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MEDIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
NA INCLUSÃO
SUPERANDO OS LIMITES E ENFATIZANDO AS POTENCIALIDADES
NA VISÃO DA FAMÍLIA E DOS PROFESSORES
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Monaliza Ehlke Ozorio Haddad
O PROCESSO DE
MEDIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM
NA INCLUSÃO
REALIZAÇÃO
PATROCÍNIO
São Paulo - SP
2020
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O processo de mediação da aprendizagem na inclusão
Este livro não pode ser copiado ou reimpresso. O uso de citações do texto ou cópias de páginas isoladas
para estudos é permitido e encorajado, mediante solicitação.
Este livro foi editado no Brasil segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, respeitando porém
as particularidades da grafia adotada em Portugal, quando cabível, ou a língua espanhola, em deferência
à origem dos colaboradores.
Inclui bibliografia
CDU 376
CDD 371.9
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Monaliza Ehlke Ozorio Haddad
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Colaboradores
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Introdução
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redor do diagnosticado?”
Cada um compõe uma história de vida diferente, um tempo de
desenvolvimento diferente e é onde nos deparamos com a beleza da
vida. Nem todos se desenvolvem e se desenvolveram ao mesmo tempo,
portanto, o respeito a cada um é imenso, a cada vida damos um ar de
magia única, inigualável e inexplicável.
Quando me pergunto o que esperamos da vida e da vida dos
nossos herdeiros, esperamos que acima de tudo sejamos felizes! “O
que é preciso para alcançar a tal felicidade?” A felicidade do filho
inclui a alegria dos pais, portanto o melhor é caminharmos na direção
escolhida.
Para iniciar esse momento em conjunto, divido com vocês a letra
desta música, que nos explicita um pouco do que estamos abordando.
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outras menores que compõem o todo. Já fui menor para ser maior no
que se refere a desenvolvimento.
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Vou deixar algo para lembrar, então eles não vão esquecer
Eu estava aqui
Vivi, amei
Eu estava aqui
Fiz, concluí
Tudo que queria
E foi mais do que pensei que seria
Vou deixar minha marca para que todos saibam
Eu estava aqui
Quero dizer que vou viver cada dia até eu morrer
E saber que eu tinha algo na vida de alguém
Os corações que toquei serão a prova que deixo
De que fiz a diferença e este mundo vai ver
Eu estava aqui
Vivi, amei
Eu estava aqui
Fiz, concluí
Tudo que queria
E foi mais do que pensei que seria
Vou deixar minha marca para que todos saibam
Só quero que eles saibam
Que dei o meu tudo, fiz o meu melhor
Trouxe alguma felicidade a alguém
Deixei este mundo um pouco melhor simplesmente porque
Eu estava aqui.
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BEM HAJA
Maria Manuel Parrinha
Presidente da Associação Portuguesa da Síndrome do X Frágil
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Reflexões sobre a
Deficiência Intelectual – DI
Maria Manuel Parrinha
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Família
Quando recebemos o diagnóstico do nosso filho, seja qual for a
deficiência, o casal deve fazer o “luto”, unindo-se ainda mais e
não culpando-se um ao outro.
O “timing” do homem é diferente do da mulher, normalmente o pai
precisa de mais tempo para aceitar a diferença do seu filho. É bom
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Sexualidade na Deficiência
Intelectual – DI
Gostaria de falar um pouco sobre a sexualidade dos jovens com
deficiência intelectual. Não é fácil encontrar algum profissional
de saúde que tenha formação na sexualidade na deficiência inte-
lectual e cujo grau de deficiência seja grave.
O que fazer com a chegada da adolescência?
Reprimir através de medicação ou iniciar, com o jovem, uma
aprendizagem de noção de privacidade que pode levar anos a
ser interiorizada?
No caso dos jovens, cujo grau de deficiência é leve ou modera-
da, umas sessões de educação sexual têm tido bons resultados,
como eles já têm a noção de privacidade, sabem quando e onde
se podem se tocar.
Nos outros casos, graves e profundos, na minha opinião, o melhor,
mas o mais trabalhoso é trabalhar com eles a noção de privaci-
dade. Como referi, a interiorização da noção de privacidade leva
anos, tem avanços e recuos, e a escola e a sociedade não sabem
como lidar com estas situações.
O problema da sexualidade está relacionado com o saber contro-
lar o desejo sexual, quando pode e onde posso fazê-lo, não numa
casa de banho pública, na escola, em casa de alguém, mas sim
no meu quarto e com a porta fechada.
Os pais, os irmãos e os familiares também têm de saber respeitar
a privacidade do seu filho/irmão.
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Sociedade
Leve o seu filho para todo o lado, ao supermercado, ao cabelei-
reiro, ao centro comercial, ao cinema, a um espetáculo musical,
à praia, a um café, à piscina, se possível viaje de avião com ele.
É natural que, inicialmente, comece a chorar, mas se o for levando
regularmente, ele irá habituar-se, por exemplo, ao barulho das
palmas num espetáculo ou numa festa de anos.
Habitue desde pequeno às mudanças, eles precisam de rotinas,
mas têm de saber lidar com os imprevistos, e principalmente eles
têm de saber viver em sociedade.
Explique aos outros o comportamento do seu filho, distribuindo
pequenos cartões, onde explica a deficiência dele/dela. Vai ver
que irá ter boas surpresas com a reação das outras pessoas”.
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Paris - França,
2020
Frank Valentin
frankrfvalentin@gmail.com
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feliz com isso o medo tomou conta de mim, fiquei insegura, afinal ela
era prematura e pequena demais, frágil demais e eu não tinha ideia
por onde começar.
A Manuela teve paralisia cerebral e as sequelas foram poucas em
vista da gravidade da situação e ali, mais uma vez, Deus estava agindo,
assim como em todos os pequenos milagres da vida. O cognitivo dela é
perfeito, mas as sequelas foram nos membros inferiores, fazendo com
que ela não consiga ficar em pé sozinha e muito menos andar.
Durante um ano a Ma-
nuela fez tratamento no Hos-
pital Ana Carolina Moura
Xavier, pelo Sistema Único
de Saúde – SUS, onde tinha
direito a vários tratamentos.
Nesse tempo eu fiz amizade
com mais duas mães que tam-
bém tinham filhos especiais e
isso foi muito importante para
mim e acredito que para elas
também, porque juntas nós
éramos mais fortes. Compar-
tilhávamos nossas alegrias e
sofrimentos assim como expe-
riências, informações, receitas
também, afinal tínhamos tem-
po de sobra. Isso fazia com que aceitássemos da melhor maneira possível
que não somos as únicas e não estávamos sozinhas.
Para ser mãe, não se vem com manual de instruções e, depois de
um ano, a Manu e todas as crianças que começaram o tratamento juntas
tiveram alta, sem ao menos terminarem o tratamento, mas o sistema
libera para dar lugar para outras crianças que também precisam.
“Meu Deus”, eu pensei. “E agora?” Eles não me encaminharam
e nem me orientaram para lugar nenhum.
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Sempre procurei ter uma boa relação com todas as pessoas que
acabavam fazendo parte do dia a dia dela, porque assim a Manu se
sente muito mais segura.
A família foi essencial em tudo, sozinha não conseguimos nada,
devemos ser humildes e acei-
tar ajuda sempre que precisar.
A vida é assim sempre preci-
samos uns dos outros.
Mas a cumplicidade en-
tre você e seu filho é essencial,
hoje posso afirmar que somos
muito amigas e parceiras,
adoro brincar com ela de tudo
e ela adora me ajudar nos
deveres de casa porque torna-
mos isso uma coisa gostosa e
agradável de fazermos juntas.
A Manuela é uma
criança inteligente, extrema-
mente amorosa, solidária, sensível,
guerreira, alegre e feliz.
Porque nossos filhos têm ca-
pacidade de serem o que quiserem,
só precisamos dar poder a eles e
confiar!”
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isso e ajudar seu filho. Pois cada um é cada um, e às vezes a realidade
que foi descrita ali, pode não servir de base para a sua.
Passados quase dois anos, eu não via muito resultado nas inter-
venções, e também não conseguia entrar na mesma linha de raciocínio
do médico que nos atendia no Japão. Decidi que seria melhor voltar
para o Brasil, para que pudesse fazer as intervenções necessárias aqui,
e também para trazê-lo mais perto da família. Família, esse é um as-
sunto complicado, por falta de conhecimento nem sempre nos ajudam.
Nessa época ele já estava com três anos, e ainda não conhecia
os familiares. Chegando ao Brasil optei por matriculá-lo na educa-
ção especial, pois acreditava que pela estrutura, número de alunos,
formação dos profissionais envolvidos e por ter uma equipe técnica
trabalhando junto e orientando a equipe pedagógica, os resultados
seriam maiores e melhores que no ensino regular.
No início foi tudo ótimo. Juan tinha psicoterapia, fonoterapia e
terapia ocupacional; os técnicos trabalhavam de maneira integrada e
algumas sessões aconteciam dentro da sala de aula. Fora da instituição
escolar ele tinha um acompanhamento com neuropediatra e passou a
fazer uso de medicação. Os resultados foram excelentes, Juan ficou
mais calmo, e com isso parecia que conseguia se concentrar melhor
nas atividades. Nas intervenções nesse período, que foi dos três aos
cinco anos de idade, obtivemos muito sucesso em todas as áreas.
Prestes a iniciar a fase de alfabetização, fiquei com muita dúvida
quanto ao melhor caminho a seguir: mantê-lo no ensino especial ou
levá-lo para o ensino regular? Eu achava que deveria levá-lo para
o ensino regular, mas, depois de muito pensar acabei decidindo por
mantê-lo na mesma escola, afinal, ele já tinha avançado muito, e não
se mexe em time que está ganhando, certo?
Errado, se tem uma dica que dou para todas as mães especiais
que cruzam meu caminho é: siga seu coração de mãe e seus instintos
maternos. Eles nunca falham!
Além da equipe técnica trocaram também a professora e, com
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pessoas, e que ter uma opinião diferente não vai fazer com que as
pessoas deixem de amá-lo.
A cada etapa que vamos avançando, encontramos novos obstácu-
los e encontramos também força para superar. Isso vem do amor que
temos por nosso filho, e também do olhar para traz e ver que já foram
tantas conquistas, tantos obstáculos superados, que jamais podemos
desanimar.
Os nossos objetivos estão no desenvolvimento da autonomia de
nosso filho, e em fazer com que ele consiga compreender as ordens, ele
ainda se atrapalha quando pedimos para fazer coisas que têm etapas
a seguir, percebo que ele não memoriza todas as informações.
Fala-se muito sobre inclusão, mas acredito que estamos longe
de ter um processo que realmente inclua nossas crianças/adultos,
independentemente de suas necessidades. Falta capacitação para os
profissionais, falta muita estrutura nas instituições e, principalmente,
falta muito comprometimento por parte de muitos profissionais en-
volvidos na educação, sendo que estes podem, sim, ser um diferencial
na vida dele.
Acredito que o principal direito de uma pessoa com Necessidades
Educativas Especiais – NEE seja estar inserido em um ambiente que
esteja pronto para recebê-lo, independente de ser setor público/pri-
vado, para educar ou trabalhar. Somado ao direito ao acesso a uma
educação de qualidade, que tenha como objetivo desenvolver o aluno
em todas as suas potencialidades e aptidões.”
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fui mãe e professora dele. O que ele aprendeu tem muito trabalho de
retaguarda da minha parte. O que mais ele aproveitou foram os amigos.
Eles adoravam o Sérgio e ele sempre foi muito feliz na escola, tanto
que sempre foi convidado para as festas de anos.
A Luz, de início, a professora adorou a ideia, mas rapidamente
se cansou. Mas, uma vez mais, ela tem uma mãe muito lutadora e que
não baixa os braços. A escola pouco ou nada tem feito para melhorar
esta situação.
Em relação ao relacionamento entre família e escola não tenho
nada a apontar. Sempre fomos bem recebidos. Mas também não somos
pais muito chatos.
De início de escolarização, a escola demonstrou-se muito envol-
vida com ambos os casos, mas depois passaram a ser apenas números,
infelizmente.
O Sérgio sempre teve uma boa relação com os colegas e todos
eles o aceitavam muito bem. Houve sempre um cuidado dos pais dos
amiguinhos para que o Sérgio se sentisse bem. A Luz não tem tido essa
sorte, tem apenas uma amiguinha e nem sempre é convidada para os
anos dos amigos da sala.
Os apoios escolares que tiveram ou têm: é de uma terapeuta,
que vai à escola duas vezes por semana no caso da Luz. O Sérgio teve
apoio de uma professora do ensino especial quando mudou de escola
no sétimo ano. Era uma joia de
professora, sempre muito atenta
às suas dificuldades e sempre a
encontrar soluções para os pro-
blemas que iam surgindo.
O Sérgio teve um Currículo
Educacional Específico e a Luz
tem um currículo adaptado às
suas dificuldades, sendo as fi-
chas adaptadas, assim como um
menor número de exercícios.
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a ser. Cada vez mais acredito que temos que ser nós pais a acreditar
nos nossos filhos e encontrar soluções para ajudá-los. A escola pouco
faz pelos nossos filhos.
A deficiência não as impede de realizar os seus sonhos nem os seus
objetivos de vida. Apenas temos que lhes proporcionar as melhores
formas para eles conseguirem.
Cada ser humano tem direito à escolaridade, aos serviços médicos,
a ser feliz e, acima de tudo, a ter uma família que o ame e cuide dele.
Se todos acreditarmos nisto e trabalharmos nesse sentido os nossos
filhos serão bem-sucedidos.
Queria apenas acrescentar que os nossos filhos com deficiência
são as melhores coisas que nos aconteceram. Acredito que foram eles
que nos escolheram como mãe e como pai.
Acredito que a nossa vida se transformou num grande rebuliço,
aquilo que tínhamos planeado e
traçado não se poderá ser concre-
tizado, mas trouxe-nos algo mágico
e belo. Um filho sem preconceitos,
sem maldade e com muita vontade
de viver.
Não existem planos a médio
ou até longo prazo, mas sim a curto
prazo para as nossas vidas. Acredi-
tar que amanhã será um dia melhor,
fará com que levemos os dias mais
felizes.”
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terceiro, ele ficou com uma outra professora que a amava! Ela foi uma
professora supercapaz, amorosa e dedicada com o meu filho.
Ao entrar este ano, no primeiro ano do primário, nós tivemos
muitos problemas e exigiram uma nova professora de apoio. Eu encon-
trei sua atual professora, que é muito preparada, tem muito carisma
e paciência. Desde o princípio teve muita química com José Ruben.
Infelizmente, ela
estava buscando outro
trabalho, então um mês
depois que começaram
as aulas, José estava
novamente sem a sua
professora de apoio.
Tivemos então a ajuda
de outra professora,
mas nesta fase havia
muitas queixas de
José Rubén como
problemas de com-
portamento e falta
de interesse.
Em janeiro, re-
gressando das férias
de Natal e Ano Novo, tive mais queixas da diretora e então tivemos
uma reunião com ela. Mostramos o que nos incomodava e eles também,
então decidimos que não estava dando o resultado que esperávamos.
O que aconteceu foi que a professora anterior não havia consegui-
do o emprego anterior e estava desempregada. Quando perguntei se ela
gostaria de regressar com José, logo aceitou e está com ele até hoje.
Além da escola durante a manhã, ele vai a aulas particulares de
terapia física e de linguagens particulares à tarde.
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Faro – Portugal, 2020
Sandra Ximenes
sandrax.s@sapo.pt
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O André, mais velho do que o Hugo seis anos, teve a sorte de ter
outras oportunidades. Na altura dele, havia muito mais apoio nas salas
de aula desde professores, a funcionários e até mesmo psicólogos. Já
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muito educado, mas deixou claro que nosso bebê tinha somente 1%
de chance de sobreviver, ou seja, poderíamos perder nosso bebê a
qualquer momento.
Na época, a gastroquise ainda era uma malformação muito rara.
Poucos bebês sobreviviam. Neste mesmo encontro com o cirurgião
pediátrico fomos informados de que nosso bebê já tinha uma reserva
na UTI do Hospital Nossa Senhora das Graças, pois logo após o parto
de imediato ela deveria passar por uma intervenção cirúrgica.
Minha barriga não cresceu muito em vista da maioria das gesta-
ções de outras mulheres, mas até aí eu não entendia muito bem: ‘Mãe
de primeira viagem, jovem, com poucas informações e sem minha mãe
que com certeza seria meu braço direito naquele momento’, pensava.
Mas fomos fortes até o fim e nos agarramos no um por cento que
nos foi dado. No dia 27/11/2000, após trinta e três semanas de gesta-
ção, às 20:50, pesando 1,445 kg, nasceu nossa filha a quem demos o
nome de Bianca, pequeno como ela.
Depois do parto, nossa filha passou por três procedimentos ci-
rúrgicos, ficou dois meses e meio na UTI e aproximadamente quinze
dias no quarto. Recebeu alta do hospital pesando pouco menos de 2
kg. Claro, recebemos as orientações do cirurgião quanto aos cuidados
que deveríamos ter em casa com ela.
Devido à gastroquise, a Bianca ficou com malformação no intesti-
no, consequentemente evitando que ela pudesse absorver os nutrientes
necessários para poder adquirir o peso ideal que ela deveria ter para
uma alta hospitalar, mas como o próprio cirurgião falou, o risco de
ela pegar uma infecção hospitalar era maior do que ela ser cuidada
em casa.
Ela era tão pequena que cabia na palma da mão. Não pude ama-
mentá-la, pois o período que ela passou na UTI sem poder se alimentar
meu leite acabou secando. Devido a isso, a alimentação dela infeliz-
mente teve que ser leite industrializado. Os primeiros meses foram bem
difíceis, ela chorava bastante, devido ter muitas cólicas intestinais.
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dizagem dela ainda era muito lento e difícil, ela continuou em escola
pública, mesmo sofrendo bullying.
Realizávamos várias reuniões na escola, com a participação dos
profissionais que a acompanhavam, mas não víamos muitos resultados.
A impressão é que a escola não estava apta a atender crianças com
o perfil da Bianca.
Ela seguia frequentando a sala de recursos e a Monaliza sempre
ia à escola para conversar com os professores e saber da evolução
da Bianca em sala de aula. Sim, naquele ano ela foi para a segunda
série. Mas encontrava ainda dificuldades para escrever o nome dela,
ela ainda não sabia escrever, era apenas ‘Binaca ou Biaca’.
No ano seguinte encontrei uma neuropediatra que acredito que
foi Deus quem colocou em nosso caminho. Ela solicitou vários exames
neurológicos e cardiológicos para a Bianca e a diagnosticou com
Dislexia.
Foi onde ela fez um laudo referente às dificuldades de aprendi-
zagem da Bianca e orientando como deveria ser o acompanhamento
escolar dela e como a escola poderia estar a ajudando no seu desen-
volvimento escolar. Levei uma cópia do laudo para cada profissional
que a acompanhava e para a escola.
As diretoras da escola interviram e depois de lerem os laudos,
principalmente o da neuropediatra, resolveram incluir a nossa filha
Bianca na turma na qual as crianças precisavam de uma atenção
educacional diferenciada. Ela iniciou a terceira série e foi onde co-
nhecemos mais um anjo que apareceu na vida da Bianca: a professora
Márcia, uma professora e ser humano incrível. Ela fez toda a diferença
no aprendizado e nos anos escolares seguintes da Bianca.
Tínhamos muitos obstáculos pela frente, mas naqueles anos se-
guintes que se passaram a Bianca ia para a escola feliz, porque se
dava bem com a professora e seus colegas, acredito que era porque
eles tinham as mesmas dificuldades e de alguma forma conseguiam se
entender. A ajuda de uma professora especializada em dificuldades de
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dela entre os aprovados, ela ficou sem reação, não sabia o que fazer.
Filmei o momento, ela chorou de alegria, pulava, sem palavras para
aquele momento. Falei que ela nunca deveria desistir, porque como
sempre falei e falo para ela, a nota não faz o aluno, mas sim o aluno
faz os seus conhecimentos.
Mesmo ela tendo conquistado seu objetivo, depois de alguns
problemas familiares que tivemos, percebi que ela estava depressiva
e com crises de ansiedade. Voltei com os atendimentos com uma nova
neurologista, à qual levei todos os laudos anteriores de todos os outros
profissionais que já haviam a acompanhado para não começarmos do
zero novamente e ela nos solicitou novamente vários exames e fez um
novo diagnóstico para a Bianca. Agora recebemos o de déficit cogni-
tivo, que abrange todas as áreas de aprendizagem. A neurologista nos
indicou iniciar o atendimento com uma neuropsicóloga. Ela iniciou
com medicação para a ansiedade.
Surpreendi-me muito com a Bianca no primeiro ano de Formação
de Docentes. Ela foi muito bem, mostrou uma maturidade que não ima-
ginei da parte dela, mas não foi um ano fácil porque, não se enganem,
não é porque agora ela fazia parte de uma turma de alunos que estavam
estudando para serem professores que ela não iria sofrer novamente
bullying. Sim, por várias vezes fui buscá-la na escola e, quando ela me
via, já vinha na minha direção desabando de tanto chorar. Chorava de
soluçar. A dor que eu sentia e ainda sinto é inexplicável, mas a Bianca,
depois de se acalmar me falava: ‘Mãe, se minhas próprias colegas
de turma não entendem a dificuldade que eu tenho de aprendizagem,
principalmente o quão difícil é para eu apresentar um trabalho oral
na frente de todos, como elas vão ensinar as crianças?’
Mas acredito que o primeiro ano do segundo grau superou as
próprias expectativas dela, ela foi muito bem. Os professores a elogiam
muito, ela tem aulas práticas onde ela se identificou muito bem com o
atendimento das crianças, foi muito elogiada pelos profissionais que
a acompanharam nos estágios e não falta às aulas, é muito dedicada.
Ela tem dificuldades em todas as matérias, mas em específico
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Transcrição da entrevista de Miriane Lima
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mirianemello@hotmail.com
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Transcrição da entrevista de Filomena Silva por Monaliza
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Filomena Silva
f.afonso.silva@gmail.com
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a estas duas disciplinas, se reprova, eu não quis que ela fosse à se-
gunda fase de exames e pedi que reprovasse, com a opinião favorável
da psicóloga da escola e da professora de apoio, contra a instituição
escola que não quer reprovações.
Ficou mais um ano, quase sem apoios, pois os alunos como a
Laura com algumas dificuldades, mas que conseguem acompanhar o
percurso do regular cada vez têm menos apoios, por falta de recursos
humanos.
Conseguiu ser aprovada, com apoio das novas professoras de
português e matemática e de volta à explicadora de matemática inicial
que é paga por mim.
Está agora no décimo ano, num curso profissional de desporto e
vai conseguindo, uns dias mais esforçada e outros menos.
A Laura nunca precisou de terapia da fala ou ocupacional, teve
sim ao longo dos últimos anos algum apoio de Psicologia, porque quis
e sentia que lhe fazia bem, tanto na escola como no particular. Mantém
a explicação à matemática.
Tem amigos, adaptou-se bem à nova escola. O ano que ficou retida
fez-lhe bem, cresceu, amadureceu e deixou de recear aquela grande
mudança. Não foi de todo um ano perdido, mas sim um ano ganho em
aprendizagens e maturidade.
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o que foi solicitado, por vezes temos de explicar de novo, com a exci-
tação de fazer algo se confunde. Mas só se for algo fora do comum.
Dificuldades de atenção, ele é muito atento, especialmente quando
pensamos que está no mundo dele. Mas tem dificuldade em concentrar-
se em tarefas mais longas e mais específicas, quando não o conseguem
cativar para elas.
Em algumas situações apresenta deficiências persistentes na co-
municação e interação social, com limitação na reciprocidade social
e emocional, por vezes quando encontra pessoas que conhece ou de
quem gosta muito, fora do contexto habitual tem dificuldade em inte-
ragir e foge da situação.
Apresenta limitação em iniciar, manter e entender relacionamen-
tos, variando de dificuldades com adaptação de comportamento para se
ajustar às diversas situações sociais e insistência nas mesmas coisas,
não é inflexível com rotinas, se lhe explicarmos e o prepararmos para
a mudança de rotina ele aceita e entende. Por exemplo, o escape nes-
ta quarentena, que já vai em mais de dois meses, são as caminhadas
pelas ruas e caminhos nas aldeias e matas. No fim do meu trabalho é
um escape para ele e para todos nós, mas por vezes está de chuva, eu
estou cansada ou tenho outras tarefas importantes, eu explico e ele
aceita e entende.
Já foi muito sensível aos sons, especialmente nas festas das cida-
des aldeias, os foguetes, o fogo de artifício, os concertos com colunas
de som fortes, a música dos carrosséis. Conseguiu superar isso por
gostar muito de música, de andar de carrossel e de querer ver a beleza
do fogo de artifício ao vivo.
Ele foi para a ama com quatro meses, eu estava receosa, mas co-
nhecia bem, pois, era minha vizinha e ele adaptou-se bem. Demonstrou
ser uma criança de difícil adaptação a adultos, sendo a ama o único
adulto em casa que ele aceitava, o marido da ama ajudava muito, mas
nunca conseguiu ficar sozinho com o Alexandre num espaço, a tomar
conta dele, ele só queria a ama.
A ama era conhecida e não havia vaga na creche. Depois, quando
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O processo de mediação da aprendizagem na inclusão
– CEI, era feito com base na potenciação das suas capacidades a fim
de que ele tentasse superar as suas dificuldades. Os recursos nunca
foram o suficiente nem humanos e nem os materiais, posso afirmar
que nunca são, mas sempre houve esforço por parte de todos os pro-
fissionais de fazer o seu melhor, pelo melhor dos alunos.
A reação dos pais em relação ao seu filho no primeiro ano, não
foi muito boa. Recearam que os seus filhos fossem prejudicados na
aprendizagem por haver crianças com Necessidades Educativas Es-
peciais na sala. A professora e os alunos encarregaram-se de incluir
o Alexandre e uma amiga o que fez os pais perceberem que todos se
beneficiam da inclusão.
Teve bons professores de apoio na escola primária. Excetuando
um que não tinha vocação para ser professor de apoio, muito menos
do Ensino Especial, não tinha a melhor abordagem para cativar os
alunos e conseguir trabalhar com eles, nunca tendo conseguido en-
tender o Alexandre e perceber a melhor forma de trabalhar com ele.
Nessa época havia professores que iam dar apoio e ensino especial,
sem terem a formação devida, apenas porque não tinham vaga na área
deles, este era professor de educação física.
A partir do quarto ano, todos os professores tiveram de escolher
que vertente deveria seguir: Ensino Especial ou Regular. A partir daqui
o Alexandre teve sempre professores do ensino especial, vocacionados,
esforçados e muito dedicados com currículo específico individual.
As aprendizagens mais importantes que ele fez na escola, a socia-
lização acho que foi a mais importante. Sabe ler e escrever um pouco,
mas não sente necessidade de aprender, então nunca se esforçou. Na
escola cresceu, superou medos, fez amigos entre os alunos, professores,
técnicos e participou sempre de inúmeras atividades como: acampar
uma semana inteira fora da nossa cidade. Sempre foi acarinhado e
bem recebido em todas as atividades.
É um jovem adulto feliz e bem integrado graças a todas as pessoas
fantásticas que o ajudaram no seu percurso escolar e atividades de
tempos livres. A dedicação de pessoas maravilhosas, que o ajudaram,
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Monaliza Ehlke Ozorio Haddad
2015
Felgueiras – Portugal, 2015.
Transcrição da entrevista de Sylvie Cunha por Monaliza Haddad
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O processo de mediação da aprendizagem na inclusão
frágil tivessem acesso às terapias que às vezes são cortadas, isso para
o desenvolvimento deles seria o ideal. Mais apoio para o cotidiano e se
calhar deveria existir desde já uma oficina pelo menos para aprender
um trabalho, para ensinar uma profissão.
Ele associa os vizinhos quando recebem as cartas do correio, ele
vê a carta e já sabe de quem é, tem uma excelente memória fotográfica.
Quando as pessoas olham para ele não percebem as caracterís-
ticas da SXF. A minha maior preocupação é que mais tarde eu falte e
ele não tenha mais ninguém.
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Monaliza Ehlke Ozorio Haddad
2020
Felgueiras – Portugal, 2020
Sylvie Teixeira da Cunha
sylviecunha31@hotmail.com
“O Diogo continua
na escola até 2021, com
o Ensino Especial e está
inserido em uma turma
de Ensino Regular. Con-
ta com o apoio do Ensi-
no Especial e desporto
adaptado, assim como
um currículo adaptado
às suas capacidades.
Hoje ele está com vinte
e um anos e é um menino
feliz.”
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O processo de mediação da aprendizagem na inclusão
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Monaliza Ehlke Ozorio Haddad
Família
Equipe
multidisciplinar Terapia
Escola
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2015
Almada – Portugal, 2015
Transcrição da entrevista de Ana Godinho por Monaliza Ha-
ddad
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toda a gente, não por ser diferente, todos o ajudam. Aqui as pessoas já
me conhecem do tempo do meu filho mais velho, que andou na mesma
escola, então temos um bom vínculo com a instituição escolar.
A professora Carmem trabalhava em conjunto com a Terapia
Ocupacional e com a Terapeuta da Fala, as pessoas sempre fizeram
o melhor possível. Um exemplo disso é o trabalho realizado pela pro-
fessora Carmem, que está sempre agindo com o coração e faz tudo
mesmo que é possível, posso até dizer que foi o diferencial na sua vida.
Nas questões cognitivas, Afonso nesta fase vem apresentando al-
gumas dificuldades na psicomotricidade fina e algumas outras questões
da aprendizagem fazem com que o resto das coisas não esteja ainda
como deveria estar de acordo com a sua idade.
Aos oito anos já fazia o nome dele, usava com letra de máquina,
mas a forma do desenho do corpo humano ainda era com pernas,
braços às vezes, e umas bolinhas.
Embaralhava-se nas letras e com os números também. Relaciona-
va letras com o nome dos bolos, faz muito com os bolos. Ele se interes-
sou e vamos por aí, é a forma que eu como mãe comecei a estimular.
Uma das características de Afonso é que adora música, o barulho
não o incomoda. Antes de dois anos, tinha um cubo e ficava horas re-
petindo o mesmo movimento, só fazia aquilo, não tinha interesse por
nada, só fazia aquilo. Hoje gosta de várias coisas musicais.
Quanto à alimentação, come de tudo, fez uso de medicação contí-
nua de Rubifen, onde o medicamento inicialmente deixou-o um pouco
apático e apresentou perda de apetite. Por duas semanas ficou mais
parado, depois tudo normalizou. Aos oito anos fazia uso de um compri-
mido, este tinha o efeito de duração de quatro horas, mas fizemos uma
reunião entre escola e a família e achamos que não precisava mudar a
medicação. Chegamos à conclusão também de que o período da manhã
era, naquele momento, o mais importante para o seu aprendizado e
que no início do ano letivo seguinte iríamos fazer uma nova avaliação
para ver se precisava alterar. Segundo a médica, a medicação deveria
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Monaliza Ehlke Ozorio Haddad
2020
Almada – Portugal, 2020
Ana Godinho
godinhoanaazinheira@gmail.com
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Monaliza Ehlke Ozorio Haddad
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Alfabetização
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Monaliza Ehlke Ozorio Haddad
Alimentação
Autonomia
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Escrita
Formas
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Interesses
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Sistema monetário
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Texturas
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2015
Almada – Portugal, 2015
Transcrição da entrevista de Cármen Rosa Ramos por Mona-
liza Haddad
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formação específica sobre a SXF. Penso que eu mesma terei que ensinar
aos participantes algumas coisas sobre a Síndrome do X Frágil.
Trabalhamos com os funcionários da escola sobre a necessidade
de auxiliarem em alguns aspectos que precisar em relação a sua au-
tonomia. Neste processo, com algumas funcionárias ele se adaptava
bem e com outras não, várias vezes eu tive que deixar a turma um
pouco para auxiliar Afonso na casa de banho e em outras situações
precisei contar com a ajuda dos colegas de turma, o que foi sempre
muito positivo e o vínculo entre os colegas sempre foi bom.
Quando chegava na sala ele queria usar os manuais igual aos
outros, mas encontrava algumas dificuldades para seguir as sequências
para achar as páginas dos manuais. Precisei fazer com ele outras coisas,
ou seja, adaptar. Muitas coisas ele acompanhou os colegas de turma,
mas em alguns momentos ele precisava repetir sempre até conseguir.
Eu não podia fazer sempre fotocópias, eu como fui criativa e
comecei inventar outras estratégias para a aprendizagem dele, então
comecei a usar pranchas e trabalhei relacionando os números com a
quantidade e o trabalho de grafema a fonema.
Ocasionalmente, ele conseguia fazer o nome com a prancha, pois
para escrever trocava algumas letras e naquele momento não conseguia
traçar letras graficamente corretas.
Ele se sentava sempre ao meu lado, mas percebia que faltavam
ainda alguns dos conceitos da Educação Infantil, geralmente ele en-
contrava dificuldades para fazer as associações.
Ele necessitava de adaptações curriculares durante o seu per-
curso escolar e eu sempre fiz as adaptações necessárias. Eu, como
professora, e a terapeuta ocupacional trabalhávamos juntas, fazíamos
atividades para ajudá-lo, principalmente para ele ter força nos dedos,
com o uso de letras.
Estas são algumas atividades que foram desenvolvidas com
Afonso, com os objetivos e as explicações sobre o desenvolvimento
dos mesmos.
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“Fios de contas”
Foi realizada em sala de aula, com toda a turma para trabalhar o
conceito de números pares. Os objetivos desta atividade é o de realizar
enfiamentos de dois em dois. Esta atividade desenvolve a destreza
manual, a atenção e a compreensão.
O Afonso apresentava muita dificuldade na preensão tríade e
destreza manual. Neste momento já realiza bem os enfiamentos, mas
revelava muita dificuldade em agrupar de “dois em dois” porque dis-
persa muito a sua atenção.
Foi pedido ao Afonso para enfiar duas contas de bolas verdes e
duas bolas amarelas de dois em dois até ao fim do fio.
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O processo de mediação da aprendizagem na inclusão
“Contar os bolos/queques”
Nesta atividade o objetivo era realizar contagens, havendo cinco
velas, não cobre os queques, pode-se questionar se as velas chegam e
quantas velas faltam.
Quantos bolos/queques estão na imagem?
Colocar as velas de contagem em cima dos queques?
As velas chegam para todos os bolos/queques?
Quantas velas faltam?
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“Formas geométricas”
Nesta atividade podem-se trabalhar as cores e as formas. Tam-
bém desenvolve a orientação espacial porque o aluno tem que colocar
o triângulo em cima da imagem de forma correta. Esta prancha foi
construída pela terapeuta da fala com o objetivo de identificar formas
geométricas.
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O processo de mediação da aprendizagem na inclusão
“Caminhos”
Com esta atividade, trabalham-se os itinerários em grelhas quadri-
culadas. Ajuda na atenção, decodificação e representação de itinerários,
pois, o objetivo era situar-se e situar objetos no espaço. Trabalhando
os conceitos: esquerda e direita.
Este material é constituído por um tabuleiro (prancha), cujas
quadrículas estão delineadas com velcro; setas amovíveis com velcro
na parte de trás; códigos de percursos e imagens para dar sentido aos
percursos.
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Monaliza Ehlke Ozorio Haddad
“Massa viscosa”
Afonso está trabalhando com a massa viscosa para desenvolver a
coordenação motora fina.
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O processo de mediação da aprendizagem na inclusão
mais eficiente.
Os pontos positivos referentes à inclusão eu aprendi muito com
o aluno e com a família. Na vida já deparei com pessoas maiores de
idade que não têm o esforço que o Afonso tem, chego a me emocionar
sobre o esforço dele.
Os pontos negativos referentes à inclusão, para mim, como profes-
sora, é que o trabalho da Educação Infantil precisa ser intenso, como
considero que com o Afonso foi, sendo necessário ter uma pessoa para
auxiliar dentro da sala de aula para trabalhar os conceitos básicos,
que considero fundamental.”
A professora Cármen Rosa não perdeu o vínculo com Afonso e
em 2020 nos fala como relembra das ações que realizou em 2015 e
que acompanha o desenvolvimento de seu aluno até os dias de hoje.
A professora Cármen Rosa e sua contribuição incansável. Temos a
certeza de que esta profissional fez a diferença na vida dos seus alunos
e, principalmente, na do Afonso!
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2020
Almada – Portugal, 2020
Cármen Rosa Ramos
Licenciatura 1º Ciclo do Ensino Básico
carmenrosa65@gmail.com
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“O trabalho multidisciplinar
foi apaziguador de algumas
inseguranças e gradualmente
os receios iniciais foram sendo
substituídos por motivações”
Paula Leão
2020
Almada - Portugal, 2020.
Paula Leão
e-mail: paula.leao@esfsimoes.edu.pt
Docente de Educação Especial, Coordenadora da EMAEI e
Coordenadora do Grupo de Educação Especial do Agrupa-
mento de Escolas Francisco Simões.
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Conclusão
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Referências Bibliográficas
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Contatos da Autora
Monaliza Haddad
CEO IAD - Instituto Aprendizagem e Desenvolvimento
Doutora em Educação e Psicopedagoga
monalizahaddad@gmail.com
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Patrocínio
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