Este documento resume um livro sobre inteligência humana e suas abordagens biológicas e cognitivas ao longo da história. O livro discute definições de inteligência, teorias sobre fatores e múltiplas inteligências, diferenças entre sexos, hereditariedade vs ambiente, e mais. O resumo fornece uma visão geral concisa dos principais tópicos e ideias apresentadas no livro.
Este documento resume um livro sobre inteligência humana e suas abordagens biológicas e cognitivas ao longo da história. O livro discute definições de inteligência, teorias sobre fatores e múltiplas inteligências, diferenças entre sexos, hereditariedade vs ambiente, e mais. O resumo fornece uma visão geral concisa dos principais tópicos e ideias apresentadas no livro.
Este documento resume um livro sobre inteligência humana e suas abordagens biológicas e cognitivas ao longo da história. O livro discute definições de inteligência, teorias sobre fatores e múltiplas inteligências, diferenças entre sexos, hereditariedade vs ambiente, e mais. O resumo fornece uma visão geral concisa dos principais tópicos e ideias apresentadas no livro.
RESENHA nas, o Prof. José Aparecido da Silva demonstra-nos
de que forma a inteligência atravessa praticamente toda a história da Psicologia, dando-nos, assim, a opor- INTELIGÊNCIA HUMANA. tunidade de utilizar a obra como um instrumento de ABORDAGENS BIOLÓGICAS consulta e de atualização rápida no domínio. E COGNITIVAS Esta obra diz-nos muito sobre o seu autor, prin- 1 cipalmente diz-nos da sua curiosidade intelectual e Luísa Faria da sua capacidade de atualização sobre um tema, FPCE - Universidade do Porto - Portugal nomeadamente pelo seu desejo de divulgar as mais recentes e desafiadoras conclusões sobre a inteligên- Falar de inteligência implica debater um dos cia, mesmo quando são controversas. temas mais importantes e mais controversos da Psi- Passemos, então, à apresentação da obra. cologia e, simultaneamente, um dos atributos psicoló- O capítulo 1, "Teoria da inteligência através gicos mais valorizados e mais temidos socialmente: dos tempos", faz-nos uma resenha histórica acerca por exemplo, a existência de uma correlação positiva da definição e da estrutura da inteligência, desde a entre o quociente de inteligência (QI) e os resultados antigüidade clássica, com Pitágoras (580 a.C.-500 escolares é uma das constatações mais antigas e mais a.C.) e o dualismo mente-corpo, até à era da medida regularmente confirmadas pela Psicologia. da inteligência, nos séculos XIX e XX, onde são des- A falta de acordo quanto à definição e formas tacadas as contribuições de Galton - que inicia a ava- de avaliação deste construto, bem visível nas liação objetiva da inteligência -, Cattell, Binet, Stern, polêmicas travadas por psicólogos e educadores, em Spearman, Terman e Wechsler, entre outros. Como debates, obras e simpósios sobre o tema, sobretudo balanço, o autor fala-nos das controvérsias natureza- durante o século XX, não diminui a aceitação gene- educação (nature-nurture) e entre o caráter unitário ralizada de que estamos perante um dos atributos psi- ou polifacetado da inteligência, que continuam a man- cológicos mais relevantes e com maior impacto na ter acesa a discussão em torno deste construto. realização, no sucesso e no bem-estar global dos in- No capítulo 2, "Concepções de inteligência", o divíduos e das sociedades. autor aborda as teorias implícitas de inteligência, ou Mas afinal o que é a inteligência? Haverá uma seja, as concepções do senso comum, do leigo, do não inteligência ou várias? Como se mede e quais as qua- especialista acerca da inteligência. De fato, todos nós lidades de uma boa medida da inteligência? De que somos capazes de definir e avaliar a nossa inteligência fatores dependem a sua evolução - hereditariedade e a dos outros nas mais variadas situações do quotidi- ou meio? Haverá diferenças de sexo na capacidade ano, e tais concepções ou teorias implícitas afetam o intelectual? Será a inteligência treinável? E as novas nosso comportamento e as nossas interações. inteligências - por exemplo, a social e a emocional - Por sua vez, os especialistas no domínio, os qual a sua importância na sociedade atual? que constróem as teorias explícitas - teorias formais Estes são alguns dos temas que a obra "Inteli- sobre a natureza e desenvolvimento da inteligência, gência humana. Abordagens biológicas e cognitivas" fundadas em avaliações presumivelmente objetivas debate, de forma direta, sucinta, pragmática e didática, da mesma, através de testes -, também são influenci- com uma linguagem simultaneamente cuidada e aces- ados pelas suas próprias teorias implícitas. sível a vários públicos - estudantes, professores, psi- Assim, a partir de estudos de Sternberg com cólogos e educadores em geral. leigos, nas teorias implícitas surgem três dimensões Ao longo de 14 capítulos e cerca de 250 pági- caracterizadoras da inteligência, que curiosamente também constituem dimensões valorizadas pelas prin- 1 Luisa Faria - Universidade do Porto cipais teorias explícitas: referimo-nos à capacidade Texto que serviu de suporte à apresentação oral da obra, no âmbito para resolver problemas (problem solving), à aptidão do Seminário - "Inteligência(s) e comportamento(s)", que decor- verbal e à competência social. reu na Universidade Fernando Pessoa (UFP), no Porto, em 27 de Janeiro de 2003. Contudo, a constatação de que as concepções 120 Luísa Faria dos leigos são influenciadas pela cultura, leva o autor teorias, mas também a multiplicidade de estudos e de a assinalar o fato dás concepções de inteligência va- técnicas e os sinais de vitalidade no domínio. riarem entre culturas: na verdade, diferentes socie- Os capítulos 5, "Inteligênciageral", e 6, "Inte- dades e diferentes culturas valorizam aspectos diver- ligências múltiplas", discutem a questão do número sos da capacidade intelectual. de inteligências, ou seja, a controvérsia fator g vs. O capítulo 3, "Abordagens fatoriais da inteli- múltiplas aptidões, que atravessou a Psicologia desde gência", e o capítulo 4, "Abordagens biológicas e a polêmica entre Spearman e Thurstone. cognitivas da inteligência", apresentam-nos, cronolo- O capítulo 7, com o sugestivo título "Quem é gicamente, as principais teorias sobre a inteligência, mais inteligente: o Homem ou a Mulher?", aborda começando com a perspectiva psicométrica ou fatorial, outro tema clássico no domínio, o das diferenças de que vigorou até aos anos 60 do século XX, centrando- sexo, concluindo pela superioridade feminina nos do- se na identificação dos fatores explicativos da capa- mínios verbal, das habilidades motoras finas, da velo- cidade intelectual (através da técnica de análise cidade perceptiva e da descodificação não-verbal, e fatorial) e preocupando-se em medir e identificar pela superioridade masculina nos domínios visuo-es- quem tem inteligência e quem é mais e menos inteli- pacial, da matemática e das ciências, das analogias gente, mas mostrando menos preocupação em saber verbais e do raciocínio mecânico. A controvérsia acer- o que é a inteligência. ca das diferenças de sexo continua, havendo, contu- Começando, com Spearman e o fator g, até do, evidências empíricas de um progressivo Guilford e a visão polifacetada da inteligência (com esbatimento das referidas diferenças a que não será 150 aptidões diferentes), esta perspectiva é desen- alheio, entre outras causas, uma maior aproximação volvida pelo autor, sendo fundamental realçar a sua nas práticas de socialização. importância na avaliação, na medida e na seleção dos Os capítulos 8, "Quociente intelectual e here- indivíduos, permanecendo muitos dos seus conceitos ditariedade", e 9, "Interação gene-ambiente: mitos e ainda atuais em Psicologia, nomeadamente o fator g, verdades", abordam outro tema clássico no estudo a visão polifacetada da inteligência e a importância da inteligência - a polêmica natureza-educação, he- das qualidades psicométricas das medidas de inteli- reditariedade-meio ou nature-nurture. gência. Aqui é apresentada a tendência para fazer No capítulo 4 surgem as abordagens biológi- eqüivaler a hereditariedade à irreversibilidade ou cas e cognitivas, mais recentes e alvo de investiga- imutabilidade e a educação ou ambiente à possibili- ção contemporânea. Salientamos, nas abordagens dade de transformação, que o autor discute, a partir biológicas, a perspectiva de Hebb e as três inteligên- de resultados de estudos com gêmeos monozigóticos cias - A (potencial), B (aprendida ou realizada) e C e dizigóticos, crianças adotadas e indivíduos aparen- (inteligência avaliada pelos testes) -, bem como a tados. conclusão do autor pela falta de indicadores biológi- Assim, o autor discute uma série de mitos acer- cos, claros e categóricos, acerca da inteligência. ca da hereditariedade e do meio, apresentando exem- Por sua vez, nas abordagens cognitivistas, são plos, como o das crianças com fenilcetonúria, e pon- focadas as importantes contribuições quer de Gardner, do em relevo a importância da intervenção precoce. com a teoria das inteligências múltiplas (verbal-lin- Conclui que o meio faz a diferença, sobretudo guística, musical, lógico-matemática, espacial, corpo- nos primeiros anos de vida, pois pode potenciar os ral-cinestésica, pessoal, naturalista, espiritual e exis- efeitos da hereditariedade: nas suas palavras, "os tencial) e as suas implicações educacionais, quer de genes determinam a probabilidade de ocorrência dos Sternberg, com a teoria triárquica (três sub-teorias comportamentos, mas não os comportamentos per se" ou três tipos de inteligência - componencial ou con- (p. 112). vencional, experiential ou criativa e contextual ou O capítulo 10, "Inteligência emocional", defi- prática) e as respectivas implicações para o ensino. ne esta nova e controversa inteligência, popularizada O autor conclui salientando não só a falta de pelo best seller de Daniel Goleman, em 1995, falan- visão conceptual e metodológica comum às várias do-nos do Quociente Emocional (QE), em vez do popular QI, e da forma como vai afetar as nossas vidas e o nosso sucesso profissional. Diz-nos o autor que a inteligência emocional, enquanto capacidade para "monitorizar as suas pró- prias emoções e as dos outros, para discriminar entre os diferentes tipos de emoções e, também, a capaci- dade para usar as informações sobre as diferentes emoções com o objetivo de controlar e orientar o seu próprio pensamento e as suas ações" (pp. 114-115), se tem revelado de enorme interesse e valor preditivo no domínio profissional (liderança, desempenho indi- vidual e em grupo) e nas organizações em geral, jus- tificando o investimento atual - teórico, empírico e da medida - neste domínio. O capítulo 11, "Inteligência: ensino e tecnologia", fala-nos do treino da inteligência e das inúmeras possibilidades de "ensinar a inteligência", com a apresentação breve de alguns programas de treino e aceleração cognitiva, concluindo pela impor- tância da contribuição das novas tecnologias para o ensino da inteligência, mas também para o fato incontornável do papel do professor na sala de aula ser insubstituível. O capítulo 12, "Inteligência: mitos e verdades", apresenta e discute 12 mitos acerca da inteligência, nomeadamente se a inteligência é unitária ou múlti- pla, se a inteligência pode ser medida, se está correlacionada com o tamanho da cabeça, se é de- terminada pela data de nascimento, se tem evoluído geracionalmente, se difere entre sexos, funcionando como um capítulo-síntese de alguns temas discutidos ao longo da obra. Finalmente, os capítulos 13, "Mensuração da inteligência", e 14, "Propriedades metrológicas dos testes de inteligência", falam-nos dos primórdios da medida da inteligência em Psicologia, com Galton, Cattell e Binet, do movimento dos testes e das esca- las mais usadas, como a Stanford-Binet e a WISC e WAIS de Wechsler, e das qualidades psicométricas dos testes. Em síntese, resta-nos concluir, dizendo que estamos perante uma obra que vale a pena descobrir, pela sua atualidade e exaustividade, a bem da Inteligên- cia e da