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UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA - UFDPAR

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA


Disciplina: Processos Psicológicos Básicos I
Profa. Ma.: Fabiana Cruz Soares

JOÃO BATISTA DE LIMA NETO

TEORIA DO PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO

PARNAÍBA
2023
TEORIA DO PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO

A teoria do processamento da informação tem como finalidade a análise da forma


pela qual os processos mentais lidam com a informação, desde o seu recebimento
até a resposta resultante deste. Esta teoria toma o funcionamento do cérebro
humano como uma espécie de modelo computacional, em que os estímulos
ambientais são recebidos como entrada, processados internamente, e enfim
resultam em saídas comportamentais. Os processos internos mencionados incluem
variáveis cognitivas, como a atenção, memória, percepção e pensamento, que
determinam a tomada de decisões, aprendizado e posicionamento no mundo
(Neves, 2006).
Para exemplificar o funcionamento da teoria, toma-se como exemplo a mesma
estrutura computacional de processamento de informações. Primeiramente, a
recepção de informações do ambiente na forma de dados sensoriais, isto é,
captados por qualquer sentido orgânico. Estes dados são codificados na forma de
sinais elétricos e enviados ao cérebro, onde ocorre sua interpretação e
processamento. O refinamento destes dados permeia processos cognitivos básicos,
como o pensamento e raciocício, que organizam as informações de maneira
significativa e as utilizam para a tomada de decisões e ações. Esta é a etapa de
saída, que pode significar uma resposta comportamental ou envolver a geração de
novos pensamentos e ideias (Boruchovitch, 2006).
O presente modelo da teoria do processamento de informações surgiu, no
âmbito da psicologia, com a finalidade de dar resposta às limitações encontradas
durante os estudos dos processos cognitivos, que pouco explicavam sobre os
mecanismos subjacentes a respostas comportamentais do sujeito. Também surgiu
enquanto complementaridade às já existentes teorias behavioristas, que se
interessavam pelo comportamento como resultado de um estímulo, mas não o
mecanismo de processamento do estímulo em si. Este modelo também foi pioneiro
na valorização de processos de atenção e memória, que determinam tanto a fase de
identificação do estímulo (fase perceptiva), como a de escolha (fase associativa) e a
seleção de respostas (fase efetora) (Cid, 2006; Lopes, 2004).
Outros fatores cognitivos, como a percepção, também influem diretamente do no
processamento da informação. A percepção é diferente da atenção e memória, das
quais depende. A percepção resulta da interação direta entre sujeito e ambiente
enquanto espaços distintos, porém de influência mútua, e para tanto faz uso dos
mecanismos de atenção (sujeito toma consciência dos estímulos que o envolvem) e
memória (sujeito reconhece e compara novas informações com armazenagens
pré-existentes) (Cid, 2002).
Ao considerar uma das aplicações práticas desta teoria no campo das ciências
psicológicas, pode-se citar a psicologia cognitiva, uma vez que ambas
compartilharem o foco das estruturas de processamento cognitivo. Por exemplo, a
psicologia cognitiva, em seu aspecto social, toma a estruturação cognitiva como
base do comportamento humano, também atesta que são os fatores cognitivos que
determinam a forma pela qual se dá a conduta social do sujeito e as respostas
emocionais perante um grupo. Desta maneira, este modelo não só determina
julgamentos e avaliações ante ao que é percebido tal como é, mas também pode
produzir percepções deficientes do mundo externo, gerando prejuízos em relações
interpessoais e situações distorcidas da realidade (Marques e Páez, 2000; Cid,
2006).
Também, uma outra aplicação se dá no contexto educacional, no qual esta teoria
desempenha posição de valor ao explicar como os alunos aprendem. Ela sugere
que o aprendizado não é passivo, mas um processo de plena atividade das
estruturas e habilidades cognitivas para compreender, recordar e utilizar o
conhecimento adquirido sempre que necessário. Desta forma, ao compreender o
mecanismo cognitivo natural, permite-se a elaboração de estratégias que otimizam o
processo de aprendizagem (Boruchovitch, 2006; Oliveira, 1982).
REFERÊNCIAS

BORUCHOVITCH, Evely. Avaliação psicoeducacional: desenvolvimento de


instrumentos à luz da psicologia cognitiva baseada na Teoria do Processamento da
Informação. Avaliação Psicológica, v. 5, n. 2, p. 145-152, 2006.

CID, Luís. Processamento da informação: estudo da influência da atenção e


memória. 2002.

CID, Luis. O processamento de informação e a cognição social. A nossa construção


da realidade. Lecturas: Educación física y deportes, n. 92, p. 6, 2006.

LOPES, Ederaldo José; LOPES, Renata; TEIXEIRA, João de Fernandes. A


psicologia cognitiva experimental cinqüenta anos depois: A crise do paradigma do
processamento de informação. Paidéia (Ribeirão Preto), v. 14, p. 17-26, 2004.

MARQUES, José da Conceição Mendes; PAÉZ, Dário. Processos cognitivos e


estereótipos sociais. Psicologia social, 2000.

NEVES, Dulce Amélia. Ciência da informação e cognição humana: uma abordagem


do processamento da informação. Ciência da informação, v. 35, p. 39-44, 2006.

OLIVEIRA, T. Contributo da memória para uma aprendizagem especificamente


humana. Revista Portuguesa de Pedagogia, Ano, v. 26, n. 2, p. 217-247, 1992.

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