Você está na página 1de 10

Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez.

2016 551

Memória de Reconhecimento: Modelos de Processamento Simples versus Duplo

Antônio Jaeger – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil

Resumo
O processo de reconhecimento de memórias consiste em discriminar informações previamente encontradas de informações
novas. Duas abordagens teóricas divergentes buscam explicar esse fenômeno. A primeira propõe que o reconhecimento se
baseia essencialmente na sensação de familiaridade gerada por cada estímulo. A segunda propõe que além da intensidade da
familiaridade, a evocação de aspectos qualitativos e contextuais dos eventos memorizados possui um papel fundamental no
processo de reconhecimento. Aspectos teóricos e metodológicos inerentes às duas linhas teóricas são criticamente discutidos no
presente artigo, sendo que o resultado dessa discussão se apresenta favorável à segunda perspectiva teórica.
Palavras-chave: memória, memória episódica, reconhecimento

Single – Versus Dual-Process Models of Recognition Memory

Abstract
Memory recognition consists in discriminating previously encountered information from novel information. Two divergent
theoretical approaches pursue to provide a framework for the process of recognition. The first proposes that memory recogni-
tion is based essentially on a sense of familiarity elicited by each stimulus. The second proposes that, in addition to familiarity,
the retrieval of qualitative and contextual information inherent to encoded events has an important role during recognition.
Theoretical and methodological aspects from both approaches are discussed and the result of this discussion is in favor of the
second theoretical approach.
Keywords: memory, episodic memory, recognition

Memoria de Reconocimiento: Modelos de Procesamiento Simples o Dobles

Resumen
El proceso de reconocimiento de memorias, consiste básicamente en discriminar informaciones, previamente encontradas en
nuevas informaciones. Dos abordajes teóricos divergentes tratan de explicar este fenómeno. El primero sugiere que el recono-
cimiento de memorias se basa esencialmente en la sensación de familiaridad generada por cada estímulo. El segundo propone
que además de la intensidad familiar, la evocación de aspectos cualitativos y contextuales del evento memorizado posee un
papel fundamental en el proceso de reconocimiento. Aspectos teóricos y metodológicos inherentes a las dos líneas teóricas, son
críticamente discutidos en el presente artículo y el resultado de esta discusión se presenta favorable al segundo abordaje teórico.
Palabras-clave: memoria, memoria episódica, reconocimiento

Memória episódica é um tipo de memória que (Yonelinas, 2002). Nesse tipo de tarefa, um conjunto
envolve o armazenamento de informações referentes de estímulos é inicialmente apresentado aos participan-
a eventos específicos situados no tempo e no espaço tes de pesquisa (e.g., palavras, figuras, etc.). Após essa
(Tulving, 1983). Isto é, consiste no registro de even- apresentação inicial, denominada “fase de codificação”,
tos ocorridos ao longo da vida de um indivíduo e que os mesmos estímulos são novamente apresentados
podem ser situados em momentos específicos (i.e., entremeados de estímulos que não foram previamente
datas, ocasiões) vivenciados por ele. De acordo com apresentados. Nesse momento, denominado “fase de
Endel Tulving, autor que forneceu as bases para o teste”, os participantes identificam quais estímulos
estudo da memória episódica, ela pode ser caracteri- foram encontrados na fase de codificação (estímulos
zada metaforicamente como uma “viajem no tempo” “antigos”) e quais estímulos estão sendo vistos pela pri-
e necessariamente envolve o processo denominado meira vez (estímulos “novos”). O desempenho nessa
“consciência autonoética”, que consiste na sensação tarefa é medido por meio de o quanto os participantes
de que o evento lembrado ocorreu da maneira que são capazes de discriminar estímulos antigos de estímu-
está sendo recordado e foi vivenciado em primeira los novos.
pessoa pelo indivíduo que o memorizou (Tulving & Os testes de memória de reconhecimento se
Thomson, 1973). diferenciam de outros tipos de testes de memória por
Uma abordagem experimental muito utilizada apresentarem diretamente aos participantes de pes-
para a investigação da memória episódica consiste na quisa as informações previamente codificadas. Em
utilização de tarefas de memória de reconhecimento outro tipo de teste de memória, denominado teste de

Disponível em www.scielo.br http://dx.doi.org/10.1590/1413-82712016210309


552 Jaeger, A. Memória de Reconhecimento

recordar livre, é requerido aos participantes que evo- memória se baseariam na presença ou ausência da evo-
quem os estímulos previamente codificados sem a cação de aspectos contextuais associados aos eventos
reapresentação deles e sem nenhum tipo de pista que ou informações memorizadas.
possa auxiliar nessa evocação. Os participantes são ins- Os autores que defendem o reconhecimento
truídos a simplesmente lembrar o máximo possível de enquanto um processo único (Macmillan & Creel-
itens codificados (e.g., Glanzer & Cunitz, 1966). Ainda man, 2005; Verde & Rotello, 2007; Mickes, Wixted,
em outro tipo de teste frequentemente utilizado em & Wais, 2007; Mickes, Hwe, Wais, & Wixted, 2011)
pesquisas com seres humanos, denominado teste de utilizam como base teórica a teoria da Detecção de
Recordar com Pistas, os participantes recebem infor- Sinal (Macmillan & Creelman, 2005; Green & Swets,
mações durante a fase de teste que podem auxiliar na 1966). A partir dessa teoria, a familiaridade eliciada
evocação dos itens codificados, como o fornecimento por cada item em um teste de memória é caracterizada
das primeiras letras de uma série de palavras que foram como um sinal contínuo ou gradativo de memória.
previamente codificadas, por exemplo (Greene, 1986). Essa caracterização e as implicações dessa teoria para
Em contraste aos testes de recordar livre e recordar o estudo da memória de reconhecimento serão abor-
com pistas, testes de reconhecimento apresentam a dados na seção seguinte. Os autores que, por outro
particularidade de proporcionar a utilização de medi- lado, defendem que além da familiaridade, a recorda-
das que levam em conta a discriminação direta entre ção também possui um papel importante no processo
itens antigos e itens novos, uma vez que itens novos de reconhecimento, utilizam como base teórica a teo-
não são usualmente empregados em outros tipos de ria do Processamento Duplo (Mandler, 1980; Jacoby,
teste de memória. 1991; Yonelinas, 1994). Essa teoria será apresentada e
Essa possibilidade de contrastar de maneira direta discutida na terceira seção do artigo.
itens antigos e novos gerou uma questão de pesquisa Em suma, o objetivo do presente estudo é o de
que atualmente é intensamente debatida, que consiste discutir criticamente esses dois modelos teóricos do
na especificação dos processos cognitivos subjacen- reconhecimento, apontando as limitações e as van-
tes à memória de reconhecimento. No contexto desse tagens deles. O presente estudo objetiva também a
debate, alguns autores defendem a posição de que o elucidação de questões atuais e direções futuras pro-
reconhecimento é baseado única e exclusivamente em porcionadas por esses modelos teóricos. Para isso, os
um processo denominado “familiaridade” (Verde & dois modelos serão apresentados de maneira detalhada,
Rotello, 2007). Esse processo pode ser caracterizado e devido à alta quantidade de publicações sobre esse
como uma simples sensação de que algo foi previa- tema, somente os artigos mais relevantes e de maior
mente encontrado, sendo que essa sensação pode ter impacto no âmbito de cada uma dessas abordagens teó-
várias gradações. Isto é, cada item encontrado durante ricas serão discutidos (para uma revisão exaustiva, ver
a fase de codificação gera durante a fase de teste uma Yonelinas, 2002). A discussão e apresentação específica
sensação de familiaridade que pode ser inserida dentro de cada modelo teórico será seguida por uma discus-
de um continuum entre a total ausência de familiaridade são de caráter mais crítico quanto à capacidade de cada
até níveis muito altos de familiaridade. Dessa forma, modelo de fazer predições válidas e que sejam corrobo-
itens que geram uma sensação de familiaridade mais radas por dados empíricos.
intensa dentro desse continuum são mais frequente-
mente julgados como antigos, e itens que geram uma Teoria da Detecção de Sinal
sensação de familiaridade de menor intensidade dentro A teoria da Detecção de Sinal propõe que quando
desse continuum são mais frequentemente classificados se entra em contato com uma série de estímulos ou
como novos. Em contraste com esse posicionamento informações, como na fase de codificação em testes de
teórico, outros autores defendem que o reconheci- reconhecimento, há uma grande variabilidade na inten-
mento é frequentemente composto da combinação de sidade com a qual os itens são memorizados (Lockhart
dois processos. Isto é, além do processo gradativo de & Murdock, 1970). Essa intensidade é normalmente
familiaridade, também seria determinante para o reco- distribuída com a maioria dos itens distribuídos em
nhecimento a “recordação” de aspectos contextuais e torno de uma média geral de intensidade para cada tipo
detalhados da fase de codificação (Yonelinas, 1994). de estímulo (ver Figura 1).
Essa recordação se caracterizaria por um processo dis- Como pode ser visto na Figura 1, o sinal de
creto (i.e., “tudo ou nada”) no qual os julgamentos de memória é representado pela seta abaixo das duas

Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez. 2016


Jaeger, A. Memória de Reconhecimento 553

distribuições, sendo que ela simboliza o aumento gra- Na figura 2, é possível visualizar os quatro tipos de
dativo e contínuo da intensidade do sinal de memória. resultado possíveis em um teste simples de reconheci-
Assim, itens mais para esquerda possuem um sinal mais mento. Como apresentado na Figura 1, esses resultados
fraco de memória, itens localizados mais para a direita, podem ser ilustrados dentro do modelo da detecção de
um sinal mais forte (Banks, 1970). Como pode ser sinal, isto é, dentro da distribuição das respostas para
visto na Figura 1, embora itens novos e antigos sejam cada tipo de item. Quando há mudança no critério esta-
normalmente distribuídos, os itens novos tendem a se belecido pelo indivíduo, entretanto, as frequências de
distribuir para o lado esquerdo (menor intensidade), acertos, erros, rejeições corretas e alarmes falsos tam-
enquanto itens antigos tendem a se distribuir para o bém se modificam. Assim, quando o critério é movido
lado direito (maior intensidade) da figura. para a direita, a chance de alarmes falsos é diminuída, ao
Como pode ser observado também na Figura 1, passo que a chance de erros é aumentada (Figura 3A).
as duas curvas representando itens novos e antigos Quando o critério é movido para a esquerda, aumenta-
são cortadas por uma linha vertical, a qual representa -se a chance de se emitir alarmes falsos, porém a chance
o parâmetro denominado “critério”. Critério significa a de erros é bastante diminuída (Figura 3B).
intensidade do sinal de memória a partir da qual o indi- Além da modificação do critério, outro aspecto
víduo classificará o item como antigo ou novo. Assim, desse modelo que altera a frequência dos tipos de
todos os itens que estiverem do lado direito do critério resultados de respostas emitidos pelos sujeitos, é a
serão considerados antigos, e todos os itens que estive- própria capacidade de discriminar entre os dois tipos
rem ao lado esquerdo serão considerados novos. Em de estímulo durante o desempenho da tarefa de reco-
outras palavras, todos os itens que eliciarem um sinal nhecimento. Dentro do modelo da detecção de sinal,
de memória com intensidade maior do que a inten- a capacidade de discriminar entre os estímulos anti-
sidade do critério estabelecido pelo indivíduo serão gos e novos é expressa por meio da distância entre as
classificados como antigos, enquanto todos os itens que duas curvas (Green & Swets, 1966). Isto é, uma dis-
eliciarem um sinal de memória com intensidade menor tância maior entre as duas curvas, como na Figura3C,
do que a intensidade do critério estabelecido pelo indi- indica que há uma maior capacidade do indivíduo em
víduo, serão classificados como novos (Macmillan & discriminar itens antigos de novos, enquanto uma
Creelman, 2005; Banks, 1970). menor distância (Figura 3D), indica que a capacidade

Figura 1. Teoria da detecção de sinal.


Figura 1. Modelo básico da teoria de detecção de sinal, no qual se incluem as distribuições de itens novos e antigos de
acordo com a intensidade do sinal de memória eliciado pelos mesmos. Itens novos tendem a se agrupar mais para o
lado esquerdo, enquanto itens antigos para o lado direito, indicando que itens antigos eliciam um sinal de memória de
forma geral mais intenso do que itens novos. Critério é representado pela linha vertical e os tipos de respostas (acertos,
erros, rejeições corretas e alarmes falsos) são representados diretamente nas curvas.
Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez. 2016
554 Jaeger, A. Memória de Reconhecimento

Figura 2. Combinações entre Tipos de Item (antigo ou novo) e Tipos de Resposta (“Antigo” ou “Novo”).
Figura 2. Existem quatro resultados possíveis para cada tentativa de resposta. Dois resultados corretos e dois incorretos.
No que tange os corretos, quando o estímulo Antigo é classificado pelo sujeito como “Antigo”, têm-se um tipo de
resposta denominado “Acerto”. Quando o estímulo é Novo e é classificado pelo sujeito como “Novo”, têm-se uma
“Rejeição correta”. No que se refere aos possíveis resultados incorretos para cada tentativa, o tipo de estímulo Antigo
classificado pelo sujeito como “Novo” gera um “Erro”, enquanto um estímulo Novo classificado como “Antigo” gera
um “Alarme falso”.

Figura 3. Critério e discriminabilidade de acordo com a teoria da detecção de sinal.


Figura 3. Pressupostos do modelo de detecção de sinal quanto a mudança em critério (A e B) e discriminabilidade (C
e D). Na Figura 2A, um critério conservador é adotado, levando a maiores índices de rejeições corretas e a menores
índices de acertos. Na Figura 2B, um critério mais liberal é adotado, o que leva a um aumento nos índices de acertos
e a uma diminuição nos índices de rejeições corretas. Na Figura 2C o maior afastamento das curvas indica maior
capacidade de discriminabilidade entre itens antigos e novos, enquanto na Figura 2B a maior proximidade entre as
curvas representa menor discriminabilidade entre itens antigos e novos.
Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez. 2016
Jaeger, A. Memória de Reconhecimento 555

de discriminar entre essas duas classes de estímulo é ser apresentadas nela de forma cumulativa. Assim,
menor. como pode ser visto na Figura 4A, no eixo vertical,
Outra maneira importante de se visualizar e de se são apresentadas as proporções cumulativas para os
analisar dados dentro do escopo da teoria da Detec- acertos, enquanto, no eixo horizontal, as proporções
ção de Sinal é utilizando curvas ROC (Receiver Operating cumulativas para alarmes falsos.
Characteristics) (Luce, 1963). Para que curvas ROC sejam Dessa forma, o ponto mais abaixo e a esquerda
implementadas, entretanto, é necessário, que durante o da curva ROC (Figura 4A), consiste na proporção de
teste de reconhecimento, níveis de confiança também acertos com alta confiança (eixo vertical) em função
sejam coletados. Usualmente, isso é feito pedindo-se da proporção de alarmes falsos com alta confiança
aos participantes de pesquisa que estimem o quanto (eixo horizontal). O ponto em seguida representa a
estão confiantes em cada uma de suas respostas den- proporção de acertos com alta confiança somados à
tro de uma escala de 1 a 6. Assim, 1 pode significar proporção de acertos com confiança média, em fun-
confiança alta; 2, confiança média e 3, confiança baixa ção da proporção de alarmes falsos com alta confiança
de que o estímulo é antigo, enquanto 4 pode significar somados aos alarmes falsos de confiança média. Os
confiança baixa; 5, confiança média e 6, confiança alta pontos conseguintes seguem a mesma lógica, sendo
de que o estímulo é novo. Para que a curva ROC seja que o sexto ponto não é inserido por resultar em
composta, as proporções para essas respostas devem valor absoluto.

Figura 4. Curvas de ROC.


Figura 4. Curva ROC de acordo com a predição da teoria da detecção de sinal (A); curva ROC demonstrando uma
discriminabilidade alta entre itens novos e antigos (B); curva ROC demonstrando a adoção de um critério conservador
por sujeito hipotético (C); curva ROC não prevista pela teoria da detecção de sinal (D).
Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez. 2016
556 Jaeger, A. Memória de Reconhecimento

A capacidade de discriminar entre itens antigos e com confiança alta. Esse padrão é comparativamente
novos de cada indivíduo é representada na curva ROC diminuído para os itens de confiança baixa (Yonelinas,
por meio do posicionamento dos pontos da curva em Dobbins, Szymanski, Dhaliwal, & King, 1996).
direção ao canto superior esquerdo da figura (Egan, Essa anomalia encontrada nos resultados empíri-
1975), como pode ser visto na Figura 4B. Assim, um cos, para utilizar o termo proposto por Thomas Kuhn,
aumento na discriminabilidade significa um posiciona- foi exposta há aproximadamente duas décadas (Yone-
mento dos pontos da curva de modo mais próximo ao linas, 1994) e desde então ela tem sido abordada por
ângulo superior esquerdo. Em contrapartida, quanto duas linhas de pensamento bastante divergentes. A pri-
mais próximos os pontos da curva estiverem da linha meira consiste em uma versão modificada da teoria da
diagonal, menor a discriminação feita pelo indivíduo. Detecção de Sinal (Mickes et al., 2007) e sugere que as
Quando os pontos da curva são localizados sobre a distribuições do sinal de memória para itens antigos e
linha diagonal, por exemplo, o desempenho é consi- novos apresentam variâncias diferentes durante o teste
derado aleatório, significando que o indivíduo não foi de reconhecimento (Figura5A). Isto é, a distribuição
capaz de discriminar entre antigo e novo, e estaria apre- dos itens antigos possui uma variância aproximada-
sentando, nesse caso, a mesma proporção de “acertos” mente 20% maior do que a distribuição dos itens novos.
e “alarmes falsos” (Verde & Rotello, 2007). A segunda linha de pensamento que aborda a assimetria
Critério, por outro lado, pode ser observado nas nas curvas ROC é a teoria do Processamento Duplo
curvas ROC por meio do posicionamento dos pon- (Yonelinas & Parks, 2007), a qual será discutida em
tos da curva ao longo da linha diagonal (Macmillan & maior detalhe na seção seguinte.
Creelman, 2005). Na Figura 4C, por exemplo, os pontos
da curva estão mais distribuídos sobre o lado esquerdo Teoria do Processamento Duplo
da linha diagonal, significando que a quantidade de A teoria do Processamento Duplo propõe que o
alarmes falsos foi relativamente baixa, indicando que reconhecimento de memórias pode envolver dois pro-
o sujeito, nesse caso, teria adotado um critério mais cessos distintos: familiaridade e recordação. O primeiro
conservador (i.e., evitando emitir alarmes falsos, ainda consiste em um sinal de memória como o proposto
que isso diminua o número de acertos) (ver Figura 3A). pela teoria da Detecção de Sinal. O segundo envolve
Caso os pontos da curva estejam distribuídos predo- a evocação de aspectos contextuais e mais detalhados
minantemente sobre o lado direito da curva diagonal, do evento memorizado (Mandler, 1980; Jacoby, 1991;
isso sugeriria que o sujeito estaria utilizando um critério Yonelinas, 1994, 2002; Yonelinas & Parks, 2007; Tul-
mais liberal, isto é, estaria emitindo muitos “acertos”, ving, 1985, 2002; Yu, Johnson, & Rugg, 2012). Assim,
mas também muitos “alarmes falsos” (ver Figura 3B). quando um indivíduo desempenha um teste de reco-
Um pressuposto importante da teoria da Detec- nhecimento para uma lista de palavras, por exemplo, ele
ção de Sinal é de que a distribuição dos pontos da curva pode julgar cada palavra, baseando-se em uma sensação
deve ser simétrica em relação a linha diagonal, como de familiaridade, assim como pode também fazer esse
demonstrado na Figura 4A (Luce, 1963; Macmillan & julgamento, baseando-se na evocação de aspectos espe-
Creelman, 2005). Assim, ainda que a curva se modifi- cíficos experienciados durante a codificação (Figura
que de acordo com discriminabilidade e critério, isso 5B), como por exemplo, o que o indivíduo pensou ou
deve ocorrer de maneira simétrica em relação ao eixo sentiu na hora que viu a palavra na fase de codificação.
diagonal (i.e., os pontos do lado esquerdo e direito da Essa abordagem teórica foi especialmente apoiada
curva devem possuir distâncias idênticas à linha diago- pela assimetria encontrada nas curvas ROC (Yonelinas,
nal quando não há diferença em critério). Em realidade, 1994, Yonelinas et al. 1996). Uma vez que essa assi-
nem sempre é isso que ocorre. Como exemplificado metria é causada por uma quantidade desproporcional
na Figura 4D, inúmeros estudos de reconhecimento de de acertos reconhecidos com alta confiança relativo a
memórias demonstram que a curva ROC se mostra assi- alarmes falsos reconhecidos com alta confiança, pode-
métrica, com os pontos de maior confiança (pontos à -se supor que subjacente a esse efeito se encontra o
esquerda da curva) mais distantes da curva diagonal em processo de recordação. Isto é, quando itens eliciam
comparação com os pontos de menor confiança (pon- o processo de recordação, eles são classificados com
tos à direita). Essa assimetria significa que a quantidade alta confiança. Assim, levando-se em conta que uma
de acertos reconhecidos com confiança alta é maior parcela significativa dos itens antigos elicia o processo
do que a quantidade de alarmes falsos reconhecidos de recordação, e de que a recordação é um processo

Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez. 2016


Jaeger, A. Memória de Reconhecimento 557

Figura 5. Modelo de detecção de sinal com variância diferente e modelo de processamento duplo.
Figura 5. Modelo de detecção de sinal com variância diferente para itens novos e antigos (A); e Modelo de processamento
duplo (B).

virtualmente ausente em alarmes falsos (Yonelinas & Inúmeros experimentos comportamentais


Parks, 2007), os itens que eliciam recordação acabam também têm gerado dados favoráveis à teoria do Pro-
gerando a elevação do lado esquerdo da curva (Figura cessamento Duplo (ver Yonelinas e Parks, 2007 para
4D) e, consequentemente, a assimetria encontrada nas uma revisão). Um estudo recente utilizou um paradigma
curvas ROC. experimental no qual pistas influenciavam o julgamento
Além das evidências provenientes das curvas de memórias durante a fase de teste (Jaeger, Cox, &
ROC, a teoria do Processamento Duplo vem recebendo Dobbins, 2012). Mais especificamente, os itens na fase
suporte de diversas abordagens científicas, como, por de teste eram precedidos por pistas que indicavam de
exemplo, da neurociência cognitiva. Estudos utilizando maneira probabilística se eles haviam ou não haviam
Potenciais Relacionados ao Evento (PRE), por exem- sido apresentados na fase de codificação. Assim, os
plo, demonstram que os processos de familiaridade e itens eram precedidos por pistas como “provavelmente
recordação eliciam ativações eletrofisiológicas qualitati- antigo”, denotando que aquele item específico prova-
vamente dissociáveis durante testes de reconhecimento velmente havia sido apresentado na fase de codificação,
(Wang, Chastelaine, Minton, & Rugg, 2012; Jaeger, ou “provavelmente novo”, denotando que aquele item
Johnson, Corona, & Rugg, 2009; Jaeger & Parente, específico provavelmente não havia sido apresentado
2008; Rugg & Curran, 2007; Vilberg, Moosavi, & Rugg, durante a fase de codificação. Essas pistas eram 75%
2006), sugerindo de modo contundente que familiari- do tempo corretas (válidas) e 25% do tempo incorretas
dade e recordação consistem em processos distintos. (inválidas). Além disso, quando os participantes faziam
A utilização de técnicas de imageamento cere- os julgamentos de memória, eles também realizavam
bral, como a ressonância magnética funcional (RMF), uma estimativa da confiança sobre suas respostas.
também tem gerado evidências favoráveis à teoria do Foi demonstrado por meio deste estudo que o
Processamento Duplo. Um debate vigente gerado reconhecimento de itens antigos e o reconhecimento
por resultados dessa técnica consiste na identifica- de itens novos não poderiam ser igualmente explicados
ção de quais regiões cerebrais suportam o processo por um sinal contínuo de memória, o que é previsto
de familiaridade, e quais regiões suportam o processo pelo modelo de detecção de sinal (Macmillan & Creel-
de recordação. Assim, alguns estudos sugerem que o man, 2005). Isto é, esse paradigma demonstrou que
giro angular, uma região que faz parte do lobo parietal, as pistas influenciam de maneira diferenciada o julga-
assim como o hipocampo, tem um papel crucial no pro- mento de memória de itens antigos e o julgamento de
cesso de recordação (Vilberg & Rugg, 2012), enquanto itens novos. Os dados demonstraram que enquanto
regiões mais superiores do lobo parietal e regiões cor- índices de desempenho e confiança foram igualmente
ticais adjacentes ao hipocampo estariam envolvidas influenciados pelas pistas no caso dos itens novos
no processamento da familiaridade (Yonelinas, Otten, (desempenho e confiança aumentavam com pistas
Shaw, & Rugg, 2005). válidas e diminuíam com pistas inválidas), as pistas

Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez. 2016


558 Jaeger, A. Memória de Reconhecimento

influenciaram de maneira diferente desempenho e con- pelo modelo, levando em conta os parâmetros de cada
fiança quando itens antigos estavam sendo julgados, ou modelo. Embora uma discussão dessa metodologia exi-
seja, enquanto o desempenho era prejudicado por pis- giria uma introdução extensa à utilização de modelos
tas inválidas e melhorado por pistas válidas, o índice de em Psicologia Cognitiva, o que não é o objetivo deste
confiança era o mesmo para as pistas válidas e inválidas manuscrito, pode-se brevemente afirmar que tanto o
(Jaeger et al., 2012). Uma vez que a teoria da Detecção modelo do processamento duplo, como o da detecção
de Sinal assume uma relação simétrica entre desempe- de sinal geralmente mostram boa proximidade com os
nho e confiança (Stretch & Wixted, 1998), esses dados dados empíricos por meio dessas análises. Esse método,
se apresentam como uma refutação dos pressupostos entretanto, é considerado uma abordagem post-hoc, ou
dessa teoria. seja, implementada a posteriori e sujeita a não ser efe-
Em suma, estudos utilizando diversas abordagens tiva quando os modelos apresentam uma quantidade
comportamentais e neurocientíficas sugerem que um elevada de parâmetros variáveis, como no caso dos dois
simples sinal contínuo de intensidade de memória não é modelos aqui discutidos (Pitt, Kim, & Myung, 2003).
suficiente para explicar o reconhecimento de memórias Uma abordagem alternativa é hipotetizar previa-
e apoiam a teoria de que o reconhecimento de memó- mente como os dados empíricos deverão se mostrar a
rias envolve dois processos: familiaridade e recordação partir dos pressupostos de cada modelo e, em seguida,
(Mandler, 1980; Jacoby, 1991; Yonelinas, 1994). A fami- comparar dados empíricos com essas previsões. Essa
liaridade consiste em um sinal gradativo ou contínuo, abordagem foi utilizada por Jaeger, Cox e Dobbins
como inicialmente referido pela teoria da Detecção de (2012), no experimento descrito na seção anterior.
Sinal, enquanto a recordação consiste em uma recupe- Esses autores simularam previamente como as pessoas
ração vívida e consciente do episódio vivenciado, assim deveriam responder à tarefa, caso o modelo de detecção
como, o contexto envolvido em cada episódio. de sinal ou processamento duplo fossem “verdadeiros”
(ou seja, caso eles realmente descrevessem como as pes-
Discussão Crítica e Considerações Finais soas reconhecem memórias). Posteriormente, os dados
simulados foram comparados com os dados empíricos
Uma parcela importante da literatura atual sobre emitidos pelos participantes de pesquisa. Essa com-
reconhecimento de memórias episódicas se dedica a paração foi extremamente favorável ao modelo de
dar suporte para um dos dois modelos teóricos apre- processamento duplo em comparação com o modelo
sentados acima (teoria da Detecção de Sinal ou teoria de detecção de sinal.
do Processamento Duplo). Desde a descoberta da Assim como as análises de dados comportamen-
assimetria presente nas curvas ROC em tarefas de tais discutidas acima, técnicas neurocientíficas são cada
reconhecimento de memórias, o modelo de detecção vez mais utilizadas no debate entre modelo de processa-
de sinal clássico, como proposto por Green e Swets mento duplo e detecção de sinal. Quando esses achados
durante os anos sessenta (Green & Swets, 1966), teve são levados em conta, o modelo de processamento
sua validade como um modelo de reconhecimento de duplo é bastante favorecido, pois a demonstração de
memórias bastante questionada. Um resultado disso é que há dois processos que envolvem substratos neurais
que, atualmente, adeptos da teoria da Detecção de Sinal independentes, contradiz o pressuposto básico da teo-
para o reconhecimento de memórias, de forma geral, ria da Detecção de Sinal aplicada ao reconhecimento
adotam o modelo proposto por Mickes, Wixted e Wais de memórias, que é o de que um processo simples de
(2007), segundo o qual há uma diferença entre a varia- familiaridade é suficiente para o reconhecimento.
bilidade do sinal de memória para itens antigos e novos. Uma questão importante, mas pouco debatida, é
Talvez o principal motivo pelo qual a teoria da o quanto as memórias evocadas em testes de reconhe-
Detecção de Sinal não tenha sido completamente cimento realmente configuram memórias episódicas,
abandonada durante os últimos anos, tenha sido a sua segundo o conceito proposto por Endel Tulving
grande flexibilidade em dar conta dos dados empíricos. (Tulving, 2002). Como mencionado na introdução, a
A comparação entre os modelos da detecção de sinal memória episódica envolve consciência autonoética,
e de processamento duplo, geralmente ocorrem por o que se caracteriza por uma sensação subjetiva de
meio do que é chamado de model fitting, o que concei- que o evento recordado foi vivenciado em primeira
tualmente consiste na avaliação estatística do quanto pessoa e se refere a um evento real previamente viven-
os dados empíricos se aproximam dos dados previstos ciado pelo indivíduo (Tulving & Thomson, 1973).

Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez. 2016


Jaeger, A. Memória de Reconhecimento 559

É necessário consciência autonoética para possuir Jaeger, A., Cox, J. C., & Dobbins, I. G. (2012). Recog-
uma sensação de familiaridade? Quando se tem uma nition confidence under violated and confirmed
sensação de familiaridade em relação a determinado memory expectations. Journal of Experimental Psy-
estímulo, isso configura memória episódica? Essas são chology: General, 141, 282-301.
questões teóricas ainda não resolvidas, ainda que o
que parece emergir dessas questões é que, enquanto o Jaeger, A., Johnson, J. D., Corona, M., & Rugg, M. D.
processo de recordação, como definido pelo modelo (2009). ERP correlates of the incidental retrieval
de processamento duplo (Yonelinas, 2002) parece of emotional information: Effects of study-test
envolver processos de memória episódica, isso não delay. Brain Research, 1269, 105-113.
parece ocorrer para o processo de familiaridade. Jaeger A., & Parente, M. A. M. P. (2008). Event-related
Assim, o componente episódico do processo de reco- potentials and the study of memory retrieval. De-
nhecimento seria o próprio processo de recordação, mentia & Neuropsychology, 2, 248-255.
enquanto é discutível o quanto o processo de familiari-
dade envolve aspectos episódicos propriamente ditos, Lockhart, R. S., & Murdock, B, B. (1970). Memory and
pois ele envolve apenas “o que” foi memorizado, e the theory of signal detection. Psychological Bulletin,
não “quando” e “onde”, que são aspectos inerentes à 74, 100-109.
evocação episódica (Tulving, 2002).
Luce, R. D. (1963). Detection and Recognition. Em R. D.
Em suma, embora a teoria da Detecção de Sinal
Luce, R. R. Bush, & E. Galanter (Eds.), Handbook
seja uma teoria elegante e que tenha gerado uma série
of mathematical psychology (pp. 103-189). New
de medidas e índices úteis para o estudo da memória,
York: Wiley.
o contraste entre os modelos de processamento único
e duplo desenvolvido e discutido no presente artigo, Macmillan, N. A., & Creelman, C. D. (2005). Detection
sugere que a combinação de dois processos cognitivos theory: A user’s guide (2nd ed.). New York: Cam-
é necessária para produzir o fenômeno do reconheci- bridge University Press.
mento de memórias: os processos de familiaridade e de
recordação. Futuras pesquisas ainda serão importantes Mandler, G. (1980). Recognizing: The judgment of pre-
para definir de forma mais precisa o papel de cada um vious occurrence. Psychological Review, 87, 252-271.
desses processos para que o reconhecimento de memó- Mickes, L., Hwe, V., Wais, P. E., & Wixted, J. T. (2011).
rias seja possível. Strong memories are hard to scale. Journal of Expe-
rimental Psychology: General, 140, 239-257.
Referências
Mickes, L., Wixted, J. T., & Wais, P. E. (2007). A direct
Banks, W. P. (1970). Signal detection theory and human test of the unequal-variance signal detection mo-
memory. Psychological Bulletin, 74, 81-99. del of recognition memory. Psychonomic Bulletin &
Review, 14, 858-865.
Egan, J. P. (1975). Signal detection theory and ROC
Pitt, M. A., Kim, W., & Myung, I. J. (2003). Flexibility
analysis. New York: Academic press.
versus generalizability in model selection. Psychono-
Glanzer, M., & Cunitz, A. (1966). Two storage mecha- mic Bulletin & Review, 10, 29-44.
nisms in free recall. Journal of Verbal Learning and
Rugg, M. D., & Curran, T. (2007). Event-related po-
Verbal Behavior, 5, 351-360.
tentials and recognition memory. Trends in Cognitive
Green, D.M., Swets J.A. (1966) Signal detection theory and Sciences, 11, 251-257.
psychophysics. New York: Wiley.
Stretch, V., & Wixted, J. T. (1998). Decision rules for
Greene, R. L. (1986). Word stem as cues in recall and recognition memory confidence judgments. Journal
completion tasks. The Quarterly Journal of Expeir- of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cog-
mental Psychology, 38, 663-673. nition, 24, 1397-1410.
Jacoby, L. L. (1991). A process dissociation framework: Tulving, E. & Thomson, D. M. (1973). Encoding spe-
Separating automatic from intentional uses of me- cificity and retrieval processes in episodic memory.
mory. Journal of Memory and Language, 30, 513-541. Psychological Review, 80, 352-373.

Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez. 2016


560 Jaeger, A. Memória de Reconhecimento

Tulving, E. (1983). Elements of episodic memory. Oxford: Psychology: Learning, Memory, and Cognition, 20,
Clarendon Press. 1341-1354.
Tulving, E. (1985). Memory and consciousness. Cana- Yonelinas, A. P. (2002). The nature of recollection and
dian Psychology, 26, 1-12. familiarity: A review of 30 years of research. Jour-
nal of Memory and Language, 46, 441-517.
Tulving, E. (2002). Episodic memory: From mind to
brain. Annual Review of Psychology, 53, 1-25. Yonelinas, A. P., Otten, L. J., Shaw, K. N., & Rugg, M.
D. (2005). Separating the brain regions involved in
Verde, M. F., & Rotello, C. M. (2007). Memory strength
recollection and familiarity in recognition memory.
and the decision process in recognition memory.
The Journal of Neuroscience, 25, 3002-3008.
Memory & Cognition, 35, 254-262.
Yonelinas, A. P., Parks, C. M. (2007). Receiver operating
Vilberg, K. L., & Rugg, M. D. (2012). The neural
characteristics (ROCs) in recognition memory: A
correlates of recollection: Transient versus sus-
review. Psychological Bulletin, 133, 800-832.
tained fMRI effects. The Journal of Neuroscience, 32,
15679-15687. Yonelinas, A. P., Dobbins, I. G., Szymanski, M. D.,
Dhaliwal, H. S., & King. L. (1996). Signal-detection,
Vilberg, K. L., & Moosavi, R. F., Rugg, M. D. (2006).
threshold, and dual-process models of recognition
The relationship between electrophysiological cor-
memory: ROCs and conscious recollection. Con-
relates of recollection and amount of information
sciousness & Cognition, 5, 418-441.
retrieved. Brain Research, 1122, 161-170.
Yu, S. S., Johnson, J. D., & Rugg, M. D. (2012). Hip-
Wang, T. H., de Chastelaine, M., Minton, B., & Rugg,
pocampal activity during recognition memory
M. D. (2012). Effects of age on the neural corre-
co-varies with the accuracy and confidence of
lates of familiarity as indexed by ERPs. Journal of
source memory judgments. Hippocampus, 22,
Cognitive Neuroscience, 24, 1055-1068.
1429-1437.
Yonelinas, A. P. (1994). Receiver-operating charac-
Recebido 17/04/2015
teristics in recognition memory: Evidence for
Reformulado 05/08/2015
a dual-process model. Journal of Experimental
Aceito 01/09/2015

Sobre o autor:

Antônio Jaeger é psicólogo, doutor em Psicologia pela UFRGS, com pós-doutorado pela Washington University in St
Louis, USP e PUCRS, professor adjunto do Departamento de Psicologia da UFMG e professor da pós-graduação em
Neurociências e da Pós-graduação em Psicologia da UFMG.

Contato com o autor:

Antônio Jaeger, Departamento de Psicologia, FAFICH, Universidade Federal de Minas Gerais


Av. Antônio Carlos, 6627
CEP: 31270-901
Belo Horizonte-MG, Brasil
E-mail: antonio.jaeger@gmail.com
Fones: (31) 9527-8515, (31) 3409-6279.
Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 551-560, set./dez. 2016

Você também pode gostar