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CASO CLÍNICO
Mulher de 58 anos de idade foi encaminhada a um neurologista em virtude do
início recente de dificuldade para deambular. Observou-se que ela permanecia em pé e
deambulava com o braço esquerdo fletido no cotovelo e a perna esquerda estendida
(hemiparesia esquerda). Durante a deambulação, a paciente tinha dificuldade em fletir o
quadril e joelho esquerdos e dorsifletir o tornozelo esquerdo; o movimento para a frente
era possível balançando-se a perna esquerda para fora no quadril, para evitar arrastar o
pé no solo. O braço esquerdo permanecia sem movimentos. O exame neurológico
mostrou ausência de sinais de paralisia facial, mas havia evidências de fraqueza dos
movimentos da língua. À protrusão, a língua desviava-se para o lado direito (paralisia
do nervo hipoglosso direito). A sensibilidade cutânea era normal, mas havia evidências
de comprometimento da sensação musculoarticular, discriminação tátil e sensação
vibratória no lado esquerdo do corpo.
Com base nos achados neurológicos, fez-se o diagnóstico de síndrome bulbar
medial no lado direito. A parte medial do lado direito do bulbo recebe seu suprimento
arterial da artéria vertebral direita. A oclusão dessa artéria ou seu ramo para o bulbo
resulta em destruição da pirâmide direita (hemiparesia esquerda), destruição do núcleo e
nervo hipoglossos direitos (paralisia do nervo hipoglosso direito) e destruição do
lemnisco medial no lado direito (perda das sensações musculoarticular, vibratória e
discriminação tátil no lado esquerdo). A ausência de paralisia facial mostrou que os
núcleos dos nervos faciais, os nervos faciais e as fibras corticobulbares para os núcleos
faciais estavam intactos. A preservação das sensações de tato, dor e temperatura
mostrou que o lemnisco espinhal estava intacto. Esse diagnóstico foi possível graças à
definição cuidadosa dos achados neurológicos. O conhecimento claro da posição e
função dos diversos tratos nervosos e núcleos no bulbo é essencial para se chegar ao
diagnóstico nesse caso.
FENÔMENO DE ARNOLD-CHIARI
O bulbo localiza-se na fossa craniana posterior, embaixo do tentório do cerebelo
e acima do forame magno. Relaciona-se anteriormente com a parte basilar do osso
occipital e a parte superior do dente do áxis e posteriormente com o cerebelo.Em
pacientes com tumores da fossa craniana posterior, a pressão intracraniana é elevada e o
encéfalo, isto é, o cerebelo e o bulbo, tende a ser empurrado em direção à área de menor
resistência. A malformação de Arnold-Chiari é uma
anomalia congênita na qual há herniação das tonsilas do
cerebelo através do forame magno para dentro do canal
vertebral. A herniação bloqueia as saídas no teto do quarto
ventrículo para o líquido cerebroespinhal, causando
hidrocefalia não-comunicante. Está comumente associada a
anomalias craniovertebrais. Sinais e sintomas relacionados
com compressão do cerebelo e bulbo e o envolvimento dos
últimos quatro nervos cranianos (IX, X, XI e XII), além de
cefaleia e rigidez de nuca, estão associados a essa
malformação. Por também a formação reticular do bulbo, a
hérnia de tonsila é extremamente letal, sendo, portanto, uma
emergência médica. Nessas circunstâncias, é extremamente
perigoso realizar uma punção lombar porque a retirada
súbita de líquido cerebrospinal pode precipitar herniação
adicional do encéfalo através do forame magno e falha
abrupta das funções vitais, resultante da compressão e
isquemia dos núcleos dos nervos cranianos presentes no bulbo.
SÍNDROME DE MILLARD-GUBLER
Também conhecida com síndrome de Foville, trata-se de uma lesão situada na
base da ponte, comprometendo especialmente o trato corticoespinhal e as fibras do
nervo abducente (Hemiplegia cruzada com lesão do VI). A lesão do nervo abducente
causa paralisia do músculo reto lateral do mesmo lado da lesão, o que impede o
movimento do olho em direção lateral (estrabismo convergente) Os movimentos dos
olhos passam a ser desconjugados, gerando assim a diplopia (incidência de raios de luz
em partes não simétricas da retina). Quando a lesão da base da ponte se estende
lateralmente, há comprometimento das fibras do nervo facial. Além disso, pode haver o
envolvimento das fibras cortico-ponto-cerebelares, produzindo ataxia cerebelar intensa,
e os movimentos voluntários são acompanhados por um tremor rítmico que surge e se
acentua à medida que os movimentos prosseguem (tremor de intenção).
TUMORES DA PONTE
O astrocitoma da ponte, de ocorrência na infância, é o tumor mais comum do
tronco encefálico. Os sinais e sintomas são aqueles de paralisia de nervos cranianos
ipsilaterais e hemiparesia contralateral: fraqueza dos músculos faciais no mesmo lado
(núcleo do nervo facial), fraqueza do músculo reto lateral de um ou dos dois lados
(núcleo do nervo abducente), nistagmo (núcleo vestibular), fraqueza dos músculos da
SÍNDROME DO ENCARCERAMENTO
A síndrome de encarceramento (locked-in syndrome) é um estado de vigília e
consciência com tetraplegia e paralisia dos nervos cranianos inferiores, resultando em
incapacidade para exibir expressões faciais, movimentar-se, falar ou comunicar-se,
exceto por códigos mediante movimentos oculares. Essa síndrome normalmente resulta
de hemorragia ou infarto pontino, tal como das artérias pontinas, ramos da artéria
basilar, que causa tetraplegia e interrompe e danifica os centros responsáveis por
controle do olhar horizontal. Outros distúrbios que resultam em paralisia motora severa
generalizada (p. ex., síndrome de Guillain-Barré) e cânceres que envolvem a fossa
posterior e a ponte são causas menos comuns. Os pacientes apresentam função cognitiva
intacta e encontram-se alertas, com abertura dos olhos e ciclos de sono-vigília normais.
Eles podem ouvir e ver. Entretanto, não conseguem mover a porção inferior da face,
mastigar, deglutir, falar, respirar, mover os membros ou os olhos lateralmente. O
movimento vertical dos olhos é possível; os pacientes conseguem abrir e fechar os olhos
ou piscar um determinado número de vezes para responder a uma pergunta.
SÍNDROME DE WEBER
A síndrome de Weber é caracterizada por uma lesão da base do pedúnculo
cerebral, por lesão traumática, expansão tumoral ou comprometimento vascular com
comprometimento do trato corticoespinhal e das fibras do nervo oculomotor.
SÍNDROME DE BENEDICT
Também causada por uma lesão traumática, por uma expansão tumoral ou por
um comprometimento vascular, a síndrome de Benedict caracterizada-se por um
comprometrimento do tegmento do mesencéfalo, comprometendo nervo oculomotor, o
núcleo rubro e os lemniscos medial, espinhal e trigemial
CASOS CLÍNICOS
1) Menino de 6 meses de idade morreu de hidrocefalia e mielocele na região torácica
inferior. À necropsia, constatou-se que o mesencéfalo estava deformado. A parte
inferior do bulbo estendia-se inferiormente através do forame magno até o canal
vertebral, alcançando a terceira vértebra cervical. Os quatro nervos cranianos caudais
eram mais longos que o normal, e as raízes dos nervos cervicais rostrais ascendiam para
alcançar sua saída do canal vertebral. O cerebelo no lado esquerdo estendia-se
inferiormente através do forame magno até a terceira vértebra cervical, onde era
aderente à medula espinhal. O teto do quarto ventrículo era anormalmente baixo. Qual o
nome dessa malformação? A hidrocefalia é comum nesse distúrbio? Há uma associação
possível entre a mielocele torácica e a presença de parte do mielencéfalo no canal
vertebral?
3) Menina de 10 anos de idade foi levada ao médico porque sua mãe observou que a
metade direita da face dela estava fraca e parecia não reagir a mudanças emocionais.
Também se observou que a boca da paciente estava um pouco desviada para o lado
esquerdo, especialmente quando ela se cansava. Ao ser inquirida, a paciente admitiu que
os alimentos tendiam a se acumular dentro da bochecha direita e que o lado direito da
face tinha uma “sensação engraçada”. A mãe observou as primeiras alterações faciais há
3 meses e, desde então, o distúrbio piorou progressivamente. Ao exame, havia fraqueza
nítida dos músculos faciais à direita; os músculos faciais no lado esquerdo eram
normais. A sensibilidade cutânea à estimulação da face era normal. O exame dos
movimentos oculares revelou evidências de fraqueza leve do músculo reto lateral no
lado direito. O exame dos movimentos dos membros mostrou fraqueza leve à esquerda.
Correlacione esses sinais e sintomas com uma lesão na ponte.
8) Homem de 20 anos de idade foi atendido por um neurologista devido a uma história
de diplopia há 3 meses. Ao exame físico, os olhos em repouso estavam desviados para
baixo e lateralmente. O paciente era incapaz de mover os olhos para cima ou
medialmente. As pálpebras superiores estavam caídas (ptose). O exame das pupilas
evidenciou midríase, e elas não se constringiam à luz. Os movimentos e a sensibilidade
faciais eram normais. Os movimentos dos membros superiores e inferiores eram
normais. Não havia evidências de perda ou alteração da sensibilidade cutânea nos
membros. Faça o diagnóstico e localize precisamente a lesão. A lesão é unilateral ou
bilateral?
10) Mulher de 41 anos de idade foi diagnosticada com uma lesão no mesencéfalo. O
exame físico revelou paralisia do nervo oculomotor no lado esquerdo e ausência dos
reflexos fotomotor e de acomodação no lado esquerdo. Havia alguma fraqueza mas não
atrofia dos músculos na parte inferior da face e da língua no lado direito. Havia
evidências de paralisia espástica do braço e perna direitos. Não havia evidências de
qualquer perda sensitiva nos dois lados da cabeça, do tronco, ou dos membros. Localize
a lesão precisamente no mesencéfalo desse paciente.