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Resumo de Princípios da Cirurgia Plástica


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Princípios da
Cirurgia Plástica

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Resumo de Princípios da Cirurgia Plástica
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1. Introdução
“A especialidade de cirurgia plástica lida com o reparo, a substituição e a reconstrução
pós-defeitos da forma ou função envolvendo a pele, sistema musculoesquelético,
estruturas crâniomaxilofaciais, mão, extremidades, mama, tronco e genitália externa.
Utiliza princípios cirúrgicos estéticos não somente para melhorar o indesejável nas
estruturas normais, como também em todos os procedimentos reconstrutores.”

American Board of Plastic Surgery

2. Conceitos
A frase acima, dita pelo Conselho Americano de Cirurgia Plástica, define
claramente que a Cirurgia Plástica é uma especialidade cirúrgica que lida não só com o
a estética, mas também com o reparo de estruturas que sofreram danos.

É uma especialidade versátil, pois além de trabalhar com diversas áreas médicas,
como cirurgia microvascular, cirurgia da mão, cirurgia musculoesquelética, cirurgia
crâniomaxilofacial, cirurgia no tratamento agudo e de reconstrução em queimaduras,
doenças cutâneas malignas, entre outras; a cirurgia plástica também se relaciona com
outras especialidades da área da saúde, a fim de otimizar os resultados.

3. Estudo da Pele
A pele é o manto de revestimento do organismo, proporcionando cobertura para
os tecidos moles subjacentes, porém, além disso, ela regula a temperatura corporal,
protege o organismo de invasão bacteriana e de lesões; recebe sensações advindas do
meio externo; absorve radiação ultravioleta para a síntese de vitamina D; e apresenta
função excretora através das glândulas sudoríparas.

Dividida em três camadas (epiderme, derme e hipoderme), a pele corresponde a


15% do peso corporal.

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Fonte: Gartner, Leslie P. Tratado de histologia em cores – Rio de Janeiro : Elsevier, 2007.

Epiderme: é composta por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado e


apresenta quatro tipos celulares: queratinócitos, células de Langerhans, melanócitos e
células de Merkel. Os queratinócitos correspondem à maior população dessas células e
estão organizados em cinco camadas distintas e os outros três tipos celulares são
interpostos entre eles em locais específicos.

A camada basal é a mais inferior e nela estão as células de Merkel, os melanócitos


e uma camada de células cuboides mitoticamente ativas. Conforme as mitoses vão
ocorrendo e as células vão sendo empurradas para a superfície, elas se diferenciam e
começam a acumular filamentos de queratina no seu citoplasma. A ordem das camadas
sentido superfície é camada espinhosa, granulosa, lúcida e córnea. Na camada córnea
as células, intensamente queratinizadas, se encontram mortas e prontas para serem
descamadas.

Derme: é composta por um denso estroma fibroelástico. Contém mecanorreceptores e


anexos (glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e folículos pilosos).

Os anexos presentes na derme são de extrema importância para a cicatrização


das feridas superficiais, ou seja, quando não ocorre total destruição da derme. Isso
ocorre porque a reepitelização se inicia nas bordas da ferida, com a multiplicação das

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células basais da epiderme e, na derme, através dos anexos ali presente, tendo em vista
que eles são projeções da epiderme na derme.

Os mecanorreceptores são receptores sensoriais que respondem à pressão ou a


outros estímulos mecânicos. Na derme temos os corpúsculos de Meissner (responsável
por responder a estímulos táteis nos lábios, genitália externa e mamilos, por exemplo),
de Pacini (que respondem à pressão e a vibrações) e de Rufini (respondem às forças de
tensão) e temos o bulbo terminal de Krause (que responde ao frio).

A derme é dividida em duas camadas, a camada papilar, de tecido conjuntivo


frouxo, mais superficial e que forma projeções em direção à epiderme; e a reticular, de
tecido conjuntivo denso não modelado, que confere sustentação para a pele como um
todo.

Hipoderme: composta por tecido conjuntivo frouxo e corresponde a septos fibrosos


(compostos por fibras elásticas e colágenas definindo lóbulos ovais-poligonais de células
gordurosas) que conectam a derme com a fáscia profunda.

4. Vasos Perfurantes
Os vasos perfurantes são aqueles que comunicam vasos profundos com
superficiais e eles podem ser septo-cutâneos (que passam entre a musculatura e
seguem para a pele) e músculo-cutâneos (nutrem inicialmente a musculatura e depois
emitem perfurantes, que nutrem a pele).

A partir desse estudo, todo o corpo foi topografado em áreas, onde cada unidade
da área cutânea irrigada por cada artéria perfurante é denominada angiossomo
(território vascular anatômico). Os angiossomos também se comunicam uns com os
outros através de vasos comunicantes, fazendo com que cada artéria perfurante
perfunda uma área maior do que um angiossomo (território vascular dinâmico).

Dito isto, o estudo dos vasos perfurantes revolucionou o desenho das áreas
doadoras de retalhos, já que ao se conhecer detalhes da microanatomia vascular, o

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cirurgião passou a determinar com maior precisão a área doadora, a maximizar a


extensão dessa área e a realizar reconstruções complexas com retalhos quiméricos.

5. Cicatrização
O processo de cicatrização corresponde a uma cascata de eventos que vão
resultar na reconstituição tecidual. Ele apresenta três fases: a fase inflamatória, a fase
proliferativa e a fase de remodelação.

Inflamatória: é a fase que se inicia imediatamente após a lesão, onde visando a


hemostasia, o endotélio lesado e as plaquetas vão estimular a cascata de coagulação.
Com a vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular, neutrófilos são atraídos
por quimiotaxia, atingindo sua maior concentração em 24 horas. Em torno de 48-96
horas, os macrófagos migram para a ferida e terminam o debridamento iniciado pelos
neutrófilos.

Proliferativa: os macrófagos têm papel na transição para a fase proliferativa, pois


secretam citocinas, fatores de crescimento, estimulam a proliferação dos fibroblastos.
Se a membrana basal estiver intacta, as células epiteliais começam a migrar para a região
superior e em três dias as camadas da epiderme são restauradas. Já se houver lesão na
membrana basal, as células epiteliais da borda da ferida se proliferam na tentativa de
reestabelecer a pele. Nessa fase também ocorre a angiogênese e a formação de tecido
de granulação, que caracteriza a parte final da fase proliferativa.

Remodelação: é nessa fase que ocorre a deposição de colágeno de maneira organizada.


O colágeno tipo III é produzido e apresenta orientação paralela à pele. Após um tempo
esse colágeno é reabsorvido e substituído por colágeno tipo I, mais resistente e
depositado ao longo das linhas de tensão.

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Fonte: CAMPOS, Antonio Carlos Ligocki; BORGES-BRANCO, Alessandra; GROTH, Anne


Karoline. Cicatrização de feridas.

O processo cicatricial tende a resultar em um tecido que se aproxima do tecido


inicial, em termos estéticos e funcionais, porém ele nunca retomará 100% suas
características e isso não quer dizer que houve um problema na cicatrização.

Em alguns casos, o processo de cicatrização pode resultar em cicatrizes


inestéticas, que são as cicatrizes hipertróficas e os queloides.

Hipertróficas: são cicatrizes elevadas, muitas vezes hipercrômicas, onde o processo


inflamatório é prolongado. Mesmo com associação genética, a sua ocorrência está
bastante relacionada com o tipo de procedimento realizado e com a tensão que ela se
encontra. Seu tratamento pode ser feito com pomadas com corticoide, com curativos
compressivos durante alguns meses, aplicação de silicone e betaterapia (onde ocorre a
morte do fibroblasto e diminuição do processo inflamatório).

Queloides: são cicatrizes que se estendem além do limite original e crescem


progressivamente. Apresenta um grande fator genético (sendo mais frequente em
negros), onde a pessoa tem a tendência a produzir uma grande quantidade de colágeno
em todas as suas cicatrizes (em qualquer tipo tecidual, não somente na pele). Para o
tratamento do queloide, pode ser realizada uma injeção com triancinolona, pode ser
feita a crioterapia ou tratamento com laser. A ressecção do queloide pode ser associada
à betaterapia, para impedir a formação de um novo queloide.

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6. Síntese Primária
Também chamada de síntese em primeira intenção, ocorre quando há união
imediata das bordas da ferida. Apresenta como princípios gerais:

▪ A posição correta das bordas, visando uma menor ocorrência cicatriz inestética;
▪ Pontos que se adaptem perfeitamente e estejam em uma mesma distância um do
outro;
▪ Retirada da sujeira do ferimento, para evitar infecção e deiscência de ferida;
▪ Retirada do tecido inviável;
▪ Incisão na linha de menor tensão (linhas paralelas ao sentido de movimentação do
músculo), para que haja uma cicatriz de melhor qualidade, ‘escondidas’ nas linhas de
expressão;
▪ Evitar novos traumas no local do ferimento; e
▪ Realizar a síntese primária com materiais de sutura adequados, como fios (porta-
agulha e pinça), grampos, colas ou fitas adesivas.

Referências Bibliográficas
1. SABISTON. Tratado de cirurgia: A base biológica da prática cirúrgica moderna. 18.
ed. Saunders. Elsevier.
2. GARTNER, Leslie P. Tratado de histologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

3. TENG, HW. Retalho súpero-lateral da perna: descrição anatômica e aplicação clínica


de um novo retalho. [Tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São
Paulo; 2016. Disponível em: < https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5140/tde-
17102014-142741/publico/TengHsiangWei.pdf>. Acesso em 25 de julho de 2019.

4. CAMPOS, Antonio Carlos Ligocki; BORGES-BRANCO, Alessandra; GROTH, Anne


Karoline. Cicatrização de feridas. ABCD, arq. bras. cir. escavação. São Paulo, v. 20, n. 1,
p. 51-58, mar. 2007. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
67202007000100010&lng=en&nrm=iso>. acesso em 25 de julho de 2019.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-67202007000100010.

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