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Pós-Graduação em Docência - IFMG - Campus Arcus

Disciplina: Ciências Cognitivas na Educação


Aluna: Amanda Azevedo Abou Mourad

1. Teoria dos Modelos Mentais


À luz de Johnsoh-Laird, a teoria dos modelos mentais nos ajuda a entender como
nossa mente simplifica a realidade para tornar o mundo mais compreensível. Nesse sentido,
ela é uma abordagem na psicologia cognitiva que descreve como as pessoas criam e
constroem representações mentais simplificadas do mundo para compreender e lidar com
informações e decisões.
Nessa teoria, estas representações internas e simplificadas da realidade que as pessoas
constroem em suas mentes são denominadas de modelos mentais. Os modelos são utilizados
para fazer inferências e raciocinar sobre situações complexas. Essa abordagem sugere que as
pessoas não processam toda a informação disponível, mas constroem modelos que capturam
os aspectos essenciais de uma situação.
Ademais, os modelos mentais são abstrações, ou seja, eles simplificam a realidade,
retendo apenas os detalhes relevantes para a tarefa em questão. Essa simplificação facilita a
compreensão e o pensamento. À medida que novas informações são adquiridas, os modelos
podem ser atualizados, permitindo que as pessoas ajustem suas representações mentais de
acordo com novas descobertas ou experiências.
Dessa forma, um modelo mental é uma representação que pode ser totalmente
analógica ou parcialmente analógica e parcialmente proposicional. As representações mentais
se referem a formas internas de "reapresentar" o mundo externo. As pessoas não percebem o
mundo exterior de forma direta; em vez disso, elas criam representações internas dele.
As representações mentais podem ser analógicas ou proposicionais. As analógicas não
são representações individuais, são concretas e elas mantêm uma relação de semelhança com
o objeto do mundo real, por exemplo, se imaginarmos uma maçã vermelha, a imagem mental
que você cria é uma representação analógica. Já as proposicionais são individuais, abstratas e
são compostas por proposições ou declarações lógicas que descrevem as relações entre os
elementos do conhecimento. Um exemplo é "a maçã está em cima da mesa", pois não se
assemelha à aparência física da maçã ou da mesa.
Apesar de similares, nem toda representação mental é considerada um modelo mental.
Os modelos mentais são um subconjunto das representações mentais, isto é, são
representações específicas que as pessoas constroem para lidar com situações complexas e
fazer inferências, enquanto as representações mentais abrangem uma variedade mais ampla
de formas de conhecimento e representações cognitivas.

2. Investigação de modelos mentais


A investigação de modelos mentais refere-se ao estudo de como as pessoas criam
representações internas do mundo para compreendê-lo e tomar decisões. Esses modelos são
construções mentais que ajudam a simplificar a complexidade do mundo real. A pesquisa
envolve a análise de como as pessoas formam, atualizam e utilizam esses modelos para
prever eventos, resolver problemas e tomar decisões. Compreender os modelos mentais é
importante em campos como psicologia, ciência cognitiva, educação e design de interfaces,
pois pode melhorar a comunicação e o design de sistemas que se alinham com a maneira
como as pessoas pensam.
Como dito, a investigação de modelos mentais se concentra na análise de como as
pessoas criam representações internas do mundo para simplificar a complexidade e tomar
decisões. Os modelos mentais são construções mentais que servem como representações
simplificadas de conceitos, objetos ou sistemas complexos. Eles desempenham um papel
crucial na formação da nossa compreensão do mundo ao nosso redor.
Esses modelos mentais não são estáticos; eles evoluem à medida que as pessoas
adquirem novas informações e experiências. A atualização contínua dos modelos mentais é
um processo essencial para acompanhar o aprendizado e a adaptação. Além disso, os modelos
mentais desempenham um papel fundamental na tomada de decisões, permitindo que as
pessoas prevejam as consequências de suas ações e escolham a melhor abordagem em
diferentes situações. Eles também são usados na resolução de problemas, ajudando a
identificar soluções viáveis.
A compreensão dos modelos mentais é valiosa em sistemas educacionais, pois
permite alinhar esses elementos com os modelos mentais dos usuários, melhorando a
usabilidade e a eficácia. No entanto, é importante notar que os modelos mentais também
podem introduzir vieses e limitações, já que as pessoas tendem a ver o mundo de acordo com
seus próprios modelos, o que pode levar a mal-entendidos e conflitos quando diferentes
modelos estão em jogo.
Para estudar modelos mentais, a pesquisa muitas vezes envolve métodos empíricos,
como entrevistas, testes cognitivos e observações, para compreender como as pessoas
constroem e aplicam esses modelos.
Na educação, os modelos mentais desempenham um papel vital ao moldar a forma
como os alunos aprendem e compreendem conceitos. Dessa forma, os professores podem
identificar os modelos mentais pré-existentes dos alunos sobre um tópico, por meio de
discussões, questionários ou até brainstormings (tempestade de ideias). Com isso, conseguem
formar relações entre os modelos mentais atuais dos alunos e os conceitos a serem ensinados,
ancorando o novo conhecimento no que os alunos já entendem.
Essa abordagem visa reconhecer a importância dos modelos mentais dos alunos,
alinhar o ensino com esses modelos e ajudar os alunos a adaptá-los à medida que adquirem
novos conhecimentos, melhorando assim a eficácia do ensino e o processo de aprendizagem.
Em resumo, a investigação de modelos mentais é crucial para compreender como os
seres humanos processam informações, interagem com o mundo e tomam decisões, com
amplas aplicações em campos que vão desde psicologia e educação até design e
comunicação.

3. Análise do artigo/do estudo


O artigo a ser analisado, neste trabalho, tem como título “Os Modelos Mentais
Relacionados ao Aprendizado de Sistemas Lineares no Ensino Superior”, de Pimenta et al
(2012). Nele, os autores possuíam como objetivo investigar os modelos mentais
desenvolvidos ao aprender/ensinar sobre sistemas lineares. Para isso, foram entrevistados 58
alunos de licenciatura em Matemática e um professor do Instituto Federal de Minas Gerais
(IFMG).
Os autores argumentaram que o objetivo de convidar um professor era de que sua
resposta representaria um modelo mental de referência. Dessa forma, os participantes da
pesquisa responderam a nove perguntas, com dificuldade progressiva.
A análise revelou a presença de dois grupos distintos: os "modeladores",
representando 46% do total de entrevistados, caracterizados por apresentar um ou mais dos
modelos identificados na pesquisa. Por outro lado, os "não modeladores", compreendendo os
54% restantes dos entrevistados, consistem em indivíduos que possuem algoritmos de
resolução memorizados ou desconhecem o conteúdo abordado.
Neste segundo caso, não se observa a presença de um modelo mental; em vez disso,
há a repetição de um método mecanicista que, frequentemente, não resulta em sucesso.
Alternativamente, alguns apresentam a aquisição de informações isoladas sobre o conteúdo,
sem formar uma "estrutura compacta", conforme proposto pela teoria dos modelos mentais.
A pesquisa começou com uma hipótese de organização lógica dos níveis, mas a
análise dos dados revelou alterações nesses níveis. Foi identificado que 46% dos alunos
apresentavam algum modelo mental. Os principais modelos mentais identificados foram:
● Modelo mental 1 (21%): Resolvem sistemas lineares 2x2, com definição limitada.
● Modelo mental 2 (9%): Visualizam soluções no plano cartesiano.
● Modelo mental 3 (8%): Resolvem sistemas 3x3, entendendo a definição formal,
incluindo Rn.
● Modelo mental 4 (8%): Visualizam gráficos em R3, têm uma abordagem geral dos
modelos anteriores e resolvem sistemas mais complexos.
Portanto, os resultados encontrados podem ter implicações significativas na sala de
aula, sugerindo ajustes no método de ensino para alinhar-se aos modelos mentais dos alunos.
Um professor pode aprimorar os modelos conceituais incorporando abordagens práticas,
exemplos contextualizados e estratégias de ensino que abordem os desafios identificados
pelos pesquisadores no artigo.

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