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ASMA E RINITE

PROF. JOSÉ ELABRAS FILHO


SERVIÇO E DISCIPLINA DE IMUNOLOGIA CLÍNICA
HUCFF - FM - UFRJ

UFRJ
Asma Definição

◻ Doença heterogênea, caracterizada por


inflamação crônica das vias aéreas.
◻ História de sintomas respiratórios de sibilância,
dispnéia, “aperto no peito” e tosse que variam com
o tempo e de intensidade.
◻ Variável limitação ao fluxo aéreo expiratório.
Asma Definição

◻ 1 a 18 % da população mundial.
◻ > meninos, = adolescentes, > mulheres.
◻ Fatores precipitantes : exercício, risos, alérgenos,
irritantes, mudança tempo e infecções respiratórias.
◻ Perídos de remissões e exacerbações.
◻ HRB e Inflamação persistentes mesmo sem sintomas e
sem obstrução, mas suprimidas pelo tratamento.
Biologics: Targets and Therapy 2013; 7: 199-210.
Asma Fenótipos

◻ Asma alérgica: início infância, história pessoal/familiar de


atopia, inflamação eosinofílica, boa resposta aos CINS.
◻ Asma não alérgica: inflamação neutrofílica ou eosinofílica ou
paucicelular. Pode haver menor resposta aos CINS.
◻ Asma de início tardio: mulheres, não alérgica, doses mais
elevadas ou menor resposta aos CINS.
◻ Asma com limitação ao fluxo aéreo fixa (remodelamento):
alguns asmáticos de longa data.
◻ Asma com Obesidade: vários mecanismos, menor inflamação
eosinofílica.
Atopia e facies atópica
Asma Diagnóstico

◻ Sintomas típicos de Asma: mais de um sintoma, varíáveis


no tempo e na intensidade, piora noturna ou manhã cedo,
relação com fatores precipitantes.
◻ HPP e familiar de Asma e ou atopia podem estar
ausentes.
◻ Exame físico normal ou compatível.
◻ Reversibilidade ou variabilidade na espirometria: 12 %
VEF1com 200 ml, e maior confiabilidade 15% com 400
ml.
Asma Diagnóstico

◻ Peak-flow: variação média diária de 10 %.


◻ Melhora funcional significativa após
tratamento com CINS (20 % no PFE e 12 %
VEF1com 200 ml).

◻ Testes alérgicos in vivo e in vitro.


Nem tudo que sibila é Asma ...
Chevalier Jackson

6 a 11 anos
❖ Cardiopatias congênitas
❖ Síndrome de tosse crônica das VAS altas
❖ Deficiência de alfa 1 anti-tripsina
❖ Corpo estranho inalado
❖ Corpo estranho inalado
❖ Bronquiectasias
❖ Discinesia ciliar primária
40 anos em diante
❖ Cardiopatias congênitas
❖ Fibrose cística
❖ Disfunção de cordas vocais
❖ Hiperventilação ou disfunção
12 a 39 anos
❖ DPOC
❖ Bronquiectasias
❖ Síndrome de tosse crônica das VAS altas
❖ IC
❖ Disfunção de cordas vocais
❖ Tossse por medicamentos
❖ Hiperventilação ou disfunção
❖ Doenças intersticiais pulmonares
❖ Bronquiectasias
❖ TEP
❖ Fibrose cística
❖ Obstrução central VAS
Tratamento da Asma

◻ Educação
◻ Controle dos fatores precipitantes ou
agravantes (reduzir os riscos)
◻ Controle ambiental
◻ Medicamentos
◻ Imunoterapia
◻ Imunobiológicos
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO GINA 2021
FATORES RELACIONADOS COM O
CONTROLE INADEQUADO DA ASMA

• NÃO PRESCRIÇÃO DE CORTICOSTEROIDE INALADO


• TÉCNICA INALATÓRIA INADEQUADA
• BAIXA ADESÃO AO TRATAMENTO
• DIAGNÓSTICO ERRADO
• MANUTENÇÃO ALÉRGENOS E/OU IRRITANTES NO
AMBIENTE
• RINITE ALÉRGICA NÃO CONTROLADA
• OUTRAS COMORBIDADES: RGE, AOS, ANSIEDADE, ICC,
OBESIDADE, ETC.

GINA update.
Rinite e Rinite Alérgica

◻ Rinite: inflamação da mucosa nasal,


caracterizada pela presença de um ou mais
dos sintomas: obstrução, rinorréia, espirros,
prurido e hiposmia.
◻ Rinite alérgia: rinite mediada por IgE.
◻ Rinite alérgica: prevalência média de
27 % em crianças e 47 % em adultos.
Etiologia da Rinite
◻ INFECCIOSA : Rinite eosinofílica não alérgica
Viral Rinite idiopática
Bacteriana Rinite neurogênica:
Fúngica - gustatória
◻ ALÉRGICA - emocional
◻ NÃO-ALÉRGICA: - irritantes (ar frio)
Induzida por drogas - senil
- vasoconstritores tópicos (rinite Rinite atrófica
medicamentosa) Rinite associada a RGE
- anti-inflamatórios não hormonais ◻ OUTRAS:
- anti-hipertensivos - Rinite mista
- psicotrópicos (antipsicóticos) - Rinite ocupacional
- cocaína - Rinite alérgica local
- Outras: - Rinite associada à vasculites
Hormonal
Fatores precipitantes da Rinite Alérgica
e co-morbidades

◻ Similares aos da asma.


◻ É comum a associação da rinite alérgica com:

conjuntivite;
respiração bucal;
otite média;
rinossinusite;
asma;
tosse.
Diagnóstico da Rinite Alérgica

◻ CLÍNICO:
Sintomas
História de atopia
Exame físico
◻ RECURSOS DIAGNÓSTICOS:

testes cutâneos alérgicos


IgE sérica específica
provocação nasal
citologia nasal
Rinite alérgica: tratamento

◻ Controle ambiental
◻ Anti-histamínicos
◻ Descongestionantes ?
◻ Corticosteroides tópicos
◻ Cromoglicato dissódico
◻ Antileucotrienos
◻ Imunoterapia
◻ Solução salina
Anafilaxia
José Elabras Filho
UFRJ/FM/HUCFF
Disciplina/Serviço de Imunologia Clínica
Anafilaxia
⦿ Reação sistêmica aguda, acometendo
simultaneamente vários órgãos ou
sistemas.
⦿ Manifestações cutâneas, respiratórias,
CV, do SNC e GI.
⦿ Grave: pode levar rapidamente ao
óbito !!!
⦿ Reação imunológica, mediada por IgE,
ou não.
⦿ Mastócitos e basófilos: mediadores pré e
neo-formados.
Anafilaxia: critérios diagnósticos
⦿ Qualquer um dos três critérios:

1) Início agudo (minutos ou horas);


envolvimento da pele, mucosas ou ambos
(ex: urticária, prurido ou rubor facial, edema
de lábios, língua e úvula);
além de:
a) Comprometimento respiratório (ex.: dispneia,
broncoespasmo, estridor, hipoxemia);
b) Redução da pressão arterial ou sintomas
associados (ex.: hipotonia, síncope,
incontinência esfincteriana).
Anafilaxia: critérios diagnósticos

2) Duas ou mais das manifestações,


ocorrendo rapidamente (minutos ou
horas), após a exposição à provável
alérgeno:
a) Envolvimento de pele-mucosa;
b) Comprometimento respiratório;
c) Redução da pressão sanguínea ou
sintomas associados;
d) Sintomas gastrintestinais (ex.: cólicas
abdominais, vômitos).
Anafilaxia: critérios diagnósticos

3) Redução da pressão sanguínea após


exposição a alérgeno conhecido
(minutos ou horas):
a) Lactentes e crianças: pressão sistólica
baixa (idade) ou queda maior do que
30%;
b) Adultos: pressão sistólica abaixo de 90
mmHg ou queda maior do que 30%.
Anafilaxia: frequência de
sinais e sintomas
Cutâneos
Urticária e angioedema: 88 %;
Rubor: 26 %;
Prurido sem rash: 5 %.
Respiratórios
Dispnéia e sibilância: 55-60 %;
Angioedema de vias aéreas superiores: > 25 %;
Dor subesternal: 5 %.
CV
Tonturas, síncope, hipotensão, visão turva: 30-35 %.
Abdominais: náuseas, vômitos, diarreia, dor: 25-30 %.
Neurológicos: Cefaléia 5-8, Convulsões 1-2 %.
HUCFF-UFRJ-SERVIÇO DE EMERGÊNCIAS
www.md.ucl.ac.be/didac/med2308
Diagnósticos diferenciais
⦿ Urticaria
⦿ Angioedema
⦿ Asma
⦿ Reação vasovagal
⦿ Disfunção de cordas vocais
⦿ Ansiedade
⦿ Choque hemorrágico, cardiogênico, séptico
⦿ Infarto do miocárdio, arritmias, TEP
⦿ AVE, epilepsia
⦿ Síndromes dos restaurantes: glutamato monossódico, sulfitos,
escombroidose (“toxina ou histamina do peixe”: atum,
sardinha, peixes salteadores, etc.)
⦿ Mastocitose sistêmica
⦿ Flushing (rubor): medicamentos, álcool, menopausa,
síndrome carcinóide, etc.
⦿ Síndrome de Munchausen
Mecanismos e agentes causais
⦿ Mediada por IgE: alimentos, látex,
venenos de insetos, medicamentos,
agentes biológicos.
⦿ Mediada por complemento: soros,
gamaglobulinas, hemoderivados,
agentes biológicos.
⦿ Ativação direta de mastócitos e basófilos:
opióides, contrastes, álcool, exercício,
agentes físicos.
⦿ Moduladores do ácido araquidônico:
analgésicos e aines.
⦿ Idiopática
Laboratório
⦿ Disponibilidade ?
⦿ Triptase sérica beta: elevada por seis
horas ou mais x histamina (60 minutos).
⦿ Metilhistamina urinária: até 24 h.
⦿ Testes in vivo e in vitro : IgE específica.
⦿ Teste de ativação de basófilos.
Tratamento Imediato

⦿ Vias aéreas pérvias;


⦿ Posição supina;
⦿ Sinais vitais;
⦿ Adrenalina via intramuscular;
⦿ Oxigênio.
Adrenalina
⦿ Agonista alfa-1 adrenérgico.
⦿ Primeira medicação administrada - na
suspeita do diagnóstico !!!
⦿ Via intramuscular (face anterolateral da
coxa), a cada cinco a dez minutos se
necessário.
⦿ Adrenalina aquosa 1/1.000, 0,2 a 0,5 ml
(0,01 mg/kg em crianças, máximo de 0,3
mg).
⦿ Dispositivos autoinjetores: doses únicas de
0,15 mg, 0,3 mg, e 0,5 mg.
Prevenção
⦿ História clínica: detectar pacientes de
risco.
⦿ Avaliação e investigação especializada
(alergologista): histórico detalhado,
testes cutâneos ou “in vitro” para
reações IgE mediadas e testes de
provocação em ambiente hospitalar
quando indicados.
⦿ Ponderar de acordo com avaliação:
⦿ Alternativas terapêuticas ? Atentar para
reações cruzadas.
Prevenção
⦿ Pré-medicação profilática ? Prednisona
pré procedimento ( 13, 7 e 1 hora antes
) e anti H1 ( 13 e 1 hora ).
⦿ Dessensibilização ?
⦿ Imunoterapia ?
⦿ Adrenalina autoinjetável ?
Himenópteros

⦿ Evitar se alimentar em lugares abertos.


⦿ Proteger o corpo ( sapatos fechados e
calças ) em áreas de campo.
⦿ Imunoterapia disponível e eficaz em 90
a 98 % dos casos.
Látex
⦿ Evitar frutas associadas à reações
cruzadas: kiwi, banana, abacate,
maracujá, castanha, etc.
⦿ Síndrome látex-fruta (até 60% dos
casos).
⦿ Não exposição: ambientes “látex-
free”.
⦿ Imunoterapia.
Procedimentos de risco = possuir no
ambulatório ou consultório:
⦿ Essencial ⦿ De suporte
Seringas descartáveis Dopamina
Tubo de oxigênio Bicarbonato de sódio
Adrenalina aquosa 1:1.000 Aminofilina
Anti-H1 injetável Atropina
Corticosteróides injetáveis Luvas sem látex
Ambu, tubo endotraqueal, Equipamento para sucção
laringoscópio ⦿ Opcional
Kit endovenoso Desfibrilador
Líquidos expansores Gluconato de cálcio
Beta 2-agonistas Neurolépticos
Glucagon Lidocaína
MUITO OBRIGADO !!!

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