Caracterizando a fenomenologia.
- Edmund Husserl e sua história.
- A fenomenologia transcendental.
- Conceitos fundamentais da fenomenologia (intencionalidade,
fenômeno, redução fenomenológica/epoché, “ir às coisas
mesmas”).
- Fenomenologia transcendental e psicologia fenomenológica.
Caracterizando a fenomenologia
- É designação de uma corrente filosófica normativa do século
XX.
- Edmund Husserl é na maioria das vezes denominado como
seu fundador.
- Representantes essenciais: M. Scheler, M. Heidegger, R.
Ingarden, A. Schutz, J-P. Sartre, M. Merleau-Ponty, E.
Lévinas, P. Ricouer, J. Derrida, M. Henry e J. Luc Marion.

- Influenciou a hermenêutica, o existencialismo e a


desconstrução.
Importância da Fenomenologia
- A fenomenologia oferece toda uma série de análises
teóricas ligadas ao conhecimento e à ciência.

- Como podemos situar a consciência humana para


voltar a conferir legitimidade ao conhecimento?
Importância da Fenomenologia
- Compreende o sujeito como ser-no-mundo
assentado corporalmente, socialmente e
culturalmente.

● Vídeo:
Importância da Fenomenologia
- Por meio da crítica ao reducionismo, ao
objetivismo e ao cientificismo, a
fenomenologia contribui para libertar as
ciências positivas de teorizações
pseudocientíficas muito difundidas.
A fenomenologia é uma reflexão crítica, uma (auto)
problematização incansável. Ela é, caso se queira,
uma meditação sem fim. (…) Como espanto em face
do mundo, a fenomenologia não é nenhum sistema
rígido, mas um movimento ininterrupto (Zahavi, 2019,
p. 76)
Edmund Husserl e a Fenomenologia
- Husserl matemático e filósofo - início do século XX.
- Influenciado por E. Kant e Franz Brentano.
- Crítica ao paradigma positivista, ao empirismo e ao
psicologismo idealista.
- O conhecimento é o movimento da consciência em
direção às coisas, em que esta ao mesmo tempo participa
de sua aparição e as contamina com suas projeções.
Crítica ao Psicologismo
Husserl questiona a
Psicologia do início do
século XX (Psicologismo).
•Psicologismo não
distingue o objeto e o ato
do conhecimento.
Fenomenologia Transcendental

- Compreender e descrever as estruturas a priori dos atos


psíquicos (percepção, imaginação, fantasia, juízo, etc.).
- Não há interesse em uma explicação naturalista, que
busque descobrir sua gênese biológica ou sua base
neurológica.
- Está interessada na estrutura imutável e essencial em
sentido estrito da consciência.
PODE ACHAR O CACHORRO?
Quantas faces podemos
ver?
Conceitos fundamentais:
- fenômeno,
- intencionalidade,
- redução fenomenológica/epoché,
- “ir às coisas mesmas”.
Fenômeno
- É aquilo que aparece (para uma consciência); portanto, o
fenômeno não está “em mim”, mas está “diante de mim” e
relacionado à minha consciência (neste sentido, também
não pode ser simplesmente identificado com um objeto).

- O fenômeno é a apresentação de algo para uma


consciência.
Fenômeno
- O fenômeno que nos interessa não é o objeto sensível, é o objeto da
experiência.

- A fenomenologia lida com experiências, com vivências, e fenômeno


aqui é sempre um correlato dessa experiência.

- O fenômeno, aquilo que se revela, que aparece, não pode e não deve
ser considerado independente das experiências concretas de cada
indivíduo.
No que pensa esta
moça?
Intencionalidade
- A consciência só é consciência quando se dirige
para alguma coisa.

- Consciência é sempre movimento, é sempre


“consciência-de-alguma-coisa”.
Intencionalidade
- Um objeto não é nunca meramente consciente, mas ele é sempre
consciente de uma maneira determinada.

- Visa-se intencionalmente a um objeto (ele é percebido, julgado ou


representado etc.) como algo, isto é, sob uma determinada
descrição ou a partir de uma determinada perspectiva.

- O fato de o sentido e o objeto não serem idênticos provêm


claramente a partir dos processos doadores de significado.
Intencionalidade
- Graças à intencionalidade, o mundo deixa de ser
simples mundo de “coisas” e passa a ser morada dos
“fenômenos”, como “essências” que não têm existência
fora do ato da consciência.

- Intencionalidade não é nenhuma ligação externa, que


só chegaria a termo por meio do efeito existente, ela é
muito mais uma propriedade intrínseca à consciência.
Redução fenomenológica (Epoché)

•É o que permite colocar em evidência o ser-no-mundo,


produto desta intencionalidade.
•Não afirmar ou mesmo negar algo, mas antes se deixar
abandonar à compreensão desta realidade, que assim
estaríamos voltando às coisas mesmas.
•Não negar ou abandonar a realidade efetiva, mas
neutralizar um determinado posicionamento dogmático em
relação à realidade efetiva.
Advertência
● Não se deve usar a redução como técnica e operacionalização na
clínica por esta ou aquela teoria.

● Epoché é a suspensão na crença da existência da realidade,


colocando esta crença – e esta realidade – entre parêntese ou “fora
de circuito”.

● Nada disto é prático para uma ação direta de um profissional, mas é,


antes, uma condição para compreensão desta ação, pois esta ação
se dá numa correlação com o mundo.
Ir às coisas mesmas
● Aprender o mundo tal qual este se apresenta para nós enquanto
fenômeno, através de um olhar ingênuo.

● O que isto significa?

Significa que ao olharmos para o mundo, percebemo-lo naquilo que


se apresenta enquanto tal, e não enquanto uma determinada
representação que já existe em nós, anterior à nossa experiência, e
que é ditada por nossa reflexão, por nossos conceitos, por exemplo
(Sokolowski, 2014, p. 35).
● Ir às coisas mesmas é permitir um encontro
com essa novidade, com esse “ainda não
sabido ou conhecido” (mesmo que já dado
de alguma forma) é ver ou perceber o
mundo tal qual ele nos aparece.
Fenomenologia transcendental x
Psicologia fenomenológica
● Fenomenologia Transcendental busca conhecer as
estruturas gerais de conhecimento presentes na
consciência humana (ontológico).

● Psicologia fenomenológica descreve as vivências


individuais, os sentidos singulares/essências dos
fenômenos (ôntico).
Busca pelas essências:
● As essências estão nas significações.

● Não estão somente no sujeito e nem no objeto formal,


mas nesse entrelaçamento, nesta correlação entre sujeito
(consciência) e mundo (objetos).
Referências:
CESCON, E. Fenomenologia da consciência e da mente.
Caxias do Sul, Rs: EDUCS, 2013.
SOKOLOWSKI, R. Introdução à fenomenologia. São Paulo:
Edições Loyola, 2014.
ZAHAVI, D. A fenomenologia de Husserl. Rio de Janeiro: Via
Verita, 2015.
ZAHAVI, D. Fenomenologia para iniciantes. Rio de Janeiro: Via
Verita, 2019.

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