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Neuroanatomia Clínica

PCI- MEDICINA INTERNA II Código:FMW362


Neurologia

Marcos Martins da Silva


marcosm@hucff.ufrj.br

Universidade Federal do Rio de Janeiro


Abordagem Médica dos Pacientes

1. Coleta de dados (anamnese e exame físico)


2. Diagnóstico Sindrômico
3. Diagnóstico Nosológico
4. Prognóstico
Abordando o Paciente com Doença
Neurológica

1. Coleta de dados (anamnese e exame físico)


Ponto de inserção da
2. Diagnóstico Topográfico ou Anatômico neuroanatomia clínica no
fluxograma diagnóstico.
3. Diagnóstico Sindrômico
4. Diagnóstico Nosológico
5. Prognóstico
Neuroanatomia Clínica: identificando estruturas
acometidas a partir dos sinais e sintomas
• Alteração de consciência: tronco ou hemisférico bilateral/difuso
• Disfunção cognitiva: áreas corticais específicas ou conexões
entre estas áreas
• Tonteira
• Vertigem: tronco ou aparelho vestibular
• Desequilíbrio: vias proprioceptivas, aparelho vestibular, cerebelo
• “Cabeça leve/oca”: intoxicação
• Fraqueza: via piramidal, nervos periféricos, junção mioneural,
músculos
Neuroanatomia Clínica: identificando estruturas
acometidas a partir dos sinais e sintomas
• Movimentos involuntários: Núcleos da base, substância nigra,
eventualmente tronco, medula ou córtex cerebral
• Crises epilépticas: córtex cerebral
• Ataxia: cerebelo, cordão posterior
• Nistagmo: Aparelho vestibular, cerebelo, tronco. Se pendular,
vias visuais ou baixa iluminação
• Nervos cranianos: sem envolvimento de via longa e sobretudo
quando múltiplo, infiltração inflamatória ou neoplásica na base
do crânio. Com envolvimento de via longa, tronco encefálico.
Duas palavrinhas sobre tronco encefálico:
Síndromes Alternas
• Acometimento motor ou sensitivo do corpo
de um lado e de um ou mais nervos cranianos
do outro caracteriza síndrome alterna.
• Síndrome Alterna aponta para acometimento
do tronco encefálico. O nervo ou nervos
afetados delimitam a região do tronco
envolvida.

Mesencéfalo III, IV
Ponte V, VI, VII, VIII

Bulbo VIII, IX, X, XI, XII


Medula Espinhal x Coluna Vertebral
• As raízes de C1-C7 saem acima das vértebras homônimas
• A raiz de C8 sai entre as vértebras C7 e T1
• As raízes de T1-Co1 saem abaixo das vértebras homônimas
• A medula cresce menos do que o estojo vertebral.
• Siga a regra C+1, T+2, atrás de T11-T12 os segmentos lombares,
atrás de L1 os segmentos sacrais e coccígeo (cone medular).
• A medula tópica termina no disco intervertebral entre L1 e L2
• A apófise espinhosa de C7 forma a proeminência na base do
pescoço
• O ápice da crista ilíaca corresponde aproximadamente a L4 e é
usado como referência para realização de raquicentese lombar.
Hérnias de disco
• O mais comum é o
acometimento da raiz inferior.
Por exemplo, na hérnia do
disco entre L4 e L5 a raiz
afetada será L5.
• Na lombar a maior
preocupação é com a póstero-
lateral pela compressão
radicular, na cervical é com a
mediana pela compressão
medular
Compressão medular por espondilose cervical
Dicas neuroanatômicas que
valem um diagnóstico
Se o paciente queixa de perda de visão
de um lado, tape o olho oposto. Se
nada mais enxerga, a lesão é pré-
quiasmática, se persiste enxergando, a
lesão é pós-quiasmática
Dificuldade simultânea para abrir e fechar o olho
sugere miopatia. Se assimétrico, miastenia.
Não abre, nem fecha, simétrico (miopatia)

Não abre (oculomotor)

Não abre, nem fecha, assimétrico (miastenia)

Não fecha (facial)


Pé caído que inverte sugere
lesão fibular, o que não
inverte sugere lesão
radicular (L5).

Lesão de Executa
Dorsiflexão do pé Inversão do pé
L5 Não Não
Fibular Não Sim
Se a dormência
que afeta a o
quarto e quinto
dedos respeita o
punho, a lesão é
ulnar. Se avança
ao antebraço a
lesão é radicular
(C8).
Falsos Sinais de Localização: A
neuroanatomia não trai, mas
pode ser caprichosa.
Paralisia de abducente na hipertensão
intracraniana
Hemiplegia ipsilateral na
hérnia uncal (Kernohan’s
notch)
Nível sensitivo inferior ao esperado na compressão
medular
Para levar desta aula...
• A Neuroanatomia faz do exame neurológico ótima ferramenta
para informar onde está a lesão, mas a história clínica é a que
melhor aponta para o mecanismo envolvido.
• A Neuroanatomia pode intimidar quem inicia, mas tende a
surpreender se receber uma chance. Nem tudo é difícil ou
complicado e mesmo os conceitos mais básicos empoderam
sobremaneira o raciocínio clínico.
• Esta aula termina aqui, mas seu caminho na Neurologia talvez
esteja só começando. Sejam bem-vindos!

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