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PSICOEDUCAÇÃO
Do Livro, Psicoterapias, Coordenação Isabel Leal, Pactor, 2018, 1º edição, Lisboa, Capitulo 8, Isabel
de Sá / Telmo Mourinho Baptista Terapias cognitivo-comportamentais
De forma geral, as TCC podem organizar-se em três grandes classes, segundo os diferentes objetivos
de mudança:
A reestruturação cognitiva;
O treino de competências de confronto;
O treino de resolução de problemas (Dobson & Dozois, 2010);
No que respeita, á reestruturação cognitiva surge de Aaron Beck e Albert Ellis, autores que
inicialmente estavam envoltos em natureza psicodinâmica, desenvolveram variantes da terapia
cognitiva que enfatizam a reestruturação cognitiva e a necessidade de analisar e potenciar a
mudança de crenças mais persistentes ou esquemas.
O modelo cognitivo presente nos seus trabalhos parte de duas ideias principais intimamente
relacionadas: a modulação cognitiva das emoções e comportamentos, conhecida como modelo ABC,
pressupondo que os antecedentes situacionais são modulados por crenças que levam a
determinadas consequências emocionais e comportamentais; e a natureza construtivista do
significado, ou seja, a noção de que as pessoas dotam as situações de significado próprio,
estruturando a realidade de forma ativa.
A Terapia racional emotiva comportamental (TREC) desenvolvida com base num trabalho
revolucionário de Ellis, em 1955, constitui o primeiro formato de psicoterapia cognitivo-
comportamental. O modelo ABC de Ellis defende que qualquer experiência ou acontecimento (A)
ativa crenças da pessoa (B) que, por sua vez, geram consequências (C) emocionais, comportamentais
e fisiológicas. A TREC tem como objetivo estabelecer atitudes, face a si e ao mundo, adequadas, que
incluiriam a aceitação de incerteza, a flexibilidade e a tolerância à frustração, traduzindo-se numa
filosofia racional de vida ( Ellis & Harper, 1961).
Beck explica os processos psicológicos da depressão, procurando comprovar empiricamente as
teorias psicanalistas de que esta perturbação resulta de uma hostilidade reprimida, voltado contra o
próprio. Segundo, o mesmo, os sujeitos depressivos, partilham, invariavelmente, uma carga de
pensamentos negativos que produz uma leitura irrealista e desadaptada da realidade, reforçando o
seu sofrimento. Beck observava também que estes pensamentos depressivos são experimentados
pelos sujeitos como respostas automáticas, involuntárias e, influenciado pelo conceito de
processamento automático de informação.
Segundo a teoria da terapia cognitiva (Beck, 1976; 2005; Beck & Haigh, 2014), os esquemas ou
modos formam-se desde a infância, a partir do modo como o individuo conhece e interpreta os
eventos fundamentais da sua experiência. Estes esquemas constituirão redes integradas que incluem
componentes cognitivos, afetivos, motivacionais e comportamentais, desenvolvidos inicialmente
como estratégias ou crenças protetoras, em resposta a experiência de vida traumáticas ou a
situações limite.
De forma geral, cada individuo desenvolve uma teoria acerca de si mesmo e do mundo, baseada num
conjunto de significados construídos, que lhe permite ordenar, assimilar, prever e modificar o mundo
(Beck & Haigh, 2014). O individuo constrói, assim, representações da realidade objetiva,
organizando-as de forma muito pessoal nos seus esquemas. Perante um estímulo que se encontra
associado a uma determinada experiência, um esquema irá influenciar a recuperação da informação
armazenada que resultara num padrão automático de ativação do sistema de seleção, codificação,
categorização e interpretação, e que terá manifestações emocionais, fisiológicas, comportamentais e
cognitivas.
Segundo Beck, embora fenómenos como pensamentos, sentimentos e desejos possam surgir de
forma breve na nossa consciência, as estruturas adjacentes responsáveis por estas experiências,
embora não conscientes, são relativamente estáveis e duráveis.
O modelo de Beck introduz a hipóteses da especificidade do conteúdo, onde defende que as várias
perturbações psicológicas se diferenciam pelo conteúdo cognitivo dos seus esquemas e pelas
distorções especificas no processamento da informação, sendo possível identificar perfis cognitivos
específicos. Estes esquemas disfuncionais podem ser modificados em respostas a novas informações
consideradas relevantes, eficazes e convincentes (tal como as intervenções terapêuticas), e uma vez
transformados desativam os anteriores, resultando numa redução dos sintomas.
BASES TEORICAS
As TCC enfatizam o papel central dos processos cognitivos e acontecimentos privados como
mediadores da mudança comportamental, o que pode ser traduzido em três pressupostos básicos:
Nas perspetivas atuais das TCC, as cognições e moções são vistas como dois lados da mesma moeda,
em que as emoções e os processos interpessoais afetam as cognições, tal como as cognições afetam
os processos emocionais e interpessoais (
ENFERMAGEM
“Atualmente a NIC representa uma das mais avançadas propostas em termos de pesquisas sobre
intervenções de enfermagem, apresentadas em uma estrutura taxonômica validada e codificada de
433 intervenções voltadas para os diagnósticos de enfermagem da NANDA (McCLOSKEY; BULECHEK,
1996). Estas 433 intervenções de enfermagem estão localizadas em 27 classes e 6 domínios:
fisiológico básico, fisiológico complexo, comportamental, segurança, família, sistema de saúde. Cada
intervenção é composta por um nível, uma definição e uma base de atividades que a enfermeira faz
para executar a intervenção (McCLOSKEY; BULECHEK, 1996).” GUIMARÃES, HCQCP; BARROS ALBL de.
Classificação das intervenções enfermagem. Rev Esc Enf USP. São Paulo, v. 35, n. 2, p. 130-4, jun,
2001.
A Psicoeducação teve seu início em 1970, surgindo como um modelo que envolve o
paradigma da complexidade da espécie humana, nesse caso, ela envolve distintas
disciplinas e teorias que podem ser inter-relacionadas para compreender e aplicar suas
técnicas frente ao adoecimento do indivíduo (Wood et al., 1999). No entanto, a ressalva
dos autores é que esse modelo, o qual pretende englobar as diferentes dimensões do
humano, não pode ser aplicado de qualquer maneira, ou seja, deve haver um método
sistemático com aplicação de testes e de técnicas específicas para averiguar qual é o
procedimento psicoeducativo que possibilita resultados positivos. Isso justifica o
desenvolvimento de projetos e de pesquisas acerca da psicoeducação desde seu
surgimento até hoje, onde buscam explorar as evidências de sua eficácia como técnica
psicoterapêutica.
Wood et al. (1999) sugerem separar o termo, a parte psico se refere ao âmbito das
teorias e técnicas psicológicas existentes; a educação, por sua vez, está relacionada à
área pedagógica a qual envolve o processo de ensino-aprendizagem. Nesse caso, a
psicoeducação engloba o desenvolvimento social, emocional e comportamental do
sujeito, sendo que o profissional atua como um agente de mudanças, fornecendo
assistências às habilidades adquiridas e propiciando práticas que tenham embasamento
científico ao paciente. Sendo assim, existe a psicoeducação psicodinâmica voltada mais
para os aspectos afetivos e conflitivos do sujeito, a psicoeducação comportamental a
qual enfoca as mudanças comportamentais utilizando a observação do comportamento e
desenvolvendo um programa de reforço ou positivo ou negativo, a psicoeducação
sociológica a qual tem como proposta envolver um grupo propiciando a ele a
conscientização de seus comportamentos, ideologias e valores sociais, a psicoeducação
cognitivo-afetiva que engloba a relação recíproca entre o aspecto afetivo e cognitivo,
a psicoeducação ecológica e a psicoeducação do desenvolvimento (Wood et al., 1999).
Por fim, há uma pesquisa que teve como objetivo investigar se a psicoeducação promove
insight em pacientes com esquizofrenia (Ruzanna, Marhani, Parveen, & Cheah, 2010). Os
autores obtiveram a confirmação de diagnóstico de esquizofrenia a partir da Mini
International Neuropsychiatric Interview (MINI) em 70 pacientes, então, avaliaram-nos
utilizando a Schedule for the Assessment of Insight (SAI), que consiste em uma escala
que investiga a capacidade de insight, antes do programa de psicoeducação. A partir da
intervenção psicoeducacional, os autores aplicaram a SAI e obtiveram, como resultado,
quase o dobro da capacidade de insight (3,40 para 6,34). Portanto, foi possível verificar,
a partir dos dados da SAI, que a psicoeducação é uma técnica que possui eficácia para
pacientes com diagnóstico de esquizofrenia.