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Aula - Modelo Modal

O modelo modal foi uma das últimas modificações mais significativas do modelo
beckiano. Este modelo sugere uma maior interatividade entre os sistemas
psicológicos (pensamento, emoção e comportamento).

Este modelo, apesar de novo, já é muito falado pelos profissionais mais atualizados
que trabalham com TCC. Sabe-se que não se usa mais a linearidade
"pensamento-emoção-comportamento" de modo rígido, mas flexível. De modo que
comportamentos também são capazes de gerar pensamentos, bem como emoções
geram pensamentos etc.

Aaron Beck, portanto, através de uma revisão teórica de seus modelos explicativos
anteriores, afirma que seu primeiro modelo esquemático linear (proposto em 1967),
apesar de amplamente confirmado por estudos experimentais e clínicos, apresenta
deficiências na explicação de algumas questões teóricas cruciais. Este fato revela
uma incompletude da teoria e incapacidade de explicar certos fenômenos
psicológicos (sobretudo no que tange a personalidade humana).

Como consequência dessa percepção de Aaron Beck, em 2005, ele apresenta um


aprimoramento de sua própria teoria, elaborado para complementar (complementar
≠ de substituir) o modelo esquemático linear. Essa reestruturação passa pela
implementação do conceito de MODOS.

Cientes de que o modelo modal emerge da Terapia Cognitiva para os Transtornos


de Personalidade, precisamos ter claro o conceito de personalidade para a TCC:
trata-se de uma organização relativamente estável composta por esquemas e
modos. Partindo desse pressuposto, podemos definir os modos como setores
integrados da personalidade que incorporam os componentes relevantes dos
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sistemas básicos da personalidade (cognição, emoção, comportamento e


motivação).

Podemos ainda dizer que cada um desses sistemas é constituído de


estruturas/esquemas. Dessa forma, teríamos, por exemplo, um sistema cognitivo
composto por esquemas cognitivos. Em outras palavras, também podemos dizer
que, para Aaron Beck, esquemas são um conjunto de crenças.

Por fim, podemos entender que Beck pressupõe que cada um dos sistemas que
participam de um 'modo' têm uma função individual específica, mas que eles
operam em sincronia para implementar uma estratégia coordenada e direcionada
para um objetivo específico.

É válido ressaltar que diferentes tipos de esquemas possuem diferentes funções.


Por exemplo: esquemas cognitivos dizem respeito à abstração, interpretação e
recordação. Esquemas afetivos, responsáveis pela geração de sentimentos.
Esquemas motivacionais são aqueles que lidam com os desejos e anseios. Já os
esquemas de controle estão envolvidos no automonitoramento, inibição e
direcionamento das ações.

Quando a psicopatologia/transtorno entra em remissão, as interpretações e crenças


disfuncionais características se tornam menos aparentes (ou, desaparecem). Dessa
forma, podemos dizer que o modelo modal propõe explicar como se dá o
funcionamento dos 'modos', ou seja, como cada um dos sistemas atua no
processamento das informações (ainda que eles atuem sincronamente).

Conforme a imagem abaixo, pode-se perceber a forte sincronia entre os esquemas:


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Outra questão muito interessante quanto ao modelo modal é a presença do sistema


fisiológico como integrante do modo. Esse sistema se refere aos sistemas
periféricos, como o sistema nervoso autônomo, motor e sensorial. Esse sistema
está fortemente ligado e articulado com sistema cognitivo e emocional, pois quando
surgem emoções, o sistema fisiológico tende a disparar reações.

"A partir de uma perspectiva neuroquímica, os modos podem ser vistos como um
conjunto de padrões de redes neurais, até o momento não definidas. A ativação do
fenômeno psicológico e dos substratos neurais ocorre como um processo unitário,
no qual os aspectos psicológicos e neural simplesmente representam diferentes
perspectivas do mesmo fenômeno." (Beck, A. T., 2005b, p. 36).

Contrabalanceando os sistemas de controle e motivacional, por sua vez, teríamos o


primeiro como responsável pelos desejos, metas e valores mais reflexivos (menos
automáticos) e o segundo abarcando processos mais automáticos. O sistema de
controle, portanto, teria a função de avaliar os produtos do processamento cognitivo
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primitivo (menos automáticos, autocríticas, culpa etc) através da aplicação de um


pensamento mais adaptativo, flexível e maduro. Este fenômeno chamamos de
"metacognição".

A formação e ativação dos modos, de acordo com a proposta do modelo atual, irão
depender da interação entre os protoesquemas (que são predisposições genéticas)
e a experiência. Estes protoesquemas geram, por sua vez, esquemas diferenciados.
O esquema que estiver mais relacionado à ativação dos modos será chamado
Esquema Orientativo.

Essa teoria de Beck possui o mérito de ser pioneira na utilização do conceito de


esquemas como sendo o centro de seu modelo explicativo, além de apresentar
grande contribuição para as teorias da personalidade e utilidade também para a
área clínica.

Ainda relacionado ao tema da personalidade, podemos dizer que seu papel seria a
adaptação e, portanto, a função do modo seria modificar automaticamente a
adaptação de uma pessoa a um contexto específico. Dessa forma, o modo tentaria
criar um ajuste entre os desejos, necessidades e impulsos internos de um indivíduo
com as demandas externas da situação de estímulo.

Pode se ter como objetivo terapêutico ativar os modos adaptativos dos indivíduos,
facilitando sua participação em atividades agradáveis e significativas. A seleção de
uma atividade individualizada e significativa é baseada em uma discussão
colaborativa sobre os interesses dos indivíduos, habilidades e valores.

Esse processo perpassa por conseguir lidar com desafios, frustrações e decepções
durante o processo do tratamento. As etapas do recuo e resiliência, em termos da
teoria de modos, são apresentadas da seguinte forma: os reveses são
representados pela exacerbação dos sintomas do indivíduo e uma regressão parcial
ao modo mal-adaptativo. A resiliência, por sua vez, é representada como uma
ativação contínua do modo adaptativo, apesar dos desafios e retornos ao modo
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adaptativo após um retrocesso ou recaída.

Após o trabalho bem-sucedido utilizando a teoria dos modos como estrutura com
indivíduos diagnosticados com esquizofrenia, outro interesse foi determinar se os
princípios da teoria dos modos aplicados a populações não-psicóticas. De fato,
descobriu-se que há uma grande variedade de distúrbios para os quais o conceito
de modos é aplicável, como em casos de ansiedade e depressão, por exemplo.

Quando o pensar adaptável é construído, o indivíduo se torna consciente dos


elementos irracionais ou disfuncionais de algum determinado modo desadaptativo
que possui. Essa conscientização, ou insight cognitivo, é fundamental para que
novas perspectivas sejam adquiridas, a distanciar-se do modo desadaptativo e
assumindo novas informações, a partir de um contexto mais amplo.

Por fim, é válido ressaltar que, apesar da eficácia dessas intervenções para muitos
indivíduos, elas não costumam ser suficientes para indivíduos em quadros crônicos de
aflição por distúrbios mentais. Nesses casos, o mais indicado seria a aplicação da
CT-R.

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