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3 UNIDADE 1 - Introdução
5 UNIDADE 2 - Organização dos atores sociais
5 2.1 Associações
6 2.2 Cooperativas
8 2.3 Sindicatos
SUMÁRIO
20 3.3 Os movimentos de luta pela terra no Brasil atual
39 REFERÊNCIAS
3
UNIDADE 1 - Introdução
Vamos utilizar rapidamente alguns es- Henri Walon por sua vez diz que é pre-
tudos da psicologia e pedagogia para fa- ciso abordar a pessoa como um todo e que
zermos uma ponte que nos leve aos pen- elementos como afetividade, emoções,
samentos mais modernos. movimento e espaço físico somam-se
para o desenvolvimento pessoal, além da
Para Jean Piaget, inteligência é o meca-
necessidade de se trabalhar priorizando a
nismo de adaptação do organismo a uma
variedade em atividades e objetos.
situação nova e, como tal, implica a cons-
trução contínua de novas estruturas. Esta Os três estudiosos, reverenciados prin-
adaptação refere-se ao mundo exterior, cipalmente pela área da educação e psico-
como toda adaptação biológica. Desta for- logia, estão certos, e podemos chegar a
ma, os indivíduos se desenvolvem intelec- afirmar que cai por terra a teoria da inteli-
tualmente a partir de exercícios e estímu- gência como sendo hereditária e que esta
los oferecidos pelo meio que os cercam. O podia ser medida por testes padronizados
que vale também dizer que a inteligência que levam em consideração as capacida-
humana pode ser exercitada, buscando des verbais e não verbais, incluindo me-
um aperfeiçoamento de potencialidades, mória, vocabulário, compreensão, solução
que evolui “desde o nível mais primitivo da de problemas, raciocínio abstrato, per-
existência, caracterizado por trocas bio- cepção, processamento de informações e
químicas até o nível das trocas simbólicas” habilidades visuais e motoras.
(RAMOZZI-CHIAROTTINO apud CHIABAI,
1990, p. 3).
Aprofundando um pouco nas te-
orias explícitas cabem as seguintes
Segundo Lev Vygotsky (apud NOVA anotações:
ESCOLA ONLINE, 2004), a evolução inte-
lectual é caracterizada por saltos qualita- O paradigma biológico tem suas
tivos de um nível de conhecimento para raízes na Grécia Antiga: Hipócrates (460-
outro. A fim de explicar esse processo, ele 377, a.C.), por exemplo, referiu-se à cabe-
desenvolveu o conceito de zona de desen- ça, ao cérebro, como sede do pensamen-
volvimento proximal, que definiu como a to. Adiante, a teoria frenológica de Franz
Joseph Gall (1758-1828) teve mais impac-
distância entre o nível de desen- to na crença popular do que na ciência,
volvimento real, que se costuma mesmo a do seu tempo que a rejeitou: a
determinar através da solução in-
6
no é uma sucessão de grandes constru- tais simples (como tempos de reação, dis-
ções. No construtivismo psicogenético, criminação sensorial e associação de pa-
o desenvolvimento é uma marcha para o lavras) poderiam constituir importantes
equilíbrio, e cada construção integra e re- preditores do desempenho acadêmico.
organiza, num plano superior, as que a an- Contudo, estudos posteriores demons-
tecedem. traram que escalas baseadas em habili-
dades simples não constituíam preditoras
O paradigma informacional centra-
de sucesso acadêmico, além de não serem
-se nos mecanismos da cognição, isto é,
adequadas para medir a inteligência (CAR-
os “programas” do processamento da in-
ROLL, 1982 apud WOYCIEKOSKI, HUTZ,
formação. No estudo das representações
2009).
e dos processos entram os correlatos, os
componentes e os conteúdos cognitivos Após ter investigado os testes mentais
e o treino cognitivo, nos aspectos da con- elaborados por estes e outros pesquisa-
sistência, da variabilidade e da mudança. dores, Alfred Binet concluiu que escalas
A teoria componencial da inteligência hu- que incluíssem capacidades mais comple-
mana (STERNBERG, 1977 apud MIRANDA, xas e atividades do dia a dia seriam mais
2002) articula, com base no raciocínio adequadas para medir a inteligência. Em
analógico, os processos e as estratégias 1905, ele e Théophile Simon criaram o pri-
com as aptidões. meiro teste satisfatório de inteligência,
por meio de uma solicitação do Ministério
Essa breve exposição de alguns mode-
de Educação Francês que objetivava diag-
los dá o tom das nossas discussões: a in-
nosticar crianças necessitadas de edu-
teligência humana que nos últimos tem-
cação especializada (MATTHEWS et al.,
pos vem evoluindo com a apresentação
2002 apud WOYCIEKOSKI, HUTZ, 2009).
de novas teorias como Daniel Goleman e
A escala Binet-Simon incluía itens que
Howard Gardner que trazem novos tipos
abrangiam a compreensão da linguagem e
de inteligência e afirmam que as mesmas
a habilidade de raciocinar a nível verbal e
podem ser aprendidas.
não verbal.
simples reação de uma pessoa a um sinal relação dos elementos observáveis estí-
sonoro ou visual. mulo e resposta. No final dos anos 1930
iniciou-se uma movimentação nas áreas
A introspecção é uma forma especial de
da Filosofia e Psicologia a respeito de li-
observação, ou seja, a partir daquilo que
mitações em abordagens que estudam
foi observado, o psicólogo procura expli-
somente o comportamento observável.
car, esclarecer o comportamento. A psico-
Com isso, estudos a respeito da cognição
logia, portanto, parte do princípio de que
humana ganharam espaço nas Ciências
o comportamento se origina de uma série
Cognitivas, envolvendo-se aí a consci-
de fatores distintos: variáveis orgânicas,
ência. Desde meados da década de 1950
como a disposição genética, o metabolis-
a Psicologia Cognitiva, por sua vez, vem
mo, fatores disposicionais como o tem-
ampliando esse estudo considerando
peramento, a inteligência, a motivação, e
também os eventos que não podem ser
situacionais como as influências do meio
diretamente observáveis. Esses eventos
ambiente, da cultura, dos grupos de que a
podem ser denominados processos men-
pessoa faz parte, etc.
tais, os quais podem ser divididos em bá-
As previsões em psicologia procuram sicos e superiores.
expressar, com base nas explicações dis-
Os processos mentais básicos incluem
poníveis, a probabilidade com que um
percepção, atenção, memória, emoção,
determinado tipo de comportamento
motivação e os processos mentais supe-
ocorrerá ou não. Com base na capacidade
riores, por sua vez, envolvem linguagem,
dessas explicações de prever o comporta-
funções executivas e consciência.
mento futuro se determina também a sua
validade. 1) A percepção de um evento está rela-
cionada com a interpretação, ou significa-
Controlar o comportamento significa
do, das sensações derivadas da exposição
aqui a capacidade de influenciá-lo, com
a um fenômeno ou objeto (estímulos). Ori-
base no conhecimento adquirido. Essa é
ginalmente essa tradução é qualitativa,
parte mais prática da psicologia, que se
mas, na medida em que é possível fazer
expressa, entre outras áreas, na psicote-
alguma comparação com outro estímulo,
rapia.
é possível que se torne quantitativa (por
Ainda na seara da Psicologia, Costa et exemplo, fazer comparações entre com-
al. (2013) analisam que ela possui diver- primento, altura e peso de estímulos que
sas linhas teóricas (abordagens) para o se apresentam) (SILVESTRI, 2010 apud
estudo do comportamento humano, as- COSTA et al., 2013). Perceber está relacio-
sim como, por exemplo, um Engenheiro nado com a aquisição de conhecimentos
pode modelar um dispositivo físico de di- através dos sentidos envolvidos na com-
ferentes maneiras. Uma dessas linhas, preensão dos acontecimentos, sem que
o Behaviorismo, direciona seus estudos seja necessária a comunicação verbal ex-
para os comportamentos observáveis. plícita. A percepção envolve vários aspec-
Um dos conceitos chave dessa linha te- tos cognitivos, tais como, a interação em
órica é o condicionamento, que trata da resposta aos estímulos captados pelos
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amígdala, e toda uma gama de processos ções estão envolvidas em condutas, es-
bioquímicos. tados corporais de ativação ou desativa-
ção fisiológica e cognições, uma vez que
A existência desses três mecanismos
a combinação desses elementos faz com
diferentes sustenta a noção de que há
que as emoções sejam subjetivas e, como
pelo menos três sistemas de memória no
consequência, diferentes diante de um
que se refere à duração da mesma. Além
mesmo estímulo ou contexto, bem como
disso, as memórias podem ser classifica-
em diferentes indivíduos.
das em relação à facilidade com que são
acessadas pela consciência. Quando um 5) Motivação é uma variável reconhe-
indivíduo se lembra de experiências pas- cida como importante no estudo do com-
sadas, tipicamente evoca uma consciên- portamento humano. Existem abordagens
cia prévia sobre esses eventos (COSTA et que sugerem ser a motivação um compo-
al., 2013). nente interno ao indivíduo que regula e
sustenta as ações. As abordagens sócio-
Porém, alguns aspectos do passado
-cognitivistas têm defendido a existência
podem ser expressos sem consciência de
de duas orientações motivacionais intera-
que seja uma recordação. Esses dois tipos
tivas, a intrínseca e a extrínseca. A moti-
de memória podem ser descritos como
vação intrínseca refere-se à execução de
memória explicita ou declarativa — quan-
atividades, nas quais o prazer é inerente.
do existe consciência na recordação de
O indivíduo empenha-se em uma ativida-
experiências passadas — e memória implí-
de com base no interesse próprio. Ele bus-
cita — quando a experiência passada pode
ca novidades e desafios, naturalmente,
influenciar o comportamento atual ou o
não sendo necessárias pressões externas
desempenho sem que ocorra uma recor-
ou prêmios pelo cumprimento da tarefa,
dação consciente deles. Uma distinção
uma vez que a recompensa é, justamente,
importante entre memória explícita e im-
participar dela. É como uma forte sensa-
plícita é que a primeira depende, para sua
ção de missão que afeta a curiosidade, a
consolidação, de um grupo de estruturas
competência, a eficácia. A motivação ex-
interconectadas do lobo temporal medial,
trínseca apresenta-se como a motivação
enquanto a segunda pode depender, por
para trabalhar em resposta para algo ex-
exemplo, dos núcleos de base, fora do
terno à tarefa ou atividade, como para a
lobo temporal medial (BEAR; CONNORS;
obtenção de recompensas materiais ou
PARADISO, 2008).
sociais, de reconhecimento, visando aten-
4) Emoção: estado de sentimentos so- der aos comandos e pressões de outras
máticos, psíquicos e comportamentais) pessoas para demonstrar competências e
ligados ao afeto e ao humor. Possui como habilidades, ou seja, há o desejo de comu-
componentes básicos: (i) cognitivo – pen- nicar algo aos outros (MARTINELLI; BAR-
samento, crença; (ii) fisiológico – o próprio THOLOMEU, 2007). Por isso, a motivação
organismo; (iii) comportamental – os si- extrínseca está relacionada com a consci-
nais exteriores e como componentes cul- ência, e pode ser afetada por reforço e/ou
turais: a felicidade, a surpresa, a raiva, a punição. O reforço é um fator que tende a
tristeza, o medo e a repugnância. As emo- aumentar a probabilidade de ocorrência
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os demais processos mentais. Ela pode, Howard Gardner (1994) é uma alternati-
então, ser classificada como um processo va para o conceito de inteligência como
mental superior. Porém, enquanto uma uma capacidade inata, geral e única, que
propriedade emergente, ela processa in- permite aos indivíduos uma performan-
formações de maneira mais lenta e pré- ce, maior ou menor, em qualquer área de
-dominantemente serial, com a vantagem atuação. Sua insatisfação com a ideia de
de ser flexível para lidar com as alterações QI e com visões unitárias de inteligência,
do ambiente (COSTA, 2011). que focalizam, sobretudo as habilidades
importantes para o sucesso escolar, le-
vou Gardner a redefinir inteligência à luz
das origens biológicas da habilidade para
2.3 A teoria das inteligên- resolver problemas. Através da avaliação
cias múltiplas das atuações de diferentes profissionais
Já algumas décadas os Neurologistas em diversas culturas, e do repertório de
têm documentado que o sistema nervo- habilidades dos seres humanos na busca
so humano não é um órgão com propósito de soluções, culturalmente apropriadas
único nem tão pouco é infinitamente plás- para os seus problemas, Gardner traba-
tico. Acredita-se, hoje, que o sistema ner- lhou no sentido inverso ao desenvolvi-
voso seja altamente diferenciado e que mento, retroagindo para eventualmente
diferentes centros neurais processem di- chegar às inteligências que deram origem
ferentes tipos de informação (GARDNER, a tais realizações. Na sua pesquisa, Gard-
1995). ner estudou também:
apud GARDNER, 1994) que não se conse- cional como um tipo de inteligência, deve-
gue desenvolver um instrumento confiá- -se apresentar um instrumento composto
vel para medi-la. E sem esse recurso não de tarefas cuja resolução dependeria do
é possível conhecer objetivamente suas uso de capacidade (GARDNER, 1994).
características funcionais (e estruturais,
No entanto, a maioria das escalas cons-
mas esse é um outro problema) na mente
truídas para avaliação da inteligência
humana.
emocional tem se baseado em autorre-
A principal discussão se dá em torno lato, como por exemplo, o O BarOn Emo-
dos tipos de instrumentos utilizados para tional Quotient Inventory (BarOn Eq-i)
mensuração dessas formas de inteligên- (Bar-On, 1996, 1997) e a Medida de Inteli-
cia que têm sido propostos ao longo da gência Emocional (SIQUEIRA, BARBOSA &
história. Esses instrumentos têm sido, in- ALVES, 1999), para citar apenas uma es-
variavelmente, baseados em autorrelato, trangeira e uma nacional, respectivamen-
isto é, instrumentos que colhem a opinião te. Ambos os instrumentos apresentam
do sujeito a respeito de si próprio na área rigorosos estudos de construção, assim
que se pretende investigar. Assim, se pre- como boas propriedades psicométricas,
tende-se mensurar o quanto o sujeito é mas são compostos de subescalas tradi-
ansioso, apresentam-lhe frases contendo cionalmente associadas à traços de per-
os sintomas, pensamentos e formas de sonalidade, habilidades sociais e outros
se comportar de pessoas ansiosas para construtos que não a inteligência.
que classifique se e/ou quanto cada item
Weisinger (1997) nos explica de ma-
apresentado se aplica ao seu caso.
neira clara que a inteligência emocional é
Esse tipo de mensuração, que tem sido simplesmente o uso inteligente das emo-
utilizada com sucesso para avaliação de ções – isto é, fazer intencionalmente com
traços de personalidade, é inadequado que suas emoções trabalhem a seu favor,
para mensuração da inteligência. Supõe- usando-as como uma ajuda para ditar seu
-se que, sendo a inteligência uma capa- comportamento e seu raciocínio de ma-
cidade cognitiva, esta deva ser medida neira a aperfeiçoar seus resultados.
através do desempenho do sujeito em
Vamos supor que você tenha que fazer
tarefas nas quais demonstre possuir tal
uma apresentação importante, e sua au-
capacidade (medidas de desempenho).
toconsciência (outra área da inteligência
Não faz sentido mensurar qualquer tipo
emocional) lhe mostre que você está se
de inteligência perguntando-se ao sujeito
sentindo extremamente ansioso; sua in-
o quanto ele se considera inteligente, ou
teligência emocional iria então ditar-lhe
o quanto ele se considera capaz de resol-
uma série de ações: você poderia reprimir
ver problemas deste ou daquele tipo. Esta
todo pensamento destrutivo, usar o re-
seria uma medida de algo como a autoper-
laxamento para diminuir o nervosismo e
cepção da capacidade de resolver proble-
cessar qualquer comportamento contra-
mas, porém não relacionada diretamente
producente — tal como ficar andando de
à real capacidade do sujeito em questão.
um lado para o outro. Agindo assim, você
Portanto, ao se propor a inteligência emo-
reduziria sua ansiedade o bastante para
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Por isso, o modo como você fornece o pacto do que você diz e como diz sobre a
feedback impacta tanto na forma como é pessoa que está recebendo. Um feedba-
recebido o seu julgamento sobre o traba- ck sem empatia é destrutivo e em vez de
lho avaliado, como também suas relações abrir caminho para uma correção, cria um
futuras com a pessoa que recebe o fee- revide emocional de ressentimento, raiva,
dback. Uma abordagem honesta, cortês, defensividade e distanciamento.
leal e objetiva ajuda a construir relações
Esteja presente. O feedback (críti-
saudáveis e a fortalecer um ambiente de
cas e elogios) é mais efetivo pessoalmen-
confiança e cooperação. Uma abordagem
te e em particular. Comunicações impes-
rude, superficial, desrespeitosa e incoe-
soais, como memorando, circular, e-mail,
rente mina a motivação, a confiança e o
etc., impossibilitam a pessoa que o recebe
espírito criativo.
de responder ou esclarecer.
Goleman (1996) lança algumas su-
Ofereça soluções. Todo feedba-
gestões para conduzir o feedback de ck deve indicar uma maneira de resolver
forma construtiva: o problema, caso contrário, deixa quem o
Seja claro e específico. Cuide recebe frustrado, desmoralizado ou des-
para que sua mensagem seja clara e bem motivado. Deve abrir a porta para possi-
compreendida. Evite generalizações, tais bilidades e alternativas que a pessoa não
como sempre, nunca, todo mundo. Evite percebia que existiam, ou simplesmente a
também termos que podem levar a in- sensibiliza para deficiências que exigem
terpretações errôneas e a mal entendi- atenção, mas deve incluir sugestões so-
dos. Sempre separe o comportamento bre como cuidar desses problemas.
da pessoa. Compare: “Você está errado”
Dê a sua opinião e não as opini-
para “Você pode melhorar o seu compor-
ões de outros. Basear seu feedback em
tamento para que isso funcione ainda me-
opiniões alheias mostra falta de preparo
lhor”. A melhor fórmula para um feedback
e desinteresse de sua parte. Se você não
é “XYZ”, ou seja, diga exatamente qual é o
estiver seguro sobre alguns pontos do
problema (X), o que está errado ou como o
trabalho, admita isso na introdução de
faz sentir (Y) e o que pode mudar (Z).
seu feedback.
Seja honesto, mas sem ser rude.
Deixe claro seu papel. Se você não
Não faça rodeios, nem seja indireto nem
é um expert no assunto, você está na con-
evasivo sobre os pontos fracos do traba-
dição de olhar o trabalho sob uma pers-
lho e sobre suas razões para julgá-lo ina-
pectiva diferente. Pode não ser a melhor
dequado. Entretanto, não há necessidade
opinião, mas é diferente. Por exemplo, se
de ser brutalmente honesto, principal-
você é o gerente, você está perfeitamen-
mente porque você continuará a trabalhar
te capacitado para dar um feedback ba-
com essa pessoa e espera que ela conti-
seado no conhecimento dos clientes, do
nue a trazer novas ideias.
mercado, dos tomadores de decisão, etc.
Seja sensível. Este é um apelo por Mas tome o cuidado de deixar bem claro
empatia, para estar sintonizado com o im- em quais parâmetros você está baseando
35
Permitir que o feedback não fos- almente dizendo e não o que você supõe
se dado. Apesar de ser necessário ob- que ele vai dizer. Procure entender o que
servar o momento adequado para dar o está sendo dito, ao invés de se colocar
feedback, é preciso também estar atento na defensiva e se concentrar na resposta
para dar o feedback em algum momento. que dará. Em dúvida, faça perguntas para
Caso, por exemplo, você tenha tentado re- esclarecer.
petidas vezes realizá-lo e tenha percebido
Mantenha a mente aberta. Isto
que o momento não era adequado, está
significa ser receptivo a novas ideias e di-
na hora de criar o tal momento. Chame a
ferentes opiniões. Frequentemente, há
pessoa. Explique por que você não pode
mais de uma maneira de fazer algo e ou-
se eximir de dar aquele feedback. Deixe
tras pessoas podem ter um ponto de vista
claro as diversas tentativas e, finalmente,
completamente diferente sobre um as-
faça-o.
sunto.
Não apontar um ponto específi-
Identifique os critérios. Desen-
co como objeto do feedback. O objeto
tendimentos surgem devido a diferenças
do feedback deve sempre ser focado em
de critérios. Se não há concordância nos
um único aspecto. Dar feedback abran-
critérios, não pode haver concordância no
gente, abordando diversos aspectos, não
julgamento. Assim, a primeira coisa a fazer
é efetivo. Provavelmente, este tipo de
é identificar os critérios que estão sendo
“feedback” irá confundir mais que incen-
usados para avaliar seu trabalho. São cri-
tivar ou corrigir. Procure ater-se a fatos
térios válidos? Se positivo, os avaliadores
e esquecer especulações, “achismos” ou
estão certos sobre se seu trabalho atende
quaisquer outras fontes ilegítimas de in-
ou não a esses critérios? Se você julga que
formação.
os critérios usados não são válidos, é im-
Algumas pessoas interpretam o fee- prescindível conversar inicialmente com
dback como pura crítica e se recusam a os avaliadores sobre os critérios a serem
ouvir. Outras o veem como um massacre usados e procurar um consenso.
psicológico, a confirmação de suas fra-
Tome nota. Anote pontos impor-
quezas. Outras só querem ouvir elogios,
tantes à medida que o feedback é dado.
mas nada que sugira imperfeições.
Pontos importantes para se tomar nota
Este não é o caso de todos, certamen- incluem:
te. Algumas pessoas aceitam o feedback,
- Comportamento que motivou o fee-
mesmo que seja perturbador, pois acre-
dback: porque alguém se sentiu motivado
ditam que pode ajudá-las a crescer e a
a me abordar e dar o feedback?
desenvolver suas habilidades criativas.
Algumas sugestões para aqueles que pre- - Fato citado durante o processo de fe-
tendem tirar o máximo proveito do fee- edback: que fato, específico, a pessoa que
dback sobre seus trabalhos e ideias: me deu o feedback apontou?
Não tomar notas durante o pro- por qualquer outra forma, mostra ao ou-
cesso. Não confie simplesmente em sua tro o significado do que você apreendeu
memória. Tome nota das informações dis- do que ele disse. A habilidade de paráfrase
ponibilizadas durante o feedback. Estas envolve atenção, escuta ativa e empatia.
informações serão úteis no seu processo
Dentre os benefícios da paráfrase te-
de assimilação e consequente melhoria.
mos o aumento de precisão da comunica-
Reserve um período de tempo para anali-
ção e de compreensão mútua ou compar-
sar as notas tomadas durante a recepção
tilhada e esse ato em si transmite o seu
do feedback. Analise o feedback a poste-
interesse no outro, sua preocupação em
riori para evitar qualquer precipitação de
ver como ele vê as coisas.
análise. Tenha atenção especial principal-
mente nos resultados decorrentes do seu Entretanto, quando você usa paráfra-
comportamento. Verifique se há como se, você está mostrando sua compreen-
maximizá-lo, em caso de um comporta- são do momento e assim possibilita ao
mento positivo, ou de minimizar (ideal- interlocutor esclarecer especificamente
mente anular) os efeitos negativos do seu a mensagem em relação à compreensão
comportamento (GOLEMAN, 1996). que você revelou. Antes de concordar ou
discordar com uma afirmação, você deve
Se o tempo nos permitisse ainda tería-
assegurar-se de que está respondendo à
mos muito a comentar sobre o feedback,
mensagem que o outro enviou.
pois ele é uma das chaves que devemos
abrir para desenvolver a inteligência emo- A paráfrase é uma das maneiras de tes-
cional. tar a compreensão da mensagem antes
de reagir a ela.
Para conduzir um feedback de forma
eficaz é necessário a aquisição e o aper- b) Descrição de comportamento –
feiçoamento de certas habilidades de consiste em relatar as ações específicas,
comunicação, facilitando a compreensão observáveis, dos outros, sem fazer julga-
mútua. Estas habilidades precisam ser mentos ou generalizar seus motivos ou
treinadas e praticadas constantemente traços de personalidade.
para maior eficiência de resultados.
É possível informar aos outros a que
Entre as principais habilidades de co- comportamento você está reagindo atra-
municação estão a paráfrase, a descrição vés de descrição bastante clara e especí-
de comportamento, a verificação de per- fica.
cepção e a descrição de sentimentos, as
É importante descrever evidências visí-
quais constituem recursos valiosos para o
veis, ou seja, comportamentos acessíveis
processo de feedback construtivo.
à observação de qualquer pessoa presen-
a) Paráfrase – consiste em dizer, com te.
suas próprias palavras, aquilo que o outro
A habilidade de descrever comporta-
disse. Você enuncia a ideia do outro com
mento exige o relato de ações observá-
seu vocabulário usual, dá um exemplo in-
veis sem colocar-lhes um julgamento de
dicando o que você pensa a respeito ou,
valor como certo ou errado, bom ou mau,
39
devido ou indevido; sem fazer acusações que as mensagens tenham significado to-
ou generalizações sobre os motivos, ati- tal.
tudes ou traços de personalidade da outra
Além disso, a comunicação passa a ser
pessoa.
realmente compartilhada, com a preocu-
Significa, enfim, evitar descrever carac- pação de entender as ideias, informações
terísticas pessoais e intenções, ou inter- e sugestões e, ao mesmo tempo, como
pretar o comportamento, restringindo-se o emissor está se sentindo ao enviar as
a relatar o comportamento observável da mensagens e ao perceber como estão
pessoa. sendo recebidas.
Para desenvolver a habilidade de des- Muitas vezes, o emissor não está cons-
crever comportamento, você terá que ciente dos sinais não verbais que emite e
aprimorar sua capacidade de observação que transmitem mensagens emocionais
do que realmente ocorre. À medida que que podem facilitar, perturbar ou contra-
isto for acontecendo, você também po- dizer a mensagem verbal principal.
derá descobrir que muitas de suas afirma-
O processo de verificar percepções
ções e conclusões são menos baseadas em
passa a ser uma das formas mais úteis de
evidências observáveis do que em seus
feedback e aprendizagem para o emissor.
próprios sentimentos de irritação, afeto,
Esta habilidade constitui um dos melhores
insegurança, ciúme, medo ou alegria.
exercícios para desenvolver a capacidade
É muito importante desenvolver esta de empatia, em que observação acurada,
habilidade se você desejar dar feedback comparação com sentimentos já experi-
útil. Ao mesmo tempo, constitui uma valio- mentados e se colocar no lugar do outro
sa aprendizagem para compreender como se conjugam, levando à compreensão mú-
você responde a mensagens que o outro tua e maior competência para a vida em
não enviou, como você mesmo distorce os comum.
sinais, como você comunica mensagens
d) Descrição de sentimentos – consis-
sem perceber e como os outros veem você
te em identificar ou especificar sentimen-
diferentemente de sua autoimagem.
tos verbalmente, seja por meio do nome
c) Verificação de percepção – consis- do sentimento, de figuras de linguagem
te em dizer sua percepção sobre o que o ou de impulso de ação.
outro está sentindo, a fim de verificar se
Verificação de percepção e discrição de
você está compreendendo também seus
sentimentos são habilidades de comunica-
sentimentos, além do conteúdo das pala-
ção que ajudam os outros a compreendê-
vras.
-lo como pessoa, pois você lhes transmite
Através da habilidade de observar e re- aquilo que fazem em termos do que afeta
latar percepções de sentimentos, pode-se a você, pessoalmente ou como membro
chegar a compreender melhor as outras de um grupo e, principalmente, revela aos
pessoas, pois a comunicação se realiza outros de forma clara e espontânea aquilo
através de vários canais concomitantes que você sente (GOLEMAN, 1996).
cujos sinais precisam ser captados para
40
UNIDADE 5 - Aplicação da inteligência emo-
cional em grandes projetos
Até o momento explicamos a impor- flitos, experimente a proposta de Gar-
tância da inteligência, discorremos sobre dewartz, Chersbosque e Rowe (2012, p.
as inteligências múltiplas e falamos am- 226):
plamente da inteligência emocional. Pois
Em uma formação ou reunião de grupo,
bem, vamos ser mais específicos e ver as
use subgrupos para que os integrantes
possibilidades de aplicação, com foco nas
identifiquem as áreas de conflito que são
equipes e em grandes projetos.
mais destrutivas para a coesão e a pro-
Relembrando: lógica e intuição já são dutividade do grupo. Se você for gerente,
consideradas parceiras no modelo da em- você será o facilitador desse processo. Em
presa deste milênio, portanto, desen- grupos pequenos, você deve proporcionar
volver as aptidões emocionais trazem um certo grau de anonimato às pessoas
mudanças radicais nos ambientes das or- que, por causa de um estilo individual ou
ganizações somando-se às relações inter- influências culturais étnicas, não se sen-
pessoais entre os profissionais que cons- tem à vontade por tratar de determinadas
tituem um fator prioritário à conquista da áreas de conflito.
excelência.
Usando grupos pequenos para falar so-
bre o que os integrantes observam é um
modo mais fácil de as pessoas tratarem de
5.1 Foco na equipe um problema. Usando conflitos anônimos,
ninguém sente necessidade de proteção.
Vimos a cada dia aumentar a tendên-
Você proporciona segurança, aprendizado
cia das organizações em trabalharem em
em grupo, colaboração e uma chance de
equipes, principalmente porque as empre-
formação de habilidades individuais e co-
sas sabem que o desempenho da equipe
letivas. Demonstrando duas rodadas pu-
é melhorado e as relações são fortaleci-
blicamente, os funcionários pegam o jeito
das quando os integrantes aumentam sua
de fazê-lo. Depois, peça para as pessoas
sensibilidade ao impacto de seu compor-
dividirem-se em pares e identifique e use
tamento sobre os outros integrantes do
uma situação que seja real para elas. Enco-
grupo. Por outro lado, sabemos também
raje-as a usar a situação real mais urgente
que as equipes são prejudicadas quando
com que estejam deparando.
assumem uma postura crítica e adversa ao
lidar com outros grupos de trabalho. Para aumentar a confiança e a recepti-
vidade da equipe, você pode sugerir que
Essas são algumas situações em que a
os integrantes deem e recebam um retor-
inteligência emocional fará a diferença,
no, levando o tempo necessário. Você tem
uma vez que um critério básico para uma
as duas opções e pode escolher uma em
equipe eficaz é como ela enfrenta os ine-
um determinado momento. Na reunião da
vitáveis conflitos que surgem.
equipe, peça ao pessoal para dar um retor-
Para ajudar a equipe a lidar com os con- no uns aos outros entre os colegas usando
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indicar que alguém está “só brincando”. Em cionamentos à estrutura de uma reunião
ambientes virtuais, pode não ser possível regular. Use o tempo fora do telefone para
ouvir a risada dos outros ou obter as rea- mostrar sua verdadeira natureza. Seja o
ções das pessoas ao nosso humor. Quando mais informal possível e encoraje-os a fa-
não funciona, o humor pode aumentar as lar e compartilhar suas preocupações, in-
diferenças entre as pessoas e servir para teresses, hobbies e objetivos (MERSINO,
nos alienar (MERSINO, 2009). 2009).
O autogerenciamento, por sua vez, Os filmes são uma excelente fonte para
acontece quando a pessoa começa a usar estudar emoções. Podemos observar as
a consciência dos sentimentos para ge- emoções nas atuações dos atores na tela.
renciar a si mesma. Com base na autocons- Também podemos monitorar nossas emo-
ciência, usamos essas informações para ções que ocorrem em reação ao que ve-
controlar e administrar nossas emoções. mos na tela.
Controlamos as emoções para elas não nos
Existe um número praticamente infini-
controlarem.
to de filmes para ajudá-lo a observar ou
Um processo simples em três eta- viver emoções.
pas para autogerenciamento envolve: 1º
A lista a seguir, elaborada por Mersino
-identificar o sentimento; 2º - determinar
(2009) apresenta alguns filmes específi-
a causa básica; 3º - agir para esclarecer a
cos que podem ser usados para explorar a
situação.
inteligência emocional. Temos o título do
Se os colapsos emocionais são previsí- filme e uma breve descrição das emoções
veis e evoluem de forma lenta, a melhoria que poderá observar ou viver.
da autoconsciência nos ajuda a evitar os
colapsos.
Férias frustradas de natal (Christmas Vaca- Bons planos e boas intenções são errado.
tion)
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