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Emídio Lemos da Cunha

ENFERMAGEM EM ORTOPEDIA

PORTO – 2007

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BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Prefácio
O tempo que medeia entre o lançamento do manual de minha autoria sobre Execução
de Aparelhos gessados e Ligaduras de Imobilização – Lusociência em 2005, e este manual é
de facto muito curto.
O que me levou a elaborar este novo manual, foi a sensação com que fiquei ao reler o
anterior, conjugada com as opiniões expressas verbalmente por colegas já profissionais e
sobretudo por alunos de enfermagem com quem contacto frequentemente, é a de sentir que
faz falta falar dos cuidados de enfermagem em ortopedia de uma forma um pouco mais
aprofundada versando muitos outros aspectos que complementassem os assuntos descritos.
Foi nessa linha de pensamento que resolvi agora desenvolver um pouco mais os
cuidados de ENFERMAGEM em ORTOPEDIA, embora não aprofundadamente, para não
se tornar saturante, mas dirigido a cada caso específico de uma forma concisa e o mais
possível esclarecedora.
Este trabalho não é, nem eu pretendo que seja um trabalho acabado, mas muito pelo
contrário o início de um interesse e motivação dos enfermeiros para a crítica, a pesquisa, e o
aperfeiçoamento do saber-saber e do saber-fazer em enfermagem
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

OBJECTIVO
Este manual tem como principal objectivo, servir como base de apoio aos enfermeiros
que trabalham ou se interessam pela área de ortopedia e numa continuidade do trabalho que
publiquei sobre Execução de Aparelhos Gessados e Ligaduras de Imobilização em 2005.
Surge também como uma tentativa de dar algumas respostas a dúvidas e interesse dos
alunos de enfermagem, que pude constatar que existe, depois de estar como colaborador no
ensino de enfermagem no Instituto Piaget de Vila Nova de Gaia.
O sentimento expresso por todos os alunos das várias escolas de enfermagem com
quem tenho contactado na minha actividade de Supervisão Clínica de Enfermagem, é de que
existe de facto uma lacuna no ensino, fruto da pouca importância dada pelas escolas a esta
área dos conhecimentos em ortopedia, principalmente nas técnicas de execução dos vários
cuidados de enfermagem, provavelmente por não lhe reconhecer valorização profissional,
mas que criam aos alunos, algum constrangimento a quando dos eus estágios nos respectivos
serviços de ortopedia.
Procurarei da forma mais clara e precisa, que a arte, o engenho e o saber me
permitirem, expor os meus conhecimentos adquiridos ao longo da minha vida profissional
nesta área, conjugados e enriquecidos com vasta bibliografia que pesquisei e que procurarei
adaptar a cada situação para melhor orientação em cada caso ou necessidade.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Emídio Lemos da Cunha

ENFERMAGEM EM ORTOPEDIA

PORTO - 2007
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

1 INTRODUÇÃO

O saber-saber, é o resultado acumulado de pequenos saberes, entre os quais está o


saber-fazer, pertença só de alguns, na realização de uma tarefa específica. Na enfermagem
também se aplicam estes princípios que sempre foram parte integrante da sua evolução.
Foi e é com a participação e disponibilidade de todos e de cada um dos enfermeiros,
que os diversos saberes são cada vez mais consistentes e fundamentados na procura de servir
o doente cada vez melhor.
Procuro que este livro seja um instrumento de trabalho, no qual possam estar descritos
numa linguagem acessível à maioria dos enfermeiros, os tratamentos efectuados na
especialidade de ortopedia.
O propósito desta organização do manual, foi descrever tanto quanto possível, os passos
a dar para cada um dos tratamentos aqui expostos, por forma a que qualquer estudante de
enfermagem ou profissional menos familiarizado com esta especialidade, possa numa breve
leitura saber proceder em conformidade com as regras consideradas indispensáveis para um
bom trabalho e um óptimo resultado.
Serve também para que a realização dos tratamentos sejam uniformes,
independentemente do local ou do profissional que os executa. Este facto cria no doente a
confiança indispensável tanto na instituição como no profissional que o trata, colaborando
melhor, o que favorece consideravelmente a sua recuperação e num mais curto espaço de
tempo.
Não querendo e não sendo o objectivo deste trabalho, fazer uma descrição exaustiva da
anatomia e fisiologia humanas, (para isso existem tratados de muita qualidade de autores
diversos), entendo que não é possível falar-se de tratamentos em ortopedia sem os
referenciar, embora de uma forma superficial.
Acontece também que durante a descrição de vários tratamentos ou cuidados de
enfermagem, aparece repetitivamente a técnica de execução e o material que deve ser opção
para cada caso.
Devo esclarecer desde já que esta repetição é propositada, porque embora possam haver
aspectos comuns em cada tratamento, todos eles são diferentes em pormenores de execução
e nos objectivos.
O trabalho será organizado e descrito em quinze (15) partes, mas de forma integrada e
sequencial no seu conteúdo, de modo a facilitar a procura ou a pesquisa de qualquer um dos
assuntos aqui descritos. Assim será feita uma descrição sobre:
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

CAPITULO I - Breve nota da história da Enfermagem


CAPITULO II – Enfermagem em ortopedia
CAPITULO III - O sistema músculo-esquelético, tendões e articulações mais
importantes e que têm ou possam ter influência nas diversas lesões
CAPITULO IV - O sistema nervoso, que tem ou possa ter importância fundamental na
mobilidade e sensibilidade.
CAPITULO V - O sistema ósseo, que é de facto a parte fundamental dos cuidados de
enfermagem em ortopedia.
CAPITULO VI – Cuidados de enfermagem de traumatologia na via pública
CAPITULO VII – Cuidados de enfermagem em ortopedia no S.U.
CAPITULO VIII – Cuidados de enfermagem no internamento de ortopedia, que vai
merecer da minha parte mais e maior especificação, tanto no que diz respeito à anatomia,
como nas variantes do tratamento cirúrgico e no tratamento conservador
CAPITULO IX - Cuidados de enfermagem a doentes submetidos a cirurgia ortopédica
CAPITULO X – Cuidados de enfermagem nas feridas
CAPITULO XI – Cuidados de enfermagem na execução de pensos
CAPITULO XII – Cuidados de enfermagem na técnica e execução de ligaduras
CAPITULO XIII – Cuidados de enfermagem na técnica e execução de aparelhos
gessados
CAPITULO XIV - Conclusão
CAPITULO XV - Bibliografia
Desta forma, leitor pode dirigir-se mais facilmente ao capítulo desejado que descreve o
tratamento específico que pretende executar, sem ter de se fazer uma leitura mais global do
manual. Penso que o leitor encontrará nos vários tratamentos os pormenores para uma
correcta execução.
Capitulo 2 - Enfermagem Em Ortopedia

2 A ENFERMAGEM

A enfermagem ao longo das últimas décadas tem evoluído muito, tanto nos conceitos
como nos conhecimentos teóricos, e principalmente, na prática dos cuidados.
Desde a época de Florence Nightingale, que escreveu em 1858 que “a meta real da
enfermagem é colocar o doente na melhor condição para a natureza agir sobre ele”, e ainda
outra das definições clássicas de enfermagem, formulada por Virgínia Henderson (1966),
que delineava a função singular de enfermagem como:
“ Assistir o indivíduo doente ou são, na execução das actividades que contribuem para a
saúde ou para a sua recuperação (ou para a morte serena) e que ele alcançaria sem auxilio se
possuísse força, vontade ou conhecimento necessário. Fazer isto de maneira a ajudá-lo a
alcançar a sua independência tão rápido quanto possível”,
Os líderes da enfermagem actual, assumindo o seu passado, definiram-na igualmente
como uma arte e uma ciência.
Com o passar dos anos, surgiram muitas definições de enfermagem que tentaram
descrever os papéis e as funções do enfermeiro. Essas definições descrevem os serviços
prestados pelo enfermeiro, a estrutura dentro da qual funciona a profissão de enfermagem,
as características das pessoas que recebem os cuidados de enfermagem, e os atributos que
diferenciam a enfermagem de outras disciplinas orientadas para o atendimento no
fornecimento de cuidados de saúde.
Torna-se cada vez mais evidente que a enfermagem proporciona determinados serviços
e cuidados de saúde ímpares. No entanto, continua a reconhecer a importância da
colaboração com outras disciplinas de cuidados de saúde no atendimento a todas as
necessidades dos doentes.
Quer a pessoa enfermeiro, quer a pessoa doente, necessitada dos cuidados de
enfermagem e possuem quadros de valores, crenças e desejos de natureza individual, fruto
das diferentes condições ambientais em que vivem e se desenvolvem.
O exercício profissional da enfermagem centra-se na relação interpessoal entre um
enfermeiro e a pessoa, ou entre um enfermeiro e um grupo (família ou comunidade). A
relação terapêutica promovida no âmbito do exercício profissional de enfermagem é
estabelecido entre o enfermeiro e o doente, no respeito pelas suas capacidades.
É cada vez mais função importante da enfermagem e do enfermeiro em particular,
participar nos cuidados continuados e/ou domiciliários, pós-alta ou terminais, por forma a
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BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

dar ao doente e/ou família, o que de melhor sabe fazer e melhor está preparado com
conhecimento teórico, com conhecimento técnico, e sobre tudo com preparação psicológica
que foi, é , e continuará a ser a essência de ser Enfermeiro.
Assim, no estabelecimento das relações terapêuticas e no âmbito do seu exercício
profissional, o enfermeiro distingue-se pela formação e experiência, que lhe permitem
entender e respeitar os outros, num quadro onde procura abster-se de juízos de valor
relativamente ao doente que necessita dos seus cuidados de enfermagem.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

3 DEFINIR ENFERMAGEM

Articular com clareza uma definição de enfermagem universalmente aceite, tem sido o
objectivo de muitos líderes de enfermagem durante décadas. Contudo, a definição de
enfermagem ainda continua tão imprecisa hoje como há décadas atrás, quando começou a
era moderna da enfermagem.
Entretanto e somente à medida que as teorias de enfermagem evoluíram e
amadureceram, e à medida que foram testadas, se desenvolveu uma prática da necessidade
no conhecimento de enfermagem. Se os enfermeiros têm como objectivo as metas de
enfermagem conforme definidas pelos seus líderes, devem possuir conhecimento teórico no
qual basear a sua prática.
A tarefa de discernir as necessidades do doente a cada momento, torna o trabalho do
enfermeiro extremamente importante.
Quando as intervenções de enfermagem se iniciam pela prescrição elaborada por outros
técnicos de saúde, o enfermeiro deve saber assumir a responsabilidade técnica pela sua
implementação. Quando as intervenções de enfermagem que se iniciam com prescrição
elaborada pelos próprios enfermeiros, estes devem assumir a responsabilidade pelas
prescrições e pela implementação técnica da intervenção.
Muitos destes aspectos, embora simples por natureza, tornam-se complicados e difíceis,
quando é preciso relacioná-los com as condições peculiares de cada doente. Os cuidados de
enfermagem podem ser executados em áreas diversas, como sejam:
 Na via pública (local do acidente),
 No S.U. da unidade hospitalar,
 No internamento da unidade hospitalar,
 Na consulta externa, como continuação e conclusão da opção de tratamento
cirúrgico ou conservador.
As respostas humanas a estes problemas variam grandemente, desde reacções de
recuperação da saúde perante episódios de doença, traumatismo físico ou mental.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

4 A ENFERMAGEM ACTUAL

A enfermagem actualmente já é parte integrante do sistema de cuidados de saúde,


englobando a promoção da saúde, a prevenção da doença e os cuidados a pessoas de todas
as idades com doença física ou mental.
De entre a amplitude dos cuidados de saúde, o fenómeno que mais importa aos
enfermeiros é a “resposta aos problemas de saúde reais ou potenciais” do indivíduo, família
ou comunidade.
No processo da tomada de decisões em enfermagem e na fase de implementação das
intervenções, o enfermeiro incorpora os resultados de investigações na sua prática.
Para isso, nos últimos anos envidaram-se grandes esforços para criar uma “estrutura
teórica” na área da enfermagem, que pudesse responder e ser aceite universalmente com
uma linguagem comum.
Esta estrutura denominada CIPE/ICNP (Beta 2 – Outubro 2002) vem na sequência de
um processo de análise e de reflexão das várias opiniões sobre as dificuldades, facilidades,
vantagens e desvantagens na sua implementação. Fica desde logo um facto importante que é
o de ajudar os enfermeiros a compreender e aprofundar e desenvolver os cuidados de
enfermagem de qualidade.
É uma classificação de fenómenos de enfermagem, de acções e de resultados. Fornece
uma terminologia para a prática de enfermagem, que pretende ser uma matriz unificadora,
em que as taxonomias e classificações de enfermagem já existentes se possam entrecruzar,
de modo a permitir comparar dados em enfermagem. Tem como objectivo:
 Estabelecer uma linguagem comum para descrever a prática de enfermagem, de
forma a melhorar a comunicação entre os enfermeiros e outros profissionais de
saúde ou cidadãos em geral.
 Representar conceitos de enfermagem utilizados na prática local.
 Descrever cuidados de enfermagem a indivíduos, famílias e/ou comunidades
universalmente aceites
 Incentivar a investigação em enfermagem
 Permitir a comparação dos dados de enfermagem entre várias comunidade, áreas
geográficas e tempo.
 Fornecer dados da prática de enfermagem que possam influenciar a sua própria
formação e/ou as políticas de saúde.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

 Projectar a utilização dos recursos e as necessidades dos doentes nos tratamentos


de enfermagem.
Este trabalho deve-se a um grupo de enfermeiros/as que reuniu peritos em várias áreas e
que durante quase 10 anos estudaram e investigaram a prática de enfermagem. Deve-se
também à colaboração de consultores de enfermagem e de outros técnicos, que participaram
com os seus saberes e experiências. Deve-se sobretudo à participação, ao interesse e ao
empenho de enfermeiros de diferentes países, que analisaram e avaliaram dando a sua
aceitação cultural.
Reconhece-se neste contexto, que a produção de guias orientadores da boa prática dos
cuidados de enfermagem baseados na evidência empírica, também constituem uma base
estrutural importante para a contínua melhoria da qualidade de exercício profissional dos
enfermeiros. Penso que cabe neste conceito o objectivo que agora me proponho ao
disponibilizar neste livro o meu pequeno saber e pesquisa realizada, para colocar à
disposição dos enfermeiros.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

5 ENFERMAGEM EM ORTOPEDIA

A especialidade de ortopedia ou orto-traumatologia, “na minha opinião”, por ventura,


será para a enfermagem, a mais completa e abrangente de todas as especialidades médico-
cirúrgicas, na qual pode ter e tem uma autonomia mais visível, mais notória, e com maior
poder de actuação e decisão no tratamento a implementar, a executar e decidir em cada caso,
contribuindo em grande percentagem para o bom resultado final na recuperação de cada
doente.
Esta especialidade que, embora possa não ser considerada uma doença, mas sim uma
incapacidade motora temporária na maior parte dos casos, ou num período transitório de
curta ou média duração. Pode abranger todas as idades e todas as patologias, associadas ao
seu problema transitório de ortopedia ou traumatologia.
Nesta especialidade são tratados todos os doentes desde praticamente o nascimento,
como por exemplo nas crianças com o pé boto ou luxação congénita da anca, percorrendo as
várias fazes da vida, em várias situações traumáticas ou patológicas, até quase ao final da
vida, como por exemplo nas fracturas do colo do fémur, e em que os doentes sofrem
também de outras patologias médicas associadas, devendo por isso os enfermeiros em
ortopedia estar preparados para responder eficazmente a todas e a cada uma das situações.
Os cuidados de enfermagem em ortopedia, portanto, abrangem um conhecimento geral
e especifico sobre pediatria, ortopedia, traumatologia, tratamento conservador, cirurgia,
(porque também é uma especialidade cirúrgica), medicina, geriatria, reabilitação, e muito de
apoio psicológico ao doente e/ou familiares nas situações mais complicadas.
Os cuidados de enfermagem passam também por um conjunto de técnicas médicas
auxiliares, aplicadas no tratamento de pessoas enfermas. As actividades relacionadas com a
enfermagem abrangem não apenas os cuidados prescritos pelo médico (aplicação da
terapêutica, posturas, exercícios, etc.), como também cuidados de higiene corporal e
ambiental, capaz de favorecer a recuperação do doente.
Os cuidados de enfermagem são geralmente realizadas em equipa e relacionam-se
estritamente com a profissão médica, particularmente com o trabalho do cirurgião, da área
médica, do ortopedista, etc.
Em qualquer uma destas áreas de tratamento, a actuação do enfermeiro, embora com
aspectos e necessidades distintas, de acordo com as normas de cada unidade ou com o local
de actuação e condições disponíveis, deve ser condizente com as necessidades do doente e
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

com cada caso a cada momento e como tal, de conhecimento teórico, prático e bom senso,
para a realização de cada tarefa, no escrupuloso rigor da técnica e respeito pelo doente.
Para tal o enfermeiro de ortopedia deve conhecer e por em prática os seus
conhecimentos de anatomia e fisiologia, embora de forma mais adequada às necessidades do
for da especialidade, e/ou em qualquer situação que para tal se imponha o seu conhecimento.
É baseada esta minha opinião, no conhecimento que tenho de largos anos (32) a
trabalhar como enfermeiro nesta especialidade, desde o serviço de internamento, da consulta
externa e da urgência.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

6 A ACTIVIDADE E A MOBILIDADE DOS DOENTES EM


ORTOPEDIA

A capacidade para movimentar o corpo de forma livre é tomada como normal pela
maioria das pessoas. Para puxar e levantar, andar, correr, ou mesmo manter a posição, são
usados vários grupos de músculos voluntários à volta do tronco e das pernas.
Outros grupos de músculos menores estão constantemente a ser usados par o
movimento das mãos e dos pés. Sabe-se que os músculos que são usados regularmente, são
mantidos numa tensão desejável que os torna firmes ao toque, e isto, geralmente, resulta
numa sensação de bem-estar que pode ser reconhecido pelo aspecto da pessoa.
Ao contrário, os músculos que são pouco utilizados perdem o tonus, tornam-se moles e
flácidos e não são adequados para manter o corpo numa posição desejável, para que a pessoa
pareça bem, e por tanto, não conduzem a uma sensação de bem-estar.

6.1 FACTORES QUE INFLUENCIAM A MOBILIDADE DOS DOENTES


Não é o objectivo deste livro oferecer detalhes biológicos dos sistemas do corpo
humano, mas fazer pequenas referências quando entendi ser necessário para melhor se
entender e enquadrar a descrição.
Um sistema musculoesquelético a funcionar em pleno, é essencial para a aquisição da
capacidade relacionada com a mobilidade. A capacidade para a mobilidade física sem ajuda
é afectada por quaisquer circunstâncias que interfiram com qualquer parte do sistema
musculoesquelético e os seus vários trajectos de nervos associados. As circunstâncias
adversas podem ser congénitas na origem.
Os ossos fracturados ou doentes interferem ou podem interferir com a mobilidade de
muitas formas diferentes. As articulações além dos traumatismos, também podem sofrer
doenças e portanto, são dolorosas e impedem os movimentos. No caso de as ancas, joelhos e
tornozelos serem afectados, a mobilidade ou locomoção torna-se difícil.
Quando as pequenas articulações das mãos ou pés são envolvidas, pode existir
interferência nos muitos aspectos da mobilidade, como por exemplo, nas actividades
domésticas, na higiene pessoal e vestuário, no trabalho e lazer. Uma distensão muscular
pode causar edema e portanto reduzir ou dificultar o movimento.
É importante lembrar-se que o estado de dependência em relação à mobilidade pode ser
tanto numa direcção como em continuidade. Por exemplo, após uma fractura de Colles (do
rádio), o antebraço, pulso e parte superior da mão são colocados em gesso, para estabilizar e
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

fixar a fractura, sendo fundamental mate-lo seco, e também para que o doente inicialmente
seja incapaz de efectuar algumas actividades.
A dependência é maior se a mão preferida está envolvida, mas, com alguma
engenhosidade, algumas tarefas podem ser feitas usando a outra mão, para que a pessoa se
torne menos dependente principalmente para as tarefas mais íntimas ou particulares.
A fractura de um membro inferior é menos frequentemente tratada com a colocação de
aparelhos gessados. No entanto nesses casos, e após a secagem do gesso, o doente
geralmente apreende com relativa facilidade a andar com muletas ou canadianas. Contudo,
não deixou de haver numa fase inicial um grau de dependência do doente, evoluindo
gradualmente para a independência contínua.
Estas fracturas são mais comummente tratadas cirurgicamente e através da inserção de
material específico de osteosintese, construído basicamente por carbono, em forma de
placas, próteses articulares, parafusos, fios de Kichner, e outros, para recolocar a
funcionalidade das articulações, ou para imobilizar as extremidades do osso partido,
mantendo assim o foco de fractura próximo e estável, facilitando a cicatrização ou formação
de calo ósseo.
Também podem ser tratadas por método conservador, ou seja, através de aparelhos de
tracção cutânea ou esquelética, que permitem manter o membro imobilizado numa posição
considerada perfeita ou aceitável, por um período de tempo considerado mínimo, no sentido
de se obter a recuperação perfeita e total, ou no mínimo a melhor funcionalidade do
membro.
Esta tracção consiste na colocação de adesivos longitudinalmente no membro, ou fios
de aço transversalmente no osso na parte distal da fractura, ao qual se ligam uns pesos de
acordo com a necessidade do efeito da tracção.
Os doentes que necessitam deste tratamento estão forçosamente acamados necessitando
de terem todos os serviços e cuidados feitos ao lado da sua cama. A maior parte destes
doentes têm mobilidade total dos membros superiores e o nível de
dependência/independência é por norma suficiente para a alimentação, higiene pessoal e
vestuário, eliminação, distracção, que faz parte das actividades da vida diária.
A cirurgia de substituição da anca (P.T.A = prótese total da articulação coxofémural), e
a (P.T.J. = prótese total do joelho), são hoje em dia aceites e cada vez mais, a primeira opção
para fracturas ou problemas ósseos degenerativos, permitindo que os doentes adquiram mais
precocemente a sua mobilidade independente, sem ajudas, em contraste com a mobilidade
anterior que era dolorosa, e necessitando de ajudas para andar.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Adquirir independência para a mobilidade depende da velocidade pela qual os


músculos não utilizados voltam a adquirir a sua tonicidade pelo exercício.

6.2 REACÇÃO DOS DOENTES À MUDANÇA FÍSICA


A deficiência física especialmente após um traumatismo súbito, é uma experiência
aterrorizante para o doente, e o processo de reabilitação física e mental, pode demorar
muitos meses.
Qualquer forma de paralisia, tal como a paraplegia ou a tetraplegia causada por
acidentes, limita gravemente a mobilidade. Uma lesão desta dimensão pode significar terem
que se adaptar a um estilo de vida diferente da que até esse momento viviam, que seja
fisicamente menos activa, mas gratificante do ponto de vista pessoal.
A adaptação pode ser meramente temporária ou para toda a vida. O objectivo é ajudar
os doentes a desfrutarem a vida do dia-a-dia a um nível óptimo ou o melhor possível.
Durante a alteração dramática inicial, desorganização e a confusão pessoal, o doente
está consciente apenas da privação ou da perda de algo, demonstrando um quadro de
choque, negação, depressão, agressão e regressão. Só depois de passar por estas fases é que
o doente começa a explorar a realidade da situação, procurando ajuda ou podendo ser
ajudado a identificar as possibilidades para uma reorganização da sua vida tanto social como
profissional e emocional.
Precisa de tempo e coragem para adaptar-se a um corpo desfigurado, uma imagem e um
papel alterados e pela perda da auto-consideração, autoconfiança e perda de liberdade.
A perda, mesmo só de parte de um membro ou paralisia total por tetraplégia ou
paraplégia, pode ser preocupante para uma pessoa jovem, em termos de carreira perspectivas
de vida e ou aceitação social. Mas não se pode esquecer que a mobilidade diminuída é
igualmente perturbadora para um idoso, que tem mais lentidão a reaprender a utilizar os
músculos lesados, e é mais lento na adaptação a circunstâncias alteradas, especialmente em
relação a outras faculdades, tais como a visão, a audição que também podem estar
diminuídas.
Provavelmente o/a enfermeira não vai resolver estes tipos de problema do doente por si
só, no entanto o seu conhecimento e perícia para oferecer o que é melhor para o doente e
ajudar a conseguir um nível óptimo de mobilidade.
CAPITULO III - O Sistema Músculo-Esquelético, Tendões E Articulações

Figura 1. Sistema Musculoesquelético e Tendões

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BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

7 SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO TENDÕES E


ARTICULAÇÕES

O sistema músculo-esquelético permite ao ser humano movimentar-se livremente.


Actividades tão simples com fechar a mão, ou movimentos tão complexos como os de
uma bailarina, dependem da estrutura, função e integridade do sistema músculo-esquelético.
É um dos maiores sistemas do corpo humano, e conta com mais de 50% do peso corporal.
Os problemas podem surgir como resultado de doença que afecte os nervos, os ossos, os
músculos ou as articulações, ou ainda após traumatismos destas estruturas.
Este sistema dinâmico, engloba ossos, articulações, músculos, nervos tendões e
estruturas de suporte. Todos os componentes trabalham juntos para produzir movimento.
Qualquer distúrbio num destes sistemas, resulta em disfunção músculo-esquelética.
É um sistema constituído por músculos esqueléticos e respectivos tendões e ossos. O
modo como os músculos se juntam aos ossos é denominada inserção, e a parte proeminente
do osso em que isso ocorre tem o nome de apófise ou teborosidade. Os movimentos do
corpo são produzidos pelos músculos que puxam os ossos que servem de alavanca e suporte
do corpo. A maioria dos movimentos depende da acção coordenada de vários músculos.
Quando os músculos estão inactivos, a atrofia começa e esta degeneração muscular por
sua vez diminui a capacidade de movimentos, o que leva a uma redução ainda maior, e o
ciclo continua a agravar-se. As doenças e enfermidades, que privem a pessoa desta
capacidade, podem ser graves. Nos ossos, a falta de acção muscular pode contribuir para
alterações degenerativas como é o caso por exemplo da osteoporose.
Para planear as intervenções adequadas junto de indivíduos que têm incapacidades
locomotoras, estas exigem uma avaliação cuidadosa. Tal avaliação é feita com base em
conhecimentos dos diagnósticos e nos seus resultados.
Os principais ossos do sistema músculo-esquelético são: - vértebras (coluna vertebral);
clavículas, escápulas (omoplatas); o esterno; costelas; úmeros; os rádios: os cúbitos; ossos
da mão; os ossos ilíacos – ilion - isquion - púbis (que formam a estrutura da bacia); os
fémures; as tíbias; os perónios; os ossos dos pés.
Para se poder falar de lesões ortopédicas ou do foro da especialidade de ortopedia, não
se pode incluir só as fracturas ósseas, embora seja a parte fundamental da especialidade,
porque o esqueleto é constituído por outros sistemas importantes e fundamentais na
locomoção do esqueleto, como sejam os músculos, as articulações, o sistema nervoso e
tendões, e finalmente o sistema ósseo.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

A lesão numa parte do sistema músculo – esquelético, em geral, produz também lesão
ou disfunção nas estruturas adjacentes e/ ou nas estruturas englobadas por elas. Estas lesões
são denominadas por contusões, rupturas musculares, distensões, luxações e fracturas.
 Se os ossos estão fracturados, os músculos não podem funcionar.
 Se os nervos não enviam impulsos aos músculos, (como ocorre nas paralisias) os
ossos não podem movimentar-se.
 Se as superfícies articulares não se articulam normalmente, nem os músculos
nem os ossos poderão funcionar correctamente.
É o perfeito funcionamento de todos estes sistemas que permitem uma boa função
mecânica do corpo. Assim sendo, apesar de uma fractura afectar primariamente o osso, pode
produzir também lesões nos músculos, nas articulações nos vasos sanguíneos e nos nervos
circundantes.
Existem patologias musculares que influenciam os movimentos ou funções articulares,
e que necessitam de cuidados específicos como seja:
A atrofia, ou seja o definhamento do tecido muscular, decorrente da redução do
tamanho das suas fibras. Este distúrbio pode dever-se ao uso insuficiente ou desuso dos
músculos afectados, como ocorre, por exemplo, em doentes acamados ou imobilizados por
tracções ou aparelhos gessados. Compreensivelmente, se as articulações forem deixadas
numa só posição devido à imobilidade durante longos períodos de tempo, também se tornam
adversamente afectadas.
As fibras musculares à volta da articulação diminuem e perdem o tecido conectivo
dentro da articulação que é gradualmente transformado em tecido denso. Se deixar sem
intervenção, estes processos são irreversíveis.
A distrofia, resulta do enfraquecimento e da degeneração do tecido muscular sendo a
miopatia mais frequente, e a sua gravidade difere de acordo com a região afectada.
Neste capítulo é pretendido só referenciar alguns músculos que têm ou influenciam
directamente a estabilidade do esqueleto ou proporcionam um harmonioso conjunto para
uma eficaz mobilidade Não há intenção de aprofundar conhecimentos sobre fisiologia do
sistema nervosos ou anatómico.
Caso o leitor pretenda conhecimentos mais aprofundados nestas áreas deve colocar de
parte este livro e recorrer a outros que existem no mercado e que tratam aprofundadamente
cada um dos temas com reconhecido mérito
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

7.1 SISTEMA MUSCULAR


O sistema muscular é um conjunto formado por todos os músculos esqueléticos
estriados do organismo (aproximadamente quinhentos), enervados por fibras do sistema
cerebrospinal, sendo comandados pela vontade e que se responsabilizam pela execução dos
movimentos, pela postura e pela produção de calor.
O corpo humano possui aproximadamente 350 músculos esqueléticos e na sua maioria
aos pares. A função de um músculo determina a sua forma, sendo uns mais alongados como
por exemplo os quadricípedes, outros mais achatados, e ainda outros com forma obliqua,
como por exemplo o deltóide. O seu comprimento varia muito, podendo ir desde os 2cm a
60cm.
Na sua estrutura, são cobertos por uma fáscia de tecido conjuntivo em camadas que
termina em ponta para formar o tendão, o que permite a mobilidade das articulações.
Na sua função os músculos esqueléticos possibilitam os movimentos controlados e
manter a postura. O movimento é cumprido através das contracções, que são um processo
complexo, desencadeado por impulsos nervosos que chegam às fibras musculares.
Os movimentos do corpo são produzidos por músculos que puxam os ossos, servindo
de alavancas, e as articulações funcionam como fulcro das alavancas. A maior parte dos
movimentos depende de vários músculos e que actuam de modo coordenado. Para produzir
movimento, um músculo actua como um movimentador principal contraindo-se, enquanto o
seu músculo recíproco ou antagonista o relaxa.
Os músculos antagónicos movimentam-se ao mesmo tempo que os principais para desta
forma produzirem um movimento e ao mesmo tempo estabilizar a parte do corpo de modo
que a contracção do movimentador principal seja mais eficaz.

7.1.1 MÚSCULOS DO PESCOÇO


Os músculos do pescoço têm como função fundamental a mobilidade e sustentabilidade
da cabeça e, principalmente, a protecção da coluna cervical. Raramente existem roturas ou
lesões musculares graves destes músculos.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Neste conjunto de músculos, salientam-


se os músculos:
 O esternocleidomastoideu (1),
 O trapézio (2),
 O levantador da omoplata (3),
 O deltóide (4),
 O grande peitoral (5).

Figura 1. Músculos do Pescoço


A causa mais frequente para recorrer a ortopedia é o torcicolo, que consiste na rigidez
do pescoço (de um ou mais músculos), principalmente do músculo esternocleidomastoideu,
que provoca limitação dos movimentos do pescoço, pela sua retracção, tendo como causa
geralmente o traumatismo, ou simplesmente por deficiente posição no sono.
Este músculo tem três cabeças tendinosas de inserção. Das duas inferiores, uma, a mais
interna, insere-se na face externa do manúbrio (esterno), e a mais interna insere-se na
clavícula. A inserção superior faz-se na região craniana. Permite a flexão e a rotação da
cabeça, servindo também de músculo acessório da respiração.

7.1.2 MÚSCULOS DORSO-LOMBARES:


Os músculos dorso-lombares têm como função fundamental a sustentabilidade e
estabilidade da coluna dorso-lombar, potenciando a energia corporal e força dos membros
superiores. Têm funções específicas e interligadas, e formam um conjunto uniforme, em que
entre muitos outros podemos destacar:
 O trapézio (1) é um dos maiores músculos do sistema,
abrangendo a região cervical posterior, ombro e dorso,
 O levantador da escápula (2), que é o elevador do braço,
 O deltóide (3) ,insere-se na clavícula, na omoplata e no
braço,
 O grande dorsal (4), que nasce nos diversos ligamentos
da coluna lombar e estende-se entre os outros músculos
das costas,
 O serrátil (5) que tem a função de tracção para baixo e
para trás das últimas 4 vértebras,
 Fáscia torocolombar (6), que liga o músculo grande
Figura 2. Musculos dorsal à coluna lomba
Dorso-Lombares
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

7.1.3 MÚSCULOS DO OMBRO:


A articulação do ombro é a única capaz de executar movimentos totais, praticamente de
90º de rotação. Para isso, entre outros, têm um contributo fundamental os músculos:
 O trapézio (1),
O deltóide (2),
(músculo que recobre
toda a articulação),
 O grande peitoral (3),

Figura 3. Musculos do Ombro

7.2 MEMBROS SUPERIORES


Os membros superiores além de serem o principal meio de manipulação do meio
ambiente, desempenham um papel importante na locomoção humana, ajudando a manter o
equilíbrio do corpo.
O membro superior divide–se em três partes com funções diferentes mas
complementares a cada uma das partes. Assim temos o braço, o antebraço e a mão. Em
ortopedia ou traumatologia, os tratamentos são por vezes muito diferenciados para cada uma
das partes, de acordos com cada situação.
Procurando referenciar, embora superficialmente, o sistema muscular de cada uma das
partes, começo por especificar a parte mais proximal do membro que corresponde ao braço.

7.2.1 O BRAÇO
O braço tem como músculos mais
importantes e que lhe permitem os
movimentos que são:
 Os bíceps (1),
 Os tríceps (2),
que permitem potenciarem toda a força
muscular dos membros superiores, e os
movimentos de flexão e extensão do braço.

Figura 4. Músculos do Braço


BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

7.2.2 O ANTEBRAÇO:
O antebraço, tem um conjunto de músculos e tendões com importância fundamental em
todos os movimentos de:

Figura 5. Músculos do Antebraço


 Supinação (1),
 Pronação (2),
 Flexores e extensores (3)
do punho e dos dedos e, principalmente os de apreensão e sustentação de objectos.

7.2.3 PUNHO, MÃO E DEDOS:


O punho, a mão e os dedos, são a extremidade distal do membro superior, distinguida
pela sua capacidade de apreensão, sensibilidade e tacto. Divide-se em três partes: carpo;
metacarpo e falanges. A flexão da mão na região do punho (pulso) é realizada pelos
músculos flexores longos, que se situam ao longo da face anterior do antebraço.
Vários músculos menores da camada profunda da mão, também possuem tendões que
os conectam aos dedos. O polegar distingue-se dos outros dedos, pelo movimento de
oposição em relação à palma da mão e aos restantes dedos.
A B Figura 6. Mãos
A) Tendões flexores dos
dedos (1) , Músculo tenar (2),
Músculo hipotenar (3)

B) Tendões flexores dos


dedos (1), Músculos interósseos
(2) .
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

C D

Figura 7. Dedos
C) Músculos interósseos (1), Músculos lumbricais (2), Tendão extensor do dedo (3)
D) Músculos interósseos (1), Músculos lumbricais (2), Tendão extensor (3), Tendão
flexor do dedo (4).

7.3 MEMBROS INFERIORES


Também o membro inferior se divide em três partes com funções diferentes mas
complementares a cada uma das partes. Assim temos a coxa a perna e o pé. Em ortopedia
ou traumatologia, os tratamentos são por vezes muito diferenciados para cada uma das
partes, de acordos com cada situação.
Procurando referenciar, embora superficialmente, o sistema muscular de cada uma das
partes, começo por especificar a parte mais proximal do membro que corresponde à coxa.

7.3.1 COXA
A coxa é movimentada por músculos que se originam na coluna e na bacia. A extensão
da coxa sobre o tronco é feita pelos glúteos possibilitando a posição erecta. Os músculos
situados na parte anterior da coxa, são os extensores da perna, enquanto que os flexores se
situam na parte posterior.
A) – Músculo sartório (1),
Adutor (2), Reto da coxa (3),
Vasto lateral (4), Vasto medial
(5), Tendão rotoliano (6)

B) – Músculo glúteo (1),


Extensor (2), Fáscia tendinosa
iliotibial (3), Vasto lateral (4),
Bíceps da coxa (5).

A
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Figura 8. Musculos da Coxa

7.3.2 PERNA
Os músculos da perna propriamente dita, são na maioria, flexores ou extensores das
articulações dos pés. De todos, os que mais sobressaem são os gastrocnémios (gémeos)
ligados ao calcanhar pelo tendão de Aquiles.
A)
Músculo peronial (1),
Tibial (2),
Gastrocnémio (gémeo) (3),
Cinta de contenção tendinosa (4).
B)
Músculo gastrocnémio (gémeo) (1)
Peronial (2),
Tibial (3),
A B Tendão calcâneo (de Aquiles) (4).
Figura 9. Musculos da Perna

7.3.3 – TORNOZELO PÉ E DEDOS:


O pé situa-se logo abaixo da articulação do tornozelo e de forma a assegurar a
mobilidade e a estabilidade do corpo, em função da pressão exercida pela postura erecta.
Divide-se em três partes, a saber: o tarso o metatarso e dedos.
A)
Tendão calcâneo (de Aquiles) (1),
Cinta de contenção tendinosa (2),
Tendões extensores dos dedos (3).
B)
Tendões flexores dos dedos (1),
Músculo flexor do dedo mínimo (2),

A B Flexor dos dedos (3),


Adutor do hálux (4).
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

C)
Músculos interósseos dorsais (1),
Tendões extensores dos dedos (2).
D)
Músculos interósseos dorsais (1).

C D
Figura 10.Musculos dos Pés e Bainhas Tendinosas

7.4 TENDÕES
Os tendões são as inserções das terminações musculares e que serve para unir estes aos
ossos. São formados por forte tecido densamente fibroso, por um feixe mais ou menos longo
de fibras de colagénio. O tendão pode ser considerado uma continuação do fino tecido
conjuntivo que envolve as fibras musculares.
Quase todos os tendões são envolvidos por uma bainha tendinosa formada por tecido
conjuntivo que englobam certos tendões, especialmente no pulso e no maléolo. Estão
forrados com membrana sinovial que fornece lubrificação para permitir o movimento fácil
do tendão. Os tendões podem adicionar estabilidade extra à cápsula sinovial.

7.5 LIGAMENTOS
Os ligamentos são faixas de tecido conjuntivo muito fibroso, flexíveis e rijas. Ligam-se
às extremidades das articulações proporcionando estabilidade. Permitem movimentos em
algumas direcções, mas limitam-nos em outras direcções, prevenindo assim agressões às
articulações.
Exemplos mais salientes são os ligamentos colaterais, médios e laterais do joelho, assim
como também os ligamentos cruzados anteriores e posteriores dentro da cápsula do joelho,
que proporcionam estabilidade anteroposterior.

7.6 CÁPSULA ARTICULAR


A cápsula articular é constituída por tecido conjuntivo e tem com função isolar toda a
articulação e que alinha as superfícies articulares.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

É forrada por uma membrana, chamada por membrana sinovial ou sinóvium, que
segrega um líquido chamado líquido sinovial na cápsula articular com a finalidade de
lubrificar a articulação.
Para além da lubrificação da articulação, o liquido sinovial fornece nutrientes à
cartilagem articular e contem leucócitos, que possuem uma acção fagocitária (de defesa)
sobre as bactérias e resíduos dentro da articulação. O líquido sinovial provém do plasma,
através dos vasos sanguíneos. Uma diminuição no líquido sinovial, pode levar à destruição
da cartilagem articular.

7.7 ARTICULAÇÕES
O movimento seria impossível sem flexibilidade da armação esquelética. Esta
flexibilidade é proporcionada pelas articulações ou lugares em que os ossos se juntam e
articulam. A forma da articulação determina a quantidade e o tipo de movimento possível .
As articulações são classificadas segundo a quantidade de movimentos que permitem, e
pelo tipo de tecido conjuntivo que as juntam.
Cada articulação tem a sua própria amplitude e direcção de movimentos As articulações
diartrósicas permitem um ou mais dos seguintes movimentos: - flexão, extensão, abdução,
adução, rotação, circundação, pronação, inversão e eversão. Existem três tipos principais de
articulações:
 Fibrosas – não permitem movimento e são exemplificadas pela estrutura da
caixa craniana. As suturas ligam firmemente os ossos com uma fina camada de
tecido fibroso denso.
 Cartilaginosas – permitem pouco movimento e são exemplificadas pelas
articulações intervertebrais e pela sínfise púbica. Uma sindesmose, é um tipo de
articulação que se articula por um ligamento ou membrana, como por exemplo a
articulação rádio-cubital e a tíbio-peronial.
 Sinoviais, permitem movimentos livres e são exemplificadas pela coxofemoral
(anca), escápulo-umeral, (ombro) cotovelo, joelho, e pé.
BREVE NOTA DA HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

As articulações sinoviais
(diartrósicas) contêm um pequeno
espaço, ou cavidade articular, entre as
superfícies articuladas dos ossos que
constituem a articulação.
A cartilagem cobre a superfície
articular de ambos os ossos, permitindo
um movimento suave e deslizante da
articulação.
Os meniscos (nos joelhos) são Figura 11.Articulação Sinovial
cartilagens em forma de meia-lua,
colocada entre as duas superfícies
articulares, e formam mais uma
almofada à articulação.
Ocorrem alterações fisiológicas no sistema músculo-esquelético ao longo do ciclo vital
da pessoa.
Na maturidade e na velhice, a força e a integridade dos tecidos começa a declinar à
medida que o número total de células corporais diminui. Os tecidos conjuntivos perdem
alguma da sua elasticidade e resistência, principalmente a cartilagem das articulações e dos
discos intervertebrais da coluna.
Com a idade, os ombros tornam-se inclinados, os joelhos e as ancas podem estar
ligeiramente flectidos quando se está de pé ou a andar, devido à dor associada à
degenerescência articular. Em resumo, o envelhecimento afecta o sistema músculo-
esquelético.
CAPITULO IV - O Sistema Nervoso

8 SISTEMA NERVOSO

O Sistema nervoso é um sistema regulador do organismo em face das mudanças


ambientais. Divide-se em duas porções, a periférica e a central.

8.1 FUNÇÃO PERIFÉRICA


A função periférica está directamente
relacionada com a porção centra, ou seja com a
medula. Os nervos originários da medula, que
constituem parte do sistema nervoso periférico,
enervam o pescoço, o tronco, os braços e as
pernas. As suas fibras, por sua vez,
subdividem-se em diferentes ramos nervosos.
Os primeiros quatro pares de nervos
raquidianos, enervam o pescoço. Os quatro
seguintes formam uma rede complicada que
enerva os braços e os ombros, o chamado
plexo braquial . Os seguintes doze pares
dirigem-se para o tronco. Os últimos doze
pares enervam a pélvis, e as pernas, formando Figura 12.Relação das raízes nervosas
o plexo lombosagrado. com as Vertebras
A extensão e gravidade da lesão neurológica só pode ser avaliada correctamente depois
de recuperado o choque medular. Este define-se como uma paralisia flácida, provocada pela
interrupção “fisiológica” das funções medulares abaixo do nível da lesão, e durante
normalmente entre 24h e 48h.
A recuperação manifesta-se pelo aparecimento dos arcos reflexos mediados pela
medula. Neste contexto, o reflexo bulbo-cavernoso, é o mais importante, pois sendo o mais
distal (S3-S4), é o primeiro a reaparecer. A lesão neurológica diz-se completa quando se
mantém, na ausência de choque.
CAPITULO IV - O sistema nervoso

Figura 13.Dermatomos

8.2 FUNÇÃO CENTRAL


A função central é formada pela medula espinal e pelo encéfalo. É na medula que mais
vou focalizar a minha observação, porque é parte fundamental do sistema nuero-músculo-
esquelético do ser humano.
A medula espinal apresenta uma certa segmentação. Cada segmento constitui-se em
uma porção que dá origem a um par de raízes nervosas.
Existem ao todo trinta e dois (32) pares de raízes que correspondem cada um a um
segmento da medula. Um par, é constituído por uma raiz do lado esquerdo e outra do lado
direito. O primeiro par emerge entre o osso occipital e a primeira vértebra (atlas).
CAPITULO IV - O sistema nervoso
A medula localiza-se dentro
da coluna vertebral tendo a
aparência de um tubo de tecido
nervoso, fazendo parte mesmo
assim, do sistema nervoso central
embora mais simples tanto em
função como em composição.
Tem a forma de um cordão
branco e brilhante com a espessura
aproximada do dedo mínimo,
ocupando o canal da coluna
vertebral até a altura da segunda
vértebra lombar.

Figura 14.Meninges e Raizes Espinhosas


Os neurónios motores
superiores têm origem na faixa
motora do córtex cerebral e em
muitos núcleos do tronco cerebral,
e fazem sinapse com a medula
espinal. Quando uma lesão afecta a
região medular superior, o sistema
nervoso simpático é desligado dos
centros de comando do cérebro,
deixando de funcionar abaixo do
nível da lesão.
Dentro da medula existe um
canal muito fino chamado canal
central. Figura 15.Meninges e Raizes Espinhosas

Na parte frontal anterior da coluna existe uma reentrância que percorre toda a extensão
da medula, dando ao seu corte transversal a forma de uma borboleta
Se obtivermos um corte transversal da medula espinal, revela-se uma porção externa
branca e uma porção interna cinzenta.
Cada célula do corno anterior tem um axónio longo que sai da medula pela raiz espinal
anterior, e se estende ao nervo periférico. Quando uma lesão envolve parte do neurónio
CAPITULO IV - O sistema nervoso
motor, resulta caracteristicamente em diminuição da força muscular ou paralisia flácida,
perda da actividade reflexa e atrofia dos músculos envolvidos.
O facto de haver um segmento espinal poupado, nem que seja o único, pode ter
repercussões significativas na futura reabilitação e capacidade do doente realizar o auto
cuidado, especialmente se não for na coluna cervical.
CAPITULO IV - O sistema nervoso

9 LESÕES DA MEDULA ESPINAL

Neste capítulo apresento uma visão geral e superficial, face a problemas que envolvem
a medula espinal. Os desafios que envolvem um traumatismo da medula espinal ainda
continuam a ser um centro de discussão.
O traumatismo da medula espinal não é um problema comum, mas a sua complexidade,
bem como as repercussões na vida do doente, fazem dos cuidados a prestar, uma enorme
preocupação em todas as suas fases, desde a urgência à reabilitação a longo prazo.
Cerca de 75% das lesões medulares transversais são de origem traumática. Os restantes
25% podem ser originários de tumores, abcessos, inflamação do tecido da medula, hérnias
ou má-formação congénita.
Os traumatismos da coluna vertebral representam extrema gravidade, não pela fractura
óssea só por si, mas sim pelas consequentes lesões graves da medula espinal, pelo perigo de
deslocação de fragmentos para o canal medular, o que pode e provoca normalmente lesões
irreversíveis da medula, o que tem como consequência diminuição ou incapacidade sensitiva
ou motora, que pode, dependendo da localização da lesão, levar à morte imediata do doente,
à incapacidade motora total dos quatro membros (tetraplégia), só dos membros inferiores,
(paraplégia) ou apenas diminuição de sensibilidade.
A transecção da medula espinal que interrompe, completa ou parcialmente a condução
de estímulos nervosos motores e sensitivos do nível da lesão para baixo, leva a descontrolo
da função importante ou até fundamental, como seja o coração, dos pulmões, dos intestinos,
da bexiga, etc.
A maioria das lesões traumáticas ocorre em acidentes em que o paciente está em
movimento, com acidentes de viação, quedas em altura, no trabalho (andaimes, escadas,
etc.). Tem primordial importância os problemas de mobilidade músculo-esquelética, devido
a traumatismos ou patologias, que podem ser causa de parésias ou plégias
CAPITULO IV - O sistema nervoso

10 COLUNA CERVICAL

Os traumatismos da coluna cervical representam extrema gravidade e a sua localização


é fundamental para a avaliação manuseamento ou imobilização no local do acidente.
Se é nas primeiras três vértebras e com lesão medular, é muito provável a morte do
doente, já que os segmentos medulares que estão situados abaixo da lesão param de receber
o comando do cérebro e como já foi referenciado, estes têm células nervosas encarregadas,
entre outras coisas, de estimular os músculos respiratórios e cardíaco.
Uma lesão que incida sobre a quarta e a sétima vértebras cervicais e com
comprometimento medular, embora possa causar incapacidade motora e sensitiva dos quatro
membros e outros órgãos (tetraplégia), é acompanhada de razoáveis possibilidades de
sobrevivência, embora o doente geralmente apresente certa dificuldade respiratória, porque
os músculos intercostais não funcionam, mas a respiração é compensada pelo diafragma.
O sistema músculo-esquelético fica frequentemente irremediavelmente comprometido
desde os membros superiores.

Figura 16.Dermatomos dos MSs


CAPITULO IV - O sistema nervoso

11 COLUNA DORSAL (TORÁCICA)

Os nervos periféricos são vulneráveis a lesões por qualquer causa, incluindo lesões
desportistas, acidentes de viação, lesões mecânicas e actos de violência. Com a transecção
completa de um nervo periférico, ocorrem diversos processos degenerativos que evoluem
em sentido proximal relativamente ao corpo da célula nervosa. O nervo distal também sofre
degeneração e retracção. Verifica-se perda correspondente da função motora e sensorial
distal, relativamente à lesão
Nas lesões neurológicas associadas às fracturas da coluna dorsal (torácica) afectam
normalmente a região abdominal e membros inferiores dependendo do nível da lesão. A
maioria, se não todos os músculos e enervação intercostais, permanecem activos.
Não existem dados epidemiológicos específicos,
relativamente a lesões dos nervos periféricos,
contudo, o nervo femoral, peronial, e ciático são os
mais frequentemente afectados.
Os sinais e sintomas clínicos, resultantes de
lesão dos nervos periféricos, dependem do local
exacto da lesão e da função específica dos nervos
envolvidos. Quando a porção lombar é atingida, a
enervação das pernas é total ou parcialmente cortada,
de acordo com a gravidade da lesão.
As lesões dos nervos periféricos são
diagnosticadas, principalmente pela história da lesão
Figura 17.Dermátomos dos MIs
e pelos sintomas em presença.
As alternativas de tratamento são em função da situação específica. A imobilização é
usada frequentemente como suporte de cicatrização.
O programa de fisioterapia deve ser iniciado tão cedo quanto possível após a lesão, uma
vez que a perda de enervação faz com que os músculos comecem a atrofiar de imediato.
CAPITULO IV - O sistema nervoso

12 COLUNA LOMBO-SAGRADA

Nas lesões neurológicas associadas às fracturas da coluna lombo-sagradas, por norma


não há paralisia muscular dos membros inferiores. As consequências ficam limitadas ao mau
funcionamento da bexiga, do reto e órgãos genitais.
A dor é uma experiência sensorial de múltiplos factores que é difícil compreender e
controlar. No início do período pós-lesão, a dor está geralmente relacionada coma fractura e
a lesão dos tecidos moles, e que diminui drasticamente com a descompressão e o
realinhamento e estabilização da coluna.
A dor crónica pode desenvolver-se,
tornando-se um problema extremamente
difícil de resolver. Esta dor, é mais
frequente em lesões que afectam as zonas
inferiores da coluna, especialmente a
cauda equina (cauda de cavalo), e ocorrem
na maior parte das vezes quando a lesão é
incompleta. Desenvolve-se na sua maioria,
nos primeiros 6 meses após a lesão.
Figura 18.Plexos Lombossagrado e Há três síndromes de dor crónica,
Sagrado
típicas, sendo cada uma delas tratada de
maneira diferente.
 A dor radicular – é provocada por raízes dos nervos espinhais, específicas, e
consiste numa dor aguda, ou tipo pontada, em todo o trajecto do nervo.
 A dor visceral – é pouco localizada tipo pontada ou ardor, com irradiação para a
região abdominal ou pélvica.
 A dor central – que também é de natureza difusa, cria uma sensação
generalizada de ardor que é agravado pelo movimento ou pelo tacto.
Nas situações graves, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica, por rizotomia
(eliminação da raiz nervosa afectada) ou outro procedimento semelhante.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor

13 OS OSSOS

O esqueleto humano é formado por dois grandes conjuntos que representam as estruturas axiais
e apendiculares, consistindo em 206 ossos de formas e tamanhos diversos e com funções muito
específicas.
 O esqueleto axial, consiste em 80 ossos, que correspondem aos ossos do crânio, do osso
hióide, da coluna vertebral e do tórax.
 O esqueleto apendicular, consiste em 126 ossos que corresponde aos ossos da cintura
escapular, da cintura pélvica e dos membros.
O esqueleto comporta até 14% do peso corporal do adulto.

O ESQUELETO
HUMANO

É Uma estrutura de Os seus elementos São: Serve

carácter:  Os ossos
 Rígido  Cartilagens De Sustentação Das partes
 Interno  Articulações moles
 Resistente
Como alavanca Para permitir
os movimentos Através Dos

Parte do aparelho músculos

locomotor Junto com


Para proteger Órgãos
os músculos
essenciais Como o Cérebro,
Pulmões, Coração

Para produzir elementos


sanguíneos Glóbulos
vermelhos

Figura 19.Sistema Ósseo


Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor

Figura 20.Esqueleto Humano

13.1 TIPOS DE OSSOS


Os ossos são divididos em quatro tipos, de acordo com o seu formato:
 Ossos longos - ex.: úmero, rádio, cúbito, fémur, tíbia, perónio.
 Ossos curtos – ex.: cárpico e tarso ( frequentemente em forma cúbica)
 Ossos Achatados – ex.: caixa craniana, omoplata
 Ossos Irregulares – ex.: vértebras
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
Os ossos longos são constituídos por diáfise
(parte média), que é constituída por osso cortical
espesso e contem uma cavidade, chamada canal
medular, onde se armazena a medula óssea. Esta
cavidade contem principalmente, tecidos adiposos e
medula amarela, a qual não possui capacidade
hematopoiética.
A diáfise termina na extremidade inferior
(distal) pela metáfise, que é a parte mais larga do
osso e encerra deste lado o canal medular, e na
extremidade superior (proximal) pela epífese, que
contem a medula vermelha que é responsável pela
hematopoiése.
A epífese é constituída por osso esponjoso,
Figura 21.Osso Longo
coberto com uma fina camada de osso cortical. As
superfícies largas das epífese permitem que o peso
do corpo seja distribuído por uma área maior.
Nas crianças a metáfise e a epífese, juntam-se ou consolidam –se com a diáfise após a
puberdade, cerca dos 18 anos, altura em se calcifica definitivamente. Esta linha de crescimento é
facilmente visível ao R.X. nas crianças e desaparece na idade adulta.

13.2 ESTRUTURA ÓSSEA


O osso, como outros tecidos conjuntivos, é constituído por células, fibras e substância de base.
Para além disso, ao contrário de outros tecidos conjuntivos, o osso contém minerais cristalizados
que lhe conferem rigidez.
Cada osso é composto por trabéculas (osso esponjoso), e osso cortical (compacto). Nos ossos
longos, as porções esponjosas encontram-se nas extremidades, e o osso cortical na parte média. Os
ossos curtos e os irregulares possuem uma parte interior de osso esponjoso e uma camada exterior
de osso cortical. Os ossos achatados (planos) como são o osso esterno ou as cristas do ilíaco,
possuem duas placas exteriores de osso cortical e uma interior de osso esponjoso. O osso é uma
substância dinâmica que sintetiza e reabsorve continuamente tecido ósseo. As células ósseas
permitem o crescimento, a regeneração e a remodelagem de si próprio.
A formação do osso começa no estádio fetal, com a formação de cartilagem, e continua ao
longo da vida.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
Num indivíduo maturo, a primeira etapa na sua formação é a iniciação de uma matriz orgânica
feita de células ósseas. A seguir, ocorre a mineralização e a agregação às fibras de colagénio,
fornecendo o suporte e a força do osso.
Tanto o osso esponjoso como o compacto
cotem a mesma estrutura de elementos, mas
diferem na organização da sua matriz. As
camadas concêntricas da matriz óssea são
designadas por Lamelas.
As superfícies externas, não articular dos
ossos longos são cobertas por uma membrana
fibrosa branca chamada periósteo. As
superfícies articulares são cobertas por
cartilagem. Os ossos, principalmente os ossos
longos, possuem canis ou saliências onde
passam ou se juntam os nervos e os vasos
sanguíneos, assim como proeminências onde
se ligam os músculos, tendões e/ou ligamentos,
e ainda aberturas para a passagem dos vasos Figura 22.Estrutura Óssea

sanguíneos para a sua própria manutenção.

13.3 FUNÇÃO DOS OSSOS


Os ossos possuem cinco funções principais:
 Suporte – dos tecidos corporais através da estrutura esquelética, dando também forma e
contornos ao corpo.
 Protecção – dos órgãos do corpo, como por exemplo a caixa craniana que protege o
cérebro, os ossos do tórax que protegem o coração, os pulmões e os da pelve, que
protegem a bexiga e os órgãos reprodutores.
 Movimento – serve de alavanca do corpo através das ligações musculares ao osso,
permitindo os movimentos articulares.
 Hematopoiese – a medula de alguns ossos possui uma função hematopoiética.
Geralmente após o nascimento, a produção de hemácias ocorre apenas na medula óssea.
Nos adultos, e ao longo da vida, a medula dos ossos do crânio, das costelas, das vértebras, do
esterno, da cintura escapular e os ossos do ilíaco (cintura pélvica), produzem hemácias, como forma
de substituir as perdidas por doença, hemorragias e envelhecimento celular.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
Um aumento da produção de hemácias pode ser desencadeado por uma anemias, hemorragia
grave, infecções, stress e outras doenças ou tratamentos médicos, que provoquem a redução do que
está armazenado.
 Homeostase mineral – os ossos armazenam cálcio, fósforo e carbonato de magnésio,
que são necessários para a função celular normal. Aproximadamente 99% do cálcio
corporal é armazenado no esqueleto.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor

14 CONCEITO DE FRACTURA ÓSSEA

Fractura óssea é a perda total ou parcial da continuidade de um osso.


A fractura do osso ocorre geralmente em resultado de um impacto no corpo, por queda ou
acidente. Contudo a fractura também pode ocorrer durante uma actividade normal ou após um
acidente mínimo, se o osso estiver enfraquecido como por uma doença ou osteoporose. Estes tipos
de fracturas são designadas por patológicas ou colapso do osso.
Os ossos também podem fracturar quando os músculos adjacentes são incapazes de absorver a
energia de um impacto traumático, como por norma o fazem. Este tipo de fractura é chamado de
fractura por fadiga ou de stress.
As fracturas por avulsão, ocorrem quando uma forte porção de ligamentos ou de tendões puxa
um fragmento do osso desviando-o do restante.
A maior incidência de fracturas é em homens dos 15 aos 30 anos, e em idosos, principalmente
em mulheres, com mais de 65 anos de idade. A osteoporose é a causa mais comum de fracturas nos
ossos longos com por exemplo o fémur (articulação coxofémural).
A instabilidade neuromuscular, é um factor contributivo importante para o risco de quedas, às
quais precedem, geralmente, uma fractura nas pessoas idosas. Também as fracturas do punho, da
anca, e das vértebras, são as mais comuns nos idosos.
As pessoas com profissões de alto risco como por exemplo: da construção civil, motoristas
profissionais, correm maiores riscos de fracturas.
Neste trabalho serão abordadas as fracturas em geral e mais especificamente as fracturas das
vértebras, da anca, dos joelhos, assim como as complicações.
O tratamento das fracturas fundamentado sobre bases científicas somente foi possível graças à
introdução de técnicas radiográficas adequadas. Assim podemos dizer que o tratamento adequado
das fracturas começou a desenvolver-se no início do século XX. Até então, os cirurgiões baseavam-
se no conhecimento de peças de dissecação e em dados clínicos, para determinar a natureza da
lesão. É evidente, pois, que trabalharam muito tempo na “escuridão”.
Foi também no início do século que se começou a pensar em termos de operações cirúrgicas
abertas, para o tratamento de fracturas complicadas e difíceis. As cirurgias anticépticas
(introduzidas por Lister em 1867), foram inovações relativamente recentes.
Antes da sua introdução a cirurgia em ossos era proibitiva devido aos riscos de infecção.
Mesmo com as vantagens da técnica asséptica e da radiografia, a cirurgia em fracturas foi ainda
bastante dificultada devida à falta de materiais inertes que fixassem os fragmentos ósseos reduzidos.
A aplicação interna de ferro, aço ou prata, corroíam e parcialmente dissolviam-se nos tecidos,
causando uma reacção local que frequentemente retardava a união (calo ósseo).
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
Foi no período entre a I e a II grande guerra mundial que alguns metalúrgicos desenvolveram
ligas que poderiam permanecer indefinidamente nos tecidos sem sofrerem corrosão.
Desde há pouco tempo que se aceitou unanimemente que não é preciso proceder à manipulação
das fracturas, nos casos em que os fragmentos ósseos não se achem exactamente sobrepostos.
(algumas fracturas não requerem redução).
Da mesma forma, e até há relativamente pouco tempo, se sustentava que um osso fracturado
devia necessariamente ser imobilizado com toda a rigidez, até que os fragmentos estivessem unidos.
(algumas fracturas não necessitam de imobilização).
Uma das grandes complicações das fracturas é a síndrome da embolia gorda, potencialmente
fatal, associada a fracturas, politraumatismos, artoplastias total da anca e do joelho. O êmbolo gordo
pode levar a síndrome de dificuldade respiratória no adulto, estando associada ao índice de
mortalidade de 50%, neste tipo de fracturas, especialmente se surgir após 5 dias do traumatismo.
É mais comum após a fractura da pelve, do fémur e ou da tíbia. As pessoas que fazem a
artroplastia da anca e do joelho, estão em maior risco de embolia gorda, devido à manipiulação do
canal intramedular, para permitir a colocação da prótese.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor

15 DEFINIÇÃO DE FRACTURA ÓSSEA

Uma fractura é uma interrupção completa ou parcial do tecido ósseo, e ocorrem quando um
osso é submetido a um tipo de stress superior ao que pode absorver. Podem ser causadas por golpe
directo, forças de esmagamento, movimentos bruscos de torção, por forte contracção muscular, e
até mesmo durante uma actividade normal ou a seguir a uma lesão mínima.
Como os ossos são mais firmes do que as estruturas circundantes, qualquer agressão grave é
capaz de provocar fractura óssea. Apesar de ser o osso a parte mais directamente afectada, outras
estruturas também podem ser envolvidas, resultando em edema dos tecidos moles circundantes,
hemorragias, derrames articulares, hemartroses, luxações com lesão ligamentar, rupturas
musculares tendinosas e outras.
A força que provoca a fractura é dispersa pelo tecido mole circundante, podendo ficar alojados
pequenos fragmentos ósseos em músculos e/ou nervos. Os órgãos podem ser lesados pela força que
causou a fractura, ou pelo próprio fragmento da fractura.
A fractura pode ocorrer em qualquer idade. Nas crianças e jovens, e enquanto decorre o
período de crescimento (até cerca dos 18 anos), a recomposição óssea, ou seja, a formação de calo,
faz-se normalmente com grande facilidade e praticamente sem deixar vestígios.
Nas pessoas mais idosas e com problemas de equilíbrio e mobilidade, ou sedentárias, a
recomposição óssea ou seja a formação de calo faz-se normalmente com maior dificuldade, e por
vezes deixando vestígios e deformações visíveis ou até incapacitantes.
A fractura representa uma perda de continuidade do osso, sendo definida de acordo com o tipo
e extensão.
 As fracturas completas, comprometem os dois córtex, produzindo dois fragmentos
ósseos. A parte do osso mais próxima do centro corporal é designada por fragmento
proximal e a mais distante por fragmento distal.
 Na fractura incompleta apenas um dos lados (córtex) está fracturado o que pode ser
designado por (traço de fractura).
 Se a pele sobre a fractura estiver integra, a fractura é classificada por simples ou
fechada. É aberta ou exposta, quando existe uma comunicação directa entre uma ferida
da pele e o local da fractura. Estas fracturas, possuem um risco elevado de
contaminação, o que é um factor importante na decisão do tratamento que passa ou deve
passar por tratamento cirúrgico com prioridade.
 Alinhada ou sem desvio, quando os dois fragmentos ou topos de fractura estão
alinhados, ou seja sem desvio da sua posição anatómica normal. apesar da quebra de
continuidade.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
 Desalinhada ou com desvio. quando existe desalinhamento dos topos de fractura.
 Quando os fragmentos ósseos deslizam sobre sí ou uns sobre os outros, devido ao
mecanismo da lesão, denomina-se por factura por acalvagamento.
O tipo, a direcção, a intensidade da força de tracção das inserções musculares, determinam a
posição dos fragmentos. A linha de fractura é geralmente designada consoante o tipo. Pode ser em:
 Ramo verde, representada por lascas em um dos lados do osso, (como se fosse um ramo
verde de árvore a partir), e ocorrem com mais frequência nos idosos e nas crianças
pequenas.
 Oblíqua, representada pela linha de fractura num ângulo oblíquo ao eixo do osso.
 Em Espiral, representada pela linha de fractura a circundar parcialmente a osso.
 Encravada, se o fragmento distal for violentamente empurrado para dentro do
fragmento proximal. Isto ocorre mais frequentemente pela compressão e força aplicadas
no fragmento distal.
 Cominutiva, é representada por vários fragmentos por vários fragmentos ósseos.
Na maioria delas, excepto nas fracturas expostas (abertas), só é possível diagnosticar após
revelação por R.X.
Para melhor definição e especificação de cada caso, foram criadas algumas classificações. Ex.:

15.1 EXEMPLOS DE TIPOS DE FRACTURA


Fractura completa – quando há separação completa do
osso, produzindo dois fragmentos. O fragmento mais
próximo do centro corporal, é chamado (proximal). O
fragmento mais distante do centro corporal, é chamado
(distal).
Fractura incompleta – quando apenas parte do
osso verticalmente ou longitudinalmente esteja
fracturado.
Fractura cominutiva – quando existe mais de dois
topos ou fragmentos ósseos. É uma fractura com um
grau elevado de dificuldade no seu tratamento, porque a
sua localização ou inserções musculares o impedem de
se mover ou ser manipulado, para se tentar alinhar os
fragmentos separados.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
Fractura simples ou fechada – quando o tecido
cutâneo por cima do foco de fractura está intacta.

Fractura exposta – quando há solução de


continuidade do tecido cutâneo sobre o foco de fractura.
Esta fractura apresenta alto risco de contaminação e de
infecção, pelo que é um factor de urgência do
tratamento, que por norma é cirúrgico.
Fractura sem desvio – quando os dois fragmento
estejam em perfeito alinhamento, sem alteração da
posição normal, apesar da quebra de continuidade.
Fractura com desvio – quando os fragmentos
estiverem separados e desalinhados entre si e em
relação ao eixo do osso no foco de fractura. Esta pode
ser (ligeira, moderada, grave).
A fractura é em ramo verde – quando há
“enrugamento” de um dos lados do osso, parecendo um
ramo verde partido em que fica “estalado” só de uma
das partes, o que acontece com muita frequência em
crianças.
Fractura transversal – quando a linha de fractura
é transversal em relação ao eixo do osso.

Fractura oblíqua – quando a linha de fractura é


oblíqua em relação ao eixo do osso.

Fractura em espiral – quando a linha de fractura


rodeia total ou parcialmente o osso.

Fractura impactada quando um dos fragmentos é


violentamente empurrado contra o fragmento adjacente,
diminuindo a sua instabilidade.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
Chama-se Fractura Patológica – se o osso estiver
fragilizado ou enfraquecido por doença neoplásica.

Figura 23.Tipos de Fraturas

Chama-se Fractura de fadiga ou Fractura de stress, quando os músculos a ele associados


não sejam capazes de absorver energia como habitualmente.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor

16 FISIOLOGIA DA CONSLIDAÇÃO DA FRACTURA

Ao contrário do que possa parecer, o osso é um tecido também com alguma flexibilidade. Só
atinge uma maior rigidez depois dos 18 anos, altura em que pára o seu crescimento. Perde a sua
consistência ou robustez numa fase mais avançada da vida.
A consolidação de uma fractura, é um processo
fisiológico de recomposição do tecido ósseo através de
um processo designado por formação de calo ósseo .
As fracturas e os problemas cirúrgicos dos ossos,
recuperam pelo mesmo processo.
O calo é o nome dado ao crescimento do novo tecido
ósseo envolvente do foco de fractura, e que permite a
total solidez do osso lesado.

Figura 24.Formação de Calo


Ósseo
A formação do calo ósseo prossegue em cinco estádios sequenciais:
 Formação do hematoma – nesta primeira fase, começa com a formação de hematoma,
24 a 48 horas após a lesão e ocorre em ambos os lados do osso fracturado, devido a o
osso ser altamente vascolarizado. O sangue colecciona-se no periósteo e nos tecidos
adjacentes e comprime as extremidades partidas.
 Formações do complexo de fibrina – nesta segunda fase, os fibroblastos invadem o
hematoma. Os leucócitos, cobrem a área delimitando a infecção.
 Invasão de osteoblastos – nesta fase e à medida que os osteoblastos invadem a fibrina,
esta torna-se mais longa e começa a incorporar o cálcio, formando a cartilagem com a
morfologia do osso.
 Formação de calo ósseo – nesta fase os osteoblastos formam o tecido ósseo designado
por calo ósseo. O colagénio torna-se mais forte e mais impregnado de cálcio. O osso
lamelar continua a substituir o calo ósseo até à regeneração total.
 Remodelação do osso – nesta fase o excesso de calo ósseo é reabsorvido. A
remodelação é um estádio importante, porque o osso que não tenha passado por estas
etapas, tem falta de propriedades mecânicas necessárias para suportar o seu peso ou
cumprir bem a sua função.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
O tempo de consolidação exigido para as fracturas, depende de muitos factores entre eles a
idade do doente e o tipo de osso fracturado. Os adultos necessitam de mais tempo do que as
crianças para a consolidação. O osso osteoporótico, geralmente existente nos idosos, exige mais
tempo para a consolidação.
Geralmente, as fracturas dos ossos esponjosos são mais rápidas de consolidar do que as
fracturas dos ossos corticais, devido ao rico aporte sanguíneo. As fracturas médias do úmero, do
cúbito e da tíbia, geralmente consolidam lentamente, devido ao fraco aporte de sangue.
Uma fractura em ramo verde, apenas demora algumas semanas a consolidar, comparativamente
com a fractura exposta complicada que pode levar até dois anos para a consolidação completa.

16.1 FACTORES QUE IMPEDEM A FORMAÇÃO DE CALO ÓSSEO:


Alguns factores que impedem a formação correcta e normal do calo ósseo são:
 Redução inadequada da fractura
 Grande edema no local da fractura, que impeça o aporte de nutrientes,
 Demasiada perda de tecido ósseo no momento da lesão para permitir suficiente ponte
(espaço) entre as extremidades fracturadas
 Imobilização ineficaz.
 Infecção no local da ferida ou da fractura
 Necrose do osso
 Anemia ou outras doenças sistémicas
 Desequilíbrio endócrino
 Alimentação inadequada.
Se a formação do calo ósseo não correr normal e eficazmente, a falta de reparação óssea
resultante é designada por pseu-artrose ( não união ou fractura não unida)

16.2 COMPLICAÇÕES DAS FRACTURAS ÓSSEAS:


A cicatrização ou consolidação das fracturas ósseas podem apresentar várias complicações, tal
como procurarei descrever:
 Complicações relacionadas com a lesão dos tecidos adjacentes, - tais como a
hemorragia, a infecção (nas fracturas expostas ou nas complicadas), alterações
electrolíticas e outras.
 Complicações da mobilidade - em que podemos incluir as alterações respiratórias e
drenagens posturais, úlceras de decúbito, tromboses venosas, atrofia muscular, etc.
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
 Atrasos na consolidação, - em situações que o processo de consolidação óssea é lento e
em que existe reabsorção do calo ósseo ao nível da fractura, com a formação de um
espaço entre os dois topos ósseos.
 Pseudartrose - nos casos em que não ocorre a consolidação da fractura, produzindo
uma falsa articulação no local da fractura.
 Consolidação viciosa, - nas situações em que a fractura consolida numa posição
diferente da anatómica, tal como nas posições de angulação ou rotação persistentes, de
tal forma que afecta o alinhamento anatómico ou a funcionalidade do membro.
 Rigidez articular,- quando se trata de uma complicação muito frequente e relacionada
com a imobilização articular muito prolongada.
 Embolia gorda, - situação que se deve à passagem para a corrente sanguínea de
partículas de gordura da medula óssea a partir do local ou foco de fractura.
 Perturbações neurológicas - ou de mobilidade e funcionalidade dos membros, são
habitualmente complicações de instalação imediata após a fractura, embora pouco
frequentes.
 No entanto pode-se referir algumas situações como: - a lesão do plexo braquial ( como
consequência maior da luxação do ombro), a paralisia do nervo ciático (como
consequência maior da luxação da anca), a paralisia do nervo radial ( como
consequência maior da luxação do cotovelo)
 Síndrome de compartimento – é uma complicação do traumatismo nos membros,
caracterizado pelo aumento de pressão criado por hemorragia interna intensa dentro do
espaço anatómico limitando, comprometendo a circulação, a viabilidade e a função dos
tecidos dentro desse espaço. Foi descrita como uma contratura violenta, edema,
aumento de pressão nos tecidos, e sintoma de roupa apertada, que pode ser provocada
por ligaduras ou aparelhos gessados demasiadamente justos ou com pouca protecção
interna.

A síndrome de compartimento tanto pode ser aguda, sendo geralmente uma complicação do
traumatismo, como pode ser crónica, ocorrendo em pessoas empenhadas em desporto como a
maratona, a dança, o esqui, etc.
Se não for reconhecida ou detectada a tempo, a síndrome de compartimento pode levar à perda
de função do membro, deformidade ou até amputação. Os músculos sofrem mudanças isquémicas
num espaço de 6 horas após o traumatismo.
A síndrome de compartimento pode aparecer no momento a seguir ao traumatismo em
consequência do fluido que se acumula num compartimento, e a fáscia não se consegue expandir
Capitulo V Sistema Ósseo E Locomotor
para acomodar o excesso desse fluido, originando um aumento de pressão. O resultado final é a
diminuição do aporte sanguíneo e a hipoxia dos tecidos. A pressão aumentada leva à isquémia dos
tecidos e por fim à necrose.
 Consolidação - A evidencia de não consolidação em fracturas da tíbia é mais elevada
do que nos outros ossos longos, especialmente quando a fractura ocorre em resultado de
uma lesão de energia elevada, tal como num acidente de veículo motorizado.

Alguns ossos estão mais propensos a não-consolidação, independentemente da adequação do


tratamento. A tíbia distal, o escafóide, o tarso e o metatarso, têm maior incidência de não-
consolidação.
Considera-se uma fractura unida, quando a evidência radilógica demonstra um calo ósseo no
local da fractura. A consolidação com angulação ou deformidade é designada má consolidação.
Contudo alguma angulação nos ossos longos, por norma não representa má consolidação ou
fragilidade óssea e não é impeditivo para o doente realizar a sua actividade diária normalmente
como até à data anterior à fractura.

16.3 IMOBILIZAÇÃO DAS FRACTURAS:


A imobilização do osso fracturado é necessária e fundamental para a consolidação ter lugar, ou
seja, para que o organismo na sua recomposição fisiológica e anatómica, tenha o tempo de
formação de calo ósseo de que necessita, dependendo sempre de cada situação, mas que é em média
cerca de 6 semanas, nas situações consideradas normais. A imobilização pode ser feitas por várias
formas. Ex.
 Imobilização fisiológica – Fenómeno que ocorre naturalmente, e geralmente logo após
o acidente, dando a protecção por espasmo muscular, relacionando-se com a dor na
zona afectada, evitando a sua utilização, e provocando a vontade de repousar o corpo até
ao total restabelecimento da fractura.
 Imobilização externa – Realizada por imobilização com a ajuda de materiais e meios
como: tracções, aparelhos gessados, ligaduras, fixação externa, etc. O método de
fixação externa das fracturas por fixadores, consiste numa intervenção mista de atitude
cirúrgica e tratamento conservador. Para a aplicação deste material é necessário
recorrer-se a uma anestesia e numa sala de bloco operatório.
 Imobilização interna – Realizada por fixação dos fragmentos ósseos através de
intervenção cirúrgica, com aplicação de material de osteossintese, tais como: fixadores
externos, fios de Kirschner ou cravos de Steinman, próteses, placas e parafusos, etc.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

17 CUIDADOS DE ENFERMAGEM URGENTES OU EMERGENTES DE


ORTO-TRAUMATOLOGIA NA VIA PÚBLICA

Os cuidados de enfermagem aos doentes portadores de patologias ortotraumatológicas,


incidem, regra geral, na resposta a necessidades urgentes ou mesmo emergentes. Neste contexto, ao
enfermeiro são exigidas competências nas vertentes ortopédica e emergência, para que possa cuidar
adequadamente e com eficácia a pessoa que recorre ou necessita em caso de acidente dos seus
cuidados.
Tratando-se da primeira abordagem que o enfermeiro faz ao doente com lesões do foro
ortopédico, deve ter presente que todas as suas acções deverão ter como objectivo o mais rápido
tratamento, reabilitação e da função do membro lesado.
As manifestações clínicas da fractura diferem, de acordo com a localização, o tipo de fractura e
das lesões dos tecidos moles associados. Os sinais e sintomas característicos da maior parte das
fracturas, incluem dor, diminuição ou perda da função, deformidade, movimento anormal ou
excessivo, edema, alteração da sensibilidade e evidência da fractura. A dor imediata associada à
fractura, geralmente, é grave. Tentativas de movimentos aumentam a dor.
Os factores que contribuem para a dor, são as lesões dos tecidos moles associados, espasmos
musculares e/ou com o consequente acavalgamento dos fragmentos ósseos fracturados. A alteração
na sensibilidade, é causada por pressão, compressão ou lesão dos nervos ou só as raízes nervosas,
devido ao traumatismo ou pelos fragmentos ósseos.
Chegou-se à conclusão de que no tratamento de qualquer fractura não é somente ao osso que se
deve dedicar toda a atenção. A atenção deve ser dirigida também às partes moles e, particularmente
aos músculos, cuja função necessita ser preservada activa, dentro dos limites impostos pela
entalação (imobilização), reactivando a sua função com exercícios adequados, mesmo dentro dos
aparelhos gessados, ou logo que a imobilização é suprimida.
Numa primeira observação, o enfermeiro deverá avaliar com objectividade a postura do doente
e ou do membro afectado, especialmente:
 A assimetria com o outro membro
 Diferenças de comprimento
 Ausência de extremidades
 Alterações morfológicas
 Edemas
 Equimoses
 Lacerações ou outras alterações da integridade cutânea.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
 Observar a linha anatómica da área atingida, procurando desvios relacionados com a
lesão
 Avaliar a amplitude de movimento activo e passivo limitado pela dor, fazendo
movimentos e posicionamentos que desencadeiam ou aliviam a dor.
No exame físico, o enfermeiro deve observar a área atingida verificando se há eventual
limitação da amplitude de movimentos, instabilidade ou rigidez articular, sinais inflamatórios
(rubor, calor, dor), crepitação ou flutuação, tónus muscular e coloração da pele. Os objectivos de
tratamento incluem o seguinte:
 Reduzir a fractura alinhando os fragmentos
 Manter os fragmentos em alinhamento correcto através da imobilização
 Restaurar a função e prevenir a perda de mobilidade da articulação e do tónus muscular.
Nestes princípios fundamentais a ter em conta no momento da lesão, o tratamento
implementado deve incluir o seguinte:
 Manter a permeabilidade das vias aéreas e avaliar os sinais de choque.
 Imobilizar a fractura, com tala, para prevenir o movimento dos fragmentos, evitando
assim maiores lesões dos tecidos moles provocadas pelos próprios fragmentos soltos. A
tala e a imobilização também fazem diminuir a dor.
 Preservar o alinhamento correcto do osso e do corpo
 Elevar a parte do corpo lesada, sempre que possível ou que não se torne
contraproducente, para diminuir o edema e a dor.
 Aplicar gelo ou material frio, para reduzir a hemorragia, o edema e a dor.
 Observar as mudanças de cor, sensibilidade, circulação distal ou periférica, mobilidade,
temperatura distal e/ou da parte lesada.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

18 IMOBILIZAÇÃO PROVISÓRIA DAS FRACTURAS

A imobilização provisória das fracturas é e deve ser sempre um procedimento efectuado com
conhecimento e com responsabilidade, porque daí resulta ou pode resultar o melhor ou pior
benefício e recuperação do doente
Se a fractura for a única lesão aparente, é habitualmente possível proceder à sua imediata
imobilização, tendo em conta a ausência de qualquer metodologia analgésica. A necessidade deste
recurso pode ser deveras notada nas situações de fracturas expostas ou complicadas, por
envolvimento de outros tecidos (muscular, nervoso; vascular, etc.).
Nas fracturas fechadas deve ter-se sempre em atenção, (por exemplo nas fracturas do fémur) o
eventual comprometimento vascular ou tão-somente a hemorragia adjacente à lesão. É portanto,
necessário observar e estar atento aos sinais de compromisso vascular de forma a permitir o
controlo e despiste de quaisquer situações hipovolémicas.
Está calculado e referido que uma fractura fechada da diáfise fémural pode perder cerca de um
litro de sangue, enquanto uma fractura da bacia com interrupção do anel pélvico pode perder até 3
litros de sangue. Estes dados mostram bem a importância de um exame objectivo e cuidado.
Nas técnicas de imobilização provisória, devem utilizar-se sempre materiais simples e de fácil
remoção, mas que garantam a imobilização das articulações mais proximal e a mais distal do foco
de fractura. Habitualmente imobilizam-se os membros através da aplicação provisória de talas de
madeira ou outra.
Numa situação de necessidade de imobilização mais prolongada, pode ser usadas ligaduras de
suspensão, ou imobilizações com ligaduras de gesso.
Qualquer uma das técnicas ou material, contribui para a imobilização da fractura, diminuir
riscos e a dor.

18.1 IMOBILIZAÇÕES CERVICAIS


As lesões da coluna, com ou sem fractura, são as mais graves de toda a estrutura óssea, porque
implica, ou podem implicar comprometimento medularem, logo consequências de mobilidade e
sensibilidade que podem ser irreversíveis para quem sofre estes acidentes.
De entre todas as divisões ou subdivisões da coluna, entendi aprofundar um pouco mais no que
diz respeito à coluna cervical, porque de facto são as lesões nesta zona que provocam também as
consequências mais gravosas, logo são merecedoras de maior cuidado na sua abordagem.
A coluna vertebral é um cilindro ósseo que proporciona uma excelente protecção à medula
espinal contra lesões de pequena intensidade. As vértebras são estruturas ósseas, densas, com
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
múltiplas articulações, que permitem, principalmente as cervicais, uma vasta gama de movimentos
da cabeça e do pescoço.
Alguns sinais de alerta para a lesão traumática da coluna cervical são: dor no local da lesão,
perda parcial ou total da mobilidade ou da sensibilidade, abaixo do nível da lesão.
Até prova em contrário, todo o traumatismo cervical pode produzir lesões neurológicas
irreversíveis.
Neste pressuposto, o enfermeiro deve sempre imobilizar a coluna cervical, com a colocação de
um colar cervical adequado, respeitando sempre o posicionamento anatómico, e instruindo o doente
para ter cuidados ou manter a posição até a confirmação do diagnóstico por um especialista.
A técnica de colocação do colar cervical deve respeitar as normas tipificadas pelos serviços de
emergência, e conforme já foi descrito anteriormente, de forma a garantir o apoio e a imobilização
do pescoço em posição anatómica.

Figura 25.Lesão Cervical Posterior

Figura 26.Lesão Cervical Anterior

As lesões medulares ocorrem com maior frequência, quando é exercida uma força excessiva na
coluna cervical de hiper extensão, compressão ou rotação. Ocorrências que provoquem aceleração e
desaceleração violentas e súbitas, são factores desencadeadores de graves lesões medulares.
As lesões de hiperflexão, são frequentemente resultado de uma desaceleração súbita, como
pode acontecer numa colisão frontal com veículo motorizado ou por forte pancada na nuca.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
A consequência do movimente violento de hiperflexão, tem com consequência de imediato, um
movimento de hiperextensão forçada, que normalmente resultam em fracturas ou luxação das
vértebras cervicais, e /ou rotura ou laceração dos músculos e ligamentos posteriores
As lesões de hiperextensão, são frequentemente lesões de aceleração, já que são mais frequente
em colisões traseiras, ou em consequência de quedas em que o maxilar inferior bate violentamente.
Os resultados são extremamente graves devido à amplitude do movimento do pescoço.

Figura 27.Lesão Cervical por Esmagamento

As lesões de rotação, são causadas por flexão lateral extrema ou torção da cabeça e do pescoço.
A medula é gravemente sacudida ou comprimida como pode acontecer no desporto como por
exemplo o futebol ou a natação. Pode não haver alterações patológicas da medula, mas ocorre perda
temporária da função motora ou sensorial, ou ambas, que regridem geralmente espontaneamente
num espaço de 24 horas.
Os cuidados imediatos após o traumatismo cervical, começam no terreno, no local da lesão, e
deve centrar-se na sua estabilização.

Figura 28.Colocação do Colar Cervical


No local, usam-se colares cervicais rígidos e macas duras para estabilizar a coluna, durante as
operações de resgate e transporte.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
A incidência das lesões completas diminuiu ao longo das últimas décadas, devido, pelo menos
em parte, ao aperfeiçoamento dos cuidados prestados no terreno, a evolução na qualidade e
quantidade dos materiais usados, que limitam as lesões e/ou compressão secundária das raízes
nervosas.
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19 IMOBILIZAÇÕE DOS MEMBROS COM TALAS

Não se pode considerar em absoluto que as imobilizações por talas de madeira que são usadas
basicamente no momento e local do acidente, seja um tratamento conservador de fracturas. Contudo
também não se pode excluir em absoluto dessa classificação, porque é ou pode ser nesse momento
que damos um enorme contributo para minimizar os riscos de maiores danos ou incapacidades
futuras para a vítima.
A grande percentagem dos traumatismos dos membros, são derivados a agressão directa e
violenta, como é o caso do desporto, acidentes rodoviários ou quedas em altura.
Os traumatismos das extremidades embora de um modo geral não ponham em risco a vida da
vítima, podem quando não tratadas ou incorrectamente tratadas, condicionar o tempo de
internamento e morbilidades mais elevadas.
A fractura mais frequentemente esquecida ou não diagnosticada é a segunda fractura. Deve ter-
se sempre em atenção o mecanismo da lesão.
A sequência de imobilização de uma fractura passa pela tracção prévia da mesma (sempre por
alguém creditado, porque caso contrário é preferível imobilizar na posição encontrada), segundo o
eixo em que se encontra o membro, seguida de alinhamento e imobilização.
No caso das articulações, a tracção exercida deve ser mínima e feita se possível com a
participação activa da vitima, e devendo ser sempre imobilizada na posição em que se encontrar, em
caso de resistência.
Utilizar sempre talas de madeiras almofadadas. As talas insufláveis podem ocasionar isquemia
do membro.

19.1 MEMBROS PROVISÓRIAS DOS MEMBROS SUPERIORES:


Uma situação muito comum é a luxação do ombro e/ou fracturas do colo do úmero, o que leva
o doente a ficar com grande ansiedade.
É normal o doente apresentar o membro luxado, sem qualquer tipo de movimento activo não
doloroso e muito queixoso.
É exigido um exame físico e radiográfico rápido e conclusivo, que confirme ou não o
diagnóstico. O enfermeiro deve posicionar o membro afectado em posição anti álgica. Alguns sinais
de alerta para as lesões do ombro são: dor, perda de função, deformação óbvia, possível diminuição
do estado neurovascular.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
19.1.1 TRAUMATISMO DO OMBRO:
Qualquer história de queda sobre o ombro ou outro tipo de traumatismo que leva à suspeita de
fractura do colo do úmero, deve levar o enfermeiro a considerar a possibilidade da necessidade de
imobilização com ligadura provisória tipo Gerdy.

Figura 29.Aplicação de Ligadura no Ombro


Esta ligadura deve garantir que o membro superior afectado mantenha a imobilização em
adução do braço, com o cotovelo a 90º, antes da confirmação do diagnóstico. Depois da
confirmação, efectuar a ligadura de Gerdy definitiva.
Nas vítimas sentadas - Técnica : Um elemento ajusta o braço lateralmente e coloca o
antebraço flectido para a frente do corpo. Outro elemento aplica as ligaduras, apoiando o antebraço
e imobilizando o braço contra o tórax.
Nas vítimas deitadas - Técnica : Nesta situação e com suspeita de lesão da coluna, não é
possível utilizar ligaduras. O braço pode ser igualmente posicionado contra o tórax, ou alinhado ao
longo do corpo.
Se vítima se encontra em plano duro, o braço pode ser imobilizado aplicando, por exemplo,
ligadura adesiva. Se for utilizada uma maca de vácuo, o braço pode permanecer alinhado e os
elementos devem-se certificar de que fica correctamente ajustado.

19.1.2 TRAUMATISMO DA DIÁFISE DO ÚMERO:


Nas vítimas sentadas - Técnica: Na Imobilizações do úmero, um elemento realiza tracção do
braço e ajusta a sua face exterior a uma tala de madeira almofadada colocada lateralmente, com o
antebraço flectido para a frente do corpo. O outro elemento aplica as ligaduras, imobilizando o
braço contra a tala e depois contra o tórax, apoiando o antebraço suspenso ao peito.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

Figura 30.Ligadura à Diáfise do Umero com Tala

Figura 31.Ligadura à Diáfise do Umero com Tala de Krammer

Nas vítimas deitadas -Técnica: Um elemento realiza tracção e alinhamento do braço,


ajustando a sua face exterior a uma tala de madeira almofadada. Outro elemento aplica as ligaduras,
imobilizando o braço contra a tala e permanecendo posteriormente junto ao corpo.

19.1.3 IMOBILIZAÇÕES DO COTOVELO


O exame objectivo do braço e cotovelo, deve ser efectuado com o cotovelo flectido e das
alterações neurológicas e vasculares.
Alguns sinais de alerta a ter em conta para as lesões do braço e ou cotovelo são: dor, edema,
perda de função, deformação óbvia, possível diminuição do estado neurovascular.
As fracturas ou luxação do cotovelo, sendo lesões graves e causadas por traumatismo,
habitualmente têm indicação de imobilização provisória e na posição encontrada, aplicando sempre
a ligadura de contenção de forma cruzada na dobra do cotovelo para evitar garrote.
A imobilização deve ser feita com o mínimo de tracção e sem forçar (tentar não provocar dor
intensa e sem resistência).
Nas vítimas sentadas - Técnica: Um elemento ajusta o membro a uma tala de madeira
almofadada, colocada lateralmente, com o antebraço na máxima extensão possível (posição mais
cómoda). Outro elemento aplica as ligaduras, imobilizando o braço e o antebraço contra a tala e
depois contra o corpo da vítima.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

Figura 32.Imobilizações do cotovelo Com tala de madeira

Nas vítimas deitadas - Técnica: Um elemento ajusta o membro à tala de madeira almofadada,
colocada lateralmente, na posição mais cómoda possível (pode mesmo ser necessário imobilizar na
posição em que se encontra). Outro elemento aplica as ligaduras, imobilizando o braço e o
antebraço contra as talas e depois contra o corpo da vítima.
Situações como lesões articulares do cotovelo ou fractura da diáfise do úmero, em que pode ser
necessário imobilizar o membro em flexão, pode ser utilizada outro tipo de tala, igualmente rígida,
almofadada, mas moldável – (Talas em metal tipo “KRAMMER”)

19.1.4 IMOBILIZAÇÕES DO ANTEBRAÇO


As fracturas do 1/3 médio ou distal do antebraço são habitualmente a razão pela qual os
doentes recorrem mais ao serviço de urgência, estão frequentemente relacionados com acidentes de
viação, acidentes de trabalho ou laser. Podem também envolver outras estruturas para além dos
osso, sendo portanto situações que exigem uma imobilização provisória do membro afectado em
posição anti álgica e ou anatómica, até à confirmação do diagnóstico. As fracturas ou suspeita de
fractura dos ossos do antebraço, também exigem a imobilização anti álgica, em posição anatómica
ou na posição encontrada.
Com talas de madeira - Técnica: Um elemento realiza tracção e alinhamento do membro,
ajustando-o de seguida a uma tala de madeira almofadada, colocada do lado que não apresenta
tumefacção. Outro elemento coloca um rolo de ligadura entre a palma da mão e a tala e aplica as
ligaduras, imobilizando o membro contra a tala desde o braço até à mão.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

Figura 33.Imobilizações do antebraço Com tala de madeira

Figura 34.Imobilizações do antebraço Com talas deKrammer


Com talas deKrammer - Técnica: Um elemento realiza tracção e alinhamento do membro,
ajustando-o de seguida a uma tala de Krammer almofadada, colocada do lado posterior, e moldada
ao membro. Outro elemento coloca um rolo de ligadura entre a palma da mão e a tala e aplica as
ligaduras, imobilizando o membro contra a tala desde o braço até à mão.

19.1.5 IMOBILIZAÇÃO DO PUNHO E MÃO


Nas lesões do punho e da mão os procedimentos são idênticos, sendo a imobilização apenas do
antebraço até à mão. Não esquecer de remover anéis antes de imobilizar a mão.
As lesões que mais frequentemente que aparecem em ortopedia são as relacionadas com
traumatismos mais ou menos violentos. De entre estas, são as fracturas e as luxações das
articulações distais dos dedos. Embora de gravidade distinta, é aconselhada uma imobilização
provisória.
No caso de luxação dos dedos, pode de imediato ser tentada a redução, que se torna mais fácil e
menos dolorosa para o doente ser for executada com movimentos firmes, rápidos e seguras, nas
primeiras horas após o traumatismo, enquanto o edema ou inflamação não está exacerbado. Alguns
sinais de alerta para as lesões do punho e mão são: dor, perda de função, deformação óbvia, possível
diminuição do estado neurovascular.
Com talas de madeira - Técnica: Um elemento realiza tracção e alinhamento do membro,
ajustando-o de seguida a uma tala de madeira almofadada, colocada do lado que não apresenta
tumefacção. Outro elemento coloca um rolo de ligadura entre a palma da mão e a tala e aplica as
ligaduras, imobilizando o membro contra a tala desde o braço até à mão.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

Figura 35.Imobilização do Punho e mão

19.2 IMOBILIZAÇÕES PROVISÓRIAS DOS MEMBROS INFERIORES:


A patologia da anca, traumática ou não, é das situações mais frequentes em ortopedia. As
situações não traumáticas derivadas de processos artríticos da anca, particularmente as relacionadas
com a idade, são as que mais recorrem ao s.u.
As fracturas da anca, sub-trocantéricas, inter-trocantéricas, sub-capitais e do colo do fémur, são
muito comuns em idade avançada, provocadas por pequenas quedas, ou devido à osteoporose
avançada, o que os leva a recorrer com muita frequência a ortopedia.
Numa situação de suspeita de fractura da anca, o enfermeiro numa avaliação efectiva mais
sumária, deverá verificar os principais sinais de fractura da anca como sejam; - rotação externa ou
interna do membro, encurtamento do membro, dor localizada. Perante estes sinais, deve
providenciar-se uma imobilização provisória anti álgica, ou manter o membro na posição
encontrada, desde que isso não contribua para o aumento da dor ou problemas secundários.
As fracturas fechadas da diáfise do fémur, podem provocar um grande derrame sanguíneo para
os tecidos moles adjacentes, o que deverá ser tido em conta na primeira avaliação sumária e com
vigilância permanente.
As lesões dos tecidos moles da coxa (músculos), estão habitualmente relacionados com a
prática desportiva ou com quedas. Nestes casos e tendo em consideração a manifesta incapacidade
motora do membro afectado, deverá proceder-se a uma imobilização em posição anatómica e anti
álgica.
A redução da luxação coxofémural (da anca) deve ser feita sob anestesia geral. A técnica do
rolamento não deve ser aplicada, excepto se a posição da vítima obrigue à sua realização (ex. vítima
em decúbito ventral).

19.2.1 IMOBILIZAÇÕES DO FÉMUR


As fracturas mais frequentes a este nível são as do colo do fémur do idoso, resultantes de
pequenas quedas e as fracturas provocadas por acidentes.
Nos idosos é frequente haver poucos sinais deste tipo de lesão. A impotência funcional é um
dos poucos sinais. O sinal típico deste tipo de fracturas é a rotação externa ou interna do membro,
com o pé a apontar para fora ou para dentro.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
Com talas de madeira – Técnica: Um elemento realiza tracção e alinhamento do membro e
outro elemento utiliza uma ligadura com cerca de 1,5 metros, colocando-a no pé (não é obrigatório)
para que a tracção seja exercida a nível do dorso do pé e do calcanhar. A tracção pode ser feita só
com as m
Talas de madeira

Figura 36.Imobilizações do fémur


O segundo elemento fará a aplicação, lateralmente, de duas talas de madeira almofadadas, uma
interna e outra externa, ou noutra posição alternativa se houver ferida ou fractura exposta. Ambas as
talas deverão ultrapassar a planta do pé mas a externa deverá ficar acima da bacia e a interna na
zona inguinal.
Depois de fixadas no pé pelo primeiro elemento, o segundo elemento devem começar a
imobilização com ligaduras a nível da perna, em direcção à zona da bacia.
Perante a possibilidade de lesão vértebro-medular, não deverão ultrapassar a raiz da coxa,
devendo descer com a ligadura para completar a imobilização do membro. A primeira ligadura
colocada a nível do pé e calcanhar, cruzará no dorso do pé e as suas duas extremidades fazendo de
novo um trajecto ascendente, em volta das talas já colocadas.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
Se a vítima apenas apresentar fractura do fémur e for possível excluir lesão vértebro-medular, a
fixação das talas poderá ser feita até à região da bacia.
Chegando à região inguinal, após fixar a tala interna, a ligadura dirigir-se-á ao topo da tala
externa e cruzará posteriormente a região dorso-lombar para o lado oposto, cruzando depois a
região abdominal em direcção à coxo-femural. Passará de seguida por baixo, em direcção
novamente à região inguinal, descendo com a ligadura para completar a imobilização do membro,
como descrito anteriormente.

19.2.2 IMOBILIZAÇÕES DO JOELHO


Nas lesões do joelho devem ser avaliados os sinais de atrofia muscular, comparativamente com
a outra perna, assim como os sinais de edema ou derrame intra-articular.
Alguns sinais de alerta para as lesões do joelho são: dor, edema, perda de função, deformação
óbvia, possível diminuição do estado neurovascular, movimentação limitada, em especial a flexão e
a extensão, travamento ou deslizamento da articulação.
As lesões do joelho mais comuns em ortopedia são as de origem traumática, embora as
agudizações de situações inflamatórias e artríticas também sejam frequentes. As lesões dos joelhos
são habitualmente fruto de acidentes de viação ou de lesões desportivas.
Qualquer das lesões do joelho implica uma imobilização pelo menos provisória do membro
afectado, de forma a evitar o agravamento da lesão pelo movimento e para evitar a carga.
As lesões ligamentares do joelho apresentam normalmente uma evidente alteração na
mobilidade e na capacidade de carga do joelho.
Com talas de madeira – Técnica: A imobilização deve ser feita na posição em que o membro
é encontrado, se não for possível fazer a sua extensão.
Um elemento ajusta o membro a duas talas de madeira almofadadas, colocadas lateralmente.
Outro elemento aplica as ligaduras, imobilizando a coxa e a perna contra as talas, apoiando
depois o membro.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

Figura 37.Imobilizações do joelho com Talas de madeira

19.2.3 IMOBILIZAÇÕES DOS OSSOS DA PERNA:


As lesões traumáticas da diáfise da tíbia ou perónio, referem-se habitualmente a fracturas, o
que implica uma imobilização anti álgica ou para evitar movimentos que podem ser
contraproducentes e agravarem a lesão.

Figura 38.Imobilizações dos ossos da perna Com Tala de madeira


Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
Com talas de madeira - Técnica: Um elemento ajusta o membro a duas talas de madeira
almofadadas, colocadas lateralmente. Outro elemento aplica as ligaduras, imobilizando da coxa ao
pé, utilizando a técnica de tracção do pé.

Figura 39.Imobilizações dos ossos da perna Com Tala de Kramer

Com talas deKrammer - Técnica: Um elemento ajusta o membro à tala de krammer


almofadada, colocada posteriormente e moldada ao pé. Outro elemento aplica as ligaduras,
imobilizando da coxa ao pé, utilizando a técnica de tracção do pé.

19.2.4 IMOBILIZAÇÃO DO TORNOZELO E PÉ


As lesões traumáticas da tibiotársica e do pé, particularmente a entorse da tibiotársica, são sem
dúvida as situações mais frequentes em ortopedia.
Alguns sinais de alerta para as lesões tibiotársicas e do pé são: dor, edema, equimose, perda de
função, deformação óbvia, possível diminuição do estado neurovascular.
A avaliação da lesão deve centrar-se numa análise comparativa entre os dois pés, de forma a
verificar as alterações de: - aspecto, tamanho, edema, posição, calosidades ou joanetes,(Hallux
Valgus) amplitude de movimentos em flexão e extensão, inversão e eversão do pé. Deve ser feita
uma observação específica ao tendão de Aquiles.
Pode haver a necessidade de uma imobilização provisória antiálgica. Neste caso o enfermeiro
deverá garantir a imobilização adequada da tibiotársica, mas de forma que seja sempre possível uma
observação ou acesso a palpação das extremidades para uma avaliação constante do pulso pedioso e
do estado neurovascular, temperatura do pé.
Os traumatismos dos dedos dos pés, são basicamente lesões provocadas pelas práticas
desportivas mais ou menos radicais, e que resultam em fracturas sub-luxações ou mesmo luxações.
São situações extremamente dolorosas, e que exigem um rápido realinhamento e imobilização
anti álgica, (sindactilia) é feita em regra geral imobilizando também o dedo ou dedos contíguos, que
funcionam como tala do dedo lesionado, e permitem de alguma forma uma mobilidade articular no
limite da dor suportada pelo doente.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
Com talas de madeira - Técnica: Como nas fracturas dos ossos da perna, um elemento ajusta
o membro a duas talas de madeira almofadadas, colocadas lateralmente. Outro elemento aplica as
ligaduras, imobilizando da perna ao pé, utilizando a técnica de suspensão sem tracção do pé para
evitar maiores danos.

Figura 40.Imobilização do tornozelo e pé com Talas de madeira

Nestes casos, as talas de madeira, devem ser colocadas ligeiramente inclinadas no sentido do
1/3 médio do pé, deixando o calcanhar abaixo das talas. Na envolvência com as ligaduras, já o
calcanhar também deve ser envolvido para se obter uma boa imobilização.
Com talas de Krammer - Técnica: Um elemento ajusta o membro à tala de krammer
almofadada, colocada posteriormente e moldada ao pé. Outro elemento aplica as ligaduras,
imobilizando da coxa ao pé, utilizando a técnica de tracção do pé.

Figura 41.Imobilização do tornozelo e pé Talas deKrammer


Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

20 CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM ORTOPEDIA NO S.U.

Qualquer lesão traumática da coluna ou dos membros que mostrem uma evidente alteração das
linhas anatómicas ou suspeita de luxação grave, exige sempre por parte do enfermeiro uma cuidada
observação neurovascular da extremidade envolvida, com a avaliação da coloração, temperatura e
pulsos periféricos. Esta avaliação deve ser mantida mesmo depois de feita a imobilização.
As lesões da coluna cervical são, ou poderão ser de extrema gravidade. O enfermeiro que faz a
primeira abordagem de um doente vítima de traumatismo cervical, deve ter sempre em atenção a
eventualidade de uma lesão grave e deve, portanto, cuidá-lo como sendo vítima de uma lesão
cervical grave.
As lesões inflamatórias agudas da coluna também são frequentes nos cuidados primários em
ortopedia. Habitualmente, são situações hiperálgicas que apresentam maior limitação de
movimentos. Nestas situações, deverá ser sempre despistada a eventualidade de traumatismo
causador da dor, o que exige do enfermeiro medidas de imediata imobilização e repouso, até
confirmação de eventual fractura da coluna.
Em termos gerais, as intervenções de enfermagem nos cuidados em ortopedia do S.U., deverão
ter como objectivos:
 Diminuir a dor e proporcionar conforto ao doente - Uma abordagem calma e confiante
que transmita segurança, permite reduzir a ansiedade e a angústia, facilitando a
colaboração que é indispensável ao sucesso dos cuidados.
 Estabilizar a fractura (suspeita ou confirmada), em posição anatómica ou antiálgica - A
estabilização de um membro com suspeita de fractura, implica a sua imobilização em
posição anatómica, a qual é frequentemente antiálgica. É comum um doente apresentar
na entrada no S.U. um desvio anatómico do membro atingido.
O enfermeiro deverá procurar posicionar o membro, respeitando a linha anatómica, exercendo
a necessária tracção, numa posição distal do foco de fractura, por forma a aliviar a tensão muscular,
permitindo assim o realinhamento anatómico do membro e imobilizando, embora provisoriamente
com talas na face interna e externa do membro, de forma a imobilizar também a articulação mais
proximal e a articulação mais distal do foco de fractura.
 Promover o rápido tratamento especializado mais indicado para cada situação,
proporcionando o melhor cuidado, tendo em conta uma rápida recuperação e reinserção
social.
A primeira avaliação, o exame físico cuidado e a imobilização provisória adequada e
correctamente colocada, pode ser sinónimo de um menor período de recuperação, e por tanto, numa
mais rápida reinserção social.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

O processo de reabilitação de uma situação ortopédica começa ou deverá começar no momento


do acidente. Todas as medidas tomadas no local do acidente e nas primeiras abordagens até à
estabilização definitiva da fractura, terão influência directa na eficácia da recuperação do indivíduo.
Esta responsabilidade recai maioritariamente no enfermeiro que faz o acolhimento deste doente em
ortopedia no S.U.
Para atingir estes objectivos, o enfermeiro no serviço de ortopedia de urgência, deverá acolher
o doente com suspeita ou confirmação de lesão ortopédica de forma a garantir-lhe que inicia
naquele momento a sua recuperação.
Em qualquer situação suspeita ou confirmada de fracturas ou situação aguda patológica
ortopédica, o enfermeiro deve em primeiro lugar procurar posicionar/imobilizar o segmento lesado
em posição anatómica ou antiálgica, para que assim possa acalmar o doente. É evidente que em
lesões da coluna, a imobilização precisa de maiores cuidados, tendo em conta as consequência que
poderão advir de uma atitude incorrecta.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

21 IMOBILIZAÇÕES DOS MEMBROS COM APARELHOS GESSADOS, E


LIGADURAS NO SERVIÇO DE URGÊNCIA

Um dos principais métodos de tratamento das lesões ósseas que ocorrem ao s.u. é o tratamento
conservador, que pode passar pela imobilização com ligaduras e/ou com aparelhos gessados.
Vou descrever neste capítulo, embora superficialmente, o uso de material de gesso, e ligaduras
para imobilização, tema que abordarei pormenorizadamente mais à frente em capítulos distintos,
dedicados aos vários aparelhos gessados e ligaduras para corrigir ou estabilizar as fracturas ou
luxações ósseas.
A opção pelos vários tipos de aparelhos gessados e neste caso, dando prioridade ao uso de talas
gessadas, deve-se ao facto de que na primeira fase do traumatismo ou seja, logo após e nas
primeiras 24 a 48 horas, há o aparecimento de alterações morfológicas no membro afectado,
principalmente na zona directamente atingida, como seja o edema, o hematoma ou feridas.
As talas de gesso caracterizam-se por serem metade de gesso ou seja por meia cana,
envolvendo só a metade anterior ou a posterior do membro afectado ou a zona que se pretende
proteger ou imobilizar.
A aplicação de ligaduras ou das talas gessadas (gessos meia cana), permitem que o membro
cumpra a sua função de reabilitação e se expanda o suficiente, sem haver o perigo de garrotamento
ou comprometimento neurovascular local ou distal.
Permite que após algum tempo (8 a 15 dias) se possam utilizar outros meios de tratamento ou
de imobilização como sejam os aparelho gessados fechados, para permitir melhor estabilidade dos
focos de fractura, sem se correrem os riscos atrás descritos de alterações neurovasculares que por
ventura poderiam ser irreversíveis para o doente.
A execução de qualquer imobilização provisória de um membro com lesão osteo-articular,
deve respeitar as seguintes regras gerais como:
 Garantir a estabilização da área suspeita de fractura, tendo sempre em atenção o
alinhamento anatómico.
 Garantir o bloqueio das articulações distal e proximal do foco de fractura.
Esta exigência faz com que a imobilização de um membro inferior seja quase sempre
cruropodálica, a do membro superior seja quase sempre braquiopalmar.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

22 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA A EXECUÇÃO DE TALAS GESSADAS

O gesso, é seguramente o mais comum dos meios de imobilização das fracturas usados em
todo o mundo. Desde o início do século passado, que os gessos, e os aparelhos gessados, foram
motivo de muitos estudos e alterações na filosofia de aplicação, nas várias fases de um tratamento
das lesões ósseas por fractura.
O gesso é um material que parece que se molda ao nosso gosto, sobre todas as partes do corpo
e dá-nos resultados muito surpreendentes, muitas vezes superiores a outras formas de imobilização
ou tratamento. Por si só, o gesso permite fixar as diversas partes do corpo que estiverem lesadas,
numa posição determinada, caso entendamos por bem manter essas posições e dependendo só de
alguns minutos para a sua execução e solidificação.
Para a execução correcta e eficaz das várias talas gessadas, têm que se reunir várias condições
de recursos humanos, materiais, e ambientais. É fundamental existir uma sala própria e bem
apetrechada com material, assim como bom ambiente. É fundamental não descurar o aspecto físico
e psicológico do doente.
Como apoio, caso seja necessário efectuar pensos em feridas pós traumáticas, e antes de
executar o aparelho gessado, deve haver material de pensos e os produtos como:
 desinfectantes usados na instituição, compressas esterilizadas, luvas esterilizadas e
adesivos, etc.

22.1 PAPEL DO ENFERMEIRO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA :


O enfermeiro tem o papel importante e o dever de informar o doente pormenorizadamente
sobre alguns sinais de alerta para anomalias que possam ocorrer com o aparelho gessado.
O enfermeiro tem também que ter sempre em atenção a preparação psicológica e física do
doente e o material adequado a cada tratamento.

22.1.1 ENSINO
O ensino do doente e/ou familiares do que deve ou não deve fazer enquanto for portador do
aparelho gessado ou ligadura de imobilização, é um aspecto importante a ter em conta por parte do
enfermeiro, com o objectivo de se obterem os melhores resultados no tratamento.

22.1.2 SINAIS DE ALERTA


O doente deve ser ensinado a conhecer alguns sinais anormais ou de alarme, em termos
simples, mas de forma a distinguir se a situação é normal ou anormal, tal como: edema (inchaço)
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
dos dedos, cor das unhas (tonalidade azulada ou branca), alteração da temperatura (quente ou frio),
parestesias (formigueiro ou sensação de queimadura), dor no local e outros.

22.1.3 AO NÍVEL PSICOLÓGICO


É importante esclarecer o doente em relação ao tratamento que se vai realizar, para diminuir o
temor e a ansiedade. Só assim é possível obter a melhor colaboração do doente. Esclarece-lo
também em relação ao tempo e ao incómodo da imobilização.

22.1.4 AO NÍVEL FÍSICO


Colocar o doente em posição mais confortável possível de acordo com a necessidade de cada
caso, respeitando sempre a sua intimidade. A posição pode ser variável conforme cada doente,
dependendo da idade ou das condições físicas, ou cada caso, que pode passar por ser de pé,
encostado à marquesa, sentado ou deitado, por forma a manter a estabilidade do foco de fractura e a
diminuição ou ausência de dor, de modo a permitir maior colaboração do doente e maior facilidade
na execução do aparelho gessado, obtendo os melhores resultados.

22.1.5 AO NÍVEL DO EQUIPAMENTO:


O equipamento é o constante na sala de gessos. Contudo tem que haver uma pré - preparação e
escolha do material a usar em quantidade e qualidade, sendo colocado por forma a que a sua
utilização seja de fácil acesso, para que a perda de tempo seja a menor possível, porque sabemos
que o tempo que o próprio material permite para ser trabalhado é reduzido, iniciando a sua
transformação química de secagem logo após o contacto com o ar e mais rápido ainda após ser
molhado.
Para tal deve ser seleccionado previamente o nº e tamanho das ligaduras de algodão prensado,
o nº e tamanho das ligaduras de gesso, o comprimento de malha necessário a utilizar, material para
fazer algum penso no caso de membro apresentar ferimentos, ligaduras de gaze, ou elásticas, luvas
de vinil, etc. Deve ter-se sempre um recipiente adequado com água tépida e limpa.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

23 TALAS GESSADAS

Neste capítulo vou fazer uma referência superficial aos princípios e execução das talas
gessadas. Falarei mais pormenorizadamente em capítulo posterior dedicado a este método de
imobilização.
As talas gessadas são aplicadas nos membros e por princípio no S.U. em consequência de
fracturas ósseas ou lesões ligamentares. São vários os tipos de talas utilizadas, tais como:
 Nos membros superiores - Talas em U, Bráquio- palmares, antebráquio- palmares e
metacarpianas.
 Nos membros inferiores - Talas Cruropodálicas, posteriores do joelho e podálicas.

23.1 TALAS NOS MEMBROS SUPERIORES:


O comportamento, e o tratamento das fracturas umerais, difere bastante, conforme o local
atingido, e a dimensão da fractura. A maioria destas fracturas, actualmente é tratada cirurgicamente.
No entanto, há casos, que são tratadas conservadoramente, com aparelhos gessados, como: o
bráquio-palmar, antebráquio-palmar, tala em U tendo em conta, quase sempre, a debilidade física
do doente, ou quando os riscos cirúrgicos são muito elevados.

23.1.1 FRACTURAS DO ÚMERO:


Os objectivos, são os de obter uma boa consolidação óssea, com o comprimento total, e o
alinhamento normal, sem deformidade rotacional ou angular, restaurar a potência muscular e o
movimento articular, ou seja restaurar o estado de pré-lesão, da força e da deambulação normal do
doente.
23.1.1.1 Talas Gessadas Pendentes Braquio-Palmar
É uma tala gessada usada frequentemente na urgência, nas fracturas do 1/3 proximal e do colo
do úmero e é um tratamento considerado correcto numa situação de urgência, logo após a redução e
o alinhamento da fractura.
As vantagens desta tala gessada são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o
possível e evitar complicações como o edema, disfunções sensitivas, e facilitar a circulação
sanguínea, assim como proteger toda a massa muscular envolvente ao foco de fractura. O grande
inconveniente destas imobilizações, são a atrofia muscular do membro, e a rigidez do cotovelo e do
punho pelo facto destas articulações terem que ser imobilizadas a fim de se evitar qualquer
movimento de torção ou rotação.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
23.1.1.2 Tala Gessada Em U
 É uma tala usada nas fracturas do 1/3 médio do úmero. As vantagens desta tala gessada
são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o possível da fractura e
evitar complicações como o edema, disfunções sensitivas assim como proteger toda a
massa muscular evolvente ao foco de fractura e permitir a mobilidade do cotovelo em
flexão embora a extensão fique limitada aos 90º, o que favorece a circulação de retorno
e evita a formação de edemas e diminuindo a atrofia muscular
23.1.1.3 Tala Bráquio- Palmar
É uma tala usada frequentemente na urgência, nas fracturas supra - côndilianas, nas luxações
do cotovelo, nas fracturas do 1/3 médio,1/3 próximal, olecraneo ou luxações do rádio e/ou do
cúbito. É um tratamento considerado correcto numa situação de urgência, logo após a redução e o
alinhamento da fractura.
As vantagens desta tala gessada são, as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o
possível e evitar complicações como: o edema, disfunções sensitivas e facilitar a circulação
sanguínea.
- As complicações mais sérias destas fracturas, são a lesão do nervo radial, e ou a rotura ou
estrangulamento da artéria braquial, o que pode levar à diminuição, ou total ausência do débito
sanguíneo, à parte distal da lesão, e a consequente morte do membro por necrose. O grande
inconveniente desta imobilização é, a atrofia muscular do membro e a rigidez do cotovelo e do
punho, pelo facto destas articulações terem que ser imobilizadas, a fim de se evitar qualquer
movimento de torção.

23.1.2 FRACTURAS DO ANTEBRAÇO


23.1.2.1 Tala Antebráquio – Palma
É um aparelho gessado, que envolve o membro desde o 1/3 proximal do antebraço, até à mão
(ossos do carpo). É usada nas fracturas do 1/3 médio e distal do rádio e/ ou do cúbito, tendo como
causa mais frequente, as fracturas de (COLLES), e ossos do carpo.
As vantagens desta tala gessada são as de manter a imobilidade, o alinhamento correcto ou o
possível.
O grande inconveniente desta imobilização é a atrofia muscular do membro e a rigidez do
punho, pelo facto desta articulação ter que estar imobilizadas, com a finalidade de se evitar qualquer
movimento de torção.
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23.1.3 FRACTURAS DA MÃO E DEDOS:
23.1.3.1 Metacarpo – Falângicas
Esta imobilização é efectuada no serviço de urgência, logo após o traumatismo depois, ou em
simultâneo, à redução por manipulação dos focos de fractura, que deve ser efectuado tão suave
quanto possível, recorrendo até à administração de anestesia local.
Estas imobilizações, envolvem os ossos metarcapianos, assim como as falanges e as
respectivas articulações. Estas fracturas, são de difícil redução e contenção. No entanto em muitas
delas é possível evitar a cirurgia e suas complicações.
Uma imobilização de material de gesso (tala de gesso), devidamente almofadada e adaptada ao
1/3 distal do braço, punho e dedos.
Outra imobilização de material de alumínio almofadado (tala de zimmer), e que permite
moldar-se conforme a necessidade de cada caso, e que também envolve normalmente desde o 1/3
médio do braço, punho e dedos.
Outra de adesivo, para imobilização chamada (sindactilia), que tem como função basicamente
unir a falange fracturada ao outro dedo sem lesão.
Depois de devidamente protegido o espaço interdigital entre ambos, aplica-se um adesivo
estreito e circular, mas de forma que não fique demasiadamente apertado para evitar garrotamento,
de modo que o dedo saudável sirva de tala durante algum tempo, permitindo e facilitando a
cicatrização, e ao mesmo tempo alguma mobilidade, que é fundamental neste tipo de lesões.
As vantagens desta imobilização, são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o
possível e evitar complicações, como o edema; disfunções sensitivas e facilitar a circulação
sanguínea, que por norma fica afectada após o traumatismo.
O grande inconveniente destas imobilizações são, a atrofia articular inter-falângica e a rigidez
do punho, pelo facto destas articulações, terem que estar imobilizadas, a fim de se evitar qualquer
movimento de torção.

23.2 TALAS NOS MEMBROS INFERIORES:


O comportamento e o tratamento das fracturas femurais, difere bastante, conforme o local
atingido e a dimensão da fractura. A maioria destas fracturas, actualmente é tratada cirurgicamente.
No entanto, há alguns casos, que podem ser, tratados conservadoramente, com aparelhos gessados,
como: fracturas 1/3 distal do fémur, inter ou supracondilianas, tendo em conta, quase sempre, a
debilidade física do doente, ou quando os riscos cirúrgicos são muito elevados.
Também nas crianças, ainda hoje é geralmente opção, o uso do aparelho gessado nas fracturas
do fémur, porque as desvantagens cirúrgicas, se sobrepõem ás vantagens, pelo facto do doente estar
na fase de crescimento ósseo e a cirurgia, poderia condicionar ou perturbar este normal crescimento.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
23.2.1 FRACTURAS DO FÉMUR E JOELHO:
Os objectivos, do tratamento das fracturas dos membros inferiores com aparelhos gessados, são
os de obter uma boa consolidação óssea, com o comprimento total e o alinhamento normal, sem
deformidade rotacional ou angular, restaurar a potência muscular e o movimento articular, ou seja
restaurar o estado de pré-lesão, da força e da deambulação normal do doente.
23.2.1.1 Tala Gessada Posterior (Joelheira)
É um tratamento, normalmente usado numa situação de urgência, nas fracturas dos pratos
tibiais, côndilos fémurais e lesões ligamentares do joelho. É colocada na região posterior da coxa,
desde cerca de 5cm acima do sulco glúteo, até cerca de 5cm da região maléolar, pelo que, envolve e
imobiliza a articulação do joelho.
As vantagens desta tala gessada, são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto, ou o
possível e evitar complicações como o edema, disfunções sensitivas,, e facilitar a circulação
sanguínea,, que por norma fica afectada após o traumatismo, assim como, proteger toda a massa
muscular evolvente ao foco de fractura.
As complicações mais sérias destas fracturas, são a mobilidade do membro, o que pode causar
graves incapacidades futuras de funcionalidade para o doente. Também as roturas ligamentares, ou
estrangulamento dos grandes vasos e a consequente necrose.
O grande inconveniente desta imobilização é a atrofia muscular do membro e a rigidez do
joelho, pelo facto desta articulação ter que ser imobilizada, a fim de se evitar qualquer movimento
de torção. Pelas razões já descritas, esta tala deve manter-se o menos tempo possível.

23.2.2 FRACTURAS DOS OSSOS DA PERNA E JOELHO


23.2.2.1 Tala Gessada Posterior Cruropodálica
É um tratamento, normalmente usado numa situação de urgência, nas fracturas de 1/3 proximal
e médio dos ossos da perna, fracturas dos pratos tibiais, côndilos fémurais, ou lesões ligamentares
do joelho. São colocadas na região posterior da coxa; perna e pé, partindo da raiz dos dedos até
cerca de 10cm do sulco glúteo, pelo que, envolvem e imobilizam a articulação do pé e do joelho.
As vantagens desta tala gessada são, as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o
possível e evitar complicações como o edema, disfunções sensitivas e facilitar a circulação
sanguínea, que por norma fica afectada após o traumatismo, assim como, proteger toda a massa
muscular evolvente ao foco de fractura.
As complicações mais sérias destas fracturas, são a rotação e o desvio ou desalinhamento
anatómico do membro, o que, pode causar graves incapacidades de mobilidade ou de
funcionalidade para o doente.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
23.2.2.2 Tala Gessada Posterior Podálica
É um tratamento normalmente usado numa situação de urgência, nas fracturas de 1/3 distal dos
ossos da perna (tíbia e perónio), ossos do pé (metatarso), fracturas ou lesões do tendão de Aquiles e
luxações da articulação tibiotársicas. São colocadas na região posterior da perna e pé, partindo da
raiz dos dedos, até cerca de 5cm do cavado poplíteo, pelo que, envolvem e imobilizam a articulação
do pé.
As complicações mais sérias destas fracturas, são a rotação, desvio ou desalinhamento
anatómico do membro, o que pode causar graves incapacidades de mobilidade ou de funcionalidade
para o doente. Também, a rotura ou estrangulamento dos grandes vasos, podem levar à diminuição
ou total ausência do débito sanguíneo à parte distal da lesão e a consequente morte do membro por
necrose.
As vantagens desta tala gessada são, as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o
possível e evitar complicações como, o edema, disfunções sensitivas, e facilitar a circulação
sanguínea.
O grande inconveniente desta imobilização é a atrofia muscular dos gémeos e a rigidez das
articulação tibiotárcica, pelo facto desta ter que ser imobilizada, para se evitar qualquer movimento
de torção. Pelas razões já descritas, esta tala deve manter-se o menos tempo possível.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência

24 IMOBILIZAÇÕES DOS MEMBROS COM LIGADURAS NO SERVIÇO


DE URGÊNCIA

As ligaduras, são também conhecidas por ataduras ou bandagens, feitas de material diverso, de
acordo com a função a que se destina.
Diferenciam-se de outros meios de contenção rígidos, como por exemplo os gessos, os metais
ou material termo moldável, porque utilizam um material flexível, constituído por tecido ou telas,
que podem ser impregnadas com adesivo ou não. Esta diferença no material, leva-nos a distinguir
vários tipos de imobilizações e aplicações. É nos desportistas que se recorre com mais frequência a
este método de tratamento.
Também, quando se pretende uma recuperação mais rápida, como método terapêutico, que
permite, quando se deseje, mas de forma selectiva, um determinado grau de liberdade, numa
articulação determinada.
Existem várias formas de realizar as diversas imobilizações e com os vários tipos de ligaduras,
que assumem nomes diferentes, consoante a sua localização, finalidade e o nome do seu autor. Em
traumatologia ortopédica, as imobilizações com ligaduras são usada cada vez com mais frequência
substituindo por vezes os gessos.
As imobilizações com ligaduras, são usadas para tentar manter, estabilizar, solidificar, suprir
e/ou reforçar estruturas ósseas ou musculares bem definidas. Neste capítulo só serão referenciadas
as ligaduras não funcionais, para tratamento de algumas fracturas, e executadas no serviço de
urgência. Estas e outras ligaduras serão descritas com mais pormenor no capítulo X dedicado aos
vários tipos de imobilização com ligaduras não funcionais e ligaduras funcionais.

24.1 PAPEL DO ENFERMEIRO:


O papel do enfermeiro nestes tratamentos, assim como em muitos outros, tem vindo a adquirir
bastante autonomia, motivada pela sua experiência e valorizada pelos conhecimentos entretanto
absorvidos, que nos dão o conhecimento real e a autoridade necessária para os executar com
segurança.
Pode ser da função e da responsabilidade do enfermeiro, a realização de todo o tipo de
imobilizações com ligaduras. O enfermeiro tem que ter sempre em atenção a preparação psicológica
e física do doente, ter um bom ambiente e material adequado a cada tratamento.
Neste capitulo serão abordadas de uma forma muito superficial as ligaduras de cruzado
posterior; de Gerdy e de Robert Jonnes. Este assunto será descrito mais pormenorizadamente em
capítulo posterior, dedicado só a vários tipos de ligaduras
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
24.2 ENSINO
O ensino ao doente ou familiares é de extrema importância, para os bons resultados finais no
tratamento. O enfermeiro deve esclarece-los das diferenças, entre a normalidade e a anormalidade,
para que possam fazer a destrinça correcta da situação, evitando por vezes alarmes desnecessários,
ou agir atempadamente, evitando danos maiores e por vezes irreversíveis.

24.3 MATERIAL
O enfermeiro deve ter todo o material pré seleccionado indispensável a cada situação e em
local de fácil acesso, de preferência junto ao doente.
Deve constar de: - ligaduras de algodão de vários tamanhos,(10cm,15cm) elásticas de pouca
tensão de tamanho adequado(10 ou 15cm), ligaduras de gaze de vários tamanhos,
(10cm,15cm;20cm), ligaduras adesivas, ligaduras auto- aderentes, adesivo lago.
Deve ter-se também sempre à disposição compressas, solutos desinfectantes e de pensos, para
efectuar a limpeza da área ou alguma lesão da pele, se necessário.

24.4 DEFINIÇÃO DE CRUZADO POSTERIOR


É denominada por ligadura de cruzado posterior, porque a forma de execução é em oito
invertido e porque se cruza na região posterior da nuca, onde no fim e no seu vértice se deve dar um
nó para produzir a pressão necessária a cada caso.
É usada basicamente nas fracturas da clavícula, que é uma das mais frequentes do esqueleto
humano. Esta fractura, ocorre predominantemente na zona diafisária, no seu 1/3 médio ou distal. Na
criança é quase sempre, uma fractura em ramo verde.
Nestes tratamentos, existe o perigo de se provocar uma lesão do plexo braquial, se as ligaduras
ficarem com demasiado aperto ou tensão, assim como se houver menos atenção, podem provocar
lesões graves da pele. Essencialmente por esta razão é que está descrito como técnica fundamental,
a aplicação na primeira fase, de uma ligadura de algodão, como almofadamento.

24.5 DEFINIÇÃO DE IMOBILIZAÇÃO DE GERDY


Estas imobilizações, são usadas como tratamento substituindo em muitas situações com
vantagem, os aparelhos gessados, que são mais incómodos, menos funcionais e cujos resultados são
comparáveis nas duas formas de tratamento. São usadas em várias lesões dos membros superiores,
tais como: - luxações dos ombros, fracturas do colo do úmero, Fracturas do 1/3 próximo ou
médio do úmero.
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
24.6 DEFINIÇÃO DE IMOBILIZAÇÕES DE ROBERT JONNES:
Os traumatismos articulares provocados por choque, ou por entorse, causando pequenas
fracturas e/ou roturas ligamentares tíbio-társicas, do cotovelo e principalmente ligamentares, ou
meniscais dos joelhos, são muito frequentes.
Os acidentes domésticos, de viação e principalmente os desportivos, são a causa de maior
percentagem destas lesões articulares.
A aplicação desta imobilização com ligaduras é basicamente, com a função de tratamento
conservador, de tratamento antiálgico e para diminuir numa primeira fase a amplitude articular,
permitindo uma maior contenção das articulações com lesão, diminuindo o risco de derrames ou
mesmo ajudando (caso exista), à sua reabsorção.
O período de tempo para o tratamento, depende de cada caso. No entanto e por princípio, não
deve ir além de quatro semanas, para evitar que a articulação adquira aderências e rigidez
provocadas pela imobilidade, tornando depois extremamente difícil a reabilitação da plenitude
articular.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM PRÉ-OPERATÓRIOS GERAIS NO S.U.
Os cuidados pré operatórios dependem das circunstâncias em que ocorreu o acidente e/ou o
internamento. Este pode ser motivado por uma situação de urgência, pelo que é emergente, o que
implica muito pouco espaço de tempo para a respectiva preparação, esclarecimento e/ou ensino do
doente e familiares.
No entanto, há princípios básicos e fundamentais que em circunstancia alguma podem ser
descorados, pelo risco de poderem ocorrer problemas secundários indesejáveis.
Na cirurgia emergente, que é decidida logo após o acidente ou após a chegada ao serviço de
urgência da unidade em que vai ser tratado, não devem ser descurados cuidados como:
 Cateterizar uma ou mais veias de bom calibre (cateter nº 14 ou 16) ou o melhor possível
 Fazer colheitas espécimes para análises várias (sangue e outros).
 Colocar soroterapia prescrita em curso.
 Administrar analgesia prescrita
 Retirar toda a roupa do doente, aproveitando para verificar outras possíveis lesões que
até esse momento não estavam visíveis.
 Tratar e desinfectar todas as lesões, tendo sempre em atenção as movimentações dos
membros lesados, que pode passar por alguma tracção ou imobilização do membro com
talas de madeira ou de gesso, para diminuir a dor, ou evitar lesões mais graves das
estruturas adjacentes ao foco de fractura
 Fazer cateterização vesical ou outras se estiver indicado
 Vestir bata ou roupa pré-operatória utilizada na unidade
Capitulo VII - Cuidados De Enfermagem No Serviço De Urgência
 Retirar todos os valores que o doente transportar e guardar em local próprio pré definido
(cofre de hospital) caso esteja só, ou não acompanhado com pessoa de referência da sua
confiança.
 Tratara de toda a documentação necessária e que diga respeito à função do enfermeiro.
 Identificar bem os dados e a cama do doente.

Na cirurgia urgente mas que permite algum tempo de programação, além dos cuidados atrás
definidos, o esclarecimento do doente e/ou dos familiares por parte do médico que o assiste ou vai
operar, e do enfermeiro que entretanto esteve com ele e lhe fez a pré- preparação, é importante o
esclarecimento de uma forma simples e com termos compreensíveis para um leigo em saúde.
Esta abordagem faz com que se reduza os anseios e receios do doente e/ou familiares para uma
situação nova e cheia de incertezas quanto aos resultado final.
O enfermeiro como membro de uma equipa, embora não tenha a “obrigação” do
esclarecimento técnico, deve actuar até ao limite que lhe é permitida a deontologia profissional, de
forma a contribuir par a melhor aceitação e colaboração no tratamento por parte do doente.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia

25 CUIDADOS DE ENFERMAGEM A DOENTES INTERNADOS EM


ORTOPEDIA

Os cuidados de enfermagem a doentes internados em ortopedia, diferem das situações urgentes


ou emergentes às quais já foi feita referência, tendo um papel fundamental noutras fases de
tratamento como sejam no apoio ao tratamento cirúrgico e/ou conservador.
 Tratamento cirúrgico – São cuidados de enfermagem baseados nas preparações pré-
operatórias e pós-operatórias e que podem ter continuidade pós-alta na consulta externa.
 Tratamento conservador - Pode passar por necessidade da execução de imobilização
em tracção contínua, por cuidados das fracturas por fixadores externos, que motivam o
internamento do doente, ou pela imobilização e execução de aparelhos gessados, com os
cuidados de enfermagem baseados na execução e vigilância das várias imobilizações,
desde o primeiro momento até final do tratamento.

O termo tratamento conservador nas fracturas, é aplicado aos vários tipos de imobilizações
externas, e resulta do objectivo de se obter a consolidação das fracturas sem intervenção cirúrgica,
ou seja, sem a necessidade da invasão dos tecidos moles e tecidos ósseos, com a aplicação de
material rígido como (placas e parafusos) para suster ou alinhar as fracturas, dando-lhes a
consistência necessária, para que no mais curto espaço de tempo, o organismo crie um calo ósseo e
se recomponha da agressão sofrida.
No tratamento conservador podemos incluir quatro fases ou quatro formas de conseguir os
melhores resultados. É claro que a decisão ou escolha de cada um dos métodos, está estritamente
dependente de cada caso concreto.
Todas a formas de imobilização externa conhecidas são diferentes e o seu uso depende da
maior ou menor agressão física sofrida pelo doente, ou pela necessidade de maior ou menor força
de tracção, para se conseguirem os melhores resultados no menor espaço de tempo, procurando
minimizar os danos de incapacidades físicas ou motoras para o futuro. Assim temos as
imobilizações ósseas por:
 Imobilização por talas
 Fixadores externos
 Tracções
 Imobilizações com ligaduras
 Imobilizações com aparelhos gessados
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
Os doentes portadores de fracturas graves, ficam por norma inteiramente imobilizados no leito
por períodos mais ou menos longos, principalmente se têm idade avançada, ou por necessidade
clínica de tratamento cirúrgico ou tratamento conservador, necessitando por vezes de estar
imobilizados por tracções. Nesses casos, os doentes dependem praticamente em tudo da equipa de
enfermagem. Esta dependência ou incapacidade pode gerar no doente reacções psicológicas que
podem passar por várias fases como:
1ª FASE
 RECUSA – “ Não pode ser” - “Eu ficar aí tanto tempo!”
 ANSIEDADE – “Mas porquê ?” – “Não posso levantar-me nem para ir ao WC ?” – “E
para tomar banho ?”
 IRRITAÇÃO – Impaciência; mau humor; chama sem cessar.
 NEGOCIAÇÃO – “Se me curar prometo …” – Nunca mais quero ver aquela mota/carro
na minha frente …” – Só peço a Deus que fique bom para …”
2ª FASE:
 TRISTEZA E DEPRESSÃO – Fica ligado a tudo que teve de deixar como: Trabalho;
família; casa; amigos; etc.
 DÚVIDA – “ Será que vou ficar a “mancar”?” – Será que vou ficar como antes?
3ª FASE:
 ACEITAÇÃO – Estádio de tranquilidade em relação à sua situação, ao tratamento e à
imobilização por tracção.

A sua actividade de vida fica afectada e muito alterada, necessitam de grande atenção da parte
dos enfermeiros para vários aspectos que os afectam ou tem influência no seu comportamento
normal anterior como: a necessidade de sentirem um ambiente seguro; a comunicação; a
alimentação; a eliminação; a higiene pessoal; o sono e repouso; a movimentação/locomoção; etc.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia

26 ACÇÃO DE ENFERMAGEM

À medida que o processo de recuperação progride e que a dor diminui, os doentes ficam mais
receptivos para aprender e apreender as actividades necessárias para um regresso à sua actividade
de vida anterior.
São variadas as acções que estão destinadas à função e cuidados de enfermagem, no tratamento
dos doentes, tendo em conta o seu todo, numa perspectiva holística do ser humano, perante todas as
suas necessidades físicas e ambientais.

26.1 AMBIENTE SEGURO:


A manutenção de um ambiente que seja e transmita segurança é fundamental para o
profissional, mas principalmente para o doente aí internado. Assim o enfermeiro deve procurar:
 Proporcionar um ambiente seguro diminuindo-lhe a ansiedade relativamente aos
equipamentos da tracção, ao tratamento prolongado, à dor, à hospitalização, que afecta
ou pode afectar a vida profissional, familiar ou económica.
 Aplicar correctamente o material
 Manter o alinhamento e posicionamentos correctos do corpo do doente e a área em
tracção.
 Incutir confiança nos posicionamentos, principalmente nos doentes com tracção
craniana e ou em cama Stryker.
 Incluir o doente nos planos de cuidados dando-lhe a capacidade dentro do possível do
controlo da situação, registando as suas preferências ou opiniões.
 Explicar e envolver no decorrer do tratamento o doente e/ou família.

26.2 COMUNICAÇÃO
Devido à limitação de movimentos e impossibilidade de deambular pode existir dificuldades de
comunicação com os enfermeiros e /ou restante equipa, assim como com outros doentes. Deve ser
uma preocupação dos enfermeiros:
 Permitir que o doente estabeleça relações com todos os que o rodeiam, e que se
expresse através das formas mais adequadas.
 Proporcionar-lhe “meio de ligação” com outros doentes e equipa de enfermagem
 Facultar o uso de espelho como forma de visualização e de comunicação principalmente
aos doentes em tracção e em cama Strayker.
 Usar linguagem clara e precisa
 Permitir que expressem receios e dúvidas.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
 Mostrar disponibilidade para: escutar, fazer ensino, explicar a função e importância da
tracção e do tratamento
 Pôr o doente em contacto com outros doente que estejam ou tenham estado na mesma
situação de tracção. Se for uma criança, deixá-la manipular o material.

26.3 ENSINO
O ensino ao doente imobilizado com tracções ou fixadores é importante, para que possamos
obter a melhor colaboração no seu tratamento. Deve ser explicado:
 A função da tracção em relação à fractura e o plano de tratamento
 A amplitude dos movimentos permitidos e como o alcançar, (por ex.: como utilizar o
cavalete para ajudar nos movimentos, o fio na tracção balanceada, para movimentar o
joelho, etc.)
 Encorajar o doente a movimentar-se para aliviar a pressão na pele nas costas
 O que deve ou pode fazer e o que não deve ou não pode fazer enquanto estiver
imobilizado.
 O posicionamento correcto que o membro deve manter durante o tratamento.
 Medidas para aliviar a dor e o desconforto.
 Exercícios para manter a força muscular e a circulação de retorno.

26.4 CUIDADOS
Os doentes acamados e em tracção como a balanceada, a de balkam a cutânea, a craniana em
cama Strayker, com cirurgia à coluna principalmente as escolioses, e os mais idosos, têm ou podem
ter com mais frequência dificuldades e complicações de vária ordem como: respiratórias, atrofia
muscular, obstipação, úlceras de decúbito, etc.
Estes aspectos e outros devem levar os enfermeiros a estarem atentos a variadíssimos aspectos
nos cuidados a prestar como:
 Inspeccionar a tracção frequentemente para ter a certeza que as cordas estão
funcionantes, que os pesos estão livres e suspenso, que as roupas da cama, a cama, a
armação (ramada) e as barras da cama não estão a interferir em nenhuma parte do
aparelho de tracção.
 Evitar aumentar ou diminuir pesos à tracção.
 Verificar frequentemente os cravos, o estribo, as roldanas, ou as lonas de suspensão,
reajustando-as caso seja necessário para a posição adequada, sem aliviar a tracção.
 Manter a contra-tracção, elevando os pés da cama.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
 Aliviar a pele com frequência para se ter a certeza de que não esta a ficar ruborizada,
ferida ou macerada pelo aparelho de tracção.
 Manter as áreas da pele em redor dos fios ou cravos, seca e limpa, bem protegida e
desinfectada.
 – Assegurar-se que o doente respira sem dificuldade
 – Incentivar o doente a fazer inspirações / expirações profundas e a expectorar com
frequência.
 – Fazer ou ajudar na cinesioterapia respiratória
 – Mudanças de posição ou de decúbito para facilitar a drenagem postural, com a
frequência que cada caso exija, mas que por regra não deve ultrapassar as 3 horas
consecutivas em cada decúbito.
 – Ensinar o doente a movimentar-se o mais possível dentro das restrições da
imobilização, fazendo exercícios activos de tónus muscular (isométricos) e de modo
regular por exemplo dos quadricípedes e glúteos.
 Posicionar o doente com frequência, dentro das posições ou limitações da imobilização,
para evitar pressão prolongada sobre as proeminências ósseas e assim prevenir o
aparecimento de úlceras de pressão ou rigidez articular.

O posicionamento também é fundamental para promover o conforto, favorecer uma ventilação


adequada e a mobilização das secreções pulmonares.
Antes de qualquer posicionamento o enfermeiro deve ter em consideração:
 - A localização, tipo de fractura e manter o alinhamento, o alinhamento da força de
tracção.
 - Vigiar e monitorizar o compromisso neurovascular com intervalos adequados a cada
caso, principalmente nos primeiros dias após a fractura, cujos sinais de alarme como:
cianose, palidez, perda de sensibilidade, temperatura, falta de ginástica capilar, e outros.
 - Vigiar edema localizado generalizado ou só distal.
 - Vigiar a capacidade do doente para movimentar voluntariamente a parte do corpo livre
distal à fractura.
 - Elevar os pés da cama caso esteja indicado ou entenda ser necessário.
 - Executar os pensos respeitando cuidadosamente a técnica asséptica, para prevenir as
infecções.
 - Avaliar a ferida para detectar sinais de cicatrização ou presença de infecção.
 - Vigiar drenos de redi-vac e outros, e se necessário posicioná-los correctamente.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
 - Vigiar dados laboratoriais (por exemplo hemograma ou o leucograma e velocidade de
sedimentação) para detectar qualquer sinal sistémico ou localizado de infecção.
 - Vigiar e desinfectar frequentemente os fios de fixação ou de tracção inseridos no osso.

26.5 DOR
Uma pessoa com uma fractura tem, na maioria dos casos dor no local da fractura, pressão por
edema nos tecidos moles lesionados, adjacentes à fractura, e espasmos musculares na área da
fractura.
A dor contínua e o espasmo muscular, podem fazer realçar ou movimentar indevidamente os
fragmentos ósseos e retardar os esforços para reduzir ou manter a redução da fractura.
Os doentes com muitas dores, vão resistir aos esforços para ajudar a pôr em prática medidas
destinadas e evitarem complicações.
Entre as medidas que um profissional de enfermagem pode tomar para minimizar ou aliviar a
dor são:
 -Administração de analgesia prescrita, mudar se possível, o doente de posição, ensinar
ao doente técnicas de relaxamento.
 - Aplicar gelo, caso esteja indicado ou prescrito, na área afectada para diminuir o edema
e a dor.

26.6 ALIMENTAÇÃO:
Com a imobilização no leito, a alimentação pode ter ou sofrer algumas dificuldades,
apresentando alguns problemas como: anorexia, náuseas, vómitos, dificuldades na introdução dos
alimentos, dificuldades na deglutição, etc.
Fazem parte dos cuidados de enfermagem:
 – Assegurar-se da temperatura dos alimentos e cuidados na apresentação dos alimentos
 – Permitir na medida do possível que o doente escolha o que quer comer.
 – Vigiar e registar se o doente se alimenta na quantidade e qualidade necessárias
 – Elevar a cabeceira da cama no horário da refeição (se possível)
 - Introduzir os alimentos na boca, caso o doente esteja impossibilitado de o fazer
autonomamente.
 – Vigiar e registar a presença de anomalias como náusea e vómitos.

26.7 ELIMINAÇÃO:
Um doente acamado tem com muita frequência alterações no funcionamento intestinal e
vesical. Devemos estar atentos a:
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
 – Alterações intestinais - obstipação por: imobilização, alteração dos hábitos
alimentares, alteração da dieta, diminuição da ingestão hídrica, etc.
 – Alterações urinárias - Infecções urinárias, disúria, polaquiúria, retenção, te
 – Ansiedade e sentimento de “vergonha” por não conseguir satisfazer as suas
necessidades de eliminação de forma autónoma.
 - Ao desconforto e dificuldade no uso de arrastadeira ou urinol.
 – Procurar diminuir a ansiedade do doente e ajudá-lo a aceitar a sua limitação
fornecendo-lhe toda a ajuda necessária
 – Respeitar a privacidade e pudor do doente, isolando-o
 – Estabelecer e incentivar a ingestão de líquidos, assim como sumos de limão ou laranja
para prevenir a bacteriúria (acidificar a urina) e atrasar a possível formação de cálculos
reno-vesicais
 – Normalizar os hábitos intestinais com a alimentação apropriada ou com ajuda de
laxantes.
 - Observar e registar a frequência e características das fezes e urina.

26.8 HIGIENE PESSOAL:


A diminuição ou limitação da capacidade das actividades da vida diária (AVD), cria ou pode
criar no doente uma ansiedade e a alteração na sua auto-estima, frustração e aborrecimento por
depender de outros, desconforto e desagrado quanto ao tipo de vestuário que lhe é imposto ou
possível usar. Devido à longa permanência no leito e à posição, pode ainda haver comprometimento
da integridade cutânea.
Para diminuir ou ultrapassar esta dificuldade o enfermeiro deve:
 – Estimular o doente a expressar as suas preocupações e sentimentos e ajudá-lo a aceitar
o seu estado de actividades reduzidas.
 – Estimular o doente a efectuar actividades de forma independente. (auto cuidar da sua
higiene pessoal)
 – Prestar cuidados globais de higiene e conforto, massagens e aplicação de cremes para
manter uma boa integridade cutânea.
 – Proteger zonas de pressão, utilizando: - colchões protectores adequados, (de pressão
alterna, de sepenco, de selicone ou hidro-gel), almofadamento das proeminências
ósseas.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
26.9 SONO E REPOUSO:
A hospitalização prolongada provoca por norma perturbações e alterações do sono, como
insónias pesadelos, e até habituação a fármacos. (indutores do sono ou antiálgicos)
Com o objectivo de diminuir esta dependência dos fármacos e conseguir um descanso
adequado, o enfermeiro deve:
 - Proporcionar um ambiente calmo e confortável.
 – Evitar excesso de luz
 – Executar cuidados da noite com: - massagens, arranjo da cama, esticando os lençóis.
 – Tranquilizar o doente, mostrando-lhe disponibilidade para o que possa precisar
 – Administra ansiolíticos ou indutores do sono como último recurso, e desde que
prescritos.
 – Administração terapêutica analgésica instituída
 Mobilidade:
Como já foi referido anteriormente, qualquer lesão que resulte num ou mais ossos fracturados,
principalmente os ossos longos, faz com que as extremidades ósseas precisam ser imobilizadas em
alinhamento para se curarem. As articulações acima e abaixo do foco de fractura pode necessitarem
de ser imobilizadas.
A imobilização no leito pode provocar a diminuição da capacidade motora e vontade de a
reactivar pela imobilização prolongada, pela presença do material de tracção, desconforto pela
limitação dos movimentos. Para minimizar estes inconvenientes o enfermeiro deve:
 – Vigiar zonas de pressão, e massajá-las com cremes protectores
 – Utilizar sacos de areia ou outros para manutenção de posicionamentos correctos,
contrariando rotações ou posições viciosas.
 – Estimular mudanças de decúbito (quando possíveis)
 – Estimular o doente a efectuar movimentos activos e passivos de todas as articulações,
para evitar: - Contratura muscular; anquilose articular; atrofias musculares
 – Vigiar presença de sinais de comprometimento neuro-vasculares como: - edemas;
cianose; extremidades frias; palidez ou descoloração.
 – Retirar o material de tracção se surgirem alguns sinais de alarme ou de
comprometimento neuro-vascular.
 – Ensino e treino de marcha após retirar a tracção com: - uso do andarilho; de
canadianas; de muletas; etc.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia

27 IMOBILIZAÇÃO DE FRACTURAS

As fracturas que implicam o internamento dos doentes podem ser imobilizadas por fixação
cirúrgica, por fixadores externos ou por tracção.
Os sistemas de tracção, são metodologias de imobilização prolongada, e podem ser utilizadas
como preparação ou espera de data cirúrgica, mas habitualmente são mais utilizadas, quando a
opção terapêutica é conservadora, permitindo deste modo a redução da fractura, o alinhamento e a
cicatrização/formação de calo ósseo. As várias tracções referenciam-se pelos pontos de tracção.

27.1 TRACÇÃO
É o mecanismo pelo qual uma força estável é exercida numa parte, ou partes, do corpo. Pode
usar-se para as seguintes funções:

 - Reduzir uma fractura


 - Manter uma posição correcta de fragmentos ósseos, durante a consolidação
 - Imobilizar um membro, enquanto se dá a cicatrização de tecido mole.
 - Vencer espasmos musculares.
 - Distender ligamentos.
 - Corrigir deformações.

27.2 CONTRA-TRACÇÃO
É uma força que contraria a força da tracção. O corpo do doente pode ser a contra tracção se a
cama for levantada no lado oposto ao local da tracção, que pode ser conseguido na maior parte das
vezes pelo próprio doente activamente e/ou pelo peso do seu corpo, mesmo passivamente.

27.3 SUSPENSÃO
É a utilização de equipamento de tracção com armações, cordas, roldanas, lonas, e pesos, para
suspender mas sem exercer «pressão» em uma parte do corpo. Para se suspender o corpo de forma
correcta, a suspensão tem de ser equilibrada com pesos.
As tracções ou imobilizações das fracturas podem ter formas diferentes, com objectivos
distintos, mas com a finalidade de ajudar a recuperação do doente o mais precocemente possível,
com o mínimo ou nenhumas sequelas para a actividade da vida diária normal do doente. Assim
podemos definir as várias tracções:
 Tracção esquelética - A tracção esquelética é aplicada directamente no osso e são
utilizadas como tratamento conservador das fracturas da coluna cervical, do úmero, do
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fémur e próximais da tíbia, utilizando material diverso e diferenciado para cada caso, e
que pode passar pelo compasso de Crutchfield, (craniano) fios de Kichnner ou cravos de
Staimmer.
 - Tracção cutânea - A tracção cutânea é a forma mais simples de tracção. Tem como
função, proporcionar uma pressão directa na extremidade afectada. É muitas vezes
utilizada para aliviar espasmos musculares e imobilizar o membro, temporariamente,
por exemplo a seguir a uma fractura do fémur, dos ossos da perna, do braço ou
antebraço, antes da redução ou da fixação por cirurgia. Pode também, em casos
específicos, ser usada como tratamento conservador.
 - Tracção por cintas - A tracção cervical por cabresto tem como função de
descompressão medular no caso de hérnias discais cervicais. A Tracção por cinta
pélvica tem como função a descompressão da medula por lesão ou hérnia dorso-lombar,
 - Fixadores externos – O método de fixação externa das fracturas por fixadores,
consiste numa intervenção mista de atitude cirúrgica e tratamento conservador. Tem
como função fixar, manter e estabilizar os vários topos de fractura, para permitir uma
boa consolidação do calo ósseo. Consiste num dispositivo de metal, (uma liga própria
para não provocar ou evitar ao máximo reacções ou infecções) que podem ser “ fios de
kichner, cravos de Staymer ou outros” adaptadas a cavilhas com rosca ou não e que são
directamente inseridas no osso, podendo fixar só um dos lados ou atravessar
completamente o osso na parte mais distal e na parte mais proximal da fractura.

Todos estes aparelhos fornecem fixação extremamente rígida, ao mesmo tempo que permitem
um certo grau de mobilidade ao doente. Para a aplicação deste material é necessário recorrer-se a
uma anestesia e numa sala de bloco operatório
O doente com fixadores externos pode deambular sem esforço, não necessitando de
internamento permanente até à consolidação da fractura, podendo ir para casa, desde que assumam
a higiene e desinfecção nos pontos de contacto dos fixadores com a pele e o osso.
Os cuidados de enfermagem nestes doentes resume-se:
 – Vigilância de sinais infecciosos
 - Vigilância de sinais de edema, disfunção circulatória ou sensitiva da extremidade do
membro
 - Aplicação terapêutica prescrita
 - Pensos com desinfecção asséptica dos cravos no local da sua inserção
 - Ensino para a deambulação no serviço de internamento
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 - Ensino a quando da alta, dos cuidados a ter na sua residência com a higiene e
desinfecção do material
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28 TRAUMATISMOS DA COLUNA

As lesões na medula espinal variam desde a contusão transitória, (da qual o doente recupera
totalmente), à laceração e/ou compressão da substancia medular, tanto isoladamente, como quando
associada a uma transecção completa da medula que torna o doente paralisado abaixo do nível da
lesão. Estão nestas situações as lesões traumáticas da coluna cervical.

28.1 TRACÇÃO ESQUELÉTICA CRANIANA COM COMPASSO


Nas lesões da coluna cervical, e se a medula não sofreu um dano irreparável, procede-se de
imediato a um tratamento precoce terapêutico, que passa pela administração de um protocolo
previamente estabelecido de dexametasona, como agente anti-inflamatório, o manitol, para reduzir
o edema, e outros, na tentativa de evitar que um dano parcial se transforme em dano total e
permanente.
A redução e/ou fixação da fractura é normalmente feita por método cirúrgico. Também pode
ser opção o tratamento cruento. É nesta situação que se aplica de imediato e ainda no S.U., a tracção
craniana, como forma de tratamento conservador e/ou como pré- preparação num tempo de espera
até à realização da cirurgia.
Existem algumas formas de tracção esquelética como
as pinças de Crutchfield, de Barton ou de Vinke, sendo que
todas estas estão ou pouco em desuso, porque todas
necessitam de ser introduzidas no crânio, através de um
orifício de cada lado da parte externa do crânio, feitos com
uma broca especial e sob anestesia local, e havia
permanentemente um grande risco de possíveis infecções
colaterais Figura 42.Tracção por
Compasso (Crutchfield)
Actualmente são usadas com mais frequência as pinças de Gardner-Wells, porque para a sua
colocação não exigem os orifícios pré-trepanados, e os pinos são apertados com a mão até à
profundidade e alinhamento apropriados, de modo a que dê segurança e conforto ao doente.
Função: A tracção cervical esquelética tem como função reduzir a fractura ou luxação, e
manter um alinhamento de uma coluna fracturada.
No caso de lesão traumática, primeiro passo a ser realizado no mais curto espaço de tempo
possível. No tratamento das luxações e/ou fracturas da coluna cervical, e de verdadeira urgência se
houver lesão neurológica, é a sua redução.
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Como executar: Este procedimento é por norma realizado no serviço de urgência e com
anestesia local.
As pinças devem ser apropriadas ou
adaptadas de forma a evitarem problemas como
o arrancamento se por ventura houver torção ou
se aplica peso em excesso.
A tracção é aplicada nas pinças por pesos,
com a quantidade que depende da massa
corporal do doente e do grau de desvio da Figura 43.tracção craniana

fractura em causa.
O doente sempre que possível e por norma
é colocado numa cama giratória (Strayker) antes
de se colocar os pesos de tracção, onde vai ficar
até ser operado ou até final do tratamento
conservador.

Figura 44.cama Strayker


A força da tracção é exercida através de um fio de corda, ao longo de um eixo longitudinal dos
corpos vertebrais, com o peso numa posição neutra e que deve passar por uma roldana, ficando
suspensos sem nenhum ponto de apoio, porque caso contrário, um segundo apoio, faz com que
diminua a pressão traccional.
Pode haver necessidade de ir aumentando paulatinamente o número de pesos para permitir que
os espaços intervertebrais se alarguem e as vértebras retornem à sua posição normal. Após
conseguida a redução necessária, os pesos devem ser diminuídos também paulatinamente até se
chegar ao peso ideal para manter um alinhamento correcto e estável da cervical.
Cuidados especiais:
 Vigiar possíveis desvios do eixo de tracção para que o compasso não se desloque ou não
saia.
 Vigiar equipamento de tracção em cama stocks ou cama normal, para que o fio de corda
da tracção permaneça dentro do sistema de roldanas, mantendo assim a mesma pressão
necessária constante e a funcionar livremente, deixando o doente confortável.
A deficiente aplicação do fio de tracção, ocasiona a perda de grande percentagem de pressão da
tracção previamente estabelecida, que fica no ponto da quebra de continuidade.
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 Vigiar atentamente todas as zonas sujeitas a maior pressão e as proeminências ósseas
(principalmente a região occipital, omoplatas, sacro-cóxígia e calcanhares), pela razão
de que por vezes o doente tem perda de sensibilidade, e/ou porque está obrigatoriamente
muito tempo no mesmo decúbito sem mobilidade.
 Massajar e hidratar a pele frequentemente, principalmente nas proeminências ósseas
 Vigiar e manter alinhamento correcto do compasso craniano.
 Desinfecção cuidada dos pinos do compasso craniano inseridos na calote craniana.
 Caso o compasso saia, retirar de imediato os pesos, fazer tracção manual e colocar um
colar cervical (ex.: miniminerva ou outro), e informar o médico assistente.
 Vigiar qualquer sintoma de comprometimento neuro-vascular
 Dar especial atenção aos problemas de deglutição digestão e eliminação

28.2 TRACÇÃO CRANIANA COM CABRESTO


A tracção cervical por cabresto tem como função, no caso de hérnias discais cervicais, o
repouso e imobilização da coluna, para permitir a cicatrização das partes moles, reduzir a
inflamação nos tecidos de suporte e nas raízes nervosas afectadas na medula cervical.
O repouso no leito é importante, pois elimina a tensão da gravidade e liberta a medula cervical
de ter que suportar o peso da cabeça. Reduz também a inflamação e o edema dos tecidos moles em
volta do disco.
Como executar: A tracção cervical por
cabresto, é composta de uma corda presa a um
cabresto, constituído por uma lona que se fixa
ao queixo (região mentoniana), lateralmente
protege os pavilhões auriculares e termina em
dois tirantes de tecido, onde é fixada um fio
(corda), que por sua vez passa por uma roldana
presa na cabeceira da cama do doente, e se liga Figura 45.Tracção craniana com cabresto

a um peso previamente definido consoante o


próprio peso corporal do doente. O fio deve
ficar pendente e sem nenhum ponto de apoio.
A cabeceira da cama deve ser elevada para fornecer uma tracção contrária ou seja uma contra-
tracção provocada com o deslizamento do próprio doente.
Cuidados especiais:
 Vigiar atentamente todas as zonas onde os tirantes do cabresto fazem pressão
principalmente no maxilar inferior, tendo em especial atenção à região mentoniana
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(queixo) e região occipital, onde o cabresto exerce maior pressão que e caso necessário,
deve ser protegido ou almofadado.
 Com a necessidade de manter por longos períodos de tempo o decúbito dorsal, o doente
deve ser ajudado nas suas actividades da vida diária, como por exemplo a mudar-se de
decúbito e ser feita massagem de conforto frequentemente para ser evitado o
aparecimento de zonas de pressão na pele ou úlceras de decúbito.

28.2.1 FIXAÇÃO COM HALO CERVICAL


Um método de fixação de fracturas cervicais, é com o
dispositivo de fixação externa, que entre outros pode ser o
Halo de Hoffman.
A Função do halo de Hoffman, é fornecer uma
imobilização da coluna cervical e uma fixação
extremamente rígida. Não só é relativamente simples de se
aplicar como também é confortável para o doente e o tempo
de internamento é reduzido substancialmente, ao mesmo
tempo que permitem uma certa independência e mobilidade
do doente.

Figura 46.Fixação com halo


cervical
Como executa: O Halo de Hoffman consiste de um anel (aro) de aço inoxidável, que se adapta
em torno da cabeça e é preso ao crânio por quatro parafusos cranianos seguros nos orifícios do anel.
O cabelo em torno dos parafusos é tricotomizado (rapado), para facilitar a visualização e evitar
infecções.
O doente pode apresentar uma ligeira cefaleia ou desconforto em torno dos parafusos cranianos
por alguns dias. Pode não apreciar o aspecto bastante assustador deste aparelho, que parece estar
“enjaulado”, mas adapta-se rapidamente devido ao conforto e segurança do pescoço
Cuidados especiais:
 Todos os cuidados já referenciados para a tracção craniana com compasso.
 Vigiar qualquer sintoma de estiramento e comprometimento neuro-vascular.
 Diminuir a carga traccional (estiramento) ou retirar na totalidade, se aparecerem
perturbações de sensibilidade e ou de morbilidade.
Estas áreas devem ser limpas diariamente, porque é normal o apre cimento de alguma secreção
no local dos parafusos, evitando-se assim o aparecimento de vermelhidão e dor.
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Deve haver sempre disponível uma chave de parafusos, em caso para se proceder a um
reajustamento de aperto ou descompressão sempre que for necessário.
Em situações menos graves ou num estádio de tratamento já adiantado, em que os riscos de
lesão cervical são controlados ou nenhuns, pode usar-se novas formas e matérias de imobilização,
por serem mais cómodas, mais leves e permitem maior mobilidade e independência do doente.
Podem ser usados colares chamados miniminervas,
que têm dois pontos de apoio colocados sob o queixo
(região mentoniana), na região oxipital, e que com um
ponto de extensão ao tórax, e que reduzem a capacidade
de movimentos de rotação, flexão ou extensão.
Podem ser usados colares chamados colares
cervicais, que diminuem a capacidade de flexão e
extensão, mas facilitam a capacidade de rotação da
cabeça.

Figura 47.Colares Miniminervas

28.3 TRAUMATISMO DORSO-LOMBAR:


Os traumatismos da coluna dorso-lombar podem afectar o corpo da vértebra, a lâmina e ou as
apófises articulares, espinhosas e transversas. Poucas fracturas destas vértebras estão associadas
com deficits neurológicos.
Normalmente estas fracturas são devidas a um
traumatismo indirecto, causado por carga excessiva,
contracção muscular brusca ou movimento excessivo, além
dos limites fisiológicos. Também a osteoporose contribui
para que a coluna fique mais vulnerável à fractura.
O doente com uma fractura vertebral apresenta
hipersensibilidade aguda, espasmo muscular. A avaliação
mais importante a realizar inicialmente, consiste em
determinar se existe lesão da medula ou se a fractura é
estável ou instável. Figura 48.Vértebra Lombar com
Hérnia
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Em casos menos graves ou que digam respeito por exemplo a hérnia discal, o tratamento é
aliviar a dor, retardar a progressão da doença e aumentar a capacidade funcional do doente.
Estimula-se o repouso no leito, a fim de reduzir a carga de peso e as forças gravitacionais.
Neste caso, o doente é colocado em repouso no leito até desaparecer a dor aguda. Pode ser
ajudado a aliviar a compressão intervertebral colocando-se uma tracção pélvica, libertando assim o
disco da tensão.

28.3.1 TRACÇÕES PÉLVICAS


A imobilização da coluna é importante até se fazerem as determinações do grau de deficiência
ou dificuldade motora. Nas fracturas instáveis normalmente o tratamento a ser seguido é o
cirúrgico. Nas fracturas estáveis normalmente são tratadas por tratamento conservador.
Como executar - Esta tracção consta da
aplicação de uma cinta pélvica em tecido
consistente, colocada na região lombar e bacia,
com dois tirantes paralelos, colocados em cada
um dos lados, onde vão ser amarrados dois fios
(cordas), que passaram por duas roldanas
fixadas aos pés da cama do doente, e onde por Figura 49.Tracção Pelvica
sua vez serão amarrados pesos que devem ficar
pendentes sem nenhum ponto de contacto A
quantidade do peso em cada tirante é variável de
acordo com o peso do doente.
A cama deve ficar com os pés mais elevados que a cabeça, para permitir que o peso do doente
faça a contra-tracção necessária para o equilíbrio das forças.
A cama também pode ficar colocada com os pés elevados ou semi-Fowler com uma flexão
moderada dos quadris e dos joelhos, de forma que o próprio corpo do doente nas coxas, faça
pressão e peso de contra tracção sobre o leito para o equilíbrio de forças.
Cuidados especiais: Como os espasmos musculares são intensos durante a fase aguda, deve ser
aplicada analgesia a horas certas e/ou em S.O.S. É permitido ao doente assumir uma posição no
leito que lhe seja mais confortável. Pode ser prescrito um programa de exercícios para fortalecer a
musculatura.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia

29 TRAUMATISMOS DOS MEMBROS

Os traumatismos dos membros mais frequentes e que necessitam de maiores cuidados são as
fracturas e que por si só têm vários graus de gravidade, necessitando por isso também várias
técnicas de tratamentos.
A finalidade do tratamento é favorecer a restauração correcta e completa do osso fracturado no
tempo mais curto possível. As extremidades fracturadas ou deslocadas, são ajustadas e mantidas
firmemente juntas até a solidificação da fractura o que demora em média cerca de 6 semanas.
Em alguns casos existe a necessidade de fixação cirúrgica através de material de osteosintese.
Noutros casos são usadas as imobilizações com vários tipos de tracção ou fixadores externos.

29.1 TRACÇÕES
As tracções são a forma mais simples de imobilização do membro fracturado e tem como
função, proporcionar uma pressão directa na extremidade afectada. São muitas vezes utilizadas para
aliviar espasmos musculares e/ou imobilizar o membro temporariamente, por exemplo a seguir a
uma fractura do fémur, dos ossos da perna, do braço ou antebraço, antes da redução ou da fixação
por cirurgia. Pode também, em casos específicos, ser usada como tratamento conservador.
Uma contra tracção é necessária, principalmente nas fracturas dos membros inferiores, porque
embora o peso usado para a tracção seja adequado e em consonância com a estrutura corporal do
doente, só pelo facto de estar deitado, e a pressão de tracção ser contínua, há a necessidade de uma
contra tracção para contrabalançar a pressão, e que pode ser obtida pelo próprio peso do doente,
depois de se ter levantado os pés da cama, o suficiente para obter o efeito desejado
Nas tracções esquléticas ou cutâneas nos membros, existem variantes, que tem objectivos
diferentes, embora usem os mesmos princípios e métodos de execução, mas que permite alguma
mobilidade do cotovelo, da mão, da coxo-fémural, do joelho, do pé .
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia

30 FRACTURAS DOS MEMBROS SUPERIORES

As fracturas nos membros superiores, podem localizar-se na cabeça do úmero, no colo do


úmero, na diáfise, no cotovelo, nos ossos do antebraço, no punho, na mão e dedos.
Na maior parte dos casos são provocadas por quedas sobre o braço ou sobre o cotovelo,
podendo correr o risco de lesão do nervo radial ou lesão dos tecidos adjacentes provocadas pelos
fragmentos ósseos.
As fracturas do antebraço compreendem tanto o rádio como o cúbito. Uma fractura típica do
cúbito é causada pela sustentação de choques com o antebraço. Este tipo de fractura torna
necessário a imobilização com aparelhos gessados. No caso dos fragmentos estarem muito
desviados do alinhamento anatómico há necessidade de uma intervenção cirúrgica.
As fracturas distais do rádio, que geralmente são provocadas por queda sobre a mão e com esta
dobrada (Colles), são tratadas com aparelhos gessados e/ou cirurgicamente.
As fracturas da parte inferior do úmero são
geralmente provocadas por excesso de peso ou por torção.
A maior parte destes casos de fractura tem a forma de um
“T”.
As fracturas da parte mais proximal do úmero como
seja: a cabaça do úmero, o colo do úmero, o 1/3 proximal
e o médio, podem ser tratadas cirurgicamente, com
aparelhos gessados, mas também com tracções
Figura 50.Fratura Proximal do
esqueléticas ou cutâneas. È sobre este método de Umero
tratamento (as tracções) que focarei a minha atenção e a
orientação para a execução e cuidados a ter.

30.1 TRACÇÕES NOS MEMBROS SUPERIORES


Permitem ou têm como objectivo a imobilidade do foco de fractura, e são por vezes uma opção
terapêutica como tratamento conservador para a consolidação óssea

30.1.1 TRACÇÃO ESQUELÉTICA DO ÚMERO


A tracção esquelética dos membros superiores é utilizada principalmente quando a integridade
da pele ou o edema do membro não permitem uma intervenção cirúrgica, ou a colocação de outro
tipo de imobilização como seja a tracção cutânea. È basicamente utilizada nas fracturas do 1/3
proximal e/ou do colo do úmero. Permite também alguma mobilidade das articulações livres com o
cotovelo, o punho e a mão.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
Como executar
Esta tracção requer uma armação especial
fixa lateralmente e sobre a cama do doente
através de um sistema de pesos, cordas,
suportes e roldanas ligadas a essa estrutura.
A técnica chamada tracção esquelética nos
membros superiores, envolve passar com
anestesia geral ou local um cravo de Stainman
de tamanho variável (20,25,30cm), aplicado
aos côndilos procurando manter o alinhamento
do osso.

Figura 51.Tracção esquelética do úmero


No cravo é aplicado posteriormente um estribo (peça de metal rígido e em arco) no qual de
seguida é afixado um fio (corda), que passa por uma roldana colocada no varão sobre o doente e
que em contínuo deve passar por outra roldana colocada no mesmo varão, mas já numa posição um
pouco mais distante e lateralmente do leito do doente, para se evitar possíveis acidentes.
O braço é colocado perpendicularmente ao leito do doente, afastado do tórax cerca de 90º, de
modo a que o ombro fique completamente poisado no leito, para permitir maior relaxamento dos
músculos do ombro. Com este posicionamento, além de obtermos maior descompressão muscular,
obtemos também um efeito de contra-tracção, com o próprio peso do braço e que é fundamental
para a eficácia do trata emento.
No antebraço é colocado numa lona paralelamente ao doente e que por sua vez está suspenso
por uma corda a uma roldana presa na parte superior da armação da cama perpendicularmente ao
doente.
Esta corda deve passar por uma roldana colocada num travessão superior da cama e de novo
por outra roldana fixada lateralmente na cama do doente até ser adicionados os respectivos pesos.
O número de pesos está sempre dependente da dimensão corporal do doente, do efeito de
tracção que se pretende e da necessidade de suspensão do membro para se obter o efeito de contra-
tracção, mas por princípio deve ser superior a 3kg e inferior a 7kg.
Cuidados especiais:
 Vigiar e dar atenção às queixas do doente em especial se sentir: - dor; sensação de
“repuxamento” excessivo, parestesias; sensação de frio ou calor no membro
traccionado;
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
 Vigilância atenta da temperatura e coloração do membro. (cianose ou palidez das
extremidades). Em caso de apresentar alterações pode ser necessário retirar de imediato
a própria tracção.
 Manutenção do membro em posição anatómica
 Vigiar atentamente as zonas de pressão
 Vigiar aparecimento de manifestações cutâneas de origem alérgica ou úlceras de
pressão.
 Vigiar e manter um correcto alinhamento do segmento a fraccionar com o estribo, fio de
kirshner, ou cravo de Steinmann, os fios de corda ou nylon e as roldanas.
 De salientar que a inclinação lateral desajustado ou incorrecta do estribo,
pode fazer com que o fio metálico (Kirshner ou Steinmann) se desloque do
seu eixo de inserção, originando alargamento exagerado ou superior ao
necessário do orifício no osso e no tecido muscular, aumentando assim
consideravelmente os riscos de infecção.
 Vigiar a queda ou pressão dos estribos sobre as proeminências ósseas, que anulam o
efeito de tracção e pode provocar graves lesões ou necrose da região pressionada.
 Fazer anti-sepsia diária e cuidada das extremidades dos fios metálicos (Kirschner ou
Steinmann), para evitar o aparecimento de inflamações e/ou infecções, que podem
culminar num processo de ostaíte ou osteomielite. Há estudos recentes de que não deve
ser usada a betadine na desinfecção dos cravos, porque provocam um fenómeno de
oxidação deste material, logo aumentam os riscos de infecções.
 Vigiar atentamente zonas de pressão e proeminências ósseas, bem como as zonas de
inserção e saída dos cravos.
 Ter atenção ao súbito aparecimento de dor intensa no local de inserção do fio, com
repuxamento acentuado da pele, a qual se pode apresentar pálida ou ruborizada, o que
pode indicar que houve corte do osso pelo fio, quer por tracção excessiva, quer por
fragilidade óssea.
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30.1.2 TRACÇÃO CUTÂNEA DO ÚMERO
A tracção cutânea do membros
superiores, é utilizada como opção à
esqulética, desde que a integridade da pele ou
edema do membro o permitam, nas fracturas
do 1/3 proximal e/ou do colo do úmero.
Permite também alguma mobilidade das
articulações livres com o cotovelo, o punho e
a mão.

Figura 52.Tracção cutânea do úmero


Como executar
Esta tracção requer uma armação especial fixa lateralmente e sobre na cama do doente através
de um sistema de pesos, cordas, suportes e roldanas ligadas a uma estrutura especial da cama.
Nas tracções cutâneas existem variantes, que tem objectivos diferentes, embora usem os
mesmos princípios e métodos de execução, mas que permitem alguma mobilidade do cotovelo e
mão.
A forma de execução deve começar por, principalmente nos homens, ser tricotomizada
(rapada) a pele e deve ser aplicado um produto protector (ex.: tintura de benjoim), para a proteger
antes de colocar a fita adesiva, evitando-se ou diminuindo assim a possibilidade de alergias, o que
poderia condicionar a decisão a continuação ou manutenção da tracção.
É aplicada uma fita adesiva, com largura e comprimento variável (dependendo do
comprimento e espessura do membro), em toda a extensão das face lateral interna e externa do
segmento a traccionar, mas não devendo passar acima do foco de fractura. Esta fita adesiva deve ser
mais comprima do que o membro a traccionar, para que nesse espaço adicional seja colocada uma
rectângulo de madeira perfurado no centro, por onde será introduzido o fio de tracção, e para
permitir alguma mobilidade do cotovelo sem o perigo de maceração ou traumatismos.
De seguida deve colocar-se uma ligadura sobre a fita adesiva para a fixar e antes de continuar
atracção, e de preferência deve ser elástica, colocada da parte mais distal para a proximal, para
facilitar a circulação de retorno, evitando-se ou diminuindo assim a possibilidade do aparecimento
de edemas, cianose, palidez e/ou outros sintomas que seriam condicionantes da continuidade deste
tratamento.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
A Corda de tracção não deve ter pontos de apoio ou contacto desde a fixação na travessa de
madeira (ou outro material rijo), até aos pesos de tracção que também devem estar suspenso e sem
pontos de apoio, pelo que deve passar por uma roldana presa à barra dos pés da cama.
Este tipo de tracção não permite pesos superiores de 3 a 6kg, porque se corre o risco de
desconforto para o doente e macerar a pele, pela pressão contínua, podendo até provocar graves
lesões cutâneas.
Cuidados especiais
 Vigiar e dar atenção às queixas do doente em especial se sentir: - dor; sensação de
“repuxamento” excessivo, parestesias; sensação de frio ou calor no membro
traccionado;
 Vigilância atenta da temperatura e coloração do membro. (cianose ou palidez das
extremidades). Em caso de apresentar alterações pode ser necessário retirar de imediato
as ligaduras ou a própria tracção.
 Manutenção do membro em posição anatómica e mobilidade da mão
 Vigiar aparecimento de manifestações cutâneas de origem alérgica ou úlceras de
pressão.
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31 FRACTURAS DA BACIA

As fracturas da pélvis (bacia) ocorrem frequentemente como resultado de acidentes de viação,


traumatismos por esmagamento e quedas de edifícios e andaimes. Os sintomas gerais incluem
edema local, hipersensibilidade na sínfise púbica, crista ilíaca, sacro e coxis, assim como
incapacidade de sustentar o seu corpo.
Além disso pode ocorrer hemorragia grave o que leva frequentemente o doente ao choque
hipovolémico.
As fracturas pélvicas podem apresentar lesões significativas e múltiplas. Por esta razão as
fracturas da bacia comportam uma taxa elevada de mortalidade. A morte do doente pode ser
derivada por hemorragia local, exacerbada pela rica irrigação dos ossos esponjosos da bacia, dos
fragmentos fracturados, pela laceração de veias ou da artéria ilíaca, o que pode originar
sangramento maciço e oculto na região retro-peritonial.
Outro problema grave que pode ocorrer é a rotura da uretra, bexiga ou intestinos, que se
poderão revelar ainda mais graves que própria da fractura em causa.

31.1 TRACÇÕES E IMOBILIZAÇÃO POR CINTA PÉLVICA


A tracção pélvica tem como finalidade a imobilização da
bacia, nas fracturas que rompem o anel pélvico ou que afectam
áreas destinadas a sustentar o peso do corpo. Pode-se utilizar a
tracção pélvica para reduzir o desvio e/ou unir os fragmentos
fracturados.

Figura 53.Bacia
Função
A tracção por cinta pélvica também denominadas por (Balkan) tem com objectivo imobilizar a
fractura. È montada uma estrutura metálica forte (tipo ramada) sobre a cama e fixada nas barras da
cabeceira e dos pés, com altura suficiente para permitir elevar e suster ligeiramente o corpo do
doente. O tipo de imobilização depende da localização, e da estabilidade ou instabilidade resultante
no anel pélvico.
Em muitos casos com fracturas do sacro e da pelve, mas sem ruptura do anel pélvico, pode ser
suficiente para o tratamento o repouso num leito para proporcionar mais estabilidade.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
Como executar
 Nas fracturas em que ambos os lados estão fracturados, utiliza-se uma tracção por cinta
pélvica (lona ou outro material consistente e confortável), para imobilizar a pelve e para
que o doente possa movimentar o corpo com menos dor.
A cinta deve ser colocada por baixo da
região nadegueira, para que se mantenha um
espaço mais ou menos aberto sobre o abdómen.
Este espaço depende da fractura ou necessidade
de correcção. Para se manter esta abertura é
necessário usar-se dois afastadores consistentes,
e que sirvam ao mesmo tempo para a
sustentação do corpo através de fios (corda)
Figura 54.A tracção por cinta pélvica
paralelos, que por sua vez estão ligados a também denominadas por (Balkan)
roldanas fixas na armação superior da cama do
doente e que foi previamente montada.
A quantidade de peso a utilizar, depende do peso corporal do doente e para que permita uma
ligeira suspensão acima do leito.
É fundamental que estes doentes em tracção de Balkan mantenham uma ligeira suspensão em
relação ao leito, para que o próprio peso do doente faça contra-tracção, ajudando assim a que as
preeminências ósseas fracturadas e com desvio, se unam mais rápida e eficazmente
Os pesos devem ficar colocados lateralmente e fora do alinhamento do leito através de outro
par de roldanas, para se evitar o risco de caírem em cima do doente e de facilitarem os cuidados de
higiene diários.
Nas fracturas em que ocorreu separação de
sínfise púbica, deve utiliza-se uma tracção por
cinta pélvica (lona ou outro material consistente
e confortável), de forma a aplicar-se uma força
de compressão.

Figura 55.Fratura da Bacia, bilateral com


rotação
Esta compressão é obtida cruzando os fios (cordas) que devem estar paralelos e que vão da
cinta pélvica através de roldanas fixas na armação da cama, previamente colocada e ligados a pesos
do lado oposto de tracção.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
A cinta é ajustada na sua abertura superior
conforme a necessidade de correcção da fractura
e com a quantidade de pesos que deve ser igual
de cada lado, e ter em conta o peso corporal do
doente para que se obtenha uma suspensão do
corpo necessária aos à prestação de cuidados
diários de higiene.
Figura 56.Tracção da Cintura
Os pesos devem ficar colocados lateralmente e fora do alinhamento do leito através de outro
par de roldanas, para se evitar o risco de caírem em cima do doente e de facilitarem os cuidados.
Cuidados especiais:
Nestes doentes porque permanecem muito tempo na mesma posição, os cuidados com a pele
são fundamentais. Para tal é permitido por pequenos períodos de tempo, a tracção ser aliviada para
que a pele possa ser massajado e hidratada convenientemente.
Devemos estar vigilantes para:
 Verificar se a cinta se ajusta adequadamente à pelve
 Vigiar atentamente sinais de compressão ou zonas de pressão, nomeadamente a nível
das cristas ilíacas, grande trocanter e cóccix
 Vigiar se os pesos mantêm a tracção continua desejada

31.1.1 FIXADORES EXTERNOS PÉLVICOS

Figura 57.Fixadores Externos Pélvicos


A aplicação de fixadores externos pode ser usados como tratamento conservador nas fracturas
que rompem o anel pélvico e provocam afastamento da sínfise púbica
Este método de tratamento, embora pouco frequente, permite, mais que qualquer outro já
descrito para as fracturas da bacia, maior independência do doente para a mobilidade no leito, e
mais facilidade para as actividades da sua vida diária.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
Como se executa
Para a colocação destes fixadores externos é necessária uma intervenção cirúrgica numa sala de
bloco operatório. É uma intervenção que exige algum cuidado, visto ser o osso ilíaco, uma zona
extremamente irrigada.
Os cravos adaptados e enroscados (tipo parafuso) no próprio osso, em posições consideradas as
adequadas ao tratamento, são posteriormente fixadas por outras barras metálicas externas, mais
consistentes, que ajustam os focos de fractura e que protegem toda a zona abdominal.
Este aparelho (fixadores) é mantido por cerca de 6 semanas, ou pelo tempo considerado
necessário para a formação do calo ósseo.
Cuidados especiais
 Vigiar possíveis desvios do eixo de fixação
 Vigiar atentamente as zonas sujeitas a maior pressão e as proeminências ósseas
 Massajar e hidratar a pele frequentemente, principalmente nas proeminências ósseas
 Desinfecção diária e cuidada dos pinos nas zonas de inserção.
 Vigiar qualquer sintoma de comprometimento neuro-vascular ou hemorragia
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia

32 FRACTURAS NOS MEMBROS INFERIORES

Figura 58.Fraturas da Zona Mais Proximal do Fémur: Sub-trocantérica, Colo do fémur

As fracturas do fémur ocorrem fundamentalmente nos casos de queda sobre a coxa com torção
do osso, por acidentes de viação, o que podem originar vários tipos de fractura e graus de gravidade
diversos como os exemplos: Sub-trocantérica, Colo do fémur.
As fracturas da perna, podem envolver a
quebra da tíbia e do perónio ou só um deles,
como por exemplo: os pratos tibiais e o perónio.
Quando ocorre fracturas dos dois ossos ao
mesmo tempo, o prognóstico de tratamento é
mais favorável do que se houver só fractura da
tíbia, porque o perónio exerce uma pressão que
tende a separar os topos ósseos fracturados da Figura 59.Fratura do prato da Tíbia e
Perónio
tíbia.
Entre várias fracturas pode ocorrer a fractura por afundamento, quando o osso recebe um
impacto directo de um objecto, enquanto o pé se mantêm estável e fixo. As fracturas só do perónio
resultam quase exclusivamente de impactos directos sobre ele.
As fracturas do tornozelo provocam
frequentemente a rotura de uma porção da parte
inferior da tíbia, dos ligamentos e cápsula
articular. A causa mais comum deste tipo de
fractura é a torção excessiva da perna, com o pé
em posição fixa. (ex.)

Figura 60.Fraturas da Zona TibioTarsica


Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
32.1 TRACÇÕES DOS MEMBROS INFERIORES
Esta tracção requer uma armação especial fixa lateralmente e sobre a cama do doente (tipo
ramada) e através de um sistema de pesos, cordas, barras metálicas de vários tamanhos, suportes e
roldanas ligadas à mesma estrutura especial da cama. São usados frequentemente dois tipos de
tracção nas fracturas dos membros inferiores.
 A tracção esquelética, que pode ser simples ou sofrer uma modificação passando a ter
uma função de mobilidade, e a denominar-se tracção esquelética balanceada.
 A tracção cutânea, que também pode ser simples ou sofrer uma pequena alteração que
pode permitir ligeira mobilidade.
Tanto uma com outra, além dos cuidados indispensáveis para manter a integridade da pele,
exigem que os pé da cama se mantenham elevados, na medida do necessário para cada caso, por
forma que o peso do corpo do doente seja factor de contra tracção, para o necessário equilíbrio das
forças de tracção.
Outro aspecto fundamental e que nunca pode ser descorado, é na colocação do fio de tracção
longitudinal e que se dirige para os pés da cama, deve seguir sempre em linha contínua (sem
quebras) no alinhamento da posição anatómica do membro.

32.1.1 TRACÇÕES ESQUELÉTICAS BALANCEADAS


É utilizada principalmente nas fracturas do fémur e afundamento do acetábulo, porque como já
foi dito, permitem o uso de maior quantidade de peso para traccionar sem lesar a pele e/ou músculos
adjacentes, e quando a integridade da pele ou o edema do membro não permitem uma intervenção
cirúrgica.
A este tipo de tracção, aproveitando as roldanas, pesos, fios, talas, etc., pode ser adaptado um
sistema balanceado do membro fracturado, (tracção balanceada), tendo em conta cada caso, por
forma a facilitar a mobilidade das articulações livres, e a sua suspensão do leito, evitando situação
de alteração cutânea da pele, e facilitando a circulação venosa, evitando ou diminuindo edemas e
melhorando a sensibilidade distal do membro.
Estas tracções podem ser executadas de três formas diferentes sem perder a sua eficácia, desde
que os princípios fundamentais de alinhamento e equilíbrio de pesos estejam sempre presente.
Estas tracções esqueléticas também denominadas por tracção balanceada, podem ser
constituídas por vário material, conforme foi descrito anteriormente. Neste primeiro caso (A), foi
usada a tala de Thomas.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia

A B
Figura 61.Tracções esqueléticas balanceadas: A - tala de Thomas; B – Tala com colaboração do
Utente

Também podem e são frequentemente executadas com outro material, desde que sejam usadas
lonas ou material consistente e macio, para suspender o membro.
È também solicitado colaboração ao doente para mobilizar a articulação do joelho, puxando
ritmadamente um fio estrategicamente colocado e de fácil acesso, de forma a diminuir o risco de
aderências articulares e a atrofia muscular.
A forma de execução destes tipos de tracções é
idêntica. Neste caso será colocado um peso variável
perpendicular à perna a mobilizar, de forma a que seja
possível manter a elevação do membro acima do nível
do leito, a uma altura que permita a mobilidade da
perna e do joelho, executada pelo doente puxando
ritmadamente o fio estrategicamente colocado e de
fácil acesso, de forma a diminuir o risco de aderências
articulares e a atrofia muscular.
Figura 62.Fixação dos Fixadores e
Tracção
Estas tracções em suspensão equilibrada permitem ao doente movimentar-se mais livremente
sem afectar a linha de aplicação da força de tracção, e facilita as acções de enfermagem como o
banho, das necessidades fisiológicas do doente, o cuidar da pele, etc.
Geralmente, os pés da cama são elevados com calços, ou colocando a cama em posição de
Trendelenburg, para com isso provocar a contra-tracção.
Como executar
A técnica chamada tracção esquelética, envolve passar com anestesia geral ou local um cravo
de Stainman de tamanho variável (20,25,30cm), que é aplicado aos côndilos fémurais ou base dos
pratos tibiais, que passa o osso transversalmente, na parte mais distal do foco de fractura, para
manter o alinhamento do osso e no qual é aplicado posteriormente um estribo.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
A coxa é suspensa numa lona que por sua vez está suspenso por uma corda a uma roldana presa
na parte superior da armação aérea, com ligeira inclinação para a cabeça do doente e que se dirige
para traz da cabeceira do doente.
Outra corda deve ser amarrada ao estribo e passar perpendicularmente acima do tubérculo
tibial do membro fracturado e passar de novo por uma roldana colocada na parte superior da
armação aérea.
Ainda outra corda deve sair da base dos cravos e dirigir-se para num travessão nos pés da cama
e de novo por outra roldana até ser fixados os respectivos pesos.
Uma contra tracção é necessária, principalmente nas fracturas dos membros inferiores ao bacia,
porque embora o peso usado para a tracção seja adequado e em consonância com a estrutura
corporal do doente, só pelo facto de estar deitado, e a pressão de tracção ser contínua, há a
necessidade de uma contra tracção para contrabalançar a pressão, e que pode ser obtida pelo próprio
peso do doente, depois de se ter levantado os pés da cama, o suficiente para obter o efeito desejado.
As zonas sob o espaço poplíteo e sob o calcanhar devem ser deixadas libertas para evitar zonas
de pressão
Cuidados especiais:
 Vigiar e manter um correcto alinhamento do segmento a fraccionar com o estribo, fio de
kirshner, ou cravo de Steinmann, os fios de corda ou nylon e as roldanas.
 De salientar que a inclinação lateral desajustado ou incorrecta do estribo,
pode fazer com que o fio metálico (Kirshner ou Steinmann) se desloque do
seu eixo de inserção, originando alargamento exagerado ou superior ao
necessário do orifício no osso e no tecido muscular, aumentando assim
consideravelmente os riscos de infecção.
O enfermeiro deve estar atento e disperto para:
 Vigiar a queda ou pressão dos estribos sobre as proeminências ósseas, que anulam o
efeito de tracção e pode provocar graves lesões ou necrose da região pressionada.
 Fazer antissépsia diária e cuidada das extremidades dos fios metálicos (Kirsshner ou
Steinmann), para evitar o aparecimento de inflamações e/ou infecções, que podem
culminar num processo de ostaíte ou osteomielite.
Há estudos recentes de que não deve ser usada a betadine na desinfecção dos cravos, porque
provocam um fenómeno de oxidação deste material, logo aumentam o riscos de infecções.
 Vigiar atentamente zonas de pressão e proeminências ósseas, bem como as zonas de
inserção e saída dos cravos.
 Ter atenção ao súbito aparecimento de dor intensa no local de inserção do fio, com
repuxamento acentuado da pele, a qual se pode apresentar pálida ou ruborizada, o que
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
pode indicar que houve corte do osso pelo fio, quer por tracção excessiva, quer por
fragilidade óssea.

32.2 TRACÇÕES CUTÂNEAS


É o outro tipo de imobilização, usada principalmente nas fracturas do 1/3 distal do fémur e do
1/3 proximal da tíbia, desde que a integridade da pele e o edema do membro o permitam,
conseguindo-se a tracção do membro, embora com menor quantidade de peso, porque como já foi
dito a pele não suporta demasiada tracção directa.
Neste tipo de tracção, embora se possa utilizar parte do material já anteriormente descrito, não
é tão complexa, porque a sua função é mais limitada, ou seja, tem como objectivo só traccionar e
imobilizar o membro fracturado.
Contudo existem caso em que pode ser necessário, ou por opção, elevar ligeiramente o membro
do leito, permitindo uma ligeira mobilidade do pé e do joelho, mas principalmente para evitar
situação de alteração cutânea da pele, e facilitar a circulação de venosa, evitando ou diminuindo
edemas e melhorando a sensibilidade distal do membro.

A B
Figura 63.Tracções Cutâneas do Membro Inferior

Como foi referido para a tracção esquelética e/ou balanceada, também esta tracção pode ser
executada por duas formas distintas, sem perder a sua eficácia, desde que os princípios
fundamentais de alinhamento e equilíbrio de pesos estejam sempre presente.
Esta tracção requer uma armação especial fixa nos pés da cama do doente através de um
sistema de pesos, cordas, suportes e roldanas.
Geralmente, os pés da cama são elevados com calços, para com isso provocar a contra tracção
com o próprio peso do corpo do doente.
Uma sendo uma mais fixa (A), não permite praticamente nenhuma mobilidade para o doente e
para as articulações livres como o joelho e pé.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
Outra, ainda que sendo fixa (B), permitem alguma elevação do membro fracturado ao nível do
joelho e coxa e facilita alguma mobilidade do doente na cama para as suas actividades da vida
diária.
Como se executa:
A forma de execução em ambas as situações é idêntica, devendo começar por, principalmente
nos homens, ser tricotomizada (rapada) a pele e deve ser aplicado um produto protector (ex.: tintura
de benjoim), para a proteger.
É aplicada uma fita adesiva, com largura e comprimento variável (dependendo do
comprimento e espessura do membro), em toda a extensão das faces laterais interna e externa do
segmento a traccionar, e não deve passar acima do foco de fractura.
A fita adesiva não deve cobrir o maléolo, pois pode-se correr o risco de deterioração cutânea
nessas proeminências ósseas. De seguida é fixada por ligaduras de preferência elásticas e em espiral
desde a região tibiotársica até ao limite da banda adesiva.
Esta ligadura tem com vantagem ajudar a drenagem venosa, diminuindo assim o risco de
edemas e tromboflebites profundas.
Este dispositivo efectua um efeito de tracção desde a travessa de madeira com orifício onde é
inserido o fio de tracção a cerca de 5 cm do pé, até ao peso suspenso através de uma roldana
adaptada a um suporte fixado nos pés da cama. Não deve ter pontos de apoio ou contacto desde a
fixação na travessa de madeira (ou outro material rijo), até aos pesos de tracção que também devem
estar suspenso e sem pontos de apoio, pelo que deve passar por uma roldana presa à barra dos pés
da cama.
Este tipo de tracção não permite pesos superiores de 3 a 6kg, porque se corre o risco de
desconforto para o doente e macerar a pele, pela pressão contínua, podendo até provocar graves
lesões cutâneas
Cuidados especiais:
 Vigiar e dar atenção às queixas do doente em especial se sentir: - dor; sensação de
“repuxamento” excessivo, parestesias; sensação de frio ou calor no membro
traccionado;
 Vigilância atenta da temperatura e coloração do membro. (cianose ou palidez das
extremidades) . Em caso de apresentar alterações pode ser necessário retirar de imediato
as ligaduras ou a própria tracção.
 Manutenção do membro em posição anatómica (pé e rótula para cima), se o doente
estiver em decúbito dorsal.
 Vigiar atentamente as proeminências ósseas e zonas de pressão com especial incidência
na região calcânea e sacro-coccigea .
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
 Vigiar aparecimento de manifestações cutâneas de origem alérgica ou úlceras de
pressão.

32.2.1 TRACÇÃO CUTÂNEA DE BRYANT


As fracturas do fémur das crianças têm
características de tratamento diferente dos adultos. O
tratamento é sempre ou preferencialmente conservador.
A tracção de Bryant, mais conhecida por tracção de
“zénite”, é um tipo de tracção cutânea e é o tratamento
de eleição nas fracturas do fémur em crianças até aos 2
anos de idade. A fractura da diáfise do fémur é
normalmente de traço simples, não cominutiva e
raramente exposta. A maior parte das vezes deve-se a
atropelamento.
O tempo de tracção é, nestas idades, muito curto,
que pode ser entre 2 a 3 semanas. Depois dos dois anos.
Figura 64.Tracção cutânea de Bryant
Deve optar-se pela tracção longitudinal no leito ou por
imobilização com aparelho gessado (espica gessada).
Como executar
Esta tracção requer uma armação especial fixa e sobre cama do doente através de um sistema
de pesos, cordas, suportes e roldanas ligadas a uma estrutura especial da cama. A forma de
execução deve começar por, aplicado um produto protector (ex.: tintura de benjoim), para a
proteger.
É aplicada uma fita adesiva, com largura e comprimento variável (dependendo do
comprimento e espessura do membro), em toda a extensão das faces laterais interna e externa do
segmento a traccionar, e não deve passar acima do foco de fractura.
A fita adesiva não deve cobrir o maléolo, pois pode-se correr o risco de deterioração cutânea
nessas proeminências ósseas. De seguida é fixada por ligaduras de preferência elásticas e em espiral
desde a região tibiotársica até ao limite da banda adesiva. Esta ligadura tem com vantagem ajudar a
drenagem venosa, diminuindo assim o risco de edemas.
A Corda de tracção não deve ter pontos de apoio ou contacto desde a fixação na travessa de
madeira (ou outro material rijo), até aos pesos de tracção que também devem estar suspensos e sem
pontos de apoio, pelo que deve passar por uma roldana presa à barra da armação.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
A força de tracção deve ser suficiente para manter as nádegas sem estarem em contacto com o
leito, para que o peso do corpo funcione efectivamente como contra-tracção e redutor da fractura.
Cuidados especiais:
 Vigilância e manutenção do correcto alinhamento dos segmentos e componentes da
tracção. Este cuidado é fundamental para não se correr o risco de uma consolidação em
posição viciosa da fractura.
 Vigilância e manter elevadas as nádegas da criança, de modo a caber uma mão por
baixo delas, até ao fim do tratamento.
É fundamental este cuidado para conseguirmos toda a eficácia da tracção, que depende do peso
do corpo da criança para fazer a contra tracção.
 Vigiar e despistar alterações como: Sensibilidade distal (pé e dedos), mobilidade,
temperatura, coloração, edema, etc., que podem traduzir comprometimento neuro-
vascular.
 Vigiar colocação e tensão das ligaduras, para prevenir garrotamento ao nível da
articulação tíbio-társica, que pode conduzir à necrose e até amputação dos pés.
 Vigiar atentamente e massajar com frequência, para prevenir zonas de pressão e o
aparecimento de úlceras de pressão.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia

33 IMOBILIZAÇÕES DE FRACTURAS NOS MEMBROS INFERIORES


POR FIXADORES EXTERNOS

Nem todos os métodos cirúrgicos oferecem igual resistência perante um atraso de


consolidação, com é de prever que aconteça nas fracturas expostas. O recurso a fixadores externos é
frequente para permitir a colocação de enxerto ósseo no caso de perda que pode ocorrer no local do
acidente, ou por necrose de parte do osso.
Um método de fixação das fracturas é o dispositivo de fixação externa, que consiste em
estruturas de metal adaptados como: - cavilhas com rosca, sem rosca, (fios de Kirschner ou cravos
de Steinam), barras simples, parafusos e anilhas.
Alguns exemplos:

A B

C D
Figura 65.Fixadores Externos em Membros Inferiores
As cavilhas são inseridas no osso por pressão atravessando o mesmo, ou por enroscamento até
ao nível considerado adequado. Alguns podem ser utilizados sozinhos ou juntamente com um
aparelho gessado.
Todos estes aparelhos fornecem fixação extremamente rígida, ao mesmo tempo que permitem
um certo grau de mobilidade ao doente.
O doente com um fixador externo na perna, pode andar fora da cama numa cadeira de rodas ou
pode deambular sem fazer peso na perna afectada.
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
Entre todos os modelos de fixação existem dois mais usados porque podem ser utilizados para
duas funções simultâneas ou separadamente, como o fixador e alongador de Wagner, e o fixador e
alongador de Ilizarov (imagem d).
O fixador de Ilizarov - na função de alongamento, possui a
capacidade de corrigir dissimetrias dos membros.
Nesses casos, a fractura é induzida por uma osteotomia
cirúrgica prévia, para alongamento. Este alongamento vai sendo
feito diariamente (cerca de um milímetro por dia).
Nos anos oitenta, os alongamentos dos membros,
principalmente dos inferiores foram muito utilizados
principalmente no nanismo.
Hoje em dia, e como esta técnica acarreta riscos é usado
como escolha mais criteriosa para os casos que realmente possam Figura 66.Fixador de
beneficiar dos melhores resultados. Ilizarov

O princípio básico da técnica de Ilizarov é facilitar novo crescimento ósseo por afastamento
dos dois topos ósseos (distracção). A osteotomia provoca o pseudocrescimento de uma placa sem
estragar a cavidade medular, preservando assim o aporte de sangue e permitindo que novo osso
encha o espaço de osteogénese por distracção.
A aplicação de ligeira tracção no osso, estimula o crescimento.
Cuidados especiais:
 Vigiar e manter um correcto alinhamento do segmento a traccionar com o fio de
kirschner, ou cravo de Steinmann. De salientar que a incorrecta posição do fio
(Kirschner ou Steinmann) do seu eixo de inserção, pode originar alargamento exagerado
ou superior ao necessário do orifício no osso e no tecido muscular adjacente,
aumentando assim consideravelmente os riscos de infecção.
 Fazer antissépsia diária e cuidada das extremidades dos fios metálicos (Kirschner ou
Steinmann), para evitar o aparecimento de inflamações e/ou infecções, que podem
culminar num processo de ostaíte ou osteomielite. Há estudos recentes de que não deve
ser usada a betadine na desinfecção dos cravos, porque provocam um fenómeno de
oxidação deste material, logo aumentam os riscos de infecções.
 Vigiar atentamente zonas de pressão e proeminências ósseas, bem como as zonas de
inserção e saída dos cravos.
 Ter atenção ao súbito aparecimento de dor intensa no local de inserção do fio, com
repuxamento acentuado da pele, a qual se pode apresentar pálida ou ruborizada, o que
Capitulo VIII - Cuidados De Enfermagem No Internamento De Ortopedia
pode indicar que houve corte do osso pelo fio, quer por tracção excessiva, quer por
fragilidade óssea.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica

34 CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS GERAIS

Os cuidados pré operatórios dependem das circunstâncias em que ocorreu o internamento ou da


cirurgia programada.
Contudo, há princípios básicos e fundamentais que em circunstancia alguma podem ser
descorados, perante qualquer caso ou cirurgia programada, pelo risco de poderem ocorrer
problemas secundários indesejáveis.
Em ortopedia a cirurgia é por norma uma cirurgia programada, só dependendo do tempo de
intervalo disponível para cada caso, com alguns dias de antecedência, como no caso do doente que é
internado através da consulta externa.
 Por um lado deve-se ao facto de haver necessidade da utilização de material de
ostesíntese que tem de ser preparado previamente e especificamente para aquele doente
como sejam as próteses, placas, parafusos, etc.
 Por outro lado e mesmo em situação de urgência, existe sempre um tempo de espera,
embora curto, para a preparação do respectivo material.
A informação e o ensino ao doente e/ou familiares tanto na necessidade da cirurgia programada
como na cirurgia urgente, tem um papel fundamental na melhor e mais rápida recuperação do
doente.
Com informação mais pormenorizada no segundo caso, por haver mais tempo disponível antes
da cirurgia, ou com informação precisa, mas mais seleccionada no primeiro caso, por haver
escassez de tempo, devemos solicitar-lhes desde logo a sua melhor colaboração no tratamento.
Vou tentar descrever as acções de enfermagem na cirurgia ortopédica programada com
antecedência, no doente que vem da consulta externa, porque é a mais comum no serviços de
internamento e onde já se pode ter um procedimento conforme as normas ou regras da unidade,
tendo em conta uma lógica sequencial focalizando mais a nossa acção a partir dos dois dias que
antecedentes a data e hora da cirurgia.

34.1 NAS 48 HORAS ANTERIORES À CIRURGIA


Nas cirurgias programadas, por norma o doente é internado 48 horas antes da data e hora da
cirurgia.
No dia do internamento e depois de apresentada a estrutura física da sua unidade e do serviço,
esclarecendo-o das normas vigentes, referenciando os seus direitos e os seus deveres como utente,
assim como os horários das refeições e das visitas, são iniciados os procedimentos de enfermagem e
de ensino indispensáveis com:
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica

 Ensino ao doente/família sobre:


 necessidade de não fumar
 não ingerir bebidas alcoólicas
 como deve manter-se no leito após a cirurgia
 como fazer mobilizações activas e passivas após a cirurgia, para melhor e/ou
ter mais rápida recuperação, evitar e/ou diminuir o risco de complicações
neuro-vasculares; a data prevista para retirar os pontos
 o uso de aparadeira ou urinol após a cirurgia, o treino de marcha logo que
haja indicação médica.
 Colheita de sangue para várias análises (conforme norma ou protocolo de serviço)
 Consultar folha de prescrição terapêutica, para administrar a medicação pré-anestésica
se prescrita e ou outra.
 Atender a outras patologias associadas e proceder em conformidade com cada uma ou
indicação médica.
 Elaborar registos de enfermagem

34.2 NAS 24 HORAS ANTERIORES À CIRURGIA


Turno da tarde:
 Proporcionar ao doente/família quaisquer esclarecimento a dúvidas que possam
persistir, dentro da estrita competência da enfermagem
 Informar o doente de qualquer alteração terapêutica necessária e pré-definida.
 Ao jantar proporcionar uma refeição ligeira que pode ser de sopa ou fruta.
 Informar o doente da necessidade de manter jejum de pelo menos 6 horas antes da
cirurgia. De preferência deve manter jejum desde as 00 horas.

34.3 DIA DA CIRURGIA


Turno da noite e preparação (pré- operatório):
 Nas 2 ou 3 horas antes do doente ir para o bloco, deve tomar só ou com a colaboração
total ou parcial da enfermeira, um banho geral.
 Vestir ou disponibilizar ao doente camisa adaptada para o bloco e usada na instituição
 Retirar ou solicitar ao doente que retire para guardar em lugar seguro ou entregar aos
familiares:
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Próteses dentárias, (auriculares, oculares ou outras); Jóias (anéis, voltas,
alianças, etc.,)
 Retirar ou solicitar ao doente que retire o verniz das unhas.
 Avaliar os sinais vitais.
 Cateterização vesical se necessário ou prescrita.
 Colocar o doente preparado na cama para ser transportado ao bloco.
 Verificar se o processo clínico e exames complementares o acompanham

Pós-operatório – Regresso da sala de recobro:


 O doente regressa do recobro na sua cama, acompanhado pela enfermeira e auxiliar de
acção médica.
 Ao receber o doente enfermeiro deve verificar: - a posição do doente (decúbito) ou dos
membros, se estão de acordo com a cirurgia que foi feita, questionar a enfermeira do
recobro sobre a analgesia feita recentemente e /ou sobre qualquer ocorrência anormal
surgida durante a cirurgia.
 Durante o transporte deve: - vigiar o estado de consciência do doente, os movimentos
respiratórios e se necessário o pulso, a coloração da pele e mucosas, se pressentir que o
doente está com náuseas, ou perigo de vómito (efeito anestésico pós-cirurgico), e se não
houver contra indicação, deve lateralizar a cabeça do doente, verificar as perfusões em
curso (soros, sangue, e outros), verificar os níveis de drenagem vesical e hemáticas (se
tiver redy-vac).
 Verificar se o doente tem aparelhos de imobilização de fracturas (gessos, talas, colares
cervicais, colectes dorsais, ou outros)
Na unidade do doente:
 Colocar ou manter a cabeça lateralizada e sem almofada, com a cabeceira da cama a 0º
enquanto o doente não se tiver recomposto das náuseas e/ou indisposição. Só elevar a
cabeceira da cama gradualmente na medida em que o doente suporte ou se sinta
confortável.
 Elevação dos pés da cama (cerca de 30º), nas cirurgias dos pés ou pernas
 Colocação do triângulo de abdução entre as coxas, para evitar a adução, nas cirurgias de
artoplastia da anca (prótese total)
 Colocação de tala de Depuy, caso esteja prescrita, para a manutenção da extensão do
joelho nas cirurgias de artroplastia do joelho
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Colocação da mão elevada com auxílio de almofadas ou ligaduras, para evitar ou
diminuir o risco de edema, nas cirurgias do punho, mão ou dedos.
 Colocação de tracção cutânea, esquelética ou outra, se estiver prescrita.
 A avaliação e registo de: - sinais vitais, estado de consciência, coloração da pele e
mucosas, temperatura corporal, principalmente das extremidades, mobilização dos
membros operados e sensibilidade distal.

Nota importante: Nos aparelhos gessados não basta abrir o gesso. É fundamental proceder-se
à libertação total da ligadura de algodão coberta pelo gesso até se observar a integridade da pele.
Por vezes é o próprio algodão que enrugado origina o garrotamento, comprometendo a circulação e
sensibilidade distal do membro
Se for uma cirurgia à coluna, e dependendo do local de intervenção, deve verificar-se com
muita frequência ou curtos intervalos a sensibilidade, ginástica capilar, coloração da pele ou edemas
dos membros directamente relacionados com a localização da cirurgia. Caso seja detectada qualquer
anomalia, deve proceder-se de imediato no sentido de aliviar ou retirar a causa, como sejam os
aparelhos gessados, as tracções, ou outros.
 Verificar posicionamento e funcionamento dos drenos de redyvac, torácicos ou outros,
que não devem estar clampados, (excepto se estiver prescrito) e devem estar sempre
num plano inferior ao leito do doente, registando a quantidade e características
drenadas, para ser possível avaliar as perdas, e assim ser corrigida caso se entenda
necessário.
Se as quantidades drenadas forem muito elevadas, pode clampar-se o dreno ou retira o vácuo
do frasco, para diminuir a pressão de sucção.
 Nas cirurgias de tórax (escolioses) com abordagem por via anterior, e com dreno
torácico, o frasco deve ficar muito perto do chão, marcar o nível de drenagem para ter
um termo de comparação num espaço de tempo útil, e ligar o frasco de drenagem a um
aspirador de baixa pressão (se prescrito), porque estes frascos não devem ter vácuo.

34.4 SEGUNDO DIA E SEGUINTES


A mobilização precoce activa e /ou passiva é fundamental para uma rápida recuperação
funcional dos membros e para prevenção de problemas neuro-vasculares. As técnicas de
mobilização mais indicadas para cada caso, devem iniciar-se o mais precoce possível, desde que
não haja contra indicação médica ou cirúrgica, estimulando o doente a colaborar o mais possível na
sua mobilização.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Nos períodos de repouso, deve verificar-se se o doente mantém um correcto
alinhamento dos membros, evitando assim possíveis posições viciosas, ou manobras no
leito que possam pôr em risco o sucesso da intervenção. Na artroplastia da anca, deve
manter-se sempre as pernas afastadas com o auxílio da almofada triangular.
 Vigiar e massajar frequentemente as proeminências ósseas e zonas de maior pressão.
 Efectuar o primeiro levante o mais precoce possível desde que não haja contra indicação
médica. Para tal e antes de levantar o doente devemos:
 Elevar a cabeceira da cama a cerca de 45º,
 Avaliar as tensões,
 Fazer ensino sobre possíveis complicações que possam surgir, mas de forma
a descansar o doente, explicando-lhe que são situações transitórias de curta
duração e que logo conseguirá controlar, como são as lipotímias (tonturas),
hipotensão ortostática (de posição), Náuseas e vómitos, perturbações da
visão, sudorese intensa (suores), alguma dor.
Só depois de todos estes sintomas desaparecerem ou estarem controlados pelo doente, se deve
iniciar o levante passando primeiro e por algum tempo em que o doente fica sentado na beira da
cama com as pernas suspensa, mantendo um alinhamento correcto das pernas.
 Transferir o doente para a cadeira, que de preferência deve ser de braços e com uma
almofada no assento. O levante deve ser sempre que possível pelo lado contrário ao
membro operado, para permitir melhor as manobras necessárias de arrastamento do
corpo para a beira da cama e posterior levante.
 No primeiro levante o doente só deve estar sentado cerca de uma hora consecutiva e
desde que tolere bem. A permanência sentada na cadeira deve ser aumentada
gradualmente.
 Iniciar treino de marcha e deambulação com canadianas, andadeira ou de preferência
em barras laterais com a altura ideal para as mãos do doente, e que por norma existem
nos serviços de ortopedia. A distância a percorrer pelo doente deve ser aumentada
progressivamente até ele começar a ganhar confiança e perder o medo de cair ou
estragar a sua cirurgia.
 Vigiar e fazer o ensino ao doente sobre o aparecimento de possíveis edemas dos
membros inferiores. Logo que o doente esteja novamente deitado, deve elevar-se os pés
da cama para minorar ou fazer regredir os possíveis edemas provocados nos membros
inferiores, pela posição de sentado e com as pernas pendentes.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica

35 CIRURGIAS EM ORTOPEDIA

As cirurgias ortopédicas também denominadas por osteossintese, correspondem na sua


essência à imobilização interna de fracturas, ou substituição de articulações por próteses articuladas.
Os fragmentos fracturados ou articulações desgastadas, podem ser directamente solidarizados
ou substituídas, (osteossintese) por intermédio de material de fixação ou de implante. Este tem de
ter a resistência mecânica suficiente para resistir e restituir, na totalidade ou pelo menos
parcialmente, a função de suporte muscular e o peso do corpo que a fractura ou o desgaste aboliu.
Tem de ser capaz de resistir ao tempo que demora até à consolidação ou até como tratamento
definitivo no caso de substituição articular desgastada. È por esta razão que os materiais utilizados
são compostos de uma liga metálica e carbono.
São várias as cirurgias e os locais em que é possível intervir no esqueleto, tanto através de
osteossintese a céu fechado ou a céu aberto, sendo possível a correcção de deformidades congénitas,
traumatismo, desgaste articular ou comprometimento neurológico, no intuito de repor a
normalidade ou diminuir o sofrimento.
 Podem ser na coluna vertebral a qualquer nível, não só para correcção óssea por fractura
resultante de acidente, mas também e com muita frequência para corrigir deformidades
congénitas ou adquiridas, entre estas estão incluídos os vários tipos de escolioses, os
distúrbios neurológicos, por compressão de raízes nervosas ou medular.
 Podem ser nos membros superiores a qualquer nível, não só para correcção de
deformidades congénitas e/ou fracturas, mas também por desgaste ou alterações
articulares, capsulares, ligamentares, tendinosas, doenças degenerativas, amputações ou
reimplantes por microciururgia de segmentos do membro amputados por acidente,
principalmente da mão e dedos.
 Podem ser também nos membros inferiores a qualquer nível, não só para correcção de
deformidades congénitas ou fracturas, mas também por desgaste ou alterações
articulares, capsulares, meniscais, ligamentares, tendinosas, provocadas por acidente
principalmente pela actividade desportiva, doenças degenerativas, amputações,
principalmente do pé por doença vascular, causada pela diabetes, ou por doença
neurológica como no caso do pé neuropático, reimplantes por microciururgia de
segmentos do membro amputados por acidente, principalmente dos dedos.
Neste capítulo vou referir e reflectir sobre algumas cirurgias que de certo modo são mais
frequentes, ou aquelas que exigem mais cuidados diferenciados dos enfermeiros de ortopedia.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
35.1 CIRURGIA À COLUNA
As cirurgias à coluna podem ter objectivos diferentes, cuidados diferenciados e resultados de
acordo com as expectativas ou não, dependendo sempre da situação envolvente, que pode ser
degenerativa ou traumática, mais ou menos grave, o que por si só pode condicionar o tratamento ou
a recuperação total ou parcial do doente.
Neste quadro poderemos incluir no serviço de ortopedia como mais frequentes as doenças
degenerativas, escoliose, hérnias discais ou lesões traumáticas em qualquer área da coluna, sendo
estas últimas de todas as mais frequentes e por norma as mais graves.
Neste ponto abordarei resumidamente as várias situações de tratamentos cirúrgicos da coluna,
dando contudo maior relevo aos cuidados de enfermagem nos pós operatória de cada uma delas.

35.1.1 COLUNA CERVICAL


Na coluna cervical, embora apareçam algumas situações de doença degenerativa, são os
tratamentos das fracturas da coluna cervical que requerem maior urgência. Com já foi referenciado
noutro capítulo deste livro, as fracturas da coluna cervical ocorrem geralmente em resultado de
quedas, acidentes com veículos motorizados, de mergulho ou com pancadas nas costas com
objectos pesados.
Pode ocorrer com ou sem luxação e a qualquer nível da coluna, desde o occipital ao sacro. Os
sinais e sintomas de fractura, incluem dor no local da lesão, perda total ou parcial da mobilidade ou
da sensibilidade abaixo do nível da lesão.
Os objectivos imediatos do tratamento são a imobilização do doente com uma superfície dura e
colar cervical, com o transporte para o hospital.
Os objectivos a longo prazo do tratamento são a estabilidade e a redução da fractura e a
descompressão medular.
Os objectivos do tratamento cirúrgico são:
 Descompressão da estrutura nervosa e redução apropriada da fractura, com a remoção
de fragmentos ósseos.
 Estabilização da fractura com material de osteosintese, ou com tracção cervical através
da aplicação de um compasso craniano.
35.1.1.1 Cuidados De Enfermagem
Pré-operatórios:
 Manutenção da estabilidade da fixação da fractura, prestando muita atenção quando se
mobiliza o doente, para evitar “torcer” a coluna e esforçar o local de fractura
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Posicionar o doente frequentemente e com ajuda de almofadas, prevenção de problemas
neurovasculares.
Pós-operatórios:
 Posicionamentos – Manter a cabeceira da cama elevada de 30 a 45º, para facilitar a
respiração e evitar o edema da laringe, especialmente se a abordagem cirúrgica foi
anterior. Se tiver tracção craniana pode ser virado de lado, com ajuda de almofadas para
compensar a altura entre o ombro e o pescoço, consoante a sua tolerância.
 Inspeccionar frequentemente a área cirúrgica incluindo a crista ilíaca, que é a zona
dadora de eleição em caso de necessidade de enxerto ósseo, para despiste de sinais de
drenagem excessiva de sangue ou formação de hematoma. Usar um saco de gelo na
zona dadora para proporcionar maior conforto.
 Se for utilizado compasso para tracção craniana, pode ser necessário fazer cuidados e
desinfecção dos cravos.
 Promover o conforto e alívio da dor administrando analgésicos prescritos. As zonas
dadoras de enxerto ósseo, causam frequentemente mais desconforto do que a incisão
cirúrgica.
 Caso haja dificuldade respiratória, pode ser feita a humidificação do ar com
nebulização, para fluidificar as secreções e facilitar a respiração.

35.1.2 COLUNA DORSO-LOMBAR


A dor na região dorso-lombar, é uma das situações mais comuns que o enfermeiro encontra
em qualquer serviço. A dor lombar afecta a área intracostal e os músculos glúteos, irradiando
frequentemente para as coxas e pernas.
As lesões dorso-lombares podem ter como causa o traumatismo directo, mas a causa mais
comum é o estiramento lombar após levantar pesos ou movimento de rotação, associados a riscos
ocupacionais.
35.1.2.1 Hérnia Discal
As fisiopatologias mais comuns de dor na região dorso-lombar incluem a hérnia discal e a
estenose do canal medular. Se a causa da dor for uma hérnia discal, a dor é proveniente da dura-
máter e dos nervos espinais atingidos, à medida que o núcleo polposo vai tendo falta de enervação
intrínseca.
A dor pode partir da cápsula articular, ligamentos ou músculos da coluna lombar.
Os objectivos do tratamento cirúrgico são eliminar ou diminuir a dor e restabelecer a
avtividade física normal.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
A cirurgia está indicada quando as modalidades conservadoras falham. Pode implicar o uso de
enxerto ósseo, de algum tipo de material de osteosintese. São algumas as cirurgias mais frequentes:
 Laminectomia – Consiste na remoção de uma porção da lâmina do arco posterior da
vértebra, para aceder ao disco e ao canal medular.
 Discectomia – Consiste na remoção de toda a parte herniada do disco intervertebral.
 Foraminotomia – Consiste no alargamento do buraco intervertebral para permitir a
passagem do nervo espinal.
 Artródese – Consiste na estabilização de duas ou mais vértebras pela inserção de
enxerto ósseo, com ou sem a adição de material de osteosintese (placas, fios ou
parafusos), para se obter estabilidade vertebral.
 Descompressão – Consiste no alívio da pressão ou compressão nas raízes dos nervos
espinhais, pela remoção de osteófitos, fragmentos de osso fracturado, ou tecidos moles.

35.1.2.1.1 Cuidados De Enfermagem


Pré-operatório:
 Devem ser explicados os cuidados de enfermagem pré-operatórios relevantes. Muitos
doentes estão curiosos sobre a cirurgia a que vai ser submetido e aos tipos de materiais.
 Se estiver planeado a colocação de enxerto ósseo, deve ser explicado o local de recolha
do enxerto, e o grau de dor pós-operatória.
 Devem ser dadas orientações ao doente relativamente à mobilidade no leito, e incentivo
à tosse e à respiração profunda para facilitar a libertação das secreções.
Pós- operatório:
 Posicionamentos – posicionar frequentemente o doente conforme as necessidades ou de
acordo com as normas ou regras do serviço. A cabeceira da cama deve ser mantida
baixa. Deve mobilizar-se em bloco, usando o lençol, até que o doente possa colaborar.
 Avaliar frequentemente a função motora e sensitiva.
 Cuidados às feridas
 Manter constante a aspiração do dreno de redy-vac como o exigido tendo em
conta a saída excessiva de drenagem e mantê-lo livre de contaminação
 Avaliar a ferida cirúrgica frequentemente para despiste de sinais
inflamatórios, edemas ou formação de hematomas.
 Avaliar a zona dadora, que por norma é a crista ilíaca, (no caso de ter havido
necessidade de enxerto ósseo) visto está zona ser muito irrigada, pelo é muito
sangrante o que pode originar hematoma.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Administrar analgesia prescrita ou em s.o.s.
35.1.2.2 Escoliose
O termo escoliose tem origem na palavra grega SKOLIOSIS que significa curvatura e é usada
na terminologia médica para definir uma curvatura patológica da coluna vertebral no plano frontal,
em oposição às curvaturas fisiológicas no plano sagital, como sejam a lordose, cervical e lombar a
as cifoses torácicas e sacrocoxígeas.
É a mais frequente das deformidades da coluna vertebral descritas pela 1ª vez por Hipócrates,
nos textos mais antigos da história da medicina. Mas o termo SKOLIOSIS é atribuído a Galeno
(131-201 D.C.), mantendo-se na actualidade esta designação para significar uma curvatura lateral e
estruturada da coluna vertebral.
A escoliose pode ser classificada como não-estrutural ou estrutural.
 A escoliose não-estrutural, também designada por postural ou funcional é causada pela
postura, dor, comprimento dos membros desigual e outros factores. Esta forma de
escoliose é geralmente de mais fácil correcção, tanto através de exercícios como pela
remoção das causas adjacentes. Contudo, se não for tratada, pode progredir para
escoliose estrutural.
 A escoliose estrutural, implica uma deformação de rotação das vértebras. Esta ainda se
divide em três categorias principais:
 Escoliose congénita – que ocorre como malformação vertebral na vida fetal,
e por tanto presente à nascença, contribuindo para cerca de 15% dos casos.
 B)- Escoliose neuromuscular – que é a consequência de várias doenças. As
curvas geralmente aparecem precocemente e progridem rapidamente.
 c) - Escoliose idiopática –. A escoliose idiopática (diz-se idiopática por ser de
causa desconhecida), mas tem sido relacionada com factores genéticos. Inclui
cerca de 65% a 80% dos casos, e as raparigas são as pessoas mais afectadas e
representa o maior grupo das escolioses estruturadas, comparativamente às de
causa conhecida, como seja a congénita, neuromuscular, pós-traumática,
infecciosa, tumoral e outras.
É habitualmente compartimentada em infantil, juvenil e adolescente, conforme seja
diagnosticada até aos 3 anos, dos 4 aos 10 anos, e depois dos 10 anos até à maturidade esquelética.
A escoliose pode desenvolver-se em áreas localizadas, ou envolver toda a coluna. As
curvaturas podem ter o feitio de um “S” ou de um “C”
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica

Figura 67.Escoliose

As alterações patológicas iniciais começam nos tecidos moles. Os músculos e os ligamentos


atrofiam no lado côncavo da curvatura, progredindo para deformidades das vértebras e costelas.
Em pessoas com esqueleto imaturo, a deformação vertebral ocorre à medida que as forças
assimétricas são aplicadas nas epífeses pelas estruturas atrofiadas dos tecidos moles no lado
côncavo da curvatura. A deformidade progride rapidamente durante o crescimento do esqueleto. Em
casos graves, a função cardiopulmunar e digestiva pode ser afectada por compressão ou deslocação
dos órgãos internos.
Curvaturas maiores de 60º, a capacidade pulmonar total, a capacidade vital e a ventilação
máxima voluntária estão diminuídos. A função cardíaca também pode estar comprometida. Desvios
significativos no equilíbrio da coluna podem também afectar os padrões de marcha.

Figura 68.Tratamento Amovível para a Escoliose


Não existem medidas específicas para prevenir a escoliose. Contudo, a atenção à postura
adequada, pode ser eficaz na prevenção de alguns tipos de escoliose não-estrutural tanto em
crianças como em adultos.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
Actualmente, já existem materiais amovíveis, que procuram conseguir o efeito e eficácia no
tratamento e na postura correcta da coluna, embora sendo algo desconfortáveis para fazer a
imobilização e alinhamento da coluna vertebral, principalmente nas escolioses.
Este material tem vantagens, porque é amovível para permitir mais facilmente os cuidados de
higiene, pode a todo o momento ser regulável para a pressão desejável ou aconselhada, e podem por
vezes evitar a cirurgia correctiva, ou no mínimo, pelo menos temporariamente diminuir a dor e o
desconforto ou atrasar a evolução da curvatura escoliótica.
Pode também ser usado por um período de tempo no pós-operatório das escolioses, com
reforço na ajuda da cicatrização, e composição do calo ósseo vertebral.
Tratamento Cirúrgico: O tratamento
cirúrgico da escoliose é indiscutivelmente a
única forma de tratamento efectivo para os
casos graves.
O uso de instrumentação na correcção
cirúrgica da escoliose introduzido por
Harrington nos anos 60, constituiu a 1ª geração
da instrumentação vertebral posterior, e ainda
hoje é considerada por muitos como o passo
mais importante na evolução histórica do
tratamento cirúrgico da escoliose.

Figura 69.Tratamento Cirúrgico da


Escoliose

35.1.2.2.1 Cuidados de enfermagem


As abordagens anteriores à coluna torácica como no caso das escolioses, implicam entrar na
cavidade torácica e, se assim é, os cuidados de enfermagem incluíram as medidas exigidas para a
torocotomia.
As restrições à mobilidade são mais prolongadas do que na cirurgia lombar, porque a coluna
torácica e mais móvel, e consequentemente existe mais risco de deslocação de enxerto ou do
material de fixação, através de movimentos inadequados.
No tratamento cirúrgico, podem ocorrer com alguma frequência complicações como a
paraplégica tardia progressiva, em consequência da necessidade do estiramento (alinhamento) da
própria coluna e canal medular, assim como as costelas, músculos e nervos adjacentes, colocando-
os numa posição que até essa altura estavam numa posição incorrecta, mas cómoda e sem dor.
Pré-operatório:
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Devem ser explicados ao doente e/ou à família, os cuidados de enfermagem pré-
operatórios relevantes. Muitos doentes estão curiosos sobre a cirurgia a que vai ser
submetido e aos tipos de materiais.
 Se estiver planeado a colocação de enxerto ósseo, deve ser explicado o local de recolha
do enxerto, e o grau de dor pós-operatória.
 Devem ser dadas orientações ao doente e/ou familiar relativamente à mobilidade no
leito, e incentivo à tosse e à respiração profunda para facilitar a libertação das secreções.
Pós-operatório: Em consequência da cirurgia agressiva que é efectuada no tórax, ocorrem com
frequência problemas como:
 Atelectasia pulmonar
 Derrame pleural
 Pneumonia
 Paraplégia
 Úlceras de stress
 Úlceras de decúbito
 Infecção local, precoce ou tardia
 Desmontagem do material
Os cuidados de enfermagem são muito importantes nestes pós-operatórios, porque permitem
minimizar os riscos e as consequências da cirurgia.
 Posicionamentos – posicionar frequentemente o doente conforme as necessidades ou de
acordo com as normas ou regras do serviço. A cabeceira da cama deve ser mantida
baixa. Deve virar-se em bloco, usando o lençol, até que o doente possa colaborar.
 Avaliar frequentemente a função motora e sensitiva – que nos permitem despistar
precocemente problemas graves como sejam a paraplegia ou a tetraplegia.
 Cuidados às feridas, manter constante a aspiração do dreno de redy-vac como o exigido
tendo em conta a saída excessiva de drenagem e mantê-lo livre de contaminação,
Avaliar a ferida cirúrgica frequentemente para despiste de sinais inflamatórios, edemas
ou formação de hematomas. Avaliar a zona dadora, que por norma é a crista ilíaca, (no
caso de ter havido necessidade de enxerto ósseo) visto está zona ser muito irrigada, pelo
é muito sangrante o que pode originar hematoma.
 Administrar analgesia prescrita ou em s.o.s.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
O doente deve manter-se permanentemente monitorizado e com uma vigilância de enfermagem
apertada para todos os parâmetros vitais, sensibilidade nervosa e periférica (principalmente a distal),
circulação distal, (palidez, cianose, calor, frio), com mudanças de decúbito frequentes, aspiração de
secreções, alimentação correcta, e cuidados de higiene frequentes que incluam massagem corporal.
Estes cuidados são fundamentais para se obterem os melhores resultados possíveis
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Submetidos A Cirúrgica

36 CIRURGIAS NOS MEMBROS SUPERIORES

Muitas das lesões traumáticas dos membros superiores (fracturas e luxações), são devidas a
acidentes de baixa energia, resultantes da simples queda por desequilíbrio ao caminhar.
Mas é um facto que o embate contra o solo é um mecanismo traumático frequente para o
membro superior. Importa salientar que inúmeros e frequentes tipos de traumatismos, são devidos
ao papel do membro superior como instrumento afector do trabalho humano.
A gravidade desses traumatismos pode variar muito, o que é razão para a decisão do tratamento
entre o conservador e o cirúrgico. Na maioria dos casos recorre-se a o tratamento conservador,
porque se obtêm bons resultados finais, sem sujeitar o doente a uma intervenção cirúrgica. Contudo
existem situações onde não há outra alternativa que não seja o tratamento cirúrgico.

36.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIOS


Os cuidados de enfermagem são muito importantes nestes pós-operatórios, porque permitem
minimizar os riscos e as consequências da cirurgia. São cuidados praticamente idênticos para todas
as cirurgias dos membros superiores pelo que farei referência a eles de uma força global, tendo em
conta, contudo, que podem haver normas diferenciadas para várias unidades com métodos próprios
de cuidados e que devem ser respeitados.
 Posicionamentos do doente conforme as necessidades e de acordo com as normas ou
regras do serviço. A cabeceira da cama deve ser mantida elevada, assim como o braço
ou mão operados, colocando almofadas ou um suporte (corda ou ligadura) presos ao
varão de apoio da cama, para facilitar a circulação de retorno e evitar edemas ou
síndrome de compartimento.
 No caso de implantes por microcirurgia da mão ou dos dedos, cirurgia de reconstrução
tendinosa e caso haja indicação médica, deve manter-se permanentemente e sob
vigilância uma fonte de calor próxima do local intervencionado, com o objectivo de
proporcionar calor e facilitar a circulação sanguínea distal.
 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Aplicação de gelo local, sem ficar directamente sobre a pele, e por norma nas primeiras
24horas, se houver indicação médica.
 Cuidados às feridas.
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 Manter constante vigilância da aspiração do dreno de redy-vac como o
exigido tendo em conta a saída excessiva de drenagem e mantê-lo livre de
contaminação.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Avaliar a ferida cirúrgica frequentemente para despiste de sinais
inflamatórios, edemas ou formação de hematomas.
 Administrar analgesia prescrita ou em s.o.s.
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos ou articulações livres, de forma a
reabilitar a mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

36.2 LESÃO ARTICULAR DO OMBRO


O ombro é uma articulação particularmente solicitada não somente no dia-a-dia normal, mas
também na vida desportiva ou profissional.
As causas de dor no ombro podem ser por um traumatismo ou simplesmente o envelhecimento
da articulação.
As lesões articulares do ombro por traumatismo ou por desgaste articular, são cada vez mais
frequentes. As correcções cirúrgicas de fracturas da clavícula, da cabeça do úmero, da luxação
recidivante do ombro, são opção quando já se esgotou a possibilidade de tratamento conservador.
Já as doenças degenerativas das cartilagens articulares ou capsulares, o seu tratamento passam
pela cirurgia como primeira opção.
Actualmente, este acto cirúrgico está mais simplificado e com menos riscos incapacitantes da
articulação assim como reduzido o tempo de incapacidade física para o doente, devido ao
aparecimento de novas tecnologias como próteses, e principalmente com a artoscopia.
A artroscopia corresponde à visualização do interior de uma articulação sem necessidade da
abertura por grande incisão cirúrgica, realizada num bloco operatório. É introduzido um endoscópio
(artroscópio), aparelho especialmente concebido para o efeito, e através de pequena incisão na
cavidade articular, permitindo ao médico visualizar a estrutura e conteúdo da articulação. Este
método permite vários tipos de biopsia para diagnóstico ou reconstrução ligamentar.

36.2.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM


Além dos cuidados gerais já referenciados, devemos estar mais despertos para:
 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Aplicação de gelo local, sem ficar directamente sobre a pele, e por norma nas primeiras
24 horas, pelo menos 3 vezes em períodos de 20 minutos se houver indicação médica.
 Manter constante vigilância da aspiração do dreno de redy-vac como o exigido tendo
em conta a saída excessiva de drenagem e mantê-lo livre de contaminação.
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

36.3 FRACTURA SUPRACONDILIANA DO ÚMERO


No adulto é uma fractura relativamente pouco frequente e está geralmente relacionada com um
traumatismo de energia elevada (acidente de viação), apresentando traços de fractura intra
articulares e fragmentos por vezes muitos graves da extremidade distal do úmero. Por esta razão é
sempre o tratamento cirúrgico a primeira opção.

36.3.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM:


 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

36.4 FRACTURA DO OLECRÂNEO


É relativamente frequente no adulto. È ocasionada geralmente por um acidente de alta energia,
embora não se deva ao efeito directo, mas sim à contracção reflexa do potente músculo tricípede
(que se insere no seu topo), impedindo a flexão do cotovelo que está a ser obrigado pela energia
cinética. Assim é uma fractura por arrancamento. O tratamento é sempre cirúrgico.

36.4.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM:


 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
36.5 FRACTURA DA TACÍCULA RADIAL:
Em certas circunstâncias como na queda para trás sobre a mão com o cotovelo estendido e em
supinação, a tacicula radial pode ir de encontro ao côndilo umeral com força suficiente para sofrer
uma fractura. No adulto é habitualmente uma fractura cominutiva e o seu tratamento é sempre
cirúrgico.

36.5.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM:


 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

36.6 FRACTURAS DA DIÁFISE DO RÁDIO E DO CÚBITO


A fractura é normalmente devida à queda sobre a mão, cuja acção se manifesta indirectamente
no antebraço por um efeito angulativo ao nível das diáfises do rádio e do cúbito. A fractura é assim
dupla. Pode ocorrer só a fractura de um dos ossos, mas ao contrário de que poderia parecer, esta
situação torna-se mais grave, pela razão de que a força que angula e encurta um e não o fez ao
outro, é porque forçosamente luxou uma das extremidades, ou no punho ou no cotovelo.
Nestas fracturas existem duas diferêciações que merecem ser destacadas que são:
 Fractura-luxação de Monteggia – que corresponde a uma fractura na zona próximal da
diáfise do cúbito, associada a luxação no cotovelo da cabeça do rádio. Esta fractura tem
tratamento cirúrgico obrigatório
 Fractura-luxação de Galeazzi – que corresponde a uma fractura da zona distal da
diáfise do rádio, associada a luxação no punho da cabeça do cúbito. Esta fractura tem
tratamento cirúrgico obrigatório.
 Fractura de Colles - A fractura de Colles é a mais frequente dos membros superiores.
Ocorre na extremidade distal do rádio, próximo do punho e caracteriza-se pelo desvio
dorsal do fragmento distal.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica

Figura 70.Fractura de Colles


Em mais de 90% dos casos, deve-se a uma queda ao caminhar. Normalmente o tratamento
destas fracturas é conservador, após a redução e imobilização com aparelho gessado no S.U..
Também nestas fracturas existem duas diferenciações que merecem destaque, que são a
fractura de Smith, e a fractura de Barton, que têm como característica comum o desvio palmar, o
que nestes casos é sempre aconselhável o tratamento cirúrgico.
Contudo, quando não se obtêm resultados satisfatórios com o método conservador, recorre-se
ao cirúrgico.

36.6.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM


 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

36.7 FRACTURA DO ESCAFÓIDE


As fracturas dos pequenos ossos do carpo são raras, excepto a do escafoide. Ocorre
normalmente isolada, como resultado de uma queda. A dor sentida na área é agudizada pela pressão
local. O tratamento por norma é conservador com aparelho gessado, mas se os resultados não forem
os desejados, recorre-se ao tratamento cirúrgico.

36.7.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM


 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
36.8 FRACTURAS DOS METACARPIANOS
Das fracturas dos metacarpianos a mais frequente é a fractura-luxação de Bennett. O
mecanismo da lesão é uma pancada segundo o eixo do 1.º metacarpiano, com o polegar
ligeiramente flectido. È denominada por fractura do boxeur. A fractura separa um pequeno
fragmento da base e que permanece no seu lugar, ao passo que toda a base restante e com ela o
dedo, sofrem uma luxação. Apresenta dor e edema rodeando a base do polegar.
O tratamento pode ser conservador após redução e imobilização com talas, mas se os
resultados não forem satisfatórios recorre-se a o tratamento cirúrgico

36.8.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM


 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

36.9 FRACTURAS E LUXAÇÕES DAS FALANGES


As fracturas são de ocorrência comum numa grande variedade de traumatismos. As luxações
inter-falângicas são frequentes nas pancadas segundo o eixo do dedo. No tratamento das fracturas
das falanges a imobilização por talas ou cirúrgica, deve ser o mais curto espaço de tempo possível,
porque os dedos valem segundo a sua mobilidade.
O tratamento pode ser conservador, mas também é frequentemente uma opção cirúrgica.

36.9.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM


 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
36.10 LESÕES TENDINOSAS E IMPLANTES DA MÃO OU DEDOS
As lesões ou deformidades tendinosas de Dupuytren é
uma doença progressiva, marcada por hiperplasia
hipertrófica da fáscia palmar que resulta numa deformidade
de flexão palmar e distal dos dedos.

Figura 71.Dupuytren
A contractura de Dupuytren, é um problema comum especialmente frequente nos homens
passada a meia-idade. Muitas vezes ocorre bilateralmente e com mais frequência nos dedos anelar e
mínimo. Os dedos são repuxados para uma posição de flexão fixa com enrijamento do tendão.
A pele da palma da mão é distendida, formando
pregas pronunciadas e nódulos. A cirurgia é o método
preferido de tratamento.
O síndrome do túnel cárpico, é provocado pela
aplicação de pressão no nervo mediano do pulso. É mais
comum no sexo feminino e de meia-idade, podendo
ocorrer em resultado de traumatismo ou tumefacção dos
revestimentos tendinosos.

Figura 72.Túnel cárpico


O nervo mediano passa por um túnel limitado dorsalmente pelos ossos cárpicos. A inflamação
e tumefacção da película sinovial de revestimento tendinoso estreita o espaço disponível, causando
compressão do nervo mediano. O tratamento cirúrgico é o método de eleição.
As cirurgias de implante ou reimplante principalmente de dedos amputados provocados por
acidentes de trabalho ou viação, são uma prática usual no serviço de ortopedia do HGSA. O êxito
desta cirurgia depende de muitos factores, que passam desde logo e principalmente pela boa
conservação (em gelo) da secção amputada, pelo tempo de espera e pelo estado ou integridade dos
tecidos da secção do membro a implantar.

36.10.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM


 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.
 No caso de implantes por microcirurgia da mão ou dos dedos, cirurgia de reconstrução
tendinosa e caso haja indicação médica, deve manter-se permanentemente e sob
vigilância uma fonte de calor próxima do local intervencionado, com o objectivo de
proporcionar calor e facilitar a circulação sanguínea distal.
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Submetidos A Cirúrgica

37 CIRURGIAS NOS MEMBROS INFERIORES

O traumatismo músculo-esqulético nos membros inferiores é mais frequentemente manifestado


por fractura óssea, mas pode incluir também lesão de outras estruturas do sistema.
A fractura do osso, corre geralmente em resultado de uma pancada no corpo, de uma queda ou
de um acidente. Contudo pode também ocorrer após ou durante uma actividade normal se o osso
estiver enfraquecido por doença (fractura patológica).
O osso está fracturado quando existe uma interrupção completa ou parcial do tecido ósseo. È
necessário a imobilização do osso fracturado para que a consolidação ocorra. Esta pode ser por
fixação externa (talas ou tracções) ou por fixação interna através de intervenção cirúrgica (material
de osteossintese).
Em ortopedia existem cirurgias nos membros inferiores, que são mais comuns, por razões
traumáticas ou por desgaste articular, das quais darei um ênfase especial, por serem as que
requerem maiores conhecimentos, mais intervenções e mais cuidados de enfermagem. Entre outras
são a prótese total da anca, (substituição da articulação coxofemural) e a prótese total do joelho
(substituição da articulação do joelho).
Embora estas cirurgias sejam as mais comuns podem também ser executadas nas articulações,
tibiotársicas e falângicas.
As fracturas da anca são muito comuns, predominantemente em pessoas de idade mais
avançada podendo ocorrer menos frequentemente nos homens do que nas mulheres, pela maior
debilidade e consistência óssea devido a maior osteoporose.
Os sinais e sintomas de fractura da anca (fémur), incluem dor intensa, incapacidade de
movimentos do membro, encurtamento e rotação interna ou externa do membro.

Figura 73.Fraturas do trocanter e fixação interna


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Submetidos A Cirúrgica
A fixação interna é feita sob anestesia em sala de operações. A prática permite dividir os
métodos de abordagem cirúrgica para osteossintese em dois tipos, a céu aberto ou a céu fechado,
conforme se abre ou não o foco de fractura.
A céu aberto
É o método clássico, por cirurgia directa ao foco da lesão, como frequentemente acontece nas
fracturas sub-capitais, do colo, inter ou sub-trocantéricas do fémur , nas fracturas expostas ou para
substituição ou fixação de estruturas articulares. Os fragmentos são retirados ou identificados e
recolocados na posição anatómica correcta e solidarizados pelo material de osteossintese.
Este método é insubstituível quando existe a necessidade de reposição anatómica perfeita como
nas fracturas ou substituições articulares, em que é vital reconstruir rigorosamente as superfícies
articulares para garantir a função normal.

Figura 74.Fratura do Fémur

A céu fechado – É mais usado nas fracturas diafisárias dos ossos longos não expostas, porque
se entende que não é tão necessária a reconstrução minuciosa da anatomia inicial pois, como já foi
dito, a remodelação com calo ósseo disso se encarrega. Também como já foi dito, é potencialmente
desvantajoso para o processo fisiológico da consolidação das fracturas da diáfise.
A presença do canal medular permite obter osteosintese sem abertura do foco de fractura (céu
fechado) nas fracturas da diáfise ou mesmo em certas fracturas das extremidades.
Em termos mecânicos, os implantes centromedulares (varetas de Kunstcher o cravos de Ender),
resistem muito melhor às forças de carga do que os implantes internos colocados na periferia do
osso (como as placas), porque estas danificam mais a estrutura óssea na colocação dos parafusos de
fixação ou sustentação. Estão por isso, no caso da primeira opção, menos sujeitos a fracturas de
fadiga.
Os cuidados e intervenções de enfermagem enfatizam a promoção dos conhecimentos para
todo o tipo de fracturas dos membros, como o controlo da dor, manutenção da estabilidade do
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Submetidos A Cirúrgica
membro, prevenção da força e da mobilidade, manutenção da integridade cutânea, prevenção de
complicações sistémicas, (circulatórias, respiratórias, gastrointestinais, urinárias, neurológicas, etc.),
promoção da nutrição, manutenção da imobilização da fractura reduzida.
No caso de doentes com fractura da anca (fémur), o tratamento e intervenção de enfermagem
pode ser acrescido com os cuidados protocolados por cada unidade de tratamento, mas em geral
passam basicamente pelas restrições específicas de posicionamentos e/ou mobilidade a doente que
tenham sido submetidos a cirurgia de Prótese Total da Anca. (P.T.A.)

37.1 PRÓTESE TOTAL DA ANCA (P.T.A.)


Uma prótese total da anca é uma cirurgia com o objectivo de substituir parte danificada ou
artrósica da articulação coxofémural.
A substituição da articulação ou
artoplastia, tem sido o tratamento principal
desde a década de 60. A anca ou articulação
coxofémural, foi a primeira articulação a ser
substituída com sucesso, e continua a ser um
tratamento actual e de eleição.
A cartilagem da cabeça do fémur assim
com a do acetábulo, com os anos sofre o
desgaste e o osso fica exposto e em contacto
directo, sem protecção da cartilagem resultando
numa distorção das superfícies articulares, o que
provoca imensas dores e dificuldade na Figura 75.Prótese da Anca

mobilidade. Também pode ser necessária em


consequência de fartura trocantérica ou colo do
fémur.
A nova articulação tem como objectivo aliviar a dor, reduzir a rigidez articular e na maior parte
dos casos, repor o comprimento do membro restituindo a mobilidade. A osteoartrite da anca é, na
generalidade, uma doença das pessoas idosas, mas pode ser detectada também em pessoas mais
jovens, como resultados de necrose, fracturas da anca e outras.
Com a colocação da PTA, a cabeça do fémur danificada é substituída por uma prótese em liga,
com os contornos da cabeça do fémur, que se encaixa no acetábulo.
O corpo da prótese do mesmo material é implantado no canal medular do fémur, substituindo-
se assim a cabeça e o colo do fémur.
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Submetidos A Cirúrgica
Com a colocação de uma prótese total, a cabeça do fémur danificada é substituída por uma
“esfera” que é constituída por aço inoxidável e titânico, montada numa haste que encaixa no
acetábulo, onde é colocado também um encaixe “cápsula” do mesmo material.
Estes componentes são aplicados no osso usando para isso um tipo de cimento chamado Metil-
metacrilato. Actualmente já existem outro tipo de material que pode ser aplicado por pressão.
A decisão pela aplicação da prótese cimentada ou não-cimentada, pode depender de factores
como o doente, o armazenamento de osso, a idade. Estudos revelam que o desgaste dos
componentes, pode levar ao insucesso do implante. Descreve também que as próteses não
cimentadas são geralmente mais fáceis de substituir do que as cimentadas.
Calcula-se que 50% das pessoas tratadas com artoplastia da anca necessitaram de uma revisão
cirúrgica da articulação num prazo de 15 anos. A superfície articular artificial, tem falta das
propriedades mecânicas e da durabilidade da cartilagem articular normal.

37.1.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM


Existem regras e protocolos que podem ser diferentes, nas diversas unidades de ortopedia nos
vários hospitais. Contudo, regra geral, todas as unidades comungam de alguns princípios entendidos
com necessários e fundamentais para se obterem os melhores resultados finais.
Os cuidados de enfermagem nestas cirurgias são vastos, principalmente no pós-operatório.
Antes da cirurgia:
Em geral o doente dá entrada na unidade um dia antes da data programada para a cirurgia, de
modo a permitir fazer os testes de sangue “análises”, a consulta de pré-anestesia.
O ensino ao doente e o esclarecimento das etapas a percorrer por ele e pela equipa de saúde em
estreita colaboração, são fundamentais para o tratamento e recuperação total, no sentido de:
 Para prevenir a luxação
 Para se levantar
 Para se deitar
 Para se sentar
 Para subir e descer escadas
 Para usar canadianas
Num período de 6 a 8 horas antes da hora marcada para a cirurgia o doente NÃO DEVE comer
nem beber nada. Caso o faça terá de ser adiada a cirurgia, porque a anestesia implica a guarda de
jejum por esse período de tempo.
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Submetidos A Cirúrgica
 Deve cuidar da sua higiene sozinho ou com ajuda caso esteja incapacitado para a
executar sozinho.
 Deve ser-lhe fornecida uma bata operatória, usada no hospital e na unidade.
 Deve ser-lhe administrada a medicação pré-operatória prescrita pelo médico anestesista
a quando da sua visita e consulta pré-anetésica, para que o doente fique mais calmo e
relaxado antes de ir para o bloco.

Depois da cirurgia:
Além dos cuidados que devem ser dispensados a qualquer doente acamado, nestes casos temos
de ter em atenção a mobilização precoce dos membros ou posicionamentos incorrectos, que podem
provocar luxação da prótese (saída da cabaça da prótese do acetábulo), em consequência da
fragilidade muscular da anca provocada pela cirurgia.
Também aqui o ensino é parte fundamental dos cuidados de enfermagem para se obterem os
melhores resultados.

Para prevenir a luxação:


 Deve manter sempre uma almofada entre as pernas.
 Não deve flectir a anca operada mais de 90º
 Não deve cruzar as pernas
 Não deve sentar-se em cadeiras baixas ou sanitas baixas.
 Não deve dobrar a perna operada excessivamente
 Não deve rodar a perna operada para dentro ou para fora.
 Não deve rodar na cama para o lado operado.
 Não deve levantar a perna com o joelho esticado
No pós-operatório, uma vez recuperado da anestesia e caso o doente possa comer e ou beber,
ser-lhe-ão retirados os soros. Contudo deve começar por pequenas quantidades de água, porque
pode correr o risco de vomitar em consequência da anestesia.
Os analgésicos podem provocar obstipação, pelo que o doente deve ser incentivado a beber
pelo menos 1 litro de água por dia, para ajudar ao bom funcionamento vesical e intestinal, que têm
tendência a ficarem mais preguiçosos forçados também pela imobilidade.
Após a cirurgia, no 1.ª dia, o doente fica na cama, recebendo todo o apoio necessário do
pessoal de enfermagem.
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Submetidos A Cirúrgica

Figura 76.Posicionamento

De cada vez que o doente sinta necessidade de se movimentar para aliviar o corpo da pressão
exercida por estar na mesma posição durante várias horas e até como forma de prevenção de úlceras
de pressão, “alterações do tegumento”, principalmente na região sagrada e calcâneos. Pode ajudar o
pessoal de enfermagem, usando para isso a barra ou suporte móvel que se encontra por cima da sua
cama e apoiando a sua perna não operada na cama, ou fazê-lo sozinho, depois de ensinado e
incentivado. É importante que o doente levante as nádegas com alguma frequência para evitar
pressões.

Figura 77.Posicionamento incorrecto

Depois da cirurgia o doente deve ficar deitado de costas, com uma almofada triangular entre as
pernas para as manter afastadas. Este cuidado é fundamental para prevenir eventuais movimentos
que podem ser prejudiciais, além de assegurar que a anca se mantenha na posição mais correcta.
O doente pode ser autorizado a mudar a posição da cama, alteradamente com períodos de plano
horizontal para a posição lateral, para estender todos os músculos da anca e da coxa, mas mantendo
sempre a almofada entre as pernas.
Após o 2.º ou 3.º dia o doente pode iniciar movimentos activos do membro operado, por forma
a activar a força muscular, a sensibilidade distal (pé e dedos) e a circulação venosa de retorno,
evitando assim ou diminuindo, o risco de criação de edemas, ou tromboses venosas profundas, o
que provocaria mau estar, dor e atraso na cicatrização e na boa recuperação do membro e da
mobilidade.
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Submetidos A Cirúrgica
Assim deve iniciar:
 1 – Puxar lentamente o pé para cima e para
baixo e contrair os músculos gémeos.
 2 – Comprimir os músculos da coxa,
puxando o joelho ao longo da cama
 3 – Dobrar o joelho para cima em direcção
ao tórax, mas não excedendo os 90º

 4 – Levar a perna lateralmente, mantendo-a


esticada, até à linha média e voltar à posição
inicial, mas nunca forçar para ultrapassar
essa linha.
 5 – Compressão da anca. Este exercício é
feito, esticando e encolhendo a perna,
comprimindo os músculos da nádega e da
perna.
Figura 78.Movimentos ao Membro
Estes exercícios podem ser feitos por uma ou duas vezes por dia.
Nas primeiras 48 h, o penso operatório não deve ser removido, mesmo que esteja repassado de
sangue. Deve colocar-se outro por cima de forma a fazer alguma compressão, para parar o
sangramento. Deve evitar-se a todo o custo molhar o penso operatório, na altura em que o doente
faz as suas necessidades fisiológicas ou até nos cuidados de higiene, porque um penso molhado
deve ser sempre considerado um penso infectado.
Dependendo das diferentes directrizes da unidade, ou do médico cirurgião, é geralmente entre
o 2º e o 4º dia que se substitui o primeiro penso operatório, para observação da sutura e ferida
cirúrgica.
Há drenos que são colocados na ferida cirurgia no bloco operatório para drenagem por vácuo
de baixa pressão (redivak), com a finalidade de drenar possíveis hemorragias que não foi possível
fazer a hemostase, evitando assim a formação de coágulos, que poderiam provocar infecções locais,
atrasando a cicatrização.
Devem ser mobilizados nas primeiras 24 h, retirando cerca de metade do seu comprimento,
para permitir aspirar nessa nova zona alguns restos de sangue da cirurgia ainda existentes.
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Nas últimas 48 h, deve ser retirado na totalidade, porque após este tempo, o tubo do dreno,
começa a funcionar como um corpo estranho ao organismo, que inicia um processo de rejeição,
logo, propício ao início de uma infecção.
Este procedimento é por norma algo doloroso, criando alguma ansiedade e desconforto para o
doente, pelo que deve ser retirado com algum cuidado, verificando antes se tem algum ponto de
fixação na pele (o que por norma é necessário), e por forma a que não ocorra o acidente de alguma
parte do dreno (pouco frequente), rebente e fique no interior do músculo, o que poderia causar a
necessidade da reabertura da sutura para a sua extracção, atrasando assim o processo normal de
cicatrização e da recuperação do doente.
Dependendo das diferentes directrizes da unidade, ou do médico cirurgião, é geralmente entre
o 12º e o 15º dia que são retirados os primeiros pontos, por ser considerado um tempo médio para
existir cicatrização muscular e robustez suficiente para suportar os movimentos de deambulação
praticamente sem apoio.
Após a verificação da cicatrização da sutura, o enfermeiro pode decidir em retirar metade ou a
totalidade dos pontos. Nesta fase, já o doente teve alta, e vai do domicílio à consulta externa para a
primeira consulta pós alta.
37.1.1.1 Primeiro Levante
Há precauções que ajudarão o doente a evitar ou prevenir o perigo de luxação “saída da cabeça
da prótese do acetábulo”, antes de tudo estar cicatrizado.
Tem alguma importância, embora não seja fundamental, o lado da cama por onde se vai iniciar
o levante. Sempre que possível deve ser feito pelo lado contrário ao membro operado, porque isto
facilita a necessidade de esforço exigido ao membro são para rodar ou levantar ligeiramente as
nádegas, no sentido de se aproximar mais da beira da cama, permitindo com menos esforço que o
membro operado escorregue até se apoiar no chão.
Existem alguns movimentos que devem ter-se em conta logo no primeiro levante e com a ajuda
da enfermeira.
Primeiro Levante:
 1 – Endireitar-se na cama, ficando quase em posição de sentado, mas mantendo sempre
a perna operada esticada e em linha.
 2 – Depois, ainda na posição de sentado na parte lateral da cama, deve rodar o corpo na
cama, mantendo a perna operada esticada e alinhada.
 3 – Colocar as mãos na cama, cada uma do seu lado, e deslizar, fazendo pressão na
perna não operada e pôr-se de pé.
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 4 - Quando estiver de pé e bem equilibrado, deve apoiar-se na sua andadeira, muletas,
canadianas, bengala ou barras paralelas,
1
2

3 4

Figura 79.Primeiro Levante


Os movimentos de deitar devem corresponder exactamente e na sequência contaria aos
procedimentos que se tiveram para o levante da cama.
37.1.1.2 Deambular
Depois de ter aprendido de novo a equilibrar-se e de se ter acostumado à posição vertical, vai
recomeçar a andar com uma andadeira ou com canadianas, para aliviar o peso na sua anca “nova”.
É importante posicionar as canadianas em altura para auxiliar melhor a marcha. Nesta posição
em altura das canadianas, deve ter-se em conta a distância entre o chão e o cotovelo do doente. Isto
evita que o doente ande vergado de mais ou direito em excesso.
Para andar em plano, a sequência deve ser sempre a que se segue:
Deambular:
 1 – Avança primeiro com o dispositivo auxiliar de marcha
 2 – Avança em seguida com a perna operada.
 3 – Por fim avança com a perna NÃO OPERADA
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Figura 80.Deambular
Sempre que possível deve usar as barras paralelas à altura das mãos, e que por norma existem
nos serviços do ortopedia.
Pode voltar-se tanto para um lado como para o outro, mas tem de evitar torcer-se ou rodar
sobre a perna operada. Por isso, tem de levantar os pés a cada passo, para que a perna operada não
fique demasiadamente para dentro ou demasiadamente para fora.
Muitas vezes, por causa das dores e da deformação da anca afectada, o doente teve de alterar a
forma como se movimentava. É extremamente importante o doente voltar a assumir um padrão
“normal” de marcha. Este padrão que pode variar de doente para doente, e demorar tempo diferente,
sendo necessário muito esforço em alguns casos, para que retome o padrão de marcha ideal, o que
se consegue com a prática.
37.1.1.3 Subir E Descer Escadas

Figura 81.Subir e Descer as Escadas

Para subir e descer escadas, a sequência deve ser sempre a que se segue:
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 1 – Ao subir as escadas, deve colocar primeiro a perna NÃO OPERADA no primeiro
degrau, seguida pela perna operada, e por fim pelas canadianas. Se houver e se for
possível, de preferência apoiar-se num corrimão de escadas.
 2 – Ao descer as escadas, deve colocar primeiro as canadianas no degrau inferior, em
seguida a perna operada e, por fim, a perna NÃO OPERADA.
È normal que, de início, lhe pareça assustador descer e subir escadas mas, com paciência e
prática depressa ganhará confiança.
37.1.1.4 Sentar E Levantar

Figura 82.Levantar de Cadeiras com Braços

Regra geral, os recém-operados, à anca começam a sentar-se três dias depois da operação. De
início tem de se sentar numa cadeira com costas e altas, assento alto e plano “normalmente à altura
dos joelhos” e firme. Exemplos:
Cadeira com braços
 1 – Colocar-se em frente da cadeira, de modo a que a parte de trás das suas pernas,
“dobra dos joelhos”, fiquem perfeitamente encostadas à borda dianteira do assento da
cadeira.
 2 – Sempre de costas para a cadeira, agarrar nos braços da cadeira, com uma mão de
cada vez.

Cadeira sem braços


 1 – Deslizar a perna operada para a frente, mantendo o joelho tão esticado quanto
possível.
 2 – Baixar-se até ficar sentado, apoiando as duas mãos na cadeira
 3 - Sentar-se na cadeira, e deslizar para trás até ficar confortável
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Figura 83.Sentar da Cadeira sem Braços

Os movimentos de levantar devem corresponder exactamente e na sequência contaria aos


procedimentos que se tiveram para o sentar.
37.1.1.5 Actividades Da Vida Diária

Figura 84.Meios Auxiliares

Depois da operação, vai ter que alterar ou corrigir temporariamente alguns hábitos da sua vida
diária como sejam as necessidades fisiológicas e os cuidados de higiene pessoal.
Nas necessidades fisiológicas, o uso da sanita deve ter o mesmo procedimento que o de sentar-
se numa cadeira. Idealmente devem haver dispositivos fixos na parede para que se possa agarrar,
evitando quedas e como auxiliara para se sentar e levantar.
Nos cuidados de higiene, principalmente no banho, deve haver na parede ou na banheira
dispositivos de segurança fixos ou móveis onde se possam agarrar ou sentar para evitar escorregar
ou provocar quedas.
O ideal será sempre que possível usar o duche, evitando sentar-se ou usando um banco alto.
Nunca tentar entrar na banheira ou sair, sem utilizar uma tábua de banheira e um assento. Este
procedimento deve manter-se pelo menos 10 a 12 semanas após a cirurgia.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 1 – Primeiro senta-se na tábua de banheira que deve estar fixa sobre a borda da
banheira.
 2 – Levantar as pernas e passá-las uma de cada vez para dentro da banheira, começando
de preferência pela perna NÃO OPERADA. Tentar manter sempre a perna operada
esticada.
 3 – Em seguida, baixar-se para o assento colocado no interior da banheira, suportando o
seu peso nos braços e na perna NÃO OPERADA. FIGURAS:

Figura 85. Sentar-se na Banheira


NOTA IMPORTANTE:
 Nunca se sentar no fundo da banheira
 Não tentar inclinar-se em demasia para a frente para lavar ou secar os pés. Deve pedir
ajuda.
 Não tentar inclinar-se em demasia para a frente para calçar as meias. Deve pedir ajuda.

Figura 86.Não Inclinar-se para calçar-se

37.1.2 PREPARAÇÃO PARA A ALTA


Quando o doente tem alta, tanto pode optar por ir para casa sozinho, como ficar em casa de
familiares ou amigos para ter mais apoio nas suas necessidades ou incapacidades temporárias. A
decisão deverá depender da situação da casa, com: divisões, escadas, acessos, etc., e da evolução ou
progresso físico do doente.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
Uma vez em casa, tem de continuar a fazer os exercícios que lhe foram ensinados, e continuara
a andar, no sentido de melhorar a marcha. Os tecidos e músculos circundantes demoram tempo a
cicatrizar, por isso, o doente deve cumprir todas as precauções que foram indicadas para evitar
consequências desagradáveis.

Figura 87.Realização de Tarefas


Coisas a não fazer:
 Não torcer a perna operada. A anca é colocada em risco se girar quando se volta
demasiado para dentro.
 Não dobrar demasiado a perna operada, ou seja não dobrar mais de 90º
 Não deslocar a perna operada mais para a frente ou mais para trás do que o seu corpo,
ou seja, não a deslocar de modo a ultrapassar a linha média.
 Evitar ao máximo ajoelhar-se.
 Não apanhe coisas do chão inclinando-se para a frente.
 Não permanecer de pé demasiado tempo.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Nas primeiras seis semanas, evitar tarefas domésticas mais pesadas, principalmente nas
que tiver necessidade de se vergar.
37.1.2.1 Entrar Ou Sair Do Carro
Não fazer viagens longas de carro. Os bancos, tanto do passageiro como do condutor devem
ser recuados o mais possível. Reclinar também um pouco para trás as costas se possível.

Figura 88.Entrar no Carro


 Para entrar, em primeiro lugar certificar-se de que está num local plano e que não está
demasiado próximo da beira do passeio.
 Colocar-se de costas para o carro, encostando a parte de trás das pernas à soleira da
porta do carro.
 Apoiar as mãos no assento.
 Estender a perna operada para a frente, mantendo o joelho esticado, e sentar na beira do
assento. Se se inclinar ligeiramente para trás, torna-se mais fácil sentar.
 Servindo-se da perna NÃO OPERADA, e das mãos, chegue-se para trás na direcção do
banco contrário, mantendo sempre a perna esticada.
 Rodar sobre o assento e deslizar a perna para dentro do carro sempre esticada
 Ajustar a posição até ficar confortável.
Para sair, deve dar os mesmos passos que para entrar, mas de forma inversa.

37.2 EXPECTATIVAS
A altura ideal ou propícia para o doente realizar todas as actividades da vida diária sem
restrições, depende de cada caso e da opinião de cada cirurgião, pelo que é fundamental seguir os
conselhos médicos antes de tentar realizá-las.
Contudo, e regra geral, passadas 8 a 10 semanas da operação, há coisas que já poderá ou deverá
fazer:
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Retomar os seus passatempos como: jardinagem, dançar, nadar (devendo evitar
mergulhar e nadar de bruços), etc.
 Tentar realizar tarefas domésticas gerais, evitando estar demasiado tempo de pé.
 Conduzir um carro, dependendo da perna operada. (Evitar quando é a perna direita).
 Percorrer regularmente pequenas distâncias. Não dar caminhadas longas que possam
cansar ou envolver longos períodos de pé.
 Utilize duas bengalas, canadianas ou muletas, durante 6 semanas depois da
cirurgia. Após esse tempo, poderá passar a usar só uma bengala, a qual deve
ser segura e usada na mão oposta à da perna operada.
 Nas 8 ou dez semanas que se seguem à cirurgia (ou durante um tempo que
tiver sido indicado pelo médico), deve deitar-se cerca de uma hora por dia,
sobre uma superfície plana, seja de costas ou de barriga para cima.
Se surgirem problemas graves antes da consulta marcada, deve aconselhar-se imediatamente
com o seu médico.

37.3 FRACTURA DA DIÁFISE DO FÉMUR


As fracturas do fémur podem ocorrer em qualquer idade. São habitualmente produzidas por
traumatismos de alta intensidade. Para fracturar a diáfise do fémur, o osso mais forte e comprido do
corpo, são necessárias no adulto jovem, (idade da sua máxima resistência), energias traumáticas
enormes como as que são geradas por acidentes de viação. Mesmo nesses acidentes e devido à
posição profunda do fémur, no eixo da coxa, e ao grande volume de massas musculares que o
rodeiam, a fractura exposta é pouco comum.
O seu tratamento tem características diferentes nas crianças ou nos adultos, pelo que nas
crianças é sempre preferencial o tratamento conservador através de tracção (Bryant/Zenite), se
forem menores de dois anos de idade ou com espica gessada até cerca dos 12/13 anos.
No adulto pode optar-se por tratamento conservador através de tracção, ou por cirurgia a céu
fechado com introdução de material de osteosintese através do canal medular, ou placas fixadas no
osso com parafusos.
Na fractura exposta, é utilizado o método cirúrgico a céu aberto. É prioritário combater o risco
de infecção por lavagem e desinfecção imediata da ferida no local da exposição.

37.3.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIOS


 Monitorização dos sinais vitais
 Monitorização do estado de consciência
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Registo dos valores de drenagem hemática do local da cirurgia pelos drenos de redy-vac
 Controlo da dor
 Avaliar sinais de infecção
 Manutenção do posicionamento correcto do membro operado
 Observação neurovasclar e temperatura das extremidades do membro.
 Cuidados com a pele.

37.4 PRÓTESE TOTAL DO JOELHO (P. T.J):


A artroplastia do joelho, é uma técnica mais difícil do que a artroplastia da anca, devido aos
seus movimentos complexos. Um implante total do joelho, pode durar cerca de 20 anos sem
problemas, contudo estão sujeitos a fadiga, uso, bloqueio e falha.
Um risco especial associado é a infecção, a qual exige, geralmente, a remoção da prótese. No
entanto a maior parte das revisões são feitas devido à componente de desgaste.
A cartilagem dos côndilos fémurais e dos pratos tibiais, com os anos sofre o desgaste e o osso
fica exposto e em contacto directo, resultando numa distorção das superfícies articulares, o que
provoca imensas dores e dificuldade na mobilidade.
Uma PTJ, é uma cirurgia com o objectivo de
substituir a parte danificada da articulação, colocando-se
uma peça articulada inserida no fémur e na tíbia.
As razões das queixas dos doentes que se submetem
a uma cirurgia de PTJ, são várias sendo a principal o
desgaste articular e traumatismos. O doente deixa de
conseguir mobilizar o seu joelho com toda a amplitude.
A dor e a deformação associadas, obrigam-no a coxear
quase que permanentemente.
Figura 89.PTJ
Objectivos da cirurgia:
 Diminuir ao máximo as queixas dolorosas
 Melhorar a capacidade de marcha
 Melhorar a deambulação
 Melhorar a amplitude articular

O período de internamento hospitalar para a realização de uma PTJ, é hoje bastante reduzido, e
em média ronda os 6 dias.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
37.4.1 CUIDADOS DE ENFERMAGEM PRÉ-OPERATÓRIOS
Os cuidados pré-operatórios para a artroplastia do joelho, não diferem no seu conteúdo geral
de qualquer outra cirurgia do foro ortopédico. Contudo há aspectos que interessam salientar, para se
obterem os melhores resultados. O ensino é parte fundamental dos cuidados de enfermagem, tais
como:
 Fazer movimentos activos, após o 1º dia de cirurgia contraindo e descontraindo os
músculos da coxa.
 Fazer flexão e extensão do membro são.
 Fazer movimentos articulares dos pés
 Fazer movimentos passivos e graduais com ajuda de máquinas ou pessoal de
enfermagem especializado
 Ensino para evitar consequências anormais:
 Como se levantar
 Como se deitar
 Como se sentar
 Como subir e descer escadas
 Como usar canadianas
 Não flectir os joelhos excessivamente
 Fazer pequenas caminhadas
 Evitar longos períodos de pé
 Aplicar gelo se sentir edema ou calor

37.4.2 CUIDADOS DE ENFERMAGEM PÓS-OPERATÓRIOS


 Monitorização dos sinais vitais
 Monitorização do estado de consciência
 Registo dos valores de drenagem hemática do local da cirurgia pelos drenos de redy-vac
 Controlo da dor
 Avaliar sinais de infecção
 Manutenção do posicionamento correcto do membro operado para prevenir a possível
luxação da prótese
 Observação neurovasclar e temperatura das extremidades do membro.
 Cuidados com a pele.
 Aplicação de gelo local, sempre que esteja indicado, pelo menos nas primeiras 24h.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
O posicionamento do membro operado é muito importante pelo que deve ser elevado sobre
almofadas para favorecer o retorno venoso nas primeiras 24 a 48 horas. As almofadas devem ser
colocadas com cuidado para não flectir o joelho.
A trombose venosa profunda é uma complicação muito frequente neste tipo de cirurgias. O
enfermeiro deve encorajar o doente a fazer exercícios isométricos com as pernas. O uso de meias
anti embolismo pode ser aconselhado ou mantido até o doente iniciar a deambulação.
O tratamento pode também passar, e passa
cada vez mais logo no pós-operatório imediato
pela colocação de uma máquina de movimento
passivo (fisiotéc/kinitec). Esta máquina apoia o
membro operado enquanto, passivamente o
mobiliza, dentro dos valores necessários ou
aconselhados de flexão e extensão.
O uso desta máquina reduz o edema pós-
operatório, previne as aderências, diminui a dor
Figura 90.Máquina de movimento passivo
e facilita o movimento precoce.
É fundamental ter em atenção aos drenos de redy-vac, monitorizando os valores e
características da drenagem.
Deve ter atenção e avaliação da perda sanguínea pelo penso sobretudo se este é compressivo,
uma vez que o mesmo pode suportar grande quantidade de exsudado antes que o mesmo seja
visível. Estes pensos compressivos devem ser removidos antes do doente iniciar mobilização activa,
para lhe facilitar os movimentos.
A aplicação de gelo sobre o joelho pode ser aconselhado ou recomendado, para tentar reduzir a
dor, o edema e a hemorragia
Avaliar a cicatrização e sinais de infecção da ferida, fazendo a mudança do penso com técnica
asséptica, logo que termine o penso compressivo. Se não houver exsudado, pode ser deixa a ferida
operatória ao ar livre, se for esse o protocolo de pensos da unidade.
A prevenção da infecção é uma prioridade de enfermagem. Uma infecção da ferida operatória
pode levar a uma hospitalização prolongada, incapacidade permanente ou até à necessidade de
remover a prótese.
O doente pode ser encorajado a usar uma tala de extensão e repouso do joelho (tala de Depuy),
até ser capaz de controlar os quadricípedes, erguendo o membro em extensão e de modo
independente. Também com esta tala colocada pode ser incentivado a sentar-se numa cadeira mas
com o membro elevado.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
Deve ser informado e aconselhado a respeitar as restrições de excesso de carga e a melhor
maneira de usar auxiliares de marcha como canadianas ou andarilhos,

37.5 FRACTURA DOS OSSOS DA PERNA


37.5.1 FRACTURA DA DIÁFISE DA TÍBIA
É a fractura mais frequente dos grandes ossos longos da perna. A posição subcutânea do osso
na face antero-interna da perna, é a maior razão do contributo para a percentagem de fracturas
expostas.
Também a posição subcutânea de grande superfície diafisária, ocasiona menor vascularização,
sobretudo no 1/3 distal da perna, o que tem um papel responsável na incidência relativamente
elevada de atrasos na união ou formação de calo ósseo, podendo originar com mais frequência
pseudartroses.
São três os tratamentos mais comuns e que passam pela redução e imobilização com aparelhos
gessados; a redução cirúrgica e osteosintese a céu aberto e a redução e a osteosintese a céu fechado.
Qualquer que seja a opção, o retorno precoce à sua função de deambulação e carga sobre o membro,
é o elemento mais essencial à cura.
Cuidados de enfermagem:
 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

37.5.2 FRACTURA DA DIÁFISE DO PERÓNIO


São fracturas pouco frequentes e quando isoladas da tíbia, resultam de um traumatismo directo.
O seu tratamento não requer cuidados especiais porque cura rapidamente, sendo só necessário
algum tempo de repouso com um aparelho gessados, mais como efeito antialgico.
Cuidados de enfermagem:
 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

37.5.3 FRACTURAS DO TORNOZELO


A maioria das lesões traumáticas do tornozelo, produz-se por acção indirecta. O trabalho
executado por essas forças, após ultrapassar a capacidade de absorção traumática dos ossos e
ligamentos, ocasiona fracturas de vários tipos e vários graus, assim como a rotura das estruturas
ligamentares.
Assim, uma rotação externa pode provocar fractura tibial ou peronial de um só maléolo
(fractura maléolar), de dois maléolos (bi-maléolar) ou dos três maléolos (tri-maléolar).
O tratamento das fracturas do tornozelo pode ser cruento, com imobilização gessada após boa
redução. Se exposta ou se não foi conseguido o melhor realinhamento, a opção deve ser por
abordagem cirúrgica. A osteosintese é por norma suficientemente firme para ser possível dispensar
uma imobilização externa.
Cuidados de enfermagem:
 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

37.5.4 FRACTURAS DO PÉ
As fracturas dos metatarsianos, são ocasionadas, geralmente, por traumatismos directos na base
(roda que passa sobre o antepé, ou peso que lhe cai em cima), na diáfise ou no colo. São geralmente
fracturas sem desvio, excepto as do colo.
A fractura da base do 5º metatersiano, é uma das fracturas mais frequentes. É normalmente
tratada por simples imobilização gessada durante duas a quatro semanas. As fracturas com desvio
dos colos metatarsianos, podem exigir a redução cirúrgica e a osteosintese com fios de Kirschner.
O Hallux Valgus é uma deformidade bastante incapacitante, caracterizada por uma angulação
lateral da falange proximal na cabaça metastársica do dedo grande. É uma deformidade provocada
pelo uso de calçado. O tipo de calçado, além desta deformidade do pé, também é responsável por
outras deformidades como pé plano, Rigidez crónica do tendão de Aquiles, espasticidades, etc.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
As cirurgias de implante ou reimplante principalmente de dedos amputados provocados por
acidentes de trabalho ou viação, são uma prática pouco frequente. O êxito desta cirurgia depende de
muitos factores, que passam desde logo e principalmente pela boa conservação (em gelo) da secção
amputada, pelo tempo de espera e pelo estado ou integridade dos tecidos da secção do membro a
implantar.
Cuidados de enfermagem:
 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Vigiar o penso cirúrgico para detectar possíveis hemorragias
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.

37.6 TRAUMATISMOS DAS ESTRUTURAS DE TECIDOS MOLES


O traumatismo dos ligamentos e dos tendões é geralmente considerado como lesão para uma
articulação. O local mais comum de ligamentos é o joelho, seguido do tornozelo e do ombro. As
lesões do ligamento e do tendão podem ser classificadas como ligeiras, moderadas ou graves,
dependendo da extensão da ruptura.
As lesões das articulações e das suas estruturas podem ocorrer com entorses, rupturas da
cápsula em redor da articulação, rupturas do menisco, luxações ou subluxacções da articulação.
Estas podem ocorrer em resultado de esforço extremo aplicado à articulação, forçando-a numa
posição anormal.
Os sinais e sintomas de lesão de ligamentos e tendão pode incluir sensibilidade, edema, dor,
hematoma, incapacidade de movimento e articular anormal.
O tratamento médico dos traumatismos dos ligamentos e tendões é determinado pela extensão
da lesão, e pode ir desde o repouso e imobilização, no caso de lesões ligeiras, a correcções
cirúrgicas como no caso de lesões do joelho ou rupturas do tendão de Aquiles.

37.6.1 LESÕES DAS PARTES MOLES DO JOELHO


As lesões das partes moles do joelho por traumatismo são cada vez mais frequentes.
As lesões por traumatismo provocado por acidentes de trabalho, por acidentes de viação e
principalmente por acidentes desportivos são cada vez mais comuns, implicando todas ou em parte
e ao mesmo tempo as estruturas moles e de contenção do joelho, como sejam os meniscos, os
cruzados, os ligamentos ou cápsula articular
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica

Figura 91.Rutura do Menisco

Figura 92.Rutura do ligamento Interno

As lesões do ligamento cruzado anterior são a lesão desportiva mais comum no joelho. O
tratamento pode ser conservador ou cirúrgico, dependendo da situação ou da pessoa.
As correcções cirúrgicas são opção quando já se esgotou a possibilidade de tratamento
conservador, ao contrário das doenças degenerativas das cartilagens articulares em que o seu
tratamento passa pela cirurgia como primeira opção.
Actualmente, este acto cirúrgico está mais simplificado e com menos riscos incapacitantes da
articulação assim como reduzido o tempo de incapacidade física para o doente, devido ao
aparecimento de novas tecnologias como próteses, e principalmente com a artoscopia.

Figura 93.artroscopia
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
A artroscopia corresponde à visualização de uma articulação sem necessidade da abertura por
grande incisão cirúrgica, realizada num bloco operatório.
É introduzido um endoscópio (artroscópio), aparelho especialmente concebido para o efeito, e
através de pequena incisão na cavidade articular, permitindo ao médico visualizar a estrutura e
conteúdo da articulação.
Este método permite vários tipos de biopsia para diagnóstico ou reconstrução ligamentar.

37.6.1.1 Tratamento De Enfermagem


O tratamento de enfermagem do doente com traumatismos das articulações ou das estruturas
articulares, é igual como para uma entorse grave, embora possam ter como excepções algumas
recomendações como sejam: - dar mais ênfase à manutenção e melhoria da força muscular em volta
da articulação lesada. O ensino deve ser enfatizado no desempenho de exercícios como protocolo de
fisioterapia.
37.6.1.2 Cuidados De Enfermagem Pós-Operatórios
Não diferem muito dos cuidados necessários para a prótese total do joelho, (dependendo da
rotina específica de cada unidade de tratamento) no que diz respeito ás primeiras 24/48 horas.
O posicionamento do membro operado é muito importante pelo que deve ser elevado sobre
almofadas para favorecer o retorno venoso nas primeiras 24 a 48 horas.
A trombose venosa profunda é uma complicação muito frequente neste tipo de cirurgias. O
enfermeiro deve encorajar o doente a fazer exercícios com os dedos livres.
Deve ter atenção e avaliação da perda sanguínea pelo penso sobretudo se este é compressivo,
uma vez que o mesmo pode suportar grande quantidade de exsudado antes que o mesmo seja
visível.
Deve avaliar a cicatrização e sinais de infecção da ferida, fazendo a mudança do penso com
técnica asséptica. Se não houver exsudado, pode ser deixa a ferida operatória ao ar livre, se for esse
o protocolo de pensos da unidade.
Deve ser informado e aconselhado a respeitar as restrições de excesso de carga no membro
operado e a melhor maneira de usar auxiliares de marcha como canadianas ou andarilhos. Após este
tempo os trajectos de recuperação já são diferente e mais rápido, porque se trata de uma cirurgia
menos agressiva.
Além dos cuidados gerais já referenciados, devemos estar mais despertos para:
 Registo dos valores de drenagem hemática do local da cirurgia pelos drenos de redy-vac
 Controlo da dor
 Observação neurovasclar e temperatura das extremidades do membro.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Cuidados com a pele.
 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Aplicação de gelo local, sem ficar directamente sobre a pele, e por norma nas primeiras
24horas, se houver indicação médica.
 Manter constante vigilância da aspiração do dreno de redy-vac como o exigido tendo
em conta a saída excessiva de drenagem e mantê-lo livre de contaminação.
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa da articulação do pé e dos dedos livres, de
forma a reabilitar a mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo
edemas.
 Incentivar o doente a fazer contracções dos músculos da coxa, contra a cama ou elevar o
membro em extensão, para evitar a atrofia muscular, e assim fortalecer os músculos,
permitindo ou ajudando a uma maior estabilidade do joelho.
 Incentivar ao uso permanente da tala posterior de estabilização no mínimo até ao
primeiro dia de consulta pós alta. Esta tala por norma é amovível (Depuy )para facilitar
a higiene e a deambulação precoce, mas sem fazer carga (por o pé no chão) no membro
operado, sem ordem médica.

37.6.2 ROTURA DO TENDÃO DE AQUILES


Nestes casos, de ruptura do tendão de Aquiles, além da obrigatoriedade de uma intervenção
cirúrgica, o tratamento é complementado com imobilizações com aparelhos gessados (botas
gessadas), que numa primeira fase passam por colocar o pé operado em posição equina, passando
por outras fases de redução progressiva da hiperextensão, substituindo-se vários aparelhos gessados,
até se alcançar a posição anatómica normal, ou seja a angulação de 90º do pé.
Cuidados de enfermagem:
 Avaliar frequentemente a função motora, sensitiva temperatura e coloração das
extremidades.
 Permitir o levante do doente o mais cedo possível ou indicado pelo médico.
 Incentivar o doente na mobilização activa dos dedos livres, de forma a reabilitar a
mobilidade e facilitar a circulação distal evitando ou diminuindo edemas.
 Vigiar o aparelho gessado para despiste de edemas ou garrotamento dos dedos, sinais
hemorrágicos, consistência do gesso.
Capitulo IX - Cuidados De Enfermagem A Doentes Internados Em Ortopedia
Submetidos A Cirúrgica
 Manter o aparelho gessado descoberto, pelo menos nas primeiras 48 horas, para permitir
que seca completamente, o que lhe dá maior robustez.
Nota importante: Caso ocorram sinais anormais provocados pelo aparelho gessado como os
que já foram descritos (cianose, palidez, alteração da temperatura, parestesias, etc.) este deve aberto
em duas talas de imediato, até se visualizar a pele, e deixando ficar se possível a tala anterior, ou
seja a que fica do lado oposto à sutura do tendão, para que desta forma se minimize a perda da
posição equina, fundamental para a boa cicatrização do tendão.
Capitulo X - Feridas

38 CONCEITO DE FERIDA

FERIDA - É a secção de continuidade da pele, que pode ser provocada cirurgicamente, por
acidente, por pressão, ou por deficiência vascular.
Uma das mais fascinantes características do corpo humano é a sua capacidade de reparação dos
tecidos danificados. A cicatrização de uma ferida, pode ser definida como o processo fisiológico,
através do qual, o corpo substitui e recupera a função do tecido danificado. Sucedem-se de imediato
alterações vasculares, devido ao aumento de sangue na área.
Um mecanismo eficiente de coagulação sanguínea é essencial para a manutenção da vida, caso
contrário, um simples corte, poderia esgotar todo o sangue de uma pessoa. O coágulo sanguíneo,
além de estancar o sangramento, possui determinados elementos, que permitem a reconstituição dos
tecidos danificados pelo ferimento.
Tal processo, inicia-se logo que o sangramento pára. Ao mesmo tempo, dá-se uma reacção
bioquímica, que liberta a tromboquinase, que por sua vez se transforma em trombina. Os coágulos
de fibrogénio são convertidos em fibrina, que cobre o ferimento, aproximando as suas margens. Os
neutófilos, são atraídos para a ferida no espaço de horas, sendo então iniciada uma série de
mensagens elaboradas, que fazem com que as células sanguíneas, se desloquem para a ferida,
trazendo consigo fornecimentos extras de oxigénio e fagócitos, para a limpeza dos detritos
tecidulares.
A razão para este acréscimo no fornecimento de sangue, reside na remoção de toxinas e células
mortas. Isto, permite ao organismo, iniciar uma verdadeira luta contra o agressor, minimizando os
danos, como a destruição dos tecidos (que poderia levá-los à necrose) e retardar, ou mesmo impedir
a infecção da área, ou do corpo no seu todo.
Inicia-se de imediato um trabalho de reconstrução, de regeneração e estética, que é um hino à
perfeição. A regeneração, é a substituição de tecido destruído por células exactamente iguais ou no
mínimo semelhantes ás destruídas.
Na fase de construção da cicatriz, ou seja, depois da formação do revestimento epitelial, as
estruturas da pele (glândulas sebáceas, fulículos pilosos e outros), ainda não se regeneraram e as
fibras elásticas, por seu turno, aparecem lentamente. A sensibilidade local, retorna apenas quando
não houve comprometimento dos nervos periféricos e se o tecido de granulação não estiver muito
espesso, ao ponto de tornar impossível o crescimento das fibras nervosas. Quando essa regeneração
não é possível, como sucede por vezes com certas células, forma-se tecido fibroso e
consequentemente cicatrização quelóide. Se é esse o caso, o grau de sensibilidade local aumenta
gradativamente, normalizando-se um ou dois anos após a ocorrência do ferimento.
Capitulo X - Feridas

39 TIPOS DE EXSUDADOS

Exsudado é constituído por diversos componentes, em termos de produtos de excreção da


ferida, como por exemplo: microorganismos, células mortas e matriz extra celular, oriundos do
sangue e que penetra nos tecidos durante o processo inflamatório. A produção de exsudados,
depende de muitos factores. Entre eles, o facto de a ferida ser aguda ou crónica.
O exsudado oriundo de feridas agudas é abundante em factores de crescimento, promovendo
assim a cicatrização das feridas. As características dos exsudados, dependem do tipo de ferida, da
sua localização, e reacção inflamatória. Assim podem ser divididos em:
 Seroso – liquida transparente, límpido e amarelo, composto principalmente de soro
sanguíneo e de membranas serosas. (ex.: uma bolha).
 Purulento – secreção espessa, de diversas cores, cheias de pus, cujo aspecto depende
do micro organismo causal. (ex.: abcesso).
 Fibrinoso – exsudado claro, líquido e aderente, composto com flóculos ou filamentos
de fibrina, que pode provocar a aderência de material às feridas, como nas compressas.
(ex.: nas queimaduras).
 Sanguinolento – secreção rosada liquida e com sangue, que pode estar caracterizada
como hemorragia fresca, (quando a cor é vermelho vivo) ou de cor escura, (quando é
consequência tardia de um acto operatório, ou hemorragia interna não visível na hora do
traumatismo).
Capitulo X - Feridas

40 CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS

O processo natural de cicatrização, segundo alguns autores, pode ser dividido em quatro fases,
que são: inflamação, granulação, epitelização e maturação.

40.1 FASES DA CICATRIZAÇÃO


40.1.1 INFLAMAÇÃO
Como já foi descrito anteriormente, quando a pele é ferida, ocorre um processo complexo
como reacção normal do corpo a qualquer laceração, ou agressão, que é chamado o processo
inflamatório. Processo inflamatório
É uma resposta de «emergência biológica», com uma fase latente de cerca de 12 hora, antes do
início de qualquer cicatrização, (texto da revista de enfermagem Nursing, referenciando por Silver;
1994).
Este processo é um complexo conjunto de acontecimentos, que na sua aparência são
relativamente simples, mas que, de facto, são bastante complicados, dando origem a reacções físicas
e químicas, bem como episódios a nível celular.

40.1.2 GRANULAÇÃO
Esta ocorre nas feridas dérmicas profundas. Os macrófagos dão sinal aos fibroblastos da
derme, para colocar fibrilas de reticulina ao longo da ferida, mais tarde convertidas em colagénio.
O passo seguinte é o início da angiogénese. O novo tecido de granulação é altamente
vascularizado, devido ao emaranhado de capilares que lhe dão a clássica cor avermelhada. Uma
falta de fornecimento de oxigénio prolongada, irá reduzir a mobilidade dos fibroblastos, atrasando a
cicatrização.
À medida que o novo tecido é formado, as margens da ferida contraem, interagindo então os
factores de crescimento com as células mediadoras, que fazem com que os feixes de miosina
aproximem as margens da ferida. Este processo ocorre no quinto ou sexto dia após os ferimentos.
As feridas grandes e profundas demoram um tempo considerável a contrair e a apresentar
cicatrização. A contracção pode ser responsável por 40 a 80% do fecho das feridas. Se há um
processo inflamatório e este é prolongado, pode ocorrer uma hipergranulação.

40.1.3 EPITELIZAÇÃO
Esta é a fase final da cicatrização, em feridas superficiais ou pouco profundas, normalmente
acima da derme, ocorrendo mais rapidamente em pequenas feridas, do que em feridas cicatrizadas
por segunda intenção. Após a elevada actividade da mistura de factores de crescimento, os
Capitulo X - Feridas
macrófagos e fibroblastos, continuam a produzir derme nova, rica em colagénio, fibronectina,
queratinócitos, folículos capilares e glândulas sebáceas.
A epitelização é alcançada pela migração de células escamosas através da superfície da ferida,
até que o défice seja eliminado. A sobrevivência deste tecido tão delicado, depende de um ambiente
húmido.
O novo tecido epitelial é rosa esbranquiçado, o que lhe confere uma aparência translúcida e é
observado em feridas na fase de cicatrização.

40.1.4 MATURAÇÃO OU REMODELAÇÃO


Esta fase pode levar de 24 dias a 2 anos a completar-se. O tecido que foi depositado sobre a
ferida é frágil, pelo que necessita de ser fortalecido por colagénio mais robusto, bem como por uma
matriz extra celular. Os principais componentes responsáveis por esta fase, são os fibroblástos e os
macrófagos.
A força do novo tecido irá aumentar apenas só até 80% da existente antes da emergência
biológica. Esta é a fase em que o processo de cicatrização termina, a vascularização diminui, bem
como o número de fibroblastos. O colagénio sofre uma maturação e a aparência do tecido de
granulação muda de vermelho para branco. Se estiver uma crosta, esta vai cair, deixando por baixo
um novo tecido.
Capitulo X - Feridas

41 FACTORES QUE PODEM INFLUENCIAR A CICATRIZAÇÃO DAS


FERIDAS

Alguns factores que têm influência sobre a cicatrização das feridas são: a idade, outras
infecções, distúrbios endócrinos, problemas circulatórios, a má nutrição. Segundo Cristine M.
Williams, a manutenção de um bom estado de nutrição no doente hospitalizado é um dos objectivos
principais dos cuidados de enfermagem. Isto torna-se particularmente importante, quando o doente
está a recuperar de uma ferida grave, que pode ter surgido como resultado de cirurgia, acidente ou
doença sistémica.
Um será a presença de corpos estranhos, que podem provocar uma mais lenta cicatrização,
quando por ventura permanecem por muito tempo no interior do organismo, fazendo com que este
reage a esses materiais, considerando-o estranho, originando as infecções, manifestadas pela
produção de produtos (exsudados), como consequência ou representado a reacção por rejeição de
tecidos ou células desvitalizadas.
Outro factor tem muitas vezes também como causa, a dificuldade económica dos doentes para
os tratamentos, ou para se deslocar aos postos de saúde, porque tem falta de hábitos de higiene,
quando o doente permanece no seu domicílio, convivendo com pessoas mais velhas e sem recursos,
ou porque vive sozinho, levando-o a descorar os tratamentos necessários e atempadamente, de
modo a que seja possível ajudá-lo na resolução do problema. Quantas vezes (e são muitas), o doente
só recorre, ou é levado ao hospital, numa altura em que as possibilidades de recuperação são
mínimas, ou quase inexistentes. Isto cria aos profissionais de saúde muitas dificuldades crescidas,
na tentativa da melhor resolução em vista do melhor resultado.
Capitulo X - Feridas

42 FERIDAS PROVOCADAS POR CIRURGIA - POR ACIDENTE POR


PRESSÃO - POR DEFICIÊNCIA VASCULAR

As feridas ocorrem quando há perda de tecido, provocadas por qualquer tipo de agressão física.
Estas podem regenerar-se com uma ajuda externa (sutura prévia), ou sem ajuda externa, com o
tecido chamado de (granulação), para preenchimento do espaço aberto entre os dois bordos.
No momento do ferimento, as células danificadas, libertam mediadores inflamatórios,
(prostaglandinas, histamina, serotonina pelos basófilos), que resultam em vasodilatação dos vasos
existentes e o aumento da permeabilidade celular a neutrófilos e monócitos, bem como a outros
glóbulos brancos, aumentando o fornecimento de sangue à ferida.

42.1 FERIDAS CIRÚRGICAS


Na cicatrização das feridas cirúrgicas é usado o termo primeira intenção, quando se unem os
bordos da ferida, principalmente através de uma sutura e existe (há sempre) perda mínima de tecido.
Os doentes tratados no serviço de ortopedia a feridas cirúrgicas, provêm de um episódio de
urgência, ou são uma consequência natural de cirurgias programadas, mais ou menos alargada e
após um espaço de tempo previamente definido e com objectivos específicos. Estas podem ser:
 Reconstrutiva: aqui cabem as cirurgias plásticas a queimados, de implante ou
transplante de pele e ou outros, ou pode ser só estética.
 Pode ser só para unir os bordos separados, em consequência de um acidente,
 Por uma intervenção cirúrgica programada ao esqueleto ou partes moles.

Pode acontecer, que uma ferida cirúrgica, que por princípio deve ser uma ferida limpa,
apresente sinais inflamatórios, como: rubor, calor, dor, ou exsudados, em consequência de factores
internos, ou externos e até estranhos à própria cirurgia.
Podem advir de uma reacção do corpo (que diferem para cada um), aos materiais usados nas
cirurgias ou até às próteses ou materiais de contenção.
Esta situação anómala pode requerer uma outra intervenção cirúrgica para remover ou
identificar a causa, que pode ser só um hematoma, ou grande quantidade de pus. Podemos
considerar que vai haver em consequência desta situação um fenómeno de cicatrização, por terceira
intenção.

42.2 SUTURAS
São a fórmula de aproximação dos bordos de uma ferida, pós traumática ou pós cirúrgica e que
permitem ao organismo uma ajuda suplementar na sua tarefa de reabilitação rápida e perfeita. As
Capitulo X - Feridas
feridas suturadas promovem uma epiteliação, consequentemente uma cicatrização mais rápida,
evitando, ou minimizando desta forma, maiores danos e infecções. Podem ser externas ou internas.
Suturas internas - Podem ser mais profundas, havendo por vezes a necessidade de ser
realizadas em mais de que um plano. Nestas suturas é utilizado uma linha especial que é absorvível,
portanto sem necessidade de serem retirados. Acontece que por vezes, este material especial é
rejeitado pelo organismo, o que cria desde logo um problema suplementar na cicatrização, porque
cria pequenos focos infecciosos intercalados, correspondendo a cada nó ou ponto de sutura, logo,
atrasando ou até prejudicando a própria sutura, criando por vezes marcas irreversíveis, como são os
quelóides.
Suturas sub-cutâneas contínuas – Podem ser usadas em várias cirurgias, mas é primeira
opção por norma em cirurgia plástica. São caracterizadas por ficarem fixas num ponto inicial da
sutura e percorre todo o comprimento da ferida sub-cutânea, fixando toda a epiderme em contínuo.
Quando há necessidade de retirar o fio, após a cicatrização da ferida, deve iniciar-se por cortar
o nó numa das extremidades e puxar o fio em contínuo, com alguma pressão mas de modo a que
não rebente a meio, para que o restante não fique sob a pele a funcionar como um corpo estranho,
podendo ser o inicio de uma infecção. Verificar sempre no fim se o fio retirado corresponde ao
comprimento da sutura.
Suturas externas - São as que necessitam de mais vigilância, de um penso de cobertura para
protecção e que ao fim de um tempo pré determinado (pode ir dos 5 aos 20 dias), têm que ser
removidas. É aqui que o papel do enfermeiro passa a ser relevante e necessário, porque, além da
técnica que precisa ter para a remoção dos pontos ou agrafos que serviram de suporte à sutura, tem
que fazer uma avaliação geral e concreta do estado da sutura ou ferida, para assim decidir, qual a
atitude mais conveniente a tomar naquele momento. Pode e deve decidir:
 Se o estado geral da sutura está cicatrizado, portanto se é seguro ou não retirar os pontos
e de uma forma contínua ou alternada.
 Se a ferida necessita de alteração ou não, nos métodos, produtos, ou materiais até aí
usados nos pensos, com vista a uma mais rápida evolução na cicatrização.
Suturas externas contínuas - É realizada por um só fio contínuo de linha de seda, de algodão,
ou de naylon, fica externamente. Este último material (naylon) e método é muito utilizado em
cirurgia plástica. O fio contínuo ou os pontos, são retirados com ajuda de uma pinça e cortados com
uma tesoura ou bisturi.
Suturas externas descontínuas - É formada por pontos externos, de fio de linha de seda, de
algodão ou de naylon, aplicados separadamente entre si por pequenos intervalos. São retirados com
ajuda de uma pinça e cortados com uma tesoura ou bisturi.
Capitulo X - Feridas
Suturas com agrafos - É uma sutura descontínua, que difere só no material utilizado. É
formada por fixadores metálicos, que substituem os pontos de linha ou de naylon, penetrando na
pele verticalmente através de uma máquina apropriada, com pequenos intervalos entre si. Para os
retirar é preciso uma pinça especialmente adaptada (tira agrafos).

42.3 FERIDAS POR ACIDENTE


Este é o grande grupo de ferimentos e que mais dificuldades imediatas colocam aos
profissionais. Podem ser desde um pequeno abrasão, passando por feridas profundas e extensas,
amputações de membros ou partes dele, até graves queimaduras de 1º 2º ou 3º grau.
Quando a pele é ferida, ocorre um processo complexo como reacção normal do corpo a
qualquer laceração, ou agressão, que é chamado o processo inflamatório. Este processo é um
complexo conjunto de acontecimentos, que na sua aparência são relativamente simples mas, que de
facto, são bastante complicados, dando origem a reacções físicas e químicas, bem como episódios o
nível celular.
A limpeza da ferida é iniciada pelo próprio organismo, através da produção de macrófagos no
processo de fagocitose. É a partir desta altura, que o enfermeiro, com os seus conhecimentos
profissionais, para a execução dos tratamentos e dos pensos, colabora com o organismo do doente,
na sua total e o mais perfeita recuperação estética e funcional do corpo.

42.4 FERIDAS POR PRESSÃO


Esta parece ser uma área na qual os enfermeiros são envolvidos activamente na determinação,
nos planos de prevenção e tratamento. Devem por tanto, ter um bom conhecimento das causas, das
úlceras, da apropriada terapêutica e tratamento destas lesões. Podem ser uma consequência do
tempo em que o doente esteve internado, para tratamento de lesões ortopédicas.
A pressão contínua de um qualquer objecto, sobre uma qualquer zona do corpo, ou este
colocado demasiado tempo sem mobilidade numa mesma posição, provoca uma zona de pressão,
que degenera numa lesão localizada da pele, a qual vai aumentando de dimensão e profundidade se
não for tratada atempadamente, passando a designar-se por escara ou úlcera de pressão.
Assume-se frequentemente que as úlceras de pressão são causadas pelos achatamentos dos
vasos capilares, resultando na isquemia dos tecidos. Contudo os dados obtidos, principalmente
através de experiências com animais, indicam que o trauma microvascular, desempenha um papel
importante.
Discute-se também resumidamente outros factores, como arrastamento e fricção, como
causadores das úlceras de pressão. A pressão, a tracção, e a fricção, são frequentemente
consideradas factores etiológicos do desenvolvimento das úlceras de pressão. Estes factores,
Capitulo X - Feridas
raramente ocorrem isoladamente, estando presentes de uma maneira geral, em combinação com
factores intrínsecos ou deficiências.
Braden e Bergstrom (1987) referem-se à relação entre a intensidade da pressão, a sua duração e
a tolerância do tecido a este parâmetro, como aspectos críticos na determinação da lesão tecidular.
O National Pressure Ucer Advisory Panel (1989), descreve a úlcera de pressão como, uma área
localizada de tecido necrótico, que tende a desenvolver-se quando os tecidos moles são
comprimidos entre uma proeminência óssea e uma superfície externa, durante um período de tempo
prolongado. Ocorre anorexia dos tecidos quando a pressão externa é superior à pressão no interior
dos capilares, ao ponto de estes colapsarem, interrompendo o fluxo sanguíneo.
O período de tempo necessário para que se desenvolva uma úlcera de pressão, ainda é um
ponto controverso. A pressão elevada durante um curto espaço de tempo, pode causar uma lesão
igual a uma baixa pressão exercida por um por um período de tempo prolongado.

42.5 FERIDAS POR DEFICIÊNCIA VASCULAR


A úlcera varicosa da perna é um problema que se nos depara com frequência e
predominantemente, em doentes idosos. Esta parece ser também uma área na qual os enfermeiros
são envolvidos activamente na determinação e nos planos de terapêutica.
A causa mais frequente da ulceração das pernas é a insuficiência crónica venosa. As tromboses
ou varicosas, resultam do dano das válvulas das veias das pernas. Esta situação origina um refluxo
venoso e hipertensão venosa. Os capilares tornam-se mais premiáveis e grandes moléculas
extravasam para o espaço extravascular.
Outras causas de úlcera de perna, podem ser as doenças reumáticas, queimaduras, infecções,
doenças endócrinas, doenças hematológicas, vasculite ou tumores. Ocorrem principalmente na área
entre o tornozelo e o joelho, na face externa da perna.
As úlceras venosas variam em tamanho e desenvolvem-se lentamente se não forem tratadas.
Apenas dá dor, se estiverem associadas com outras infecções, nomeadamente bacterianas, celulite
ou edemas. Virtualmente, todas as úlceras venosas se curam espontaneamente, se forem aplicadas
medidas correctivas e correctas.
Devem por tanto, ter um bom conhecimento das causas, das úlceras de perna e da sua
apropriada terapêutica. Contudo há quase que um consenso geral no que diz respeito ao tratamento
das úlceras varicosas, como sendo «uma tarefa desagradável e inglória, onde se executa muito
trabalho e se obtém muito pouco proveito». O tratamento destas feridas é pouco frequente em
situações que estejam directamente ligadas a antecedentes de lesões ortopédicas.
O tratamento visa:
Capitulo X - Feridas
 Reduzir o edema e melhorar a drenagem venosa, pela aplicação de compressão à perna
e por imobilização.
 Evitar deterioração futura da úlcera e da pele circundante, pela aplicação de pensos
apropriados.
 Evitar infecções significativas por rápido tratamento, baseado em culturas e testes de
sensibilidade do microorganismo causador da infecção.
Quando a úlcera está curada, o doente deve usar um apoio elástico permanente, a menos que as
causas subjacentes tenham sido completamente corrigidas por adequada cirurgia .
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

43 PENSOS

Os pensos, vulgarmente chamados de (curativos), são formas externas de tratamento, que os


técnicos de saúde (enfermeiros) usam, utilizando materiais apropriados e esterilizados, para
ajudarem o organismo a recompor-se, ou curar-se, no mais curto espaço de tempo e com maior
eficácia, de uma lesão sofrida voluntária ou involuntariamente e que o incapacita, pelo menos por
um período de tempo, da sua actividade normal de vida diária.
Para melhores resultados, os pensos periódicos, têm como principal objectivo, a observação
cuidada da evolução e da cicatrização, avaliando a necessidade de alterar a todo o momento, os
métodos ou materiais utilizados, tomando notas de enfermagem contínuas, adicionando-as ao
processo do doente e informando o médico, do estado actualizado da ferida e da sua evolução.
Em qualquer atitude de tratamento, o enfermeiro tem que ter sempre em conta, a pessoa que
está necessitada dos seus serviços. O ensino ao doente e/ou familiares, reveste-se de grande
importância na obtenção dos melhores resultados finais.
A maioria dos tratamentos de pensos são feridas de consequência directa proveniente de
cirurgias programadas, ou intervenções cirúrgicas de urgência. Em ortopedia as mais frequentes são
as cirurgias da coluna, coxofémurais, da mão, joelhos e pés.
O enfermeiro deve ter maior cuidado e a responsabilidade de escolher o melhor decúbito ou
posicionamento, para colocar o doente o mais confortável possível, mas de forma a permitir um
bom desempenho na execução do tratamento.
 Na cirurgia da coluna, e não haja indicação em contrário, pode colocar-se o doente
sentado, de costas voltadas para o profissional, de forma a estar confortável e permitir
uma execução cuidada do tratamento, proporcionando-lhe o menor desconforto.
 Na cirurgia da anca, (ou coxofémural) nem que seja só por precaução, ou para dar mais
confiança ao doente, quando está posicionado em decúbito lateral, deve colocar-se uma
almofada entre as pernas, mantendo assim sempre uma ligeiro afastamento entre elas.
Com este cuidado, evita-se o cruzar das pernas e previne-se a possibilidade de uma
desmontagem do material de osteosintese.
 Na cirurgia do joelho, o doente deve estar deitado em posição dorsal (de costas), e se
não houver indicação em contrário, colocar um pequeno apoio (almofada, um rolo ou
outro material) na região do cavado poplíteo (zona posterior do joelho) para permitir
maior conforto ao doente.
 Na cirurgia da mão, por norma, coloca-se o doente sentado numa cadeira de frente para
o profissional, com o membro poisado em cima da marquesa. Desta forma permite-se
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

maior conforto ao doente e mais estabilidade do membro para a execução dos melhores
cuidados.
 Na cirurgia do pé, e dependendo de cada situação, por norma o doente deve estar
deitado em posição dorsal (de costas), e se não houver indicação em contrário, colocar
um pequeno apoio (almofada, um rolo ou outro material) sob a perna para permitir
maior conforto ao doente.

43.1 TIPOS DE PENSOS


Os pensos ou curativos embora no geral tenham princípios comuns, têm ou devem ter
procedimentos com pormenores distintos e dependendo de cada situação. Assim podemos ter:
 Os que são feitos em feridas provocadas em consequência directa de um acidente.
Nestes casos e por princípio, são pensos infectados ou até com os resíduos do local do
acidente, pelo que se impõe, uma boa limpeza de todas as impurezas, ou de tecidos que
já não tenham vitalidade, para que se promova um rápido processo de cicatrização.
 Os que são em consequência directa de uma intervenção cirúrgica e em suturas simples.
Nestes casos e por princípio, são pensos limpos, que só requerem uma observação
atenta, ou extracção de pontos ou agrafos. De uma forma ou de outra, trata-se de
eliminar o material utilizado para unir entre si os bordos de uma ferida. Nestes casos o
fundamento é retirar um apoio já desnecessário, depois da cicatrização. Caso contrário,
poderiam actuar como corpo estranho, atrasando desde logo o normal processo de
cicatrização
 Os que são em consequência de infecções posteriores às cirurgias, como reacção a
material de fixação do osso ou próteses, amputações não suturadas, reacção a fios de
sutura internos absorvíveis, feridas abertas para cicatrização por segunda intenção, de
drenagem de serosidade ou purulenta e outros.
 Os que são em consequência de queimaduras de vários graus (em pequenas extensões),
flictenas ou abrasão da pele, etc.
 Os que são em consequência de complicações vasculares ( úlceras varicosas).
 Os que são em consequência de pressão ou de decúbito,( escaras ou úlceras ).
Para cada um destes casos, tem que haver uma observação cuidada e individualizada, porque
são diferentes.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

43.2 EXTRACÇÃO DE SUPORTES DE SUTURA

Os suportes de sutura, como já foi referenciado, servem para juntar e unificar os bordos de uma
ferida, para melhor se dar a cicatrização. Podem ser constituídos de fios de seda, de naylon, de
produtos absorvíveis pelo organismo, ou até por agrafos metálicos.
Estes são pequenas peças metálicas colocados sob pressão na pele através de um agrafador
especial.
A forma de retirar os fios de sutura, dependem também de cada caso, mas pode ser usado um
bisturi ou uma tesoura. Os agrafos são retirados com uma pinça especialmente adaptada para esta
função.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

44 PRINCÍPIOS GERAIS PARA A EXECUÇÃO DOS CURATIVOS

Para melhor responder às necessidades de cada momento é necessário haver uma


uniformização de todos os cuidados prestados ou a prestar. Para tal, procurarei descrever normas e
procedimentos nos tratamentos, assente na técnica que deve ser usada numa vasta variedade de
tratamentos. Com isto, pode criar-se no doente a confiança necessária, tanto nos serviços, como no
elemento que os executa, o que ajudará muito, na melhor recuperação e no mais curto espaço de
tempo.
O objectivo, passa também por procurar descrever ao pormenor tanto quanto possível, todos os
passos a dar, para cada um dos tratamentos.
Também, o enfermeiro/a, conseguirá atingir o seu propósito inicial e a sua satisfação pessoal
em cada tratamento, que é o restabelecimento funcional normal de cada cidadão que trata, ou seja a
CURA.
A técnica de execução por parte de cada elemento, assim como, os produtos desinfectantes
sejam os mesmos, a necessidade do uso de outros produtos auxiliares para a ajuda da cicatrização
(como pomadas, nitrato de prata, gaze gorda, gaze iodoformada, gaze de carbono e outros), assim
como o uso de drenos, a remoção de tecido necrosado, etc., que impeça a progressão da
cicatrização.
Não é minha intenção neste trabalho, descrever, realçar ou por em causa, toda uma panóplia de
produtos, para a realização dos pensos, que actualmente estão ao dispor de todas instituições de
saúde e dos seus profissionais, no intuito dos melhores resultados
Faz parte da capacidade de intervenção de cada enfermeiro, perante cada caso e a percepção
que tem naquele momento da necessidade, ou não, de alterar a forma, ou o produto, que até aí tinha
vindo a ser usado, na expectativa de uma cicatrização mais rápida e eficaz.

44.1 NORMAS GERAIS


Para a execução de qualquer penso, como já foi referenciado, devemos em primeiro lugar
preparar o doente psicologicamente explicando-lhe as razões e os procedimentos que vamos ter,
ouvindo as suas razões ou queixas, fazendo-lhe o ensino e pedindo a sua colaboração, e promover
um ambiente calmo, seguro e com privacidade.
Depois deveremos ter sempre em conta vários procedimentos profissionais, tais como:
 Lavar cuidadosamente as mãos antes e depois da execução de qualquer penso
 Usar sempre a técnica asséptica cirúrgica correcta
 Quando o doente está acamado, e o penso tem de ser feito na enfermaria, deve ser
isolado, de forma a manter o mais possível a sua privacidade.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

 Todos os doentes que deambulam, os pensos devem ser feitos na sala de tratamentos.
 Devemos executar em 1º lugar os pensos mais “limpos” e por fim os mais “sujos” ou
infectados
 Todos os pensos devem ser feitos em S.O.S., independentemente da rotina, como por
exemplo nos casos em que os adesivos estejam descolados e comprometam a ferida
operatória, ou quando o penso estiver repassado ou conspurcado, entre outras situações.
 O carro de pensos deve estar sempre equipado com todo o material.
 Os produtos utilizados para a execução dos pensos serão os usados ou aprovados pela
instituição, como os antibióticos, cicatrizantes ou desinfectantes como: éter; soluto de
dakin; betadines; soro fisiológico; água oxigenada; gaze gorda ou iodoformada; etc.
 Na execução de qualquer penso deve sempre perdurar o bom senso de cada enfermeiro,
perante cada doente ou situação.
 Antes da alta, deve ser sempre renovado o penso.

44.2 PREPARAÇÃO DO DOENTE


44.2.1 PSICOLÓGICA
Deve começar-se por cumprimentar o doente e explicar-lhe a razão e/ou a sequência do nosso
procedimento em cada momento, ou em cada tratamento.
Esclarece-lo por exemplo, de que a ferida está cicatrizada o suficiente para não precisar mais
dos pontos. Diminuir o temor e a ansiedade em relação à ferida e à dor de tirar os pontos ou agrafos,
garantindo-lhe e convencendo-o que é mínima.
Dizer-lhe que após retirar os pontos, pode sentir uma certa perda de apoio na incisão, mas que
isso é normal e que não significa que tudo não esteja bem. Criar um clima de confiança no
profissional que o está a tratar.

44.2.2 FÍSICA
Deve colocar-se o doente confortavelmente, na posição mais conveniente para fazer o
respectivo tratamento, respeitando sempre a sua intimidade. Contudo, podem ocorrer situações de
indisposição ou desmaio, pelo que para prevenir e sempre que seja possível, é conveniente colocar o
doente deitado, no decúbito que permita fazer o tratamento com mais segurança e com o menor
risco, minimizando assim este contratempo, que é mais frequente do que por princípio se possa
pensar.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

44.3 PREPARAÇÃO DO AMBIENTE E EQUIPAMENTO


44.3.1 AMBIENTE
Deve-se procurar ter sempre uma iluminação eficaz, para melhor visualização do aspecto da
ferida, da sutura e principalmente da base do nó de cada ponto, para melhor facilitar a sua
extracção.
Procurar ter um ambiente climatizado, para proporcionar o melhor conforto, já que por vezes é
necessário o doente retirar parte da roupa.
Deve manter-se sempre a sua intimidade e individualidade. Para tal, deve usar-se sempre
cortinas, biombos ou resguardos, assim como, manter sempre a porta fechada da sala de
tratamentos.
Nesta sala de tratamentos, o doente não deve estar com acompanhantes, a não ser que tenham
idade igual ou inferior a 12 anos, deficientes, ou por qualquer razão de informação ou
esclarecimento dos ou para os familiares, de factos ocorridos, evolução ou perspectivas nos
tratamentos.

44.3.2 EQUIPAMENTO
O equipamento da sala de pensos deve ser constituído basicamente por armários para guardar o
material, banca para lavagem das mãos e do material, frigorífico para guardar produtos das
colheitas, marquesa, dois sacos para sujos, (um para material infectado e que posteriormente vai
para incinerar e outro para material sujo, mas não infectado), um degrau para auxiliar alguns
doentes com mais dificuldade, a subirem para a marquesa e um foco amovível de luz fria.
Deve ter-se sempre material esterilizado ou adequado a cada tratamento, como seja o material
para retirar fios de sutura ou agrafos. Há instituições que já têm instituído um Kit completo e que é
constituído por todo o material necessário e apropriado à maioria dos pensos. Deve estar colocado
em lugar acessível e visível, e ser usado individualmente.
Deve ter-se produtos antissépticos, (usados no hospital), para a desinfecção das feridas,
compressas esterilizadas de vários tamanhos, adesivos, ligaduras de vários tamanhos e materiais,
luvas esterilizadas ou não, campos ou finas esterilizadas e outros materiais de uso menos corrente,
mas que por vezes são de grande utilidade e eficácia no tratamento.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

45 OS VÁRIOS TIPOS DE CURATIVOS

45.1 PENSOS A FERIDAS COM DRENOS DE REDYVAC


Em condições normais, efectua-se o penso passadas 48 horas da cirurgia e retira-se o dreno,
caso já não haja conteúdo hemático de aspiração.
Se o penso estiver repassado com sinais hemorrágicos evidentes nas primeiras horas após a
cirurgia, devemos colocar mais compressa esterilizada por cima do penso cirúrgico, sem retirar este,
e fazer compressão com ligadura elástica; se necessário alterar a forma de drenagem do redyvac
passando para drenagem livre, ou clampar e desclampar por curtos espaços de tempo até a situação
estabilizar.
Em casos excepcionais de presença de conteúdo hemático, o redyvac pode manter-se mais
algum tempo, e fazer-se a mobilização do tubo de drenagem, extraindo-o ligeiramente para permitir
continuação de drenagem noutra área.
Verificar sempre, antes de mobilizar o redyvac, se este não está preso à pele com pontos, o que
acontece com alguma frequência, para prevenir extracção precoce. O redyvac deve ficar sempre
dependurado na cama, mas a pouca distância do chão.
O 2º penso deverá ser feito cerca do 7º dia se não se verificarem anomalias na cicatrização,
porque caso contrário se surgir (febre; hemorragias abundante; dor local; sinais inflamatórios; e
outros), deve ser feito em S.O.S.
O 3º penso para retirar pontos ou agrafos deve ser feito por norma passados 15 dias da cirurgia,
excepto se houver outra indicação médica.
Antecipar a data deste penso se aparecerem sinais de rejeição do organismo aos pontos ou aos
agrafos, podendo ser retirado parcialmente ou totalmente, conforme cada situação

45.2 PENSOS A FERIDAS EM DOENTES COM APARELHOS GESSADOS


Abrir uma janela no local previamente marcado. Caso não esteja marcada, deve perguntar ao
médico qual a localização da ferida operatória, ou abrir o gesso longitudinalmente em duas talas
para se expor a ferida.
Executar o penso com todos os cuidados de assepsia.
No final do penso, o gesso retirado (janela ou tala) deve ser de novo colocado no local, com o
cuidado de preencher bem com algodão ou compressas todo o espaço correspondente a esse espaço,
e completando o tratamento fazendo alguma compressão com ligaduras elástica sobre essa
estrutura, para evitarmos que se provoque o edema de janela.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

45.3 PENSOS A FERIDAS NAS CIRURGIAS DA COLUNA:


45.3.1 COLUNA CERVICAL
A mesma execução e intervalo de tempo que se reservam para todos os pensos.
Pode haver alguma excepção para o penso do ilíaco, quando houver necessidade de recolha de
enxerto ósseo desta zona para preenchimento do espaço intervertebral. Por norma estas zonas
dadoras de osso são extremamente dolorosas e sagrantes.

45.3.2 TORÁCICA (ESCOLIOSES)


Neste tipo de cirurgias a abordagem cirúrgica por norma é feita por via posterior, mas também
por via anterior. (grade costal)
Em situação normal, o primeiro penso deve ter sempre indicação médica, que por norma
coincide com a remoção do dreno torácico. Contudo deve ser feito em S.O.S. sempre que a situação
o justifique.
O procedimento para o penso deve ser o usado para qualquer outro penso.
Devemos ter sempre junto do doente um pinça de kocker, para pinçar o dreno torácico caso
seja necessário.
Controlar sempre a pressão de aspiração, (com ou sem aspirador de baixa pressão), e mantendo
sempre o frasco de drenagem abaixo do nível do leito do doente, mas sempre dependurado. Nunca
deve estar pousado no chão.

45.4 PENSOS A FERIDAS NOS JOELHOS


O procedimento para estes pensos deve ser idêntico a outros com drenagem hemática para
redyvac, e com o mesmo tempo de intervalo.

45.5 PENSOS A FERIDAS NOS PÉS E/OU – (HALLUX VALGUS):


Os dedos devem estar sempre em abdução, separados com ajuda de compressas.
O 1º penso, por norma é feito 72horas após a cirurgia, e revisto ao 7º dia. A extracção dos
pontos por volta do 17º dia. Em caso de cicatrização comprometida ou imatura, os pontos podem
permanecer mais um ou dois dias.
Nos casos de sutura do tendão de Aquiles, os pontos devem ser sempre retirados
alternadamente e só depois de uma observação cuidada, retirar os restantes, ou deixar programados
para uma nova fase ou oportunidade. Estas cirurgias são de difícil cicatrização, pelo que exigem
mais tempo e maior rigor, para não se correr o risco desnecessário da ferida operatória reabrir ou
não cicatrizar convenientemente, o que causaria graves perturbações na funcionalidade normal do
membro.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

45.6 PENSOS A FERIDAS COM SISTEMA CONTÍNUO DE LAVAGEM -


DRENAGEM
Estes tratamentos são frequentes nas cirurgias infectadas em ortopedia. Consistem em ter um
sistema contínuo de lavagem interna da ferida, através de uma entrada de soro fisiológico gota a
gota, e drenagem do conteúdo da lavagem para um sistema de vácuo por redyvac. Este tratamento
tem muita tendência a repassar para a ferida externa e molhar o penso por obstrução do redyvac, por
encher muito depressa ou também se o soro perfundir muito depressa, ou ainda, pela adaptação do
sistema com os movimentos do doente, não se manter correctamente no local indicado.
 Manter ritmo adequado de gota a gota do sistema de instilação para que o sistema não
obstrua.
 Manter os drenos funcionantes, vigiando o vácuo dos frascos e substituindo-os logo que
estejam cheios.
 Fazer o penso nas 48 horas, ou sempre que necessário (sempre que esteja repassado).
 Fazer penso para suspender a instilação e ou remoção dos drenos.
 Fazer penso ao 7º dia para verificar as condições da ferida operatória e zona de saída
dos drenos, mesmo que não esteja repassado.
 Fazer penso ao 15º dia para retirar pontos ou agrafos.

45.7 PENSOS A FERIDAS COM FIXADORES EXTERNOS


A desinfecção dos fios de kirschner e ou cravos de Steinmann, deve ser executado pelo menos
diariamente ou em S.O.S. (quando infectados), usando éter ou álcool. Nunca usar betadine, porque
provoca corrosão e deteriora os fios, aumentando muito o risco de infecções secundárias.
O orifício do pino (cravo), deve estar protegido com compressas.

45.8 PENSOS A FERIDAS INFECTADAS


Executar o penso diariamente ou em S.O.S., deixando drenar naturalmente ou fazendo
expressão, se for necessário, registando o conteúdo drenado, tanto em quantidade como em
características.
Usar sempre protecção adequada (luvas, máscara)

45.9 PENSOS A FERIDAS COM TECIDOS NECROSADOS


Fazer penso diário até haver destacamento da placa de necrose e do tecido esponjoso.
Usar os novos materiais de protocolo de feridas existentes no serviço e fornecidos pela
instituição, u usar um bisturi para a remoção do tecido necrosado mas resistente a outros métodos.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Quando há tecido vivo ou bem irrigado, ter atenção ao seu crescimento, controlando a sua
destruição assim como o seu crescimento excessivo. Caso isto aconteça, deve atrasar-se este
crescimento, aparando o excesso com um bisturi para que o seu crescimento seja uniforme em toda
a área da ferida.
Usar os restantes procedimentos como para qualquer outro penso
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

46 EXTRACÇÃO DE CRAVOS EXTERNOS DE FIXAÇÃO ÓSSEA1

É uma atitude de tratamento, usada frequentemente em ortopedia e que normalmente é


executada pelo médico. Contudo, o enfermeiro mais experiente, está treinado e habilitado a fazer
este tratamento sem riscos.
Pode constituir-se num acto simples de cortar ou puxar os fios (de Kichner ou cravos de
Staymer), ou desenroscar cravos de fixadores externos, que serviram de imobilização, na
sustentação de um alinhamento de fractura, ou na perspectiva de recuperação de tecido ósseo,
quando existiu perda, em consequência de um acidente, ou ainda por atitude cirúrgica para o
alongamento ou correcção, normalmente de um osso longo.
È usado um material apropriado e característico da ortopedia, como (chaves de parafusos,
punhos de compressão, alicates, corta fios e outros). Pode acontecer que os fios, (normalmente de
menor dimensão) por variadas razões, estejam sob a pele, o que, para os retirar, obriga a uma
actuação médica, como de uma pequena cirurgia se tratasse, embora possa ser feita em contínuo e
na mesma sala de tratamentos, porque só implica uma anestesia localizada.

46.1 PAPEL DO ENFERMEIRO


O papel do enfermeiro neste tratamento, consiste principalmente, na colaboração com o médico
e na preparação do doente, física e psicológica, na preparação do ambiente, na preparação do
material, como: solutos desinfectantes, anestésicos locais, campos esterilizados, seringa e agulhas
de tamanho adequado, sedas, luvas esterilizadas, compressas, adesivos, ligaduras e outros.
Compete ao enfermeiro, fazer a pré desinfecção da área a tratar, assim como completar o penso
depois da extracção do material (fixadores), seguindo as normas assépticas de um penso.
Por norma, é necessário fazer-se um penso compressivo, para parar eventuais hemorragias e
que deve ser mantido pelo menos 12 horas.
Normalmente, ao fim deste tempo, o orifício da extracção do material está fechado, não
causando qualquer preocupação, ou risco de infecção.
Há informações que são importantes ser dadas sempre ao doente ou familiares antes do
tratamento e que passam por explicar a forma como se vai proceder para a extracção do material,
convencendo-o de que normalmente é pouco doloroso, por forma a minimizar o medo da dor e das
consequências desagradáveis.
O penso compressivo, pode ser retirado em casa pelo doente ou familiares, sem necessidade de
recorrer aos serviços especializados de enfermeiros. Contudo (e raramente acontece), se

1
Fios de kichner, cravos de staymer, fixadores externos
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

eventualmente forem notadas alterações ou reacções anormais no local do penso , tais como: rubor,
calor, drenagem de serosidade suspeita e outros, deve de imediato, recorrer ao serviço de urgência,
ou contactar o seu médico assistente, ou ainda recorrer ao serviço, para ser resolvido esse problema.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

47 LIGADURAS

Embora este tema já tenha sido abordado superficialmente e em tratamentos específicos como
nas fracturas no serviço de urgência, vou procurar descrever com mais pormenor as características e
funcionalidade dos vários tipos de ligaduras e imobilizações.
As imobilizações com ligaduras em ortopedia, são usadas para tentar manter, estabilizar,
solidificar, suprir e/ou reforçar estruturas ósseas ou musculares bem definidas. Podem ter uma
função de imobilização rígida ou completa, funcional, semi- funcional, para suspensão ou de
contenção.
Diferenciam-se de outros meios de contenção rígidos, como por exemplo os gessos, os metais
ou material termomoldáveis, porque utilizam um material flexível, constituído por tecido ou telas,
que podem ser impregnadas com adesivo ou não. Esta diferença no material, leva-nos a distinguir
vários tipos de imobilizações e aplicações. É nos desportistas que se recorre com mais frequência a
este método de tratamento.
Também, quando se pretende uma recuperação mais rápida, como método terapêutico, que
permite, quando se deseje, mas de forma selectiva, um determinado grau de liberdade, numa
articulação determinada.

47.1 TIPOS DE LIGADURAS


As ligaduras, são também conhecidas por ataduras ou bandagens, feitas de material diverso, de
acordo com a função a que se destina. Apresentam-se em forma de rolos e em variados tamanhos,
tanto em largura como em comprimento. As mais conhecidas e de maior uso nesta consulta são:

47.1.1 LIGADURAS DE GAZE


São feitas de tecido de gaze, de vários tamanhos, (5,10,15e 20 cm). São usadas basicamente
para permitir manter uma pressão contínua suficiente e necessária, porque a sua textura mantêm
sempre a mesma tensão. Serve-nos principalmente para suster pensos oclusivos ou de compressão,
manter imobilizações das articulações, suster talas gessadas e outros.

47.1.2 LIGADURAS ELÁSTICAS


São feitas de tecido elástico de naylon, em vários tamanhos (5,10,15 e 20cm) e que permitem
alguma margem de compressão. São usadas principalmente para assegurar uma imobilização
articular, sem que seja em demasia, facilitando alguma mobilização, embora mínima.
Podem ser usadas também como ligaduras de contenção, para facilitar a circulação de retorno
venoso, logo, diminuindo ou prevenindo o possível edema, principalmente nos membros inferiores.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

47.1.3 LIGADURAS ELÁSTICA DE FORTE CONTENÇÃO


São feitas de material elástico de forte contenção e são utilizadas basicamente numa 2ª fase de
tratamento, após cicatrização da ferida operatória, sobretudo em amputações dos membros, para a
moldagem de cotos, na perspectiva do uso posterior de prótese.

47.1.4 LIGADURAS ELÁSTICAS ADESIVAS


São feitas de um tecido elástico, de medidas estandardizadas, (10 cm) impregnadas de um
produto adesivo. São usadas principalmente na imobilização de uma articulação doente pós
acidente, permitindo contudo alguma mobilidade, mas funcionando basicamente, como tratamento
antiálgico.
Também podem funcionar como prevenção ou tratamento de possíveis edemas, facilitando a
circulação venosa, principalmente nos membros inferiores.

47.1.5 LIGADURAS DE ALGODÃO


São feitas de algodão ou material sintético, de vários tamanhos (5, 10, 15 e 20cm). São usadas
principalmente para almofadamento e protecção das proeminências ósseas, nas imobilizações das
fracturas, antes da colocação de aparelhos gessados. Também podem ser usadas como
almofadamento em vários tipos de imobilização, como protecção dos membros com talas de gesso,
ou ligaduras de Robert Jonnes.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

48 IMOBILIZAÇÕES COM LIGADURAS

Existem várias formas de realizar as diversas imobilizações e com os vários tipos de ligaduras,
que assumem nomes diferentes, consoante a sua localização, finalidade e o nome do seu autor. Em
traumatologia ortopédica, as imobilizações com ligaduras são usadas cada vez com mais frequência
substituindo por vezes os gessos. Também nas amputações, principalmente na preparação,
reeducação ou regularização dos cotos, principalmente nos membros inferiores.
Podem ter também uma função de imobilização não funcional (rígida ou completa), semi-
funcional, funcional, para suspensão ou de contenção.
Existem basicamente dois tipos de denominação para a aplicação das ligaduras, que são as
ligaduras funcionais e as não funcionais.

48.1 LIGADURAS NÃO FUNCIONAIS:


São as mais usadas em ortopedia nas situações pós traumáticas, em alguns segmentos do corpo,
principalmente quando existe subjacente fractura óssea. Muitas vezes, são usadas como suporte de
material, suporte de talas de alumínio (zymmer), como oclusão de pensos, ou simplesmente para
prevenir ou diminuir edemas.
Contudo, há ligaduras que servem como apoio, e também muitas vezes, como tratamento
cruento de luxações ou fracturas e, é nestas situações, que mais se utilizam com vantagens para o
tratamento.
È sobre estes tipos diferentes de ligaduras e mais específicos de ortopedia que me irei debruçar
agora, porque requerem conhecimentos e cuidados e porque são os tipos de imobilizações com
ligaduras mais usadas desde o S.U.

48.2 AS LIGADURAS FUNCIONAIS


São as que se realizam com maior frequência, principalmente no desporto. Embora este método
terapêutico se use cada vez mais, convém também com justiça, não fazer dele uma panaceia.
As ligaduras funcionais, pretendem diminuir especificamente a posição de tensão dos vários
tecidos biológicos implicados na lesão, sejam capsulares, ligamentares, tendinosos ou musculares.
Para isso a ligadura deve colocar-se em posição de relaxamento das estruturas orgânicas implicadas,
e mantê-las nessa posição.
A ligadura funcional permite assim uma cicatrização em posição correcta e uma posição contra
o agravamento da lesão ou uma recidiva.
Convém assinalar e ressalvar que esta imobilização especificamente orientada, não constitui
por si só, uma imobilização estrita ou completa
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Para isso a ligadura deve colocar-se em posição de relaxamento das estruturas orgânicas
implicadas, e mantê-las nessa posição.
As ligaduras funcionais têm também por objectivo reduzir as manifestações dolorosas, e
participar na luta contra a formação do edema. Contudo, todas as ligaduras adesivas devem ter um
carácter dinâmico óptimo, de forma a evitar como já referi, qualquer lesão secundária.
As ligaduras funcionais adesivas podem ter também uma orientação terapêutica em alguns
tipos de lesão como pé equino, pé equinovaro, sub-luxação da rótula, etc. Com este objectivo a
ligadura deve permitir uma correcção da deformidade respeitando os detalhes anatomopatológicos,
e conservando igualmente ao máximo a sua função
A ligadura funcional permite assim uma cicatrização em posição correcta e uma posição contra
o agravamento da lesão ou uma recidiva.
Convém distinguir dois grandes objectivos para as ligaduras funcionais adesivas:
 Terapêutico, que procura tratar as afecções derivadas da traumatologia desportiva e
também pode beneficiar a reeducação em ortopedia.
 Preventivo, que está mais especificamente direccionado para as lesões próprias do
mundo desportivo em especial nos acidentes capsuloligamentares.
Convém assinalar e ressalvar que esta imobilização especificamente orientada, não constitui
por si só, uma imobilização estrita ou completa, se usadas principalmente no desporto, e como já foi
referido são utilizadas só para criarem alguma estabilidade articular, mas permitir o movimento com
alguma restrição.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

49 LIGADURAS DE IMOBILIZAÇÃO NÃO FUNCIONAIS

49.1 IMOBILIZAÇÃO COM LIGADURAS PARA TRATAMENTO EM


CRUZADO POSTERIOR
É usada como forma de estabilizar uma fractura ou luxação da clavícula, como tratamento
conservador. Funciona também como tratamento antiálgico.

49.2 IMOBILIZAÇÃO COM LIGADURAS PARA TRATAMENTOS DE GERDY


E/OU VELPEAU
É usada como forma de tratamento conservador, de fracturas do colo e/ou do 1/3 proximal do
úmero, e também nas luxações do ombro. Nestes casos, funciona também como tratamento
antiálgico.

49.3 IMOBILIZAÇÃO COM LIGADURAS PARA TRATAMENTOS DE ROBERT


JONNES
É usada como forma de imobilização de uma articulação traumatizada, principalmente as dos
joelhos. Funciona como tratamento, diminuição ou prevenção de um derrame pós traumático. Pode
funcionar também e só como tratamento antiálgico.

49.4 IMOBILIZAÇÃO COM LIGADURAS PARA TRATAMENTO DE COTO


(EM AMPUTAÇÕES)
É usada numa primeira fase, como forma de sustentação das partes moles,(músculos) ajudando
a um maior conforto, e servindo principalmente para a moldagem precoce do respectivo coto, num
formato cónico, indispensável para uma boa adaptação a uma futura prótese.
Numa fase final pós- cicatrização da ferida, são usadas ligaduras elásticas apropriadas ou seja
com maior tensão.

49.5 PAPEL DO ENFERMEIRO


O papel do enfermeiro nestes tratamentos, assim como em muitos outros, tem vindo a adquirir
bastante autonomia, motivada pela sua experiência e valorizada pelos conhecimentos entretanto
absorvidos, que nos dão o conhecimento real e a autoridade necessária para os executar com
segurança. Já é da função e da responsabilidade do enfermeiro, a realização de todo o tipo de
imobilizações com ligaduras.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

49.5.1 ENSINO
O ensino ao doente ou familiares é de extrema importância, para os bons resultados finais no
tratamento. O enfermeiro deve esclarecer as diferenças, entre a normalidade e a anormalidade das
situações, para que possam fazer a destrinça correcta da situação, evitando por vezes alarmes
desnecessários, ou agindo atempadamente, evitando danos maiores e por vezes irreversíveis.
49.5.1.1 Na Primeira Fase
Deve alerta-se o doente para o perigo de demasiada compressão, aparecendo sintomas de: dor,
formigueiros nas extremidades, adormecimento, palidez (branco) ou cianose (roxo ou escuro),
edemas das extremidades (inchaço) e outros.
Caso não desaparecem estes sintomas espontaneamente, deve recorrer de imediato ao serviço
de urgência mais próximo da área de residência. Caso esta alternativa se julgue muito distante ou
demorada e se persistir o problema, deve retirara em casa, toda a causado incómodo e recorrer
posteriormente ao hospital.
49.5.1.2 Na Segunda Fase:
Passa pelo ensino do início de mobilização activa, que deve começar logo após ter retirado pela
última vez a imobilização.
No caso da ligadura Gerdy, o enfermeiro, pode iniciar esse ensino, explicando e
demonstrando, como o doente pode e deve fazer, começando pela inclinação ligeira do tronco para
a frente e para o lado do membro doente, por forma a deixá-lo solto, iniciando movimentos lentos
pendulares e de rotação durante algum tempo, aumentando gradualmente conforme o suportável,
por forma a ir libertando a atrofia articular.
Posteriormente, outra forma de exercício, mas dando continuidade ao primeiro, é aproximar-se
até cerca de 20 cm de uma parede ou porta, colocar as mãos paralelas, e tacteando com os dedos,
pode iniciar uma progressão, no sentido ascendente e descendente, por forma, a que complete ou
ajude a adquirir toda a amplitude articular anterior.
Todos estes movimentos vão ajudar a restabelecer as funções articulares normais. O tempo e a
quantidade de exercícios, depende de cada pessoa. O limite é o limiar da dor. O final do tratamento
é quando se atinge a plenitude articular.
No caso da ligadura Robert Jonnes ,e se for nos membros superiores, concretamente no
cotovelo ou no punho, ou ainda nos membros inferiores, e basicamente na articulação tibiotársicas,
após ter retirado as ligaduras pela ultima vez no final do tratamento, o doente deve iniciar-se de
imediato e por ordem médica, a mobilização activa, para fazer regredir as aderências criadas,
próprias da imobilidade.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Um conselho menos académico, que é dado aos doentes, mas com o qual se tem obtido bons
resultados é que depois de tirar a imobilização, pode pôr o pé em água quente com um pouco de sal
e iniciar a mobilização activa frequentemente, porque facilita a recuperação articular.
Material
Ter todo o material pré seleccionado indispensável a cada situação e em local de fácil acesso,
de preferência junto ao doente.
Deve constar de: ligaduras de algodão de vários tamanhos, (10 cm, 15 cm) elásticas de pouca
tensão de tamanho adequado(10 ou 15 cm), ligaduras de gaze de vários tamanhos,(10, 15; 20 cm),
elásticas de muita tensão também de tamanho adequado(10 ou 15 cm), ligaduras adesivas, ligaduras
auto-aderentes, adesivo lago.
Deve ter-se também sempre à disposição compressas, solutos desinfectantes e de pensos, para
efectuar a limpeza da área ou alguma lesão da pele, se necessário.
Deve ter-se também um produto desodorizante (ex.: alfazema), para aplicar nas axilas, dobras
do cotovelo, e nas mulheres nos sulcos infra e intra-mamários, porque a permanência das ligaduras
durante uma semana, absorvem a transpiração, deixando um cheiro muito desagradável, e por vezes
com alguma irritação da pele.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

50 TÉCNICA DE IMOBILIZAÇÃO COM LIGADURA NÃO FUNCIONAL

As ligaduras devem ser escolhidas conforme cada caso e ou a sua finalidade, visto haver vários
tipos de material e de tamanho e ainda devem ser colocadas em local de fácil acesso, de preferência
o mais junto possível do doente, antes de se iniciar o tratamento.
Como princípio básico e que não deve ser desprezado, as ligaduras devem ser colocadas
sempre em espiral e por forma a que a passagem seguinte se sobreponha sempre a meio da
passagem anterior, aplicando-se uma tensão a cada passagem considerada necessária a cada caso.
Deve iniciar-se sempre da extremidade distal para a próximal. Nos membros, deve iniciar-se
sempre, a partir da raiz(base) dos dedos, por forma se possível, a permitirem a sua mobilização
activa e despiste de sinais de alerta.
Deve fazer sempre a pré desinfecção da área a tratar, assim como, realizar os pensos quando
necessário, antes de iniciar uma imobilização.
Nos cotos (resultado de amputações), a ligadura, tem como principal função, o apoio dos
tecidos moles (músculos) e minimizar a formação de edemas, quando está em posição de declive.
Deve iniciar-se a cerca de um palmo acima do extremo do coto, em posição ligeiramente inclinada,
em forma de “V”, sempre em espiral.
No caso de amputações do 1/3 próximal dos membros superiores, a ligadura pode acabar, ou
não, por envolver o tronco, para maior segurança.
No caso de amputações do 1/3 próximal dos membros inferiores, pode acabar, ou não, por
passar em circulares pela cintura, para dar maior apoio e segurança.
É fundamental esta forma de realizar a ligadura, para que se possa moldar desde logo o coto em
formato de cone, na perspectiva de mais tarde, caso esteja indicado, ou o doente pretenda, adaptar
uma prótese em perfeitas condições.

50.1 IMOBILIZAÇÃO COM LIGADURAS ELÁSTICAS PARA MODELAGEM


DE COTO
Os acidentes domésticos, de viação e principalmente os de doenças vasculares, diabetes ou
degenerativas como os carcinomas, são a causa de maior percentagem destas lesões dos membros.
A aplicação desta imobilização com ligaduras, de muita tensão é basicamente, como forma de
sustentação das partes moles (músculos), ajudando a um maior conforto e serve como a principal
função de modelagem do coto num formato cónico, indispensável para uma boa adaptação a uma
futura prótese.
A necessidade da sua aplicação e a técnica usada, depende um pouco, do nível da amputação e
das perspectivas de uso de futuras próteses.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Deve ter-se também sempre à disposição solutos desinfectante e de pensos, para efectuar a
limpeza da área ou alguma lesão da pele, se necessário.
Execução da imobilização: Deve ser verificada a integridade da pele e fazer sempre o
tratamento, caso aja necessidade, antes de colocar qualquer imobilização.
Após estes cuidados, deve iniciar-se com ligaduras de algodão e elásticas de pouca tensão e de
tamanho adequado (se for para aplicar numa primeira fase de tratamento).
O uso de ligaduras de algodão nesta fase, permitem um almofadamento e manter uma certa
protecção da sutura ainda recente, o que é fundamental.
A aplicação desta ligadura de contenção para modelagem de um coto, só se pode iniciar
quando há a certeza, de que a ferida operatória está completamente cicatrizada.
A técnica de execução depende da sua localização:
 Se a amputação for num 1/3 distal do membro, a ligadura deve ser fixa pelo menos até
ao 1/3 médio.
 Se for no 1/3 médio, deve pelo menos ser fixa até ao 1/3 próximal. Se for num 1/3
próximal e no membro superior, deve envolver o tronco. No membro inferior deve
envolver também a bacia, para dar maior estabilidade e segurança.
 Coloca-se o doente sentado , se for no membro superior, ou em decúbito dorsal, se for
no membro inferior, e com o membro lesado a descoberto.
 Executa-se a imobilização com ligaduras elástica de forte contenção (se for para aplicar
numa segunda fase de tratamento) e directamente na pele.

Figura 94.Ligadura de Coto (membro superior)


Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Iniciam-se sempre acima dos términos do coto, em posição obliqua, para que a segunda
passagem sobreponha pelo menos metade da passagem anterior e em forma de oito, procurando
realizar uma forma cónica para o coto e tapando-o por completo. Esta forma é fundamental para a
aplicação futura de uma prótese.
Deve fixar-se o melhor possível, porque este tipo de ligaduras pela sua forma cónica, desloca-
se com relativa facilidade

Figura 95.Ligadura a Coto do membro inferior


Neste tipo de imobilização, os perigos ou riscos são mínimos. No entanto devemos estar
atentos à sensibilidade e circulação distal e aos edemas por garrotamento ou aperto em demasia.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

50.2 IMOBILIZAÇÃO EM CRUZADO POSTERIOR


É usada basicamente nas fracturas da clavícula, que é uma das mais frequentes do esqueleto
humano. Esta fractura, ocorre predominantemente na zona diafisária, no seu 1/3 médio ou distal. Na
criança é quase sempre, uma fractura em ramo verde.

Figura 96.Imobilização em Cruzado - Posição anterior Posição posterior


É denominada por ligadura de cruzado posterior, porque a forma de execução é em oito
invertido e porque se cruza na região posterior da nuca, onde no fim e no seu vértice se deve dar um
nó para produzir a pressão necessária a cada caso.
A consolidação destas fracturas e em princípio, é muito rápida (cerca de quatro semanas) e
eficaz. A ligadura, serve essencialmente para um tratamento conservador, mantendo o melhor
alinhamento possível dos focos de fractura, ou como tratamento antálgico. Fica sempre um aumento
de calosidade em volta do foco de fractura, que é normal. Mas como é facilmente perceptível, cria
normalmente ao doente e ou familiares algum temor ou preocupação.
É medicamente e funcionalmente aceitável um pequeno desvio do alinhamento correcto. Não
cria nenhuma deficiência ou dificuldade funcional acrescida ao doente. Contudo o doente e ou
familiares devem ser esclarecidos para a anormalidade do facto, fazendo-o aceitar, que não é
impeditivo de recomeçar a sua vida normal.
Material - Ter todo o material pré seleccionado indispensável a cada situação e em local de
fácil acesso, de preferência junto ao doente.
Deve constar de: ligaduras de algodão, ligaduras elásticas de pouca tensão e também de
tamanho adequado (10 ou 15 cm), adesivo lago. Deve ter-se também sempre à disposição
compressas, solutos desinfectantes e de pensos, para efectuar a limpeza da área ou alguma lesão da
pele, se necessário.
Nas substituições destas ligaduras, que por norma são passados oito dias, deve ter-se também
um produto desodorizante (ex.: alfazema), para aplicar nas axilas, porque a permanência das
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

ligaduras durante uma semana, absorvem a transpiração, deixando um cheiro muito desagradável, e
por vezes com alguma irritação da pele.
Execução da Ligadura - Depois do doente devidamente acomodado na posição correcta, e que
para mim é a posição de sentado, com o tronco nu e as mãos nos quadris, por forma a fazer um arco,
porque facilita a execução da ligadura e diminui o risco de demasiado aperto nas axilas,
minimizando o aparecimento de parestesias (formigueiros) e dificuldade circulatória nas
extremidades.
Verifica-se a integridade da pele e em caso de necessidade, faz-se a devida desinfecção ou o
penso.
De seguida, deve desengordurar-se e desodorizar as axilas, com o produto à disposição, para
retirar ou pelo menos minimizar os cheiros acumulados, próprios deste tratamento.
Inicia-se com a aplicação de ligaduras e algodão, em forma de oito invertido, que se deve
cruzar nas costas, mais ou menos 10 cm abaixo da região da nuca, deixando por consequência, o
peito sempre livre.
Esta primeira ligadura, tem como função o almofadamento, para a protecção da pele e maior
conforto do doente.
Na continuidade do tratamento, deve:
 Aplicar-se uma ligadura de gaze, de tamanho adequado, porque estas ligaduras, são
feitas de um tecido mais firme, dando mais consistência, portanto, cumpre melhor os
objectivos do tratamento.
 No seguimento do tratamento, pode ou não aplicar-se uma ligadura elástica. Esta, pode
ser necessária para terminar o trabalho, ou para dar mais perfeição e brio profissional.
 Para terminar, deve dar-se um nó com um pedaço de ligadura, exactamente no ponto de
cruzamento das ligaduras na região posterior. Isto vai provocar maior tensão nas
ligaduras e consequentemente melhor alinhamento dos focos de fractura. Deve rematar-
se com um pouco de adesivo em volta desta nó, para não se desfazer tão facilmente.

Cuidados a ter na execução


Nestes tratamentos, existe o perigo de se provocar uma lesão do plexo braquial, se as ligaduras
ficarem com demasiado aperto ou tensão, assim como se houver menos atenção, podem provocar
lesões graves da pele. Essencialmente por esta razão é que está descrito como técnica fundamental,
a aplicação na primeira fase, de uma ligadura de algodão, como almofadamento. Por princípio, estas
ligaduras, devem ser substituídas de oito em oito dias, até final do tratamento.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Ensino - Deve alerta-se para o perigo de demasiada compressão, aparecendo sintomas de: dor,
formigueiros nas extremidades, adormecimento, palidez (branco) ou cianose (roxo ou escuro),
edemas das extremidades (inchaço) e outros.
Se sentir aparecer estes sinais, deve de imediato elevar os braços à altura da cabaça. Esta acção,
por norma, faz regredir e desaparecer os sintomas.

Figura 97.Ligadura cruzada amovível

Actualmente, já existem materiais amovíveis, que conseguem o mesmo efeito e eficácia no


tratamento, sendo muito mais cómodos, e menos desconfortáveis do que a imobilização em cruzado
posterior da fractura da clavícula.
Este material tem vantagens, porque é reutilizável, é amovível para permitir mais facilmente os
cuidados de higiene, pode a todo o momento ser regulável para a pressão desejável ou aconselhada.
Contudo na primeira fase de tratamento, ou seja logo após o traumatismo, e se a fractura for
muito instável, é aconselhável usar o método anterior das ligaduras, porque permite maior
estabilização dos focos de fractura, o obriga a que o doente suporte a pressão deixada inicialmente
sem a tentação de aliviar o aperto

50.3 IMOBILIZAÇÃO DE GERDY E/OU VELPEAU


Estas imobilizações, têm o nome dos cirurgiões que as
idealizaram, realizaram e divulgaram, nos finais do século
XIX. São usadas como tratamento conservador,
substituindo em muitas situações com vantagem, os
aparelhos gessados, que são mais incómodos, menos
funcionais e cujos resultados são comparáveis nas duas
formas de tratamento.

Figura 98.Imobilização de Gerdy


e/ou Velpeau
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Evitam por vezes as intervenções cirúrgicas, de várias lesões dos membros superiores, tais
como: luxações dos ombros, fracturas do colo do úmero, Fracturas do 1/3 próximo ou médio
do úmero.
O tempo de tratamento das fracturas com este tipo de ligaduras é normalmente de quatro
semanas. No entanto, por razões diversas, tanto nos muito jovens, como nos idosos, pode ser mais
curto, ou seja por volta das três semanas.
A razão principal no jovem é, porque a união das fracturas se processa de uma forma mais
acelerada, tornando-se mais rapidamente indolor, devido a estar ainda num processo de crescimento
e consolidação óssea.
A razão principal no idoso é pelo risco maior de rigidez e atrofiamento da articulação do ombro
ou cotovelo, o que lhe causaria maiores dificuldades na recuperação da total e normal mobilidade
do membro.
É clinicamente e funcionalmente aceitável, um pequeno desvio do alinhamento correcto do
membro. Não cria nenhuma deficiência ou dificuldade acrescida ao doente, na sua vida normal ou
profissional.
Contudo, o doente deve ser esclarecido quanto à alteração e à normalidade do facto,
garantindo-lhe que não é impeditivo de recomeçar a sua vida normal.
Material
Ter todo o material pré seleccionado indispensável a cada situação e em local de fácil acesso,
de preferência junto ao doente.
 Deve constar de: ligaduras de algodão dos tamanhos, (10cm,15cm) elásticas de pouca
tensão de tamanho adequado (10 ou 15cm), ligaduras de gaze dos tamanhos,
(10cm,15cm), ligaduras auto- aderentes, adesivo lago.
 Deve ter-se também sempre à disposição compressas, solutos desinfectantes e de
pensos, para efectuar a limpeza da área ou alguma lesão da pele, se necessário.
Nas substituições desta ligaduras, que por norma são passados oito dias, deve ter-se também
um produto desodorizante (ex.: alfazema), para aplicar nas axilas, dobra dos cotovelos, ou nas
mulheres sob ou entre os seios, porque a permanência das ligaduras durante uma semana, absorvem
a transpiração, deixando um cheiro muito desagradável, e por vezes com alguma irritação da pele.
Execução da Imobilização
As imobilizações de Gerdy ou Velpeau, são basicamente iguais, tanto na forma de se
executarem, como nos objectivos a atingir. Diferem sobretudo, no posicionamento e imobilidade do
antebraço.
Nos últimos anos, a técnica e também os materiais usados na realização destas imobilizações,
têm vindo lentamente a modificar-se. Usava-se e foi posto de lado, a utilização das ligaduras de
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

algodão, no primeiro envolvimento junto à pele, com a finalidade de proteger e separar o braço do
tórax, evitando assim graves problemas de maceração cutânea, durante os 8 dias de intervalo
necessários para cada muda ou substituição das ligaduras.
Este espaço de tempo é tecnicamente recomendado para a respectiva substituição, porque, caso
contrário, a transpiração absorvida pelas ligaduras, criava graves lesões cutâneas, ou no mínimo,
grande mau estar para o doente.
Como a frequência com que os doentes apresentavam macerações graves da pele,
principalmente na axila, dobra do cotovelo, zona lateral do tronco e, porque nas mulheres,
principalmente o sulco intra - mamário e infra - mamário era elevada, o que não permitia continuar
o tratamento, com a realização de outra imobilização, suprimi a aplicação das ligaduras de algodão,
iniciando as imobilizações, desde logo substituída, com as ligaduras de gaze de 20 cm.
Com esta técnica, não se perde e firmeza e a finalidade da imobilização e evitamos os
problemas já referenciados, como também recebi de imediato a opinião de agrado dos doentes,
relacionando este método, com o maior conforto em todos os aspectos.
Nos últimos anos, a técnica e também os materiais usados na realização destas imobilizações,
têm vindo lentamente a modificar-se. Já é possível também substituir e com enorme vantagem, as
ligaduras elásticas adesivas, por outro material também elástico, mas não adesivo, que, para além de
permitir um trabalho final perfeito, evita o desagradável inconveniente das alergias, macerações e
dos restos da cola sobre a pele.
Também, com esta técnica e com este material, não perdemos a firmeza e a finalidade da
imobilização e principalmente, evitam-se os problemas já referenciados. Satisfez-me também,
receber desde logo a opinião de agrado dos doentes relacionando este método, com o maior
conforto em todos os aspectos, o que nos motiva para o contínuo aperfeiçoamento das técnicas e
sempre na busca dos melhores materiais, para melhor servir.
Como executar:
Coloca-se o doente em tronco nu e de pé (sentado se tiver muita dificuldade em se manter de
pé), porque, é esta a posição mais adequada para facilitar a colocação das ligaduras e manter o
correcto alinhamento do osso e focos de fractura.
Depois de verificada a integridade da pele, inicia-se a imobilização, colocando uma compressa
grande na axila, para almofadar, proteger e evitar o contacto da pele do braço com o tórax, para
prevenir provável maceração e feridas cutâneas.
Inicia-se com ligaduras de gaze de preferência de 20 cm de largura e com várias circulares a
iniciarem na cintura, para maior estabilidade e segurança, seguindo em contínuo até à região
mamilar.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Nas senhoras, antes de encostar o braço ao tórax, deve ter-se em conta e o cuidado, de proteger
os seios no seu todo e nos sulcos infra e inter. - mamário, por serem zonas de pele muito sensíveis e
por vezes volumosos, o que aumenta o risco de lesões cutâneas, evitando-se assim a maceração.
Depois, pode colocar-se o membro na posição pretendida, junto ao tórax, visto ser o tórax parte
fundamental nesta imobilização, porque faz de tala e suporte para o alinhamento e para a
imobilidade do membro. Em acto contínuo, vai se envolvendo o braço e antebraço, cruzando as
ligaduras no ombro e passando sob o braço contrário ao doente, uniformemente, por forma a que se
consiga um bom ajustamento, mas sem demasiado aperto do braço doente ao tórax.
Procurar fazer uma boa suspensão do antebraço, até que se consiga um envolvimento total de
todo o membro, desde o ombro até ao punho, deixando a mão livre.
De seguida, inicia-se o mesmo trabalho, mas com ligaduras que pode ser adesivas porque, esta
imobilização, por princípio, vai ser mantida no mínimo durante oito dias e corremos o risco de se
desfazer com os movimentos do doente, perdendo assim o objectivo do tratamento.
Cuidados a ter na Execução
Os perigos recorrentes desta imobilização, são os de maceração da pele, quando não é bem
protegida, principalmente na axila, dobra do cotovelo, junto ao tórax ou nas senhoras nos sulcos
mamários.
É importante a mão ficar liberta, de forma a facilitar a mobilidade, o que permite o doente fazer
pequenas tarefas domésticas a que estava habituado.
É importante também para a vigilância da mão evitando o garrotamento e prevenindo o
aparecimento de parestesias das extremidades, facilitar a circulação de retorno e para o despiste de
anomalias
Outro perigo muito frequente e para o qual devemos estar sempre atentos é o edema da mão,
principalmente quando há garrotamento ou imobilidade. Por princípio, estas imobilizações, devem
ser mudadas de oito em oito dias, no mínimo, para se verificar o estado da pele.
Outro risco, sempre presente é a rigidez por imobilidade do ombro e /ou do cotovelo. Por este
facto é que como já foi dito, que o tratamento não deve ser muito prolongado.
Ensino
Um perigo muito frequente e para o qual o doente e/ou familiares devem estar sempre atentos é
o edema da mão, principalmente quando há garrotamento ou imobilidade, edema, cianose, palidez,
formigueiros.
Caso estes sinais não desapareçam, nas primeiras 24 a 48h, devem de imediato recorrer ao
serviço de urgência do hospital ou centro de saúde mais próximo da área de residência, ou ao seu
médico assistente, ou ainda à sua consulta.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Mesmo depois de todas estas alternativas ainda seja muito demorado, em tempo ou pela
distância e se o problema persistir, deve retirar em casa toda a causa do incómodo e recorrer
posteriormente a qualquer uma das alternativas já descritas.
Actualmente existe outra forma e outro material para fazer
a imobilização de Gerdy nas fracturas do colo ou 1/3 proximal
do úmero. Este material tem vantagens, porque é reutilizável, é
amovível para permitir mais facilmente os cuidados de higiene,
pode a todo o momento ser regulável para a pressão desejável
ou aconselhada.
Contudo na primeira fase de tratamento, ou seja logo após
o traumatismo, e se a fractura for muito instável, é Figura 99.Imobilização de
Gerdy
aconselhável usar o método anterior das ligaduras, porque
permite maior estabilização dos focos de fractura, o obriga a
que o doente suporte a pressão deixada inicialmente sem a
tentação de aliviar o aperto

50.4 IMOBILIZAÇÃO DE ROBERT JONNES


Os traumatismos articulares provocados por
choque, ou por entorse, causando pequenas fracturas
e/ou roturas ligamentares tíbio-társicas, do cotovelo e
principalmente ligamentares, ou meniscais dos
joelhos, são muito frequentes.
Os acidentes domésticos, de viação e
principalmente os desportivos, são a causa de maior
percentagem destas lesões articulares.
Figura 100. Imobilização Robert A aplicação desta imobilização com ligaduras é
Jonnes: Cotovelo
basicamente, com a função de tratamento
conservador, de tratamento antiálgico e para diminuir
numa primeira fase a amplitude articular, permitindo
uma maior contenção das articulações com lesão,
diminuindo o risco de derrames ou mesmo ajudando
(caso exista), à sua reabsorção.
Figura 101. Imobilização Robert
Jonnes: Joelho
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

O período de tempo para o tratamento conservador, depende de cada caso. No entanto e por
princípio, não deve ir além de quatro semanas, para evitar que a articulação adquira aderências e
rigidez provocadas pela imobilidade, tornando depois extremamente difícil a reabilitação da
plenitude articular.
Material
Ter todo o material pré seleccionado indispensável a cada situação e em local de fácil acesso,
de preferência junto ao doente.
 Deve constar de: - ligaduras de algodão dos tamanhos,(10cm,15cm) elásticas de pouca
tensão de tamanho adequado(10 ou 15 cm), ligaduras de gaze dos tamanhos,
(15cm;20cm), ligaduras adesivas, ligaduras auto- aderentes, adesivo lago.
 Deve ter-se também sempre à disposição compressas, solutos desinfectantes e de
pensos, para efectuar a limpeza da área ou alguma lesão da pele, se necessário.
Execução da Imobilização
Para a aplicação desta ligadura de Robert Jonnes nos joelhos é indispensável ter a colaboração
de duas pessoas e em que uma delas seja profissional. Coloca-se o doente em decúbito dorsal, com
o membro lesado a descoberto.
Depois de verificada a integridade da pele, ou feito o tratamento, caso aja necessidade, um dos
elementos fica a suster na perna pela região posterior do pé (calcanhar), elevando-a ligeiramente e
em extensão.
Após estes cuidados, inicia-se a imobilização com ligaduras de algodão, ligeiramente acima
dos maléolos, por forma a que a segunda passagem recubra metade da primeira, em espiral, até à
raiz da coxa, aplicando sempre uma pressão controlada e achada a conveniente para cada caso. Em
acto contínuo, aplica-se da mesma forma, as ligaduras de gaze e também com alguma tensão.
Repete-se a aplicação de ligadura de algodão. Repete-se a aplicação de outras ligaduras, que neste
caso pode ser novamente de gaze ou elástica.
No final, para melhor contenção, pode-se ou não aplicar ligaduras elásticas adesivas ou auto-
adesivas. Este conjunto de ligaduras, garantem que, a imobilidade que se pretende é quase completa
e não se corre o risco de que com o tempo se desfazer, permitindo assim atingir melhor os seus
objectivos.
Cuidados na Execução
Neste tipo de imobilização, os perigos ou riscos são mínimos. No entanto devemos estar
atentos à sensibilidade e circulação distal e aos edemas por garrotamento ou aperto em demasia.
Ensino
O doente e/ou familiares devem ser alertados e ensinados a observar sinais anormais como
sejam, o perigo de demasiada compressão, aparecendo sintomas de: dor, formigueiros nas
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

extremidades, adormecimento, palidez (branco) ou cianose (roxo ou escuro), edemas das


extremidades (inchaço) e outros. Caso não desapareçam, devem de imediato recorrer ao serviço de
urgência do hospital ou centro de saúde mais próximo da área de residência, ou ao seu médico
assistente, ou ainda à sua consulta.
Mesmo depois de todas estas alternativas ainda seja muito demorado, em tempo ou pela
distância e se o problema persistir, deve retirar em casa toda a causa do incómodo e recorrer
posteriormente a qualquer uma das alternativas já descritas

Figura 102. Imobilização do MI

Actualmente existe outra forma e outro material para fazer a imobilização de Robert Jonnes nas
fracturas do joelho, meniscos ou roturas de ligamentos, como tratamento de segurança pós-
cirúrgico. Este material tem vantagens, porque é reutilizável, é amovível para permitir mais
facilmente os cuidados de higiene, pode a todo o momento ser regulável para a pressão desejável ou
aconselhada.
Contudo na primeira fase de tratamento, ou seja logo após o traumatismo, é aconselhável usar
o método anterior das ligaduras, porque permite maior estabilização da lesão e o obriga a que o
doente suporte a pressão deixada inicialmente sem a tentação de aliviar o aperto.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

51 TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO COM LIGADURAS FUNCIONAIS

Existem alguns trabalhos escritos, que se dedicam em exclusivo ao tema de ligaduras


funcionais, principalmente como suporte da terapêutica ortopédica prática. Espero com este
trabalho contribuir para aumentar a oferta já existente neste campo, e principalmente motivar ainda
mais o interesse por esta forma de tratamento.
Não vou discutir as diferentes concepções nos seus propósitos, porque muitas vezes dependem
do caso ou da prática de cada autor. Contudo estou convicto que a finalidade se mantém inalterada
seja qual for o seu autor.
Gostava de deixar claro neste trabalho, que a aplicação das ligaduras funcionais não se
reduzem ao terreno desportivo, mas também são muitos úteis em outros campos da medicina, como
em Traumatologia e Ortopedia convencional, na Reumatologia, na Cirurgia Vascular e
convencional, principalmente na reeducação de amputações dos membros.
Como dizia o autor Dr. COMMANDRÉ, no seu livro de edição francesa, este tema tanto deve
interessar ao médico na área da cirurgia ortopédica, traumatologia, reumatologia, ou medicina do
desporto, como também ao fisioterapeuta ou ao enfermeiro.
Seria importante que cada vez mais os enfermeiros que exercem funções na área de orto-
trumatologia ou os que se dedicam à medicina desportiva, debatessem ou expusessem as suas
experiências, por forma a que existisse um contínuo aperfeiçoamento dos materiais e
principalmente das técnicas no intuito dos melhores resultados para o doente.

51.1 DEFINIÇÃO
As ligaduras funcionais são reconhecidas como uma técnica que tenta manter, estabilizar,
solidificar, suprir e/ou reforçar estruturas biológicas bem definidas.
A diferença entre os outros meios de contenção rígido como por exemplo o gesso, os metais ou
os materiais termo moldáveis é, que as ligaduras utilizam um material flexível, constituído por
tecidos que podem ou não ser impregnadas com adesivo, o que nos leva a distinguir entre ligaduras
adesivas ou não adesivas.
Entre as ligaduras adesivas devemos ter em conta uma diferenciação entre dois tipos de
material:
 1- Num caso, não são elásticas (inextensíveis), quando feitas com tecido, pelo que não é
possível distende-las tanto em largura como em comprimento. Esta característica não
significa que seja um inconveniente, mas sim uma propriedade que deve ser usada em
casos seleccionados e com rigor.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

 2- Noutro caso, são elásticas e depois de terem sido estiradas sob um força exterior
aumentam o seu comprimento ou largura, mas que depois de soltas dessa pressão são
capazes de voltar de forma mais ou menos perfeita ou seu estado inicial de repouso.

Este aspecto é importante ter-se sempre em conta a quando da sua aplicação, porque pode ser
um motivo importante ou até fundamental no aparecimento de lesões secundárias ao tratamento e
que podem por si só serem graves ou até irreversíveis.
As ligaduras adesivas aplicam-se basicamente sobretudo em traumatologia desportiva, porque
o desportista está sempre desejoso de se manter em forma rapidamente, não querendo ficar
imobilizado por muito tempo. Isto explica frequentemente a indicação da aplicação de ligaduras
adesivas com método terapêutico, que permitem limitar quando se deseja de forma selectiva a
amplitude ou mobilidade de uma determinada articulação.
As ligaduras elásticas devem ser adaptadas a cada caso, ao estado do doente e em função dos
objectivos terapêuticos.

51.2 LIGADURAS ADESIVAS FUNCIONAIS


As ligaduras adesivas funcionais são as que se realizam com maior frequência. Por outro lado,
quando se fala habitualmente de ligaduras funcionais, pensa-se logo em ligaduras adesivas. Embora
este método terapêutico se use cada vez mais, convém também com justiça, não fazer dele uma
panaceia.
As ligaduras funcionais adesivas, pretendem diminuir especificamente a posição de tensão dos
vários tecidos biológicos implicados na lesão, sejam capsulares, ligamentosos, tendinosos ou
musculares. Para isso a ligadura deve colocar-se em posição de relaxamento das estruturas
orgânicas implicadas, e mantê-las nessa posição.
A ligadura funcional permite assim uma cicatrização em posição correcta e uma posição contra
o agravamento da lesão ou uma recidiva. Convém assinalar e ressalvar que esta imobilização
especificamente orientada, não constitui por si só, uma imobilização estrita ou completa.
As ligaduras funcionais têm também por objectivo reduzir as manifestações dolorosas, e
participar na luta contra a formação do edema. Contudo, todas as ligaduras adesivas devem ter um
carácter dinâmico óptimo, de forma a evitar como já referi, qualquer lesão secundária.
As ligaduras funcionais adesivas podem ter também uma orientação terapêutica em alguns
tipos de lesão como pé equino, pé equinovaro, sublocação da rótula, etc. Com este objectivo a
ligadura deve permitir uma correcção da deformidade respeitando os detalhes anatomopatológicos,
e conservando igualmente ao máximo a sua função.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Convém distinguir dois grandes objectivos para as ligaduras funcionais adesivas:


 Terapêutico, que procura tratar as afecções derivadas da traumatologia desportiva e
também pode beneficiar a reeducação em ortopedia.
 Preventivo, que está mais especificamente direccionado para as lesões próprias do
mundo desportivo em especial nos acidentes capsuloligamentares.

51.2.1 OBJECTIVOS TERAPÊUTICOS


Estas ligaduras distinguem-se das totalmente rígidas como as imobilizações gessadas, pelo seu
carácter funcional constante, e que limita a liberdade de um segmento ao mínimo, mas de forma
específica, porque evita muitos dos inconvenientes resultantes da imobilização completa, mas
cumprindo sempre as necessidades terapêuticas.
Isto é uma vantagem em relação à mobilização rígida, e pode inclusive favorecer a qualidade
do tecido cicartricial.
As ligaduras funcionais, pretendem reduzir as manifestações das lesões, porque colocam em
posição relaxada, antiálgica e de menor solicitação os elementos anatómicos lesados, de forma
específica, respeitando ao máximo os graus de liberdade articulares.
Convém pois, antes de realizar qualquer ligadura, analisar e explorar as consequências do
traumatismo, tanto do ponto de vista anatómico como funcional, com a finalidade de definir
eficazmente a ligadura a colocar. As ligaduras funcionais adesivas com a finalidade curativa,
realizam-se de uma maneira geral:
 Na posição do segmento já corrigido na qual permite distender ou encontrar os
elementos capsuloligamentares, tendinosos e/ou musculares.
 Permite proteger com a máxima eficácia as estruturas anatómicas implicadas, seguindo
um modelo de execução assimétrico.
 Permite de forma especificamente orientada suprir e/ou reforçar os elementos
lesionados, respeitando uma mobilidade mínima. Com efeito, o bloqueio segmentário,
não inclui ligaduras funcionais, porque este não é o seu objectivo.
A intensidade da imobilização articular que se pretende depende de numerosos factores, tais
como:
 A natureza das ligaduras utilizadas
 A técnica de confecção
 O comprimento das tiras adesivas, etc.
As ligaduras adesivas resultam numa ajuda terapêutica que permite a combinação com outras
formas de tratamentos, como:
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

 Aplicação de gelo
 plicação de técnicas de reforço neuromuscular, etc.
Por outro lado, a aplicação de técnicas de electroterapia não devem ser executadas, porque
aumenta correntes periféricas.

51.2.2 OBJECTIVO PREVENTIVO


As ligaduras funcionais preventivas, utilizam-se com critério paliativo, depois de vários
episódios de lesões idênticas, com o fim de evitar uma recidiva, que pode ser sido iludida com as
aplicações de ligaduras adesivas.
Esta situação ocorre frequentemente nos meios desportivos e especialmente nas lesões
capsuloligamentares, embora também se possam realizar ligaduras preventivas nas afecções
musculares e tendinosas.
As ligaduras preventivas das lesões musculares e tendinosas executam-se da mesma forma que
as ligaduras terapêuticas, tendo como vantagem o correcto posicionamento articular.
Também as ligaduras adesivas aplicadas em tendinites e acidentes musculares, que se
executam de forma circular compressivo podem ter por objectivo melhorar o fenómeno circulatório
e aumentar o tónus muscular. Classicamente a ligadura funcional adesiva preventiva de uma lesão
capsuloligamentar executa-se:
 Em posição neutra, ou chamada intermédia sem forçar uma correcção, porque esta
poderia como consequência provocar uma lesão contrária. Assim por exemplo, se uma
ligadura funcional preventiva de uma luxação externa do tornozelo for feita em posição
de eversão, haverá uma forte tendência a se provocar uma luxação interna.
 Deve seguir-se um modelo de execução perfeitamente simétrico, por forma a permitir a
protecção de compartimentos articulares antagonistas. Sem esquecer que é também
possível realizar uma montagem assimétricas preventiva, mas tendo o cuidado de não
estirar demasiado as ligaduras, para não provocar uma posição corrigida numa só
direcção.
 Deve executar-se de forma que permita uma actividade funcional óptima. Por isso as
ligaduras adesivas devem impedir adoptar posições articulares viciosas, que são
susceptíveis de provocar lesões recidivas.

È de desconfiar da necessidade de colocação sistemática e repetitiva das ligaduras adesivas


preventivas que asseguram uma estabilidade passiva. Isto pode criar uma certa dependência a este
tratamento, expondo o doente a lesões que podem ser graves quando não estiver protegido. Por este
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

motivo deve realizar-se o ensino ao doente de um trabalho específico que se dirija a um controlo
activo articular e neuromuscular.

51.2.3 INDICAÇÕES E MECANISMOS DE ACÇÃO DAS LIGADURAS


È na traumatologia desportiva que as ligaduras funcionais adesivas têm mais aplicações. O
objectivo de todo o desportista é evitar a imobilização para evitar a perda de forma, em benefício do
treinamento contínuo. Toda a imobilização acarreta uma perda muscular rápida, apesar das
contracções estáticas. Este tipo de imobilização altera também o programa de mobilidade.
A possibilidade de realizar uma imobilização selectiva é preferível quando está bem indicada.
Estas ligaduras permitem a realização de fisioterapia, e em certo grau o treinamento muscular
também é possível.
No obstante de crermos que se podem tratar todas as afecções com estes procedimentos, e as
indicações das ligaduras adesivas serem muito amplas, as contra-indicações estão também em
função das lesões e do comportamento do lesionado.
As indicações são prescritas pelo médico, que deve ter em conta o avanço das técnicas de
realização das ligaduras adesivas. È indiscutível que quantos mais familiarizados estiverem com as
técnicas, maiores são as suas indicações.
Fora do terreno desportivo, há outros sectores que beneficiam do emprego destas ligaduras.
Estão nestes casos a neurologia, a reumatologia e a traumatologia ortopédica.
As ligaduras funcionais adesivas, pretendem colocar numa posição relaxada, antiálgica e de
menor solicitação as estruturas lesionadas, de forma específica, limitando ao mínimo o numero de
graus de liberdade articular, com a finalidade de preservar ao máximo a autonomia funcional da
pessoa.
Podem também ser aplicadas para prevenir atitudes viciosas, deformidades, suprir funções
deficitárias e colocar em repousa algum segmento do corpo. Além das indicações do foro
desportivo, convêm não esquecer também das indicações em patologias como: pé equino, hallux
valgus, metatarsalgias, etc.

51.2.4 INDICAÇÕES NAS LESÕES CAPSULOLIGAMENTARES:


As ligaduras funcionais indicadas nos acidentes capsuloligamentares, constituem de facto um
plano ligamentar suplementar artificialmente adaptado, destinado a economizar e a reforçar o
primeiro, mesmo sendo com critério terapêutico ou com critério preventivo.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Pode haver casos em que a ligadura será um pouco mais resistente e em posição de
hipercorreção, ou então de encurtamento, dependendo da gravidade da lesão, e que se irá alargando
progressivamente até se conseguir um alinhamento perfeitamente assimétrico.
Pode haver outros casos com finalidade preventiva, em que é necessário conservar uma função
correcta de forma a permitir o alongamento capsuloligamentar sem impedir a amplitude articular,
porque pode ser a causa de uma recidiva.

51.2.5 INDICAÇÕES NAS LESÕES TENDINOSAS:


A indicação de uma ligadura funcional nas afecções tendinosas é na realidade um sistema de
substituição da acção muscular que está debilitado no espaço tendinoso afectado. Esta ligadura deve
permitir o movimento antagonista mínimo com a finalidade de preservar a sua função.
A sua aplicação é essencialmente terapêutica, mas também pode estar indicada com o objectivo
de evitar agravar a lesão se o indivíduo precisar de realizar ao mesmo tempo uma actividade
incómoda.
A colocação de uma ligadura funcional circular, razoavelmente apertada, colocada a diferentes
níveis parece produzir uma amortização das vibrações provocadas pelas pancadas ou pressão.
Contudo, estas ligaduras só devem ser colocadas durante a realização da actividade física, e
retiradas imediatamente após ter terminado, sob pena de criar transtornos circulatórios graves.

51.2.6 INDICAÇÕES NAS LESÕES MUSCULARES:


As ligaduras funcionais indicadas nos acidentes musculares, pretendem limitar o alargamento
dos músculos afectados, (que geralmente são poliarticulares) graças à restrição da amplitude das
articulações que cruzam. Contudo é sempre conveniente conservar uma amplitude mínima. À
medida que a lesão vai cicatrizando, pode ser autorizado uma diminuição da tensão da ligadura,
reduzindo também o número de articulações envolvidas.
A execução deste tipo de tratamento, especialmente terapêutico, pode ser complementar ou
pode ser substituído por uma ligadura com finalidade profilática.
Neste caso, a ligadura realiza-se de uma forma circular, relativamente apertada para procurar
dar ao doente uma sensação de comodidade e de percepção muscular aumentada. Convém referir
que esta ligadura embora possa produzir um efeito de aumento do tonus muscular, não tem
nenhuma acção mecânica de limitação sobre a extensibilidade muscular.

51.2.7 INDICAÇÕES EM EDEMAS DOS MEMBROS:


Num conjunto de afecções que escapam à traumatologia essencialmente desportiva, podemos
ter em conta um problema de derrames que podem ser causados por hematomas, edemas vários ou
hidrartroses.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Quando existe um derrame localizado ou generalizado, quase nunca deve ser aplicado uma
ligadura adesiva directamente na pele, porque pode provocar sulcos de constrição e compressão,
além de que ao ser retirada, pode causar graves danos de maceração ou provocar reacções adversas
da pele.
Tanto em lesões capsuloligamentares, como miotendinosas, a ligadura funcional adesiva, só
pode ser colocada se o derrame for pouco significativo e esteja bem localizado. Neste caso, é
conveniente colocar antes uma ligadura não adesiva. Caso contrário é conveniente fazer-se primeiro
a extracção da maior quantidade possível do líquido causador do derrame.
Cada vez que um membro apresenta edema, a ligadura deve envolver completamente o
segmento, enrolada da parte distal para a proximal, por forma a evitar provocar edema entre os
espaços livres entre as várias passagens da ligadura.

51.2.8 CONTRA INDICAÇÕES DAS LIGADURAS FUNCIONAIS:


De um modo geral, são as lesões graves que necessitam de uma imobilização indicada, com o
objectivo de terminar a respectiva lesão. Contudo, convém considerar como contra-indicações,
todas as aplicações abusivas que não permitem conservar um mínimo de função da articulação em
causa, especialmente nos desportistas. De uma maneira geral, é igualmente necessário citar como
contra-indicações:
 A alergia ao material adesivo, que muitas vezes o próprio doente desconhece, e que
pode provocar graves lesões cutâneas
 As afecções dermatológicas
 Os problemas vasculares
 As redes venosas extensas ou varicosas
 Os edemas generalizado, etc.

51.2.9 ALGUNS EXEMPLOS DE ALGUMAS LIGADURAS FUNCIONAIS


Ligadura funcional adesiva, para
uma tendinite do extensor do primeiro
dedo do pé.
Execução: A porção média da
tira adesiva passa por baixo da
primeira falange, oferecendo assim
mais segurança.
Figura 103. Ligadura oara tendinite do hallux
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Lesão do calcâneo.
Execução: seguir a sequência de
imagens.

Figura 104. Ligadura para Lesão do Calcaneo

Figura 105. Ligadura para Tibiotarsica


Lesões ligamentares da articulação tibiotárcica
Execução: A colocação de dois pedaços sobrepostos, evitam o garrotamento ao mesmo tempo
que cobrem todo o perímetro do segmento do membro. A colocação do pé em posição equina,
eversão, inversão ou outra, depende de cada caso ou lesão. Como opção final pode usar-se uma
malha tubular, para maior conforto e aparência. Seguira a sequência das imagens
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Figura 106. Ligadura para Tendão de Aquiles

Lesão do tendão de Aquiles.


Execução: Colocar o pé em extensão e seguira a sequência das imagens.

Figura 107. Ligaduras para lesões no joelho


Lesões do joelho.
Execução: A tensão ou alinhamento depende dos vários tipos de lesão e seguira a sequência
das imagens
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Figura 108. Lesões Musculares da Coxa


Lesões musculares da coxa
Execução: Deve ser colocação a primeira tira de adesivo sobre a face posterior da coxa, e
sobrepor-se na face anterior. O inter cruzamento das várias tiras provoca maior compressão
muscular e seguira a sequência das imagens

Figura 109. Lesões Articulares Do Polegar


Tendinites Ou Lesões Articulares Do Polegar
Execução: Colocar a primeira tira para que se cruzem na face dorsal da articulação
metacarcofalângica. Seguira a sequência das imagens.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Figura 110. Ligadura para Tendinites dos Dedos

Tendinites Ou Lesões Articulares Dos Dedos


Execução de alguns exemplos: Colocar a primeira tira para que se cruzem na face dorsal da
articulação metacarcofalângica e seguir a sequência das imagens.

Figura 111. Ligaduras para o Punho

Lesões Articulares Do Punho.


Execução: Colocar a primeira tira para que se cruzem na face dorsal da articulação. A primeira
tira coloca-se na sua parte média na palma da mão, passando pelo espaço interdigital do polegar,
indo fixar-se na zona próximal do antebraço e seguira a sequência das imagens.
Capitulo XII - Ligaduras E Técnicas De Execução

Figura 112. Lesões Articulares Do Cotovelo


Lesões Articulares Do Cotovelo.
Execução: Colocar a primeira tira para que se cruzem na face anterior da articulação. É
aconselhável sempre que possível colocar sempre o cotovelo em flexão de cerca de 90º para evitar
posteriores pregas dos adesivos e garrotamentos, que teriam consequências muito graves. Seguira a
sequência das imagens

Figura 113. Lesões Articulares do Ombro


Lesões Articulares Do Ombro.
Execução: Colocar o braço elevado até ao máximo possível, colocando-o confortavelmente
sobre uma almofada e seguira a sequência das imagens.

51.3 CONCLUSÃO:
Todas as imobilizações funcionais, de contenção ou de fixação, executadas com ligaduras
adesivas, elásticas ou de tecido rígido, devem ser colocadas tendo em conta sempre a posição ou a
tensão suportada pelo doente.
O enfermeiro deve ter o conhecimento que o habilita e a ponderação necessária para actuar em
cada caso ou circunstância, da melhor forma e com os melhores resultados para o doente, dando a
melhor utilização ao material ao seu dispor.
Capitulo XIV - Conclusão

52 BREVE HISTÓRIA DO USO DE GESSOS

O gesso, é seguramente o mais comum dos meios de imobilização das fracturas usados em
todo o mundo.
Desde o início do século passado, que os gessos, e os aparelhos gessados, foram motivo de
muitos estudos e alterações na filosofia de aplicação, nas várias fases de um tratamento, tanto nas
lesões ósseas por fractura, como também nas malformações congénitas ou degenerativas,
principalmente da coluna vertebral.
CALOT (1926), num trabalho publicado intitulado ORTHOPÉDIE INDISPENSÁBLE – 9ª
Edição, (pág. 7 e 16), referia que o gesso era um objecto de primeira necessidade para os praticantes
médicos, e que não deviam partir para a vida profissional diária, sem uma provisão de alguns quilos
de gesso.
Como se faziam as ligaduras de gesso: O engessamento das ligaduras e telas, fazia-se
simplesmente introduzindo-as dentro da papa de gesso, que na sua composição constava de mistura
de cinco partes de água e de três partes de gesso. Tinha que ser feito com água fria, porque como
era e é do nosso conhecimento, o gesso em contacto com a água quente, inicia desde logo um
processo químico, que provoca uma secagem muito rápida, não permitindo grande margem de
manobra para a sua moldagem. A quantidade, dependia da zona a imobilizar.
A preparação, fazia-se dentro de uma bacia, com capacidade para suportar toda a quantidade de
água e de gesso necessários. De seguida, imediatamente, rapidamente e completamente, introduzia-
se o tecido em tela ou ligadura, de forma a conseguir-se uma pasta bem homogénea e sem deixar
grumos. Esta manobra teria de ser feita apenas entre 15 a 20 segundos.
Logo que a primeira banda ou ligadura estivesse completamente impregnada de gesso, era
espremida e colocada de imediato no doente. Estas manobras eram repetidas tantas quantas vezes
fossem necessárias.
Numa nota final, o mesmo autor, referia que, fazer um gesso perfeito, homogéneo, sólido e
confortável, é fundamental para se conseguir bons resultados no tratamento.
Como se executam actualmente os aparelhos gessados:
Com o decorrer dos anos, a experiência e os resultados foram fazendo uma selecção natural dos
vários métodos, melhorando uns, recriando outros e eliminando parte deles, que deixaram de fazer
sentido.
A protecção da pele, com malha de tecido em manga tubular, era uma condição básica e
indispensável. Hoje, penso que é prática generalizada, além da respectiva malha, também é usada a
protecção das proeminências ósseas com material almofadado ou algodoado.
Capitulo XIV - Conclusão

Das formas antigas de manufactura realizada no momento pelo próprio médico, chegamos aos
nossos dias com o gesso fabricado com melhor qualidade, gerido por empresas, logo e por princípio
mais económico e mais eficaz.
 O gesso é um material que parece que se molda ao nosso gosto, sobre todas as partes do
corpo e dá-nos resultados muito surpreendentes, muitas vezes superiores a outras
formas de imobilização ou tratamento.
 Por si só, o gesso permite fixar as diversas partes do corpo que estiverem lesadas, numa
posição determinada, caso entendamos por bem manter essas posições e dependendo só
de alguns minutos para a sua execução e solidificação.
Actualmente executam-se alguns tipos de aparelhos gessados com normas que são consensuais
internacionalmente, mas que podem ter pequenas diferenças na sua utilização, e outros que caíram
em desuso, podendo estar dependentes do objectivo, do critério ou das normas da instituição.
Coloco neste número, os coletes gessados, para tratamento de fracturas ou de malformações
vertebrais, e os articulados do joelho, que além de serem extremamente incómodos, deixaram de
satisfazer os objectivos médicos e as expectativas dos doentes.
Temos hoje em dia outras alternativas com o aparecimento de novos materiais de fibra, com os
quais se conseguiram óptimos resultados na sua utilização em coletes e talas dinâmicas,
beneficiando o doente no conforto e funcionalidade.
No que respeita ao material de gessos, também tem evoluído consideravelmente até aos nossos
tempos. Actualmente, embora ainda com preços elevados, já é frequente a utilização em qualquer
instituição hospitalar deste outro tipo de material “o gesso sintético”, que mantendo os mesmos
princípios de estabilidade e segurança do “gesso convencional”, permite pelo menos maior
conforto ao doente
Capitulo XIV - Conclusão

53 TIPOS DE LIGADURAS DE GESSO

Actualmente existem dois tipos de material para imobilização das fracturas, que embora
diferentes pretendem atingir os mesmos objectivos básicos de imobilização do membro afectado
para ajudar na consolidação do calo ósseo.
Assim, temos o chamado gesso convencional e o gesso sintético. Temos que reconhecer que
entre estes dois tipos de material há diferenças que se podemos ter em conta como vantagens ou
desvantagens conforme cada caso.

53.1 O GESSO CONVENCIONAL


É basicamente constituído por ligadura de gaze, impregnado por crinolina, e com sulfato de
cálcio em pó (cristais de gesso). Este material em contacto com a água, sofre uma alteração do seu
estado. A cristalização do gesso produz um envoltório rígido que é fundamental para os objectivos
do tratamento.
A velocidade de reacção do gesso varia conforme a temperatura da água que foi utilizada ou da
temperatura ambiente. Inicia a secagem cerca de 5 minutos após ser molhado. Contudo só obtém a
sua consistência e eficácia total entre as 24 e as 48horas após a execução.
O gesso após a aplicação não deve ser tapado, bem pelo contrário, deve ser exposto ao ar para
favorecer a evaporação e a sua secagem total, tanto externa como interna.
O gesso seco é branco e brilhante, permite a transpiração, é inodoro, e rígido.
O gesso molhado tem um aspecto opaco e acinzentado, é macio à percussão, e tem um odor a
mofo.
Depois do primeiro período de secagem, não deve ser molhado, caso contrário corre o risco de
se fragmentar.
Enquanto húmido pode ser deformado se mal manipulado, podendo essas deformidades
determinar pontos de pressão por dentro do aparelho gessado e que não são detectáveis pelo
exterior.
Neste material chamado (convencional) podem considerar-se como desvantagens:
 O seu peso em geral.
 O tempo de secagem.
 Menor consistência.
 O cuidado a ter para não molhar, porque é um produto que corre o risco de se
desfragmentar.
Contudo este material também tem vantagens importantes, tais como:
 Economicamente ser mais acessível.
Capitulo XIV - Conclusão

 Permitir mais tempo de manobra comparado com outros, para a sua execução.
 Em caso de necessidade permite que se façam correcções a nível do foco de fractura,
como as Gipsotomias.
 Normalmente é mais usado no serviço de urgência, visto o seu tempo de secagem ser
lento, permitindo correcções no alinhamento das fracturas.
 Em certos casos de fracturas, nomeadamente nos membros superiores, em que há
necessidade de se realizar um aparelho gessado pendente e em que o seu peso é
fundamental.
 Em caso de perigo para o membro lesado com sinais de alarme como cianose, palidez,
ou formigueiros, porque o doente consegue retirá-lo no domicílio (conforme é
previamente esclarecido) antes de recorrer ao hospital, o que por vezes pode ser
fundamental para evitar consequências irremediáveis.

53.2 OS GESSOS SINTÉTICOS


Nos últimos anos apareceram com varias apresentações comerciais, e são cada vez mais
utilizados. São constituídos de fibras de vidro impregnadas com resina de poliuretano em bobines.
Neste tipo de material podemos considerar como grandes vantagens :
 A sua secagem rápida, que demora cerca de 30 minutos para atingir a rigidez que se
pretende, comparativamente com o tempo necessário já descrito com o material
convencional).
 A sua maior consistência.
 Resiste à água depois de seco sem alterações na composição e consistência.
 Radiotransparentes.
Contudo, tem características que é fundamental terem-se em conta e que podem tornar-se como
inconvenientes ou desvantagens, tais como :
 Este material depois de molhado, praticamente só permite cerca de 5 minutos para a sua
execução, ou um pouco mais se não for molhado durante a sua execução.
 Maior dificuldade em ser retirado porque tem que ter uma técnica diferente, e em caso
de perigo para o membro lesado com sinais de alarme como (cianose, palidez, ou
formigueiros), o doente não consegue retirá-lo no domicílio antes de recorrer ao
hospital, o que por vezes pode ter consequências irremediáveis.
 É inflamável, pelo que o doente tem que ter cuidado com a aproximação de produtos ou
locais propícios a causarem danos.
 Requer maior perícia na sua execução, tendo em conta o seu rápido processo de
secagem, o que pode ser motivo de inutilização do que até aí foi feito.
Capitulo XIV - Conclusão

 Não permite correcções posteriores.


 Pode ser mais agressivo macerando a pele ou as proeminências ósseas se os seus
bordos não forem bem almofadados.
 Por ser mais leve, não é eficaz nos aparelhos de gesso pendentes.
Capitulo XIV - Conclusão

54 PRINCÍPIOS BÁSICOS GERAIS NA EXECUÇÃO E EXTRACÇÃO DOS


APARELHOS GESSADOS

Para a execução correcta e eficaz dos vários aparelhos gessados, têm que se reunir várias
condições de recursos humanos, materiais, e ambientais. É fundamental existir uma sala própria e
bem apetrechada com material, assim como bom ambiente. É fundamental não descurar o aspecto
físico e psicológico do doente.

54.1 SALA DE GESSOS


Deve ser uma sala apetrechada com as condições e material considerado indispensável para a
realização de praticamente todos os tipos de aparelhos gessados. Além da realização de diferentes
tipos de gessos nos membros superiores e inferiores, faz-se também a abertura e extracção de
gessos. Realizam-se alguns tipos de ligaduras como complemento de tratamento. Também se
realizam alguns tipos de pensos, caso necessário, após extracção do gesso.

54.1.1 MATERIAL DA SALA DE GESSOS


Pode e deve ser constituído por um negatoscópio para visualização dos R.X., aquando da
execução dos aparelhos gessados; uma marquesa onde se coloca o doente para tratamento e de
preferência vasculável, que permite mais facilmente elevar ou baixar o doente para a altura ideal
sem grande esforço do doente e do pessoal; um degrau para, caso necessário, facilitar ao doente o
acesso à marquesa; uma mesa de trabalho com recipiente para a água onde se molham as ligaduras
de gesso; uma serra de gessos de preferência incorporada com aspirador, para evitar a dispersão de
pó de gesso, prevenindo assim riscos de alergias ou qualquer outro tipo de contaminações tanto aos
doentes como ao pessoal; tesouras apropriadas para cortar um conjunto de material, como a malha
de protecção; um afastador, para facilitar a abertura ou a subsequente extracção do aparelho
gessado; um sifão para despejos; um recipiente com saco do lixo para o material de gesso retirado,
outro para matérias infectadas, outro para outros materiais (estes sacos devem ser substituído
frequentemente); um armário onde se coloca roupa (lençóis), para protecção do doente no acto de
execução do tratamento; ar condicionado, e/ou ar forçado; luz directa natural de preferência e/ou
artificial.
Para além de todo este material, deve haver o material de consumo diário como seja:
 Ligaduras de gesso, de material convencional e/ou de material sintético, de várias
medidas (5,10,15 e 20cm); malha tubular de protecção da pele, de pelo menos duas
medidas (nº 3 e nº 4), para serem usadas conforme o membro, a sua dimensão ou
finalidade do tratamento; pele plástica usada principalmente numa primeira fase em
Capitulo XIV - Conclusão

pediatria, (técnica não obrigatória mas aconselhada nas botas gessadas do pé boto)
como forma de protecção da pele e para garantir melhor aderência do aparelho gessado
ao membro; ligaduras de algodão prensado de vários tamanhos (5,10,15 e 20cm) para
protecção das proeminências ósseas; apoios de marcha (tacões) ou talonetes articuladas;
luvas de vinil não esterilizadas; vaselina liquida, para aplicar nas luva antes de pegar no
gesso sintético, (técnica não obrigatória mas o seu uso facilita muito o manuseamento e
a execução dos aparelhos gessados com este material. Se não for usada uma gordura, a
resina que existe na composição do gesso seca nas luvas, não permitindo ou
dificultando muito o manuseamento do gesso).
Como apoio a estes e a outros tratamentos como as imobilizações, deve haver ligaduras,
elásticas de vários tamanhos (5,10,15 e 20cm), de gaze de vários tamanhos (5,10,15 e 20cm), auto -
adesivas de vários tamanhos (5,10,15 e 20cm).
Como apoio aos pensos, caso seja necessário efectuar em feridas pós cirúrgicas ou pós
traumáticas e antes de executar o novo aparelho gessado, deve haver um kit completo de pensos e
os produtos desinfectantes usados na instituição, compressas esterilizadas, luvas esterilizadas e
adesivos.
Ter também à disposição produtos desodorizantes da pele (ex.: alfazema), para colocar antes de
executar um novo aparelho gessado, eliminado assim odores desagradáveis e até muita da
irritabilidade da pele por ter estado envolvida com o gesso.
Outra atitude que se deve ter frequentemente, é a colocação de um creme gordo, após a
extracção e/ou imediatamente antes da colocação de novo aparelho gessado, com a intenção de
hidratar tanto quanto possível a pele seca e desnutrida, exactamente provocada pela presença do
aparelho gessado.

54.2 PAPEL DO ENFERMEIRO


O papel do enfermeiro nestes tratamentos, assim como em muitos outros, tem vindo a adquirir
bastante autonomia, motivada pela sua experiência e valorizada pelos conhecimentos entretanto
absorvidos, que nos dão o conhecimento real e a autoridade necessária para os executar com
segurança.
Já se passou há muito tempo a fase de mera colaboração com o médico, embora isso continue
a fazer parte da nossa função, quando assim por eles for entendido, visto serem os médicos ainda, os
primeiros responsáveis pelo diagnóstico e posteriormente pelo tratamento.
Já é da função e da responsabilidade do enfermeiro, (pelo menos no H.G.S.A do Porto) a
realização de todo o tipo de imobilizações com ligaduras, ou imobilizações gessadas.
Capitulo XIV - Conclusão

O enfermeiro tem que ter sempre em atenção a preparação do doente, até porque é uma das
funções específicas do ser enfermeiro e no que respeita a este tipo de tratamentos ter em conta os
aspectos psicológicos e físicos do doente. Ter um bom ambiente climatizado e material adequado a
cada tratamento.
Ao Nível Psicológico - É importante esclarecer o doente em relação ao tratamento que se vai
realizar, para diminuir o temor e a ansiedade. Só assim é possível obter a melhor colaboração do
doente. Esclarece-lo também em relação ao tempo e ao incómodo da imobilização.
Ao Nível Físico - Colocar o doente em posição mais confortável possível de acordo com a
necessidade de cada caso, respeitando sempre a sua intimidade. A posição pode ser variável
conforme cada doente, dependendo da idade ou das condições físicas, ou cada caso, que pode passar
por ser de pé, encostado à marquesa, sentado ou deitado, por forma a manter a estabilidade do foco
de fractura e a diminuição ou ausência de dor, de modo a permitir maior colaboração do doente e
maior facilidade na execução do aparelho gessado, obtendo os melhores resultados. Ter como regra
geral que nas salas de tratamentos só deve ser permitida a companhia de um familiar, aos doentes
com idades inferiores aos 14 anos, ou em casos de reconhecida deficiência.
No ambiente - Procurar manter sempre um ambiente climatizado, de forma a proporcionar o
maior conforto, visto haver necessidade em muitas situações de o doente permanecer com parte do
corpo desnudada. È obrigatório manter sempre a individualidade do doente.
Ao nível do equipamento - O equipamento é o constante na sala de gessos. Contudo tem que
haver uma pré - preparação e escolha do material a usar em quantidade e qualidade, sendo colocado
por forma a que a sua utilização seja de fácil acesso, para que a perda de tempo seja a menor
possível, porque sabemos que o tempo que o próprio material (gesso)permite para ser trabalhado é
reduzido, iniciando a sua transformação química logo após o contacto com o ar e mais após ser
molhado.
Para tal deve ser seleccionado previamente o nº e tamanho das ligaduras de algodão prensado,
o nº e tamanho das ligaduras de gesso, o comprimento de malha necessário a utilizar, o apoio de
marcha (caso seja necessário), produtos para desengordurar e massajar a pele, material para fazer
algum penso no caso de membro apresentar ferimentos, ligaduras de gaze, ou elásticas, luvas de
vinil, etc. Deve ter-se sempre um recipiente adequado com água tépida e limpa.
Ao nível do ensino ao doente e ou familiares: Além dos sinais de alerta a que já fiz referência
há outros ensinamentos que são fundamentais para se obterem os melhores resultados nos
tratamentos.
Assim o doente deve:
 O doente deve : ser informado do tempo provável que vai andar com o gesso.
Capitulo XIV - Conclusão

 O doente deve - ser informado e explicada a forma de mobilizar o mais possível as


articulações livres, (desde que aconselhada pelo médico) para diminuir a dor, a rigidez
articular, evitar edemas e facilitar a circulação sanguínea.
 O doente deve - manter dentro do possível o membro sempre elevado para facilitar a
circulação de retorno e com isso evitar edemas.
 O doente deve - ser incentivado, caso o aparelho gessado seja nos membros inferiores e
previamente preparado com apoio de marcha, a colocar o pé no chão e andar fazendo
carga, porque esta atitude favorece a formação mais rápida do calo ósseo.
O doente não deve:
 O doente não deve - tapar o aparelho gessado nas primeiras 48 horas após a execução,
porque diminui a capacidade de secagem pela evaporação, deixando o gesso húmido.
 O doente não deve - molhar o gesso, porque perde a sua consistência , macera a pele, e
porque o algodão interno de almofadamento fica molhado, sendo difícil secar
novamente, o que pode levar ao apodrecimento do gesso.
 O doente não deve - partir o gesso, porque vai perder o efeito de imobilização desejado
na consolidação da fractura, como pode provocar outras lesões da pele.
 O doente não deve - retirar o algodão de protecção que está dentro do gesso.
 O doente não deve - introduzir objectos dentro do gesso, como : paus, agulhas de
croché, lápis, moedas, areia e outros, porque, pode provocar ferimentos adicionais
macerando a pele, ou agravar as lesões já existentes.
 O doente não deve - forçar movimentos, e quando nos membros inferiores, e também
não deve pousar ou fazer carga no chão antes do gesso estar completamente seco,
porque pode partir ou amolgar e ficar a fazer zonas de pressão indesejáveis, ou deformar
o alinhamento ósseo.
Capitulo XIV - Conclusão

55 OS VÁRIOS APARELHOS GESSADOS

Os aparelhos gessados são aplicados basicamente nos membros, em consequência de fracturas


ósseas ou lesões ligamentares. São vários os tipos de aparelhos utilizados, tais como: talas gessadas
( também chamados meia-cana), gessos fechados ( também chamados completos), cintas de gesso e
gessos funcionais.
Nos membros superiores:
 Talas: Talas em U, Bráquio-palmares, antebráquio- palmares e metacarpianas,
 Gessos fechados - As braçadeiras, (para permitirem a libertação da articulação do
cotovelo); pendentes ou braquio- palmar, antebraquio-palmar ou luva gessada e gesso
do escafóide.
Nos membros inferiores:
 Talas - Cruropodálicas, posteriores do joelho e podálicas.
 Gessos fechados: os cruropodálicos, joelheira gessada, podálico ou bota gessada com
ou sem apoio de marcha e funcionais tipo Sarmiento (que podem ser modificados para
fazer carga com apoio de marcha e libertar a articulação do joelho, ou libertar também a
articulação tibiotársicas, e cintas de gesso (para permitirem a articulação do joelho).

55.1 TALAS DE GESSOS


Podem ser consideradas como meios gessos ou meia cana, visto só envolverem a metade
anterior ou posterior do membro em causa. Podem ser aplicadas anteriormente, posteriormente ou
lateralmente. São sustentadas com ligaduras de gaze ou elásticas.
Como já foi referido em capítulo anterior, é o tratamento de eleição de urgência, no momento
consequente ao traumatismo, pelo facto de permitir espaço de recuperação fisiológica ao membro
afectado, que, como sabemos, inicia de imediato após o traumatismo uma reacção orgânica de
defesa e recuperação, provocando um consequente edema. A tala permite evitar riscos
desnecessários posteriores, nos tecidos adjacentes ao foco traumático, ou até problemas
circulatórios graves.

55.2 GESSOS FECHADOS


Correspondem ao envolvimento total e circular de um membro ou parte dele, e procura atingir
uma uniformidade e consistência, para que a correcção e alinhamento dos focos de fractura se
mantenham durante o tempo necessário e indispensável à cicatrização. A cristalização do gesso,
produz um envoltório rígido capaz de suportar alguma carga ou pressão.
Capitulo XIV - Conclusão

Cabe aqui referenciar e salientar uma situação muito frequente de aplicação de aparelhos
gessados fechados em crianças. Estes gessos são diferentes na sua execução e nos seus objectivos,
que serão descritos pormenorizadamente mais à frente que é a bota gessada, usada para correcção
do pé «pé boto».
Pode iniciar-se nos primeiros dias após o nascimento, como primeira alternativa de tratamento
em detrimento da cirurgia e repetir-se semanalmente após manipulações, até serem conseguidos os
objectivos previamente propostos.

55.3 GESSOS FUNCIONAIS


Correspondem também ao envolvimento total e circular de um membro ou parte dele como
num gesso fechado, mas de forma a permitirem a mobilidade articular mais próxima sem que
interfira com o alinhamento e consolidação da fractura. Estão neste caso os aparelhos gessados
“Sarmiento” .

55.4 CINTAS GESSADAS


São pouco utilizadas actualmente, mas podem ser também consideradas como “gessos
funcionais”, porque permitem a mobilidade articular envolvida na lesão em causa, que pode ser o
joelho ou o cotovelo.
São executadas duas cintas gessadas, uma abaixo da articulação e outra acima da mesma
articulação, e nos quais são incorporadas dobradiças que podem ser metálicas ou de polietileno
forte, para permitirem a mobilidade da articulação.

55.5 REFORÇAR OU FECHAR GESSOS


Correspondem ao envolvimento total e circular de um membro ou parte dele com uma nova
ligadura gessada, mas aproveitando e sobrepondo uma tala gessada anteriormente feita no serviço
de urgência. Procura-se atingir uma uniformidade e consistência, para que a correcção e
alinhamento dos focos de fractura se mantenham durante o tempo necessário e indispensável à
consolidação.
É utilizado este método de tratamento, normalmente passadas 2 semanas após o acidente, e
quando é entendido que os focos de fractura são muito instáveis, e que não permitem que se
mobilizem, nem que seja minimamente, pelo risco de se perder de todo a redução conseguida.
Outra forma de reforço, acontece quando por várias razões, o gesso parte ou não oferece
garantias de consistência durante o tempo achado necessário para o respectivo tratamento. Este
acto, limita-se a reforçar a área mais debilitada.
Capitulo XIV - Conclusão

55.6 ESPICAS GESSADAS


São aparelhos gessados com características muito especiais e com finalidades distintas das que
exemplifiquei até agora. Usado para a correcção da luxação congénita da anca e no tratamento de
fracturas do fémur em crianças.
É um aparelho que envolve toda a bacia e abdómen, e vai por norma até ao 1/3 distal do
membro inferior e com a abdução possível das pernas. Este aparelho é executado após cirurgia ou
só sob anestesia, para permitir melhor execução e evitar o sofrimento da criança. Assim temos:
 O Calção Gessado, usado não correcção de malformação congénita da anca nas
crianças, (predominantemente no sexo feminino) e que como já foi descrito imobiliza
desde a bacia até aos joelhos
 O Pélvi - podálico, muito utilizado nas fracturas do fémur das crianças. Também como
já foi descrito envolve toda a bacia, e vai por norma até ao pé do membro afectado,
enquanto no outro membro chega só até ao joelho.

Em ambos os casos, tem de existir atenção a aspectos fundamentais como sejam deixar
naturalmente espaço livre e suficiente na região púbica; espaço livre em altura no abdómen, para
facilitar o aumento de volume do estômago durante as refeições.
Para manter o posicionamento de abdução correcto, maior consistência, e facilidade na
mobilização, coloca-se entre os dois membros um travessão em madeira revestido de gesso. Estes
aparelhos gessados só podem ser executados ou modificados sob anestesia. Só nos é possível em
caso de necessidade reforçá-lo ou proceder a pequenos reajustamentos.
Capitulo XIV - Conclusão

56 EXECUÇÃO DE APARELHOS GESSADOS

Para a execução de qualquer aparelho gessado, que pode ser só uma tala (meia cana) ou gesso
fechado (completo), tem necessariamente de se fazer uma pré avaliação da situação, tendo em conta
o membro afectado, o tipo de fractura, o tempo de traumatismo, o objectivo do tratamento e o
tempo de imobilização pré definido, e/ou necessário para o tratamento, que como já foi referenciado
é fundamental para a decisão e escolha da imobilização a utilizar.
Para serem atingidos os objectivos, é necessário uma pré preparação tendo em conta vários
aspectos importantes e que eu considero fundamentais para todas as imobilizações, no sentido se
obterem os melhores resultados. Estes aspectos passam por:
 Reunir todo o material necessário ou entendido indispensável para cada um dos
tratamentos a executar.
 Proporcionar o melhor ambiente de conforto
 Estar atento e ser perfeito na técnica de execução
 Estar sempre atento aos riscos na execução da imobilização
 Informar o doente e/ou familiares dos sinais de alerta.
Estes aspectos servem para todos os tratamentos, pelo não serão mais referenciados no decurso
do trabalho

56.1 MATERIAL NECESSÁRIO


Para a execução dos aparelhos gessados, temos dois tipos de material de gesso. Um de
ligaduras de gesso convencional, e outro de material sintético também de vários tamanhos (5,10,15
ou 20cm).
Ter também ao dispor, malha tubular nº 3 e nº 4, para ser usada conforme o membro, tendo em
conta a sua dimensão ou a finalidade do tratamento, pele plástica, usada frequentemente numa
primeira fase como forma de protecção da pele e para garantir melhor aderência do aparelho
gessado ao membro, ligaduras de algodão prensado de várias medidas (5,10,15 ou 20cm) para
almofadamento e para protecção das proeminências ósseas, ligaduras elásticas de vários tamanhos
(5,10,15ou 20cm), ligaduras de gaze de vários tamanhos ( 5,10,15 ou 20cm), como apoio a este e a
outros tratamentos, como imobilizações, luvas de vinil não esterilizadas, tacões ou palmilhas de
apoio de marcha, recipiente com água tépida.
Como apoio aos pensos, caso seja necessário efectuar em feridas pós cirúrgicas ou pós
traumáticas, e antes de executar o novo aparelho gessado, ter um kit completo de pensos, e os
produtos desinfectantes, usados na instituição, compressas esterilizadas, luvas esterilizadas e
adesivos, produtos desodorizantes (ex.: alfazema), para colocar antes de executar um novo aparelho
Capitulo XIV - Conclusão

gessado ou imobilização com ligaduras, um creme gordo, na intenção de hidratar tanto quanto
possível a pele seca e desnutrida, exactamente provocada pela presença do aparelho gessado.

56.1.1 TÉCNICA DE EXECUÇÃO


Na técnica de execução de qualquer aparelho gessado, existem sempre cuidados a ter, e riscos a
ponderar, que não podem ser descurados, para não se correr o risco de provocar alterações
morfológicas nos membros afectados. Por esta razão, neste manual, serei bastante repetitivo
propositadamente, no enfoque dos cuidados a ter e dos possíveis riscos, com os dois tipos de
material de gesso (o sintético e o convencional).
A aplicação dos aparelhos gessados nunca deve ser feita só por um profissional, não só pelo
incómodo que causa ao doente, quando tem que manter o membro em suspensão e logo aumenta a
dor. Também e principalmente porque existe a necessidade na maior parte das vezes de se proceder
a uma determinada força de tracção do membro, para manter um alinhamento ou correcção dos
topos ósseos, o que levaria caso contrário, a perder-se a evolução da regeneração do calo ósseo até
aí conseguida, e correr o risco de ficar com deformidades ou lesões graves que poderiam ser
incapacitantes para o futuro bem estar ou profissional do doente.
Normalmente estes aparelhos gessados que são executados na sequência ou continuação do
tratamento executado no serviço de urgência com tala gessada. Por norma é alterado para gesso
fechado passadas duas semanas, mantendo-se mais cerca de quatro semanas, para concluir o
tratamento, ou permitir margem de segurança, antes de ser dada alta ao doente.
Para iniciar a aplicação do aparelho gessado, a pele deve ser examinada para despiste de
eventuais cortes ou abrasões que pudessem vir a infectar. Para tal a pele deve ser bem limpa, e as
lesões cutâneas devem ser tratadas.
Deve seleccionar -se todo o material achado necessário e conveniente, colocando-o o mais
próximo do profissional e do doente e de fácil acesso, para permitir a sua rápida utilização, porque
como já referi anteriormente, este material inicia a sua capacidade de secagem rapidamente,
permitindo pouca margem de manobra em tempo.
Segundo muitos autores, o almofadamento deve ser o mínimo possível, passando só pela
protecção das proeminências ósseas depois de aplicada a malha, para que o ajustamento do gesso ao
membro seja o mais perfeito e até se possível pressentir o foco de fractura.
Contudo a minha experiência vai no sentido de que todo o segmento do membro afectado seja
bem almofadado, mas de forma que o seu volume não seja nem em excesso, nem em carência, pelo
que por norma uma passagem contínua de ligadura de algodão prensado é suficiente.
Capitulo XIV - Conclusão

A razão desta minha atitude ou técnica de execução dos aparelhos gessados, é de ter a certeza
absoluta que as proeminências ósseas se mantêm bem protegidas durante todo o tempo em que o
doente permanecer com o gesso.
Como sabemos o algodão de almofadamento, por várias razões, (como a compressão
permanente, o suor, etc.), perde grande parte da sua capacidade, logo deixa de exercer a sua
principal função de almofadamento para protecção.
Também, quando da extracção do aparelho gessado, se não estiver bem almofadado, corre-se
permanentemente o risco de cursar abrasões na pele do doente, em consequência ou motivados pela
lâmina da serra, que embora se possa considerar pouco grave, é sempre de evitar, porque
provocamos uma secção de continuidade da pele, (ou ferida) que tem de ser tratada, e mais grave,
criamos uma reacção de desconfiança do doente em relação ao nosso profissionalismo.
Outra razão, é que no acto de extracção do aparelho gessado, a vibração da lamina da serra é
tão elevada que provoca um hiper aquecimento e ao contactar a pele do doente provoca uma
sensação extremamente desagradável de queimadura (experiência própria), que cria um tremendo
desconforto para o doente. Penso que todas estas situações com esta técnica são perfeitamente
evitadas e ultrapassadas.
Ainda mais importante do que isto é que o próprio fenómeno de secagem do gesso, como se
sabe, provoca um aumento considerável de temperatura, que embora transitória, (pode ir até cerca
de 30 minutos) vai contribuir para algum edema ou aumento de volume da zona do membro
afectado, logo diminui o espaço entre o membro e o gesso, aumentando a pressão ou compressão
dentro do aparelho gessado.
As grandes vantagens deste almofadamento são as de que por um lado evitam possíveis
queimaduras no membro, e por outro lado serve como espaço de antecâmara para permitir o edema
ou aumento de volume transitório, sem que provoque reacções ou consequências circulatórias
distais, que poderiam ser graves para o doente.
Esta atitude também está de acordo com alguns experientes representantes de marcas de
gessos e exemplificadas em congressos, aos quais assisti, demonstrando e executando vários
aparelhos gessados, em que o envolvimento do membro afectado é total, para que se evite as
consequências secundárias graves
 O primeiro passo: Inicia-se de preferência com a colocação de malha tubular, de
medida variável conforme a espessura do membro, por forma a que não fique
demasiadamente apertada, para não provocar posterior garrotamento ou dificuldades
circulatórias, ou demasiadamente larga para não ficarem pregas ou rugas junto da pele,
podendo provocar consequentemente macerações, que poderiam ser irreversíveis.
Capitulo XIV - Conclusão

O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento


do membro afectado, com a intenção de que antes de finalizar o aparelho gessado, se possam dobrar
para trás os centímetros que excedem o necessário, permitindo um melhor acabamento do trabalho e
principalmente evitar que os rebordos mais duros ou cortantes possam ferir a pele do doente.

 O segundo passo: Inicia-se com a colocação sobre a malha, a protecção de todo o


membro com ligaduras de algodão prensado, de tamanho e quantidade variável
conforme cada caso. Estas ligaduras, como qualquer outra devem ser colocada com
ligeira pressão, e iniciando-se sempre da região distal para o proximal, para que cada
circular se sobreponha sempre em metade da circular anterior.
No caso dos membros, deve ser sempre desde a raiz dos dedos. Ter sempre em conta que as
proeminências ósseas fiquem bem protegidas para não se correr o risco de macerações graves.
Contudo a noção de quantidade de protecção a utilizar pode ser variável para cada caso, porque
se por um lado o pouco almofadamento pode ser prejudicial à integridade da pele, por outro lado o
almofadamento em excesso pode ser prejudicial ao bom alinhamento das fracturas, porque com o
decorrer dos dias, o algodão tende a perder o seu volume, logo o espaço entre a pele e o gesso
aumenta, diminuindo a eficácia pretendida.
As ligaduras devem ser introduzidas num recipiente com água e com profundidade suficiente,
de modo a que colocadas de pé fiquem completamente imersas. Devem ser embebida em água
tépida (morna) de forma a estarem no seu todo bem molhadas.
A água muito quente acelera demasiado o processo químico de secagem, e pode-se correr o
risco de provocar queimaduras ao doente, porque o almofadamento já fica humedecido com grande
temperatura ao que vai acrescer a temperatura própria da reacção de secagem do gesso.
A água fria pelo contrário provoca no gesso uma reacção química contrária ao desejado, logo
com mais dificuldade na aplicação e piores resultados, e também demora muito mais tempo a
reacção de secagem, não garantindo à partida a melhor consistência. O tempo de imersão pode
variar entre 2 e 5 segundos.
Deve ser introduzida na água sempre numa posição de inclinada (45º), para que permita a
entrada uniformemente da água até ao centro, evitando que fiquem pelo meio espaços secos, o que
dificulta o trabalho e diminui a eficácia do gesso. Se for colocada horizontalmente não garante que
fique embebida completamente até ao centro.
De seguida a ligadura deve ser espremida conforme a necessidade de cada caso ou conforme a
indicação do material, retirando todo o excesso de água, para não dificultar a execução e a
necessidade de mais tempo para secar.
Capitulo XIV - Conclusão

 O terceiro passo: É a aplicação da ligadura de gesso. Após a aplicação de cada uma das
ligaduras, deve passar-se a mão por toda, alisando de modo a tapar todos os poros
residuais. Esta manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso, porque fica mais
compacto e menos permeável ao ar.
Há cuidados fundamentais a ter durante a execução dos aparelhos gessados que não podem ser
nunca descurados. Ex.:
 Manter alguma força de tracção longitudinal, o que faz com que o doente não tenha
dores.
 Manter sempre libertos os dedos, desde que não sejam eles a razão do tratamento ou a
sua mobilidade interfira directamente com o foco de fractura.
 Manter sempre um bom alinhamento do membro e dos topos ósseos.
 Manter sempre uma angulação correcta das articulações imobilizadas, para que após a
extracção do aparelho gessado, seja mais fácil a recuperação da rigidez provocada pela
imobilização.
 Manter angulação perpendicular da perna com o pé no caso de fracturas da tíbia, sempre
que seja necessário a colocação de tacão como apoio de marcha.
 Evitar movimentos bruscos, porque causariam a perda do alinhamento até aí
conseguido.
 Evitar fazer zonas de pressão no gesso durante a execução. Para tal, o elemento que está
a auxiliar nunca deve pegar nele, com as pontas dos dedos, mas sim com a mão aberta.
 Evitar pousar o gesso sobre zonas muito duras ou pontiagudas, porque isso vai
contribuir para provocar zonas de pressão, que podem vir a revelar-se muito graves.

No caso do gesso “convencional”, o doente deve ter a preocupação de não molhar por alguma
forma o gesso, porque pode originar falta de consistência, maceração da pele e odores
desagradáveis. Se o doente sentir desconforto, deve recorrer ao seu médico ou ao hospital mais
próximo e o mais urgente possível para ser feita a devida correcção

56.1.2 CUIDADOS NA EXECUÇÃO DE APARELHOS GESSADOS


No que respeita aos cuidados, uma das atitudes a ter, usando qualquer tipo de material, é que a
pele deve ser bem examinada e bem limpa, e se houver lesões cutâneas, devem ser desinfectadas e
tratadas, antes de colocar a malha de protecção.
Ter certeza absoluta de que as proeminências ósseas se vão manter bem protegidas durante
todo o tempo em que o doente permanecer com o gesso.
Capitulo XIV - Conclusão

Durante a execução do aparelho gessado, não se deve colocar ou poisar o gesso em superfícies
duras ou pontiagudas, nem pegar no aparelho gessado com as pontas do dedos, para evitar zonas de
pressão que naquele momento passariam despercebidas, mas que depois do gesso estar seco,
provocariam macerações graves ou mau estar ao doente.
A mão do profissional que ajuda na execução do aparelho gessado, deve ser colocada sempre
aberta, de forma a não provocar grande pressão. Na primeira fase de secagem do gesso, é a altura
ideal para ser moldado e ajustado no foco de fractura, assim como posicionar o membro nas
posições ou angulações correctas, ou achadas necessárias, para um tratamento eficaz.
As ligaduras devem ser embebidas de forma a estarem no seu todo bem molhadas, e em água
tépida (morna), porque a água fria provoca no gesso uma reacção química contrária ao pretendido.
Para tal, e como já foi referido anteriormente, devem ser introduzidas sempre numa posição
inclinada de cerca de 45º, para permitir a entrada uniforme da água até ao centro, e durante cerca de
2 a 5 segundos de imersão. Com o uso do material sintético, os princípios e os cuidados são
basicamente os mesmos que teremos de ter com o gesso convencional. Contudo têm diferenças que
importa realçar:
 Uma diferença, é que estas ligaduras podem ser ou não molhadas antes de se
colocarem. Caso não sejam previamente molhadas, permitem mais algum tempo para
manobras de correcção achadas necessárias. Antes de finalizar este aparelho gessado,
deve envolver-se com uma ligadura molhada, de gaze normal, para deixar impregnar
alguma água, e retirar de seguida.
 Outra diferença, é que se for molhada, nunca deve ultrapassar os dois segundos de
imersão. Deve ser usadas sempre umas luvas para evitar a agressividade do material nas
mãos do profissional.
De preferência deve ser colocada uma gordura nas luvas (por exemplo vaselina), antes de pegar
nas ligaduras, porque evita a aderência da ligadura ás luvas, provocada pela composição de resina, e
porque vai facilitar o trabalho, sem causar inconvenientes.
No final da execução do aparelho gessado, devemos ter o cuidado e a certeza de que os
rebordos do gesso estão bem almofadados e que depois de seco não vão macerar ou cortar a pele e
criar mau estar, permitindo uma boa mobilidade das articulações livres. Para terminar, deve passar-
se a mão por todo o aparelho gessado, alisando o gesso, porque esta manobra vai tapar todos os
poros, e contribuir para uma maior resistência de todo o aparelho gessado.

56.2 RISCOS NA EXECUÇÃO DE APARELHOS GESSADOS


No que respeita aos riscos, na execução de um aparelho gessado, embora raro, pode acontecer
ficar demasiado justo, ou pouco almofadado, o que além do mau estar que provoca ao doente e
Capitulo XIV - Conclusão

aliado ao fenómeno de reacção química da secagem, pode provocar um aquecimento no membro e


um subsequente ligeiro edema, mas que pode ser suficiente para causar algumas anomalias como:
dor, alteração da temperatura, edema generalizado, cianose, perda de sensibilidade distal, etc.

56.3 SINAIS DE ALERTA


O doente deve ser ensinado a conhecer alguns sinais anormais ou de alarme, em termos
simples, mas de forma a distinguir se a situação é normal ou anormal, tal como: edema(inchaço)
dos dedos, cor das unhas(tonalidade azulada ou branca), alteração da temperatura(quente ou
frio), parestesias(formigueiro ou sensação de queimadura), dor no local e outros.
Caso se conjuguem situações anormais e de alarme já descritas ou outras, deve recorrer de
imediato ao seu médico assistente, ou a uma urgência hospitalar mais próxima. Se esta solução se
mostrar demorada, deve por sua iniciativa retirar aparelho gessado e imobilizar o membro, seguindo
depois para o hospital mais próximo.
Capitulo XIV - Conclusão

57 EXTRACÇÃO DE APARELHOS GESSADOS

Retirar um aparelho gessado é à partida um acto simples, mas que requer alguma sensibilidade
e perícia de quem o executa. É usada uma serra eléctrica, que deve ser com aspirador incorporado,
provida de uma lâmina circular serrilhada, tendo esta como característica principal não possuir
movimentos de rotação, (o que impede possíveis lesões como cortes na pele do doente) mas só de
vibração, o que, se não houver bom almofadamento ou alguma perícia na abertura, também pode
provocar macerações, simples arranhões ou abrasão na pele. É esta vibração em alta rotação que
desintegra o gesso e provoca uma abertura em profundidade até ao nível do almofadamento.
Quando se sente a diminuir a pressão e a deixar de ter a rigidez própria do gesso, deve mudar-se a
lâmina de local.
A abertura de um aparelho gessado pode ser executada só numa linha longitudinal, mas de
forma alternada de modo a que de cada vez que a lâmina atinge o almofadamento, é retirada e se
passa ao espaço contíguo seguinte formando uma linha contínua desde uma extremidade à outra do
aparelho gessado, procurando que seja sempre o mais possível em linha recta.
Também pode ser em duas linhas paralelas longitudinais, uma do lado interno e outra do lado
externo do aparelho gessado.
O grande problema deste acto, reside no pânico que o material causa ao doente, principalmente
a serra eléctrica, que além de fazer muito ruído, provoca a sensação de corte, criando o receio de
que se o profissional não tiver a perícia indispensável, ou tiver um pequeno descuido, ele pode ser
vítima de uma grande agressão.
Para desmistificar estes receios, o profissional pode fazer uma pequena demonstração na sua
própria mão, o que leva desde logo o doente a acalmar e a acreditar no profissional e nas
consequências do acto, e assim permitir que o enfermeiro realize o seu trabalho, conquistando a
confiança e a colaboração do doente.
Não quero deixar sem referência uma situação, que embora não seja muito frequente, acontece
ou pode acontecer numa emergência tanto no serviço de urgência como no próprio internamento,
que é a seguinte:
Quando existirem num membro engessado os sinais de alerta a que já fiz referência, o primeiro
acto do profissional é abrir longitudinalmente todo o aparelho gessado e afastar os bordos, de forma
a permitir espaço para a descompressão do edema. Contudo há um cuidado fundamental, que é a
principal razão desta minha referência, e passa pela “obrigação” de libertar todo o gesso e o
almofadamento em profundidade, por forma a que seja visível a integridade da pele, e
fundamentalmente na dobra do pé (face anterior) ou do cotovelo, porque na maior parte das vezes, a
Capitulo XIV - Conclusão

razão do mau estar é o garrotamento provocado pelo algodão de almofadamento, quando este não
está correctamente colocado, ou porque houve a necessidade de correcções posteriores do foco de
fractura, originando maior compressão.
Passado algum tempo, e depois de passar esta fase crítica, pode fechar-se novamente o
aparelho gessado provisoriamente com uma ligadura elástica ou definitivamente com uma ligadura
de gesso, evitando assim o perigo de posterior edema de janela.

57.1 CUIDADOS NA EXTRACÇÃO DE APARELHOS GESSADOS


Uma razão ou causa de risco, é o acto de extracção dos aparelhos gessados, porque a vibração
da lâmina da serra é tão elevada, que provoca um hiper aquecimento. Ao contactar a pele, se não
tiver havido um conveniente almofadamento, provoca uma sensação extremamente desagradável de
queimadura, e pode causar-se abrasões, ou até ferimentos mais complicados.
A abertura do aparelho gessado deve ser por norma feita em duas talas (meias canas), porque é
mais cómodo para o doente, facilita o trabalho ao profissional, e mais importante que tudo isto,
evita-se eventuais movimentos de torção, que poderiam ser muito prejudiciais à consolidação óssea,
deitando por terra toda a evolução na cicatrização até aí conseguida.

57.2 ABRIR JANELAS


Consiste na abertura de um espaço de tamanho variável no aparelho gessado, por forma a
permitir a observação do estado do membro ou da pele, e a realização de tratamentos de pensos em
zonas de intervenção cirúrgica ou ferida, em consequência do próprio traumatismo.
Após a realização do tratamento, este espaço deve ser novamente almofadado e colocada de
novo o pedaço de gesso retirado. Se for necessário reutilizar este espaço para outros tratamentos,
pode apertar-se o pedaço de gesso, com adesivo ou ligaduras bem prensadas.
Se não for mais utilizado este espaço, deve ser fechado e reforçado com ligadura de gesso, de
forma a conseguir de novo o mais perfeito alinhamento, depois de bem almofadado, com o restante
aparelho gessado. Usa - se novamente este pedaço de gesso, porque é o que se adapta perfeitamente
ao espaço, e assim podemos evitar uma consequência grave que é chamada o( edema de janela).
Como sabemos, o tecido celular tem tendência a ocupar o espaço aberto e descomprimido, logo
o aumento do volume no espaço da janela, provocaria graves lesões dos tecidos e maceração da
pele.

57.3 GIPSOTOMIAS
Consiste num corte circular, em quase todo o perímetro do aparelho gessado, deixando só cerca
de 5cm sem se cortar, justamente ao nível do foco de fractura, depois de bem visualizado pelo R.X.
Capitulo XIV - Conclusão

Esta técnica é usada como o último recurso, na tentativa de obter um alinhamento do membro
afectado, que por norma é o osso da tíbia, em consequência da perda de redução pós urgência,
provocada por vários factores, e numa altura em que o calo ósseo ainda permite alguma
flexibilidade.
Esta manobra é normalmente bem suportada pelo doente sem dor. Coloca-se o doente em
posição de deitado, e depois do gesso estar cortado, exactamente na parte oposta àquela para a qual
se pretende fazer o alinhamento, firma-se bem o membro acima e abaixo do foco de fractura,
exercendo de seguida alguma pressão, e abrindo em cunha o gesso, até ao ponto que se considere
corrigido ou aceitável, o alinhamento do osso.
De seguida, deve ser preenchido este espaço aberto em cunha, com material consistente, (por
exemplo pequenos pedaços de rolha de cortiça) de forma a manter a pressão, e evitar a regressão do
espaço, perdendo-se assim o alinhamento conseguido.
Há alguns cuidados essenciais e importantes a ter, antes de terminar este trabalho. O espaço
aberto no aparelho gessado, deve ser bem preenchido e reforçado, com ligadura de gesso, para se
evitar o risco do edema de janela. Contudo e antes de fechar, o almofadamento interno, e/ ou o
material mais consistente usado para manter o espaço da abertura, não pode de forma alguma ficar a
fazer pressão sobre a pele, porque isso causaria graves lesões cutâneas, e pelo menos um mau estar
constante ao doente
Capitulo XIV - Conclusão

58 APARELHOS DE GESSO NOS MEMBROS SUPERIORES

58.1 FRACTURAS DO ÚMERO


O comportamento, e o tratamento das fracturas umerais, difere bastante, conforme o local
atingido, e a dimensão da fractura. Nesta base, estas fracturas, podem ser classificadas em cinco
grupos, como por ex.: - fracturas da cabeça do úmero, do colo úmero, diafisárias, intercondilianas
e supra-condilianas.
A maioria destas fracturas, actualmente é tratada cirurgicamente. No entanto, há casos, que são
tratadas conservadoramente, com aparelhos gessados, como: o bráquio -palmar, antebráquio-
palmar, tala em U ,tendo em conta quase sempre, a debilidade física do doente, ou quando os riscos
cirúrgicos são muito elevados.
Os objectivos, do tratamento das fracturas dos membros superiores com aparelhos gessados,
são os de obter uma boa consolidação óssea, com o comprimento total, e o alinhamento normal,
sem deformidade rotacional ou angular, restaurar a potência muscular e o movimento articular, ou
seja restaurar o estado de pré-lesão, da força e da deambulação normal do doente

58.1.1 TALA GESSADA PENDENTE


É uma tala gessada usada frequentemente
na urgência, nas fracturas do 1/3 distal,1/3
médio ou 1/3 próximal e do colo do úmero. As
fracturas da diáfise umeral, não oferecem
geralmente grandes preocupações com o
tratamento ortopédico, porque é
consensualmente aceite que uma angulação
residual até vinte graus (20º) de recurvatum ou Figura 114. Tala Gessada Pendente
até trinta graus (30º) de varo, não acarretam
grande défice funcional, e esteticamente são
considerados como deficiência irrelevante. O
encurtamento também não tem grande
significado clínico.
Por estas razões e pelas complicações que podem surgir com o tratamento cirúrgico, este
raramente é opção. Também por este facto, a tala gessada pendente bráquio -palmar é um
tratamento considerado correcto numa situação de urgência, logo após a redução e o alinhamento da
fractura.
Capitulo XIV - Conclusão

As vantagens desta tala gessada são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o


possível e evitar complicações como o edema, disfunções sensitivas, e facilitar a circulação
sanguínea que por norma fica afectada após o traumatismo, podendo advir daí graves
consequências, assim como proteger toda a massa muscular envolvente ao foco de fractura. Na
continuidade do tratamento e por norma, esta tala é substituída por um gesso fechado mais ou
menos duas semanas após o acidente.
O grande inconveniente destas imobilizações, são a atrofia muscular do membro, e a rigidez do
cotovelo e do punho pelo facto destas articulações terem que ser imobilizadas a fim de se evitar
qualquer movimento de torção ou rotação. Também o peso é um inconveniente deste aparelho
gessado, mas é também esta uma das formas de tracção necessária para procurar manter o
alinhamento dos focos de fractura. Pelas razões já descritas, esta tala deve manter-se o menos tempo
possível.
Técnica de execução:
Em primeiro lugar, este aparelho gessado tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Coloca-se o doente na posição de sentado e com o membro ligeiramente afastado do tronco e
inclinado lateralmente para o lado afectado e o cotovelo com angulação de 90º, de forma a criar
uma tracção por suspensão do membro. Nesta posição o doente normalmente suporta o mau estar e
a dor é mínima. O enfermeiro tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição
correcta, evitando desvios ou torções.
O primeiro passo, inicia-se com a colocação da ligaduras de algodão prensado, de tamanho e
quantidade variável conforme cada caso. Estas ligaduras, como qualquer outra deve ser colocada
com ligeira pressão, e iniciando-se sempre da região distal para a proximal, desde a raiz dos dedos,
passando pela comissura entre o polegar e o indicador, por forma a que cada circular se sobreponha
sempre em metade da circular anterior.
Deve ser colocada sempre desde a raiz dos dedos até à axila e na face externa deve sobrepor o
ombro. Ter sempre em conta que as proeminências ósseas fiquem bem protegidas para não se correr
o risco de macerações graves.
No cotovelo ao nível da angulação, as ligaduras devem passar cruzadas, de forma a evitar
possíveis garrotamentos na face interna, o que provocaria dificuldades circulatórias ou perda de
sensibilidade que trariam consequências muito graves para o doente.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de
gesso depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 15 e os
20 cm de largura.
Inicia-se por desenrolar a ligadura e desdobra-la em harmónio e em tiras com um
comprimento previamente medido, por forma a que vá desde a raiz dos dedos até sobrepor o ombro
Capitulo XIV - Conclusão

e de espessura considerada necessária para satisfazer um dos principais objectivos deste aparelho
gessado que é o peso, fundamental para manter um alinhamento o mais próximo possível do
normal. Após ter sido embebida em água de forma a estar no seu todo bem molhada é espremida
conforme a necessidade de cada caso.
Sem demora, um dos profissionais coloca a tala preparada no local pretendido, enquanto o
outro a vai fixando ao membro com uma ligadura de gaze ou elástica, tendo em conta o equilíbrio
da pressão a utilizar. Por norma deve iniciar-se sobre o ombro, descer ao longo do braço pela face
externa, por forma a fazer um pequeno ângulo de 90 graus na região posterior do cotovelo, subindo
para a face externa do braço, até atingir a parte distal dos metacarpianos. Ter sempre o cuidado de
deixar livre a comissura entre o polegar e o indicador, para permitir a mobilidade.
O terceiro passo, Nesta primeira fase de secagem do gesso, é a altura ideal para ser moldado e
ajustado no foco de fractura e no ombro, assim como colocar o cotovelo na posição de 90 graus e o
punho na posição anatómica.
No final, quando estiver terminado o aparelho gessado, deve colocar-se o braço ao peito em
suspensão com uma banda (ligadura) de suporte que pode passar directamente pelo pescoço, ou
passar pela axila do braço oposto, com a finalidade de aliviar o peso e o esforço do doente ao nível
do tronco.
Ensino ao doente
É fundamental ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a forma
mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado. Depois do gessado
estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente os dedos, para evitar a
formação de edemas e facilitar a circulação sanguínea. Ter sempre em conta os cuidados,
previamente aconselhados com o gesso.

58.1.2 GESSO FECHADO PENDENTE


É aparelho gessado fechado, ou seja, que
envolve todo o membro desde o ombro, braço,
antebraço e mão. A finalidade deste gesso
resulta da necessidade, ou por opção, de um
tratamento cruento. É usado nas fracturas do 1/3
distal, 1/3 médio, do 1/3 próximal e do colo do
úmero, e normalmente executado passadas cerca
de duas semanas após a fractura, e em
Figura 115. Gesso Fechado Pendente
substituição de uma tala feita no serviço de
urgência no dia do traumatismo.
Capitulo XIV - Conclusão

Como já foi referenciado anteriormente, as fracturas da diáfise umeral, não oferecem


geralmente grandes preocupações com o tratamento ortopédico, porque é consensualmente aceite
que uma angulação residual até vinte graus (20º) de recurvatum ou até trinta graus (30º) de varo,
não acarretam grande défice funcional, e esteticamente são considerados como deficiência
irrelevante. O encurtamento também não tem grande significado clínico.
Por estas razões e pelas complicações que poderiam surgir com o tratamento cirúrgico, este
raramente é opção. Neste sentido, o gesso fechado pendente é um tratamento considerado correcto
numa situação de tratamento conservador e que normalmente garante bons resultados.
As vantagens deste gesso fechado são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou
o possível do osso, pelo facto de ser um gesso muito pesado, logo provoca uma tracção natural
necessária ao tratamento.
Também porque vai permitir um reajustamento de todo o aparelho gessado ao membro, depois
de este ter passado todo um tempo de reacção fisiológica como defesa, o qual provocou dificuldades
circulatórias e principalmente edemas.
A imobilização colocada no serviço de urgência deixou de cumprir a sua função e pelo
contrário começa a ser prejudicial, porque passou a ficar pouco ajustada ao membro, logo a permitir
movimentos contrários a um correcto alinhamento e cicatrização do osso.
O grande inconveniente desta imobilização, que embora pareça contraditório, é também o peso,
porque conforme já foi dito tem vantagens, tem a desvantagem do incómodo e desconforto que
provoca ao doente nas suas tarefas de vida diária, e a dificuldade de sustentar o seu peso durante
cerca de 4 semanas ou o tempo achado conveniente para a cicatrização do osso.
Outros dos inconvenientes são a atrofia muscular do membro e a rigidez do cotovelo e do
punho pelo facto destas articulações terem que ser imobilizadas.
Técnica de Execução: Em primeiro lugar, este aparelho gessado tem de ser feito sempre por
dois profissionais. Depois do doente devidamente acomodado na posição correcta, de preferência
sentado e em tronco nu, com o membro ligeiramente pendente e afastado do tronco, inclinado
lateralmente para o lado afectado e o cotovelo com angulação de 90º, por forma a criar uma tracção
por suspensão do membro. Nesta posição o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é
mínima. O enfermeiro tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição
correcta, evitando desvios ou torções.
O primeiro passo, inicia-se de preferência com a colocação de malha tubular, de medida
variável conforme a espessura do membro, por forma a que não fique demasiadamente apertada,
para não provocar posterior garrotamento ou dificuldades circulatórias, ou demasiadamente larga
para não ficarem pregas ou rugas junto da pele podendo provocar consequentemente macerações,
Capitulo XIV - Conclusão

que poderiam ser irreversíveis. Deve ser dado um corte na malha na região axilar interno, para que
do outro lado externo tenha comprimento suficiente para chegar até à base do pescoço.
O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento
do membro afectado, para que antes de finalizar o aparelho gessado se possam dobrar para trás os
excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho e principalmente evitar que os rebordos
mais duros ou cortantes possam ferir a pele do doente.
O segundo passo, inicia-se com a colocação sobre a malha, da protecção com ligaduras de
algodão prensado, de tamanho e quantidade variável conforme cada caso Estas ligaduras, como
qualquer outra deve ser colocada com ligeira pressão e começando sempre da região distal, para a
proximal desde a raiz dos dedos, passando pela comissura entre o polegar e o indicador, por forma a
que cada circular se sobreponha sempre em metade da circular anterior. Deve ser colocada sempre
desde a raiz dos dedos até à axila, e na face externa deve sobrepor o ombro. Ter sempre em conta
que as proeminências ósseas fiquem bem protegidas para não se correr o risco de macerações
graves.
No cotovelo ao nível da angulação, as ligaduras devem passar cruzadas, de forma a evitar
possíveis garrotamentos na face interna, o que provocaria dificuldades circulatórias ou perda de
sensibilidade que trariam consequências muito graves para o doente.
O terceiro passo inicia-se com a preparação e a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da
largura da ligadura de gesso depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente
passa entre os 10 e os 15cm de largura.
As ligaduras devem ser aplicadas com uma sequência rápida e com alguma tensão, mas
sempre para que não seja demasiada. Ter sempre o cuidado de deixar livre a comissura entre o
polegar e o indicador, para permitir a mobilidade.
A passagem das ligaduras pelo cotovelo, tal como aconteceu antes com as ligaduras de algodão
para almofadamento, deve ser cruzada, para se evitar a possível compressão e consequências
desagradáveis para o doente, tais como o comprometimento vascular ou sensitivo. De cada vez que
se aplica uma ligadura, deve alisar-se em todo o comprimento.
Esta manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso porque tapa a maior parte dos poros,
logo diminui a quantidade de ar residual, o que se não fosse feito, causaria menor consistência do
gesso.
É conveniente executar-se uma argola com ligadura de gesso e colocá-la na região superior a
cerca de 10 cm do punho para que depois de seca, sirva de suporte do aparelho gessado. Nesta
primeira fase de secagem do gesso, é a altura ideal para ser moldado e ajustado no foco de fractura e
no ombro, assim como colocar o cotovelo na posição de 90º e o punho na posição anatómica.
Capitulo XIV - Conclusão

Quando estiver terminado o aparelho gessado, deve colocar-se o braço ao peito em suspensão,
com uma banda (ligadura) de suporte, que pode passar directamente pelo pescoço, ou passar pela
axila do braço oposto, com a finalidade de aliviar o peso e o esforço do doente ao nível do tronco.
Ensino ao doente: Ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a
forma mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado. Depois do
aparelho gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente os dedos,
para evitar a formação de edemas e facilitar a circulação sanguínea. Ter sempre em conta os
cuidados, previamente aconselhados com o gesso.

58.1.3 TALA EM U
É uma tala usada frequentemente na urgência, nas fracturas
do 1/3 médio do úmero. As vantagens desta tala gessada são as
de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o possível
da fractura e evitar complicações como o edema, disfunções
sensitivas e facilitar a circulação sanguínea, assim como proteger
toda a massa muscular evolvente ao foco de fractura.
Na continuidade do tratamento e por norma, esta tala é
substituída por um gesso fechado mais ou menos duas semanas Figura 116. Tala em U

após o acidente. Esta imobilização tem a grande vantagem de


permitir a mobilidade do cotovelo em flexão embora a extensão
fique limitada aos 90 graus, o que favorece a circulação de
retorno e evita a formação de edemas e diminuindo a atrofia
muscular.
Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Coloca-se o doente na posição de sentado e com o membro ligeiramente afastado do tronco e
inclinado lateralmente para o lado afectado e o cotovelo com angulação de 90 graus, de forma a
criar uma tracção por suspensão do membro. Nesta posição o doente normalmente suporta o mau
estar e a dor é mínima. O enfermeiro tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na
posição correcta, evitando desvios ou torções.
O primeiro passo, inicia-se com da ligaduras de algodão prensado, de tamanho e quantidade
variável conforme cada caso.
Estas ligaduras, como qualquer outra devem ser colocada com ligeira pressão, e iniciando-se
sempre da região distal para o proximal, para que cada circular se sobreponha sempre em metade da
circular anterior.
Capitulo XIV - Conclusão

Deve ser colocada sempre desde o cotovelo até à axila e na face externa deve sobrepor o
ombro. Ter sempre em conta que as proeminências ósseas fiquem bem protegidas para não se correr
o risco de macerações graves.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de gesso
depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 15 e os 20cm
de largura.
Inicia-se por desenrolar a ligadura e desdobra-la em harmónio e em tiras com um
comprimento previamente medido, de modo a que desça desde a axila, até ao cotovelo pela face
interna, e subir novamente pela face externa até ao ombro, formando desta forma um U . Após ter
sido embebida em água de forma a estar no seu todo bem molhada, é espremida conforme a
necessidade de cada caso.
Esta manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso. Sem demora, um dos profissionais
coloca a tala preparada no local pretendido, enquanto o outro a vai fixando ao membro com uma
ligadura de gaze ou elástica, tendo em conta o equilíbrio da pressão a utilizar.
Por norma deve iniciar-se sob a axila, passando no cotovelo de forma a permitir algum apoio,
mas tornar quase nula a amplitude na extensão do braço.
O terceiro passo, nesta primeira fase de secagem do gesso, é a altura ideal para ser moldado e
ajustado no foco de fractura, assim como colocar o cotovelo na posição de 90 graus. Quando estiver
terminado o aparelho gessado, deve colocar-se o braço ao peito em suspensão com uma banda
(ligadura) de suporte que pode passar directamente pelo pescoço, ou passar pela axila do braço
oposto, com a finalidade de aliviar o peso e o esforço do doente ao nível do tronco.
Ensino ao doente
Ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a forma mais rápida e
correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado. Depois do aparelho gessado estar
seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente os dedos, para evitar a formação de
edemas e facilitar a circulação sanguínea. Ter sempre em conta os cuidados, previamente
aconselhados com o gesso.

58.1.4 BRAÇADEIRA OU BRAÇAL GESSADO FECHADO:


É um aparelho gessado fechado, diferente do braquio -palmar, normalmente aplicado nas
fracturas do 1/3 médio do úmero. A finalidade deste gesso resulta da necessidade ou por opção de
um tratamento cruento e normalmente executado passadas cerca de duas semanas após a fractura, e
em substituição de uma tala feita no serviço de urgência no dia do traumatismo, mantendo-se mais
cerca de quatro semanas.
Capitulo XIV - Conclusão

As vantagens deste gesso fechado são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou


o possível do osso. Também porque vai permitir um reajustamento de todo o aparelho gessado ao
membro, depois de este ter passado todo um tempo de reacção fisiológica como defesa, o qual
provocou dificuldades circulatórias e principalmente edemas. Permite alguma mobilidade de
extensão e flexão do cotovelo sem prejuízo do bom alinhamento do foco de fractura, o que se torna
fundamental para evitar a rigidez da articulação e a atrofia muscular.
A imobilização colocada no serviço de urgência deixou de
cumprir a sua função, e pelo contrário começa a ser prejudicial,
porque passou a ficar pouco ajustada ao membro, logo a permitir
movimentos contrários a um correcto alinhamento e cicatrização
do osso.
O grande inconveniente desta imobilização é o incómodo e
desconforto pela pressão que provoca no cotovelo, e que incomoda
o doente as suas tarefas de vida diária, com a dificuldade de
Figura 117. Braçadei
ra ou Braçal Gessado sustentar o seu peso durante cerca de 4 semanas ou o tempo
fechado achado conveniente para a cicatrização do osso e a atrofia
muscular do membro.
Técnica de Execução: Em primeiro lugar, este aparelho gessado tem de ser feito sempre por
dois profissionais. É um aparelho gessado com muita dificuldade em ser executado.
Depois do doente devidamente acomodado na posição correcta, de preferência sentado e em
tronco nu, com o membro ligeiramente pendente e afastado do tronco, inclinado lateralmente para o
lado afectado, e o cotovelo com angulação de 90º, por forma a criar uma tracção por suspensão do
membro. Nesta posição o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima. O enfermeiro
tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta, evitando desvios ou
torções.
O primeiro passo, inicia-se de preferência com a colocação de malha tubular, de medida
variável conforme a espessura do membro, por forma a que não fique demasiadamente apertada,
para não provocar posterior garrotamento ou dificuldades circulatórias, ou demasiadamente larga
para num ficarem pregas ou rugas junto da pele podendo provocar consequentemente macerações,
que poderiam ser irreversíveis.
O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento
do membro afectado, para que antes de finalizar o aparelho gessado se possam dobrar para trás os
excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho e principalmente evitar que os rebordos
mais duros ou cortantes possam ferir a pele do doente.
Capitulo XIV - Conclusão

O segundo passo, inicia-se com a colocação sobre a malha, da protecção com ligaduras de
algodão prensado, de tamanho e quantidade variável conforme cada caso.
Estas ligaduras, como qualquer outra devem ser colocada com ligeira pressão, e começando
sempre da região distal para o proximal, para que cada circular se sobreponha sempre em metade da
circular anterior.
Pode ser aplicado um spray (pele plástica) sobre a malha, porque a experiência me diz que é
uma forma de protecção extra da pele, e porque também ajuda na melhor fixação e moldagem da
malha protectora, contribuindo para que com a atrofia muscular provocada pela imobilidade, o
aparelho gessado não descaia com tanta facilidade, logo saindo da posição desejada, acarretando
com isso todos os inconvenientes indesejáveis como a instabilidade da fractura e zonas de pressão e
maceração da prega do cotovelo.
O terceiro passo inicia-se com a preparação e a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da
largura da ligadura de gesso depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente
passa entre os 10 e os 15cm de largura.
As ligaduras devem ser aplicadas com uma sequência rápida e com alguma tensão, mas sempre
para que não seja demasiada.
De cada vez que se aplica uma ligadura, deve alisar-se em todo o comprimento. Esta manobra,
vai permitir uma maior resistência do gesso porque tapa a maior parte dos poros, logo diminui a
quantidade de ar residual, o que se não fosse feito, causaria menor consistência do gesso.
Nesta primeira fase de secagem do gesso, é a altura ideal para ser moldado e ajustado no foco
de fractura e no ombro. O gesso deve suster ligeiramente, (cerca de 5cm) o cotovelo na posição de
90º, para servir de algum apoio, e diminuir a capacidade de extensão do braço, só permitindo cerca
de 10a 15 º.
Quando estiver terminado o aparelho gessado deve colocar-se o braço ao peito em suspensão
com uma banda (ligadura) de suporte que pode passar directamente pelo pescoço, ou passar pela
axila do braço oposto, com a finalidade de aliviar o peso e o esforço do doente ao nível do tronco.
Ensino ao doente
Ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a forma mais rápida e
correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado. Depois do aparelho gessado estar
seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente os dedos, para evitar a formação de
edemas e facilitar a circulação sanguínea. Ter sempre em conta os cuidados, previamente
aconselhados com o gesso.
Capitulo XIV - Conclusão

58.2 FRACTURAS DO ANTEBRAÇO


O comportamento e o tratamento das fracturas do antebraço e da mão, difere bastante,
conforme o local atingido, e a dimensão da fractura. As fracturas dos ossos do antebraço, são quase
sempre tratadas conservadoramente.
Nas crianças pelas complicações que podem surgir com o tratamento cirúrgico, este raramente
é opção. Por este facto, o aparelho gessado é normalmente, um tratamento considerado correcto
numa situação de urgência, logo após a redução e o alinhamento da fractura e posteriormente como
tratamento conservador, tendo em conta, os riscos cirúrgicos elevados.
As complicações mais sérias destas fracturas, são a lesão do nervo radial e a rotura ou
estrangulamento da artéria braquial, o que pode levar à diminuição, ou total ausência do débito
sanguíneo, à parte distal da lesão e a consequente morte do membro por necrose.
Os objectivos do tratamento das fracturas dos membros superiores com aparelhos gessados, são
os de obter uma boa consolidação óssea, com o comprimento total, e o alinhamento normal, sem
deformidade rotacional ou angular, restaurar a potência muscular e o movimento articular, ou seja
restaurar o estado de pré-lesão, da força e da deambulação normal do doente.

58.2.1 TALA BRÁQUIO – PALMAR


É uma tala usada frequentemente na
urgência, nas fracturas supra - côndilianas, nas
luxações do cotovelo, nas fracturas do 1/3
médio,1/3 próximal, olecraneo ou luxações do
rádio e/ou do cúbito. Como já foi dito, as
fracturas dos ossos do antebraço, são quase
sempre tratadas conservadoramente. Por este
facto, a tala gessada bráquio -palmar é um

Figura 118. Tala Bráquio – Palmar tratamento considerado correcto numa situação
de urgência, logo após a redução e o
alinhamento da fractura.
As vantagens desta tala gessada são, as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o
possível e evitar complicações como: o edema, disfunções sensitivas e facilitar a circulação
sanguínea, que por norma fica afectada após o traumatismo, assim como proteger toda a massa
muscular evolvente ao foco de fractura. Na continuidade do tratamento e por norma, esta tala é
substituída por um gesso fechado, mais ou menos duas semanas após o acidente.
O grande inconveniente desta imobilização é, a atrofia muscular do membro e a rigidez do
cotovelo e do punho, pelo facto destas articulações terem que ser imobilizadas, a fim de se evitar
Capitulo XIV - Conclusão

qualquer movimento de torção. Pelas razões já descritas, esta tala deve manter-se o menos tempo
possível.
Técnica de Execução - Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por
dois profissionais. Coloca-se o doente na posição de sentado, com o membro ligeiramente afastado
do tronco, e inclinado lateralmente para o lado afectado e o cotovelo com angulação de 90º, de
forma a criar uma tracção por suspensão do membro.
Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar, e a dor é mínima. O enfermeiro, tem
que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta, evitando desvios ou
torções.
O primeiro passo, inicia-se a colocação das ligaduras de algodão prensado, de tamanho e
quantidade variável, conforme cada caso. Estas ligaduras, como qualquer outra, devem ser
colocadas com ligeira pressão e iniciando-se sempre da região distal para o proximal, para que cada
circular, se sobreponha sempre em metade da circular anterior. Deve ser colocada sempre, desde a
raiz dos dedos até o máximo possível acima do foco de fractura, e na face externa.
Ter sempre em conta que as proeminências ósseas fiquem bem protegidas, para não se correr o
risco de macerações graves. No cotovelo, ao nível da angulação, as ligaduras devem passar
cruzadas, de forma a evitar possíveis garrotamentos na face interna, o que provocaria dificuldades
circulatórias, ou perda de sensibilidade, que trariam consequências muito graves para o doente.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de
gesso depende de cada caso, ou do tratamento a executar. Normalmente é entre os 15 e os 20cm de
largura.
Inicia-se por desenrolar a ligadura e desdobra-la em tiras, com um comprimento previamente
medido, por forma, a que vá desde a raiz dos dedos até ao 1/3 próximal do úmero. Após ter sido
embebida em água, de modo a estar no seu todo bem molhada, é espremida, conforme a
necessidade de cada caso.
Esta manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso. Sem demora, um dos profissionais,
coloca a tala já preparada no local pretendido, enquanto o outro, a vai fixando ao membro, com uma
ligadura de gaze ou elástica, tendo em conta o equilíbrio da pressão a utilizar.
Por norma, deve iniciar-se sobre o 1/3 próximal do úmero, descer ao longo do braço pela face
externa, por forma a fazer um pequeno ângulo de 90º na região externa do cotovelo, subindo pela
face externa do braço, até atingir a parte distal dos metacarpianos. Ter sempre o cuidado de deixar
livre a comissura entre o polegar e o indicador, para permitir a mobilidade.
O terceiro passo, nesta primeira fase de secagem do gesso, é a altura ideal para ser moldado, e
ajustado no foco de fractura, colocar o cotovelo na posição de 90º e o punho na posição anatómica.
Capitulo XIV - Conclusão

Quando estiver terminado o aparelho gessado, deve colocar-se o braço ao peito em suspensão,
com uma banda (ligadura) de suporte, que pode passar directamente pelo pescoço, ou passar pela
axila do braço oposto, com a finalidade de aliviar o peso, e o esforço do doente, ao nível do tronco.
Ensino ao doente
Ter presente os sinais de alarme, explicando-lhe a forma mais rápida e correcta de minimizar
ou resolver qualquer problema detectado. Depois do aparelho gessado estar seco, o doente deve ser
incentivado a mobilizar frequentemente os dedos, para evitar a formação de edemas e facilitar a
circulação sanguínea. Ter sempre em conta os cuidados, previamente aconselhados com o gesso.

58.2.2 GESSO FECHADO BRÁQUIO- PALMAR


um aparelho gessado fechado, ou seja, que
envolve todo o membro, desde o 1/3 próximal
do braço, ao antebraço e mão. A finalidade
deste gesso resulta da necessidade, ou por
opção, de um tratamento cruento. É usado nas
fracturas do 1/3 médio do úmero, e do 1/3
próximal do rádio e/ou do cúbito (cotovelo) e é
normalmente executado, passadas cerca de duas
Figura 119. Gesso fechado bráquio-
semanas após a fractura, e em substituição de palmar
uma tala feita no serviço de urgência, no dia do
traumatismo, mantendo-se mais cerca de quatro
semanas.
Pelas complicações que poderiam surgir com o tratamento cirúrgico, este, raramente é opção.
Neste sentido, o gesso fechado Pendente Bráquio- palmar é um tratamento considerado correcto
numa situação de tratamento conservador e que normalmente garante bons resultados.
As vantagens deste gesso fechado, são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto, ou
o possível do osso, pelo facto, de ser um gesso muito pesado, logo provoca uma tracção natural
necessária ao tratamento.
Também, porque vai permitir um reajustamento de todo o aparelho gessado ao membro, depois
de este ter passado todo um tempo de reacção fisiológica como defesa, o qual provocou dificuldades
circulatórias e principalmente edemas.
A imobilização, colocada no serviço de urgência, deixou de cumprir a sua função e pelo
contrário, começa a ser prejudicial, porque passou a ficar pouco ajustada ao membro, logo a
permitir movimentos contrários a um correcto alinhamento e cicatrização do osso.
Capitulo XIV - Conclusão

O grande inconveniente desta imobilização é também o peso, que embora pareça contraditório,
porque, conforme já foi dito, tem vantagens, tem a desvantagem do incómodo e desconforto que
provoca ao doente, nas suas tarefas de vida diária e a dificuldade de sustentar o seu peso durante
cerca de 4 semanas, ou o tempo achado conveniente para a cicatrização do osso.
Outros dos inconvenientes, são a atrofia muscular do membro e a rigidez do cotovelo, e do
punho, pelo facto destas articulações terem que ser imobilizadas.
Técnica de Execução:
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Depois do doente devidamente acomodado, na posição correcta, de preferência sentado e em tronco
nu, com o membro ligeiramente pendente e afastado do tronco e inclinado lateralmente para o lado
afectado e com o cotovelo com angulação de 90º, por forma a criar uma tracção por suspensão do
membro. Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima.
O enfermeiro, tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta,
evitando desvios ou torções.
O primeiro passo, inicia-se de preferência, com a colocação de malha tubular, de medida
variável, conforme a espessura do membro, por forma a que não fique demasiadamente apertada,
para não provocar posterior garrotamento, ou dificuldades circulatórias, ou demasiadamente larga,
para não ficarem pregas ou rugas junto da pele, podendo provocar consequentemente macerações,
que poderiam ser irreversíveis.
O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento
do membro afectado, para que antes de finalizar o aparelho gessado, se possam dobrar para trás os
excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho, e principalmente evitar que os rebordos
mais duros, ou cortantes, possam ferir a pele do doente.
O segundo passo, inicia-se com a colocação sobre a malha, da protecção com ligaduras de
algodão prensado, de tamanho e quantidade variável, conforme cada caso. Estas ligaduras, como
qualquer outra, deve ser colocada com ligeira pressão e começando sempre da região distal, para a
proximal, desde a raiz dos dedos, passando pela comissura entre o polegar e o indicador, por forma
a que cada circular, se sobreponha sempre em metade da circular anterior. Ter sempre em conta
que, as proeminências ósseas, fiquem bem protegidas, para não se correr o risco de macerações
graves.
No cotovelo, ao nível da angulação, as ligaduras devem passar cruzadas, de forma a evitar
possíveis garrotamentos na face interna, o que provocaria dificuldades circulatórias, ou perda de
sensibilidade, que trariam consequências muito graves para o doente.
Capitulo XIV - Conclusão

O terceiro passo, inicia-se com a preparação e a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da


largura da ligadura de gesso, depende de cada caso, ou do tratamento a executar, mas normalmente
passa entre os 10 e os 15cm de largura.
As ligaduras, devem ser aplicadas com uma sequência rápida e com alguma tensão, mas
sempre para que não seja demasiada. Ter sempre o cuidado, de deixar livre a comissura entre o
polegar e o indicador, para permitir a mobilidade.
A passagem das ligaduras pelo cotovelo, tal como aconteceu antes com as ligaduras de algodão
para almofadamento, deve ser cruzada, para se evitar a possível compressão e consequências
desagradáveis para o doente, tais como o comprometimento vascular, ou sensitivo.
De cada vez que se aplica uma ligadura de gesso, deve alisar-se em todo o comprimento. Esta
manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso, porque tapa a maior parte dos poros, logo
diminui a quantidade de ar residual, o que, se não fosse feito, causaria menor consistência do gesso.
É conveniente, executar-se uma argola com ligadura de gesso e colocá-la na região superior a
cerca de 10 cm do punho, para que depois de seca, sirva de suporte do aparelho gessado. Nesta
primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldado e ajustado no foco de fractura e
no ombro, assim como, colocar o cotovelo na posição de 90º e o punho na posição anatómica.
Quando estiver terminado o aparelho gessado, deve colocar-se o braço ao peito, em suspensão,
com uma banda (ligadura) de suporte, que pode passar directamente pelo pescoço, ou passar pela
axila do braço oposto, com a finalidade de aliviar o peso e o esforço do doente, ao nível do tronco.
Ensino ao doente
Ter presente os sinais de alarme, explicando-lhe a forma mais rápida e correcta de minimizar
ou resolver qualquer problema detectado. Depois do aparelho gessado estar seco, o doente deve ser
incentivado a mobilizar frequentemente os dedos, para evitar a formação de edemas e facilitar a
circulação sanguínea. Ter sempre em conta os cuidados, previamente aconselhados com o gesso.

58.2.3 TALA ANTEBRÁQUIO – PALMAR


É um aparelho gessado, que envolve o
membro desde o 1/3 próximal do antebraço, até
à mão (ossos do carpo). É usada nas fracturas do
1/3 médio e distal do rádio e/ ou do cúbito,
tendo como causa mais frequente, as fracturas
de (COLLES), e ossos do carpo. Estas fracturas,
são de difícil redução e contenção. No entanto,
em muitas delas, é possível evitar a cirurgia, e
suas complicações. Figura 120. Tala antebráquio – palmar
Capitulo XIV - Conclusão

A finalidade desta tala gessada, resulta da necessidade, ou por opção, de um tratamento


cruento. Uma angulação menor que 10º em qualquer um dos ossos do antebraço, (rádio ou cúbito) e
em qualquer direcção, não provoca uma diminuição acentuada dos movimentos de pronação e
supinação, ou incapacidade funcional. Neste sentido, a tala antebraquio-palmar é um tratamento
considerado correcto numa situação de tratamento conservador e que normalmente garante bons
resultados.
Este aparelho gessado, é efectuado no serviço de urgência, logo após o traumatismo, e depois,
ou em simultâneo, à redução por manipulação dos focos de fractura, que deve ser efectuada tão
suave quanto possível, recorrendo até à administração de anestesia local.
As manipulações violentas, provocam o aumento da hemorragia, e da tensão muscular, o que
pode ter como consequência lesões nervosas, ou vasculares, como o (síndroma de compartimento).
As vantagens desta tala gessada, são as de manter a imobilidade, o alinhamento correcto ou o
possível, e evitar complicações como o edema disfunções sensitivas e facilitar a circulação
sanguínea, que por norma fica afectada após o traumatismo, assim como proteger toda a massa
muscular evolvente ao foco de fractura. Na continuidade do tratamento e por norma, esta tala é
substituída por um gesso fechado, mais ou menos duas semanas após o acidente.
O grande inconveniente desta imobilização é a atrofia muscular do membro e a rigidez do
punho, pelo facto desta articulação ter que estar imobilizadas, a fim de se evitar qualquer
movimento de torção. Pelas razões já descritas, esta tala, deve manter-se o menos tempo possível.
Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais, que
pode ser um médico e um enfermeiro.
Para a redução da fractura dos ossos do antebraço, coloca-se o doente na posição de deitado e
com o membro, ligeiramente afastado do tronco lateralmente para o lado afectado e o cotovelo com
angulação de 90º, por forma a que um dos profissionais (o enfermeiro)segure o antebraço, para
fazer contra - tracção, enquanto o outro profissional,(médico) faz a tracção e mobilização do foco
de fractura, até se conseguir o encravamento dos topos de fractura e o alinhamento do osso.
Procura-se com esta técnica, obter um suficiente estiramento da membrana interóssea, de modo
a evitar a aproximação dos topos de fractura entre o rádio e o cúbito. Para isso, é necessário que se
coloque o antebraço em pronação e eversão, depois de reduzida a fractura, de forma a obter-se
paralelismo, entre os dois ossos do antebraço.
Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima. Tem que ter o
cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta, evitando desvios ou torções.
Neste tipo de tratamento e para se evitar demasiados movimentos, que poderiam contrariar os
resultados obtidos, inicia-se com a colocação de ligaduras de algodão prensado, de tamanho e
Capitulo XIV - Conclusão

quantidade variável, conforme cada caso, para proteger o membro, até cerca de 5cm da dobra do
cotovelo, de modo a permitir depois os movimentos de flexão do braço, sem criar incómodo.
Estas ligaduras, como qualquer outra, devem ser colocada com ligeira pressão e iniciando-se
sempre da região distal para o proximal, para que cada circular se sobreponha sempre em metade da
circular anterior. Deve ser colocada sempre desde a raiz dos dedos, até o máximo possível acima do
foco de fractura. Ter sempre em conta, que as proeminências ósseas, fiquem bem protegidas, para
não se correr o risco de macerações graves.
O primeiro passo, inicia-se com a colocação de algodão prensado, de tamanho e quantidade
variável, conforme cada caso. Estas ligaduras, como qualquer outra, devem ser colocadas com
ligeira pressão e iniciando-se sempre da região distal para o proximal, para que cada circular, se
sobreponha sempre em metade da circular anterior. Deve ser colocada sempre, desde a raiz dos
dedos até o máximo possível acima do foco de fractura, e na face externa. Ter sempre em conta que
as proeminências ósseas fiquem bem protegidas, para não se correr o risco de macerações graves.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de
gesso, depende de cada caso, ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 10 e os
15cm de largura. Inicia-se por desenrolar a ligadura de gesso e desdobra-la em harmónio e em tiras,
com um comprimento previamente medido, por forma a que vá desde a raiz dos dedos, até ao 1/3
próximal do antebraço, a cerca de 5cm da dobra do cotovelo.
O terceiro passo, Nesta fase, deve dar-se um golpe nas tiras de gesso, no sentido longitudinal
e com cerca de 2cm de largura e 5cm de comprimento, por forma a que este pedaço possa ser
afastado ligeiramente, de modo a fazer um V, o que facilita envolver-se na base do polegar e
permite conseguir uma maior imobilidade do punho.
Após ter sido embebida em água, de forma a estar no seu todo bem molhada é espremida,
conforme a necessidade de cada caso. Sem demora, um dos profissionais, coloca a tala preparada no
local pretendido, enquanto o outro a vai fixando ao membro, com uma ligadura de gaze ou elástica,
tendo em conta o equilíbrio da pressão a utilizar. Por norma, deve iniciar-se sobre a parte distal dos
metacarpianos, até atingir a proximidade da dobra do cotovelo.
Ter sempre o cuidado, de deixar livre a comissura entre o polegar e o indicador, para permitir a
mobilidade. Nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldado e ajustado no
foco de fractura e o punho ser colocado na posição anatómica desejada. Quando estiver terminado o
aparelho gessado, deve colocar-se o braço ao peito, em suspensão, com uma banda (ligadura) de
suporte, que pode passar directamente pelo pescoço, ou passar pela axila do braço oposto, com a
finalidade de aliviar o peso e evitar os edemas.
Ensino ao doente
Capitulo XIV - Conclusão

Ter presente os sinais de alarme, explicando-lhe a forma mais rápida e correcta de minimizar
ou resolver qualquer problema detectado. Depois do aparelho gessado estar seco, o doente deve ser
incentivado a mobilizar frequentemente os dedos, para evitar a formação de edemas e facilitar a
circulação sanguínea. Ter sempre em conta os cuidados, previamente aconselhados com o gesso.

58.2.4 GESSO FECHADO ANTEBRÁQUIO-PALMAR ( LUVA GESSADA)

Figura 121. Gesso fechado antebráquio-palmar ( luva gessada):

É um aparelho gessado fechado, que consiste, na aplicação de gesso no antebraço, e região


palmar, ou seja, que envolve todo o membro, desde o 1/3 próximal antebraço, desde cerca de 5 cm
da dobra do cotovelo, até à mão ou seja ao 1/3 distal do metacarpo (nós dos dedos). É usado, nas
fracturas do 1/3 distal do rádio e /ou do cúbito, tendo como causa mais frequente as fracturas de
(COLLES) e ossos do carpo.
É normalmente executado, passadas cerca de duas semanas após a fractura, em substituição de
uma tala gessada feita no serviço de urgência, no dia do traumatismo e em que já se deu algum
tempo ao organismo, para iniciar a fase de reconstituição óssea, com a formação de calo, o que já
permite alterar a posição de pronação eversão para a de posição neutra, ou seja, recolocar a posição
anatómica do braço, mantendo-se mais cerca de quatro semanas.
A finalidade deste gesso, resulta da necessidade, ou por opção, de um tratamento cruento. Pelas
complicações que poderiam surgir com o tratamento cirúrgico. O gesso fechado antebráquio-
palmar é um tratamento considerado correcto, numa situação de tratamento conservador e que
normalmente garante bons resultados.
As vantagens deste gesso fechado, são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto, ou
o possível, dos ossos envolvidos. Também, porque vai permitir, um reajustamento de todo o
aparelho gessado ao membro, depois de este ter passado todo um tempo de reacção fisiológica
como defesa, a qual, provocou dificuldades circulatórias e principalmente edemas. A imobilização
Capitulo XIV - Conclusão

colocada no serviço de urgência, deixou de cumprir a sua função e pelo contrário, começa a ser
prejudicial, porque passou a ficar pouco ajustada ao membro, logo a permitir movimentos
contrários a um correcto alinhamento e cicatrização do osso.
O grande inconveniente desta imobilização é o incómodo e desconforto que provoca ao doente,
nas suas tarefas de vida diária e a dificuldade de sustentar por vezes o seu peso, durante cerca de 4
semanas, ou o tempo achado conveniente para a cicatrização do osso.
Outros dos inconvenientes, são a atrofia muscular do membro e a rigidez do punho, pelo facto
desta articulação ter que ser imobilizada.
Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais. É
nesta fase, que normalmente se coloca o membro em (posição neutra), ou seja é desfeita a posição
de pronação e eversão, que trazia do serviço de urgência com a tala gessada, porque, já completou
cerca de 15 dias pós acidente e o calo ósseo já permite esta correcção, mas que deve ser feita com
conhecimento, e palpação dos topos ósseos, com suavidade, e o menor incómodo para o doente.
Depois do doente devidamente acomodado, e na posição correcta, de preferência sentado, ou
deitado, com o membro ligeiramente afastado do tronco, para que um dos profissionais possa criar
uma ligeira tracção do membro. Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é
mínima. O enfermeiro, tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição
correcta, evitando desvios ou torções.
O primeiro passo, inicia-se de preferência com a colocação de malha tubular, de medida
variável conforme a espessura do membro. O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente
superior ao comprimento do segmento do membro afectado, para que antes de finalizar o aparelho
gessado, se possam dobrar para trás os excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho,
e principalmente evitar que os rebordos mais duros, ou cortantes, possam ferir a pele do doente.
Deve ser aberto um espaço na malha, de modo a que deixe passagem livre ao dedo polegar.
O segundo passo, inicia-se com a colocação sobre a malha, da protecção com ligaduras de
algodão prensado, de tamanho e quantidade variável, conforme cada caso. Estas ligaduras, como
qualquer outra, deve ser colocada com ligeira pressão e começando sempre da região distal, para a
proximal, desde a raiz dos dedos, passando pela comissura entre o polegar e o indicador, por forma,
a que cada circular se sobreponha sempre em metade da circular anterior. Ter sempre em conta, que
as proeminências ósseas fiquem bem protegidas, para não se correr o risco de macerações graves.
O terceiro passo, inicia-se com a preparação e a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da
largura da ligadura de gesso, depende de cada caso, ou do tratamento a executar, mas normalmente
passa entre os 5 e os 10cm de largura.
Capitulo XIV - Conclusão

As ligaduras, devem ser aplicadas com uma sequência rápida e com alguma tensão, mas
sempre para que não seja demasiada. Ter sempre o cuidado, de deixar livre a comissura entre o
polegar e o indicador, para permitir a mobilidade dos dedos.
De cada vez que se aplica uma ligadura de gesso, deve alisar-se em todo o comprimento. Esta
manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso, porque tapa a maior parte dos poros, logo,
diminui a quantidade de ar residual, o que se não fosse feito, causaria menor consistência do gesso.
Nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldada e ajustado no foco
de fractura e colocar o punho, na posição anatómica. Quando estiver terminado o aparelho gessado,
deve colocar-se o braço ao peito, em suspensão, com uma banda, (ligadura) de suporte, que pode
passar directamente pelo pescoço, ou passar pela axila do braço oposto, com a finalidade de aliviar
o peso e o esforço do doente, ao nível do tronco.
Ensino ao Doente
 Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente
os dedos, para evitar a formação de edemas e facilitar a circulação
 Ter sempre em conta os cuidados, previamente aconselhados com o gesso.
 É fundamental ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a
forma mais rápida e correcta de minimizar, ou resolver qualquer problema detectado.

58.3 FRACTURAS DO CARPO, METACARPO E FALANGES


58.3.1 GESSO FECHADO DO OSSO ESCAFÓIDE

Figura 122. Gesso fechado do Osso Escafóide


O osso escafóide é um osso do carpo, que pela sua localização e função, qualquer lesão ou
fractura, requer um tratamento e cuidado muito específico, desde o momento do acidente.
Capitulo XIV - Conclusão

Depois de detectada a lesão no serviço de urgência, é feito aparelho gessado fechado, muito
específico, se não houver edema e ao contrário da maioria das fracturas e que deve envolver
directamente o dedo polegar e todos os metacarpianos, de forma a não permitir qualquer movimento
articular do punho, para evitar possíveis pseud – artroses, visto este osso, ter uma função muito
activa nos movimentos da mão.
Este aparelho gessado fechado, consiste, na aplicação de gesso no antebraço e região palmar,
ou seja, envolve todo o membro, desde o 1/3 próximal do antebraço, a cerca de 5cm da dobra do
cotovelo e mão, ou seja 1/3 distal dos ossos do carpo (nós dos dedos). A finalidade deste gesso,
resulta da necessidade, ou por opção, de um tratamento cruento.
É normalmente mudado, após controlo com R.X., passadas cerca de duas semanas, mantendo-
se mais cerca de seis semanas. Pelas complicações que poderiam surgir com o tratamento cirúrgico,
o gesso fechado de escafóide é um tratamento considerado correcto, numa situação de tratamento
conservador e que normalmente garante bons resultados. O tratamento cirúrgico surge como última
opção de tratamento.
As vantagens deste gesso fechado, são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto, ou
o possível, dos ossos envolvidos.
O grande inconveniente desta imobilização é o incómodo e desconforto que provoca ao
doente, nas suas tarefas de vida diária e a dificuldade de sustentar por vezes o seu peso, durante
cerca de 4 a 6 semanas, ou o tempo achado conveniente, para a cicatrização do osso. Outro dos
inconvenientes é a atrofia muscular do membro e a rigidez do punho, pelo facto desta articulação ter
que ser imobilizada.
Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Depois do doente devidamente acomodado, na posição correcta, de preferência sentado, com o
membro ligeiramente afastado do tronco, para que um dos profissionais, possa criar uma ligeira
tracção do membro através do dedo polegar.
Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima. O enfermeiro, tem
que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta, evitando desvios ou
torções.
O primeiro passo, inicia-se de preferência com a colocação de malha tubular, de medida
variável, conforme a espessura do membro, por forma a que não fique demasiadamente apertada,
para não provocar posterior garrotamento, ou dificuldades circulatórias, ou demasiadamente larga,
para não ficarem pregas ou rugas junto da pele, podendo provocar consequentemente macerações,
que poderiam ser irreversíveis.
Capitulo XIV - Conclusão

O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento


do membro afectado, para que antes de finalizar o aparelho gessado, se possam dobrar para trás os
excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho, e principalmente, evitar que os
rebordos mais duros ou cortantes, possam ferir a pele do doente.
Deve ser aberto um espaço na malha, de modo a que deixe passagem livre ao dedo polegar. O
polegar também, deve ser protegido até à falangeta, porque a imobilização deste dedo, vai ter papel
fundamental na cicatrização do osso escafóide.
O segundo passo, inicia-se com a colocação sobre a malha, da protecção com ligaduras de
algodão prensado, de tamanho e quantidade variável, conforme cada caso. Estas ligaduras, como
qualquer outra, deve ser colocada com ligeira pressão e começando sempre da região distal, para a
proximal, desde a raiz dos dedos, passando pela comissura entre o polegar e o indicador, por forma,
a que cada circular se sobreponha sempre em metade da circular anterior. Ter sempre em conta, que
as proeminências ósseas, fiquem bem protegidas, para não se correr o risco de macerações graves.
O terceiro passo, inicia-se com a preparação e a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da
largura da ligadura de gesso, depende de cada caso, ou do tratamento a executar, mas normalmente
passa entre os 2, os 5 ou os 10cm de largura.
As ligaduras, devem ser aplicadas com uma sequência rápida e com alguma tensão, mas
sempre para que não seja demasiada. Ter sempre o cuidado, de envolver também o dedo polegar,
para que o aparelho gessado, fique numa posição anatómicamente correcta, ou seja, que lhe permita
depois pegar num copo.
Para tal, durante a execução do gesso, deve solicitar-se ao doente, que junte as polpas dos
dedos indicador e o polegar, por forma a executar um “O” . O aparelho gessado, deve ficar com
uma posição de ligeira supinação. A moldagem da palma da mão é fundamental, para melhor
fixação, e imobilização do osso escafóide.
De cada vez que se aplica uma ligadura, deve alisar-se em todo o seu comprimento. Esta
manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso, porque tapa a maior parte dos poros, logo
diminui a quantidade de ar residual, o que se não fosse feito, causaria menor consistência do gesso.
Nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldado e ajustado no foco
de fractura e colocar o punho na posição anatómica. Quando estiver terminado o aparelho gessado,
deve colocar-se o braço ao peito, em suspensão, com uma banda (ligadura) de suporte, com a
posição aproximada de 90º e que pode passar directamente pelo pescoço, ou passar pela axila do
braço oposto, com a finalidade de aliviar o peso e o esforço do doente, ao nível do tronco.
Ensino ao Doente:
Capitulo XIV - Conclusão

Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente os
dedos, para evitar a formação de edemas e facilitar a circulação. Também pode deixar o braço
pendente e fazer pequenas tarefas, sempre que os dedos não apresentem edemas.
Ter sempre em conta os cuidados, previamente aconselhados com o gesso.
É fundamental, ter sempre presente e em atenção, os sinais de alarme, explicando-lhe a forma
mais rápida e correcta de minimizar, ou resolver qualquer problema detectado.

58.3.2 TALAS METACARPO – FALÂNGICAS


Estas imobilizações, envolvem os ossos metarcapianos, assim como as falanges e as
respectivas articulações. Estas fracturas, são de difícil redução e contenção, por tratamento
conservador. No entanto em muitas delas é possível evitar a cirurgia e suas complicações.
A finalidade desta tala gessada, resulta da necessidade, ou por opção, de um tratamento
cruento. São usadas, nas fracturas dos ossos do metacarpo, das falanges, assim como, nas alterações
ou lesões articulares dos dedos. Neste sentido, este aparelho gessado é um tratamento considerado
correcto numa situação de tratamento conservador e que normalmente garante bons resultados.
Esta imobilização é efectuada no serviço de urgência, logo após o traumatismo depois, ou em
simultâneo, à redução por manipulação dos focos de fractura, que deve ser efectuado tão suave
quanto possível, recorrendo até à administração de anestesia local.
As manipulações violentas, provocam o aumento da hemorragia e da tensão muscular, o que
pode ter como consequência lesões nervosas, ou vasculares.
Nestas imobilizações podem ser usados dois tipos de material distinto:
 Um de material de gesso, devidamente adaptado ao 1/3 distal do braço, punho e dedos.

Figura 123. Talas de Zimmer para Indicadores


Outro de material de alumínio, (tala de zimmer) e permite moldar-se conforme a necessidade
de cada caso, e que também envolve normalmente desde o 1/3 médio do braço, punho e dedos.
As vantagens desta imobilização, são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o
possível e evitar complicações, como o edema; disfunções sensitivas e facilitar a circulação
sanguínea, que por norma fica afectada após o traumatismo.
O grande inconveniente destas imobilizações são, a atrofia articular inter-falângica e a rigidez
do punho, pelo facto destas articulações, terem que estar imobilizadas, a fim de se evitar qualquer
movimento de torção
Capitulo XIV - Conclusão

Técnica de Execução
Para a redução da fractura, coloca-se o doente na posição de deitado, enquanto o médico faz a
traição e mobilização do foco de fractura, até se conseguir o encravamento dos topos de fractura, e
alinhamento do osso.
Salvo casos especiais, a posição de imobilização é com as metacarpofalangicas em flexo de 90º
e interfalangicas o mais próximo possível de 90º.
O primeiro passo, inicia-se com a colocação de ligaduras de algodão prensado, de tamanho e
quantidade variável, conforme cada caso a proteger.
Estas ligaduras, como qualquer outra, devem ser colocada com ligeira pressão, e iniciando-se
sempre da região distal para a próximal, para que cada circular, se sobreponha sempre em metade
da circular anterior.
 Deve ser colocada sempre, desde a extremidade dos dedos, até ao 1/3 próximal do
antebraço.
 Deve ser sempre colocado algodão ou compressa no espaço ou espaços interdigitais dos
dedos a imobilizar para se evitar a maceração da pele.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de
gesso, depende de cada caso, ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 10 e os
15cm de largura.
Inicia-se por desenrolar a ligadura de gesso, e desdobra-la em harmónio, e em tiras com um
comprimento previamente medido, por forma a que vá desde a raiz dos dedos até ao 1/3 próximal
do antebraço, e com a espessura achada conveniente. Pode aproveitar-se esta altura, para se fazerem
os recortes achados necessários, para melhor adaptação do gesso à zona lesada. Após ter sido
embebida em água, de forma a estar no seu todo bem molhada, é espremida conforme a necessidade
de cada caso.
Sem demora, coloca-se a tala preparada, no local pretendido, e vai se fixando ao membro, com
uma ligadura de gaze ou elástica, tendo em conta, o equilíbrio da pressão a utilizar. Por norma, deve
iniciar-se sobre a parte distal. Ter sempre o cuidado, de deixar livre ou protegida a comissura entre
os dedos imobilizados, para não se correr o risco de maceração da pele, quando esta fica em
contacto directo, durante muito tempo.
O terceiro passo, nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldado e
ajustado, no foco de fractura e o punho, na posição anatómica desejada. Quando estiver terminado o
aparelho gessado, deve colocar-se o braço ao peito, em suspensão, com uma banda (ligadura) de
suporte, que pode passar directamente pelo pescoço, pelo menos nas primeiras 48 horas.
Capitulo XIV - Conclusão

Passado este tempo e por norma, já é permitido ao doente fazer praticamente todos os
movimentos e com o braço pendente, desde que cumpra as regras e informações, previamente
definidas e pelo médico.
Actualmente e com o aparecimento de novos materiais, as talas feitas com gesso estão a ser
postas um pouco de lado, para serem substituídas como já referi por material de alumínio forrado e
almofadado. De facto, este material, embora não nos garanta a rigidez própria do gesso, cumpre
bem a finalidade do tratamento. Tem várias vantagens em relação às talas em gesso, tais como:
Não necessita de um total envolvimento da mão, ou das falanges, com algodão de protecção, a
não ser entre dois dedos, quando estes estão envolvidos.
Na maior parte das vezes, só é necessário imobilizar o dedo lesado.
É mais leve e menos incomodativo, principalmente no verão.
É facilmente de aplicar e é mais maleável, pelo que permite todas as correcções em qualquer
tempo, quando necessário.
Contudo, também existe o risco de e se não forem bem colocadas na extremidade distal, podem
ficar a espalmar a falangeta, o que poderá causar graves riscos de necrose dessa área. Pelas razões já
descritas, esta tala deve manter-se o menos tempo possível.
Quando se usam estas talas de alumínio pré fabricadas e embora não necessitem de grandes
conhecimentos, existem regras e cuidados que têm que ser sempre cumpridas, para se evitarem
riscos desnecessários, tais como:
Deve sempre que possível, ser moldada antes de se colocar no local da fractura, usando como
modelo a outra mão.
Deve ser colocada, com a parte protegida ou almofadada em contacto com a pele.
Nunca deve ser colocada com uma forma espalmada sobre a falangeta, porque vai provocar
grande pressão na unha e pode causar lesões graves, por obstrução sensitiva e circulatória. Para se
evitar este problema, a extremidade distal, deve ser arredondada, de acordo com a espessura do
dedo do doente.
Deve colocar-se protecção entre os dedos, para evitar macerações.
Deve ser fixada com tiras de adesivo, e os dedos a fixar, para maior imobilidade.
Deve por fim imobilizar-se no seu todo, com uma ligadura elástica.
Ensino ao doente
Ter presente os sinais de alarme, explicando-lhe a forma mais rápida e correcta de minimizar
ou resolver qualquer problema detectado. Depois do aparelho gessado estar seco, o doente deve ser
incentivado a mobilizar frequentemente os dedos, para evitar a formação de edemas e facilitar a
circulação sanguínea. Ter sempre em conta os cuidados, previamente aconselhados com o gesso.
Capitulo XIV - Conclusão

Quando está a ser utilizada a tala de alumínio, deve vigiar-se frequentemente, a extremidade de
dedo, para despiste de sinais de alarme tais como: adormecimento, formigueiro, cianose ou palidez.

58.3.3 SINDACTILIA

é uma forma de imobilização nas lesões dos


dedos (falanges) usando para tal uma técnica
que corresponde à junção do dedo lesado, com o
outro dedo mais próximo não lesado, ( ex.: 2º
dedo + 3ºdedo ), por forma a que o que está
normal sirva de tala ao lesado, e ao mesmo
tempo facilite e permita a mobilidades das
Figura 124. Sindactilia articulações interfalângicas.
Técnica de execução:
Primeiro passo, deve ser colocado(entre os dedos) na comissura interdigital dos dedos a
imobilizar, um pouco de algodão ou compressa, para que depois ao juntá-los e fixá-los, não
provoque maceração da pele interdigital, devido ao contacto directo durante o tempo necessário à
cicatrização do osso que pode ser prolongado.
Segundo passo, Com duas tiras de adesivo estreito, de preferência castanho porque é mais
resistente e consistente, com comprimento variável mas suficiente para dar uma circular, colocar
uma primeira tira o mais proximal possível, junto à base da comissura interdigital ou 1ª falange,
ajustando-a e ajustando os dois dedos em causa. Uma segunda tira deve ser colocada da mesma
forma mas na 2ª falange, de modo a deixar livre a articulação interferência, para permitir a
mobilidade dos dedos.
Cuidados na execução: a colocação destes adesivos, de forma circular, devem merecer toda a
atenção, para que não fiquem demasiado apertados, porque se pode correr o risco de no mínimo,
criar desconforto ao doente, e /ou impedir a circulação distal o que levaria a lesões graves. Por outro
lado também não pode ou não deve ficar demasiadamente largo, porque deixa de cumprir a função
desejada de imobilização da fractura.
Ensino ao doente e/ou familiares:
Este tipo de imobilização pela sua fragilidade, tem tendência a perder rapidamente a sua
função, ou ser necessário ser retirado porque se suja com facilidade e há necessidade de executar os
cuidados de higiene. Contudo pela simplicidade da sua execução, o doente pode ser instruído no
momento da primeira execução, a refazer a imobilização de todas as vezes que entenda ser
necessário, seguindo os mesmos passos.
Capitulo XIV - Conclusão

59 APARELHOS DE GESSO NOS MEMBROS INFERIORES

59.1 FRACTURAS DO FÉMUR


O comportamento e o tratamento das fracturas fémurais, difere bastante, conforme o local
atingido e a dimensão da fractura. Nesta base, estas fracturas, podem ser classificadas em cinco
grupos, como por ex.: - fracturas do colo do fémur, trocantéricas; diafisárias, intercondilianas e
supra-condilianas.
A maioria destas fracturas, actualmente é tratada cirurgicamente. No entanto, há uns anos atrás,
haviam alguns casos, que eram ou poderiam ser, tratadas conservadoramente ,com aparelhos
gessados, como : o pélvipodálico ( espica gessada) nos adultos, com fracturas do colo do fémur; 1/3
médio, 1/3 distal, inter ou supracondilianas, tendo em conta, quase sempre, a debilidade física do
doente, ou quando os riscos cirúrgicos fossem muito elevados.
Também nas crianças, ainda hoje é geralmente opção, o uso do aparelho gessado Pélvi-
Podálico (espica gessada), nas fracturas do fémur, porque as desvantagens cirúrgicas, se sobrepõem
ás vantagens, pelo facto do doente estar na fase de crescimento ósseo e a cirurgia, poderia
condicionar ou perturbar este normal crescimento.
Os objectivos, do tratamento das fracturas dos membros inferiores com aparelhos gessados, são
os de obter uma boa consolidação óssea, com o comprimento total e o alinhamento normal, sem
deformidade rotacional ou angular, restaurar a potência muscular e o movimento articular, ou seja
restaurar o estado de pré-lesão, da força e da deambulação normal do doente.

59.1.1 TALA GESSADA POSTERIOR CRUROPODÁLICA


É um tratamento, normalmente usado numa
situação de urgência, nas fracturas de 1/3 proximal e
médio dos ossos da perna, fracturas dos pratos tibiais,
côndilos fémurais, ou lesões ligamentares do joelho. A
tala gessada cruropodálica é um tratamento
considerado correcto numa situação de urgência, logo

Figura 125. Tala gessada após a redução e o alinhamento da fractura.


posterior cruropodálica As complicações mais sérias destas fracturas, são a
rotação e o desvio ou desalinhamento anatómico do
membro, o que, pode causar graves incapacidades de
mobilidade ou de funcionalidade para o doente.
Capitulo XIV - Conclusão

Também, a rotura ou estrangulamento dos grandes vasos, podem levar à diminuição ou total
ausência do débito sanguíneo, à parte distal da lesão e a consequente, morte do membro por
necrose.
As vantagens desta tala gessada são, as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o
possível e evitar complicações como o edema, disfunções sensitivas e facilitar a circulação
sanguínea, que por norma fica afectada após o traumatismo, assim como, proteger toda a massa
muscular evolvente ao foco de fractura. São colocadas na região posterior da coxa; perna e pé,
partindo da raiz dos dedos até cerca de 10 cm do sulco glúteo, pelo que, envolvem e imobilizam a
articulação do pé e do joelho.
Na continuidade do tratamento e por norma, esta tala é substituída por um gesso fechado, mais
ou menos duas semanas após o acidente.
O grande inconveniente desta imobilização é a atrofia muscular do membro e a rigidez das
articulações do joelho e tibiotárcica, pelo facto destas terem que ser imobilizadas, para se evitar
qualquer movimento de torção. Pelas razões já descritas, esta tala deve manter-se o menos tempo
possível.
Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Coloca-se o doente na posição de decúbito dorsal e com o membro ligeiramente afastado.
Um dos elementos, sustenta o membro elevado com uma das mãos aberta, pegando na região
do calcâneo e a outra mão sob a região afectada ou o mais próximo possível, no intuito de manter a
estabilidade dos focos de fractura. Nesta posição, o doente, normalmente suporta o mau estar e a
dor é mínima.
O enfermeiro, tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta,
evitando desvios ou torções, procurando obter sempre um alinhamento perfeito do membro, que
passa normalmente por uma linha imaginária, que se inicia na comissura entre o 1º e o 2º dedos,
passa pelo centro da rótula e atinge a crista do ilíaco.
O primeiro passo, inicia-se por verificar a integridade da pele, fazendo caso necessário, a
limpeza e desinfecção das lesões. Em contínuo, colocam-se as ligaduras de algodão prensado, de
tamanho e quantidade variável, conforme cada caso.
Estas ligaduras, como qualquer outra, devem ser colocada com ligeira pressão e iniciando-se
sempre da região distal para o proximal, por forma, a que cada circular se sobreponha sempre em
metade da circular anterior. Deve ser colocada sempre, desde a raiz dos dedos até o máximo
possível acima do foco de fractura.
Ter sempre em conta, que as proeminências ósseas fiquem bem protegidas, para não se correr o
risco de macerações graves. No joelho, ao nível da angulação do cavado poplíteo, as ligaduras
Capitulo XIV - Conclusão

devem passar cruzadas, de forma a evitar possíveis garrotamentos, o que provocaria dificuldades
circulatórias, ou perda de sensibilidade, que trariam consequências muito graves para o doente.
O segundo passo, corresponde à aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da
ligadura de gesso, depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre
os 15 e os 20 cm de largura. Inicia-se por desenrolar a ligadura e desdobra-la em harmónio e em
tiras, que podem ser entre 8 a 10 ou mais, conforme for achado conveniente e com um comprimento
previamente medido, de modo a que vá desde a raiz dos dedos até ao 1/3 próximal do fémur.
Após ter sido embebida em água, por forma a estar no seu todo bem molhada é espremida,
conforme a necessidade de cada caso, devendo o elemento que a molha eleva-la, enquanto que o
outro elemento a passa entre as mãos a todo o comprimento, até suprir parte da água, conseguindo
desta forma tapar a maioria dos poros da ligadura, o que lhe confere maior consistência. Esta
manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso. Sem demora, um dos profissionais, coloca a
tala preparada no local pretendido, enquanto o outro a vai fixando ao membro com uma ligadura de
gaze ou elástica, tendo em conta o equilíbrio da pressão a utilizar.
Por norma, deve iniciar-se sob a parte distal dos metacarpianos (raiz dos dedos), passando pelo
calcanhar, até ao 1/3 próximal posterior do fémur. Ter sempre o cuidado de deixar livre os dedos do
pé, para permitir a mobilidade.
O terceiro passo, nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldado e
ajustado no foco de fractura e colocar a articulação tibiotárcica na posição de 90º, assim como a
angulação normal do cavado poplíteo, ou seja, colocar o joelho na posição anatómica. Para tal, deve
colocar-se uma almofada com espessura adequada, sob o joelho. De seguida, coloca-se mais uma
ligadura, para permitir melhor ajustamento e melhor acabamento do aparelho gessado.
Quando estiver terminado, o aparelho gessado deve ficar destapado e deve aconselhar-se o
doente a não fazer movimento ou esforços, pelo menos nas primeiras 24 horas, para dar tempo ao
gesso de secar, evitando assim que este se parta, logo perdendo a sua função.
Ensino ao Doente:
 Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente
os dedos.
 Manter o membro em repouso e o mais elevado possível, para evitar a formação de
edemas e facilitar a circulação sanguínea.
 Não fazer carga, colocando o pé no chão.
 Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados
 É fundamental, ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a
forma mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.
Capitulo XIV - Conclusão

 Usar sempre conforme recomendado, um par de canadianas ou muletas, para ajuda na


deambulação.
 Sem ordem médica, evitar por o pé no chão.

59.1.2 GESSO FECHADO CRUROPODÁLICO

Figura 126. Gesso fechado cruropodálico

É um aparelho gessado, normalmente usado como continuidade da 1ª fase de tratamento, nas


fracturas de 1/3 próximal e médio dos ossos da perna, fracturas dos pratos tibiais e côndilos
fémurais.
Este tratamento é muitas vezes o tratamento alternativo ao tratamento cirúrgico. Por esta
razão, o gesso fechado - cruropodálico é o tratamento considerado correcto, como tratamento
conservador. As complicações mais sérias destas fracturas, são a rotação, desvio ou desalinhamento
anatómico do membro, o que pode causar graves incapacidades de mobilidade ou de funcionalidade
para o doente.
Também, a rotura ou estrangulamento dos grandes vasos, que pode levar à diminuição ou total
ausência do débito sanguíneo à parte distal da lesão e a consequente morte do membro por necrose.
As vantagens deste aparelho gessado, são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o
possível, até à total cicatrização do osso, com a formação do calo ósseo no foco de fractura.
Este aparelho é mantido por norma, cerca de 4 a 6 semanas. O grande inconveniente desta
imobilização é a atrofia muscular do membro e a rigidez das articulações do joelho e tibiotárcica,
pelo facto destas articulações terem que ser imobilizadas, a fim de se evitar qualquer movimento de
torção.
Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Coloca-se o doente na posição de decúbito dorsal e com o membro ligeiramente afastado. Um dos
elementos, sustenta o membro elevado com uma das mãos aberta pegando na região do calcâneo e a
outra mão, sob a região afectada ou o mais próximo possível, no intuito de manter a estabilidade
dos focos de fractura.
Capitulo XIV - Conclusão

Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima. O enfermeiro, tem
que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta, evitando desvios ou
torções, procurando obter sempre um alinhamento perfeito do membro, que passa normalmente por
uma linha imaginária, que se inicia na comissura entre o 1º e o 2º dedos, passa pelo centro da rótula
e atinge a crista do ilíaco.
O primeiro passo, Inicia-se por verificar a integridade da pele, fazendo caso necessário, a
limpeza e desinfecção das lesões. De seguida, coloca-se a malha tubular, de medida variável
conforme a espessura do membro, por forma a que não fique demasiadamente apertada, para não
provocar posterior garrotamento ou dificuldades circulatórias, ou demasiadamente larga, para num
ficarem pregas ou rugas junto da pele, podendo provocar consequentemente macerações, que
poderiam ser irreversíveis.
O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento
do membro afectado, para que, antes de finalizar o aparelho gessado, se possam dobrar para trás os
excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho e principalmente, evitar que os rebordos
mais duros ou cortantes, possam ferir a pele do doente. Em contínuo, colocam-se as ligaduras de
algodão prensado, de tamanho e quantidade variável, conforme cada caso.
Estas ligaduras, como qualquer outra, devem ser colocada com ligeira pressão e iniciando-se
sempre da região distal para o proximal, por forma, a que cada circular se sobreponha sempre em
metade da circular anterior.
Deve ser colocada sempre desde a raiz dos dedos, até o máximo possível acima do foco de
fractura, cerca do 1/3 próximal da coxa, junto à virilha. Ter sempre em conta que, as proeminências
ósseas, como maléolos e crista da tíbia, fiquem bem protegidas, para não se correr o risco de
macerações graves.
No joelho, ao nível da angulação do cavado poplíteo, as ligaduras devem passar cruzadas, de
forma a evitar possíveis garrotamentos, o que provocaria dificuldades circulatórias ou perda de
sensibilidade, que trariam consequências muito graves para o doente.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha a largura da ligadura de gesso,
depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 10 e os 15 cm
de largura.
A ligadura, após ter sido embebida em água de forma a estar no seu todo bem molhada é
espremida conforme a necessidade de cada caso. Devem ser aplicadas com uma sequência rápida e
com alguma tensão, mas sempre para que não seja demasiada. Ter sempre o cuidado de deixar livre
os dedos, para permitir a mobilidade.
Capitulo XIV - Conclusão

De cada vez que se aplica uma ligadura, deve alisar-se em todo o seu comprimento. Esta
manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso, porque tapa a maior parte dos poros, logo,
diminui a quantidade de ar residual, o que se não fosse feito, causaria menor consistência do gesso.
Por norma, deve iniciar-se sob a parte distal dos metacarpianos (raiz dos dedos), passando pelo
calcanhar, até ao 1/3 próximal do fémur, a cerca de 10 cm da virilha. Ter sempre o cuidado de
deixar livres os dedos do pé, para permitir a mobilidade.
O terceiro passo, Nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldado e
ajustado no foco de fractura e colocar a articulação tibiotársica na posição de 90º, assim como a
angulação normal do cavado poplíteo e a rótula, ou seja, na posição anatómica. Para tal, deve
colocar-se uma almofada com espessura adequada sob o joelho.
Caso esteja indicado, deve ser colocada uma almofada longitudinalmente sob a perna, para
evitar ou corrigir a tendência de recurvatum, procurando obter sempre um alinhamento perfeito do
membro, que passa normalmente por uma linha imaginária, que se inicia na comissura entre o 1º e o
2º dedos, passa pelo centro da rótula e atinge a crista do ilíaco. De seguida deve alisar-se bem, para
melhor acabamento do aparelho gessado.
Quando estiver terminado, o aparelho gessado deve ficar destapado e deve aconselhar-se o
doente a não fazer movimento ou esforços, ou colocar o pé no chão pelo menos nas primeiras 24
horas, para dar tempo ao gesso de secar, evitando assim que este se parta, ou se amasse, o que causa
zonas de pressão que podem provocar lesões irreversíveis nesses locais e porque também perde
parte do objectivo e função do tratamento.
Ensino ao Doente:
 Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente
os dedos.
 Manter o membro em repouso e o mais elevado possível, para evitar a formação de
edemas e facilitar a circulação sanguínea.
 Usar sempre conforme recomendado, um par de canadianas ou muletas, para ajuda na
deambulação.
 Não fazer carga, colocando o pé no chão, sem ordem médica,
 Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados
 É fundamental, ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a
forma mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.
 Iniciar logo após a extracção do aparelho gessado, uma fisioterapia, que pode ser activa,
caso a doente consiga, ou passiva, caso o doente não colabore, por forma a recuperar a
amplitude articular do joelho e tibiotársica, assim como a massa e a força muscular.
Capitulo XIV - Conclusão

59.1.3 TALA GESSADA POSTERIOR (JOELHEIRA)

Figura 127. Tala gessada posterior (Joelheira):


É um tratamento, normalmente usado numa situação de urgência, nas fracturas simples dos
pratos tibiais, côndilos fémurais e lesões ligamentares do joelho.
Por este facto, a tala gessada posterior – (joelheira) é um tratamento considerado correcto
numa situação de urgência, logo após a conclusão do diagnóstico.
As complicações mais sérias destas fracturas, são a mobilidade do membro, o que pode causar
graves incapacidades futuras de funcionalidade para o doente. Também as roturas ligamentares, ou
estrangulamento dos grandes vasos, pode levar à diminuição, ou total ausência, do débito sensitivo
ou sanguíneo à parte da lesada e a consequente necrose.
As vantagens desta tala gessada, são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto, ou o
possível e evitar complicações como o edema, disfunções sensitivas,, e facilitar a circulação
sanguínea,, que por norma fica afectada após o traumatismo, assim como, proteger toda a massa
muscular evolvente ao foco de fractura. É colocada na região posterior da coxa, desde cerca de 5cm
acima do sulco glúteo e perna, até cerca de 5 cm da região maléolar, pelo que, envolve e imobiliza a
articulação do joelho. Na continuidade do tratamento e por norma, esta tala é substituída por um
gesso fechado, mais ou menos duas semanas após o acidente.
O grande inconveniente desta imobilização é a atrofia muscular do membro e a rigidez do
joelho, pelo facto desta articulação ter que ser imobilizada, a fim de se evitar qualquer movimento
de torção. Pelas razões já descritas, esta tala deve manter-se o menos tempo possível.
Técnica de Execução
É fundamental que este aparelho gessado seja feito sempre por dois profissionais. Coloca-se o
doente na posição de decúbito dorsal e com o membro ligeiramente afastado. Um dos elementos,
sustenta o membro elevado, com uma das mãos aberta, pegando na região do calcâneo e a outra
mão, sob a região afectada, ou o mais próximo possível, no intuito, de manter a estabilidade dos
focos de fractura. Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima.
O enfermeiro, tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta,
evitando desvios ou torções, procurando obter sempre um alinhamento perfeito do membro, que
Capitulo XIV - Conclusão

passa normalmente, por uma linha imaginária, que se inicia na comissura entre o 1º e o 2º dedos,
passando pelo centro da rótula, até à crista do ilíaco.
O primeiro passo, Inicia-se por verificar a integridade da pele, fazendo caso necessário, a
limpeza e desinfecção das lesões. Em contínuo, colocam-se as ligaduras de algodão prensado, de
tamanho e quantidade variável, conforme cada caso.
Estas ligaduras, para que cada circular se sobreponha sempre em metade da circular anterior e
como qualquer outra, deve ser colocada com ligeira pressão. Neste caso, iniciando-se sempre a
cerca de 5 cm acima da região maléolar. Deve ser colocada sempre até o máximo possível acima do
foco de fractura.
Ter sempre em conta que as proeminências ósseas, fiquem bem protegidas, para não se correr o
risco de macerações graves. No joelho, ao nível da angulação do cavado poplíteo, as ligaduras
devem passar cruzadas, por forma a evitar possíveis garrotamentos, o que provocaria dificuldades
circulatórias, ou perda de sensibilidade, que trariam consequências muito graves para o doente.
O segundo passo, consiste na aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura
de gesso depende de cada caso, ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 15 e
os 20cm de largura. Inicia-se, por desenrolar a ligadura e desdobra-la em harmónio e em tiras, que
podem ser entre 8 a 10 ou mais, conforme for achado conveniente e com um comprimento
previamente medido, por forma a que vá desde a região maléolar, até ao 1/3 próximal do fémur
junto à virilha.
Após ter sido embebida em água, por forma a estar no seu todo bem molhada é espremida,
conforme a necessidade de cada caso, devendo o elemento que a molha eleva-la, enquanto que o
outro elemento a passa entre as mãos a todo o comprimento, por forma a suprir parte da água,
conseguindo desta forma tapar a maioria dos poros. Esta manobra, vai permitir uma maior
resistência do gesso. Sem demora, um dos profissionais, coloca a tala preparada no local pretendido,
enquanto o outro a vai fixando ao membro, com uma ligadura de gaze ou elástica, tendo em conta o
equilíbrio da pressão a utilizar.
O terceiro passo, na fase de secagem do gesso, é a altura ideal para ser moldado e ajustado no
foco de fractura e colocar a articulação do joelho, com a angulação normal do cavado poplíteo, ou
seja na posição anatómica. Para tal, deve colocar-se uma almofada, com espessura adequada sob o
joelho. De seguida, coloca-se mais uma ligadura, para permitir melhor ajustamento e melhor
acabamento do aparelho gessado.
Quando estiver terminado o aparelho gessado, deve ficar destapado e deve aconselhar-se o
doente a não fazer movimento ou esforços, pelo menos nas primeiras 24 horas, para dar tempo ao
gesso de secar, evitando assim que este se parta, logo perdendo a sua função.
Ensino ao Doente:
Capitulo XIV - Conclusão

 Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente
os dedos.
 Manter o membro em repouso e o mais elevado possível, para evitar a formação de
edemas, facilitar a circulação sanguínea, e diminuir a dor.
 Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados.
 Usar sempre conforme recomendado, um par de canadianas ou muletas, para Ajuda na
deambulação. Sem ordem médica, evitar por o pé no chão.
É fundamental ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a forma
mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.

59.1.4 JOELHEIRA GESSADA (GESSO FECHADO)

Figura 128. Joelheira gessada (gesso fechado)


É um tratamento, normalmente usado como continuidade da 1ª fase de tratamento, nas
fracturas dos pratos tibiais, côndilos fémurais e lesões ligamentares do joelho. Este tratamento é
muitas vezes o tratamento alternativo ao tratamento cirúrgico. O gesso fechado (Joelheira) é um
tratamento considerado correcto como tratamento conservador. As complicações mais sérias destas
fracturas, são a mobilidade do membro, o que pode causar graves incapacidades de funcionalidade
futuras para o doente, por não haver uma consolidação eficaz.
Também, as roturas ligamentares, ou estrangulamento dos grandes vasos, pode levar à
diminuição ou total ausência do débito sensitivo ou sanguíneo à parte da lesão e a consequente
necrose.
A grande vantagem deste aparelho gessado, é que só imobiliza a articulação do joelho, e depois
de devidamente seco, permite ao doente deambular com o pé no chão, porque a articulação do pé
fica livre, o que favorece a formação de calo ósseo; previne problemas vasculares, e evita a maior
atrofia muscular de todo o membro. Devem abranger todo o membro, desde cerca de 10cm da raiz
da coxa (virilha), até cerca de 5cm da região maléolar, pelo que envolvem, e imobilizam a
articulação do joelho.
O grande inconveniente desta imobilização é a atrofia muscular do membro e a rigidez do
joelho, pelo facto, desta articulação ter que ser imobilizada, a fim de se evitar qualquer movimento
de torção. Pelas razões já descritas, este aparelho gessado, deve manter-se o menos tempo possível.
Capitulo XIV - Conclusão

Técnica de Execução
Este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais. Coloca-se o doente na
posição de decúbito dorsal e com o membro ligeiramente afastado. Um dos elementos, sustenta o
membro elevado com uma das mãos, pegando na região do calcâneo e a outra mão, sob a região
afectada ou o mais próximo possível, no intuito de manter a estabilidade dos focos de fractura.
Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima. O enfermeiro, tem que
ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta, evitando desvios ou torções.
O primeiro passo, Inicia-se por verificar a integridade da pele, fazendo, caso necessário, a
limpeza e desinfecção das lesões. De seguida, coloca-se a malha tubular, de medida variável
conforme a espessura do membro, por forma, a que não fique demasiadamente apertada, para não
provocar posterior garrotamento ou dificuldades circulatórias, ou demasiadamente larga, para não
ficarem pregas ou rugas junto da pele, podendo provocar consequentemente macerações, que
poderiam ser irreversíveis.
O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento
do membro afectado, para que antes de finalizar o aparelho gessado, se possam dobrar para trás os
excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho e principalmente, evitar que os rebordos
mais duros ou cortantes possam ferir a pele do doente.

Pode também é usado um produto protector da pele (pele plástica) e que é aplicado sobre a
malha, tendo como vantagens, para além da protecção da pele, o que é importante para evitar
macerações, também ajuda muito na maior aderência da malha ao membro, tendo como efeito
diminuir as possibilidades de decaimento do aparelho gessado.
Em contínuo, colocam-se as ligaduras de algodão prensado, de tamanho e quantidade variável,
conforme cada caso. Estas ligaduras, como qualquer outra, devem ser colocada com ligeira pressão
e iniciando-se sempre da região distal para o proximal, para que cada circular se sobreponha sempre
em metade da circular anterior.
Deve ser colocada o máximo possível na região próximal, acima do foco de fractura, junto à
virilha e fazer sempre um reforço de almofadamento em altura, acima dos maléolos (cerca de 4cm),
para prevenir futuras lesões ou macerações da pele nesta área, porque, devido ao próprio aparelho
gessado ter a forma de cone e porque, com a imobilização do membro, aparece uma atrofia
muscular acentuada, assim como, o próprio almofadamento, com o tempo deixa de ter o mesmo
volume inicial, o aparelho gessado tem tendência a descair, logo, a poder provocar lesões cutâneas
graves. Este almofadamento, serve de certa forma, como a tentativa de proteger e ou minimizar
estes incómodos.
Capitulo XIV - Conclusão

No joelho, ao nível da angulação do cavado poplíteo, as ligaduras devem passar cruzadas, de


forma a evitar possíveis garrotamentos, o que provocaria dificuldades circulatórias, ou perda de
sensibilidade, que trariam consequências muito graves para o doente.
O segundo passo é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de
gesso, depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 10 e os
15cm de largura. A ligadura, após ter sido embebida em água, de forma a estar no seu todo bem
molhada, é espremida, conforme a necessidade de cada caso.
Devem ser aplicadas com uma sequência rápida e com alguma tensão, mas sempre, para que
não seja demasiada. De cada vez que se aplica uma ligadura, deve alisar-se em todo o comprimento.
Esta manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso, porque tapa a maior parte dos poros,
logo, diminui a quantidade de ar residual, o que, se não fosse feito, causaria menor consistência do
gesso.
Por norma, deve iniciar-se sob a parte distal, cerca de 5 cm acima dos maléolos, até ao 1/3
próximal do fémur, a cerca de 10 cm da virilha .
O terceiro passo, nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldado e
ajustado no foco de fractura e colocar a angulação normal do cavado poplíteo e a rótula, ou seja, na
posição anatómica. Para tal, deve colocar-se uma almofada com espessura adequada sob o joelho,
procurando obter sempre um alinhamento perfeito do membro. Na sequência, deve ser moldada
com alguma pressão, toda a área supra rótuliana e se possível a crista da tíbia, mas evitando muita
pressão sobre o tendão rótuliano, porque com esta forma é possível diminuir as possibilidades de
decaimento de todo o aparelho gessado, porque de certa forma este molde faz batente na região
supra rótuliana. De seguida, deve alisar-se bem, para melhor acabamento do aparelho gessado.
Quando estiver terminado o aparelho gessado, deve ficar destapado e deve aconselhar-se o
doente a não fazer movimento ou esforços, ou colocar o pé no chão, pelo menos nas primeiras 24
horas, para dar tempo ao gesso de secar, evitando assim que este se parta, ou se amasse, o que
causaria zonas de pressão, que podem provocar lesões irreversíveis nesses locais e porque também,
perde parte do objectivo e função do tratamento.
Ensino ao Doente:
 Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente
os dedos.
 Manter o membro em repouso e o mais elevado possível, para evitar a formação de
edemas e facilitar a circulação sanguínea.
 Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados
 É fundamental, ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a
forma mais rápida e correcta, de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.
Capitulo XIV - Conclusão

 Depois de devidamente seco, permite e é aconselhado, a que o doente ponha o pé no


chão, faça carga e até deambule se possível sem ajuda de canadianas.
 Usar sempre conforme recomendado, um par de canadianas ou muletas, para ajuda na
deambulação.
 Sem ordem médica, evitar por o pé no chão.

59.1.5 GESSO FECHADO ARTICULADO DO JOELHO


Neste capítulo, vou só fazer uma muito
breve referência a este aparelho gessado, porque
é um gesso, que já se executou com alguma
frequência nas fracturas dos côndilos fémurais,
dos pratos tibiais e dos ligamentos do joelho,
mas que actualmente tem vindo cada vez mais a
cair em desuso, ao ponto, de já há alguns anos
não se executar, porque a sua técnica era
Figura 129. Gesso fechado articulado complexa, fazia despender de muito tempo e
do joelho
material de difícil aquisição, era extremamente
incómodo para o doente, não só pelo peso do
gesso como para a sua actividade da vida diária.

Os seus resultados não se revelavam de mais valia e relação a outras formas de tratamento.
também porque passaram a existir novas formas e materiais constituídos em talas dinâmicas, que os
superam com larga margem de benefícios e muito menor incómodo para o doente.
É um aparelho gessado, constituído por duas partes distintas. Uma na coxa (coxeira) e outra na
perna, (perneira) interligadas por uma peça móvel (dobradiça) do lado interno e outra do lado
externo, para permitir um movimento controlado, a prevenção da rigidez articular do joelho e
permitir também, o suporte do peso do corpo, ajudando na consolidação das fracturas. Um
movimento precoce, corresponde à perda da redução da fractura e o insucesso do resultado.
Necessita para a sua execução de um aparelho especial de prumo que tem como função fixar,
alinhar e angular correctamente o joelho, e duas hastes articuladas (dobradiças), para serem
colocadas interna e externamente a nível do joelho e sobre o gesso, por forma a ligar a coxeira com
a perneira.
Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Coloca-se o doente na posição de decúbito dorsal e com o membro ligeiramente afastado.
Capitulo XIV - Conclusão

Um dos elementos, sustenta o membro elevado com uma das mãos, pegando na região do
calcâneo e a outra mão, sob a região afectada ou o mais próximo possível, no intuito de manter a
estabilidade dos focos de fractura. Nesta posição, o doente, normalmente suporta o mau estar e a
dor é mínima.
O enfermeiro, tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta,
evitando desvios ou torções, procurando obter sempre um alinhamento perfeito do membro.
O primeiro passo, Inicia-se por colocar a malha tubular, de medida variável, conforme a
espessura do membro, por forma a que não fique demasiadamente apertada, para não provocar
posterior garrotamento, ou dificuldades circulatórias, ou demasiadamente larga, para num ficarem
pregas ou rugas junto da pele, podendo provocar consequentemente macerações, que poderiam ser
irreversíveis.
O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento
do membro afectado, para que antes de finalizar o aparelho gessado, se possam dobrar para trás os
excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho, e principalmente evitar que os rebordos
mais duros ou cortantes, possam ferir a pele do doente.
Também pode ser usado por vezes, um produto protector da pele, (pele plástica) e que é
aplicado sobre a malha, tendo como vantagens, além da protecção da pele, o que é importante para
evitar macerações, também ajuda muito na maior aderência da malha ao membro, tendo como
efeito, diminuir as possibilidades de decaimento do aparelho gessado. Em contínuo, colocam-se as
ligaduras de algodão prensado, de tamanho e quantidade variável, conforme cada caso.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de gesso,
depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 10 e os 15cm
de largura.
A ligadura, após ter sido embebida em água, de forma a estar no seu todo bem molhada é
espremida conforme a necessidade de cada caso. Devem ser aplicadas com uma sequência rápida e
com alguma tensão, mas sempre para que não seja demasiada.
De cada vez que se aplica uma ligadura de gesso, deve alisar-se em todo o seu comprimento.
Esta manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso, porque tapa a maior parte dos poros,
logo, diminui a quantidade de ar residual, o que se não fosse feito, causaria menor consistência do
gesso.
Inicia-se por se executar uma “coxeira gessada” , tendo o cuidado de deixar um espaço em oval
no cavado poplíteo, por forma a permitir posteriormente dobrar o joelho, sem o perigo de ferir os
tendões. Depois desta ter alguma consistência, inicia-se a execução da” perneira” que deve ir desde
a base do tendão rótuliano, até sobrepor os maléolos.
Capitulo XIV - Conclusão

Nesta “perneira gessada”, os cuidados a ter, são em tudo idênticos aos que se devem ter na
execução de um gesso tipo (Sarmiento), do qual falarei mais adiante, ou seja, deve fazer-se um
espaço para baixo, na região posterior do joelho, por forma a deixar liberto o cavado poplíteo.
Outro espaço arredondado para cima, na zona anterior do pé, para permitir a sua flexão e ainda
outro espaço arredondado igual na zona posterior do pé, por forma a permitir a extensão e mais
importante que isso, não fazer compressão no tendão de Aquiles.
Deve contudo, sobrepor sempre os maléolos e bem almofadados, para não permitir a
possibilidade de rotação da tíbia, quando esta for a causa principal deste aparelho gessado.
Nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldado e ajustado no foco
de fractura e colocar a angulação normal, ou seja na posição anatómica.

As dobradiças devem ser colocadas lateralmente e perfeitamente paralelas uma à outra, com a
ajuda de um aparelho próprio, ou seja o prumo, para colocar um perfeito alinhamento entre a tíbia e
o fémur.
Para tal, coloca-se e fixa-se o prumo sobre a crista da tíbia e os fixadores laterais no centro de
cada uma das dobradiças. Nesta posição, envolvem-se com ligadura de gesso as bases das
dobradiças, de forma a fixá-las bem, tanto à braçadeira do fémur, com à braçadeira da perna.
É fundamental, um alinhamento e posicionamento rigoroso, porque caso contrário, obteremos
um efeito prejudicial à normal funcionalidade da articulação, com graves resultados incapacitantes
de mobilidade para o doente.
O terceiro passo, quando estiver terminado o aparelho gessado, deve ficar destapado e deve
aconselhar-se o doente, a não fazer movimento ou esforços, ou colocar o pé no chão, pelo menos
nas primeiras 24 horas, para dar tempo ao gesso de secar, evitando assim que este se parta, ou se
amasse, o que causa zonas de pressão que podem provocar lesões irreversíveis nesses locais e
porque também perde parte do objectivo e função do tratamento.
Ensino ao Doente
Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente as
articulações do pé e do joelho
Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados
Capitulo XIV - Conclusão

É fundamental, ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a forma


mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.
Depois de devidamente seco, permite e é aconselhado a que o doente ponha o pé no chão, faça
carga e até deambule se possível sem ajuda de canadianas.
Usar sempre conforme recomendado, um par de canadianas ou muletas, para ajuda na
deambulação.
Sem ordem médica, evitar por o pé no chão.

59.2 FRACTURAS DOS OSSOS DA PERNA E / OU DO PÉ.


O comportamento e o tratamento das fracturas dos ossos da perna ou do pé, difere bastante
conforme o local atingido e a dimensão da fractura. Nesta base, estas fracturas podem ser
classificadas por: - fracturas dos pratos tibiais, (dos quais falei anteriormente)do 1/3 proximal, do
1/3 médio, do 1/3 distal da tíbia e/ou perónio, lesões ligamentares tibiotársicas ou ossos do
metatarso.
Grande parte destas fracturas a opção de tratamento é conservadora, com aparelhos gessados.
São tratadas cirurgicamente, prioritariamente se forem expostas.
Também nas crianças, ainda hoje é geralmente opção, o uso do aparelho gessado, porque, as
desvantagens se sobrepõem às vantagens cirúrgicas, pelo facto do doente estar na fase de
crescimento ósseo e a cirurgia poderia condicionar, ou perturbar este normal crescimento. Os
objectivos do tratamento das fracturas dos membros inferiores com aparelhos gessados, são os de
obter uma boa consolidação óssea, com o comprimento total e o alinhamento normal, sem
deformidade rotacional ou angular, restaurar a potência muscular e o movimento articular, ou seja,
restaurar o estado de pré-lesão, da força e da deambulação normal do doente.

59.2.1 TALA GESSADA POSTERIOR PODÁLICA


É um tratamento normalmente usado numa
situação de urgência, nas fracturas de 1/3 distal
dos ossos da perna (tíbia e perónio), ossos do pé
(metatarso), fracturas ou lesões do tendão de
Aquiles e luxações da articulação tibiotársicas.
A tala gessada podálica é um tratamento
Figura 130. Tala gessada posterior
podálica considerado correcto numa situação de
urgência, logo após a redução e o alinhamento
da fractura.
Capitulo XIV - Conclusão

As vantagens desta tala gessada são, as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto ou o


possível e evitar complicações como, o edema, disfunções sensitivas, e facilitar a circulação
sanguínea, que por norma fica afectada após o traumatismo, assim como, proteger toda a massa
muscular evolvente ao foco de fractura. São colocadas na região posterior da perna e pé, partindo da
raiz dos dedos, até cerca de 5cm do cavado poplíteo, pelo que, envolvem e imobilizam a articulação
do pé.
Na continuidade do tratamento e por norma, esta tala é substituída por um gesso fechado, mais
ou menos duas semanas após o acidente.
As complicações mais sérias destas fracturas, são a rotação, desvio ou desalinhamento
anatómico do membro, o que pode causar graves incapacidades de mobilidade ou de funcionalidade
para o doente.
Também, a rotura ou estrangulamento dos grandes vasos, podem levar à diminuição ou total
ausência do débito sanguíneo à parte distal da lesão e a consequente morte do membro por necrose.
Outro grande inconveniente desta imobilização é a atrofia muscular dos gémeos e a rigidez das
articulação tibiotárcica, pelo facto desta ter que ser imobilizada, para se evitar qualquer movimento
de torção. Pelas razões já descritas, esta tala deve manter-se o menos tempo possível.
Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Coloca-se o doente na posição de decúbito dorsal e com o membro ligeiramente afastado. Um dos
elementos, sustenta o membro elevado com uma das mãos aberta, pegando na região do calcâneo e
a outra mão, sob a região afectada ou o mais próximo possível, no intuito de manter a estabilidade
dos focos de fractura. Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima.
O enfermeiro, tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta,
evitando desvios ou torções, procurando obter sempre um alinhamento perfeito do membro, que
passa normalmente por uma linha imaginária, que se inicia na comissura entre o 1º e o 2º dedos,
passa pelo centro da rótula e atinge a crista do ilíaco.
O primeiro passo, inicia-se por verificar a integridade da pele, fazendo caso necessário, a
limpeza e desinfecção das lesões. Em contínuo, colocam-se as ligaduras de algodão prensado, de
tamanho e quantidade variável, conforme cada caso.
Estas ligaduras, como qualquer outra, devem ser colocada com ligeira pressão e iniciando-se
sempre da região distal para o proximal, por forma, a que cada circular se sobreponha sempre em
metade da circular anterior. Deve ser colocada sempre, desde a raiz dos dedos, até o máximo
possível ou aconselhável acima do foco de fractura.
Ter sempre em conta, que as proeminências ósseas, tais como os maléolos, fiquem bem
protegidas, para não se correr o risco de macerações graves.
Capitulo XIV - Conclusão

O segundo passo, corresponde à aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da


ligadura de gesso, depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre
os 15 e os 20 cm de largura.
Inicia-se por desenrolar a ligadura e desdobra-la em harmónio e em tiras, que podem ser entre
8 a 10 ou mais, conforme for achado conveniente e com um comprimento previamente medido, de
modo a que vá desde a raiz dos dedos até ao 1/3 próximal dos ossos da perna.
Após ter sido embebida em água, por forma a estar no seu todo bem molhada é espremida
conforme a necessidade de cada caso, devendo o elemento que a molha eleva-la, enquanto que o
outro elemento a passa entre as mãos a todo o comprimento, até suprir parte da água, conseguindo
desta forma tapar a maioria dos poros da ligadura, o que lhe confere maior consistência.
Esta manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso. Sem demora, um dos profissionais,
coloca a tala preparada no local pretendido, enquanto o outro a vai fixando ao membro, com uma
ligadura de gaze ou elástica, tendo em conta o equilíbrio da pressão a utilizar. Por norma, deve
iniciar-se sob a parte distal dos metacarpianos (raiz dos dedos), passando pelo calcanhar, até ao 1/3
próximal posterior da perna. Ter sempre o cuidado de deixar livre os dedos do pé, para permitir a
mobilidade.
O terceiro passo, nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser moldado e
ajustado no foco de fractura, e colocar a articulação tibiotársica na posição de 90º, assim como, a
posição anatómica da perna. De seguida, coloca-se mais uma ligadura, para permitir melhor
ajustamento e melhor acabamento do aparelho gessado.
Quando estiver terminado, o aparelho gessado deve ficar destapado e deve aconselhar-se o
doente a não fazer movimento ou esforços, pelo menos nas primeiras 24 horas, para dar tempo ao
gesso de secar, evitando assim que este se parta, logo perdendo a sua função.
Ensino ao Doente
 Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente
os dedos.
 Manter o membro em repouso e o mais elevado possível, para evitar a formação de
edemas e facilitar a circulação sanguínea.
 Não fazer carga, colocando o pé no chão.
 Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados. É
fundamental, ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a
forma mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.
Usar sempre conforme recomendado, um par de canadianas ou muletas, para ajuda na
deambulação.
Capitulo XIV - Conclusão

59.2.2 GESSO FECHADO PODÁLICO OU BOTA GESSADA:

Figura 131. Gesso fechado Podálico ou bota gessada


É um aparelho gessado, normalmente usado como continuidade da 1ª fase de tratamento, ou
seja por norma 15 dias após o atendimento no serviço de urgência, nas fracturas do 1/3 distal dos
ossos da perna (tíbia e ou perónio), ossos do pé, (tarso e metatarso) luxações e roturas ligamentares
da articulação tibiotársicas, lesão do tendão de Aquiles. Este tratamento é muitas vezes o tratamento
alternativo, ou como complemento ao tratamento cirúrgico.
Por esta razão, o gesso fechado podálico é um tratamento considerado correcto como
tratamento conservador. Este aparelho gessado, pode sofrer variações propositadas ou necessárias,
desde o desvio lateral do pé (inversão ou eversão), para se conseguir um alinhamento da fractura,
como também em posição de equino, para o tratamento da rotura do tendão de Aquiles.

É um aparelho gessado, que imobiliza o pé e deve ser feito desde a raiz dos dedos, até à base
do tendão rótuliano e na zona posterior um pouco mais curto e arredondado, para não fazer
compressão no cavado poplíteo e permitir o movimento de flexão total do joelho.
As vantagens deste aparelho gessado, são as de manter a imobilidade e o alinhamento correcto
ou o possível, até à total cicatrização do osso, com a formação do calo ósseo no foco de fractura.
Este aparelho é mantido por norma cerca de 4 a 6 semanas.
As complicações mais sérias destas fracturas, são a rotação, desvio ou desalinhamento
anatómico do membro, o que pode causar graves incapacidades de mobilidade ou de funcionalidade
para o doente. Também, a rotura ou estrangulamento dos grandes vasos, que pode levar à
diminuição ou total ausência do débito sanguíneo à parte distal da lesão, e a consequente morte do
membro por necrose.
O grande inconveniente desta imobilização é a atrofia muscular do membro e a rigidez das
articulações tibiotárcicas, pelo facto, destas articulações terem que ser imobilizadas, a fim de se
evitar qualquer movimento de torção.
Capitulo XIV - Conclusão

Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Coloca-se o doente na posição de decúbito dorsal e com o membro ligeiramente afastado. Um dos
elementos, sustenta o membro elevado com uma das mãos aberta, pegando na região do calcâneo e
a outra mão, sob a região afectada ou o mais próximo possível, no intuito de manter a estabilidade
dos focos de fractura. Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima.
O enfermeiro, tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta,
evitando desvios ou torções. Procurando obter sempre um alinhamento perfeito do membro que
passa normalmente, por uma linha imaginária que se inicia na comissura entre o 1º e o 2º dedos,
passa pelo centro da rótula e atinge a crista do ilíaco.
O primeiro passo, Inicia-se por verificar a integridade da pele, fazendo caso necessário, a
limpeza e desinfecção das lesões. De seguida, coloca-se a malha tubular, de medida variável,
conforme a espessura do membro.
O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento
do membro afectado, para que antes de finalizar o aparelho gessado, se possam dobrar para trás os
excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho e principalmente, evitar que os rebordos
mais duros ou cortantes possam ferir a pele do doente. Em contínuo, colocam-se as ligaduras de
algodão prensado, de tamanho e quantidade variável conforme cada caso.
Esta ligadura, como qualquer outra, deve ser colocada com ligeira pressão e iniciando-se
sempre da região distal para o proximal, por forma, a que cada circular se sobreponha sempre em
metade da circular anterior. Deve ser colocada sempre desde a raiz dos dedos, até o máximo
possível acima do foco de fractura.
Ter sempre em conta que, as proeminências ósseas, como maléolos e crista da tíbia fiquem
bem protegidas, para não se correr o risco de macerações graves.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de
gesso depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 10 e os
15 cm de largura.
A ligadura, após ter sido embebida em água, de forma a estar no seu todo bem molhada é
espremida conforme a necessidade de cada caso. Devem ser aplicadas com uma sequência rápida e
com alguma tensão, mas sempre para que não seja demasiada. Por norma, deve iniciar-se sob a
parte distal dos metacarpianos (raiz dos dedos), tendo sempre o cuidado de os deixar, livres para
lhes permitir toda a mobilidade.
De cada vez que se aplica uma ligadura, deve alisar-se em todo o comprimento. Esta manobra,
vai permitir uma maior resistência do gesso, porque tapa a maior parte dos poros, logo diminui a
Capitulo XIV - Conclusão

quantidade de ar residual, o que se não fosse feito, causaria menor consistência do gesso. É nesta
fase e caso esteja indicado, que se deve aplicar os apoios de marcha.
O terceiro passo, Nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser bem
moldado na crista da tíbia, para que se sinta o aparelho gessado ajustado no foco de fractura e
colocar a articulação tibiotársica na posição de 90º.
Também e caso esteja indicado, deve ser colocada uma almofada longitudinalmente sob a
perna, para evitar ou corrigir a tendência de recurvatum, procurando manter ou obter sempre um
alinhamento perfeito do membro, que passa normalmente, por uma linha imaginária que se inicia na
comissura entre o 1º e o 2º dedos, passa pelo centro da rótula e atinge a crista do ilíaco.
Ensino ao doente
Quando estiver terminado o aparelho gessado, deve ficar destapado e deve aconselhar-se o
doente a não fazer movimento ou esforços, ou colocar o pé no chão, pelo menos nas primeiras 24
horas, (com o gesso convencional), ou cerca de 1 hora (com o gesso sintético), para dar tempo ao
gesso de secar, evitando assim que este se parta, ou se amasse, o que causa zonas de pressão que
podem provocar lesões irreversíveis nesses locais e porque também perde parte do objectivo e
função do tratamento.

59.2.3 BOTA GESSADA COM A POIO DE MARCHA

Figura 132. Bota gessada com a poio de marcha


A execução de um aparelho gessado para a aplicação do tacão ou estribo de marcha é diferente
do anterior, ou seja de um podálico simples (bota), porque tem que obedecer a regras pré definidas e
indispensáveis.
Os aparelhos gessados com tacão, estribo em metal ou sapato como apoio de marcha, ao
contrário dos aparelhos simples, permitem, no que é a sua função e o objectivo principal, fazer
carga, ou seja, colocar o pé no chão para apoio e deambulação, depois de aplicado um destes
dispositivos de suporte do peso, como forma de se conseguir que os topos ósseos se comprimam
entre si e possam favorecer a formação de calo ósseo mais rapidamente, ajudando com isso, a uma
maior e melhor consolidação.
Capitulo XIV - Conclusão

A diferença entre o uso de material fixo, como o caso do tacão ou estribo metálico e o sapato
que é amovível, reflecte-se na grande vantagem deste segundo material, porque, se pode ter um
comportamento com ele como de um calçado normal.
No caso do apoio de marcha fixo, que é usado normalmente com o gesso convencional, obriga
a que o doente durante cerca de pelo menos 4 semanas tenha que caminhar com ele, dormir com ele,
independentemente do bom ou mau tempo, o que se torna desconfortável e pouco higiénico.
É possível usar-se também o apoio amovível no tipo de gesso convencional, mas é menos
funcional, devido principalmente à sua fraca consistência para suportar o peso do corpo sem se
deteriorar rapidamente.
Se for usado apoio de marcha amovível, o aparelho
gessado, não requer uma execução diferente de um
aparelho gessado podálico normal. (bota). Neste caso,
procura-se utilizar o gesso sintético, porque este material é
mais consistente e portanto dá mais garantias de
durabilidade durante o tempo de tratamento.

Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Coloca-se o doente na posição de decúbito dorsal e com o membro ligeiramente afastado. Um dos
elementos, sustenta o membro elevado com uma das mãos aberta, pegando na região do calcâneo e
a outra mão, sob a região afectada ou o mais próximo possível, no intuito de manter a estabilidade
dos focos de fractura. Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima.
O enfermeiro, tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta,
evitando desvios ou torções. Procurando obter sempre um alinhamento perfeito do membro que
passa normalmente, por uma linha imaginária que se inicia na comissura entre o 1º e o 2º dedos,
passa pelo centro da rótula e atinge a crista do ilíaco.
O primeiro passo, Inicia-se por verificar a integridade da pele, fazendo caso necessário, a
limpeza e desinfecção das lesões. De seguida, coloca-se a malha tubular, de medida variável,
conforme a espessura do membro.
O comprimento da malha, deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento
do membro afectado, para que antes de finalizar o aparelho gessado, se possam dobrar para trás os
excedentes, permitindo um melhor acabamento do trabalho e principalmente, evitar que os rebordos
mais duros ou cortantes possam ferir a pele do doente. Em contínuo, colocam-se as ligaduras de
algodão prensado, de tamanho e quantidade variável conforme cada caso.
Capitulo XIV - Conclusão

Esta ligadura, como qualquer outra, deve ser colocada com ligeira pressão e iniciando-se
sempre da região distal para o proximal, por forma, a que cada circular se sobreponha sempre em
metade da circular anterior. Deve ser colocada sempre desde a raiz dos dedos, até o máximo
possível acima do foco de fractura.
Ter sempre em conta que, as proeminências ósseas, como maléolos e crista da tíbia fiquem
bem protegidas, para não se correr o risco de macerações graves.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de
gesso depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 10 e os
15 cm de largura.
A ligadura, após ter sido embebida em água, de forma a estar no seu todo bem molhada é
espremida conforme a necessidade de cada caso. Devem ser aplicadas com uma sequência rápida e
com alguma tensão, mas sempre para que não seja demasiada. Por norma, deve iniciar-se sob a
parte distal dos metacarpianos (raiz dos dedos), tendo sempre o cuidado de os deixar, livres para
lhes permitir toda a mobilidade.
De cada vez que se aplica uma ligadura, deve alisar-se em todo o comprimento. Esta manobra,
vai permitir uma maior resistência do gesso, porque tapa a maior parte dos poros, logo diminui a
quantidade de ar residual, o que se não fosse feito, causaria menor consistência do gesso. É nesta
fase e caso esteja indicado, que se deve aplicar os apoios de marcha.
O terceiro passo, Nesta fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser bem moldado na
crista da tíbia, para que se sinta o aparelho gessado ajustado no foco de fractura e colocar a
articulação tibiotársica na posição de 90º, e para a colocação do tacão de marcha ou estribo.
É fundamental o alinhamento perpendicular à tíbia, a moldagem perfeita da região plantar,
acrescida de um reforço de gesso, a protecção maléolar, principalmente quando se aplicam os
estribos (embora este material esteja actualmente em desuso), tendo em atenção o reforço das
hastes, de modo a que não saia, ou se desloque antes do final do tratamento. De seguida, deve
alisar-se bem para melhor acabamento do aparelho gessado.
Ensino ao Doente:
 Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente
os dedos.
 Manter o membro em repouso e o mais elevado possível, para evitar a formação de
edemas e facilitar a circulação sanguínea.
 Usar sempre conforme recomendado, um par de canadianas ou muletas, para ajudar na
marcha.
 Não fazer carga, colocando o pé no chão, se não tiver nenhum tipo de apoio de marcha.
 Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados
Capitulo XIV - Conclusão

 É fundamental, ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a


forma mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.
 Iniciar, logo após a extracção do aparelho gessado, uma fisioterapia que pode ser activa,
caso a doente consiga, ou passiva, caso o doente não colabore, por forma a recuperar a
amplitude articular do joelho e tibiotársica, assim como a massa e a força muscular.

59.2.4 GESSOS FECHADOS FUNCIONAIS (SARMIENTO)


São aparelhos gessados fechados permitindo deixar libertas as articulações do joelho e/ou
tibiotársica e são usados normalmente numa 3ª fase, na continuidade do tratamento, ou seja por
norma 30 dias após a 2ª fase de tratamento com um aparelho gessado fechado simples (bota de
gesso), nas fracturas de 1/3 médio dos ossos da perna (tíbia e ou perónio) e só quando esta última
tentativa não correspondeu à expectativa ou resolução do problema, com a criação do calo ósseo,
para a consolidação da fractura.
O atraso da consolidação é devido a factores locais, ou seja da própria fractura, ou esta
dificuldade, pode ser imputada a vários factores gerais, quando são associados a outras doenças,
como na dificuldade de assimilação de cálcio, ou ainda pode ser por factores externa ao doente
como o ambiente, má alimentação, dificuldades sociais, etc.
Este tratamento é muitas vezes o tratamento alternativo ou como complemento ao tratamento
cirúrgico. Por esta razão, o gesso fechado podálico é um tratamento considerado correcto como
tratamento conservador.
As complicações mais sérias destas fracturas, são a rotação, desvio ou desalinhamento
anatómico do membro, a atrofia muscular do membro.
As vantagens destes aparelhos gessados são, para além das de manter a imobilidade e o
alinhamento correcto ou o possível, até à total cicatrização do osso com a formação do calo ósseo
no foco de fractura, são fundamentalmente as de permitir a mobilidade completa da articulação do
joelho, em alguns casos da tibiotárcica, pelo que é mantido por norma cerca de mais 2 a 4 semanas
até se completar o tratamento.
Este aparelho gessado, pode sofrer variações propositadas ou necessárias, para se conseguir um
alinhamento da fractura e mobilidade das articulações.
Capitulo XIV - Conclusão

Figura 133. Gessos fechados funcionais


Este quadro, representa um aparelho gessado, que não permite a carga ou o apoio do peso do
corpo e é normalmente usado na 1ª fase de tratamento.
É diferente de um podálico normal, porque embora também imobilize o pé e deva ser feito
desde a raiz dos dedos, tem de ser feito até meio ou acima da rótula, moldando-a e afazendo um S
invertido para a parte posterior, por forma a que sobreponha e comprima os côndilos fémurais, o
que vai evitar ou diminuir a possibilidade de rotação da perna, logo dos focos de fractura. Na zona
posterior, deve ser também arredondado e um pouco mais curto, para não fazer compressão no
cavado poplíteo e permitir o movimento de flexão total do joelho.
Este quadro, representa um aparelho gessado, que é normalmente usado na 2.ª fase de
tratamento e que já permite e é aconselhada fazer carga ou o apoio do peso do corpo. É diferente de
um podálico normal, A técnica de execução continua igual à anterior, porque, embora também
imobilize o pé e deva ser feito desde a raiz dos dedos é colocado um tacão ou permitido usar outro
material, de forma a colocar o pé no chão para deambulação.

Figura 134. Gessos fechados funcionais


Este quadro, representa um aparelho gessado, que é normalmente usado também na 3ª fase de
tratamento, em que já é permitido e aconselhado a fazer carga ou o apoio do peso do corpo.
É diferente dos dois anteriores, porque este aparelho gessado mais parece uma perneira,
fundamentalmente porque, deixa livres a articulação do joelho e a tibiotárcica. A técnica de
execução continua igual à anterior.
Capitulo XIV - Conclusão

Difere na execução da parte distal, ou seja na articulação tibiotársica, porque tem de se


almofadar muito bem, recobrir e fixar os dois maléolos com a continuação de gesso, formando
como que duas “palas”. Este formato, resulta da necessidade de se deixar anteriormente um espaço
mais curto e arredondado, para permitir a flexão do pé.
Também porque, na região posterior ou sobre o tendão de Aquiles, deve haver a necessidade
fundamental de se deixar um recorte mais curto e arredondado, para permitir a extensão completa
do pé, sem provocar mau estar ou lesões. Este aparelho gessado, permite-nos ter duas opções em
relação à articulação tibiotársica.
Uma, será deixar completamente liberto todo o pé, desde que não haja diminuição da
capacidade sensitiva ou motora e permitir que o doente use no seu dia a dia um tipo de calçado
normal.
Outra, será a colocação de um aparelho adaptado, articulado ou não, como suporte do pé,
quando existe diminuição da capacidade sensitiva ou motora. Este suporte do pé, vai ajudar na
reabilitação da mobilidade da articulação, sem permitir desalinhamento e pode ser usado para
colocar directamente no chão como o calçado, ou ser colocado dentro de outro calçado, que o
doente use normalmente. A colocação deste suporte do pé, já requer mais alguma técnica, porque :
Se não for articulado, as bandas laterais devem ser bem fixas e colocadas paralelamente e um
pouco acima das “palas” e bem ajustada ao calcanhar, mas por forma a que seja possível fazer os
cuidados de higiene do pé e ou colocar uma meia com protecção, para evitar a possível maceração
da pele pela transpiração.
Se for articulado, além dos mesmos cuidados que foram tidos em conta para o anterior, este,
deve permitir a plena articulação do pé em flexão e extensão sem provocar mau estar, maceração ou
lesão da pele.
Técnica de Execução
Em primeiro lugar, este aparelho gessado, tem de ser feito sempre por dois profissionais.
Coloca-se o doente na posição de decúbito dorsal e com o membro ligeiramente afastado. Um dos
elementos, sustenta o membro elevado com uma das mãos aberta, pegando na região do calcâneo e
a outra mão, sob a região afectada ou o mais próximo possível, no intuito de manter a estabilidade
dos focos de fractura. Nesta posição, o doente normalmente suporta o mau estar e a dor é mínima.
O enfermeiro, tem que ter o cuidado de amparar o membro, mantendo-o na posição correcta,
evitando desvios ou torções, procurando obter sempre um alinhamento perfeito do membro, que
passa normalmente por uma linha imaginária, que se inicia na comissura entre o 1º e o 2º dedos,
passa pelo centro da rótula e atinge a crista do ilíaco.
O primeiro passo, Inicia-se por verificar a integridade da pele, fazendo caso necessário, a
limpeza e desinfecção das lesões. De seguida, coloca-se a malha tubular. O comprimento da malha,
Capitulo XIV - Conclusão

deve ser sempre ligeiramente superior ao comprimento do segmento do membro afectado, para que
antes de finalizar o aparelho gessado, se possam dobrar para trás os excedentes, permitindo um
melhor acabamento do trabalho, e principalmente, evitar que os rebordos, possam ferir a pele do
doente.
Em contínuo, colocam-se as ligaduras de algodão prensado, de tamanho e quantidade variável
conforme cada caso. Estas ligaduras, como qualquer outra, deve ser colocada com ligeira pressão, e
iniciando-se sempre da região distal para a proximal, para que cada circular se sobreponha sempre
em metade da circular anterior.
Deve ser colocada sempre desde a raiz dos dedos ou sub- maléolar, conforme o aparelho
gessado a executar, até o máximo possível acima do foco de fractura, que nestes casos, corresponde
à zona supra-rótuliana.. Ter sempre em conta, que as proeminências ósseas, como maléolos e crista
da tíbia fiquem bem protegidas, para não se correr o risco de macerações graves.
O segundo passo, é a aplicação da ligadura de gesso. A escolha da largura da ligadura de
gesso, depende de cada caso ou do tratamento a executar, mas normalmente passa entre os 10 e os
15cm de largura. A ligadura, após ter sido embebida em água, de forma a estar no seu todo bem
molhada, é espremida conforme a necessidade de cada caso. Devem ser aplicadas com uma
sequência rápida e com alguma tensão, mas sempre para que não seja demasiada. Por norma, e
tendo em conta a execução de um aparelho gessado “Sarmiento com ou sem apoio de marcha, deve
iniciar-se sob a parte distal dos metacarpianos (raiz dos dedos), tendo sempre o cuidado de os deixar
livres, para lhes permitir toda a mobilidade. Se for para deixar libertas as duas articulações, deve
iniciar-se na base dos maléolos.
De cada vez que se aplica uma ligadura, deve alisar-se em todo o seu comprimento. Esta
manobra, vai permitir uma maior resistência do gesso, porque tapa a maior parte dos poros, logo,
diminui a quantidade de ar residual, o que se não fosse feito, causaria menor consistência do gesso.
A execução deste aparelho gessado, tem que obedecer a regras pré definidas e indispensáveis
como sejam, o alinhamento perpendicular à tíbia, a moldagem perfeita da região plantar, acrescida
de um reforço; a protecção maléolar, e dos côndilos fémurais. Em contínuo, deve alisar-se bem para
melhor acabamento do aparelho gessado.
Os aparelhos gessados com tacão, suporte de pé articulado, ou sapato como apoio de marcha,
ao contrário dos aparelhos simples, permitem, no que é a sua função e o objectivo principal, fazer
carga, ou seja, colocar o pé no chão para apoio e deambulação, depois de aplicado um destes
dispositivos de suporte do peso, como forma de se conseguir que os topos ósseos se comprimam
entre si, e possam favorecer a formação de calo ósseo mais rapidamente, ajudando com isso a uma
maior e melhor consolidação.
Capitulo XIV - Conclusão

A diferença entre o uso de material fixo como o caso do tacão ou suporte de pé fixo e o sapato
que é amovível, reflecte-se na grande vantagem deste segundo material, porque se pode ter um
comportamento com ele, como de um calçado normal se trata-se. É utilizado na grande maioria das
vezes, em material de gesso sintético, porque este material é mais consistente.
É possível usar-se também o apoio amovível neste tipo de gesso convencional, mas é menos
funcional, devido principalmente à sua fraca consistência para suportar o peso do corpo, sem se
deteriorar rapidamente.
O terceiro passo, nesta primeira fase de secagem do gesso é a altura ideal para ser bem
moldado na crista da tíbia, por forma a que se sinta o aparelho gessado ajustado no foco de fractura
e nos dois primeiros casos, colocar a articulação tibiotárcica na posição de 90º.Também, e caso
esteja indicado, deve ser colocada uma almofada longitudinalmente sob a perna, para evitar ou
corrigir a tendência de recurvatum, procurando manter ou obter sempre um alinhamento perfeito do
membro, que passa normalmente por uma linha imaginária, que se inicia na comissura entre o 1º e o
2º dedos, passa pelo centro da rótula e atinge a crista do ilíaco.
Quando estiver terminado deve ficar destapado, e aconselhar-se o doente a não fazer
movimento ou esforços, ou colocar o pé no chão pelo menos nas primeiras 24 horas (com o gesso
convencional), ou cerca de 1 hora (com o gesso sintético), para dar tempo ao gesso de secar,
evitando assim que este se parta, ou se amasse, o que causa zonas de pressão, que podem provocar
lesões irreversíveis nesses locais e porque também perde parte do objectivo e função do tratamento.

Ensino ao Doente
 Depois do gessado estar seco, o doente deve ser incentivado a mobilizar frequentemente
os dedos.
 Manter o membro em repouso e o mais elevado possível, para evitar a formação de
edemas e facilitar a circulação sanguínea.
 Usar sempre conforme recomendado, um par de canadianas ou muletas.
 Não fazer carga, colocando o pé no chão.
 Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados
 É fundamental, ter sempre presente o sinais de alarme, explicando-lhe a forma mais
rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.
 Iniciar logo após a extracção do aparelho gesso, uma fisioterapia, activa, caso a doente
consiga, ou passiva, de forma a recuperar a amplitude articular do joelho e tibiotársica,
assim como a massa e a força muscular.
Capitulo XIV - Conclusão

59.3 CALÇÕES GESSADOS (ESPICAS)


59.3.1 ESPICAS GESSADAS
Os aparelhos gessados em calção (espica), podem ser
aplicados numa multiplicidade de indicações. Contudo, as
mais frequentes são, as luxações congénitas da anca ou
fracturas do fémur sem correcção cirúrgica, ou com
complemento à correcção cirúrgica. As espicas gessadas,
são usadas frequentemente após cirurgia a tenotomia dos
adutores, ou redução de luxação e é mantida até se obter a
estabilidade, ou se verifique o desenvolvimento acetabular
normal.
Os aparelhos gessados em calção pelvi-podálico, são
usados nas fracturas de fémur em crianças. Todos estes
aparelhos gessados, são efectuados no bloco operatório.

Figura 135. Espicas


gessadas
Técnica de execução:
Estes aparelhos gessados, são sempre executado numa sala de bloco operatório, e sob anestesia
geral, logo executados sempre pelo médico. È necessária esta técnica ou método, porque além da
criança não ter dores, permite colocar os membros ou os topos ósseos no alinhamento correcto. São
gessos fechados e envolvem o corpo desde cerca de 5 cm abaixo da linha mamilar e até cerca de 2
cm acima dos maléolos em ambos os membros. Tem como finalidade principal, manter os membros
em abdução completa e não permitir grandes movimentos da articulação coxo-fémural, no caso do
tratamento das luxações congénitas da anca.
No caso das fracturas do fémur, o aparelho gessado, também envolve todo o corpo, desde 5 cm
abaixo da linha mamilar, mas no membro fracturado, vai até à raiz dos dedos e no outro membro,
vai só até a 1/3 distal do fémur, a cerca de 3 cm acima do joelho, por forma a permitir os
movimentos e articulação do joelho deste membro. Tanto um como o outro, são feitos em abdução.
Para lhe conferir maior estabilidade e segurança é colocado um travessão de madeira revestido com
gesso e fixo entre um membro e o outro. É fundamental, a quando da execução, deixar um espaço
livre na região abdominal, de forma a permitir o aumento de volume na altura das refeições.
Capitulo XIV - Conclusão

Também na região púbica, deve deixar-se um espaço anterior e posterior, de forma a ser
possível fazer as necessidades fisiológicas e permitir os cuidados de higiene. O doente adapta-se
facilmente a este aparelho gessado e permite-lhe fazer praticamente todos os movimentos e
decúbitos, evitando assim o cansaço, úlceras de pressão, ou maceração da pele.
Ensino ao familiar do Doente:
 Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados, como não o
molhar para não partir ou apodrecer.
 Ter cuidados rigorosos com a higiene.
 Aconselhar a mudar o doente frequentemente de decúbito principalmente para os
laterais ou por vezes até ventrais, para se evitar zonas de pressão.
 É fundamental, ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a
forma mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.

59.3.2 APARELHOS GESSADOS NOS PÉS BOTOS


O pé boto é uma deformidade congénita, com vários níveis de gravidade. O ante - pé encontra-
se em adução e inversão. A extremidade posterior do pé, encontra-se em flexão plantar e varo. A
flexão dorsal é impossível. A anatomia patológica do pé boto congénito é muito complexa. Não só
existem alterações maiores na forma e posição dos ossos do pé, como também a pele e os tecidos
moles são envolvidos.
Se estas não forem corrigidas precocemente, tornar-se-ão permanentes. A descrição de um
tratamento recomendado é difícil, dada a variedade e a diferença de opiniões existentes.

O pé boto, não é a única deformidade


congénita do pé a necessitar de correcção por
imobilização com aparelhos gessados, como
parte de um tratamento. Há outras deformações,
que podem ser causadas pela paralisia cerebral,
e que podem ter como princípio o mesmo Figura 136. Pé Boto/Valgo
tratamento.
O pé Tálo -Valgo é uma deformação oposta ao pé boto congénito. Por princípio é de melhor
diagnóstico e geralmente é causado por má posição intra-uterina.
seu tratamento, consiste na manipulação e posteriormente, na colocação de um aparelho
gessado corrector (bota gessada), com os mesmos princípios do pé boto, mas com a posição do pé
inversa a esta. Antes de se efectuar qualquer aparelho gessado, deve fazer-se a manipulação
cuidadosa e suave dos diversos componentes da deformidade do pé.
Capitulo XIV - Conclusão

Deve ser feita uma mudança semanal do aparelho gessado no pé boto, até atingir uma posição
considerada corrigida, ou funcionalmente aceitável. Estas mudanças do gesso são fundamentais,
para verificar o estado da pele e evitar compressão interior, visto, a criança estar em contínuo
crescimento, tanto em peso com em comprimento, pelo que, se isso não fosse feito, poderia causar
graves sequelas no pé.
Após um período de cerca de 6 semanas é visível se existe ou não correcção, ou se existe uma
força irresistível que a impede. É esta observação clínica, que está na base da decisão da
necessidade ou não de uma intervenção cirúrgica, como ultima alternativa de correcção.
Técnica de execução:
Este aparelho gessado é normalmente
efectuado pelo médico assistente do doente e de
preferência deve ser feito sempre pelo mesmo,
para ser possível avaliar melhor a evolução ou a
correcção conseguida. O pé do recém-nascido é
frequentemente gordo, o que torna mais
complicado a execução do aparelho gessado.
Figura 137. Aparelhos gessados nos
pés botos Normalmente é usada como técnica o gesso
podálico (bota), evitando assim a imobilização
do joelho, o que traria consequências ou
dificuldades acrescidas.

É um aparelho gessado que necessita da colaboração fundamental de outro elemento, porque há


muita dificuldade em segurar e estabilizar a posição do pé, provocada pelas pequenas dimensões e
pelos movimentos bruscos na tentativa de se libertar.
Depois de verificada a integridade e limpeza da pele, um dos elementos, segura com uma mão
o membro acima do joelho e a outra mão, nos dedos do pé, na tentativa de melhor estabilizar e
evitar ao máximo os movimentos. De seguida, aplica-se um pouco de pele plástica directamente
sobre a pele. Esta técnica tem dado bons resultados, porque, conseguimos ao mesmo tempo dois
efeitos favoráveis, como por exemplo:
 Por um lado, protegemos a pele durante a permanência do aparelho gessado.
 Por outro lado, ajuda na melhor aderência e fixação do algodão de almofadamento,
portanto, diminuindo o risco de o aparelho gessado depois de seco sair ou descair com
os movimentos da criança.
As ligaduras de algodão para almofadamento, são aplicadas desde a raiz dos dedos, até ao
cavado poplíteo. De seguida, molha-se a ligadura de gesso de preferência de 5 cm de largura,
Capitulo XIV - Conclusão

espreme-se para extrair o excesso de água e inicia-se a aplicação, sempre da raiz dos dedos para o
1/3 próximal de perna, mas tendo sempre o cuidado de deixar um espaço liberto no cavado poplíteo,
por forma a que não vá macerar ou ferir a pele da criança e lhe permita fazer todos os movimentos.
A ligadura de gesso, deve ser colocada de forma a contrariar sempre que possível a posição viciosa
do pé, de uma forma firme mas sem muita tensão.
Quando sentimos já alguma consistência do gesso, inicia-se a moldagem ou correcção
pretendida ou a possível, segurando com uma mão a parte posterior da perna até ao calcanhar e
sobrepondo o dedo polegar, ou o indicador, sobre a zona anterior da articulação tibiotársicas, com a
finalidade de fixar melhor o pé e principalmente, moldá-lo na posição o mais próxima dos 90º.
Com a outra mão, vai se moldando todo o pé, principalmente ajustando toda a região plantar e
libertando os dedos. Ter sempre o cuidado, de alisar os bordos do aparelho gessado, porque depois
de seco podem macerar a pele da criança.
Para finalizar, deve alisar-se bem o gesso, para tapar todos os poros, conferindo-lhe assim
maior resistência. Este gesso demora cerca de 36 horas a secar, ou seja, a ter a sua capacidade de
resistência total, pelo que, devem ser informados os familiares dos cuidados a ter para se conseguir
o efeito pretendido.
O familiar, pode ser ensinado a retirar o aparelho gessado em casa, cerca de 24 h antes da
consulta, com a finalidade fazer descansar a pele, de evitar o incómodo ou a agressão da criança
com o ruído da serra. Também para poder dar banho ao membro e aplicar qualquer creme
hidratante, o que vai ajudar a descansar a pele e diminuir a agressão desta, com o próximo aparelho
gessado.
Esta técnica consiste normalmente em, colocar o pé da criança com o aparelho gessado dentro
de um recipiente com água morna e um pouco de vinagre, para que o gesso fique bem imerso.
Passado algum tempo, os cristais de gesso começam a desintegra-se, separam –se da ligadura e
depois é só desenrolá-la até libertar por completo o pé. Este método não provoca riscos nem
reacções.
Ensino ao familiar do Doente:
 Ter sempre em conta os cuidados com o gesso, previamente aconselhados, como não o
molhar, para não partir ou apodrecer.
 Ter cuidados rigorosos com a higiene.
 Ensinar o familiar de como pode retirar o gesso em casa cerca de 24h h antes da
consulta.
 É fundamental, ter sempre presente e em atenção os sinais de alarme, explicando-lhe a
forma mais rápida e correcta de minimizar ou resolver qualquer problema detectado.
Capitulo XIV - Conclusão

60 CONCLUSÃO

Neste trabalho procurei dar respostas a dúvidas e interesse de vários profissionais e alunos de
enfermagem na área de ortopedia.
Tenho consciência que, se por um lado este trabalho me estimulou pelo assunto que aborda,
por outro lado, deparei com dificuldades acrescidas, sobretudo se atender que não o perspectivei e
descrevi só numa lógica quantitativa, mas principalmente, numa perspectiva qualitativa dos
cuidados prestados, o que implica vários aspectos sempre difíceis de analisar e definir.
Fico com a sensação de não ter conseguido desde já um trabalho perfeito, quanto a métodos,
regras e conceitos de trabalho. Tem com certeza falhas ou omissões não propositadas. Contudo,
também não pretende ser um trabalho acabado, bem pelo contrário, pretendo como já referi no
início do trabalho, que seja mais uma pedra de uma permanente mudança e aperfeiçoamento de
regras, métodos e materiais, com os quais se procura servir cada vez melhor o doente.
Espero também que este trabalho seja um ponto de partida para uma reflexão consciente e
responsável dos enfermeiros, na sua acção e relação com o doente. Incentivar as escolas de
enfermagem a valorizarem esta mais área dos conhecimentos, recebendo e valorizando o sentimento
dos alunos sobre a necessidade de se sentirem mais aptos a exercer as sua funções em ortopedia.
Findo este trabalho, espero fundamentalmente dar um contributo concreto e específico para
uma maior motivação dos enfermeiros no conhecimento da realidade dos cuidados de enfermagem
em ortopedia.
Capitulo XIV - Conclusão

61 BIBLIOGRAFIA

ADAMS, John Crawford – Manual de fracturas e lesões ligamentares Livraria Editora Artes
Médicas Lda – São Paulo – Brasil – 1976
ATLAS INTERACTIVO – Anatomia humana- (CD) Versão widows 1.0
CHRISTY, L. Crowther – Cuidados primários em ortopedia - 2ª Edicção Lusociência –
Edições Técnicas e Científicas, Lda – Loures – 2005
CIPE/ICNP – Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem Associação
Portuguesa de Enfermeiros – Lisboa - 2005
CUNHA, Emídio Lemos – Execução de aparelhos gessados e ligadura de imobilização
Manual para Enfermeiros Lusociência – Edições Técnicas e Científicas, Lda – Loures – 2005
DEPUY, Johnson&Johnson Company – Guia para o pré-operatório e o pós-operatório da
prótese total da anca. ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA - 5ª Edição Lidel - Edições
Técnicas Lda – Lisboa 1985
ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA - 6ª Edição – Conceitos e prática clínica
Lusociência – Edições Técnicas e Científicas, Lda – Loures – 2003
GRANDE ENCICLOPÉDIA MÉDICA – Edições Abril Cultural - 1975
OLIVEIRA, António Fonseca – A perfilometria tridimensional automatizada do tronco na
escoliose idiopática do adolescente MEDISA – Edições e Divulgação Científica, Lda – Porto -
2000
SERRA, Luís M. Alvim – Critérios fundamentais em fracturas em ortopedia 2ª Edição - Lidel
- Edições Técnicas Lda – Lisboa 2001
SILVA, Alfredo – Manual de integração dos enfermeiros – Fevereiro 2002

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