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1. APRESENTAÇÃO

A   introdução   em   larga   escala   de   computadores   em   locais   de   trabalho   e   em   lares   tem 


conduzido centenas de milhares de pessoas ao uso intensivo dessas máquinas (ANDRIES et al., 
2002). Segundo Anshel (2007), mais de 175 milhões de norte­americanos utilizam computadores 
frequentemente em seus locais de trabalho e o advento da internet tem modificado o seu estilo de 
vida. Em muitos países, devido a sua popularização, tem­se observada uma atenção considerável a 
respeito dos potenciais efeitos adversos que podem ser causados pelo seu uso intenso (IJMKER et 
al., 2009).
De acordo com Hall & Morrow (1988), trabalhadores australianos tinham reclamado por 
indenizações para as doenças da mão, braço, ombro e pescoço, alegando o fato destas estarem 
relacionadas ao uso intensivo dos computadores. Tal fato é considerado pelos autores como uma 
“epidemia de lesões por esforço repetitivo” e seu trabalho tem sido largamente citado na literatura 
científica.
Diversos trabalhos relacionados as doenças causadas pelo mau uso do computador têm sido 
publicados nos últimos anos (HALL & MORROW, 1988; ATROSHI et al., 2007; PEDROSO, 2008; 
QUINTAS et al., 2009; SANTOS et al., 2009; HAGBERG et al., 2007; ELTAYEB et al., 2007; 
UCHINO et al., 2008). Todos abordam as lesões causadas por esforço repetitivo (principalmente nas 
mãos, ombros, braços e pescoço) lesões oculares e alterações psicológicas.
Entretanto, uma revisão da literatura realizada por Ijmker et al. (2009) aponta para diversos 
problemas como a pequena quantidade de dados disponíveis na literatura e a limitação dada pelos 
diferentes métodos empregados nas análises, os quais, segundo os autores, podem ter influenciados 
os   resultados.   Assim,   citam   os   autores,   novas   pesquisas   necessitam   ser   realizadas   para   que   as 
conclusões do seu trabalho sejam confirmadas.
No presente trabalho vamos levantar as principais consequências relacionadas ao mau uso do 
computador   baseadas   em   evidências   estatísticas   publicadas   na   literatura   científica,   bem   como 
aquelas publicadas em artigos disponibilizados apenas na internet, sejam elas publicadas por alunos 
da   área   de   tecnologia   da   informação   (TI),   médicos,   fisioterapeutas,   psicólogos   ou   outros 
profissionais que tenham publicado algum trabalho sobre o assunto. Além disso, discutiremos o 
papel da internet no aumento dos  casos  de pedofilia, tema de grande discussão na mídia e  no 
Congresso Nacional, uma vez que ainda não existem leis específicas para punir crimes pela internet 
no Brasil.
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2. INTRODUÇÃO

Diversas   desordens   afetam   a   população   de   forma   geral,   entre   elas   as   de   origem 


musculoesqueléticas, visuais e psicológicas. Entretanto, trabalhadores apresentam uma incidência 
de sintomas maior do que a população em geral devido ao tipo e local de trabalho, bem como pelos 
fatores individuais. 
Todas essas desordens afetam a produtividade do trabalhador, e mesmo sob circunstâncias 
em que os sintomas estão presentes, grande parte dos trabalhadores executam suas tarefas da mesma 
maneira, o que pode ser explicado pelo fato da baixa severidade da desordem, lealdade a companhia 
e ao colegas de trabalho, ética pessoal ou até mesmo por incentivos econômicos  (PRANSKY et al., 
1999).     Hagberg   et   al.   (2002)   concluíram   que   8%   dos   trabalhadores   relataram   perda   de 
produtividade   devido   a   sintomas   musculoesqueléticos,   os   quais   estão   associados   a   posição   de 
utilização do mouse e da realização da tarefa. Para mulheres, a demanda do trabalho, problemas 
com computadores, fato de ser ou estar divorciada são relatados por elas como causas da diminuição 
da  sua produtividade. Quando os gêneros são controlados de acordo com a idade, as mulheres 
apresentam   uma   incidência   de   perda   de   produtividade   devido   a   dores   no   pescoço,   ombros   , 
antebraços e mãos de 1,6 a 2,2 vezes maior do que os homens.
Pouca ou nenhuma atividade física foram de risco fatores importantes no relato de perda de 
produtividade dos trabalhadores devido a dores no pescoço, ombro, antebraço e mão.   Em 2002, 
Linton & van Tulder demonstraram que a atividade física é uma prevenção efetiva contra dores na 
coluna.
Outro  problema que afeta diversos trabalhadores e usuários comuns de computadores são os 
prejuízos causados a visão. Existe hoje uma discussão científica sobre os fundamentos da visão bi­
ocular com uma ênfase na visão das telas de computadores. O processo de coordenação entre a 
visão bi­ocular, a qual utiliza músculos estriados, e o sistema de acomodação ou foco visual é único. 
Jaschinski­Kruza (1988)  observou em seus estudo que a convergência, em que os olhos movem­se 
em direção um ao outro quando um objeto se aproxima, tem um papel significante no  stress  da 
visão. Os olhos movem­se para baixo, bem como para dentro, quando observam um objeto próximo, 
o que resulta em uma postura de visão aproximada normal. De acordo com a American Optometric 
Association  (AOA), a Síndrome da Visão do Computador consiste de problemas na visão e nos 
olhos relacionados com a proximidade dos olhos ao computador ou relativas ao uso do computador 
(American Optometric Association apud Anshel, 2007).
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Muitos trabalhos relacionam o uso intenso do mouse como um dos fatores de risco para a 
diminuição da produtividade pelo fato de ocasionar dores nos ombros, antebraços e mãos (IJMKER 
et al.,  2009; HAGBERG et al., 2007). Por outro lado, um trabalho realizado por Eltayeb et al. 
(2007), verificou que em trabalhadores holandeses as queixas relativas a dores no pescoço e ombros 
são mas frequentes do que nos braços, cotovelos e mãos.
Além dos problemas físicos, hoje se conhece também alguns dos problemas psicológicos 
causados pelo mau uso do computador.  Para Viner et al. (2008), o uso por quatro ou mais horas 
diárias de TV, vídeo ou computador dobram as chances de fatiga persistente. De acordo com os 
autores,   a   fatiga   é   um   sintoma   comum   nos   adolescentes   modernos.   Todavia,   os   dados   atuais 
(CURRIE et al., 2000) sugerem que a fatiga matinal severa por pelo menos uma vez por semana é 
reportada   entre   40%   –   60%   dos   jovens   adolescentes   europeus   e   em   30,6%   das   garotas   norte­
americanas (GHANDOUR et al., 2004).
Não obstante, a pedofilia não somente é um caso de segurança pública como também de 
saúde coletiva, uma vez que as crianças envolvidas sofrem danos físicos e psicológicos, os quais 
muitas vezes são irreversíveis. A massificação do uso da internet propicia a veiculação de fotos, 
vídeos, contratos de serviços de exploração sexual infantil e turismo sexual infantil, este último 
sendo responsável, de acordo com o site da Campanha Nacional de Combate à Pedofilia na Internet, 
pelo desaparecimento de crianças no mundo inteiro.
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3.   LESÕES   POR   ESFORÇO   REPETITIVO   E   DOENÇAS   OSTEOMUSCULARES 


RELACIONADAS AO TRABALHADO

As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao 
Trabalhado   (DORT),   são   um   grupo   de   doenças   causadas   pelo   uso   excessivo   de   determinadas 
articulações, principalmente as das mãos, punhos, cotovelos, ombros e joelhos. Pessoas que passam 
horas fazendo os mesmos movimentos são acometidas por inflamações na estrutura óssea ou nos 
músculos, nos tendões ou mesmo compressões de nervos e de circulação (Saúde em Movimento, 
2003).
De   acordo   com   Maeno   (2008),   aproximadamente   metade   das   doenças   ocupacionais 
registradas   pela Previdência Social  no Brasil  nos  últimos  anos  são causadas  pelas  LER/DORT. 
Segundo a mesma autora, a LER/DORT são relatadas desde a antiguidade em trabalhadores que 
faziam   movimentos   repetitivos   por   períodos   prolongados   de   tempo.   Com   o   crescimento   da 
industrialização e a procura pelo aumento da produtividade, principalmente entre as décadas de 50 e 
80 em âmbito mundial, e principalmente com início na década de 80 no Brasil, observa­se um 
crescimento   considerável   dos   casos   de   LER/DORT.   Os   primeiros   trabalhadores   brasileiros   a 
relatarem   casos   de   LER/DORT   foram   os   digitadores,   ainda   no   década   de   80,   constituindo   o 
primeiro movimento de reconhecimento de doenças ocupacionais pela Previdência Social em 1987.
Mais recentemente, a Previdência Social registrou 30.194 casos de doenças ocupacionais em 
2004, 33.096 em 2005 e 26.645 no ano de 2006 (Figura 3.1). Estima­se que aproximadamente 45% 
dos   afastamentos   citados   tenham   sido   causados   por   LER/DORT,   os   quais   por  terem   um   longo 
período   de   afastamento   do   trabalho   como   parte   do   tratamento   oneram   sobremaneira   os   cofres 
públicos (MAENO, 2008).
De   acordo   com   a   Previdência   Social   (apud   MAENO   2008),   em   2005   o   gasto   com   os 
pagamentos dos benefícios decorrentes de acidentes de trabalho, na qual as doenças ocupacionais se 
enquadram, foi de R$ 9,8 bilhões. Diante disso, a legislação brasileira recebeu diversas resoluções e 
portarias e, dentre elas podemos destacar:
• LER/DORT – Legislação – Resolução 221 – 1997 – Conselho Nacional de Saúde;
• LER / DORT – Legislação – Portaria nº 3.120 – 1998 – Ministério da Saúde;
• LER / DORT – Legislação – Portaria nº 3,908 – 1998 – Ministério da Saúde;
• LER / DORT – Legislação – Legislação – Norma Regulamentadora nº 17 Ergonomia.
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35000 33096

30194
30000
26645
Número de afastamentos

25000

20000

15000

10000

5000

0
2004 2005 2006

ano
Figura 3.1  –  Números de casos de afastamento entre 2004 e 2006 registrados  pela Previdência 
Social brasileira causados por doenças ocupacionais.

De acordo com o site Saúde em Movimento (2003), os principais tipos de LER/DORT são:
• Síndrome do Túnel do Carpo (STC);
• Tendinites dos extensores dos dedos;
• Tenossinovite dos flexores dos dedos;
• Tenossinovite estenosante (dedo em gatilho);
• Epicondilite lateral;
• Doença de De Quervain;
Entretanto,   Atroshi   et   al.   (2007)   foram   os   primeiros   a   demonstrar     uma   associação 
significante entre o uso intensivo do teclado no trabalho (>4h/dia) e um baixo risco de Síndrome do 
Túnel do Carpo. Em seu estudo, os autores verificaram que apenas 2,6% dos componentes do grupo 
que utilizavam teclado intensivamente eram portadores de STC, enquanto 2,9% no grupo de uso 
moderado (1 a 4 horas por dia), 4,0% no grupo de baixo uso (>1h/dia) e 5,2% no grupo que não 
utiliza teclado diariamente apresentaram STC, sendo que os dados apresentam 95% de confiança.
Os   principais   fatores   que   levam   ao   aparecimento   dos   sintomas   de   LER/DORT   são 
subdivididos em três classes (SANTOS et al., 2009): 
a)   de   ordem   biomecânica:   repetição   dos   movimentos,   movimentos   manuais   com   uso   de   força, 
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postura inadequada, preensão mecânica localizada e uso de ferramentas;
b) de ordem psicossocial: ineficácia da direção da empresa em eliminar riscos potenciais, método de 
trabalho impróprio, existência ou não de atmosfera de aceitação de manifestações dos trabalhadores 
envolvidos com a atividade, encorajamento do relato de riscos potenciais, entre outros;
c)   de  ordem  administrativa: pressão  no trabalho,  baixa autonomia,  falta de  ajuda ou apoio   dos 
colegas e pouca variabilidade no conteúdo da atividade.
As   LER/DORT   são   divididas   em   3   fases.   A   primeira   fase   consta   de   dores   intensas   e 
constantes durante a realização de certa atividade repetitiva, a segunda consta de sinais objetivos 
que  não  desaparecem mesmo com o repouso. Já na terceira fase ocorre dor intensa, levando   a 
incapacidade funcional do indivíduo (PEDROSO, 2008). 
Como o objetivo desse trabalho não é realizar um levantamento médico detalhado sobre as 
principais LER/DORT, mostramos de forma resumida a definição e o tratamento das LER/DORT 
mais comuns aos usuários de computadores, as quais foram obtidas do site Saúde em Movimento:

3.1 – Síndrome do Túnel do Carpo

Essa doença é uma forma bastante comum de LER, provocada pela compressão do nervo 
Mediano, que vem do braço e passa pelo punho, numa região chamada túnel do carpo. Esse nervo é 
o responsável pela movimentação do dedo polegar, além de promover a sensação nos dedos polegar, 
indicador  e  médio na parte da palma das mãos. Devido ao uso excessivo dos dedos e punhos, 
começa a haver uma inflamação e inchaço das estruturas que passam pelo túnel do carpo, resultando 
na   compressão   do   nervo   mediano.   Como   resultado,   esse   nervo   passa   a   ficar   mais   "fraco", 
provocando a sensação de formigamento e amortecimento dos dedos das mãos, principalmente dos 
dedos polegar, indicador e médio. Às vezes, pode dar até a sensação de "choque" sentida nos dedos 
e indo em direção ao braço. Em geral, os sintomas pioram com o decorrer do dia, principalmente 
após um dia de trabalho. Alguns pacientes acordam no meio da noite com as mãos amortecidas. 
Essa doença é comum em mulheres de 30 a 50 anos, e acomete 3 vezes mais o sexo feminino do que 
o   masculino.   Normalmente,   os   sintomas   estão   presentes   nas   duas   mãos,   mas   são   notados 
primeiramente na mão dominante.
O tratamento se baseia no uso de antinflamatórios, como o ibuprofeno, para aliviar a dor 
bem como a inflamação das estruturas envolvidas. Também o uso de munhequeiras ajuda a manter a 
articulação   dos   punhos   fixa,   aliviando   assim   a  dor.  O   repouso  é   uma   das   melhores   formas   de 
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tratamento e muitas vezes o paciente deve ficar alguns dias sem trabalhar as articulações para haver 
a diminuição completa da inflamação. Também pode ser administrada a vitamina B6 para melhorar 
as   condições   do   nervo.   Em   casos   mais   severos,   poderão   ser   utilizados   corticóides   injetados 
diretamente nas articulações afetadas. Nos casos em que há grande comprometimento do nervo 
mediano está indicada a cirurgia para a descompressão do mesmo. Essa cirurgia leva a uma melhora 
dos sintomas em 95% dos casos. 

3.2 Tendinites dos extensores dos dedos

Tendões são estruturas que se parecem com cordões extremamente fortes, responsáveis pela 
fixação dos músculos nos ossos. Toda vez que o músculo se contrai, os tendões se esticam, dando­se 
assim o movimento desejado. O termo tendinite significa uma inflamação dessas estruturas, em 
geral   causada   por   excessivo   uso   daquela   articulação   envolvida.   A   tendinite   pode   ocorrer   em 
qualquer articulação, mas é mais comum nos punhos, nos joelhos, ombros e cotovelos. Devido à 
inflamação, a pessoa irá apresentar dor quando movimentar as articulações em questão. No caso das 
mãos, possuimos um grupo de músculos que estendem os dedos e as mãos, e os respectivos tendões 
passam pela parte dorsal das mãos. Da mesma forma que para a síndrome do túnel do carpo, o uso 
excessivo e repetitivo de certa articulação irá provocar o inchaço das estruturas presentes nas costas 
das mãos, provocando dor ao movimento dos dedos e punhos.
O tratamento indicado é o uso de antinflamatórios e repouso da articulação envolvida. 

3.3 Tenossinovite dos flexores dos dedos

Os tendões flexores dos dedos estão presentes na parte da palma das mãos. Esses tendões 
estão recobertos por uma bainha chamada sinovial, que faz com que a contração do músculo fique 
mais "macia". Quando ocorre a inflamação dessa bainha sinovial, usa­se o termo tenossinovite, no 
caso dos tendões que fazem a flexão dos dedos. Devido à inflamação da bainha, quando houver 
contração do músculo para movimentar os dedos, aparecerá o sintoma de dor local, e o movimento 
das mãos não será bem realizado. 
Da mesma forma, usa­se antiinflamatórios para aliviar a dor e inflamação, bem como é 
indicado o repouso das articulações envolvidas. 
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3.4 Tenossinovite estenosante (dedo em gatilho)

Essa doença envolve os tendões flexores dos dedos das mãos, que passam por túneis dentro 
dos dedos. Se houver a formação de um nódulo sobre o tendão ou ocorrer um inchaço na bainha que 
o   cobre,   ele   então   se   tornará   mais   largo,   ficando   comprimido   nos   túneis   por   onde   ele   passa. 
Conforme a pessoa mexe os dedos, ela irá sentir um estalo ou escutar um barulho na articulação 
envolvida, principalmente no meio dos dedos. 
O tratamento mais indicado para este problema é o uso de antiinflamatórios e repouso das 
articulações.

3.5 Epicondilite lateral

Essa doença é conhecida como tennis elbow (cotovelo de tênis) e é causada pela inflamação 
das pequenas protuberâncias dos ossos do cotovelos, os chamados epicôndilos. Neste caso, os ossos 
envolvidos são os epicôndilos laterais, ou seja, da parte de fora do braço. Apesar do nome, poucos 
tenistas apresentam essa doença, sendo mais comum em pessoas que trabalham levantando peso, 
donas   de   casa,   pessoas   que   fazem   trabalhos   manuais   e   que   trabalham   em   escritórios.   Alguns 
músculos que promovem a retificação do punho e dos dedos são presos pelos tendões no epicôndilo 
lateral do cotovelo. Quando houver um uso excessivo dessas estruturas, começará a se desenvolver 
uma inflamação das mesmas, iniciando os sintomas de dor. 
Em geral é feito com o repouso da articulação em questão e com o uso de antinflamatórios. 
São úteis também os exercícios de alongamento do antebraço e músculos das mãos. Poderá ser 
usado um suporte para o antebraço, para reduzir a pressão na área afetada. Em casos mais graves, 
podem   ser   injetados   corticóides   no   local   afetado.   Caso   não   haja   melhora,   poderá   ser   indicada 
cirurgia para alívio dos sintomas.

3.6 Doença de De Quervain

Essa doença decorre da inflamação dos tendões que passam pelo punho no lado do polegar. 
Se   houver   um   uso   excessivo   dessa   articulação,   poderá   ocorrer   a   inflamação   desses   tendões, 
dificultando o movimento do polegar e do punho, principalmente quando for pegar algum objeto ou 
rodar   o   punho.   Em   geral   as   pessoas   que   trabalham   em   escritório   arquivando   documentos,   ou 
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datilografando  ou escrevendo a mão, em que há uso constante do polegar em direção ao  dedo 


mínimo são as mais propensas a apresentar essa doença. 
O tratamento para a doença de De Quervain consiste no uso de antiinflamatórios e repouso 
da articulação envolvida. 
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4. DOENÇAS OCULARES

As   mudanças   nos   hábitos   de   trabalho   e   lazer   promovidas   pela   grande   quantidade   de 
computadores tem provocado um aumento das doenças relacionadas a visão e suas consequências já 
são relatadas a quase duas décadas (COLLINS et al., 1990).
Os   principais   sintomas   relatados   pelos   usuários   de   computador   incluem   deformações 
visuais, cansaço, irritação, ardência, vermelhidão, redução da acuidade visual, dor nos olhos, visão 
dupla e ressecamento dos olhos (THOMSON, 1998).
Um dos fatores que afetam a boa visibilidade dos funcionários no local de trabalho  é a 
qualidade da iluminação. Tal qualidade de iluminação é dada por um balanço entre brilho, contraste, 
intensidade e cor da luz. O contraste entre o objeto de uma tarefa e seu fundo imediato deve ser 
suficiente para habilitar o trabalhador a ver a tarefa claramente. De acordo com a Sociedade Norte 
Americana de Engenharia da Iluminação (IESNA, 1998 apud ANSHEL, 2007), a taxa de contraste 
deveria ser estabilizada para maximizar a produtividade sem afetar a fadiga visual. De forma geral, a 
taxa ideal é de 1:3:10, o que significa que a área da tarefa deve ser 3 vezes menos brilhante que o 
seu   entorno   imediato   (25o  do   alvo   visual)   e   10   vezes   mais   brilhante   que   a   sua   área   periférica 
(últimos 25o).
Sabe­se ainda que a presença de muita ou pouca luz afeta a produtividade dos trabalhadores 
e,   além   disso,   a   intensidade   de   luz   confortável   varia   de   trabalhador   para   trabalhador.   Assim, 
trabalhadores com 60 ou mais anos de idade necessitam 2 a 3 vezes mais luminosidade do que 
trabalhadores   com  20 anos  para  alcançar  a mesma  performance (ANSHEL,  2007). Por essas   e 
outras razões, o mesmo autor que mesmo se eliminássemos as razões humanitária para promover 
um   maior   atenção   em   relação   à   visão   dos   trabalhadores,   as   razões   econômicas   ainda   seriam 
prevalentes para os empresários.

4.1 Síndrome do Olho Seco

De acordo com KNITKAR et al. (2005), uma das causas do olho seco é o tempo excessivo 
sem piscar, o que leva a evaporação das lágrimas. Pessoas normais quando expostas ao computador 
piscam  entre 32 a 42% menos que o normal. Esta redução ao piscar é uma reação do sistema 
nervoso que necessita de maiores informações e atenções visuais.  A falta de lubrificação dos olhos 
causa irritação e fortes dores na cabeça, primeiros sintomas da Síndrome do Olho Seco que, é um 
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dos problemas mais freqüentes, dentre 50% da população sofre por algum desconforto visual.
Os olhos não conseguem suportar a tela de computador durante muitas horas seguidas. As 
imagens do monitor são formadas por  pixels, minúsculos pontos nos quais os nossos olhos não 
conseguem manter o foco, fazendo um exercício de focar e re­focar repetidamente, provocando um 
estresse  dos   músculos   oculares,   resultando   em   problemas   oculares.   O   mau   uso  do   computador 
elevou no número de pessoas com problemas devido à síndrome do olho seco, que é causada pelo 
uso inadequado do computador, afetando mais de 30% dos usuários na faixa etária dos 12 aos 17 
anos,   que   utilizam   computadores   diariamente.   Os   problemas   oculares   não   são   causados   pela 
atividade desenvolvida pelo usuário e, sim, totalmente relacionada ao posicionamento do monitor e 
a duração da atividade (UCHINO et al., 2008).

4.2 Radiação

Estudos revelam que a radiação emitida pelo computador é pequena, mas  tem agravado 
problemas já existentes em pacientes com miopia, por exemplo, principalmente, jovens que utilizam 
o computador por muitas horas seguidas. 
De acordo com Costa (2009), testes de laboratórios norte­americanos demonstraram que os 
monitores emitem mínima ou nenhuma radiação prejudicial sob condições operacionais normais e a 
quantidade  de radiação ultravioleta produzida por estes  é equivalente a uma pequena fração  da 
produzida por iluminação fluorescente. 

4.3 Conjuntivite Ocular

Essa doença pode ser causada por uma fusão entre o mal uso de lentes de contato e o excesso 
de  horas  na  frente de monitores. O  globo ocular fica em formato oval e acaba com uma  forte 
irritação até que a pessoa não consiga manter o olho aberto. Quando isso ocorre, ele fica muito 
sensível e você mal consegue abrir os olhos em locais mesmo com pouca luz. 
Além   disso,   a   radiação   do   monitor   do   computador   pode   originar   uma   conjuntivite   pela 
produção de queimaduras na membrana, o que ocasiona sua inflamação (EDWING, 2009).
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4.4 Doenças comuns que podem ser acentuadas

Os graus de Miopia, Hipermetropia e Astigmatismo podem ser afetados de acordo com o 
excesso de uso; o recomendado para pessoas que usam o computadores mais de uma hora seguida é: 
cada duas horas de uso,  um intervalo de quinze minutos sem olhar pra qualquer tipo de tela. Mas 
nem todo mundo segue isso e acabam aumentando essas doenças ou até se prejudicando com outras.

4.5 Síndrome de Visão de Computador 

A Síndrome de Visão de Computador (do inglês Computer Vision Syndrome – CVS) é 
caracterizada por cansaço visual associado com o uso prolongado do computador. Os sintomas 
incluem:
• olhos irritados;
• olhos vermelhos;
• olhos ressecados;
• lacrimejamento;
• fadiga;
• sensibilidade a luz;
• sensação de peso das pálpebras ou da fronte;
• dificuldade em conseguir foco;
• enxaquecas;
• dores lombares;
• espasmos musculares.

Essa síndrome é causada tensão excessiva que os tendões dos músculos dos olhos fazem para 
focar e refocar constantemente as imagens de forma que elas fiquem bem definidas. Com isso, a 
capacidade de focar diminuiu e podem ocorrer dores de cabeça e pescoço (COSTA, 2009).
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5. PROBLEMAS DE COLUNA ASSOCIADOS AO USO DE COMPUTADOR.

As doenças relacionadas à coluna e ao computador são decorrentes da postura e do tempo 
que   o   usuário   utiliza   o   aparelho.   Embora   a   posição   utilizada   diante   do   computador   pareça 
confortável ou menos incômoda, é ela que poderá causar o mau posicionamento do esqueleto, que 
pode levar o usuário a ter tensões nos músculos, ligamentos e articulações.
Dores no pescoço, pelo mau posicionamento, e nas pernas, pelo tempo intensivo, são os 
primeiros sintomas de que a posição diante do computador certamente não está correta. Sentir dores 
regularmente pode causar
grandes conseqüências à coluna, como: 
• Osteoartrite / Artrose: desgastamento das articulações;
• Lordose: aumento anormal da curva lombar;
• Cifose: acentua mento na concavidade posterior;
• Escoliose: surgimento de uma curvatura lateral da coluna vertebral.

Quando   estes   sintomas   aparecem,   surgem   também   as   possibilidades   de   causar   outros 


problemas futuros como: lombalgia (fortíssimas dores na coluna), hérnias de disco (saliência do 
disco) e, até mesmo, problemas estéticos, como seios caídos e abdome proeminente. 
Em um estudo realizado em São Paulo por Castellanos (2004), apontou­se que 402 alunos de 
uma escola particular, que usam o seu laboratório de informática, estavam em uma postura incorreta 
diante do computador. Este estudo envolveu 791 alunos com idades entre 10 e 18 anos.
Sabe­se que o motivo desse número ser elevado é pelo fato do usuário jovem sentir­se mais 
acomodado diante do computador, por exemplo, com as pernas cruzadas uma sob a outra.
Um resultado interessante, que prova que não é somente o jovem que podem sofrer com 
problemas na coluna, foi o da pesquisa desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 
que chegou ao seguinte resultado: 80% da população mundial vai sofrer de dor nas costas em algum 
momento da vida devido ao sedentarismo e a comodidade da tecnologia.
A cervicalgia ou dor cervical é um sintoma que pode indicar alguma disfunção da coluna 
cervical, sendo mais comum entre profissionais que realizam esforços repetitivos e necessitam de 
um controle visual mais efetivo (MAROCO & FIALHO, 2009), algo comum entre os profissionais 
da área de TI.
Os principais problemas de coluna encontrados são (GOLDENBERG, 2006):
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5.1 Osteoartrite

A  osteoartrite, antes conhecida como osteoartrose ou simplesmente artrose, corresponde a 
um grupo de problemas que resulta em alterações anatômicas, com conseqüentes repercussões nas 
juntas (articulações)

5.2 Lordose

Curvatura   da   coluna   vertebral   com   convexidade   anterior.   A   lordose   é   normal   (lordose 


fisiológica) na região cervical e lombar. É anormal quando se situa noutra parte da coluna vertebral 
ou quando é muito acentuada, neste caso fala­se em hiperlordose. Segundo Kapandji (1990) o papel 
mais   importante   na   correção   da   hiperlordose   lombar   é   devido   aos   músculos   abdominais,   em 
especiais aos retos. Kendall (1993) faz a correlação entre a lordose lombar, os músculos abdominais 
e a lombalgia, dizendo que o indivíduo com uma lordose em que a fraqueza dos abdominais seja o 
principal problema, geralmente se queixa de lombalgia.

5.3 Cifose

Vulgarmente   chamada   de  corcundez  (a   pessoa   afetada   sendo   popularmente   chamada   de 


"corcunda"), é definida como um aumento anormal da concavidade anterior da  coluna vertebral, 
sendo as causa mais importantes dessa deformidade, a má postura.
O aumento da curvatura cifótica promove alterações anatômicas ocasionando o dorso curvo, 
gibosidade   posterior,   encurtamento   vertebral   e   pode   ocorrer   déficit   respiratório,   por   reduzir   a 
capacidade de sustentação da coluna vertebral e também a diminuição da expansibilidade torácica.

5.4 Escoliose

A escoliose é um desvio tridimensional (nas três dimensões) da coluna o que significa que a 
coluna para além de desviar para um dos lados também faz rotação e inclinação.
Mas, o que salta à vista é o desvio ou desvios laterais da coluna pois é frequente existir mais 
do que um desvio da coluna. Por norma um dos desvios é o problema sendo o outra a compensação 
mas nem sempre é assim.
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6. PROBLEMAS PSICOLÓGICOS

Com o freqüente aumento do uso de computadores não só nas estações de trabalho mas 
também nos lares de todo o mundo, temos além de doenças físicas relacionadas ao mal uso ou ao 
uso excessivo do computador, doenças com características psicológicas. 
O   objeto  de   estudo  da   psicologia   é  o   homem,   o   seu  comportamento   e  a   sua   mente.   A 
informática tenta, a todo o custo, descobrir maneiras de criar máquinas que pensem como o homem 
(sistemas neurais) e ajam como o homem (robôs).  Para a informática, quanto mais rápido e claro se 
descobrir a necessidade do cliente, mais se poderá oferecer a solução adequada, e menos erros serão 
cometidos. Ou seja, quanto mais a informática utilizar a psicologia como recurso para obtenção do 
sucesso, mais sucesso ela irá conquistar (RAMOS, 2009).

6.1  Estudos do impacto psicológico das LER/DORT 

As   diferentes   formas   de   adoecimento   no   trabalho   emergem   como   respostas   que   o   ser 


humano dá aos sofrimentos, conflitos, desafios e contradições a que é submetido. Os indivíduos 
acometidos por LER/DORT expressam sentimentos de insegurança quanto ao futuro profissional, 
conformismo frente a algumas limitações, incerteza no processo de reabilitação, medos e fantasias 
inconscientes,   manifestações   depressivas   e   de   revolta,   associadas,   a   incorporação   de   toda   uma 
ideologia de culpa.
Diante   deste   funcionário   psicologicamente   abalando,   temos   a   necessidade   de   um 
acompanhamento para facilitar a reintegração física e psicológica no ambiente de trabalhado. Não 
esquecendo que a manifestação da doença ocorreu como resposta a uma situação não favorável para 
o mesmo e visando um melhor aproveitamento deste para futuro, que, em um momento de fraqueza 
psicológica deixou­se sucumbir à mesmice e monotonia (BARBOSA, 2007).

6.2 Uso excessivo da internet. 

A internet é uma tecnologia revolucionária que produz a todo o momento alterações no 
tecido social, e por isso é uma área de interesse da psicologia, já que essa inovação tem como 
conseqüência uma nova organização psíquica e social. Sendo assim, afeta diretamente o psicológico 
do homem.
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No mundo, há entre 50 milhões e 100 milhões de viciados em internet. Isso corresponde 
entre 5% e 10% do total de internautas do planeta, de acordo com Wieland (2005).
Assim como algumas pessoas são viciadas em drogas, no jogo e no tabaco, outras são em 
passar horas na internet, fenômeno que um crescente grupo de especialistas dos Estados Unidos 
considera um problema psiquiátrico. O vício na rede já foi diagnosticado por alguns especialistas 
como uma dependência da internet, e estima­se que de 6% a 10% dos cerca de 189 milhões de 
internautas nos EUA sofram desse mal.
O   usuário   viciado   em   Internet,   ou  Webaholics,   busca   na   rede   manter   relacionamentos 
amigáveis e com o sexo oposto ou a formação da própria personalidade. Isso faz com que diminua 
suas atividades sociais e até mesmo, mantenha o seu personagem virtual como a sua personalidade e 
acabe incorporando no seu cotidiano (QUINTAS et al., 2009).

6.3  Tecnoestresse

As principais características encontradas nos viciados virtuais são: isolamento da família e 
amigos; problemas acadêmicos e ocupacionais; incapacidade de controlar o tempo de uso, alteração 
do relógio biológico e dos horários das refeições; ansiedade quando são se está conectado; agitação, 
tensão e depressão.
É   o   que   consideram   especialistas   como   a   psiquiatra   Hilarie   Cash,   cujo   consultório,   o 
Internet/Computer Addiction  Services, na Universidade  da Pensilvânia, é  visitado  por pacientes 
diagnosticados com a "internet­dependência". Nos EUA, a "compulsão à internet" é tratada por um 
crescente número de centros médicos especializados, entre eles os da Universidade de Maryland, em 
College   Park,   e   o   Computer   Addiction   Study   Center,   do   Hospital   McLean,   em   Belmont, 
Massachusetts.
Em   uma   pesquisa   feita   pela   Doutora   em   Psicologia   e   Professora   da   Universidade   de 
Pittsburgh, Kimberly S. Young, 83% dos viciados tinham acesso a Internet há menos de um ano, o 
que sugere segundo Young, que o vício surge através do desejo de entrar em contato com a rede. Em 
relação   ao   tempo   de   uso,   ela   chegou   a   uma   média   de   38,5   horas   por   semana,   para   uso   não 
profissional.
Nesta mesma pesquisa, foi detectado que o uso era diferenciado para viciados e os não­ 
viciados. No caso dos viciados, eles utilizam os recursos da Internet para se socializar através de 
softwares de bate­papo. Já os não­viciados, utilizam a rede online para buscar e receber informações 
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e manter relações já existentes (SANTOS et al., 2009).
Passar   horas   ou   até   mesmo   noites   na   frente   do   computador,   fazendo   ou   resolvendo 
problemas   em   programas,   analisando   tabelas   de   valores,   entre   muitas   outras   coisas,   atividades 
diárias na vida de um profissional de informática e junto com todo esse trabalho vem a dor de 
cabeça, ou melhor, o tecnostresse.
O tecnoestresse se manifesta progressivamente, em três níveis. Em um estágio inicial,  a 
pessoa   é   até   estimulada   pela   frustração   causada   pelas   limitações   da   tecnologia.   Ela   pode,   por 
exemplo, encontrar soluções rápidas para imprimir um relatório quando a impressora quebra e, ao 
resolver a questão, sentir­se realizada e satisfeita consigo mesma. No estágio intermediário, as crises 
de raiva diante da impossibilidade de usar a tecnologia se tornam mais freqüentes e começam a 
surgir sintomas como dores de cabeça e tensão muscular. Finalmente, em um último estágio, o 
tecnoestresse torna­se crônico, e a saúde fica seriamente comprometida (VINICIUS, 2006).
O psicólogo e pesquisador norte­americano Larry Rosen foi o primeiro a alertar sobre a 
tendência mundial já nos anos 80, em seu livro Technostress, Coping with technology at work, at 
home and at play (algo como Tecnoestresse, Lidando com a tecnologia no trabalho, em casa e no 
lazer), ainda não publicado no Brasil. Por mais de vinte anos, ele estudou o comportamento de 
pessoas de países desenvolvidos e subdesenvolvidos e concluiu que praticamente toda a população 
do planeta ­ desde crianças até idosos ­ está sujeita a esse tipo de estresse (TERRA NOTÍCIAS, 
2005).
No Brasil, a psicóloga gaúcha Ana Maria Rossi, presidente da Associação Internacional de 
Gerenciamento do Estresse, no país, a Isma­Br, conduziu um estudo com 1200 homens e mulheres, 
de 25 a 55 anos, em São Paulo e Porto Alegre, a fim de identificar as causas e os sintomas mais 
freqüentes do tecnoestresse.
Na maioria dos casos estudados, o problema surge quando a pessoa não consegue usar os 
equipamentos   de   maneira   equilibrada,   não   sabe   lidar   com   eles,   não   compreende   como   eles 
funcionam e, principalmente, quando a tecnologia falha, por exemplo, quando o celular fica sem 
sinal ou o provedor de internet está fora do ar (ALMEIDA, 2007)

6.4 Pedofilia na internet

A pedofilia, atualmente, é definida simultaneamente como doença, distúrbio psicológico e 
desvio sexual (ou parafilia) pela Organização Mundial de Saúde. Nos manuais de classificação dos 
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transtornos mentais e de comportamento encontramos  essa categoria diagnóstica. Caracteriza­se 
pela atração sexual de adultos ou adolescentes por crianças. O simples desejo sexual, independente 
da realização do ato sexual , já caracteriza a pedofilia. Não é preciso, portanto que ocorram relações 
sexuais para haver pedofilia (SANDIM, 2007).
A pedofilia na internet movimenta hoje milhões de dólares em todo o mundo. Pedófilos de 
todos os continentes encontram, na rede mundial de computadores, um campo fértil e praticamente 
impune para atuar – seja para satisfazer seus fetiches, ou para aliciar suas vítimas – principalmente 
nas salas de bate­papo virtual. Isso significa que crianças conectadas a um chat, por exemplo, estão 
vulneráveis a um aliciamento capaz de gerar graves conseqüências físicas e traumas psicológicos.
Há 10 anos, os pedófilos precisavam recorrer a clubes fechados para trocar informações ou 
satisfazer seus prazeres. Hoje a internet facilita o contato dos pedófilos com suas vítimas, pois eles 
podem assumir qualquer personalidade e usar uma linguagem que atraia crianças e pré­adolescentes 
(SANDIM, 2007).
De acordo com a Associação Italiana para a Defesa da Infância, o Brasil ocupa o quarto 
lugar   no   ranking   mundial   de   sites   dedicados   à   pornografia   infantil   (a   entidade   trabalha   com 
informações do FBI, a polícia federal americana).
Matéria   publicada   na   revista   “Isto   É”,   em   março   de   2006,   mostra   que   no   ano   2000   o 
mercado mafioso da pedofilia movimentou 5 bilhões de dólares em todo o mundo. Em 2005 a 
estimativa é que esse mercado tenha movimentado 10 bilhões de dólares, ou seja, dobrou em apenas 
5 anos. Nesses 10 bilhões estão embutidos a venda de fotografias e vídeos que mostram crianças 
sendo abusadas e fazendo sexo com adultos e até com animais (SANDIM, 2007).
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7. CONCLUSÃO

A literatura científica tem recebido a cada dia mais estudos relacionados aos danos à saúde 
causados pelo uso, tanto intensivo como incorreto, dos computadores. Muito além de lesões físicas 
como   LER/DORT   e   problemas   visuais,   os   danos   psicológicos   vêm   tomando   vulto   frente   a 
popularização dos microcomputadores.
Entretanto,   os   estudos   realizados   apresentam   dados   conflitantes   devido   a   uma   falta   de 
padronização   dos   métodos,   o   que   acaba   por   propiciar   estudos   baseados   apenas   em   análises 
estatísticas de questionários respondidos por funcionários. Ainda assim, conclusões interessantes 
são obtidas, como por exemplo o não relacionamento entre o uso do teclado e a Síndrome do Túnel 
do Carpo.
Levando­se em consideração a legislação brasileira, o trabalhador está protegido pela lei no 
que tange ao afastamento do trabalho para tratamento de doenças ocupacionais. Como já discutido, 
os gastos da Previdência Social são muito elevados, sendo que poderiam ser diminuídos por meio de 
atitudes simples. Não obstante, as empresas não deveriam considerar a implementação de medidas 
que evitam o surgimento de lesões que podem levar ao afastamento dos funcionários como meros 
gastos,   mas   sim   como   investimentos,   uma   vez   que   os   custos   causados   pelo   afastamento   do 
funcionário para tratamento são maiores do que o investimento em prevenção.
Assim, de forma geral, empresas que possuem uma abordagem diferenciada das demais em 
relação a saúde de seus funcionários possuem uma maior eficiência e competitividade no mercado.
23

8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9.2 Uso correto do teclado

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9.3 Posição correta do monitor

fonte: CIPA (2008)
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9.4 Posição geral de trabalho correta

fonte: CIPA (2008)

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