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O termo “psicologia cognitiva” só surgiu em 1967; porém, muitos anos antes disso, já haviam
sido realizados experimentos que poderiam ser classificados como cognitivos.
O experimento contava com duas etapas e usava duas medidas de tempo de reação: a)
medição do tempo de reação simples através do pedido para que os participantes
pressionassem um botão o mais rápido possível quando vissem uma luz acender; b)
medição do tempo de reação de escolha utilizando duas luzes e pedindo que os
participantes pressionassem o botão esquerdo quando vissem a luz esquerda acender e o
botão direito quando vissem uma luz direita acender. A partir da diferença encontrada
entre os dois tempos medidos, o fisiologista esperava descobrir a quantidade de tempo
necessária para que uma pessoa tome uma decisão.
Donders não conseguiria observar o
processo cognitivo de tomada
decisória objetivamente; por isso,
utilizou o tempo entre a apresentação
do estímulo e as respostas
comportamentais dos participantes
para inferir aspectos acerca de tal
processo (nesse caso, o tempo que
demorava para ocorrer). Nessa
perspectiva, o experimento descrito
ilustra um princípio importante para a
Ilustração esquemática do experimento de Donders (Goldstein, 2022)
pesquisa em Psicologia Cognitiva:
respostas e processos cognitivos não
Em 1879, Wundt funda o primeiro laboratório de podem ser medidos/observados
Psicologia Experimental e, a partir de seus diretamente, mas devem ser inferidas
experimentos, buscou estudar a consciência a partir do comportamento.
humana, enfatizando as experiências sensoriais.
Basicamente, Wundt acreditava que nossa experiência seria determinada pela junção de
componentes elementares. Dessa forma, objetivava-se que, diante da apresentação de
estímulos, os participantes descrevessem suas experiências conscientes em termos de seus
componentes mentais básicos. Para isso, utilizava-se a introspecção. Apesar de ter sido
extinta, a abordagem de Wundt contribuiu com a Psicologia ao impulsionar o estudo de
processos mentais em condições controladas.
O Associacionismo foi outra abordagem que pode ser apontada como precursora da Psicologia
Cognitiva. O foco do Associacionismo era a investigação de como os eventos e as ideias
poderiam se associar na mente para que a aprendizagem ocorresse. Tais associações, por sua
vez, seriam resultantes de relações de contiguidade, similaridade ou contraste existentes entre
as informações ligadas a tais eventos e ideias.
O Funcionalismo também foi outra abordagem que contribuiu com o estudo de processos
mentais no início do século XX. Discordando da abordagem de Wundt, os funcionalistas
enfocavam o estudo dos processos ligados à "como e porque a mente funciona da forma
funciona" a partir de uma ótica adaptacionista, em vez de investigarem possíveis estruturas da
experiência e/ou da mente humanas.
A Psicologia da Gestalt também está entre as precursoras da Psicologia Cognitiva e teve como
principais temas de estudo a percepção e a aprendizagem. O principal pressuposto dessa
abordagem afirma que os fenômenos psicológicos são mais bem compreendidos quando
estudados como todos organizados e estruturados. Dessa forma, não se poderia compreender
totalmente o comportamento quando se desmembram os fenômenos em partes menores. Ao
mesmo tempo, os gestaltistas também dedicaram seus estudos ao processo de insight, definido
como o evento mental não observável por meio do qual alguém passa da incompreensão ao
entendimento necessário para a resolução de um problema em um simples instante de tempo.
Apesar de estar em alta no final do século XIX e início do século XX, o estudo da mente na
Psicologia sofreu com a perda de interesse provocada pelo surgimento do Behaviorismo
Metodológico de Watson e do posterior Behaviorismo Radical de Skinner. Ambas as abordagens
defendiam o comportamento como objeto de estudo da Psicologia, a qual deveria abandonar o
estudo da mente e passar a utilizar métodos e dados mais objetivos a fim de se firmar como
disciplina científica.
Um dos fatores que impulsionou a Revolução Cognitiva foi o avanço tecnológico iniciado na
mesma época, dentro do qual se destaca a invenção do computador. O processamento da
informação por etapas realizado por tal dispositivo levou os psicólogos à criação da Teoria de
Processamento da Informação, cujos pressupostos se baseiam na ideia de que a mente
humana também processa a informação a partir de sequências de operações.
Fluxogramas mostrando a) o
modelo de processamento da
informação do computador e b) o
modelo de processamento da
informação pela mente segundo
Broadbent.
Cognição: atividade mental que inclui o raciocínio e os entendimentos que resultam dele.
Referências
Gazzaniga, M., Heatherton, T., & Halpern, D. (2018). Ciência Psicológica. (5ª ed.). Artmed.
Goldstein, E. B. (2022). Psicologia Cognitiva: Conectando a mente, pesquisas e experiências
cotidianas. (5ª ed.). Cengage Learning.
Neufeld, C. B., Brust, P. G., & Stein, L. M. (2011). Bases Epistemológicas da Psicologia Cognitiva
Experimental. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 27 (1), 103-112. https://doi.org/10.1590/S0102-
37722011000100013
Sternberg, R. J. (2010). Psicologia Cognitiva. (5ª ed.). Cengage Learning.