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FENOMENOLOGIA

• Fenomenologia (do grego phainesthai - aquilo que se apresenta ou que


mostra - e logos explicação, estudo) é uma metodologia e corrente filosófica
que afirma a importância dos fenômenos da consciência, os quais devem ser
estudados em si mesmos – tudo que podemos saber do mundo resume-se a
esses fenômenos, a esses objetos ideais que existem na mente, cada um
designado por uma palavra que representa a sua essência, sua "significação".

• Os objetos da Fenomenologia são dados absolutos apreendidos em intuição


pura, com o propósito de descobrir estruturas essenciais dos atos (noesis) e
as entidades objetivas que correspondem a elas (noema).

• Edmund Husserl (1859-1938) - filósofo, matemático e lógico – é o fundador


desse método de investigação filosófica e quem estabeleceu os principais
conceitos e métodos que seriam amplamente usados pelos filósofos desta
tradição.

• Em seu trabalho maduro, ele procurou desenvolver uma ciência sistemática


baseada na chamada redução fenomenológica.

• Argumentando que a consciência transcendental estabelece os limites de


todo conhecimento possível, Husserl redefiniu a fenomenologia como uma
filosofia transcendental-idealista.

• O pensamento de Husserl influenciou profundamente todo o cenário


da Filosofia do século XX e XXI.

• A fenomenologia é o estudo da consciência e dos objetos da consciência.

• A redução fenomenológica, "epoché", é o processo pelo qual tudo que é


informado pelos sentidos é mudado em uma experiência de consciência, em
um fenômeno que consiste em se estar consciente de algo.

• Coisas, imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos, eventos, memórias,


sentimentos, etc. Constituem nossas experiências de consciência.

• O interesse para a Fenomenologia não é o mundo que existe, mas sim o


modo como o conhecimento do mundo se realiza para cada pessoa.

• A redução fenomenológica requer a suspensão das atitudes, crenças, teorias,


e colocar em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de
concentrar-se a pessoa exclusivamente na experiência em foco, porque esta
é a realidade para ela.
• Segundo Brentano, o fenômeno psíquico distingue-se dos demais por sua
propriedade de referir-se a um objeto, bem como a um conteúdo de
consciência, através de mecanismos puramente mentais.

• À psicologia caberia, então, estudar as diversas maneiras pelas quais a


consciência institui suas relações para com os objetos existentes nela
mesma, descrever a natureza desta relação, bem como o modo de existência
deste objeto.

• Vivência (Erlebnis) é todo o ato psíquico; a Fenomenologia, ao envolver o


estudo de todas as vivências, tem que englobar o estudo dos objetos das
vivências, porque as vivências são intencionais e é nelas essencial a
referência a um objeto.

• A consciência é caracterizada pela intencionalidade, porque ela é sempre a


consciência de alguma coisa.

• Essa intencionalidade é a essência da consciência que é representada pelo


significado, o nome pelo qual a consciência se dirige a cada objeto.

• A descrição de atos mentais, assim, envolve a descrição de seus objetos,


mas somente como fenômenos e sem assumir ou afirmar sua existência no
mundo empírico.

• O objeto não precisa de fato existir.

• Foi um uso novo do termo "intencionalidade" que antes se aplicava apenas ao


direcionamento da vontade.

• Reconhecido o objeto ideal, o noema(inteligencia, ideia, pensamento,


concepção), o passo seguinte é sua “redução eidética”, redução à ideia.

• Consiste na análise do noema para encontrar sua essência.

• Isto porque não podemos nos livrar da subjetividade e ver as coisas em si


mesmas, pois em toda experiência de consciência estão envolvidos o que é
informado pelos sentidos e o modo como a mente enfoca aquilo que é
informado.

• Não importa para a Fenomenologia como os sentidos são afetados pelo


mundo real.

• Husserl distingue entre percepção e intuição.

• Alguém pode perceber e estar consciente de algo, porém sem intuir o seu
significado.
• A intuição eidética é essencial para a redução eidética. Ela é o dar-se conta
da essência, do significado do que foi percebido.

• O modo de apreender a essência, Wesensschau, é a intuição das essências e


das estruturas essenciais.

• Embora tenha trabalhado até o final de sua vida na definição do que chamou
Redução Transcendental, Husserl não chegou a uma conclusão clara.
Basicamente seria a redução fenomenológica aplicada ao próprio sujeito, que
então se vê não como um ser real, empírico, mas como consciência pura,
transcendental, geradora de todo significado.

• Para o fenomenólogo, a função das palavras não é nomear tudo que nós
vemos ou ouvimos, mas salientar os padrões recorrentes em nossa
experiência.

• Identificam nossos dados dos sentidos atuais como sendo do mesmo grupo
que outros que já tenhamos registrado antes.

• Uma palavra não descreve uma única experiência, mas um grupo ou um tipo
de experiências; a palavra "mesa" descreve todos os vários dados dos
sentidos que nós consultamos normalmente quanto às aparências ou às
sensações de "mesa".

• A fenomenologia não pode ser confundida com o Fenomenalismo, pois este


não leva em conta a complexidade da estrutura intencional da consciência
que o homem tem dos fenômenos. A Fenomenologia examina a relação entre
a consciência e o Ser.

• Para o Fenomenalismo, tudo que existe são as sensações ou possibilidades


permanentes de sensações, que é aquilo a que chamam fenômeno. O
fenomenólogo, diferentemente do fenomenalista, precisa prestar atenção
cuidadosa ao que ocorre nos atos da consciência, que são o que ele chama
fenômeno.

MAX SCHELE

• O mais original e dinâmico dos primeiros associados de Husserl, no entanto,


foi Max Scheler (1874-1928), que havia integrado o grupo de Munique quem
realizou seu principal trabalho fenomenológico com respeito a problemas do
valor e da obrigação. Ampliou a ideia de intuição, colocando, ao lado de uma
intuição intelectual, outra de caráter emocional, fundamento da apreensão do
valor.

• Em sua crítica a Husserl, Heidegger salientou que ser lançado no mundo


entre coisas e na contingência de realizar projetos é um tipo de
intencionalidade muito mais fundamental que a intencionalidade de
meramente contemplar ou pensar objetos.

• E é aquela intencionalidade mais fundamental a causa e a razão desta última.

• Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), outro importante representante do


Existencialismo na França, foi ao mesmo tempo o mais importante
fenomenólogo francês. Suas obras, “A Estrutura do comportamento” (1942) e
“Fenomenologia da percepção” (1945), foram os mais originais
desenvolvimentos e aplicações posteriores da Fenomenologia produzidos na
França.

• Emmanuel Levinas(1906-1995) Bastante influenciado pela fenomenologia de


Edmund Husserl, de quem foi tradutor, assim como pelas obras de Martin
Heidegger, Franz Rosenzweig e Monsieur Chouchani, o pensamento de
Levinas parte da ideia de que a Ética, e não a Ontologia, é a Filosofia
primeira.

• É no face-a-face humano que se irrompe todo sentido. Diante do rosto do


Outro, o sujeito se descobre responsável e lhe vem à ideia o Infinito.

• Jean-Paul Sartre (1905-1980) segue estritamente o pensamento de Husserl


na análise da consciência em seus primeiros trabalhos, “A Imaginação” (1936)
e “O Imaginário: Psicologia fenomenológica da imaginação” (1940), nos quais
faz a distinção entre a consciência perceptual e a consciência imaginativa
aplicando o conceito de intencionalidade de Husserl.

EMPIRISMO

• Galileu (1564-1642), é apontado como um dos fundadores do Empirismo pelo


fato de aplicar aos objetos de estudo a experimentação, algo que possui seu
limiar na atitude de Galileu em apontar sua luneta para o espaço, descobrindo
posteriormente a não-existência das esferas celestes, tal qual determinavam
as premissas de Aristóteles.

• Desta forma, Galileu lançou sua teoria com carência de provas (embora sua
teoria fosse consistente e embasada no seu experimento) passando
posteriormente por sessões da Inquisição Católica a fim de dirimir as dúvidas
em relação ao sistema Aristotélico.

• À influência da psicologia associativa de Locke sobre a filosofia (ou teoria) do


conhecimento se chamou Psicologismo.

• É a teoria de que os problemas da epistemologia (a validade do conhecimento


humano) e inclusive a questão da consciência, podem ser solucionados por
meio do estudo científico dos processos psicológicos.
• Os psicologistas entendiam a lógica - domínio da filosofia - como ciência.
Seria apenas uma disciplina definidora, normativa, dos atos psíquicos, dos
modos associativos do pensamento, e suas matérias apenas regras para
pensar bem, e não fonte de verdade. A filosofia ficou fora de moda, "reduzida"
a uma psicologia científica vinculada ao Positivismo.

IDEALISMO

• A Fenomenologia de Husserl é uma forma de idealismo, porque lida com


objetos ideais, com as ideias das coisas em sua essência, tal como os
idealistas Platão, Hegel e outros. Desde os ensinamentos de Platão a filosofia
nos diz que, por influência dos sentidos (a construção das ideias que o
homem tem em sua mente se faz por informação dos sentidos, como dito por
Locke) existem várias imagens possíveis de um objeto, porém todas elas
significando a mesma coisa, ou seja, todas elas redutíveis ao mesmo
significado, todas referindo-se ao mesmo objeto ideal, contendo a mesma
ideia, constituídas da mesma essência.

CRITICAS A FENOMELOGIA

• Na psicologia, a objeção que se levanta é contra a possibilidade de se viver


com o paciente sua própria visão do mundo, de sua situação e de si mesmo.
Como a subjetividade deve estar também no psicólogo, é impossível ter o
terapeuta uma intuição desses aspectos que seja inteiramente livre do seu
próprio eu, do seu próprio pensar, de modo a evitar introduzirem-se em sua
análise certas impressões pessoais que precisaria evitar.

• A Fenomenologia diz que o terapeuta deve buscar compreender com a sua


subjetividade a subjetividade alheia.

• Na verdade, necessita um grupo de psicólogos consultores de modo que as


suas visões possam se somar para uma compreensão mais profunda de um
fenômeno, "intersubjetividade".

• Porém deve lembrar-se de que, a rigor, ele não tem nenhum padrão
absolutamente confiável para aprovar ou reprovar qualquer comportamento
alheio, apesar de se encontrar confortável com a estatística da normalidade
das atitudes e dos costumes.

• Na Política e no Direito, o modo de se lidar com a subjetividade é a


Democracia, em que o problema da subjetividade é contornado por meio do
consenso, pela coincidência estatística de opiniões, pelo voto de um conselho
ou da população, de modo que, por assim dizer, a subjetividade de um único
indivíduo, ou de uma minoria de intelectuais, não venha a prevalecer. Em
Moral e Religião, a âncora são as escrituras, consideradas revelação divina.

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