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Patologia da coluna:
- Fatores de risco:
- Não modificáveis:
Genética;
Idade;
Género;
- Modificáveis:
Tabaco;
Sedentarismo;
Erros posturais;
Perturbações depressivas ou ansiosas;
Episódios prévios de raquialgia;
-Associados à atividade laboral:
Trabalho exigente;
Pouco suporte social;
Insegurança e satisfação laboral;
Má postura no local de trabalho em termos ergonómicos;
Trabalho sedentário/repetitivo;
Qualquer patologia que acomente a coluna vertebral, habitualmente manifesta-
se com dor:
Cervicalgia;
Dorsalgia;
Lombalgia;
1ªetapa:
-Definir o tipo de dor;
-Identificar os fatores de risco para uma etiologia grave;
E recordar quais são as suas causas mais comuns:
R
Radiculopatia;
Fratura; F
Tumor; T
Infeção;
I
Dor referida de estruturas viscerais;
D
Caracterização da dor:
- Ritmo:
-Mecânica:
Relacionada ao movimento/esforço, alivia em repouso;
Sem défices neurológicos;
Espondilartrose, alterações posturais, musculares e ligamentares;
90% das lombalgias;
-Inflamatória:
Dor noturna e +++ de manhã;
Rigidez matinal;
Alivia com o exercício/movimento;
Espondiloartropatias;
- Tipo de dor:
Radiculopatia Mielopatia
Neurónio motor superior (1º neurónio) – os seus axónios fazem sinapse com
núcleos motores no tronco cerebral para nervos cranianos e na medula espinhal
para nervos periféricos.
Neurónio motor inferior (2º neurónio) – os seus axónios transmitem impulsos
através das raízes anteriores e dos nervos espinhais para os nervos periféricos,
terminando na junção neuromuscular.
Cervicalgia
- Red Flags:
Traumatismo major recente;
Sintomas ou sinais que sugiram mielopatia;
Sinal de Lhermite;
Febre ou calafrios;
Consumo de drogas endovenosas;
Uso crónico de corticoides;
Perda ponderal não explicada;
História de doença oncológica;
Cefaleia, dor no ombro ou cintura escapular, ou sintomas visuais no
idoso;
Dor cervical anterior;
- Etiologia:
- Caracterização da dor:
Início; Dor neurogénica: “choque elétrico”,
Duração: melhor preditor de prognóstico “formigueiro” – sugere lesão
- Dor aguda: <6 semanas; nervosa;
- Dor subaguda: 6-12 semanas; Intensidade;
- Dor crónica: >12 semanas; Fatores de alívio/agravamento;
Ritmo: Irradiação;
- Mecânica;
- Inflamatório: rigidez +30min;
- Mista;
- Exame objetivo:
Inspeção:
Postura;
Alinhamento e movimento espontâneo da cabeça;
Verificar existência de assimetrias, massas, deformidades, cicatrizes
prévias;
Amplitudes articulares/ Movimento cervical:
Avaliar flexão, extensão, rotações e inclinações, e repercussão
sintomatológica;
Se origem vertebral: perda da amplitude da rotação é ++C2-C3; perda de
inclinação é ++ C4-C7.
Palpação:
Dor em apenas uma
vértebra obriga a
investigação adicional
Palpação das apófises espinhosas;
Perceber o alinhamento das vértebras;
Palpação das massas musculares paravertebrais;
Anomalias extra-esqueléticas (adenopatias, bócio).
Exame neurológico: - Força muscular;
Dermátomos:
Testar a sensibilidade tátil nos membros superiores, comparando a
sensação percebida pelo doente em cada dermátomo com o que é
sentido no dermátomo contralateral.
“Sente este toque da mesma forma nos dois lados?”
Miótomos:
Nenhum músculo é inervado apenas por uma raíz, nem nenhuma raíz
inerva apenas um músculo. Mas estão definidos músculos chave para
cada segmento:
- C5 – Flexores do Cotovelo;
- C6 – Extensores do punho;
- C7 – Extensores do cotovelo;
- C8 – Flexores dos dedos;
- T1 – Abdutores dos dedos;
Reflexos:
Avaliam, simultaneamente, a competência das vias aferentes (sensitivas)
e eferentes (motoras);
Na radiculopatia estão habitualmente diminuídos;
Manobras específicas
Sinal de Elvey
Sinal de tensão radicular para o membro superior;
Roda-se a cabeça para o lado contralateral ao da dor e realiza-se
abdução passiva do ombro com o cotovelo em extensão.
Positivo se reproduz as queixas habituais do doente.
Tração cervical
Força de tração longitudinal aplicada de baixo para cima, no maxilar
inferior e região occipital simultaneamente.
Teste positivo se houver alívio das queixas do doente durante a
tração.
Sinal de Lhermitte (mais para a mielopatia)
Sensação de choque elétrico ao longo
da coluna ou nos membros;
Manobra de Spurlling (+ para a radiculopatia)
Positivo: exacerbação dos sintomas
radiculares na extremidade, devido
à radiculopatia ipsilateral à lesão;
- Exames complementares de diagnóstico:
A maioria dos casos sem história de traumatismo ou “red flags” não necessitará
de exames de imagem.
Radiografia simples (antero-posterior e perfil)
1º exame de imagem a ser realizado.
Avalia presença de alterações degenerativas, fraturas, luxações,
espondilisteses.
Estudo analítico
Se suspeita de etiologia inflamatória/infeciosa ou neoplásica.
TC cervical
Preferível na patologia óssea. Primeira escolha se traumatismo cervical
major.
Também consegue identificar algumas alterações no disco intervertebral.
RM cervical
O melhor para avaliar alterações dos tecidos moles (principalmente disco
intervertebral) e na avaliação de compromisso neurológico.
Para doentes com agravamento de sinais ou sintomas neurológicos que
sugiram mielopatia ou radiculopatia grave.
Cervicalgia com mais de 6 semanas e com impacto no sono ou com
limitação funcional nas atividades diárias.
Eletromiografia dos MS’s
- Síndromes clínicos:
Cervicalgia Aguda Específica;
Cervicalgia Crónica Inespecífica;
Radiculopatia Cervical;
Mielopatia Espondilótica Cervical;
Cervicalgia Aguda Específica:
Pode ocorrer em qualquer idade, mas +++ nos jovens sem patologia
prévia.
Causa mais frequente: contratura muscular.
QUADRO CLÍNICO
Dor unilateral, muitas vezes bilateral, que irradia para as regiões
escapulares;
Surge em contexto de esforço físico, tensão psicológica ou posturas
incorretas.
EXAME OBJETIVO
Contratura muscular palpável, com ou sem presença de pontos dolorosos
específicos (trigger points miofasciais).
MCDT’s
Não são necessários.
TRATAMENTO
Analgesia + AINE’s + relaxantes musculares.
MCDT’s
RM cervical
EMG MS’s
TRATAMENTO
Conservador, inicialmente
- Tratamento fisiátrico (reduz dor e melhora a funcionalidade do doente)
- Analgesia + AINEs +/- neurolépticos.
Tratamento cirúrgico
- Pode ser útil em casos de cervicalgia com sintomas radiculares que não
melhoram com abordagens conservadoras.
Espondilose Cervical:
CAUSA MAIS COMUM DE RADICULOPATIA
CERVICALGIA;
Rigidez • Doente idoso
RADICULOPATIA CERVICAL
- Cervicalgia com irradiação para região occipital, ombro e MS +/- • Coluna CERVICAL e
fraqueza e < da sensibilidade/parestesias (de acordo com raízes LOMBOSSAGRADA
envolvidas).
- C2-C4 - cefaleias na região occipital posterior. Mais comum:
-C5-C8 - Ombro, MS e mão. C6/C7
MIELOPATIA
- Também causa dor, fraqueza e alteração da sensibilidade. RAÍZ C7
- Acompanhado de disfunção vesical, espasticidade nos MIs, alteração da
marcha, entre outros.
- Exames complementares de diagnóstico:
Estudos Eletrodiagnósticos – EMG
Possíveis raízes envolvidas
LOCALIZAR + GRAVIDADE
Estudos de Neuroimagem - RM ou TC
Identificar ANATOMIA ANORMAL
+ RAIZES ENVOLVIDAS
RM – 1ª Linha (tecidos moles e medula
espinhal).
TC – esporões ósseos, estreitamento do buraco de
conjugação, estenose do recesso lateral.
Trauma Major
-> Excluir fratura vertebral!
Artrite Reumatóide
Patologia Músculo-Esquelética - Abordagem à Lombalgia
- Caracterização da dor:
- Exame objetivo:
Inspeção:
Postura e movimento espontâneo do tronco e MI;
Avaliação das curvaturas da coluna.
-Nivelamento dos ombros e cristas ilíacas.
-Existência de gibosidades.
Avaliar a presença de hiperlordose lombar.
Avaliar a presença de hipercifose torácica.
Avaliar presença de desequilíbrios sagitais (ex: idoso que se inclina para a
frente).
Avaliar a presença de dismetria dos MI’s.
Avaliar presença de cicatrizes, atrofias musculares.
Mobilidade
Testar todos os movimentos do segmento toraco lombar: flexão,
extensão, rotações e inclinações.
Perceber se existe dor ou limitação nas amplitudes do movimento; se há
reprodução de sintomas e quais;
Palpação
Palpação das apófises espinhosas;
Perceber o alinhamento das vértebras.
- Palpação das articulações interfacetárias
Aplicar força à direita e à esquerda das apófises espinhosas.
Depende de um bom relaxamento pelo doente pelo que pode ser de
difícil execução e interpretação.
- Palpação das massas musculares paravertebrais
Perceber a existência de contraturas, identificar pontos-galtilho ou
bandas dolorosas.
Palpação do grande nervo ciático.
Doente em decúbito lateral e a anca contralateral fletida, realizando
pressão na região mediana entre a tuberosidade isquiática e o grande
trocânter.
Exame Neurológico
Dermátomos
Sensibilidade tátil
Comparar a sensibilidade percebida pelo doente em cada dermátomo com o
que é sentido no dermátomo contralateral.
Marcha
Avaliar a marcha espontânea.
Pesquisar défices específicos.
Reflexos osteotendinosos
Avaliam a competência das vias aferentes (sensitivas) e eferentes
(motoras).
Na radiculopatia estão habitualmente diminuídos.
Dificuldade na execução sobretudo pela dificuldade do doente em doente
relaxar.
Manobras específicas
Manobra de Laségue
Sinal de tensão do grande nervo ciático;
Positivo se surgimento de sintomas acima dos 60º;
Pode estar presente na radiculopatia L4 a S3.
Sinal de Fajersztajn: representa a reprodução da dor ciática na perna
acometida ao pesquisar o sinal de Lasègue na perna contralateral.
Manobra de Bragard:
Elevação do MI com o joelho em extensão e realização de dorsiflexão
do pé;
Positivo se despoletar os sintomas.
Femoral Strecht test
Doente em decúbito ventral. Realiza-se extensão passiva da anca com o
joelho fletido a 90º;
Positivo se reproduzir as queixas habituais do doente;
Pode estar presente na radiculopatia L2 a
L4.
Manobras específicas
Teste de Schober
Mede a mobilidade do segmento lombossagrado;
Posição ortostática, pés juntos: traça-se uma linha entre as 2 espinhas
ilíacas postero-superiores e outra linha 10cm acima;
Após flexão do tronco deverá aumentar pelo menos 5cm. Teste positivo
se aumento <5cm (ex: Espondilite Anquilosante).
- Síndromes Clínicos:
Lombalgia Inespecífica/Lombalgia Comum
A lombalgia mecânica corresponde a ~90% das lombalgias.
Resulta de uma anomalia estrutural, trauma, abuso ou degenerescência
de umaestrutura normal sem componente inflamatório considerável.
Na maioria das lombalgias mecânicas não é possível identificar uma
causa específica.
Na lombalgia Comum identificam-se alterações clínicas e imagiológicas:
Artrose das articulações interapofisárias posteriores ou Alterações da
curvatura: cifose e hiperlordose
Quando é possível identificar uma causa, a mais frequente é a Hérnia discal.
Outras causas possíveis:
Espondilolise
Defeito que pode conduzir a uma fratura De stress do elemento posterior
da coluna vertebral chamado pars interarticularis
Espondilolistese.
Deslizamento anterior do corpo vertebral em relação à vertebra
imediatamente inferior.
Pode ser congénita, degenerativa, secundária à espondilólise, neoplásica
Dor agrava com o movimento e alivia em repouso.
Espondilolise/ espondilolistese
Doentes com retração dos musc. Flexores da coxa postura
característica de flexão dos joelhos, pelve inclinada posteriormente e
retificação da lordose lombar.
A magnitude destes sinais relaciona-se com o grau de deslizamento.
Espondiloartrose
Dor agravada por hiperextensão do tronco ou inclinação lateral
Palpação paravertebral dolorosa
Síndrome Miofascial
Trigger-pointsdolorosos; dor à rotação ipsilateral e flexão
contralateral.
ECD
Indicados se lombalgia persistente apesar de terapêutica
conservadora e/ou sinais de alarme.
TRATAMENTO
Correção postural e Educação do doente
Disponibilizar informação acerca do quadro clínico e sua benignidade.
Repouso absoluto é desaconselhado! (mesmo na fratura, deve ser
repouso relativo) – manter atividade habitual, evitar esforços maiores
e progredir na intensidade das atividades conforme tolerância.
Medidas de correção postural.
Adaptação do local de trabalho - ex: utilizar uma cadeira que permita
apoiar a lordose lombar; cuidados no manuseamento de carga.
Prática de atividade física + perda ponderal.
Medidas não farmacológicas
Calor local (++ se queixas musculares)
Massagem
Acumpuntura
Fisioterapia
- Encorajar a mobilização segura com ensino de técnicas
- Correção postural e gestual
- Ganho de força e massa muscular para sustentação da coluna (após o
controlo da dor)
-Manter ou melhorar a amplitude do movimento.
Exercícios domiciliários
- Manter a mobilidade da coluna e envolver o doente no tratamento
- Alongamento dos paravertebrais; Rotações lombares; Fortalecimento
abdominal.
Ortóteses
-Evitar as ortóteses de tronco a não ser para viagens de automóvel ou
períodos de maior intensidade
Medidas farmacológicas
Tratar de acordo com as necessidades específicas de cada doente, horário
regular, via oral sempre que possível.
Lombalgia com radiculopatia e/ou estenose do canal lombar
Raquialgia associada a causas específicas:
Anomalias Congénitas